GRALHA AZUL No. 48 - JULHO - 2014

4
Boletim Mensal - No. 48 - julho 2014 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR GRALHA AZUL GRALHA AZUL BOLETIM EXTRA - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 48 - JULHO - 2014 1 A ORIGEM DO MAL Crendices à parte, a “origem do Mal” sempre foi uma preocupação do homem. Tenho consciência desde minha infância, talvez estimulado por meu pai, que existe o bem e o mal e que existe uma escolha em cada atitude, o que vulgarmente ou cientificamente chama-se de “livre arbítrio”. A filosofia e a epistemologia têm se debruçado sobre esse tema, e também as religiões. Não foram poucos os estudiosos e sábios que desenvolveram teorias sobre o assunto, pois não há, em todos nós característica que mais nos defina: ou se é do Bem ou se é do Mal. Como nascemos e quais as influências do meio em que vivemos são dados importantes aos quais precisamos reconhecer. A intencionalidade de nossas ações, bem como os meios aos quais definimos nossos fins é de fundamental importância, quando somos ou nos tornamos gente da gente, companheiros, colegas, amigos, confrades, parentes ou irmãos. Temos vivido fases novas na história da humanidade, nas quais repetem-se antigos comportamentos baseados na vaidade e no egoísmo. Sempre acreditei serem a base do mal. É o desequilíbrio de um estado divino chamado “paz”. É essa paz de espírito que as religiões buscam e ensinam a encontrar o caminho. Não importa se formos analisar o período antes de Cristo ou depois, mesmo na renascença, ou nos períodos mais iluminados da história, sempre houve (e haverá) essa dicotomia entre o bem e o mal. Desde os filósofos pré-socráticos havia um pensamento, descrito por Nistzsche, no qual as atitudes eram avaliadas posteriormente à sua execução e não ao contrário. Portanto o Bem e o Mal podem ser caracterizados como algo circunstancial e não uma avaliação definitiva de cada um, dependendo da circunstância do acontecimento. Nietzsche diz que não há nada que garanta que algo seja uma bondade ou uma maldade em si, sem antes haver um conflito de interesses. Platão ao contrário dizia que nossas atitudes e nossa ética decidiam-se por conceitos caracterizados previamente a uma ação, sendo Bem e Mal algo já existente e norteando das nossas ações. Como textos exemplares, entre muitos, escolhi três que são esclarecedores e de certa maneira, nos fazem pensar e buscar respostas em nós mesmos. O primeiro texto é de Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho do seu livro “Confissões" escrito 398 dC, que relata sua vida antes de tornar-se cristão e sua conversão. O segundo texto é um fragmento da “Origem do Bem e do Mal” de Allan Kardec e o terceiro relata as "Quatro Nobres Verdades" do Budismo.

Transcript of GRALHA AZUL No. 48 - JULHO - 2014

Page 1: GRALHA AZUL No. 48 - JULHO - 2014

Boletim Mensal - No. 48 - julho 2014 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PRGRALHA AZUL GRALHA AZUL

BOLETIM EXTRA - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 48 - JULHO - 2014 1

A ORIGEM DO MAL ! Crendices à parte, a “origem do Mal” sempre foi uma preocupação do homem. Tenho consciência desde minha infância, talvez estimulado por meu pai, que existe o bem e o mal e que existe uma escolha em cada atitude, o que vulgarmente ou cientificamente chama-se de “livre arbítrio”. A filosofia e a epistemologia têm se debruçado sobre esse tema, e também as religiões. Não foram poucos os estudiosos e sábios que desenvolveram teorias sobre o assunto, pois não há, em todos nós característica que mais nos defina: ou se é do Bem ou se é do Mal. Como nascemos e quais as influências do meio em que vivemos são dados importantes aos quais precisamos reconhecer. A intencionalidade de nossas ações, bem como os meios aos quais definimos nossos fins é de fundamental importância, quando somos ou nos tornamos gente da gente, companheiros, colegas, amigos, confrades, parentes ou irmãos. Temos vivido fases novas na história da humanidade, nas quais repetem-se antigos comportamentos baseados na vaidade e no egoísmo. Sempre acreditei serem a base do mal. É o desequilíbrio de um estado divino chamado “paz”. É essa paz de espírito que as religiões buscam e ensinam a encontrar o caminho. Não importa se formos analisar o período antes de Cristo ou depois, mesmo na renascença, ou nos períodos mais iluminados da história, sempre houve (e haverá) essa dicotomia entre o bem e o mal. Desde os filósofos pré-socráticos havia um pensamento, descrito por Nistzsche, no qual as atitudes eram avaliadas posteriormente à sua execução e não ao contrário. Portanto o Bem e o Mal podem ser caracterizados como algo circunstancial e não uma avaliação definitiva de cada um, dependendo da circunstância do acontecimento. Nietzsche diz que não há nada que garanta que algo seja uma bondade ou uma maldade em si, sem antes haver um conflito de interesses. Platão ao contrário dizia que nossas atitudes e nossa ética decidiam-se por conceitos caracterizados previamente a uma ação, sendo Bem e Mal algo já existente e norteando das nossas ações. Como textos exemplares, entre muitos, escolhi três que são esclarecedores e de certa maneira, nos fazem pensar e buscar respostas em nós mesmos. O primeiro texto é de Agostinho de Hipona ou Santo Agostinho do seu livro “Confissões" escrito 398 dC, que relata sua vida antes de tornar-se cristão e sua conversão. O segundo texto é um fragmento da “Origem do Bem e do Mal” de Allan Kardec e o terceiro relata as "Quatro Nobres Verdades" do Budismo.

Page 2: GRALHA AZUL No. 48 - JULHO - 2014

BOLETIM EXTRA - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 48 - JULHO - 2014 2

A  Origem  do  Mal    -­‐  Santo  Agostinho  !!

  "Eu  buscava  a  origem  do  mal,  mas  de  modo  errôneo,  e  não  via  o  erro  que  havia  em  meu  modo   de   buscá-­‐la.   Des<ilava   diante   dos   olhos   de   minha   alma   toda   a   criação,   tanto   o   que  podemos  ver  —  como  a  terra,  o  mar,  o  ar,  as  estrelas,  as  árvores  e  os  animais  —  como  o  que  não  podemos  ver  —  como  o  <irmamento,  e  todos  os  anjos  e  seres  espirituais.  Estes  porém,  como  se  também  fossem  corpóreos,  colocados  pela  minha  imaginação  em  seus  respectivos  lugares.  Fiz  de  tua  criação  uma  espécie  de  massa  imensa,  diferenciada  em  diversos  gêneros  de  corpos:  uns,  corpos  verdadeiros,  e  espíritos,  que  eu  imaginava  como  corpos.     E  eu  a  imaginava  não  tão  imensa  quanto  ela  era  realmente  —  o  que  seria  impossível  —  mas  quanto  me  agradava,  embora  limitada  por  todos  os  lados.  E  a  ti,  Senhor,  como  a  um  ser  que  a  rodeava  e  penetrava  por  todas  as  partes,  in<inito  em  todas  as  direções,  como  se  fosses  um  mar  incomensurável,  que  tivesse  dentro  de  si  uma  esponja  tão  grande  quanto  possível,   limitada,  e  toda  embebida,  em  todas  as  suas  partes,  desse  imenso  mar.     Assim  é  que  eu  concebia  a  tua  criação  <inita,  cheia  de  ti,  in<inito,  e  dizia:  “Eis  aqui  Deus,  e  eis  aqui  as  coisas  que  Deus  criou;  Deus  é  bom,  imenso  e  in<initamente  mais  excelente  que  suas  criaturas;  e,  como  é  bom,  fez  boas  todas  as  coisas;  e  vede  como  as  abraça  e  penetra!  Onde  está  pois  o  mal?  De  onde  e  por  onde  conseguiu  penetrar  no  mundo?  Qual  é  a  sua  raiz  e  sua  semente?  Será  que  não  existe?  E  porque  recear  e  evitarmos  o  que  não  existe?  E  se   tememos  em  vão,  o  próprio  temor  já  é  certamente  um  mal  que  atormenta  e  espicaça  sem  motivo  nosso  coração;  e  tanto  mais  grave  quanto  é  certo  que  não  há  razão  para  temer.  Portanto,  ou  o  mal  que  tememos  existe,  ou  o  próprio  temor  é  o  mal.  De  onde,  pois,  procede  o  mal  se  Deus,  que  é  bom,  fez  boas  todas  as  coisas?  Bem  superior  a  todos  os  bens,  o  Bem  supremo,  criou  sem  dúvida  bens  menores  do  que  ele.  De  onde  pois  vem  o  mal?       Acaso  a  matéria  de  que  se  serviu  para  a  criação  era  corrompida  e,  ao  dar-­‐lhe   forma  e  organização,  deixou  nela  algo  que  não  converteu  em  bem?  E  por  que  isto?  Acaso,  sendo  onipotente,  não  podia  mudá-­‐la,  transformá-­‐la  toda,  para  que  não  restasse  nela  semente  do  mal?  En<im,  por  que  se  utilizou  dessa  matéria  para  criar?  Por  que  sua  onipotência  não  a  aniquilou  totalmente?  Poderia  ela  existir  contra  sua  vontade?  E,  se  é  eterna,  porque  deixou-­‐a  existir  por  tanto  tempo  no  in<inito  do  passado,  resolvendo  tão  tarde  servir-­‐se  dela  para  fazer  alguma  coisa?  Ou,   já  que  quis  fazer  de  súbito  alguma  coisa,  sendo  onipotente,  não  poderia  suprimir  a  matéria,  <icando  ele  só,  bem  total  verdadeiro,  sumo  e  in<inito?  E,  se  não  era  conveniente  que,  sendo  bom,  não  criasse  nem  produzisse  bem  algum,  por  que  não  destruiu  e  aniquilou  essa  matéria  má,  criando  outra  que  fosse  boa,  e  com  a  qual  plasmar  toda  a  criação?  Porque  ele  não  seria  onipotente  se  não  pudesse  criar  algum  bem  sem  a  ajuda  dessa  matéria  que  não  havia  criado.     Tais  eram  os  pensamentos  de  meu  pobre  coração,  oprimido  pelos  pungentes  temores  da  morte,  e  sem  ter  encontrado  a  verdade.  Contudo,  arraigava  sempre  mais  em  meu  coração  a  fé  de   teu   Cristo,   nosso   Senhor   e   Salvador,   professada   pela   Igreja   Católica;   fé   ainda   incerta,  certamente,  em  muitos  pontos,  e  como  que  <lutuando  fora  das  normas  da  doutrina.  Minha  alma  porém  não  a  abandonava,  e  cada  dia  mais  se  abraçava  a  ela.  "        !Fonte:  Con<issões,  Santo  Agostinho,  Editora  Martin  Claret,  páginas  145-­‐147.    

Page 3: GRALHA AZUL No. 48 - JULHO - 2014

"3BOLETIM EXTRA - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 48 - JULHO - 2014

Origem do Bem e do Mal - Allan Kardec !! "Sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nele a sua origem. Se o mal estivesse nas atribuições de um ser especial, quer se lhe chame Arimane, quer Satanás, ou ele seria igual a Deus, e, por conseguinte, tão poderoso quanto este, e de toda a eternidade como ele, ou lhe seria inferior. No primeiro caso, haveria duas potências rivais, incessantemente em luta, procurando cada uma desfazer o que fizesse a outra, contrariando-se mutuamente, hipótese esta inconciliável com a unidade de vistas que se revela na estrutura do Universo. No segundo caso, sendo inferior a Deus, aquele ser lhe estaria subordinado. Não podendo existir de toda a eternidade como Deus, sem ser igual a este, teria tido um começo. Se fora criado, só o poderia ter sido por Deus, que, então, houvera criado o Espírito do mal, o que implicaria negação da bondade infinita. Entretanto, o mal existe e tem uma causa. Os males de toda espécie, físicos ou morais, que afligem a Humanidade, formam duas categorias que importa distinguir: a dos males que o homem pode evitar e a dos que lhe independem da vontade. Entre os primeiros, cumpre se incluam os flagelos naturais. O homem, cujas faculdades são restritas, não pode penetrar, nem abarcar o conjunto dos desígnios do Criador; aprecia as coisas do ponto de vista da sua personalidade, dos interesses factícios e convencionais que criou para si mesmo e que não se compreendem na ordem da Natureza. Por isso é que, muitas vezes, se lhe afigura mau e injusto aquilo que consideraria justo e admirável, se lhe conhecesse a causa, o objetivo, o resultado definitivo. Pesquisando a razão de ser e a utilidade de cada coisa, verificará que tudo traz o sinete da sabedoria infinita e se dobrará a essa sabedoria, mesmo com relação ao que lhe não seja compreensível. O homem recebeu em partilha uma inteligência com cujo auxílio lhe é possível conjurar, ou, pelo menos, atenuar os efeitos de todos os flagelos naturais. Quanto mais saber ele adquire e mais se adianta em civilização, tanto menos desastrosos se tornam os flagelos. Assim é que ele saneia as regiões insalubres, imuniza contra os miasmas pestíferos, fertiliza terras áridas e se industria em preservá-las das inundações; constrói habitações mais salubres, mais sólidas para resistirem aos ventos tão necessários à purificação da atmosfera e se coloca ao abrigo das intempéries. É assim, finalmente, que, pouco a pouco, a necessidade lhe fez criar as ciências, por meio das quais melhora as condições de habitabilidade do globo e aumenta o seu próprio bem-estar. Porém, os males mais numerosos são os que o homem cria pelos seus vícios, os que provêm do seu orgulho, do seu egoísmo, da sua ambição, da sua cupidez, de seus excessos em tudo. Aí a causa das guerras e das calamidades que estas acarretam, das dissenções, das injustiças, da opressão do fraco pelo forte, da maior parte, afinal, das enfermidades. Deus promulgou leis plenas de sabedoria, tendo por único objetivo o bem. Em si mesmo encontra o homem tudo o que lhe é necessário para cumpri-las. Se o homem se conformasse rigorosamente com as leis divinas, não há duvidar de que se pouparia aos mais agudos males e viveria ditoso na Terra. Se assim procede, é por virtude do seu livre-arbítrio: sofre então as conseqüências do seu proceder. Pode dizer-se que o mal é a ausência do bem, como o frio é a ausência do calor. Assim como o frio não é um fluido especial, também o mal não é atributo distinto; um é o negativo do outro. Onde não existe o bem, forçosamente existe o mal. Não praticar o mal, já é um princípio do bem. Deus somente quer o bem; só do homem procede o mal. Se na criação houvesse um ser preposto ao mal, ninguém o poderia evitar; mas, tendo o homem a causa do mal em SI MESMO, tendo simultaneamente o livre-arbítrio e por guia as leis divinas, evitá-lo-á sempre que o queira. " !Fonte: A GÊNESE. Origem do bem e do mal, ALLAN KARDEC.

Page 4: GRALHA AZUL No. 48 - JULHO - 2014

Editor Responsável: Sérgio Augusto de Munhoz Pitaki

BOLETIM EXTRA - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 48 - JULHO - 2014 4

As Quatro Nobres Verdades - Buda“ I - Dado o estado psicológico do homem comum, voltando seu desenvolvimento para o mundo externo de modo agressivo, a insatisfação que gera o sofrimento é quase inevitável. II - A insatisfação é o resultado de anseios ou desejos que não podem ser plenamente realizados, e estão atrelados à sede de poder. A maioria das pessoas é incapaz de aceitar o mundo como é porque é levada pelos vínculos com o desejo narcisivo do sempre agradável e com sentimentos de aversão pelo negativo e doloroso. O anseio sempre cria uma estrutura mental instável, no qual o presente, única realidade fenomênica, nunca é satisfatório. Se os desejos não são satisfeitos, a pessoa tende a lutar para mudar o presente ou agarra-se a um tempo passado; se são satisfeitos, a pessoa tem medo da mudança, o que acarreta novas frustrações e insatisfações. Como tudo se transforma e passa, o desfrutar de uma realização tem a contrapartida de que sabemos que não será eterno. Quanto mais intenso for o desejo, mais intensa será a insatisfação ao saber que tal realização não irá durar. III - O controle dos desejos leva à extinção do sofrimento. Controlar o desejo não significa extinguir todos os desejos, mas sim não estar amarrado ou controlado por eles, nem condicionar ou acreditar que a felicidade está atrelada a satisfação de determinados desejos. Os desejos são normais e necessários até certo ponto, pois eles têm a função primária de preservar a vida orgânica. Mas se todos os desejos e necessidades são imediatamente satisfeitas, é provável que passemos a um estado passivo e alienado de complacência. A aceitação refere-se a uma atitude calma de desfrute dos desejos realizados sem nos perturbarmos seriamente com os inevitáveis períodos de insatisfação. IV - Há uma forma de se eliminar o sofrimento: O Nobre Caminho Óctuplo, exemplificado pelo Caminho do Meio. A maioria das pessoas busca o mais alto grau de satisfação dos sentidos, e nunca se dão por satisfeitas. Outros, ao contrário, percebem as limitações desta abordagem e tendem ir ao outro prejudicial extremo: a mortificação. O ideal budista é o da moderação. O Caminho Óctuplo consiste no discurso, ação, modo de vida, esforço, cautela, concentração, pensamento e compreensão adequados. Todas as ações, pensamentos, etc, tendem a ser forças que, expressando-se, podem magoar as pessoas e a ferir e limitar a nós mesmo. O caminho do meio segue a máxima de ouro de Jesus Cristo: "Fazei aos outros o que gostariam que fizessem a vós". A Psicologia Budista A questão da causalidade em Buda, assim como em Freud, na psicologia ocidental, é um dos elementos principais de seus ensinamentos. Esta é chamada de karma, que significa ação, e representa a lei universal de causa e efeito em que o resultado de uma ação mais cedo ou mais tarde acaba por retornar a quem a praticou. Jesus certamente se refere à mesma lei universal quando fala: "Colherás aquilo que semeares". De acordo com o budismo, qualquer situação em que possamos nos encontrar em dado momento é a resultante de toda a nossa história pregressa, em cuja corrente histórica nos lançamos até atingir o estado atual; isto quer dizer que dispomos constantemente da oportunidade de aprender as lições para enriquecer nosso crescimento e evolução espiritual. Corretamente entendida, a doutrina do karma não é, como supõem alguns, uma forma de evitar uma ação responsável, nem uma desculpa para a aceitação das coisas tais como estão, mas um incentivo para aproveitar o presente da forma mais criativa e positiva possível; toda experiência vivencial se converte em um empurrão para diante na nossa jornada para a compreensão de nós mesmos. “ "O que hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem que condicionaram nosso comportamento, e são os nossos atuais pensamentos que constroem a nossa vida de amanhã; a nossa vida é a criação de nossa mente. Se um homem fala ou atua com a mente impura, o sofrimento lhe seguirá da mesma forma que a roda do carro segue ao animal que o arrasta". (Buda)