GOVERNANÇA SOCIOAMBIENTAL INTEGRADA NO BRASIL DESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃO
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GESTÃO ESTRATÉGICA DO SUPRIMENTO E O IMPACTO NO DESEMPENHO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS
GOVERNANÇA SOCIOAMBIENTAL INTEGRADA NO BRASILDESAFIOS E ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃOLucas Amaral Lauriano, Brener Seixas, João Henrique Bueno - Núcleo de Sustentabilidade
CI1401
ERESUMO
ste Caderno de Ideias tem como objetivo revisar e analisar o evento de Lançamento do Centro de Referência em Governança Social Integrada (CRGSI), com foco nas primeiras discussões lançadas aos participantes sobre o assunto. Essas discussões giram em torno de painéis que aconteceram durante o evento e da ideia da implementação de uma governança social integrada perfeita, quais são os desafios para que ela aconteça e quais seriam seus benefícios. Ele se inicia com um resumo do que aconteceu durante o evento, com os exemplos de governança social integrada apresentado pelos palestrantes, e depois mostra quais são as opiniões dos participantes de cada setor sobre o assunto.
INTRODUÇÃOO evento ocorreu no dia 27 de março de 2013 e contou com a presença de 51 participantes, divididos por setores: o setor público, que contou com a presença de 8 pessoas, o setor privado, com 23 presentes, e o setor da Sociedade Civil, que contou com a presença de 20 participantes. A ideia do evento era abrir a discussão sobre o assunto da governança social integrada e analisar a perspectiva de cada um dos setores envolvidos.
Para isso, ocorreram três palestras com o intuito de mostrar exemplos, em cada setor da sociedade, de
casos de sucesso de governança social integrada na sua gestão.
VÍDEO – DE ONDE VÊM AS BOAS IDEIAS
Inicialmente, os participantes assistiram ao vídeo “De onde vêm as boas ideias”, que mostra as grandes descobertas mundiais e suas características como processos criativos. Após, houve o questionamento sobre qual seria a mensagem do vídeo, que gerou o consenso entre os participantes sobre a necessidade da interação entre as ideias, fazendo com que a busca pelo caminho a ser percorrido se torne mais fácil. Com isso, ideias inovadoras surgirão a partir do compartilhamento e da conexão entre as diversas ideias. Essa reflexão dos presentes corrobora o papel do CRGSI em reunir representantes dos três setores.
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PAINÉISO evento contou com três palestras, com a intenção de exemplificar e explicar como é possível a implementação de uma governança social integrada em prol da comunidade. Essas palestras foram com representantes da Secretaria-Geral da Presidência da República, CCR e Fundação Vale, ou seja, um representante de cada setor.
PALESTRA 1: SECRETARIA GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA – DIOGO SANTANA (SECRETÁRIO- EXECUTIVO DA SECRETARIA-GERAL DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
A primeira palestra foi feita pelo Secretário-Executivo da Secretaria-Geral da Presidência da República, Diogo Santana, que iniciou afirmando que sua principal atribuição é intermediar as relações do Governo Federal com as entidades da sociedade civil. Por meio do princípio da participação social como forma de afirmação da democracia, instituído na Constituição
Figura 1 - O novo contexto democrático: o Brasil enfrenta seus principais desafios
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Diogo Santana
de 1988, sua atuação é marcada pela viabilização da construção de espaços que incorporem as pautas e os interesses dos diversos setores da sociedade na elaboração das políticas públicas. Isso é feito por meio do assessoramento da presidência da República no relacionamento, articulação e interlocução com os movimentos sociais, entidades patronais e de trabalhadores. Essa articulação é, portanto, essencial para compreender o estado da governança social integrada no Brasil e quais são os principais desafios que o relacionamento entre a esfera governamental, empresas e sociedade colocam.
De acordo com o palestrante, os principais desafios enfrentados pelo Brasil no novo contexto democrático foram a inflação, a desigualdade, o desemprego, as taxas de juros, a necessidade de aumentar investimentos em infraestrutura e a inclusão da sociedade civil na participação das decisões do Estado. Segundo os dados apresentados (Figura 1), houve uma melhora significativa desses desafios no período entre 2003 e 2012. Um exemplo disso é a variação do Índice de Gini, indicador do grau de concentração de renda em determinado grupo, que aponta a diminuição da diferença da desigualdade entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos do país.
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A governança pública diz respeito à gestão política que leva em conta a negociação, a comunicação e a cooperação com os cidadãos, empresas e entidades sem fins lucrativos na condução das ações governamentais. Nos últimos 10 anos, segundo o palestrante, alguns aspectos da melhoria da participação social na governança pública podem ser ressaltados de acordo com o ciclo da participação social na governança pública (Figura 2).
Figura 2 – Participação Social na Governança Pública
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Diogo Santana
1. Formação de agenda: Nos últimos 10 anos foram realizadas 86 conferências, que reuniram mais de 7 milhões de pessoas, abordando mais de 40 temáticas.
2. Formulação: Por meio das Mesas de Diálogo, foram construídos os Compromissos Nacionais para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar e na Construção Civil. ▪ A Política Nacional de Agroecologia e
Produção Orgânica é resultado de um plano de mobilização social.
▪ Os Compromissos do Brasil na Parceria para Governo Aberto foram construídos por meio de consulta virtual.
3. Implementação: Por meio de parcerias com as Organizações da Sociedade Civil, foi implementada a política para ampliação do acesso à água no semiárido nordestino, foi instituída a regra do chamamento público obrigatório, e está sendo construído o Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil.
4. Monitoramento: A Secretaria Geral da Presidência da República (SG/PR) se relaciona com 36 Conselhos Nacionais e 4 Comissões com efetiva participação da sociedade. ▪ O Plano Plurianual 2012-2015 foi construído
e está sendo monitorado por meio do Fórum Interconselhos.
▪ O Brasil Sem Miséria e o Plano Juventude Viva têm sido discutidos e monitorados por meio de Diálogos entre Governo e Sociedade Civil.
5. Avaliação e prestação de contas: A auditoria participativa está sendo testada nos Comitês Populares da Copa do Mundo FIFA 2014 sobre o impacto das grandes obras.
Nesse sentido, para que a participação social na governança pública pudesse se efetivar, a convergência entre as agendas do governo, a sociedade civil e o setor privado foi fundamental. Nesse processo de convergência, algumas características do governo, da sociedade civil e do setor privado tiveram que se alterar (Figura 3).
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Figura 3 – Participação Social na Governança Pública
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Diogo Santana
Como pode ser observado, o governo sofreu a transição do modelo autoritarista para o modelo de democracia participativa; a sociedade civil, por sua vez, partiu a ocupação para a produção e formulação de políticas; e, finalmente, o setor privado mudou o seu foco exclusivo no resultado econômico para o foco na produção de forma ética e sustentável.
A partir dessas mudanças e da convergência de agendas, algumas parcerias com a sociedade civil e empresas privadas foram viabilizadas. Uma delas foi o Compromisso Nacional para o Aperfeiçoamento das Condições de Trabalho na Indústria da Construção. Objetivando aprimorar as condições de trabalho nos canteiros de obras do país, esse Compromisso beneficiou cerca de quatro milhões de trabalhadores do setor da construção. O Compromisso reuniu diretrizes sobre recrutamento e seleção; formação e qualificação profissional; saúde e segurança; representação sindical no local de trabalho; condições de trabalho e relações com a comunidade. Isso permitiu a implementação de comitês de saúde e segurança e a adoção de representantes sindicais nas obras, o que beneficiou cerca de quatro milhões de trabalhadores da construção civil e da construção pesada.
Outra parceria apresentada foi o Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar. Visando garantir novos direitos e melhor qualidade de vida para os trabalhadores da lavoura de cana-de-açúcar, esse compromisso foi firmado por meio do diálogo e negociação tripartite entre trabalhadores e empresários do setor sucroenergético em 2009. Dessa forma, permitiu-se que, das 252 unidades sucroalcooleiras, 170 fossem auditadas, e, assim, cerca de 75% da produção sucroalcooleira ficou em conformidade com o Compromisso.
As parcerias com a sociedade civil e empresas públicas permitiu a implementação de dois programas: o Terra Forte e a Cataforte. O Programa de Agroindustrialização em Assentamentos da Reforma Agrária – Terra Forte – contou com R$ 600 milhões de investimentos advindos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fundação Banco do Brasil (FBB), Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB). A expectativa do programa é atender, em 5 anos, a 200 cooperativas e associações, beneficiando
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1. Produção orgânica e agroecológica.
2. Tratamento de resíduos sólidos (logística reversa, lixo eletrônico etc.).
3. Inclusão social e produtiva de comunidades extrativistas e comunidades da floresta.
4. Microcrédito e economia solidária.
5. Juventude.
PALESTRA 2: INFRAESTRUTURA E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL) – FRANCISCO DE ASSIS NUNES BULHÕES (DIRETOR DE COMUNICAÇÃO, MARKETING E SUSTENTABILIDADE)
O Grupo CCR é uma das maiores empresas de concessão de infraestrutura do mundo, atuando nos segmentos de concessão de rodovias, mobilidade urbana e serviços. É responsável por 2.437 quilômetros de rodovias da malha concedida nacional, nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. O seu negócio é viabilizar soluções de investimentos e serviços em infraestrutura, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental das regiões onde atua (Figura 4). Suas atividades envolvem rodovias, aeroportos, metrô, barcas, inspeção veicular, meios eletrônicos de pagamento e transmissão de dados por fibra ótica. No ranking das maiores empresas em valor de mercado do Ibovespa, o Grupo CCR está na 13ª posição, com o valor de R$ 34,3 bilhões.
até 70 mil famílias.
O projeto Cataforte visa promover ações de formação e assessoria técnica para o setor de reciclagem dos resíduos sólidos. O Projeto já beneficiou mais de 12 mil catadores de materiais recicláveis, atendendo a 386 empreendimentos econômicos solidários, e já foram investidos mais de R$ 39 milhões em ações de fomento para a organização e o desenvolvimento das cooperativas. Até 2014, a projeção é investir mais R$ 140 milhões no setor de reciclagem e resíduos sólidos.
Finalmente, as parcerias com a sociedade civil na construção de programas de governo geraram dois projetos. O primeiro deles, o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, foi construído por meio de um processo amplamente participativo e de articulação interministerial. O Plano prioriza 132 municípios brasileiros que concentram 70% dos homicídios contra jovens negros e prevê ações para garantir direitos e oportunidades para os jovens, oferecer serviços e espaços de convivência nos bairros mais vulneráveis e melhorar a atuação das instituições do Estado no relacionamento com os jovens. O segundo programa, “Diálogos Governo - Sociedade Civil: Brasil Sem Miséria,” foi concebido para aprofundar o diálogo com os movimentos sociais sobre os avanços e desafios do plano de superação da extrema pobreza e para ampliar o engajamento da sociedade. Da segunda edição dos Diálogos, participaram 250 representantes da sociedade civil organizada.
Diante do exposto, os próximos passos para a atuação da Secretaria-Geral da Presidência da República é a consolidação de uma agenda convergente em torno da sustentabilidade. Ressalta-se que a participação social é o método mais eficaz para garantir a governança, juntamente com a construção de soluções locais e nacionais por meio do diálogo com stakeholders. Para concluir sua apresentação, Diogo Santana afirmou que alguns temas de fronteira da Secretaria são:
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Figura 4 – Relacionamento com Investidores e o Mercado
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
A estrutura acionária da CCR é composta pelos grupos Soares Penido, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Há ainda 48,78% do total de ações que são negociadas no Novo Mercado da BM&FBovespa (Figura 5).
Figura 5 – Estrutura acionária do Grupo CCR
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
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Diariamente cerca de 1.400.000 veículos pagam pedágio nas rodovias CCR. As estimativas são de 1 bilhão de viagens por ano nas rodovias CCR e 2.700.000 viagens por dia. A melhoria da infraestrutura para possibilitar o desenvolvimento sustentável pode ser vista por meio de casos como Ponte Rio-Niterói, CCR Nova Dutra – Guarulhos Marginal, CCR Nova Dutra – Baixada Fluminense RJ, CCR AutoBan – Ponte sobre Rio Tietê.
A seguir, algumas imagens que demonstram as melhorias decorrentes da atuação do Grupo CCR (Figuras 6 a 9).
Figura 6 – Antes e depois, Ponte Rio-Niterói
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
Figura 7 – Antes e depois, Ponte Rio-Niterói
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
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Figura 8 – Antes e depois, CCR NovaDutra – Guarulhos Marginal
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
Figura 9 – Antes e depois, CCR NovaDutra – Baixada Fluminense RJ
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
Um dos resultados advindos dessas melhorias foi a redução dos acidentes com vítimas fatais nos trechos operados pelo Grupo CCR (Figuras 10 e 11).
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Figura 10 – Pesquisa FDC sobre acidentes
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
Figura 11 – Acidentes com mortes na CCR NovaDutra
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
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Realizada pelo Datafolha em 2012, a última pesquisa de imagem e satisfação sobre os empreendimentos do Grupo CCR demonstra a boa avaliação dos motoristas de automóvel e caminhão (Figura 12).
Figura 12 – Avaliação geral do trabalho realizado pela concessionária
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
Investimento Social Privado no Grupo CCR: compromisso com a sustentabilidade
A CCR é signatária do Pacto Global da ONU, com a adoção dos 10 princípios para o desenvolvimento sustentável. Possui o maior programa privado de educação de segurança no trânsito. Para fomentar a melhoria da segurança viária, foram realizadas parcerias com o BID e a FDC. Além do mais, o Grupo CCR conta com um Comitê de Sustentabilidade nos níveis estratégico, executivo e operacional.
As frentes de trabalho que demonstram o compromisso com a sustentabilidade são:
1. Frente Resíduos
2. Frente Emissões e Consumo de Recursos
3. Frente Segurança Viária
4. Frente ISE
5. Projeto Governança da Sustentabilidade e GRI
6. Projeto Entrada para a Cidadania
7. Frente Comunicação
8. Projeto Estrada SustentávelA partir dessas frentes de trabalho são desenvolvidas centenas de trabalhos ambientais, culturais, educativos, esportivos, de saúde e sociais. Alguns destaques são o Parque Natural Jardim Jurema, em São João de Meriti (RJ), na baixada fluminense, cuja revitalização a CCR Nova Dutra apoia. Essa ação inclui o plantio de 5 mil plantas nativas. Outro projeto é a Estrada para a Cidadania, que objetiva disseminar informações sobre meio ambiente e segurança de trânsito e cidadania entre os alunos do quarto e quinto ano das redes públicas de ensino fundamental nas cidades de atuação das concessionárias do Grupo CCR.
A Figura 13 resume os investimentos feitos pelo Grupo CCR para efetivar todas suas ações.
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Figura 13 – Investimentos em sustentabilidade
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
Investimento Social Privado no Grupo CCR: Governança da SustentabilidadeA estrutura de Governança da Sustentabilidade CCR foi criada para desenvolver a atuação do Grupo no tema e é composta pelas três instâncias mostradas na Figura 14.
Figura 14 – Estrutura de Governança da Sustentabilidade no Grupo CCR
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Francisco Bulhões
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O Comitê de Estratégia e Sustentabilidade surgiu da implantação de seis comitês técnicos e consultivos, quais sejam, Comitê de Governança, Comitê de Auditoria, Comitê de Estratégia e Sustentabilidade, Comitê de Finanças, Comitê de Novos Negócios e Comitê de Recursos Humanos. Para garantir eficiência e agilidade às decisões do Conselho de Administração, esses comitês agregam maior valor ao conselho de administração, na medida em que foram conferidos instrumentos que lhe permitem exercer suas funções com maior eficiência e agilidade e, ato contínuo, melhorar a qualidade dos processos decisórios. O documento “Objetivos Gerais e Diretrizes (OGD)” define as estratégias para o ano vigente, e uma de suas metas é consolidar a Sustentabilidade como parte integrante da proteção, criação de valor e perpetuação do negócio do Grupo CCR.
A CCR foi criada a partir da unificação de ações detidas por grandes grupos nacionais. A companhia abriu seu capital em 2000 e realizou emissão primária de ações em 2002, quando foi a primeira companhia a aderir ao Novo Mercado da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&FBovespa). Hoje, a CCR integra os mais importantes índices do mercado acionário brasileiro: o IBrX-50 (que lista as 50 ações com maior liquidez da bolsa), o índice de ações com Tag Along, o Índice de Governança Corporativa (IGC), o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) e o Ibovespa. A CCR também ingressou no Índice Carbono Eficiente (ICO²), criado em 2010 e que tem como objetivo listar as empresas que adotam práticas transparentes em relação a suas emissões de gases efeito estufa (GEE).
PALESTRA 3: FUNDAÇÃO VALE – ANDRÉIA DE AZEVEDO RABETIM (GERENTE GERAL DE PARCERIAS INTERSETORIAIS)
A Fundação Vale contribui para o desenvolvimento integrado – econômico, ambiental e social – dos territórios onde a Vale opera, fortalecendo o capital humano nas comunidades e respeitando as identidades culturais locais. Sua atuação baseia-se em uma estratégia de investimento social estruturante, alinhada às políticas públicas e voltada a uma perspectiva de médio e longo prazos. Seu foco é o fortalecimento da gestão pública, a melhoria da infraestrutura urbana e o apoio ao desenvolvimento humano e econômico. Os valores que norteiam o trabalho da Fundação Vale
são a ética, a transparência, o comprometimento, a corresponsabilidade, a accountability (capacidade de prestar contas e de assumir a responsabilidade sobre seus atos e o uso de recursos) e o respeito à diversidade.
Segundo Milton Santos (2003), o território é o chão e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer àquilo que nos pertence. Nesse sentido, a Fundação Vale busca articular a atuação dos fornecedores Vale, organizações do terceiro setor, poder público, academia, organizações internacionais, Sistema S, para entender como sua atuação econômica pode gerar desenvolvimento nas localidades onde a Vale atua.
Figura 15 – Ciclo sobre como o crescimento econômico pode gerar desenvolvimento
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Andréia de Azevedo Rabetim
A partir do desafio de potencializar o investimento social voluntário nos territórios da Vale, elaborou-se o Modelo de Atuação da Fundação Vale que representa, de forma clara, sua abordagem junto aos stakeholders.
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Figura 16 – Modelo de atuação Fundação Vale
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Andréia de Azevedo Rabetim
A estratégia de atuação da Fundação Vale é baseada na Parceria Social Público-Privada (PSPP). Seu objetivo principal é a promoção do desenvolvimento dos territórios a partir da união de esforços, recursos e conhecimento de governos, setor privado e sociedade civil em torno de uma visão comum. Com essa união, são gerados nos territórios resultados sociais estruturantes e sustentáveis no curto, médio e longo prazo. Os acordos de parceria são celebrados em forma de Protocolos de Intenção com cada município, permitindo um planejamento integrado com as prefeituras, o estabelecimento de objetivos comuns e a potencialização dos investimentos sociais.
As diretrizes das PSPP são formar capacidades, fomentar articulação intersetorial e construir agenda de compromissos mútuos. Todas essas ações buscam contribuir para a promoção da qualidade de vida e do desenvolvimento humano; o fortalecimento da intersetorialidade e das políticas públicas; a ampliação da participação democrática na perspectiva da inclusão cidadã; a efetividade dos investimentos sociais do setor privado; a construção coletiva e a figura do cidadão enquanto beneficiário e copartícipe do processo de desenvolvimento territorial simultaneamente.
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Figura 17 – Parceria Social Público Privada
Fonte: Apresentação de slides da autoria de Andréia de Azevedo Rabetim
Os grupos de trabalho instituídos pela PSPP são compostos por:
• Fundo Multilateral de Investimentos – FOMIN, do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID
• Instituto Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
• Instituto Brasileiro de Administração para o Desenvolvimento – IBRAD
• Instituto Eupólis Lombardia
• UNESCO
• Especialista em monitoramento de projetos sociais
• Professor Associado da Fundação Dom Cabral
• Jurídico da Vale
• Instituto Tecnológico Vale – ITV
Um dos projetos de destaque da Fundação Vale é o Projeto Engenheiros na Escola, realizado no Maranhão. Cerca de 170 voluntários engenheiros e técnicos de edificações se reuniram para atender a três municípios do Maranhão, verificando a estrutura das escolas e as mudanças que se faziam necessárias para cada construção. Uma vez feito o levantamento da estrutura escolar, a estrutura das edificações é corrigida e melhorada.
Outro projeto de destaque é o Vale Música, que fomenta o ensino da música, valorizando as características culturais locais e a arte musical dos participantes, abrindo caminho para a formação de grupos musicais, corais, bandas e orquestras. A intenção desse projeto é descobrir e desenvolver talentos musicais e oferecer orientação profissional específica e também outras atividades ligadas ao mundo do entretenimento, visando a alternativas futuras de geração de renda e profissionalização. O Vale Música é realizado em parceria com o Instituto Homem Pantaneiro, no Mato Grosso do Sul, e a Fundação Amazônica de Música, no Pará.
DINÂMICAS
As palestras foram importantes para a compreensão de como a governança social integrada pode ser aplicada pelos setores público, privado e sociedade civil organizada. O evento de lançamento do CRGSI também realizou três dinâmicas intercaladas entre as apresentações, com o objetivo de discutir os principais desafios e questões que o tema representa.
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RODADAS 1 E 2: FATORES DE SUCESSO E INSUCESSO NAS EXPERIÊNCIAS DOS PARTICIPANTESOs participantes foram orientados a apresentar os fatores de sucesso e insucesso em relação à integração entre os três setores, de acordo com as experiências pessoais dos presentes. Desse brainstorming, as mesas deveriam apontar os principais desafios colocados por seus participantes.
No Quadro 1, os resultados são apresentados.
Mesa Setor Fatores de Sucesso Fatores de Insucesso Principais Desafios
01 Privado
Parcerias com cooperativas
Formação de rede
Parcerias com os três setores
Alinhamento com políticas públicas
Investimento muito elevado
Ciclos eleitorais / interferências políticas
Baixo capital social – fator cultural
Falta de tecnologias sociais
Falta de conceitos claros
02 Sociedade Civil
Capacitação técnica
Concentração de interesses
Humildade /abertura
Processo decisório compartilhado
Saber ouvir e clareza na comunicação
Visão sistêmica
Competição de razão
Exclusão do aspecto econômico na gestão
“Contaminação politiqueira”
Visão individualista
Foco no resultado como condição de sucesso
RSE está na periferia
Fator cultural
Construção da cultura da sustentabilidade
Participação na construção de políticas públicas
Educação continuada
Pensamento de longo prazo e foco na finalidade
Visão sistêmica
(Re)conhecimento dos valores e inegociáveis
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Mesa Setor Fatores de Sucesso Fatores de Insucesso Principais Desafios
04 Público
Convergência de esforços entre órgãos / organizações dos três setores
Faci l idade das ONGs e OSCPIs em se relacionar com as comunidades - Projeto Aliança pela Vida
Otimização de recursos através da parceria entre os setores público e privado - Programa ensino profissional
A s o c i e d a d e c i v i l t e m capacidade para mobilizar os três setores em prol de uma boa causa
Credibilidade das instituições envolvidas no projeto
Descontinuidade em função da mudança de gestão
Implantação de pro je to sem unir as prioridades da comunidade
Divergência de objetivos entre os órgãos envolvidos
Enfrentar as di ferenças político- partidárias em prol da sustentabilidade
Compartilhamento do conhecimento
Tratar o tema desenvolvim-ento sustentável de forma sustentável dentro das orga-nizações
Capacitação/ alinhamento de servidores públicos federais, es tadua is e munic ipa is no tema desenvolvimento sustentável
Respeitar a diversidade
Engajamento das pessoas
05 Privado
Fumec - 48 anos: Fundou um edifício de construção coletiva que conseguiu se qualificar de faculdade para universidade
Cedro: Empresa de 140 anos - familiar - harmonia e integra-ção dos associados
Sebrae: referência como especialista em média e pequena empresa
Fumec: o professor ocupa todos os cargos. Conflito temporário na ocupação do cargo; atravessa momento de renovação da gestão
Cedro: Mudanças de focos que não deram certo (malharia, confecção, banco)
Sebrae: Alternância no con-selho deliberativo que pode gerar descontinuidades
Desafios da sustentabilidade econômica, social, ambiental e cultural
Manutenção da competitivi-dade do mercado conside-rando requisitos legais
Desenvolver competências para enfrentar questões de gestão com práticas de governança dentro da visão de sustentabilidade integrada
Pesquisar e criar inteligência corporativa para enfrenta-mento de problemas através da construção coletiva de soluções integradas com sus-tentabilidade
06 Público Liderança positiva
Planejamento
Incluir envolvidos
Limitação de recursos
Descontinuidade de projetos
Falhas de gestão
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Mesa Setor Fatores de Sucesso Fatores de Insucesso Principais Desafios
07 Privado
Transparência
Parcerias intersetoriais
Atuar como agente de inte-gração dos diferentes mundos
Predisposição para quebrar paradigmas
Aberto para novos paradig-mas
Profissionais de setores espe-cíficos atuando em diferentes setores
Paciência
Engajamento
Expectativas distintas
Tempos distintos
Falta de cultura de construção coletiva
Sistemas de controle que não levam à transparência
Energia dispendida em pro-cessos distintos
Mais difícil romper com o velho do que orientar o novo
Ausência de uma governança instituída/ reconhecida
Construir modelo de gover-nança comunitária
Pactuação entre atores
Sistematizar experiências e lições aprendidas e não só boas práticas
Transparência
Falta de clareza e objetividade nas negociações de parcerias
Alinhamento dos tempos
Estratégias de curto e longo prazo
Diferentes linguagens, expec-tativas e perspectivas
09 Privado
Comunicação efetiva e as-sertiva
Estratégia de engajamento entre os setores
Governança / gestão
Entender a lógica de funciona-mento dos setores
Construção coletiva (apro-priação)
Bom projeto (diagnósticos, prioridades, resultados, mo-nitoramento/ avaliação)
Construção e definição de papéis
Alinhamento com políticas públicas
Alternância de poder público
Tecido social frágil (comuni-dade)
Uso político de projeto / ação
Dificuldade de envolvimento da empresa
Descontinuidade por questões financeiras
Interesses pessoais.
Mensuração de resultados, inclusive os intangíveis
Reciprocidade (evidenciar os benefícios mútuos / ganha- ganha)
Gerenciar / priorizar interesses conflitantes dos stakeholders
Desenhar estratégia para en-volver os três setores
Coerência entre o investimen-to social privado externo e ações / políticas para o público interno
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Mesa Setor Fatores de Sucesso Fatores de Insucesso Principais Desafios
10 Sociedade Civil
Fortalecimento da imagem
Decisão para mudança
Leitura de cenário
Qualificação do quadro funcio-nal e da gestão
Visão de futuro
Entrada de novos saberes no negócio
Ações burocráticas
Articulação entre primeiro e segundo setor
Falta de planejamento
Ostentar a pobreza
Dificuldade de retenção de talentos
Administração amadora
Tornar-se sustentável
Efetuar as parcerias público-privadas efetuando as agen-das
Captação de renda para custos fixos e RH
Qualidade X Quantidade
Alinhar as agendas dos três setores
Diferença entre os tempos dos três setores (agenda)
Retenção de talentos
Mudança do paradigma de projetos para projetos autos-sustentáveis
Trabalhar em conjunto
Necessidade de controle X Processo social autônomo
12 Privado
Escuta qualificada
Parceiros e acordos
Construção de identidade positiva
Construção positiva de imagem
Capacitação e formação em base contínua
Falta de inovação
Falta de liderança eficaz
Falta de continuidade nos projetos
Interesses pessoais sobre-pondo interesses coletivos
Falta de comunicação
Falta de planejamento e monitoramento (gestão).
Superar a resistência dos outros setores com relação ao setor privado
Mudar a cultura do setor privado de comprometimento real com outros setores
13 Sociedade Civil
Não conformidade gerando ideias; a sociedade civil, empresarial e governamental --> vontade de mudanças
Construção de uma nova realidade internacional para redução da desigualdade
Inovação
Parcerias
Capacitação profissional
A sociedade civil sabe o que fazer, porém faltam recursos
Cultura assistencialista
Marco regulatório
Consolidar setor 2,5: negócios sociais
Marco regulatório
Acesso a capital
Políticas públicas
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Mesa Setor Fatores de Sucesso Fatores de Insucesso Principais Desafios
14 Sociedade Civil
Criar sinergia
Mobilização de ONG e apoio comunitário
Apostar no diálogo entre os setores
Determinação do terceiro setor
Compromisso com a respon-sabilidade social; capacidade de gerar vontade política
Conhecimento científico e legal para embasar a decisão
Interesse eleitoreiro
Dificuldade de alinhar valores
Segundo setor: busca de novas práticas geradoras de desenvolvimento, mesmo que gerem mais custos
Incapacidade técnica
Vaidade das lideranças
Melhorar a gestão do terceiro setor sem perder os valores
Ampliar e qualificar mecanis-mos de participação da socie-dade civil
Fomentar a participação das competências da sociedade civil
Com essa atividade, foi possível observar os principais pontos positivos e negativos no relacionamento entre os três setores. Além disso, os principais desafios colocados pelos participantes demonstram a necessidade de geração de conhecimento que ajude os três setores a interagir de forma benéfica e positiva. A melhoria na gestão além da sistematização e disseminação de conhecimento útil e aplicável são desafios apontados por todos os setores.
Essas discussões foram realizadas, contudo, entre participantes do mesmo setor. Apesar de os pontos levantados serem importantes para as próximas atividades do CRGSI, era preciso verificar também a percepção dos participantes com relação aos outros setores. Com tal objetivo, foi realizada uma terceira dinâmica.
RODADA 3: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS PRIORIZADAS PELOS PARTICIPANTESFeita a priorização dos desafios de cada mesa, foi pedido aos participantes que se misturassem em novas configurações de grupos, sem se preocuparem com seus respectivos setores de atuação. Os participantes, nessa dinâmica, tiveram que chegar a um consenso sobre quais
seriam os desafios priorizados para cada setor e quais seriam as estratégias e iniciativas propostas para cada desafio. Posteriormente, as proposições foram votadas, revelando quais eram os desafios mais importantes para cada um dos três setores, de acordo com os presentes.
Os desafios prioritários do setor público nos mostraram a preocupação em proporcionar um foco maior para a sustentabilidade, tratando-a de forma transversal, e em respeitar as diferenças entre os setores.
No setor privado, os desafios priorizados nos mostraram que ainda faltam nas empresas soluções que encontrem a convergência entre gestão responsável para a sustentabilidade e requisitos legais e demandas das partes interessadas. Além disso, é preciso também mostrar a importância do investimento social privado para os negócios da empresa.
A sociedade civil organizada nos mostrou que ainda é necessário alinhar os interesses do setor e que é preciso capacitá-lo para obter um melhor acesso aos conhecimentos. Na tabela seguinte é possível observar todos os desafios priorizados, as possíveis estratégias e iniciativas utilizadas para as questões colocadas e a quantidade de votos recebida por cada uma.
20Caderno de Ideias FDC - Nova Lima - 2014 - CI 1401
A - SETOR PÚBLICO
Desafios Priorizados Estratégias/Iniciativas Votos
Respeitar as diversidades políticas, sociais, culturais e econômicas
Mapeamento e diagnóstico participativos para levantamento de demandas, talentos e vocações locais 04
Educação, formação e informação para o desenvolvimento sustentável
Elencar o tema desenvolvimento sustentável de forma transversal nas organizações
Ampliar e fortalecer espaços de diálogo e concentração entre os setores.
14
Formar capacidades com visão intersetorial
Ampliar e fomentar diálogo
Construir agenda coletiva
Capacidade de comunicar políticas públicas para todos os atores
Mecanismo de controle político em longo prazo
Educação para a competência cidadã
23
Tratar o tema desenvolvimento sustentável de forma transversal dentro das organizações dos três setores
Criar políticas públicas de fomento que incentivam o diálogo intersetorial 11
Nivelamento dos conceitos
Estabelecer uma agenda comum e um plano de ação20
Pactuar metas comuns que constituam uma agenda nacional de desenvolvimento sustentável com todos os setores envolvidos 10
Dar continuidade e ampliar a educação para o desenvolvimento sustentável desde a educação básica 08
B - SETOR PRIVADO
Desafios Priorizados Estratégias/Iniciativas Votos
Convencer/conscientizar os execu-tivos sobre a importância do investi-mento social privado para o negócio
Aprimorar / divulgar metodologias de mensuração de resultados obtidos com o investimento social privado 21
Desenvolvimento de lideranças para o reconhecimento da importância do investimento social 09
Alinhar as diferenças culturais, de linguagem e interesses entre os diferentes setores
Difundir a cultura sustentável e sustentada das empresas
Criar instrumentos de gestão que as ações sociais sejam investimentos e não custos, valores tangíveis e intangíveis para o negócio da empresa
15
21Caderno de Ideias FDC - Nova Lima - 2014 - CI 1401
Desafios Priorizados Estratégias/Iniciativas Votos
Falta de construção coletiva
Formar capacidades com visão intersetorial
Ampliar e fomentar diálogo
Construir agenda coletiva
Ampliar cultura de construção coletiva
Quantificar riscos e oportunidades de uma construção coletiva
11
Como ser competitivo trabalhando com a gestão responsável para a sustentabilidade, considerando os requisitos legais e demandas dos stakeholders
Desenvolver, coletivamente, competências de gestão sustentável 27
C – SOCIEDADE CIVIL
Desafios Priorizados Estratégias/Iniciativas Votos
Profissionalização da gestão do terceiro setor
Estabelecer estratégias de formação continuada em parceria com os setores público e privado 13
Acesso ao conhecimento
Capacitação do 3º setor em gestão com o apoio das instituições de ensino 19
Viabilizar convênios, PPPs para capacitação e organizações, seus gestores e participantes 12
Concertação de interesses Promover geração de valor compartilhado em favor da vida 19
Mudança na cultura do terceiro setor de um “padrão” assistencialista para sua profissionalização
Profissionalização da gestão do terceiro setor em perder o valor social 12
Educação para cidadania na estrutura educativa brasileira
Criar espaços/ centros de proteção e monitoramento dos mecanismos de controle político de longo prazo
Formar capacidades com visão intersetorial
Ampliar e fomentar diálogo; construir agenda coletiva
04
Novamente, o papel da gestão é central para a solução dos desafios encontrados em cada setor. As estratégias apontadas pelos participantes mostram a importância da divulgação das ferramentas e metodologias já existentes para o desenvolvimento dos profissionais dos três setores. Esses resultados servem de insumo para as atividades do CRGSI daqui em diante.
Realizadas as dinâmicas, as atividades coordenadas pelo professor Claudio Boechat foram finalizadas com as palavras do professor Mozart, diretor estatutário da
FDC, que ressaltou a importância do compartilhamento de histórias entre os participantes e das várias recomendações que surgiram das apresentações dos palestrantes. Mozart também destacou o fato de todas as apresentações se direcionarem a temas e problemas que ainda precisam ser solucionados, Por fim, ressaltou a necessidade de tratar a geração de conhecimento como um processo contínuo, ou seja, que não tem fim, permitindo desenvolver-se constantemente. A seguir, algumas considerações finais e perspectivas para o CRGSI serão apresentadas.
22Caderno de Ideias FDC - Nova Lima - 2014 - CI 1401
CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS PARA O CRGSI
A governança social integrada é fundamental para a construção de uma sociedade sustentável. A integração entre o setor público, privado e sociedade civil organizada é viável e pode gerar frutos para toda a sociedade. Com a missão de promover essa integração, ao gerar conhecimento relevante e aplicável para a governança social integrada, é criado o Centro de Referência em Governança Social Integrada, que conta com o apoio do Banco Nacional do Desenvolvimento.
No evento de lançamento, houve apresentações de iniciativas que já vêm sendo realizadas pelos três setores e também foram feitas dinâmicas com os participantes, com o objetivo de fazê-los refletir e apontar os principais desafios e questões que a governança social integrada lhes coloca. Pontuadas pelas falas da professora Rosileia Milagres e do professor Mozart, da FDC, as atividades realizadas no evento demonstraram a importância do tema e a necessidade de ir além.
Com os principais desafios apontados por todos os setores, é clara a importância da sistematização de conhecimento acerca de iniciativas voltadas à gestão social. Diversas são as atividades hoje realizadas pelos atores em todos os âmbitos, mas, sem a organização e disseminação desse conhecimento, muitos gestores, sejam eles públicos, privados ou de organizações da sociedade civil, não têm acesso a esse conhecimento. Esse é um desafio com o qual o CRGSI tem muito a contribuir, por contar com uma equipe já habituada a produzir materiais em diversos formatos e realizar pesquisas estruturadas com o objetivo de auxiliar as organizações a lidarem com os aspectos da sustentabilidade. Outra questão enfatizada pelos participantes é a necessidade de capacitação em gestão, desafio com que também o CRGSI tem muito a contribuir, ao considerar a tradição e excelência da FDC no desenvolvimento de executivos.
As palestras e dinâmicas foram importantes para o mapeamento das iniciativas e desafios enfrentados pelos três setores na governança social. O material coletado com as atividades servirá de insumo para as linhas de pesquisa do CRGSI.