Gralha azul no. 22 mai jun 2012

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F AMÍLI a Silva E D I Ç Ã O V E R Ã O 2 0 0 9 o BOLETIM MENSAL - No. 22 - Mai/Jun - 2012 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR GRALHA AZUL GRALHA AZUL CONGRAÇAR v.r.v. De com+graça+ar. Restituir à graça, à amizade; reconciliar (tr.dir.; bitr., com prep. com): “Em vão procurou ele congraçar os ânimos, promovendo a anistia para os comprometidos” (J.F.Lisboa). “Tratai de congraça-lo e fugi de travar armas com armas”(Odorico Mendes). “Para o congraçar com sua avó, a rainha viúva e com seu tio o cardeal D. Henrique” (Rebelo da Silva). “Que co’a justiça os corações congraça”. (Filinto Elisio). 2. Fazer amizade (pr.; pr., com prep. com, em): “Dize agora que se congracem, que alianças travem”. (Odorico Mendes). “para congraçar-se com os revolucionários instintos populares que pedem novas formas políticas e sociais”. (Martino Coelho). “E a se congraçar com ele para fazer seus negócios e com o Samorim, por causa do elefante.”(João de Barros). Homens de arraiais contrários congraçaram-se no mesmo intuito , fatigados dos vanilóquios da tribuna” (Camilo). “As rivalidades políticas emudeceram, congraçando-se em unanime homenagem ao merecimento de um trabalho destinado a assinalar época na história filosófica do país” (Rui). 3. Fazer as pazes reatar as anteriores relações de amizade (pr): “Congraçaram-se depois?” (Camilo). Laudelino Freire. Grande e novíssimo Dicionário da Lingua Portuguesa. Volume II, 3a. Edição. Livraria José Olympio Editora. 1957. pg.1524. CURITIBA Queridos amigos, estamos em plena atividade para tornar nosso congraçamento no mês de Outubro o melhor possível. Preocupados com a estadia no Hotel Bourbon, pedimos aos congressistas que se ocupem com as suas reservas. Teremos um forte concorrente em Curitiba, um Congresso Internacional de Higiene com ocupação maciça dos hotéis. Outra preocupação de toda a equipe é com os trabalhos que estão sendo enviados. Todos estão corretos com a opção escolhida entre Trova/ Poesia ou Prosa, o Título e apenas o número da Inscrição. Estamos atentos, pois são gerados dois números quando da inscrição, o número do pedido e o número da inscrição. Não se preocupem com isso, corrigiremos antes de enviar para as comissões julgadoras. Não percam tempo. Outubro está ai!

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FAMÍLIa Silva E D I Ç Ã O V E R Ã O 2 0 0 9

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BOLETIM MENSAL - No. 22 - Mai/Jun - 2012 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE MÉDICOS ESCRITORES - SOBRAMES - PR

GRALHA AZUL GRALHA AZUL

CONGRAÇAR

v.r.v. De com+graça+ar. Restituir à graça, à amizade; reconciliar (tr.dir.; bitr., com prep. com): “Em vão procurou ele congraçar os ânimos, promovendo a anistia para os comprometidos” (J.F.Lisboa). “Tratai de congraça-lo e fugi de travar armas com armas”(Odorico Mendes). “Para o congraçar com sua avó, a rainha viúva e com seu tio o cardeal D. Henrique” (Rebelo da Silva). “Que co’a justiça os corações congraça”. (Filinto Elisio). 2. Fazer amizade (pr.; pr., com prep. com, em): “Dize agora que se congracem, que alianças travem”. (Odorico Mendes). “para congraçar-se com os revolucionários instintos populares que pedem novas formas políticas e sociais”. (Martino Coelho). “E a se congraçar com ele para fazer seus negócios e com o Samorim, por causa do elefante.”(João de Barros). Homens de arraiais contrários congraçaram-se no mesmo intuito , fatigados dos vanilóquios da tribuna” (Camilo). “As rivalidades políticas emudeceram, congraçando-se em unanime homenagem ao merecimento de um trabalho destinado a assinalar época na história filosófica do país” (Rui). 3. Fazer as pazes reatar as anteriores relações de amizade (pr): “Congraçaram-se depois?” (Camilo).

Laudelino Freire. Grande e novíssimo Dicionário da Lingua Portuguesa. Volume II, 3a. Edição. Livraria José Olympio Editora. 1957. pg.1524.

CURITIBA Queridos amigos, estamos em plena atividade para tornar nosso congraçamento no mês de Outubro o melhor possível. Preocupados com a estadia no Hotel Bourbon, pedimos aos congressistas que se ocupem com as suas reservas. Teremos um forte concorrente em Curitiba, um Congresso Internacional de Higiene com ocupação maciça dos hotéis. Outra preocupação de toda a equipe é com os trabalhos que estão sendo enviados. Todos estão corretos com a opção escolhida entre Trova/ Poesia ou Prosa, o Título e apenas o número da Inscrição. Estamos atentos, pois são gerados dois números quando da inscrição, o número do pedido e o número da inscrição. Não se preocupem com isso, corrigiremos antes de enviar para as comissõesjulgadoras. Não percam tempo. Outubro está ai!

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HELENA KOLODY

Em comemoração ao centenário do nascimento da Poeta Paranaense Helena Kolody estão sendo realizados vários eventos durante o ano de 2012. A poeta paranaense Adélia Maria Woellner, da Academia Paranaense de Letras, lançou uma coletânea das poesias de Helena chamado “infinita Sinfonia”, a Secretaria de Cultura do Estado do Paraná lançou uma revista chamada Helena, que será mensal e trará assuntos relativos à cultura no Estado, trazendo na primeira edição comentários s o b r e a v i d a d e H e l e na e v á r i o s depoimentos sobre ela por personalidades variadas do meio cultural. Nascida em Cruz Machado, no Paraná em 12 de outubro de 1912, Helena foi lapidada pelo interior do Paraná e pela descendência e literatura ucraniana, ambos bem definidos em sua poesia. Fez cursos de piano, pintura, literatura e até de guarda livros. Mas foi na carreira do magistério que demonstrou sua paixão que foi dividida somente com a poesia. Foi premiada em 1941 com sua primeira obra “Paisagem Interior”, porém não recebeu o prêmio por ser de origem humilde e do interior. Sua obra não é extensa porém intensa: Paisagem Interior (1941), Música Submersa (1945), A Sombra no Rio (1951), Poesias Completas (1962), Vida Breve (1965), Era Espacial e Trilha Sonora (1966), Antologia Poética (1967), Tempo (1970), Correnteza (1977), Infinito Presente (1980), Poesias E s co l h i das (1983 , poemas pa ra o ucraniano), Sempre Palavra (1985), Poesia Mínima (1986), Viagem no Espelho (1988), Ontem, Agora (1991), Reika (1993), Sempre Poesia (1994, antologia poética), Caixinha de Música (1996), Luz Infinita (1997, edição bilíngue), Sinfonia da Vida (1997), Helena Kolody por Helena Kolody

(1997, CD gravado para a coleção Poesia Falada), Poemas do Amor Impossível (2002), Memórias de Nhá Mariquinha (2002). À Helena foram feitas muitas homenagens em vida, como por exemplo em 1985 obteve o Diploma de Mérito Literário da Prefeitura de Curitiba, em 1987 o de Cidadã Honorária de Curitiba, em 1988, a Secretaria da Cultura do Estado do Paraná lançou o Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody que é realizado até hoje. Em 1989 fez gravação e publicação de seu depoimento para o Museu da Imagem e do Som do Paraná. Em 1990, Marcelo Marchioro foi o diretor da peça teatral ‘He lena , uma mu lher ' com grande repercussão no meio artístico-literário no Estado. Em 1991, foi eleita para a Academia Paranaense de Letras. Em 1992, o cineasta Sylvio Back fez o curta metragem chamado “A Babel de Luz”, vencedor do 25o. Festival de Brasília. Em 1997, foi Cidadã Benemérita do Estado do Paraná. Em 1999, Vulto Emérito da Cidade de Curitiba. Em 2002, realizou-se a Exposição em homenagem aos 90 anos da poetisa, na Biblioteca Pública do Paraná. Em 2003, recebeu o Título de "Doutora Honoris Causa” da Universidade Federal do Paraná. Hoje vive entre nós na imortalidade da poesia. Constitui-se numa unanimidade literária, reunindo em seus versos nossa colonização, nossa história como imigrantes, nossa v ida como amantes e como observadores da natureza. Fez poesia longa e curta, foi Reika - “perfume da poesia” em japonês, língua na qual seus hai-kais foram reconhecidos e traduzidos, ganhando notoriedade como a primeira brasileira e publicar haicais.

1o. Poema publicado em 1928 A Lágrima

Oh! Lágrima cristalina, tão salgada e pequenina. Quanta dor tu não redimes! Mesmo feita de amargura, és tão sublime, tão pura, que só virtudes exprimes.

Ao coração torturado,pela saudade magoadopelo destino cruel.Tu és a pérola lindado rosário que não finda,feita de tortura e fel.

DOM

Deus dá a todos uma estrela.Alguns fazem da estrela um sol.Outros nem conseguem vê-la.

BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 22 - Mai/Jun 2012 2

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BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 22 - Mai/Jun - 2012 3

 

ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS CONFERE O PRÊMIO MACHADO DE ASSIS

AO CONTISTA CURITIBANO DALTON TREVISAN 

A comissão que indicou o nome do vencedor foi formada pelos Acadêmicos Eduardo Potella, Lygia Fagundes Telles, Tarcísio Padilha, Sergio Paulo Rouanet e Geraldo Holanda Cavalcanti

 A Academia Brasileira de Letras (ABL) conferiu hoje, dia 6 ,o Prêmio Machado de Assis de 2011, o mais importante da Casa, ao contista curitibano Dalton Trevisan. importante da Casa. O "Machado de Assis" é conferido anualmente pelo conjunto da obra, e o vencedor receberá a importância de R$ 100 mil. O prêmio será entregue em julho deste ano, mês em que a ABL estará completando 115 anos de fundação. Trevisan, de acordo com o parecer da comissão, conquistou o Prêmio por ser “um dos mais importantes narradores da ficção brasileira contemporânea”. Ainda segundo o parecer, é “portador de uma linguagem predominantemente interiorizante, porém sensível às movimentações sociais. Desde cedo, se afirmou, sobretudo na história curta, mais especificamente no conto. Trata-se de um contista personalíssimo navegando contra a corrente institucional do conto. Neste sentido, suas “Novelas nada exemplares” são exemplos desse esforço de abertura do gênero”. A comissão destacou, também, “A faca no coração”, “A polaquinha”, “Crimes de Paixão " ; “O vampiro de Curitiba”, entre outras obras do autor curitibano. Em 2010 o vencedor foi o filósofo Benedito Nunes. Outros premiados foram: Ferreira Gullar; Autran Dourado; Roberto Cavalcanti de Albuquerque; Antonio Torres; Wilson Martins. A comissão que indicou Dalton Trevisan para o prêmio de 2011 foi formada pelos Acadêmicos Eduardo Portella, Lygia Fagundes Telles, Tarcísio Padilha, Sergio Paulo Rouanet e Geraldo Holanda Cavalcanti.

CURIOSIDADES:

Você sabe porque o cheiro dos livros antigos atraem tanta gente??Por causa da Lignina que os livros tem aquele cheiro maravilhoso de baunilha. Agora vocês me perguntam, mas o que é Lignina??

A lignina, é uma substância que impede que todas as árvores se curvem, é um polímero feito de unidades que são proximamente relacionadas à vanilina. Quando transformada em papel e conservada por anos, ela cheira bem. E essa é a maneira como a Divina Providência organizou as coisas para que os donos de sebos possam ter cheiro de baunilha, subliminarmente dando uma fome de conhecimento em todos nós.

Agora se alguém te chamar de louco por cheirar seus livros, explica que a culpa é da Lignina.

Curioso não?

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4BOLETIM MENSAL - SOBRAMES PARANÁ - GRALHA AZUL No 22 - Mai/Jun

EXPEDIENTE: Editor Responsável e Presidente Sobrames Paraná: Sérgio Pitaki ;Vice-Presidentes: Fahed Daher e Sonia Braga; Secretários: Paulo Maurício Piá de Adrade e Maurício Norberto Friedrich; Tesoureiros: Maria Fernanda Caboclo Ribeiro e Edival Perrini. contacto: [email protected] , fones:41-30131133; 41-99691233

AMOR DE FAMÍLIAJosemar Alvarenga - Sobrames MG

Depois das Bodas de Ouro, Alberto enviuvara-se. Não exemplar casal! Tocou a vida; agora, só; sentiu ausente companhia:

- Hoje, seria diferente; pensou. Pouco adianta; águas passadas...

Notou; a casa esvaziou dos filhos; antes assíduos, tolerantes, além dos netos, noras e genros. Sovina, de burras cheias; sempre falava em dinheiro, como se a nota da vida. Nenhum filho o queria, pela chatice de ser, fazendo conta de tudo. Só uma o tolerava. Mesmo assim, com restrições, por sistemático, de difícil trato.

Então, desmotivado, se trancava no quarto. Abria o Baú antigo, de carregar consigo desde que se casara. Passava noites contando, enquanto os estalidos excitavam imaginação ouvinte e desperta.

- Um; dois... Noventa mil... Centos; milhares de mil... Milhão. Se Deus quiser, amanhã serão mais. Deixarei aos meus. Pois, da terra, nada se leva. Tratarei disso, no inventário.

De fato, chamou o notário, amigo, no quarto em conversa longa. Escrivão saiu em maços de papel:

- Seu inventário em mãos seguras; minhas!

História de alastrar entre filhos, genros, noras e netos. Filha simplória contou o velho Alberto em noites naquele ritual com Silvio Escrivão. Ouriçaram:

- Papai precisa de mais assistência. Sozinha você não consegue. Ao rodízio; Somos oito, ele fica na casa de cada um, por semana. Será mais bem assistido, não nos cansará; apaixonados por ele.

- O deixa aqui. Vocês não o queriam!... Porque o querem, agora?

Acertaram na combina; medo de perder ou dividir desproporcional, o Baú. Aonde Alberto, seu mistério, no interesse de quem buscá-lo; carregar o peso descomunal sob o olhar astuto do dono. No novo aposento, repetia ritual de estalos a contar milhares de mil, trancado e só. Terminava:

- Passarei aos meus. Pois, da vida, nada se leva – assim perdurou, no resto de sua existência.

Alberto despediu-se. Enterro cerimonioso; melhor caixão; melhores flores; convite à maior autoridade religiosa ao réquiem - talvez sobrassem donativos às obras sociais; enterro pomposo; notícia de jornal.

O Testamento?

- Consta, depois da Missa de Trinta Dias - impôs Sílvio Escrivão.

Missa de Sete Dias; Festa. Roupas novas; Enfeitada igreja; Convidado meio mundo; Mídia. Trocado o carro ao melhor estilo. Chá aos de comparecer. Alberto, queridíssimo!...

Missa de Trinta Dias em mais alegria e gastos; Afinal, o Testamento. Sílvio em pesado Baú, aos tropeços. Emocionado ambiente. Sobre a mesa, forro de veludo vermelho; nele, o Baú entalhado de cabiúna preta, da Bahia; ornada peça brilhava, qual Bezerro de Ouro, das Escrituras. Sílvio leu os termos. Afirmativo:

- Toda minha fortuna, no Baú, dividida igual entre meus filhos, filhas, noras, genros, netos, merecedores da minha gratidão pelo empenho, carinho e caridade comigo. Deus os proteja.

Emocionados se abraçaram com olhos lagrimejantes, em exclamações:

- Obrigado, papai!...

- Grande homem, o meu pai!...

- Papai era muito bom!...

- Só meu pai para um fim como este!...

- Grande alma; Boníssima!...

- Só queria o nosso bem!...

- Desculpe papai, se algum dia eu o magoei!...

- Deus o tenha!...

Destampado o Baú; milhares de pedras sem nenhum valor nem serventia. Seguiu-se uníssono:

- Filho de uma puta!... Trapíncola na vida; Trapaceiro na morte; Velhaco na pós-morte. Descanse em paz, miserável!

Ou melhor; Vá pros infernos.