Grafo #1

32
GRAFO dezembro DESIGN UnB EM REVISTA 2011 primeira edição corredores × caminhos �| DIN

description

a revista surge como exercício que observa o designer enquanto curador e produtor da mensagem transmitida.grafar :: vt.dar forma escrita |grafo, uma revista elaborada coletivamente.Composta por impressões e interpretações de estudantes do curso de Desenho Industrial da Universidade de Brasília durante a disciplina Análise Gráfica 2 – 2/2011. Primeira pessoa do singular | ação, registro

Transcript of Grafo #1

Page 1: Grafo #1

GRAFO

dezembro

DESIGN UnB EM REVISTA

2011

primeira edição

corredores × caminhos

�| DIN

Page 2: Grafo #1

apresentação

a revista surge como exercício que observa o designer enquanto curador e produtor da mensagem transmitida.

grafar :: vt.dar forma escrita

grafo, uma revista elaborada coletivamente.Composta por impressões e interpretações de estudantes do curso de Desenho Industrial da Universidade de Brasília durante a disciplina Análise Gráfica 2 – 2/2011

primeira pessoa do singular | ação, registro

colaboradores ALLAN MENDES, ANA CECÍLIA SCHETTINO, ANNA CAROLINA MORAES, ANNA CAROLINE MARQUES, BEATRIZ SAFFI, DANIEL DAVINI, DANIELA NAVARRO, DÉBORA CAVALCANTE, JULIANA LOVATO, LUCA RIBEIRO, LUCAS SANTOS, MATEUS DIAS GOMES, MARIANA FLACH, PEDRO CATALDI, PEDRO VITOR TORRES, RAFAEL MARAGNI, RHENAN BEZERRA, SANDRA LIMA, THALES FERNANDO, UENDEL QUIN-TELA, VITOR CARVALHO, VICTORIA HAIDAMUS, VINÍCIUS DE AZEVEDO professor FELIPE CAVALCANTE monitora NAHIRA SALGADO

Page 3: Grafo #1

sumário

Design é uma coisa sóDesign pra que?Tipografia e identidade visual

Ponto de VistaEm busca do prédio perdidoD.I. – Descaso InstitucionalEmpresas Juniores Outras faculdades e cursos

O que tá rolando?Uma visita a los hermanosTerminei... e agora?Portfolio – ilustrativa

46

10

1214161820

22242628

32

design

academia

além do curso

colofón

Page 4: Grafo #1

design 4

DESIGN É UMA COISA SÓ

Projeto de assinaturas visuais que representem uma empresa, instituição ou evento. Essas assinaturas são acompanhadas por todos os outros elementos gráficos de interação da empresa com o público, tanto em meio impresso quanto digital. A identidade visual faz com que o conceito da marca seja vizualizado graficamente.

Promove reflexões e sugere melhorias para questões sociais e ambientais no projeto de serviços e produtos. Relacio-na-se com qualquer area desde que, durante o processo de desenvolvimento, estes fatores sejam levados em conta.

Design é vizualização de problemas e desenvolvi-mento de soluções! Isso se aplica a todas as áreas de atuação e ao enxergá-las como ramificações o design pode ser encarado como uma parte princi-pal, que preserva a identidade entre o tronco e os galhos, além de estabelecer relações entre eles.

Desenvolve a maneira de apresen-tação de informações espaciais e de localização podem ser apresenta-das. Relaciona-se com urbanismo e arquitetura e se torna parte integrante do ambiente onde está inserida.

Socioambiental

Sinalização

Identidade Visual

É inerente ao projeto de design pensar no método, priorizar o usuário, pes-quisar e desenvolver o que for necessário para que o resultado seja o melhor possível. O pensamento em projeto é um só, independentemente da área.

Page 5: Grafo #1

Ana Cecília Schettino & Thales Fernando

Ao se projetar uma embalagem o bi e tridimensional estão entrelaçados. Há o desenvolvimento do objeto, que também envolve transporte, arma-zenamento e sua apresentação, seu círculo de duração na natureza e suas formas de reciclagem ou reutilização.

É aplicável em diversas áreas. Esses projetos são pensados como um sis-tema: a disposição das partes ou de elementos de um todo que coorde-nados entre si funcionam como uma estrutura organizada.

Sabemos que existem várias outras áreas de atuação e que tal citar e discuti-las no blog da GRAFO? http://grafo.unb.br/blog

Projetos de móveis para diversos am-bientes. Desde moradias até praças ou hospitais. Requer amplo entendi-mento do uso de materiais, métodos de produção e da relação do corpo humano com esses objetos.

Mobiliário

Editorial

Embalagem

Serviços e Sistemas

Desenvolvimento de projetos gráficos para livros, revistas, jornais e outros diversos suportes. Envolve estudo tipográfico, organização do texto, posi-cionamento de imagens, abertura e fechamento de capítulos e o que mais for necessário para estimular a leitura da produto desenvolvido.

Page 6: Grafo #1

6design

Page 7: Grafo #1
Page 8: Grafo #1

design 8

Você já parou pra pensar que qualquer produto que você compra tem que ser projetado por alguém? Do cartaz colado no corredor da Universidade aos foguetes da Nasa, existe sempre um desenho prévio, um projeto. Você já pensou quem é esse alguém que faz os projetos?

Bom, pode ser um engenheiro, um publicitário, um arquiteto,... ou, quem sabe, um DESIGNER?!

Mas design para quê se já temos todas estas outras especialidades que podem fazer os projetos dos quais temos necessidade?!

O Design desde sua origem sempre esteve muito relacionado com todos esses profissionais citados anteriormente e nas mais diversas áreas do conheci-mento, como a arquitetura, as artes plásticas, o jornal-ismo, a publicidade, a fotografia e mais recentemente a computação e outras áreas da tecnologia. Isso ocorre essencialmente por dois motivos: o primeiro porque

alguns dos objetos de estudo do Design, como a estética, a forma e a função, também são estuda-das em outros cursos, como a psicologia, arquitetura e as artes plásticas. O segundo motivo se refere a necessidade de áreas diferentes de se juntarem para conseguirem realizar projetos em conjunto que de outra forma, ou teriam uma qualidade inferior, ou não seriam possíveis. Como no caso da publicidade, do jor-nalismo, da computação e da Engenharia.

A função do Design, além da estética, é tornar um produto funcional. É transformar Informação em Comunicação! Não apenas comunicação através da visão, mas para todos os sentidos. Para isso o designer aplica os estudos feitos por outras áreas, como a ergonomia da psicologia, a acústica da música e da engenharia ou as novas fragrâncias e materiais sinté-ticos desenvolvidos pelos químico.

Outros exemplos de projetos conjuntos entre designer e profissionais de outras áreas do conhecimento:

Engenharia

Graham Bell nasceu em uma família apaixonada por comunicação. Seu pai já havia feito algumas inven-ções nesta área antes mesmo de seu filho inventar o telefone. Para a invenção de Graham Bell, o design

veio para aprimorar. No início, os aparelhos de telefone eram construídos a partir das necessidades de seu funcionamento. Com o tempo, seu design foi sendo aprimorado para melhorar sua aparência e torná-lo mais confortável a seus usuários.

Funcionamento do aparelho inventado por Graham Bell.

Page 9: Grafo #1

Artes Plásticas

Andy Warhol, empresário, pintor e cineasta norte-americano, bem como uma figura maior do movimen-to de pop art. A Pop art propunha que se admitisse a crise da arte que assolava o século XX desta maneira pretendia demonstrar com suas obras a massificação da cultura popular capitalista. Procurava a estética

das massas, tentando achar a definição do que seria a cultura pop. Inseri-do neste contexto, Warhol utilizou o design das latas de sopa Campbell’s e das garrafas de Coca Cola para desenvolver suas obras de arte, para se expressar.

Porém, essa é uma estrada de ida e volta, Andy Warhol se inspirou no design de produtos comerciais, e em troca designers do mundo todo inspiram-se em suas obras para decorar o interior de casas e apartamen-tos ou para usar como estampa para seus produtos.

Biomecânica

A biomecânica ocupacional é a disciplina que se ocupa do estudo da interação do Homem com sua ferramentas de trabalho com a finalidade de aumentar o desempenho em suas tarefas e, ao mesmo tempo, reduzir seus esforços, reduzindo os riscos de distúrbios musculares e esqueléticos.

Isso porque o indivíduo sujeito a uma carga de tra- balho físico, ou stress elevado pode desenvolver lesões graves e incapacitantes, decorrentes da combi-nação de trauma por impacto e esforço excessivo.

Para tentar solucionar esse problema, os designers em colaboração com os ergonomistas, traçam estratégias de prevenção, que incluem a concepção de espaços de trabalho e de equipamentos adequados a capacidade de trabalho humana e permitam o desempenho seguro das suas tarefas.Além das profissões já citadas acima, nos projetos biomecânicos, geralmente estão envolvidos outros profissionais como médicos, engenheiros, biólogos, entre outros. Toda essa equipe é necessária para desenvolver os melhores produtos possíveis.

Resumindo, o Design e uma área qe nasce da necessidade de conectar diversas áreas, anteriormente isoladas. O design serve para misturar con-hecimentos. Ele procura conhecer as pessoas e suas necessidades e deixar suas experiências com o mundo e os objetos ao seu redor mais agradáveis. Em outra perspectiva, em seu livro, Educando o professional reflexivo, Schön afirma que “Design, em uma concepção mais ampla, é o processo fundamental de exercício do talento artístico em todas as profissões”.

“Design que vira arte e arte que vira design!” www.decoracao-ideias.blogspot.com

32 Latas de sopa Campbell´s- 1962Andy Warhol

Juliana Lovato & Sandra Lima

Page 10: Grafo #1

design 10

Oficialmente, a história da marca da UnB tem início em 1963, com a cri-ação de seu símbolo por Aloísio Magalhães, pioneiro do design no Brasil e responsável pela implementação de dezenas de programas de identidade visual em instituições públicas e privadas, nas décadas de 60 e 70. A ne-cessidade de uma família tipográfica veio e, de carona com ela, aparecem necessidades e requisitos.A fonte precisasse ser relativamente neutra e inteligível de modo geral, pois deveria abranger um grande público (alunos, professores, servidores); além de, principalmente, precisar ser uma fonte livre: não precisar pagar para obtê-la (como são muitas fontes). Tudo isso para deixá-la mais acessível e abraçar o máximo de pessoas possível, assim como o conceito da UnB.

A tipografia é um elemento na identidade visual que auxilia a dar mais potência para uma empresa, grupo, corporação ou instituição, bem como ajudam a refletir ideias e estilos que forem de interesse. Fontes desformes e com características que remetem a um manuscrito feito com caneta esferográfica, por exemplo, dão um aspecto de informalidade, casualidade; assim como fontes finas, delicadas e com curvas generosas geralmente remetem a marcas de perfume, não é?Quando a identidade visual de um grupo (geralmente de uma empresa) possui uma família tipográfica própria ela ganha uma q a mais, agregando uma força sobres-saltante perante demais concorrentes ou similares.

TIPOGRAFIAe identidade visual

Produzir uma fonte leva muito tempo e dedicação, po-dendo levar meses e vários testes: estudos de espaça-mento entre letras especificas, variações na impressão, redimensionamento, entre outras variáveis.Quando se tem um grande número de publicações e aplicações gráficas necessarias, de placas de aviso a documentos oficiais, se tem uma necessidade de gerar uma família tipográfica, o que auxilia a reforçar a identi-dade do orgão. Dado o tamanho que a Universidade de Brasília tem e a sua preocupação com a sua identidade visual conhecida internacionalmente, foram feitas fontes próprias dela de livre uso, para quem quiser baixar e usar.

UnB ProUnB Office

Page 11: Grafo #1

Allan Mendes & Rafael Maragni

Um potente recursode algumas fontes são seusdiferentes pesos

que podem ser usados para

diferentes ocasiões.A UnB Pro possui

esse recurso.Os diferentes pesos de uma fonte são suporte para a variedade de estilos que um tipógrafo despõe para poder criar uma hierarquia de informação dentro de um cartaz, uma revista ou uma interface de um jogo. Apesar de muito diferentes, todas as fontes asim são a própria UnB em todas as suas variações de peso, do mais “magro” até o mais pesado: Light, Regular, Bold e Black, tendo Regular e Bold contando com suas versões itálicas. Isso apenas reforça o quão rica e vasta é essa fonte para a universidade e o quanto isso contribui para um reforço de identidade visual de todos material gráfico nela pro-duzido, sejam trabalhos acadêmicos ou materiais de divulgação de eventos internos da UnB.

Você pode não ter percebido explicitamente, mas muitos elementos dessa revista foram feitos pensando em dar uma constância para sua identidade geral, pareando essa unidade com a identidade visual da UnB. O formato da revista foi feito baseado em medidas geométricas e proporções em cima do grid da marca da UnB; a fonte utilizada para os textos corridos e algumas outras infor-mações textuais foi a UnB Pro. A nossa intenção é, no geral, mostrar para você, leitor, o design como um todo, por isso montamos essa matéria que fala um pouquinho de teoria; mas também queremos expressar a importân-cia disso e como isso se reflete no nosso próprio contexto, a nossa Universidade.

Page 12: Grafo #1

“Apesar de ter bons professores não tem a estrutura física

adequada.”Gilmar Rodrigues - 18 anos

“Um curso mal estruturado, porém promissor em relação aos projetos.”

Rafael Maragni - 19 anos

4 anos, 1460 dias, 35.040 h, 2.102.400 min é o tempo aproximado de duração do curso de Desenho Industrial na UnB. Nesse periodo são estudadas 27 matérias obri-gatorias e 196 creditos no total para preparar o aluno para o que vem pela frente; o Mercado de Trabalho.

Para a primeira edição da Grafo trouxemos a opnião de alunos e ex-alunos a respeito do curso e a vida pós-UnB. Suas expectativas em relação ao curso, Mercado de Trabalho, desejos e esperanças. Os alunos entrevistados foram: Gilmar Rodrigues, 2o semestre; Rafael Maragni, 5o semestre; Henrique Eira, formando e o profissional de mercado Tiago Ferreira.

Pessoas diferentes com opniões diferentes em relação ao mesmo curso. Porém, em uma coisa todos concordam: A teoria é fundamental para uma prática bem sucedida. Na opnião de Rafael o curso tem “Pouca teoria e muita prática”. Tiago acrescenta “Desenho Industrial é relativamente fácil e o volume de tarefas não é grande.” porém também acredita que “esse tempo que poderia “sobrar” é muito útil para produzir um material próprio, pesquisar técnicas ou métodos, e participar de concursos, por exemplo”.

PP ou PV?

Tire uma rodada para decidir

Não salvou o trabalho!

Volte dois espaços e refaça

Projetar,Projetar,Projetar!

1o Ano

2o Ano

3o Ano

4o Ano

Ponto de Vista

Adiantou 3 Matérias.

Avance 3 espaços

12academia

Page 13: Grafo #1

Nome 1 & Nome2

“Foi um curso que abriu muitas portas.”

Tiago Ferreira - 24 anos

“Acho que aprendi muito, mas acho que o curso

ainda tem muito a crescer.”Henrique Eira - 23 anos

As expectativas do calouro Gilmar em relação ao curso são “Desenvolver habilidades técnicas, aprender a ter um ritmo de trabalho eficiente (...) para no fim ser um bom profissional”. Quem sabe o formando Henrique o conforte quando diz que em vários pontos o curso lhe surpreendeu, por exemplo pela existência de projetos de extensão e alguns projetos de pesquisa.

Gilmar e Rafael têm receio de que o mercado será muito fechado para eles e que não obterão o reconhe-cimento desejado. Porém, na opnião de Henrique “O mercado tem espaço para todos. Tem muita demanda visto que existem diferentes formas de atuação”. E sua opnião é complementada por Tiago “Não senti uma diferença muito grande entre academia e mercado, porque alguns professores tinham uma boa experiência em escritórios ou agências. Além disso, o tempo de estágio me preparou bem pra realidade fora na UnB”.

Dentre as diversas formas de atuação, se destaca-ram como areas de interesse dos nossos entrevistados o Design Editorial e o Web Design. Rafael comenta que além dessas duas áreas gostaria de adentrar no Design de Jogos. Na outra ponta, Tiago diz que

trabalhou no desenvolvimento de jogos porém hoje em dia se interessa mais e trabalha com Design Editorial e Tipografia. Já Henrique apesar de gostar muito de Design Editorial e Ilustração, tem seu trabalho focado em Identidade Visual. Por fim Gilmar espera trabalhar com Design Gráfico em geral e o Web Design.

No final das contas existem varios cursos de design na UnB, cada um deles guardado dentro de um aluno que ja passou por la. A vida pós-UnB de cada um dependerá da sua relação com esse curso.

Projetar,Projetar,Projetar!

Começa a Diplomação.

Boa Sorte

Você pediu a dupla

Habilitatação.

Volte 3 espaços

Mateus Dias & Victoria Haidamus

Page 14: Grafo #1

academia 14

“ “nascia o eterno náufrago, para sem-

pre em terras es-trangeiras

A Universidade de Brasília é um dos lugares mais intrigantes da cidade. Com cerca de 27.000 alunos, distribuídos em diversos cursos e departamentos,

a universidade é diversificada e abundante. Seu campus de quase 4 milhões de metros quadrados (3.950.579m) estende-se como um vasto oceano, onde os mais diver-sos alunos e professores procuram adaptar-se ao espaço físico e crescer em um ambiente acadêmico fantástico. Navegando nesse mar de possibilidades, encontramos, entre os diversos curso oferecidos pela UnB, um espécime bastante peculiar: o maravilhoso curso de Desenho Industrial.

O curso de Desenho Industrial, náufrago por nascença, foi primeiramente con-templado, em 1962, em um horizonte distante apontado pelo plano diretor da criação da universidade. Começava então sua eterna jornada por águas desconhecidas. Em um dado momen-to, foi dado um grito de terra à vista! Pena ter-se tratado de falso alarme...

Alguns anos mais tarde, em 1988, o curso de Desenho In-dustrial é efetivamente criado. Nascia o eterno náufrago, para sempre em terras estrangeiras. Embarcado no Insti-tuto das Artes, o curso permaneceu em seu convés por um bom tempo, como parte da tripulação. Escovando a quilha e descascando batatas, passaram-se 11 anos de maresia e escorbuto e nada de criar-se um departamento autônomo. O curso continuava a pertencer ao Departa-mento de Artes, estando submetido à sua administração.

Nove anos se passaram e a calmaria cessou. Em 1997, o grande motim teve seu início. Liderado por bravos bu-caneiros (designers, ui), o movimento de criação de um departamento próprio surte efeito, libertando os pobres marujos de seus grilhões burocráticos, logísticos, políti-cos e financeiros. Era o que parecia.

O curso estava pronto a fazer ao mar de vento em popa. O primeiro projeto de um espaço próprio é proposto e seu documento é aprovado. O curso finalmente zarparia por conta própria em mares nunca antes navegados. Viva a liberdade! Podia-se perceber que o barco já fazia água...

Virando-se como podiam, os marujos (vul-gos designers) navegavam a esmo. Ocu-pando espaços espalhados pelos quatro ventos, alunos e professores navegavam de sala em sala, de prédio em prédio. Im-provisando soluções e disputando espaço, remavam contra a correnteza sempre aproveitando o bom vento que soprasse.

Em 2002, uma esperança desponta no horizonte: o plano quinquenal prevê a construção do Prédio do Desenho Industrial. A euforia toma conta do convés! Marujos e capitães comemoram a promessa de novos ventos. En-fim, a calmaria! Mal sabiam a tormenta que estaria por vir.

O brilho da doce promessa de El Dourado (designação mitológica do prédio de Desenho Industrial) mal despon-tava no horizonte; fora ofuscado por terrível penumbra.

Em busca do prédio perdidoA breve história de um curso

Page 15: Grafo #1

Nuvens de tempestade se formavam avisando da tormen-ta que viria. Deparados com a promessa de tempos difí-ceis, os capitães manobram como podem seus timões. Lemes e velas rangem para não se perder de vista a terra prometida. A fim de contornar a tempestade, em 2004, um novo caminho é tomado: determina-se o Segundo Projeto de Espaço Físico.

Traçada a nova rota, nossos bravos viajantes seguem seu destino. Após dois anos remando na calmaria, a maré dava sinais de mudança: um parecer assinado pelo almirante Alberto Faria, do CEPLAN, define o terreno destinado à construção do prédio de Desenho Industrial. Com as correções cartográficas adequadas e provisões suficientes, a tripulação navega com novos ânimos: o destino desponta novamente no horizonte.

Légua após légua, o curso se aproxima de seu destino. Um ano depois, a notícia mais esperada chega à plataforma do leme: o Memo 001MRT de 2007, aceita a recomendação do CONSUNI e autoriza o desembarque do navio (edifi-cação do DIN) em terras próprias. A previsão é de aportar entre os anos 2007 e 2008. Em dois anos estariam pisan-do em terra firme, enfim o solo prometido. A tripulação comemora, rum e música tomam conta do convés.

Uma canhonada de salvação é disparada em comemo-ração à promessa de terra firme. Após 21 anos navegando à deriva, o curso finalmente teria seus esforços recom-pensados. Em 2009, o CAD/CONSUNI determina como prioritária a construção do prédio do DI. Ouve-se o estam-pido das rolhas de champanhe. Uma expedição ousada, composta pelos mais novos piratas (calouros) descobre terra firme em arquipélagos vizinhos. O primeiro CA do curso é criado, na marra, em uma sala do ICC Sul. Apesar de realocado no futuro, o espaço do CA rende uma sala para o departamento: alguns anos mais tarde seria com-pletamente pulverizada pelos canhões da Reitoria.

Falta pouco meus companheiros! Entoavam os design-ers, com suas roupas coloridas e sapatos bucaneiros (maneiros). A euforia tomava conta, os esforços tinham, enfim, surtido efeito. Já se podiam avistar as belas praias e coqueiros de sua terra prometida. Faltava desembarcar e beijar o solo sob os pés. Apenas. Que pena.

Antes que as primeiras baleieiras (pequenos botes, óbvio) fossem lançadas à enseada de El Desenhorado (vulgo prédio do DI), ouviu-se um rugido no ar. Os tripulantes congelaram estupefatos: com seus pertences nas mãos (tesouros, mapas, Macs, espadas e bonecas), eles são forçados a se render e dar meia-volta.

Navios inimigos trovejavam, às cegas, com seus canhões de inveja e ignorância. Insurgentes espiões dissemina-vam a discórdia entre os companheiros designers, pro-metendo uma terra melhor e porém muito mais distante. Os anos de sangue, suor e lágrimas são desmanchados como um castelo de areia. O ímpeto havia cessado.

Mesmo com projeto pronto e orçamento destinado, a construção do prédio é impedida por imposição de mu-dança de terreno. O espaço entre o IdA e o prédio de Artes Cênicas é determinado como impróprio. As novas conde- corações para as patentes de Mestrado, já aprovadas pela Câmara de Pesquisa e Pós Graduação, são grave-mente comprometidas. A expansão da graduação é bar-rada por falta de espaço.

Pegos de surpresa, os alunos e professores de Desenho Industrial se vêem rendidos, forçados a embarcarem mais uma vez em uma viagem sem destino determinado, fada-dos à deriva e ao gosto do vento e ao alento. O imenso mar da UnB se mostra uma vez mais selvagem e misterioso. Apesar de tudo, há de se velejar de cabeça erguida com o vento no rosto, pois depois da tempestade sem-pre vem a bonança. Será?

Do corredor da morte ao corre-dor da sorte. Revés?

Page 16: Grafo #1

academia 16

O Departamento de Desenho Industrial, assim como diversos outros cursos da Universidade de Brasília, tem vários problemas estruturais. Entretanto, nenhum desses é tão visível e grave quanto à falta de espaço físico destinado ao curso. A maioria dos cursos dispõe de espaço próprio. Possuem secretaria dividida em setores para secretariado e coordenação, sala de chefia, sala de professores, almoxarifado, entre outros ambientes necessários ao bom funcionamento do departamento. No Desenho Industrial é bem diferente. A secretaria de Desenho Industrial, sede principal do departamento, engloba

todos os serviços e espaços refer-entes à sua função e funcionamento em uma sala com dimensões míni-mas: apenas 12m. Ao contrário disso, o planejamento da UnB determina a destinação de um espaço mínimo de 130m para o bom funcionamento da secretaria de qualquer curso. Os problemas são claramente percebi-dos. Com dez vezes menos espaço que o recomendável, professores, alu-nos e funcionários adaptam-se mi-lagrosamente à falta de estrutura, esforçando-se para dar continui-dade ao curso, como malabaristas do impossível. Não existem salas disponibilizadas para o uso dos professores. Diante desse problema, as necessárias e fundamentais ori-entações de TCC são feitas em um ambiente impróprio, desconfortável e bastante informal, quase ridículo: em um café próximo ao prédio das artes. Além dessa absurda falta de privacidade, os alunos estão sujeitos aos ruídos da rua e às intempéries da natureza.Com pouco espaço até para a realização de tarefas, existe um suposto almoxarifado que não passa de mera tentativa de organização de todo o material colocado à disposição de alunos e professores. O mesmo armário de dimensões insuficientes serve de armazém para material de trabalho e de escaninho para guardar importantes documentos.

De forma negligente, os trabalhos elaborados com afinco pelos alu-nos e entregues à consideração dos professores são entulhados em uma caixa de papelão, depositada em um canto qualquer da sala. Agravante ainda maior ocorre a cada semestre. Brilhantes trabalhos são descarta-dos sem a possibilidade de serem contemplados pelos estudantes do curso e/ou por outros interessados. Além dessa barbárie, não existe es-paço para a divulgação e apreciação crítica dos trabalhos produzidos. A maioria, infelizmente e inadequada-mente, vira lixo. Podiam ao menos ser reciclados.O curso possui um elenco com cer-ca de 227 alunos e disponibiliza um total de 35 matérias por semestre. Estudantes que se submeteram a um processo altamente seletivo para ocuparem vagas de um curso oferecido por uma universidade federal, sediada na Capital do País.

Como não existe um espaço deter-minado para o curso, suficiente à sua demanda, todo semestre esses obstinados alunos são alocados de forma impertinente nos mais diver-sos locais. Desde o primeiro semestre de 2011, a maioria das aulas do curso é min-istrada no prédio conhecido como Multiuso. Lar da empresa júnior Lamparina, o espaço destinado ao Desenho Industrial contabiliza 6 sa-las, dispostas ao longo de um mesmo corredor. As salas de aulas teóricas dividem espaço com as salas de EDD (Estudos Dirigidos em Design). Os laboratórios são utilizados como sa-las de reuniões. O espaço, absurda-mente insuficiente, é aproveitado ao máximo, mas não consegue suprir a demanda.

DESENHO

INDUSTRI

AL ?

Page 17: Grafo #1

Corredor 1,2m largura

6,3m

Oficina LabMov DinfoT ipoLab EDDs LabDes Lamparina

5,5m4,5m 3,6m 3,6m 3,6m 4,5m

227 alunos 16 professores Área Total 256m² 1,05m² por pessoa

T

Além do problema espacial, existem diversos empecilhos que dificultam a realização das aulas e práticas. Os ruídos produzidos pelo SINTFUB (carro de som, assembleias, votações) prejudicam o bom andamento da aula. O espaço para prototipagem e produção de maquete é ínfimo. Não há lugar adequado para o descarte de material, nem para a circulação de ar, o que torna a manipulação de materiais agressivos um grande problema.

Quando as aulas não são no Multiuso, os alunos são dispersos em várias salas espalhadas pelo campus. Com aulas ministradas na ala sul e norte, os alunos perdem muito tempo transitando de uma sala para outra, além de não possuírem um espaço próprio para o armazenamento de seus ma-teriais. Muitas vezes, alunos e professores têm de caminhar longas distân-cias carregando seus projetos e materiais para as aulas seguintes. Essa dispersão, além de provocar os sintomas óbvios, causa uma sensação de despreparo e falta de respeito com o curso, o que desmotiva fortemente alunos e professores.

Para o funcionamento adequado do curso de Desenho Industrial, seriam necessárias as seguintes estruturas:

5 salas teóricas;Laboratório de Interface & TipoLab;Laboratório de Desenvolvimento;Laboratório de Móveis;Laboratório de Prototipagem e Maquete;Laboratório de Moda;Laboratório de Joias, eLaboratório de Informática.

Um espaço total mínimo de 390m(60% a mais que atual) seria o necessário para criarem-se condições básicas ao desenvolvimento das atividades acadêmicas propostas. A falta de espaço não só impede a execução ad-equada de projetos e a realização eficaz das aulas mas também dificulta uma maior interação entre dos alunos. Cada um por si, quem por todos?Não existe, literalmente, espaço para discussão. A esmagadora maioria

dos trabalhos é realizada em casa, o que impede a possibilidade de enriqueci-mento do aprendizado por meio da troca de ideias durante o processo de produção. Os alunos são segmentados em grupos divididos de acordo com o trabalho a ser realizado e raramente conseguem conhecer o processo criativo e os métodos de produção técnica e artística dos demais alunos.Em um curso de criação, espera-se uma produção coletiva e um olhar mais

crítico em relação aos trabalhos. Sem espaço para produção, muito menos exposição, o curso se enfraquece. O diálogo entre os próprios alunos e entre alunos e professores se limita ao horário da aula. Essa anemia acadêmica é a grande chaga do curso. Alunos e professores desu-nidos formam um curso desmunido.

Faculdade.zipExtrair alunos aqui...? Salas do Prédio Multiuso (multiuso de fato)

Luca Ribeiro, Pedro Vitor Souza & Vitor Carvalho

Page 18: Grafo #1

academia 18

Empresas Juniores

Sempre em busca de novas experiências, durante o curso de desenho industrial, o estudante passa por vários momentos que possibilitam vivenciar na pele o que é ser designer. Uma das formas em que se ele pode experimentar esta sensação é participando do desen-volvimento de projetos reais.

Mas como o estudante pode fazer um projeto real, sem ter um Cliente Real?

Em grande parte das faculdades, existem núcleos criados por alunos denominados empresas juniores, que são associações sem fins lucrativos cujo maior objetivo é expandir o crescimento profissional do aluno e promover um maior conhecimento do curso, além da capacitação para o mercado de trabalho.

A Lamparina oferece serviços para as áreas de programação visual e projeto de produto, seguindo os rigores metodológi-cos que são exigidos pelo mercado, buscando qualidade em seus serviços, como programa de identidade visual, papelaria, sinalização, ilustração, sites, consultoria, entre outros. Conheça mais sobre os trabalhos no site http://www.lamparinadesign.com.br

Escolher a carreira de design possibilita ao estudante desenvolver uma série e projetos, mas para que seus projetos tenham sucesso, é necessário passar por uma série de etapas.

No país existe a Confederação Brasileira de Em-presas Juniores - Brasil Júnior - cujo objetivo é formar e capacitar estudantes, para que no futuro se tornem profissionais promissores. Ela é formada atualmente por 14 federações, representando 13 estados e o Distrito Federal.

A UnB possui várias empresas juniores. Pensando nesta possibilidade, no ano de 2004, em parceria com o programa Pró-Júnior do Centro de Apoio ao Desenvolvi-mento Tecnológico (CDT), alguns estudantes do curso de desenho industrial deram início a Lamparina Design.

Lamparina DesignEm sete anos de existência, já são inúmeras histórias que podem ser

contadas. Explicaremos um pouco do que o aluno de desenho industrial tem a aprender com essa experiência.

Se você é estudante, sabe como é difícil aplicar na prática todo aquele conhecimento teórico aprendido em sala de aula. Nem sempre suas idéias passam para o papel como estavam dentro de sua cabeça.

Na Lamparina, o objetivo principal é proporcionar ao estudante a experi-mentação desta realidade, como se deve transmitir suas idéias para que se tornem um projeto bem fundamentado. Para tanto, não existe fórmula mágica. O que se deve fazer então? Esgotar as possibilidades até que você consiga transmitir o que realmente quer para aquele projeto.

A cada novo semestre ocorre um processo seletivo, onde o aluno pode se inscrever e participar para concorrer a uma vaga de treinamento. Ao ingressar, o estudante passa por um tempo de experiência onde participa de um “projeto piloto” - de acordo com a demanda, são propostos alguns

Page 19: Grafo #1

Projeto de marca para o Congresso Estatuinte

projetos e distribuídas tarefas. Ao cumprir com estes requisitos, se o es-tudante passar pela aprovação, a diretoria o nomeia membro efetivado.

Esses projetos têm como objetivo capacitar os novos membros nas áreas de design e metodologia, assim como oferecer a oportunidade as empresas juniores, ONG’s, entidades beneficentes de assistência social ou grupos de pesquisa vinculados ao ensino superior do Distrito Federal ter um Sistema de Identidade Visual bem trabalhado.

A partir deste momento, o membro irá fazer parte de uma equipe de projetos que será orientada por um coordenador eleito pela diretoria de Projetos, e terá a oportunidade de viver uma situação real de mercado, convivendo com os prazos e as responsabilidades de um projeto, seja ele gráfico ou de um serviço ou produto. A Identidade Visual de uma empresa ou instituição, quando bem pensada e projetada, melhora sua imagem perante seu público. Assim, a Lamparina pretende oferecer um diferencial para empresas e instituições que não têm condições financeiras para investir em serviços de design.

No ano de 2011, muitas coisas aconteceram, novos trainees, novos mem-bros, novos coordenadores, novos diretores, parcerias, palestras, eventos, workshops e o principal - muitos novos clientes. A atual gestão conseguiu expandir as atividades da Lamparina, e esperamos que no ano de 2012, com a troca de gestão, possamos ver a continuidade deste processo de evolução.

Dentre todos os motivos que fazem com que os estudantes tenham orgulho de participar da Lamparina, estão os três troféus que foram con-quistados por toda a equipe em novembro no Concentra DF - 2011.

Concentra DF

O Concentra DF 2011 foi um evento realizado pela Federação do Distrito Federal de empresários juniores, a Concentro, que buscou promover a troca de conheci-mentos, capacitação, interação e networking entre as empresas júniores, apoiado pela Brasil Júnior e outros tantos apoiadores e patrocinadores.

O evento proporcionou muitas alegrias a toda a equipe da Lamparina Design, que teve a oportunidade de desenvolver a identidade visual, cartazes, sinalização, brindes, além de participar da organização. Receberam troféus de “Melhor Case de Projeto Interno”, “Melhor Case” e “Melhor Palestra de Empresa Júnior”.

Isso tudo só foi possível pois, num certo momento, estes jovens estudantes se comprometeram a fazer algo diferente. Por isso, busque novos conhecimentos, interaja, aprenda, renove seus conceitos, faça novos contatos, abra sua cabeça para novas possibilidades, pense um pouco no tempo que pode estar perdendo perdendo e faça acontecer!

Projeto de marca da Associação Cultural Namastê

Projeto de mobiliário pra Rádio UnB

Daniel Davini & Mariana Flach

Page 20: Grafo #1

academia 20

Outras Faculdades

Diferentes perspectivas do curso de Design

O design vem despontando, apesar de ser um curso relativamente jovem no Brasil, por suas características únicas e sua aplicação universal em vários aspectos do cotidiano. Por ser uma área em constante crescimento e envolvida nos mais diversos campos, tende a criar múl-tiplas definições com base na possi-bilidade de diferentes interpretações de conceito, abordagem e aplicação.Frente a esses aspectos, pode-se comparar e avaliar, através da per-spectiva de um estudante universi-tário vindo de transferência, o con-flito de seus sonhos e expectativas com a realidade encontrada.

Conheça as principais faculdades e cursos de

design no país.

?e Cursos

FaculdadePUC-RioUDESC

UFGUFPRFAAPUFPB João Pessoa 4 anos

UEMG Belo Horizonte 4 anosBelas Artes São Paulo 4 anos

UFPE Recife 4 anosUniRitter Porto Alegre 4 anos

CursoStudio OnlinePhotoshop 32 horasStudio OnlineStudio Online

OZIOZIOZI

OZI

PremiereAfter EfectsStoryboard

Maya OZI 25 horasOZI 28 horas

AnimusStart Saga 408 horas

40 horas

7 meses

18 horasPhotoshop 15 horas

Flash 32 horasIllustrator 32 horas

LocalRio de Janeirol

FlorianópolisGoiâniaCuritiba

São Paulo

Escola

Duração4 anos4 anos4 anos4 anos4 anos

Duração

Page 21: Grafo #1

Nome 1 & Nome2

Uendel Quintela, aluno do quinto semestre de Desenho Industrial na Universidade de Brasília, vindo de tranferência da UFPB (Universidade Federal da Paraíba), onde cursava o quarto semestre, conta um pouco de sua trajetória, relatando desde suas experiências na antiga universidade e expectativas quanto à mudança até sua chegada onde se deparou com problemas semelhantes em am-bos os cursos.Na UFPB, fazia parte da primeira turma do curso de design, onde contava com auxílio dos professores em aspectos técnicos e metodológi-cos voltados para o ensino do de-sign como um todo. Os professores, em sua maioria, inexperientes na época, abordavam uma metodologia de ensino baseada na dinâmica de conversa entre os alunos e profes-sores. O design, nessa universidade, é entendido como um todo, não ha-vendo separação entre as áreas de atuação, ou seja, sem distanciar o projeto de produto do gráfico.

No entanto, a insufiência de possi-bilidades e contatos devido ao local e o fato do curso ser ainda muito recente fez com que tivesse uma limitação estrutural, principalmente em relação à interdisciplinaridade, impossibilitando o acesso à infor-mações de outros cursos excenciais à compreensão e execução do pro-jeto. Além disso os professores se en-contravam em situação delicada, já que não possiuiam o conhecimento específico para suprir as necessi-dades dos alunos.Com a tranferência, tinha expecta-tiva de ingressar em uma universi-dade com o curso mais estabeleci-do devido a sua maior longevidade e baseando-se em dados que a apontavam para a excelência em comparação com os outros cursos vigentes no país. Além de que, ao examinar a ementa, constatou a pre-sença de disciplinas que pudessem sanar suas debilidades do curso an-terior, em conjunto à possibilidade de maior interdisciplinaridade, per-

mitindo matricular-se em matérias de outros cursos.Já no quinto semestre cursado após a transferência, explica a existência de falhas comuns às duas univer-sidades, como a falta de estrutura, e reforça sua maior frustração com relação às disciplinas de conteúdo específico abordadas de forma su-perficial e ineficiente.Em comparação com a UFPB, a UnB peca no que tange o conteúdo abordado nas disciplinas de design que, por terem base em outros de-partamentos, acabam sendo mal aproveitadas por não adequar sua ementa aos objetivos do curso, além da necessidade de um maior número de matérias voltadas para a capaci-tação e o desenvolvimento de téc-nicas e metodologias referentes ao projeto em si. Embora os cursos de ambas universidades sejam distin-tos, ainda assim é possível desta-car os aspectos qualitativos de cada uma, no concernente à metodologia de ensino do design.

Eu acredito é no potencial do design enquanto curso.

— Uendel Quintela, Aluno do curso de Design, UnB

Vinícius de Azevedo & Pedro Cataldi

Page 22: Grafo #1

O QUE TÁ ROLANDO?ALGUNS DOS EVENTOS MAIS INTERESSANTES NO ÂMBITO DO DESIGN QUE ACONTECEM NO BRASIL E NO MUNDO.

N DESIGN

Encontro Nacional de Estudantes de Design. Or-ganizado anualmente, no Brasil, por comissões nacionais definidas por estado (Corde).É também onde acontece a segunda reunião do CONE todo ano.

R DESIGN

Encontro Regional de Estudantes de Design. Orga-nizado anualmente por Coordenações Regionais. Acontece em vários estados do Brasil através de uma comissão regional (CORDE).

22além do curso

Page 23: Grafo #1

CUT & PASTE

É um evento global que acontece nas cidades de Tókio, Seul, Bangkok, Londres, Berlim, Cidade do México, Nova Iorque, São Francisco, Los Angeles e São Paulo. Seu propósito é uma competição em que os participantes são desafiados a realizar uma peça gráfica em um espaço curto de tempo.

TMDG

O maior evento de design da América Latina. Acon-tece em Mar del Plata, na Argentina. Com grandes nomes do design na América Latina e no mundo.

DON’T BELIEVE THE TYPE

Evento internacional com foco em tipografia. Pre-sença de designers e tipógrafos de todo o mundo.

DIATIPO

Evento brasileiro itinerante com presença de ti-pógrafos, calígrafos, designers, pesquisadores, profissionais de comunicação visual e demais apaixonados por letras de todo o país.

PICTOPLASMA

O principal festival mundial de design de perso-nagens. Duração de uma semana com conferên-cias, festival de animações, artistas inspiradores e muito mais.

PIXEL-SHOW

Evento brasileiro com foco na tecnologia e criativi-dade. Realizado pela revista Zupi desde 2005, tem foco em ilustração, motion graphics, design grá-fico, quadrinhos, 3D, artes visuais, graffiti, moda, cinema e games.

Daniela Navarro & Uendel Quintela

Page 24: Grafo #1

24além do curso

uma visita a los hermanosO TRIMARCHIDG, ou TMDG, é o maior evento de design da América Latina e, esse ano, completou 10 anos.

O TMDG tem sido um dos encontros mais promissores do mundo do design. Criado por Seba Acampante e Pablo Pacheco, o evento começou sem muitos recur-sos, mas ao longo de 10 edições, foi se tornando um grande sucesso.

Para facilitar a vida dos interessados, o evento possui diversas opções de pacotes que incluem transporte, hotel, ingressos para todos os dias do eventos e en-tradas para as lendárias festas que acontecem para celebrar o final de um dia muito produtivo.

Realizado no Ginásio Poliesportivo da cidade de Mar Del Plata, Argentina,nos dias 30/09, 1 e 2/10, O TMDG 2011 reuniu em média 5.000 pessoas de todo mundo em uma programação que varia entre workshops, palestras, mesas redondas, intervenções artísticas e eventos audiovisuais.

As palestras, acessíveis a todos os pagantes, foram um dos maiores focos de quem estava por lá. Os con-vidados, claro, eram um dos maiores motivos de tanta atenção. Dentre eles, estava Ian Anderson, o fundador do estúdio Designers Republic, em sua primeira vez na América do Sul, mostrando parte de seus trabal-hos; Jorge Alderete, que arrancou risadas da enorme platéia do ginásio e surpreendeu a todos, no fim, com uma animação feita na hora com um software que ele mesmo criou; Massimo Vignelli, que não pode com-parecer pessoalmente, mas fez palestra através de vídeo conferência; David Carson foi, sem dúvida, a principal atração do evento, causando tumulto do lado de fora do ginásio, com tantos fãs querendo fotos e seu autógrafo; além de Daniel Solana, Elliot Tupac, Big Active, Hojun, Filete e Jeremy Ville. Alguns dos es-túdios que deram palestras também deram workshops. O ponto negativo é que os workshops não vem com o pacote, são pagos à parte.

Page 25: Grafo #1

intervenções artísticas, feiras e festasDo lado de fora do ginásio, o ambiente estava tomado por grupos de pessoas em diferentes afazeres. Skatistas, grafiteiros, desenhistas, pintores, despertavam o interesse e curiosidade dos que passavam (sendo participantes do evento ou não).Já do lado de dentro, havia uma feira de arregalar os ol-hos com stands de marcas de roupas, sapatos, revistas, estúdios que vendem produtos de identidades próprias, além de muitos cadernos, sketchbooks, agendas e mate-rial para desenho. Dica: para ter chances de comprar mais barato, compre no último dia de evento! Cuidado: há o risco do produto se esgotar antes disso.

Depois de um dia tão produtivo, nada como festejar em uma das maiores boates da cidade, próxima à praia, que contava com 10 ambientes de decorações diferenciadas.

o brasil em mar del plataA coordenadora oficial do evento no Brasil é a Camila Veira, do IdeaFixa. Todos os anos a organização conta com a ajuda de alguns embaixadores, que ficam responsáveis pela divulgação nas cidades e para repassar dúvidas ou informações sobre o evento.Os estudantes e profissionais de design (e até mesmo al-guns agregados) vindos do Brasil se concentraram em um único hotel. O maior problema foi a grande espera pelos ônibus e indisponibilidade de hotel no começo do evento.Outro incômodo para os brasileiros foi o idioma. O TMDG ofereceu tradutores simultâneos, porém, a qualidade era tão precáriapéssima qualidade que algumas pessoas preferiram não usá-lo e tentaram entender o espanhol por si só.

Anna Carolina Moraes & Anna Caroline Marques

Page 26: Grafo #1

além do curso 26

Foram 4 anos de muito esforço, e, você está com o canudo mágico nas mãos. Mas é aí que você se dá conta que o maior desafio começou agora.

O que fazer com tudo o que você aprendeu na faculdade? São muitos os caminhos e nunca é fácil saber qual é o mais adequado para a sua carreira.Num mundo onde a concorrência é cada vez maior e os designers tem que competir com profissionais sem formação específica, é complicado saber quais são os primeiros passos após sair da universidade. Como dito, os caminhos são muitos e para tomar o certo, os recém-formado pode acabar quebrando a cara algumas vezes, antes de se inserir com sucesso no mercado de trabalho. “A cultura do design ainda não está enraizada no mercado de Brasília e precisamos exercer um pa-pel educacional com nossos clientes” diz Teo Horta, designer, 23 anos.Uma boa rede de contatos formada durante o período acadêmico pode fazer a diferença nessa hora. Quanto mais pessoas conhecerem o seu trabalho, mais fácil vai ficar de divulga-lo e, consequentemente, con-seguir clientes, o primeiro emprego em um estúdio ou mesmo montar seu próprio estúdio em sociedade com alguns amigos.O estágio durante o curso é outro meio importante para mostrar do que você é capaz e pode abrir muitas portas em direção ao primeiro emprego. Porém é importante

Terminei... e agora?

Teo Horta, Conceito de

embalagem susten-

tável para xampu.

Page 27: Grafo #1

que o estudante se certifique, antes de aceitar estagiar em uma empresa, de que ele vai trabalhar com design, pois é muito comum as empresas contratarem estagiários e os colocar-em em atividades que não possuem relação alguma com sua área de for-mação. O ideal é que o estágio seja em um estúdio de design, para que a imersão no ambiente proporcione o aprendizado necessário e os con-tatos que tanto lhe serão úteis após a formatura, sem falar na possibili-dade de o estagiário ser contratado pela empresa, caso demonstre com-petência e mantenha boas relações.Já deu pra perceber que contatos são muito importantes para entrar no mercado de design, porém um portfolio bem feito é essencial para que você conquiste visibilidade, seja como freelancer ou na busca por uma contratação. O portfolio é o seu cartão de visitas, como profis-sional de artes visuais e deve ser construído com cuidado. Apenas os seus melhores trabalhos devem ser incluídos, se há algum trabalho do qual você não tem certeza se está bom, deixe-o de fora. Isso vai ajuda-lo evitar que seu portfólio vire uma pasta com um amontoado de tra-balhos que não serão capazes de mostrar o que você faz de melhor. “ É importante saber qual o tipo de trabalho que vocês quer realizar no futuro, pois um cliente acaba es-palhando a notícia do seu trabalho para outros clientes em potencial, e é comum que os trabalhos sejam na mesma área diz Henrique Eira, designer, 23 anosSe o seu negócio é abrir o próprio estúdio, deve estar ciente das di-

ficuldades de abrir uma empresa formal no Brasil. O processo é lento, burocrático e exige muita paciência. São necessários mais de 100 dias para completar todos os procedi-mentos para poder abrir as portas e começar a trabalhar. Portanto, antes de começar a movimentar a papelada, é necessário fazer algo que todo design deve saber fazer bem: pesquisar. É necessário um levantamento de todos os fatores que poderão influenciar na atuação da sua empresa. Coloque tudo no pa-pel; local, instalações, maquinário, número de funcionários etc. Além disso, é importante um estudo de mercado e de leis específicas que possam interferir na sua área de atuação, como leis de zoneamento. Com tudo isso pronto, é hora de juntar os documentos e encarar o monstro da burocracia.Seja como freelancer, procurando emprego ou abrindo seu próprio estúdio, o Designer deve saber se vender e para isso pode usar as ferra-mentas que domina como ninguém,

dentre elas, a mais importante, a criatividade. Um projeto de autopro-moção para além do portfólio e dos contatos é um mecanismo que pode render bons frutos se executado da maneira certa. Nessas horas, a inter-net é um grande aliado, com a prati-cidade de redes como DeviantArt e Flickr para divulgação do trabal-ho. Além disso, o apelo de peças de marketing pessoal como brindes e lembrancinhas, impressos, adesivos e bottons é uma forma eficiente de se mostrar no mercado.Independente do caminho que deseja trilhar é importante não desis-tir perante os primeiros desafios e ter autoconfiança e em todo o conheci-mento adquirido nos anos de curso. Pode não ser fácil abandonar o con-forto da universidade para se inserir no mercado, mas nenhum desafio é maior que a satisfação de trabalhar com o que se ama. Mãos á obra.

Henrique Eira,

ilustração para

ilustrar matéria sobre

rádios rurais da Folha

da Conab, edição de

março de 2008.

Lucas Santos & Rhenan Belém

Page 28: Grafo #1

além do curso 28

“Estamos conseguindo achar um equilibrio entre

os desenhos que fazemos profissionalmente e os desenhos que fazemos

porque queremos.“

ilustrativa A Ilustrativa já morreu e ressucitou, já deu aula, já montou exposições, já fez web-design e principal-mente, já desenhou pra um monte de gente. Muitos e muitos desenhos, para muitos e muitos clientes. Composta por três amigos que têm em comum a paixão pela ilustração, a empresa tem como objetivo principal esclarecer e comunicar através de seu trabalho. Os ilustradores dizem que a “pessoa jurídica chamada Ilustrativa” já passou por muitas fases, inclu-sive a da adolescência - período de crise que resultou no fechamento do escritório por um tempo - mas hoje em dia está amadurecendo, conquistando espaço no mercado e clientes cada vez mais importantes. Entre outros, fazem ilustrações para a revista Mundo Estranho e Superinteressante. Cada um dos ilustradores possui um traço bastante característico, mas ainda assim conseguem manter uma identidade muito forte do grupo, que além do trabalho dos três, conta com a ajuda de colaboradores super talentosos.

Page 29: Grafo #1
Page 30: Grafo #1

30além do curso

“Sou meio ilustrador, meio administrador e um tanto megalomaníaco.”

Santiago MourãoIlustrador. Formado em Artes Plásticas na UnB. Abandonou uma pós em Artes Visuais por achar o curso ruim. Já trabalhou como montador de exposições freelancer e na Câmara dos Deputados.

“A minha tarefa é a do desenho: estudo, exponho, ilustro e ensino.”

Eduardo BelgaIlustrador. Lessionou desenho na UnB como professor substituto, de 2005 a 2007, no Instituto de Artes. Atualmente faz mestrado em Artes Plásticas na Universidade de Brasília.

“Eu toco numa banda. E vejo filmes. E desenho. E leio gibis.E desenho. E durmo. E desenho.”

André ValenteIlustrador e quadrinista. Estudou quadrinhos e belas artes e é formado em Artes Plásticas na UnB. Já trabalhou com montagem de exposições na Câmara dos Deputados e na Editora Abril.

Beatriz Saffi & Débora Cavalcante

Page 31: Grafo #1

colofón31

A Ilustrativa conta com alguns colaboradores, que fazem desde ilustração, design, animação em massinha até modelagem 3D. O Paulo Faria, o Mateus Gandara e o recente membro Gabriel Góes. Em 2011 saiu da empresa o amigo Marceleza, para alçar novos vôos profissionais e pessoais.

visite: www.ilustrativa.com.br

Page 32: Grafo #1

colofón

a grafo #1 foi composta com a família tipográfica UnB Pro, projetada por Gustavo Ferreira e Rafael Dietzsch sob encomenda da Universidade de Brasília, de download gratúito e uso livre.

para mais informações acesse www.marca.unb.br/fontes

Brasília, dezembro de 2011