Grafos e o problema da distribuição

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Licenciatura em Matemática Flávio Adriano Giaretti Grigoli Grafos e o Problema da Distribuição: Uma Introdução com Análise Combinatória Birigui - SP 2015

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Licenciatura em Matemática

Flávio Adriano Giaretti Grigoli

Grafos e o Problema da Distribuição:

Uma Introdução com Análise Combinatória

Birigui - SP

2015

Page 2: Grafos e o problema da distribuição

Flávio Adriano Giaretti Grigoli

Grafos e o Problema da Distribuição:

Uma Introdução com Análise Combinatória

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de São

Paulo, Campus Birigui, como requisito

para obtenção do grau de Licenciado em

Matemática.

Orientadora: Profa. Ma. Manuella

Aparecida Felix de Lima

Birigui - SP

2015

Page 3: Grafos e o problema da distribuição

Grigoli, Flávio Adriano Giaretti

Grafos e o Problema da Distribuição: Uma Introdução com Análise

Combinatória / Flávio Adriano Giaretti Grigoli. – Birigui, 2015. 37 p. il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura em Matemática) –

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo –

IFSP, Campus Birigui

Orientadora: Manuella Aparecida Felix de Lima.

1. Grafos. 2. Distribuição. 3. Combinatória. 4. Modelagem. 5.

Caixeiro Viajante. I. Grigoli, Flávio Adriano Giaretti. II. Lima, Manuella

Aparecida Felix de Lima. III. Título.

Page 4: Grafos e o problema da distribuição

FOLHA DE APROVAÇÃO

Flávio Adriano Giaretti Grigoli

Grafos e o Problema da Distribuição:

Uma Introdução com Análise Combinatória

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de São

Paulo, Campus Birigui, como requisito

para obtenção do grau de Licenciado em

Matemática.

Comissão Examinadora

_____________________________________

Profa. Ma. Manuella Aparecida Felix de Lima (orientadora) IFSP – Campus Birigui

_____________________________________

Prof. Dr. Régis Leandro Braguim Stábile IFSP – Campus Birigui

_____________________________________

Prof. Me. Luiz Fernando da Costa Zonetti IFSP – Campus Birigui

Birigui, 8 de Junho de 2015.

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DEDICATÓRIA

A todos que fizeram parte dessa história, meus pais, minha família e, em

especial à minha filha Gyulia, de onde me fortaleci.

Page 6: Grafos e o problema da distribuição

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a DEUS.

A todos os professores que me proporcionaram muitos bons momentos

nesta Instituição, pela oportunidade de ampliar meus conhecimentos, agradeço a

todos ao meu redor, minha família, meus pais, à minha orientadora, Manuella

Aparecida Felix de Lima pela orientação habilmente concedida.

Aos examinadores deste trabalho, pelas contribuições de grande

importância que tornaram possível a conclusão deste curso com grande

aproveitamento.

À Industria e Distribuidora de Bebidas Vendranelli, que, atenciosamente,

contribuiu para a realização direta deste trabalho.

Aos amigos de classe, pela aceitação e apoio em todos os momentos de

dúvidas e dificuldades enfrentadas no decorrer do curso, foi com certeza uma

experiência única ao vosso lado.

A todos os colaboradores desta Instituição.

Obrigado a todos.

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EPÍGRAFE

“Os primeiros homens que residiram em cidades eram animais falantes. O

homem da idade da máquina é um animal calculante. Vivemos imersos num oceano

de números...” (HOGBEN, p. 22)

Page 8: Grafos e o problema da distribuição

RESUMO

Este trabalho tem por finalidade apresentar o estudo da Teoria dos grafos,

conteúdo não abordado na grade do curso de Licenciatura em Matemática desta

Instituição, e, com o auxílio da Análise Combinatória, buscar ampliar e mesclar

conceitos matemáticos, visando a resolução e apresentação de certos tipos de

problemas de distribuição. Para esses problemas, são apresentadas duas formas de

resolução. Ao final do estudo, foi feita uma pesquisa em uma empresa da cidade de

Birigui, que fabrica e distribui refrigerantes na região noroeste do Estado de São

Paulo, com a intenção de aplicar a teoria estudada.

Palavras-chave: Grafos; Distribuição; Combinatória; Modelagem; Caixeiro Viajante.

Page 9: Grafos e o problema da distribuição

ABSTRACT

This work aims at presenting the study of Graph Theory, not addressed in

the Bachelor's Degree in Mathematics of this institution, and, with the help of

Combinatorial Analysis, seek to broaden and merge mathematical concepts, aimed

at solving and presenting certain types of deployment problems. For these problems,

we present two forms of resolution. At the end of the study, a survey was made in a

company of Birigui, which manufactures and distributes soft drinks in the northwest of

the state of São Paulo, with the intention to apply the theory studied.

Keywords: graphs; distribution; combinatorics; modeling; salesman.

Page 10: Grafos e o problema da distribuição

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Exemplo das sete pontes de Königsberg ................................................... 17

Figura 2: Modelo construído por Euler para estudo .................................................. 18

Figura 3: Exemplos de grafos .......................................................................................... 19

Figura 4: Exemplo de transitividade ............................................................................... 21

Figura 5: Exemplos de vértices vizinhos ...................................................................... 22

Figura 6: Exemplo de grafo completo, com diferentes representações .............. 24

Figura 7: Exemplo de grafo valorado ............................................................................. 24

Figura 8: Exemplo de dodecaedro .................................................................................. 27

Figura 9: Exemplo de grafo hamiltoniano ..................................................................... 27

Figura 10: Representação por grafo de um Problema do Caixeiro Viajante ....... 29

Figura 11: Modelagem para aplicação em problema real ......................................... 29

Figura 12: Modelagem para resolução, Método do Vizinho mais Próximo ......... 31

Figura 13: Modelagem em grafo da região atendida pela empresa ....................... 34

Figura 14: Exemplo com até 5 cidades .......................................................................... 35

Figura 15: Exemplo com até 140 cidades ..................................................................... 35

Figura 16: Modelagem em grafo da cidade sede e suas cidades vizinhas .......... 36

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 ANÁLISE COMBINATÓRIA ................................................................................... 13

2.1 Informações Históricas da Teoria das Probabilidades .................................. 13

2.2 Contagem ........................................................................................................... 14

3 GRAFOS ................................................................................................................ 17

3.1 Fato Histórico .................................................................................................... 17

3.2 Conceitos Básicos ............................................................................................ 18

3.3 Tipos de Grafos ................................................................................................. 23

3.4 Passeio, Caminho, Circuito e Ciclo ................................................................. 25

3.4.1 Ciclo Hamiltoniano ......................................................................................... 26

3.4.2 Grafo Euleriano .............................................................................................. 27

4 O PROBLEMA DO CAIXEIRO VIAJANTE ........................................................... 29

5 MÉTODOS DE SOLUÇÕES FINITAS .................................................................... 30

5.1 Método Exaustivo .............................................................................................. 30

5.2 Método do Vizinho mais Próximo .................................................................... 31

6 APLICAÇÃO DA TEORIA NO PROBLEMA REAL ............................................... 33

6.1 Problema ............................................................................................................ 33

6.2 Minimização do Problema ................................................................................ 36

6.2.1 Resolução pelo Método Exaustivo ............................................................... 36

6.2.2 Resolução pelo Método do Vizinho mais Próximo ...................................... 37

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

O trabalho originou-se com um projeto de Iniciação Científica, baseado na

Teoria dos Grafos, e desde o início dos primeiros conceitos foi possível observar sua

rica aplicação e propriedades, que poderiam direcionar o estudo mais para uma área

ou mais para outra. Assim, no decorrer do projeto, houve um direcionamento para a

aplicação na Otimização Combinatória.

Este trabalho tem por finalidade apresentar um estudo da Teoria dos

Grafos, que começou a ser estudada no século XVIII, em 1736, com o matemático

suíço Leonhard Euler. Na época, existiam as famosas pontes de Königsberg, e Euler

foi questionado se seria possível passar por todas as pontes, mas somente uma vez

em cada ponte. Este foi o primeiro problema clássico da Teoria dos Grafos, que será

estudado com maiores detalhes no Capítulo 3 deste trabalho, mas o termo Grafo

surgiu posteriormente, no século IX, já utilizado na Química. A Teoria dos Grafos

possui riquíssimas aplicações, nas mais diversas áreas, passando desde a

engenharia elétrica, distribuição de redes de internet e telefonia, circuitos eletrônicos

como placas de computadores, até no objeto de estudo deste trabalho, no qual são

estudadas as possíveis quantidades de ciclos que podem ser construídos para

melhorar a logística de uma empresa distribuidora, neste caso, a otimização

combinatória. Com o auxílio da Análise Combinatória, como ferramenta de

contagem para obter possíveis soluções, procurou-se encontrar formas para

melhorar a distribuição e minimizar custos, assim encontrando o menor ciclo,

respeitando todas as propriedades existentes na Teoria dos Grafos.

A partir do Capítulo 2, são apresentados os conceitos básicos da Análise

Combinatória. A Teoria dos Grafos será descrita no Capítulo 3, juntamente com suas

propriedades. O Problema do Caixeiro Viajante, estudado no Capítulo 4, mostra a

aplicação escolhida. Além disso, no Capítulo 5, são apresentados dois métodos de

resoluções para problemas como o do Caixeiro Viajante. Já o Capítulo 6 apresenta a

aplicação da teoria no problema real. Para isso, foram utilizadas informações de

uma empresa fabricante e distribuidora de refrigerantes da cidade de Birigui,

localizada na região noroeste do Estado de São Paulo.

Ao término do trabalho são apresentadas as considerações finais, sobre

todos os conceitos estudados neste Trabalho de Conclusão de Curso.

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13

2 ANÁLISE COMBINATÓRIA

Neste Capítulo foram utilizadas as referências [2], [3] e [4].

A Análise Combinatória é uma parte da matemática que estuda estruturas

e relações discretas. Possui conceitos que nos auxiliam na resolução de problemas,

como os de contagem de alguns subconjuntos de conjuntos finitos, não sendo

necessário enumerar cada um de seus elementos.

Em Análise Combinatória, frequentemente ocorrem dois tipos de

problemas:

I – demonstrar a existência de subconjuntos de elementos de um conjunto

finito que atendam certas condições;

II – contar ou classificar os subconjuntos deste conjunto finito e que

atendam certas condições dadas.

A Análise Combinatória abrange várias aplicações e utiliza, para

resolução dos problemas, os princípios aditivo e multiplicativo. Apesar desta dispor

de técnicas que auxiliam na resolução de problemas de contagem, também é

necessário ter boa percepção e identificar detalhes contidos no problema, visto que,

a maior dificuldade na solução destes problemas é a complexidade de seu

entendimento e interpretação. A imensa aplicabilidade na resolução de problemas de

contagem tem origem na Teoria das Probabilidades.

2.1 Informações Históricas da Teoria das Probabilidades

Existem relatos de que a Teoria das Probabilidades originou-se com

Blaise Pascal (1623 – 1662) e Pierre de Fermat (1601 – 1665), pelo motivo da

curiosidade de um cavaleiro, Chevalier de Méré, jogador de cartas, que questionou

Pascal sobre problemas relacionados às chances (probabilidades) de ganhar certos

jogos de cartas. Esse foi o motivo pelo qual Pascal e Fermat começaram a se

corresponder, discutindo o assunto que hoje é chamado de probabilidades finitas.

Mas a Teoria das Probabilidades já havia recebido atenção de Niccolò

Fontana Tartaglia (1499 – 1559), antes de Pascal e Fermat se interessarem pelo

assunto.

O primeiro estudo publicado sobre as probabilidades é o livro De Ludo

Alae (Asas da Fantasia) sobre jogos de azar, de Jerônimo Cardano (1501 – 1576) e

sua publicação foi no ano de 1663. Pode-se dizer que este livro é dedicado a

jogadores.

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14

Outros matemáticos também contribuíram para este estudo como Michael

Stifel (1486? – 1567), Johannes Kepler (1571 – 1630), Galileu Galilei (1564 – 1642),

Jaime Bernoulli (1654 – 1705), Isaac Newton (1646 – 1727), entre outros.

Estudos mostram que, inicialmente, a Teoria Elementar das

Probabilidades foi objeto de estudo tendo como foco principal os jogos de azar, em

especial, jogos de cartas e dados.

Contudo, o matemático que mais contribuiu para o desenvolvimento dos

estudos da Teoria das Probabilidades foi Laplace (1749 – 1827), em seu

monumental, “O Tratado Analítico das Probabilidades”, no qual existem muitos

problemas e técnicas de resoluções.

2.2 Contagem

As técnicas de contagem estão diretamente ligadas à História da

Matemática. Desde as épocas mais remotas o homem teve necessidade de utilizar

os números no conceito de contagem, para quantificar valores ou posses e

identificar tudo o que podia ter contato.

O Império Romano, por exemplo, com seu extenso comércio

ultrapassando todo o seu império, possuía sua forma própria de numeração

(notação), mas também necessitava de formas ou técnicas mais rápidas e fáceis de

contagem. Com isso, os romanos inventaram as “muletas mecânicas” que são uma

forma especial no auxílio do processo da contagem, conhecidas nos dias atuais

como ábacos. Os romanos extraíram seu princípio de povos mais antigos, que

possuíam maior talento e destreza com a matemática, como os gregos, os egípcios

e os babilônicos. Posteriormente, o ábaco surgiu na China e no Japão, ficando

perdido por muito tempo, ressurgindo dos mosteiros na baixa Idade Média,

aproximadamente no ano 1000. Nesta época, se espalhou pela Europa sendo

utilizado por centenas de anos, até o Renascimento, momento no qual a Matemática

começou a ser estudada mais profundamente.

Desde o início da humanidade a contagem é o primeiro contato que se

tem, quando criança, com a matemática. É pela contagem que se começa a associar

o número com a quantidade de objetos contados. Com isso, as operações

aritméticas são as primeiras aprendidas na infância, motivando a aplicação da

contagem.

Page 15: Grafos e o problema da distribuição

15

Existem situações de contagem nas quais podem ser verificadas e

adicionadas todas as possibilidades (princípio aditivo) e em outros casos é

necessário multiplicar todas as possibilidades (princípio multiplicativo ou princípio

fundamental da contagem).

Antes de encontrar as respostas dos problemas de contagem,

precisamos, em primeiro lugar, compreender a utilização dos conectivos “E“ e “OU“,

nestes problemas.

Na língua portuguesa, o conectivo “E” é empregado no sentido aditivo,

enquanto que na matemática, indica dependência.

Já o conectivo “OU“, na língua portuguesa tem o sentido excludente

(disjuntos) exclui, sendo um ou outro, contudo na matemática indica adição e

inclusão.

Assim, quando em um problema de contagem aparecer o conectivo “OU”,

deve-se associá-lo ao princípio aditivo e no caso do conectivo “E”, associa-o como

princípio multiplicativo.

Definição 2.2.1 (Princípio Aditivo): Se são dois conjuntos disjuntos, com

elementos, respectivamente, então possui elementos.

Exemplo 2.2.1: Suponha que um dado D1 seja lançado e que uma moeda M2

também seja lançada. Assim,

para D1 há 6 possíveis resultados: {1,2,3,4,5,6};

para M2 há 2 possíveis resultados: {K, C}, onde K indica cara e C

indica coroa.

Se o interesse é em saber quantos são os possíveis resultados para D1 ou

M2, isto é obtido pelo Princípio Aditivo:

O Princípio Fundamental da Contagem é a estrutura básica da Análise

Combinatória que, através deste princípio, utiliza-se de métodos e técnicas de

contagem para a resolução de diversos problemas.

O PFC permite determinar uma quantidade de elementos de conjuntos

finitos, formados a partir de algumas regras existentes, não havendo a necessidade

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16

de enumerar cada um de seus elementos, sendo uma ferramenta básica para

resolução de problemas de contagem.

Definição 2.2.2 (Princípio Multiplicativo ou Princípio Fundamental da Contagem

– PFC): Se uma decisão pode ser tomada de maneiras e se, uma vez tomada a

decisão , a decisão puder ser tomada de maneiras, então o número de

maneiras de se tomarem as decisões e é .

Exemplo 2.2.2: Uma empresa possui duas equipes de tomadas de decisões para o

direcionamento na minimização de custos de entregas de produtos, sendo a primeira

equipe com 4 homens, denominada e a segunda equipe com 5 mulheres,

denominada . De quantas maneiras podem ser feitas duplas de trabalho, sendo

que cada dupla deverá ter um homem de e uma mulher de ?

Todas as duplas são:

Portanto, pelo PFC, o número de duplas possíveis é:

O fatorial é uma importante ferramenta para resolução de problemas que envolvam

Análise Combinatória, sendo muito utilizado em processos de contagem.

Definição 2.2.3 (Fatorial): O fatorial de um número natural , é dado pelo seguinte

produto:

E, ainda,

Page 17: Grafos e o problema da distribuição

17

3 GRAFOS

Um grafo é uma representação matemática que pode ser utilizada na

resolução e modelagem de diversos tipos de problemas. Utiliza-se também de

técnicas de contagem, dependendo de sua aplicação, a fim de facilitar soluções.

Além disso, possui uma ampla aplicação lógica, sendo observada sua aplicabilidade

na Física, Química, Biologia, Engenharia Elétrica e Pesquisa Operacional.

Com esta ferramenta matemática o profissional tem a possibilidade de

realizar uma profunda análise do problema, antes mesmo de sua aplicação direta.

Assim, criam-se estruturas, que possibilitam sua visualização, estudo do caso e uma

possível solução, respeitando as propriedades contidas na Teoria dos Grafos que

serão abordadas no decorrer deste trabalho.

3.1 Fato Histórico

De acordo com [3], dados históricos indicam que os grafos surgiram no

século XVIII, mais precisamente no ano 1736, com o matemático suíço Leonhard

Euler. Neste ano, Euler foi desafiado a realizar um passeio pelas sete pontes da

cidade de Königsberg, da antiga Prussia, hoje chamada Kaliningrado, na atual

Rússia. Mas, o detalhe deste passeio é que ele deveria passar uma única vez por

cada ponte e retornar ao seu ponto de partida sem repetir qualquer ponte. Este é o

primeiro problema que se conhece sobre a história da Teoria dos Grafos.

Figura 1: Exemplo das sete pontes de Königsberg

Questionado sobre como realizaria tal feito, Euler construiu um modelo

matemático simples, que consistia em ligações entre as regiões, onde cada arco

representaria uma ponte e cada vértice representaria uma região da cidade. Assim,

Euler construiu o primeiro Teorema da Teoria dos Grafos, que será abordado no

decorrer deste trabalho.

Page 18: Grafos e o problema da distribuição

18

Pela Figura 2, é possível observar um modelo para o problema que

poderia ser estudado sem a necessidade de ficar passeando exaustivamente pelas

pontes. Ao final, Euler provou que não era possível tal feito.

Figura 2: Modelo construído por Euler para estudo

“O termo grafo é oriundo da contração da frase notação

gráfica, criada pelo químico E. Frankland e adotada, em

1884, por outro químico, A. Crum Brow.” ([3]; p. 310)

3.2 Conceitos Básicos

O grafo é uma estrutura que se utiliza de dois conjuntos discretos em que

um é composto por elementos e o outro descreve a relação entre estes elementos.

Os elementos do primeiro conjunto são os vértices ou nós do grafo. Já o segundo

conjunto é formado pelos arcos ou arestas, que ligam os vértices.

Os vértices, ou nós, serão representados por um ponto:

Os arcos, ou arestas, serão representados por uma linha:

Usualmente é utilizada a notação:

para grafo, ou outra letra qualquer, desde que seja maiúscula.

ou para o conjunto dos elementos, dos vértices ou nós.

ou para o conjunto que indica a relação entre os vértices ou

nós e os arcos ou arestas.

Neste trabalho serão adotadas as notações: , ou simplesmente

, para descrever o grafo correspondente ao conjunto de vértices e de

arcos .

Definição 3.2.1: Um grafo é constituído por um conjunto finito e não

vazio de vértices e um conjunto de arcos sendo que cada arco é um par não

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19

ordenado de vértices. Dessa forma, cada arco é correspondente ao par de vértices

contidos em suas extremidades.

Exemplo 3.2.1: A Figura 3 ilustra os quatro tipos de grafos mais simples

encontrados nas literaturas estudadas.

(a) Grafo Simples (b) Multigrafo (c) Grafo Nulo (d) Grafo com Laço

Figura 3: Exemplos de grafos

Para citar um arco , que corresponde aos vértices e , será utilizada a

notação , ou seja, no caso da Figura 3 (a), o arco une os vértices 1 e 2,

assim, .

Definição 3.2.2 (Grafo Simples): Um grafo é simples quando a cada par de vértices

existe no máximo um arco fazendo sua ligação e quando não possui laços, ou seja,

um arco unindo um vértice a ele mesmo.

Exemplo 3.2.2: No grafo , da Figura 3 (a), tem-se:

e

Definição 3.2.3 (Multigrafo): Um multigrafo é aquele que possui algum par de

vértices ligados por dois ou mais arcos.

Exemplo 3.2.3: No grafo , da Figura 3 (b), tem-se:

e

Note que neste grafo, os vértices 1 e 4 são ligados pelos arcos e .

Page 20: Grafos e o problema da distribuição

20

Definição 3.2.4 (Grafo Nulo): Um grafo é dito nulo se não possuir arcos, somente

vértices.

Exemplo 3.2.4: No grafo , da Figura 3 (c), tem-se:

e

Definição 3.2.5 (Grafo com Laço): Um grafo com laço é aquele no qual existe ao

menos um arco unindo o mesmo vértice.

Exemplo 3.2.5: No grafo , da Figura 3 (d), tem-se:

e

Note que, neste grafo, o arco liga o vértice 2 a ele mesmo.

Definição 3.2.6 (Incidência): Sendo, os vértices, pontos distintos e, os arcos, linhas

unindo dois vértices, existe a incidência quando um arco liga dois vértices.

Exemplo 3.2.6: Observando a Figura 3 (a), é possível visualizar o arco com

incidência nos vértices 1 e 2, o arco com incidência nos vértices 2 e 3, e assim

sucessivamente aos demais vértices e arcos. No caso da Figura 3 (b), podem ser

observados os vértices 1 e 4 unidos pelos arcos e , ou seja, dois arcos diferentes

incidindo nos mesmos vértices.

Definição 3.2.7 (Conexão): Um grafo é conexo, se, para todo vértice,

existe algum arco que está incidindo nele.

Quando não existe tal incidência, como no caso do vértice 7 da Figura 3

(a) e o vértice 5 da Figura 3 (b), diz-se que os vértices são isolados, ou seja, não

existe conexão de tais vértices aos seus respectivos grafos. Para o grafo da Figura 3

(c) não existe nenhuma conexão.

Page 21: Grafos e o problema da distribuição

21

Definição 3.2.8 (Adjacência): Seja um grafo e . Diz-se que é

adjacente a , se, , ou seja, se existe um arco unindo tais vértices.

A notação para adjacência é: .

Propriedades da adjacência:

Não é reflexiva, pois um vértice só é adjacente a ele mesmo se possuir um

laço.

É simétrica, pois:

Não é transitiva, pois sendo e se e , não se pode

concluir que .

Observando a Figura 4, a não transitividade da adjacência pode ser

verificada.

Figura 4: Exemplo de transitividade

Pela Figura 4 (a), o vértice 1 é adjacente ao vértice 2, mas não ao vértice

3, portanto a não há transitividade. Já na Figura 4 (b), há um arco ligando os vértices

1 e 3, portanto, há transitividade entre os vértices 1, 2 e 3.

Definição 3.2.9 (Vizinhança): Considere o grafo , tal que Se

, dizemos que é vizinho de .

Todo o conjunto de vizinhos de denotamos por , como mostrado na

Figura 5 e por:

Page 22: Grafos e o problema da distribuição

22

Figura 5: Exemplos de vértices vizinhos

Exemplo 3.2.7: Por exemplo, na Figura 5, tem-se:

Definição 3.2.10 (Grau do Vértice): O grau de um vértice de um grafo é o

número de arcos incidentes a este vértice.

Exemplo 3.2.8: Observando a Figura 5, por exemplo, é identificado que o vértice 2,

possui grau 4.

Teorema 3.2.1: A soma dos graus dos vértices em um grafo é igual ao

dobro do número de arcos.

Demonstração: De fato, escolhendo um grafo qualquer, pode ser observado que,

ao serem somados os graus de cada arco, estes são contados duas vezes, pois o

arco contado incide em dois vértices distintos. Assim, a soma dos graus dos vértices

é o dobro do número de arcos.

Exemplo 3.2.9: Observe que a Figura 5 é de um grafo desconexo, pois o vértice 7

não está conectado ao grafo , e que os vértices e , que estão

conectados aos seus respectivos arcos, possuem os seguintes graus:

.

Page 23: Grafos e o problema da distribuição

23

Somando-se os graus, temos como resultado 14, exatamente o dobro da

quantidade de arcos.

Corolário 3.2.1: O número de vértices de grau ímpar de um grafo é par.

Demonstração: De fato, considerando o grafo , denotando por o grau

do vértice , e por a cardinalidade de do Teorema 3.2.1 tem-se que:

Observe que o somatório está dividido em duas parcelas, a primeira é dos

graus pares e a segunda dos graus ímpares. Sabendo que o somatório deve resultar

num número par e que a soma de números pares é sempre par, resulta que o

somatório dos graus ímpares também deve ser par. Como uma soma de números

ímpares só é par se há uma quantidade par desses números, a quantidade de

vértices de graus ímpares de um grafo deve ser par.

Exemplo 3.2.10: No grafo da Figura 5, a soma dos graus dos vértices de grau ímpar

é par e o número de vértices de grau ímpar também é par (4 vértices):

3.3 Tipos de Grafos

Existem vários tipos de grafos, como os citados na Figura 3 do item 3.2,

que são os grafos aos quais, normalmente, o estudante ou o pesquisador têm o

primeiro contato. Além destes, existem outros que, devido suas estruturas mais

complexas, dependem dos grafos mais simples para serem construídos.

Definição 3.3.1 (Grafo Completo): Um grafo completo é aquele no qual todos os

pares de vértices distintos são adjacentes entre si, ou seja, dado um determinado

vértice, este é adjacente a todos os demais.

Page 24: Grafos e o problema da distribuição

24

Da mesma forma, todos os vértices possuem a mesma quantidade de

vizinhos, ou seja, todos os vértices possuem a mesma quantidade de arcos

incidentes, como mostrado na Figura 6. Denotamos o grafo completo por: 1.

Figura 6: Exemplo de grafo completo, com diferentes representações

Exemplo 3.3.1: Para a Figura 6, os grafos são .

Definição 3.3.2 (Grafo Valorado): Um grafo é valorado quando a cada arco existe

um valor associado. Formalmente, um grafo valorado consiste de um

conjunto de vértices, um conjunto de arcos, e uma função f de em , onde

representa o conjunto de valores (pesos) associados aos arcos.

O grafo valorado é utilizado em diversas aplicações, tais como: problemas

importantes em Ciência da Computação; modelagem de rodovias que interligam

cidades, onde as rodovias são os arcos e as cidades os vértices; ou para o

planejamento de trânsito das cidades, onde as ruas são os arcos e as esquinas ou

cruzamentos das vias são os vértices. Os arcos recebem valores numéricos ou

pesos. A classificação dos pesos é dada de acordo com o que está sendo estudado,

podendo ser o fluxo de trânsito em determinada via ou a distância entre cidades,

como mostrado no grafo da Figura 7.

Figura 7: Exemplo de grafo valorado

1A letra K representa a letra inicial da palavra komplett do alemão, que significa “completo”.

Page 25: Grafos e o problema da distribuição

25

3.4 Passeio, Caminho, Circuito e Ciclo

São propriedades do grafo, que podem ser utilizados em problemas

variados, sendo que cada um possui características próprias. Todos eles serão

denotados entre parênteses.

Definição 3.4.1 (Passeio): Passeio é uma sequência de vértices e arcos, podendo

repeti-los, onde cada vértice é adjacente ao próximo.

Exemplo 3.4.1: Para o grafo representado pela Figura 5, pode ser citado o seguinte

passeio:

No caso do multigrafo representado pela Figura 3 (b), temos os seguintes passeios:

ou

.

Neste caso, os arcos e permitem passeios diferentes.

Definição 3.4.2 (Caminho): Um caminho é um passeio que não repete vértices.

Exemplo 3.4.2: Para o grafo representado na Figura 5, os caminhos entre os

vértices 1 e 4 seriam:

Para o multigrafo representado na Figura 3 (b), os caminhos entre os vértices 1 e 4

seriam:

Usualmente, para um multigrafo, utiliza-se a descrição do arco com a letra

minúscula, assim, entende-se que existe mais de um arco incidente aos mesmos

vértices e consequentemente mais de um caminho.

Definição 3.4.3 (Circuito): É um passeio fechado entre os vértices, ou seja, o

vértice de início também é o término do circuito. Além disso, pode-se passar mais de

uma vez pelo mesmo vértice.

Page 26: Grafos e o problema da distribuição

26

Exemplo 3.4.3: Para o grafo representado na Figura 5, um circuito entre seus

vértices pode ser:

Para o multigrafo representado na Figura 3 (b), o circuito entre os vértices 1 e 4 é:

Definição 3.4.4 (Ciclo): É um caminho fechado, de comprimento mínimo 3, ou seja,

o grafo deve conter pelo menos 3 vértices para haver um ciclo e o vértice de início é

o mesmo do término do ciclo.

Exemplo 3.4.4: Para o grafo da Figura 3 (a) existe apenas 1 ciclo:

Para o grafo da Figura 5 existem 3 ciclos:

3.4.1 Ciclo Hamiltoniano

A denominação Hamiltoniano se dá pelo motivo deste conceito ter sido

estudado pelo matemático irlandês Sir William Rowan Hamilton (1805 – 1865), no

século XIX.

Este matemático estudou se, quando escolhido qualquer grafo ,

aleatoriamente, seria possível construir um ciclo em no qual se inicia em

determinado vértice, percorrem-se todos os demais e, passando uma única vez em

cada vértice, conclui-se o ciclo no vértice inicial. Entretanto, é necessário conhecer

as condições necessárias e suficientes para encontrar este ciclo prontamente.

Infelizmente não existe um algoritmo específico que possa identificar um ciclo ou um

grafo hamiltoniano.

Sir W. R. Hamilton utilizou-se de um dodecaedro para provar seu conceito,

como mostrados nas Figuras 8 e 9.

Page 27: Grafos e o problema da distribuição

27

Figura 8: Exemplo de dodecaedro

Observando o dodecaedro da Figura 8 e imaginando-o em uma planificação, sua estrutura tem

uma imagem diferente, tornando-se mais fácil de ser estudada.

Figura 9: Exemplo de grafo hamiltoniano

É possível observar o ciclo criado por Hamilton, pois começa e termina no

mesmo vértice.

3.4.2 Grafo Euleriano

Conceito desenvolvido por Leonhard Euler quando desafiado no problema

das sete pontes de Königsberg.

Definição 3.4.5 (Grafo Euleriano): Um grafo é dito eureliano se existe um ciclo

em que possua todos os seus arcos.

Teorema 3.4.1: Um grafo conexo, é um grafo eureliano se, e somente se,

os graus de todos os vértices forem pares.

Demonstração: De fato, supondo que um determinado grafo seja eureliano, para

cada par de vértices, existe um arco incidente que chega a este vértice e outro arco

Page 28: Grafos e o problema da distribuição

28

incidente que sai deste vértice, ou seja, a cada entrada existe uma saída. Como todo

arco está incluso no caminho, o número de arcos para cada vértice é par, grau par.

Agora supondo que cada vértice possua grau par, com sendo o vértice

inicial do grafo , é possível através de construir um caminho em que não repita

arcos.

Assim:

Iniciando em , até o término da construção também em .

Sendo todos os vértices de grau par, é possível entrar e sair em

determinados vértices, dessa forma, passando por todos os arcos existentes em ,

até o término do ciclo.

Definição 3.4.6 (Circuito Euleriano): Um circuito eureliano possui todos os arcos

do grafo.

Definição 3.4.7 (Grafo Euleriano): Um ciclo eureliano é um caminho em que se

passa por todos os vértices de .

Pode-se observar que uma consequência do Teorema 3.4.1 é que o

problema das sete pontes da cidade de Königsberg não possui solução.

Page 29: Grafos e o problema da distribuição

29

4 O PROBLEMA DO CAIXEIRO VIAJANTE

Conhecido como um problema clássico da Teoria dos Grafos, o problema

do caixeiro viajante é um termo usualmente utilizado para problemas que podem ser

modelados como ciclos hamiltonianos em , que é uma estrutura que expõe suas

limitações e possibilita uma melhor visualização do que está em questão, tornando-

se assim manipulável.

O Problema do Caixeiro Viajante é uma ferramenta importante na

modelagem e otimização matemática para aplicação lógica, sendo um problema de

otimização combinatória. Pode-se criar os modelos e estudá-los sem a necessidade

do profissional realizar o estudo no local real ou no objeto estudado.

A finalidade de estudar este conceito é de encontrar um ciclo que tenha o

menor percurso diante de todos os caminhos existentes e sua possibilidade de ser o

menor, passando apenas uma vez em cada vértice, retornando ao vértice inicial. A

Figura 10 apresenta uma forma deste modelo, podendo ser descrito de inúmeras

formas.

Figura 10: Representação por grafo de um Problema do Caixeiro Viajante

Caso o modelo não tenha vértices adjacentes, como na Figura 11 (a),

podem ser acrescentados arcos, até que se tenha o modelo em um grafo e

atribuir a estes arcos o peso , para efeito de contagem, como a Figura 11 (b),

dessa forma só poderão ser trabalhados os pesos finitos.

Figura 11: Modelagem para aplicação em problema real

Page 30: Grafos e o problema da distribuição

30

5 MÉTODOS DE SOLUÇÕES FINITAS

Consistem na utilização de métodos de contagem para minimizar o tempo

de estudo do caso, e que se consiga uma solução que seja a melhor entre todas

possíveis, ou seja, uma solução ótima.

Neste trabalho serão citados dois métodos:

I – o método exaustivo, que consiste em realizar todas as possíveis combinações,

uma a uma;

II – o método do vizinho mais próximo, sendo menos trabalhoso que o anterior,

necessita de alguns critérios a serem seguidos.

5.1 Método Exaustivo

O método exaustivo é uma forma de resolução para o problema do

caixeiro viajante, que consiste em listar todas as combinações possíveis, ou seja,

fazer uma lista com todos os ciclos hamiltonianos do grafo que modela o problema.

Antes de fazer as combinações uma a uma, é possível saber quantos serão os

ciclos contidos na modelagem, sendo que um deles será o menor (menos custoso).

Para os ciclos em questão, o vértice inicial e o final são os mesmos,

assim, no momento da contagem, será contado menos um vértice.

Portanto, para o cálculo do número de ciclos inicialmente se faz:

onde é a quantidade de vértices do grafo, e o menos 1 se dá pelo vértice que sofre

repetição, ou seja, o vértice de início que é, também, o vértice de término do ciclo.

Observando a Figura 10, o grafo possui 5 vértices, portanto é um grafo

. Assim, o primeiro passo para calcular o número de ciclos seria fazer:

Como o percurso pode ser iniciado de duas formas, sendo a segunda de

forma inversa em relação à primeira, tem-se que o número de ciclos possíveis será,

então:

Tomando como exemplo a Figura 11 (b), supondo que os vértices

e sejam cidades e os pesos dos arcos sejam as distâncias entre elas, em

Km, e listando todas as possibilidades de ciclos, considerando a cidade como

origem, tem-se:

Page 31: Grafos e o problema da distribuição

31

Percurso Distâncias em Km entre as cidades Distância total Percurso inverso

A, B, C, D, E, A 14 + 25 + 12 + 21 + 28 100 Km A, E, D, C, B, A

A, B, D, C, E, A 14 + +12 + 32 + 28 86 Km + A, E, C, D, B, A

A, B, E, C, D, A 14 + + 32 + 12 + 58 Km + A, D, C, E, B, A

A, C, B, E, D, A 16 + 25 + + 21 + 62 Km + A, D, E, B, C, A

A, C, E, B, D, A 16 + 32 + + + 48 Km + A, D, B, E, C, A

A, D, C, B, E, A + + 12 + 25 + + 28 65 Km + A, E, B, C, D, A

A, D, B, C, E, A + + + 25 + 32 + 28 85 Km + A, E, C, B, D, A

A, C, D, B, E, A 16 + 12 + + + 28 56 Km + A, E, B, D, C, A

A, B, E, D, C, A 14 + + 21 + 12 + 16 63 Km + A, C, D, E, B, A

A, B, D, E, C, A 14 + + 21 + 32 + 16 83 Km + A, C, E, D, B, A

A, B, C, E, D, A 14 + 25 + 32 + 21 + 92 Km + A, D, E, C, B, A

A, C, B, E, D, A 16 + 25 + + 21 + 62 Km + A, D, E, B, C, A

Chega-se à conclusão de que o primeiro percurso, que tem um total de

100 Km, deve ser considerado o ciclo ótimo, pois todas as demais combinações

possuem o peso , não podendo ser consideradas, mesmo que os ciclos tenham

sido menores desconsiderando o peso .

5.2 Método do Vizinho mais Próximo

O método do vizinho mais próximo, consiste em encontrar o menor ciclo,

ou menor caminho, utilizando uma técnica mais simples do que a do método

exaustivo. Primeiramente, iniciando no vértice de origem, escolhe-se o arco

adjacente a este que tenha o menor peso e chegando a um novo vértice.

Escolhe-se outro arco adjacente de menor peso, e assim sucessivamente

aos demais arcos, sem que haja repetição de vértices, retornando ao vértice inicial.

Neste exemplo, será utilizada a Figura 12, onde todos os arcos possuem pesos

naturais.

Figura 12: Modelagem para resolução, Método do Vizinho mais Próximo

Page 32: Grafos e o problema da distribuição

32

Escolhendo o vértice , na Figura 12, como origem, observa-se que o

arco com menor peso que é adjacente a ele é o arco com peso , chegando ao

vértice Partindo de escolhe-se o arco adjacente com menor peso, chegando ao

vértice , e assim sucessivamente. O percurso será:

resultando em

Mas, nem sempre será possível realizar todas as operações, tanto pelo

método exaustivo, quanto pelo método do vizinho mais próximo, pois quanto maior

for a quantidade de vértices em um grafo , ou seja, quanto maior o número ,

maior será a quantidade de combinações possíveis.

Observando os grafos da Figura 6, como todos são , isto significa que

possuem:

tornando-se inviável realizar todas as operações. Sendo assim, utiliza-se um

software apropriado, a fim de encontrar uma solução ótima. Estes casos não são

abordados neste trabalho, mas para maiores informações veja [5].

Page 33: Grafos e o problema da distribuição

33

6 APLICAÇÃO DA TEORIA NO PROBLEMA REAL

Neste trabalho, foi estudada a Teoria dos Grafos e alguns conceitos de

Análise Combinatória. Tais conceitos auxiliariam no estudo do Problema do Caixeiro

Viajante, com a intenção de aplicá-lo a um problema real. Isto é possível devido a

Teoria dos Grafos ser um instrumento de modelagem, o que facilita a construção e

visualização do problema. No caso da Análise Combinatória, foi possível utilizá-la

como ferramenta de contagem, pois possibilita identificar e quantificar possíveis

resultados desejados.

6.1 Problema

A aplicação se dará no cotidiano de uma fábrica e distribuidora de

refrigerantes da cidade de Birigui, interior de São Paulo. Em uma visita à fábrica,

foram levantadas algumas variáveis, ou seja, como é feito o estudo para a

distribuição de seus produtos, dessa forma, a empresa:

- atende 140 cidades;

- atende 4960 pontos de entrega distribuídos nas 140 cidades;

- tem prazo médio de entrega de sete dias;

- dista, da cidade mais distante, 190 Km;

- dista, da cidade mais próxima, 10 Km;

- atende algumas cidades nas quais existem horários específicos para a

circulação de veículos de entregas;

- atende alguns clientes que exigem entregas exclusivas com dia e hora

previamente agendados;

- na existência de feriados em algumas semanas, requer novo

planejamento, pois deve-se atender a mesma quantidade de cidades em menos dias

de entrega;

- tem quantidade de veículos disponíveis para distribuição não

especificada.

Utilizando a modelagem em grafos, a representação do problema da

distribuição dos refrigerantes fica representado pela Figura 13.

Page 34: Grafos e o problema da distribuição

34

Figura 13: Modelagem em grafo da região atendida pela empresa

Entretanto, os itens supracitados não foram considerados neste trabalho,

pois aumentariam muito a complexidade do problema da distribuição, tornando-se

impossível expor o problema sem o auxílio de um software específico.

Este trabalho se ateve, unicamente, ao problema de distribuição dos

produtos, ou seja, serão consideradas apenas a quantidade de cidades e as

distâncias entre elas.

Realizando os cálculos necessários, pode ser verificada a quantidade de

ciclos possíveis dentre as 140 cidades atendidas. Para realização deste cálculo, foi

utilizado o software Scilab, versão 5. 5. 1:

Conclui-se que é impossível realizar o problema, tanto pelo método

exaustivo, quanto pelo método do vizinho mais próximo. Por este motivo, o problema

será restringido a cinco cidades e resolvido pelos dois métodos estudados.

Utilizando o software Scilab, versão 5. 5. 1, foram construídos gráficos

com diferentes quantidades de cidades, sendo possível observar um crescimento

muito rápido na quantidade de ciclos, à medida em que se aumenta o número de

cidades. A Figura 14 mostra a quantidade de ciclos para até 5 cidades e na Figura

15 é feito um comparativo deste com o caso para até 140 cidades.

Page 35: Grafos e o problema da distribuição

35

Figura 14: Exemplo com até 5 cidades

Figura 15: Exemplo com até 140 cidades

Page 36: Grafos e o problema da distribuição

36

6.2 Minimização do Problema

Restringindo o grafo da Figura 13 a apenas cinco cidades, todas vizinhas

e aplicando os conceitos estudados no decorrer deste trabalho, obtém-se, pela

Figura 16 o modelo de restrição do problema:

Figura 16: Modelagem em grafo da cidade sede e suas cidades vizinhas

6.2.1 Resolução pelo Método Exaustivo

Realizando todas as combinações possíveis dentre as cinco cidades da

Figura 16, obtém-se:

Percurso Distâncias em Km entre as cidades Distância total Percurso inverso

A, B, C, D, E, A 11 + 17 + 26 + 28 + 10 92 Km A, E, D, C, B, A

A, B, D, C, E, A 11 + 18 + 26 + 37 + 10 102 Km A, E, C, D, B, A

A, B, E, C, D, A 11 + 20 + 37 + 26 + 12 106 Km A, D, C, E, B, A

A, C, B, E, D, A 27 + 17 + 20 + 28 + 12 104 Km A, D, E, B, C, A

A, C, E, B, D, A 27 + 37 + 20 + 18 + 12 114 Km A, D, B, E, C, A

A, D, C, B, E, A 12 + 26 + 17 + 20 + 10 85 Km A, E, B, C, D, A

A, D, B, C, E, A 12 + 18 + 17 + 37 + 10 94 Km A, E, C, B, D, A

A, C, D, B, E, A 27 + 26 + 18 + 20 + 10 101 Km A, E, B, D, C, A

A, B, E, D, C, A 11 + 20 + 28 + 26 + 27 112 Km A, C, D, E, B, A

A, B, D, E, C, A 11 + 18 + 28 + 37 + 27 121 Km A, C, E, D, B, A

A, B, C, E, D, A 11 + 17 + 37 + 28 + 12 105 Km A, D, E, C, B, A

A, C, B, E, D, A 27 + 17 + 20 + 28 + 12 104 Km A, D, E, B, C, A

A menor distância percorrida entre as cinco cidades foi de 85 Km e o ciclo

que corresponde a esta menor distância é

Page 37: Grafos e o problema da distribuição

37

6.2.2 Resolução pelo Método do Vizinho mais Próximo

Observando a Figura 16 e aplicando o método do vizinho mais próximo,

conclui-se que a menor distância é de 85 Km e o caminho entre as cinco cidades foi

, que é o caminho inverso do obtido no primeiro método.

Concluído que ambos os métodos nos proporcionaram os mesmos

resultados, entretanto, o segundo método foi realizado em menos tempo.

Page 38: Grafos e o problema da distribuição

38

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, verificou-se que a Teoria dos Grafos oferece uma

modelagem para o problema da distribuição, que a Análise Combinatória dispõe de

formas de contagem para este caso e, dependendo da quantidade de cidades

envolvidas, é possível encontrar uma solução utilizando os métodos das seções 5.1

e 5.2. Porém, quando há um aumento do número de cidades, não é mais possível

encontrar uma solução sem o auxílio de um software específico para este tipo de

problema.

Na aplicação do problema da distribuição para a fábrica e distribuidora de

refrigerantes da cidade de Birigui, interior de São Paulo, só foram levadas em

consideração a quantidade de cidades às quais a empresa atende e as distâncias

entre estas cidades, a fim de quantificar os ciclos possíveis e encontrar qual deles

seria o ótimo, ou seja, com menor distância. Não foram incluídas, nesta aplicação,

todas as variáveis existentes no problema, citadas na seção pois seria

necessária sua implementação computacional e por ser este um trabalho

introdutório. Um algoritmo para a resolução do Problema do Caixeiro Viajante, que

resolveria este problema, pode ser encontrado em [5].

Page 39: Grafos e o problema da distribuição

39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] HOGBEN, L. Maravilhas da Matemática. Editora Globo, São Paulo, SP 1956.

[2] PLÍNIO, J. O. S., MELLO, M., MURARI, I. Introdução à Análise Combinatória. 4ª

Ed, Editora Ciência Moderna, Rio de janeiro, RJ, 2007.

[3] KARLSON, P. A Magia dos Números. Editora Globo, São Paulo, SP, 1961.

[4] ZÖLD, H. H. N., CÔRREA, S. Matemática. Nova Cultural, São Paulo, SP, 1993.

[5] BOAVENTURA NETTO, P. O. Grafos: Teoria, Modelos, Algoritmos. 4ª Ed, Editora

Edgard Blücher, São Paulo, SP, 2006.