Gott J. Richard - Cuba - Uma Nova História - Resenha cap. 5-6

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CUBA: UMA NOVA HISTÓRIA RICHAR GOTT Resenha dos capítulos 5 e 6 JORGE DE FREITAS GOTT, J. Richard Cuba: uma nova história. Editora Jorge Zahar, 2006, RJ

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História da Revolução Cubana

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CUBA: UMA NOVA HISTÓRIA

RICHAR GOTT

Resenha dos capítulos 5 e 6

JORGE DE FREITAS

GOTT, J. Richard

Cuba: uma nova história. Editora Jorge Zahar, 2006, RJ

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CUBA: UMA NOVA HISTÓRIA

RICHAR GOTT

RESENHA DOS CAPÍTULOS 5 E 6

O livro trata da História da Revolução Cubana, com destaque para a Guerra Fria.

Estes capítulos tratam da revolução cubana orquestrada por Fidel Castro e de como esta revolução e seu líder influenciou o mundo político da época.

O autor mostra a transformação de uma ilha que vivia sob a ditadura de Batista, ditador alinhado aos Estados Unidos, em centro das atenções políticas disputado por americanos e Soviéticos em plena Guerra Fria e de como Fidel lidou com as duas potências nucleares.

O ataque ao quartel de Moncada fracassou e muitos homens de Fidel foram mortos e o irmão de Fidel, Raul foi capturado e levado a julgamento. Fidel também foi capturado dias depois e levado à delegacia de polícia de Santiago, o que evitou sua execução se tivesse sido levado ao quartel de Moncada.

A ordem de Batista de executar dez prisioneiros para cada soldado morto, provocou um banho de sangue com mais de 70 guerrilheiros mortos, o que contribuiu para virar a opinião pública contra o regime e a intervenção do arcebispo católico de Santiago para dar fim à matança.

Após ser condenado a quinze anos e cumprir menos de dois de pena, ao ser solto, Castro percebeu que não teria espaço na política eleitoral e que o único caminho era a insurreição armada. Foi para o México onde conheceu Che Guevara e começaria a organizar uma força guerrilheira.

Após encalhar em corais no extremo leste de Oriente da ilha com seu iate de nome Granma, comprado de um norte americano e inspirando-se em seu ídolo José Marti, Castro chegou do México com seus 82 voluntários guerrilheiros, incluindo Che, mareados e despreparados para os contratempos no plano de ataque. Poucas horas depois de chegar o grupo sofreu ataques aéreos e terrestres onde vários guerrilheiros foram mortos e 22 capturados e julgados. Apenas 12 sobreviveram.

Com a ajuda do líder camponês Pérez, Fidel recrutou camponeses para a causa da guerrilha. Eles atacavam guarnições militares isoladas perto da costa para obter armas e munições e retiravam-se para as alturas impenetráveis das montanhas de Sierra Maestra. Trataram de divulgar para o mundo a existência de um exército rebelde na ilha.

Como apoio, a guerrilha formou uma milícia urbana em cada província cubana, organizaram um movimento de resistência cívica em escala nacional e prepararam uma greve geral revolucionária a fim de derrubar o governo.

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Acordos políticos históricos dificultavam a confiança da guerrilha nos partidos políticos e sindicados, cujos líderes sempre negociavam com o governo opondo-se às revoltas armadas.

Vestidos com o preconceito, os Estados Unidos, contatados por membros do grupo de Castro, mostraram-se temerosos de Cuba se torna-se um outro Haiti com sua crônica instabilidade.

Após a morte de País, Raúl Castro deixou o acampamento principal e foi se estabelecer com mais 65 homens em uma segunda frente em Sierra Cristal e Juan Almeida abriu uma terceira frente ao norte de Santiago.

Nas reuniões em Sierra Maestra o que sempre se discutia era a organização de uma greve geral que se transformaria em uma insurreição urbana, desta vez com o apoio do partido comunista.

Como jogada de marketing o grupo sequestrou o piloto argentino Juan Manuel Fanjo libertando-o em seguida, a Frente Estudantil Nacional fechou várias escolas públicas e tomou uma rádio anunciando o golpe contra Batista.

Mas, os trabalhadores foram tomados de surpresa, os ativistas urbanos não tinham armas suficientes para a luta, a polícia e o exército estavam bem armados. Estes detalhes impossibilitaram a concretização da insurreição.

Após o fracasso da greve, Batista envia soldados para combater Castro na Sierra Maestra, mas seus soldados são derrotados pelos guerrilheiros.

A opinião dividida dos Estados Unidos em relação a guerrilha permitiu que esta sobrevivesse o suficiente para atingir a vitória. Pois os Estados Unidos, embora continuasse a fornecer armas para o ditador Batista, não o faziam em quantidade suficiente para permitir-lhe a vitória, além de o exército de Batista não ter treinamento adequado para o uso de equipamentos mais avançados. Porém ao perceberem a possível provável vitória de Castro, os Estados Unidos, subestimando o futuro governo do guerrilheiro, passaram a olhá-lo de forma mais amistosa.

Batista renunciou fugindo para Santo Domingo e o seu aliado, sargento Mulato foi abandonado pelos Estados Unidos que agora apoiariam a Fidel, mas este, ao fazer seu primeiro pronunciamento deixou claro aos Estados Unidos, depois de jantar com o cônsul americano, Fidel desafia os Estados Unidos dizendo que desta vez eles não tomariam a Ilha e a revolução realmente chegaria ao poder, diferente de 1898.

Os indicadores de Cuba em 1959 colocam Cuba entre os cinco primeiros da América Latina em setores importantes como saúde, educação, era a segunda renda per capita, atrás apenas da Venezuela. Na questão da saúde, Cuba estava na frente de países como Grã-bretanha, França, Holanda e Japão.

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O autor chama atenção para estes indicadores sociais pré revolução, questionando o pronunciamento de Fidel sobre a violência do regime de Batista, mas destaca que o fracasso de Batista em combater a guerrilha de Fidel, colaborou para o apoio da sociedade cubana aos guerrilheiros. Mais do que as questões sociais da época, as quais os indicadores mostram como boas ou excelentes em alguns casos, como o da saúde.

Para minimizar a desconfiança da sociedade após a tomada do poder Castro coloca liberais trabalhando no governo para imprimir um caráter democrático à sua revolução. Embora não tenha poupado os torturadores de Batista. E os julgamentos dessas pessoas feito no estádio de Havan gerou uma imagem negativa para a Revolução.

As posições comunistas de Raul Castro e sua linha dura no poder, diante da possibilidade de ele assumir na ausência de Fidel, alarmou os anticomunistas do movimento 26 de julho.

O novo governo apressou-se em tomar as novas mudanças que desse características de Fidel na administração pública. Muitas dessas mudanças eram impopulares, mas a grande maioria beneficiavam a população de baixa renda.

Fidel criou o Inra – Instituto da Reforma Agrária. No que diz respeito à reforma agrária, a nova lei causou preocupação nos Estados Unidos, pois muitos americanos eram proprietários de terra em Cuba, incluindo a United Fruit Company, e um cláusula da nova lei afirmava que no futuro somente cubanos poderiam possuir terra. Fidel começou a ser acusado de comunista fora e dentro de seu país.

Logo que a lei da reforma agrária foi assinada por todo o gabinete, apareceram as divergências no governo. O presidente Urrutia e outros membros passaram a se definir como anti-comunistas deixando clara a posição que tinham com relação a posição dos membros do partido comunista junto aos irmãos Castro, o que forçou sua renúncia da presidência levando à presidência Osvaldo Dorticós, que não era antipático ao comunismo.

Tentando fazer valer a Emenda Platt (quando os Estados Unidos intervinha para salvar a Ilha de ameaças sociais), a velha classe política de Cuba e grandes proprietários de terra, fortemente atingidos pela reforma agrária faz fortes críticas à reforma, também apoiados pelo discurso racista.

Ao perceber o descontentamento dos negros com relação ao racismo e lembrar da história pessoal de Batista, um mulato que servia de referência para os negros, Fidel fez a sua Proclamação contra a Discriminação, abrindo as casas que antes eram exclusivas para brancos, ao público negro ou fechando-as, causando o descontentamento dos brancos. O que não significa que a revolução abraçou a causa negra.

O impacto da revolução no exterior foi tão significativo que a todo instante chegavam visitantes de várias partes do mundo para ver de perto o que estava acontecendo em Cuba. Esta empolgação por cuba e a hostilidade do povo latino americano aos Estados

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Unidos pelo seu apoio aos regimes militares latino, despertaram as atenções de Washington em relação à ilha. E os Estados Unidos tomam a decisão de derrubar Fidel.

Já a União Soviética foi pega de surpresa, pois aceitava, até então, a dominação americana sobre a América Latina e, por esta razão, ignorava os acontecimentos deste continente. Porém, com a revolução em Cuba, Moscou percebeu a necessidade de criar uma academia especializada em América Latina, que produzisse diplomatas, espiões e jornalistas para atuarem como conselheiros das indústrias do Estado Cubano.

A primeira embaixada soviética em Havana foi criada ainda no governo de Batista em 1943, embora o embaixador soviético para Havana fosse o mesmo da embaixada americana. Mas a posição anticomunista dos presidentes Grau San Martin e Pio Sacarrás e seus alinhamento com os Estados Unidos no começo da Guerra Fria fez com que a União Soviética rompesse relações diplomáticas com a Ilha, ignorando-a durante o primeiro ano após a revolução, até 1961 após o reatamento das relações diplomáticas nomeando Alexander Alexiev como embaixador da União Soviética em Havan. Este levou uma exposição comercial para Cuba com intenção de mostrar que a propaganda americana sobre o atraso soviético era falsa.

O novo vice de kruschev, Anastas Mikoya, assinou um acordo açucareiro com Cuba, no qual a União Soviética concordava em comprar um milhão de toneladas de açúcar por ano nos cinco anos seguintes, que seriam pagas com 20% do preço em dólares e 80% em produtos, principalmente petróleo, maquinaria, trigo, papel de impressão e vários produtos químicos, além de um crédito de 100 milhões de dólares para a aquisição de instalações de equipamentos. Este acorde se deu na hora certa pois era ano de eleições nos Estados Unidos, onde os candidatos Richar Nixon e John Kennedy declararam publicamente a ameaça cubana como meta de combate, além do atual presidente americano, Eisenhower que seguia com seus planos clandestinos de destruir a revolução.

A intenção americana era de sabotar as refinarias de açúcar cubanas, a principal fonte de riqueza da ilha e explodir o cargueiro belga carregado de armamentos que desafiava o embargo de armamento norte americano.

Com a chegada das primeiras 300 mil toneladas de petróleo bruto soviético a ilha, e a recusa das refinarias americanas em refinar o produto, seus patrimônios foram confiscados na ilha. Esses conflitos entre Cuba e Estados Unidos fizeram com que a União Soviética declarasse o fim da doutrina Monroe.

Castro anunciou em 6 de agosto a nacionalização de todas as propriedades norte americanas importantes na ilha, engenhos de açúcar, refinarias de petróleo, instalações telefônicas e de fornecimento de energia elétrica, posteriormente o confisco foi estendido filiais de bancos, ferrovias, instalações portuárias, hotéis e cinemas de propriedade norte

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americanas denunciando os Estados Unidos e colocando a Revolução Cubana na perspectiva das grandes lutas de libertação do continente latino americano. Seu discurso do dia 2 de setembro ficou conhecido como A Primeira declaração de Havana.

Como retaliação, os Estados Unidos declararam embargo a Cuba e proibira a exportação de qualquer produto norte americano para a Ilha, com exceção de alimentos e remédios.

Mas Guevara em excursão aos países socialistas conseguiu assinar um acordo de exportação de 4 milhões de toneladas de açúcar para a União Soviética e outros países da Europa Oriental, isso era uma tonelada a mais que os Estados Unidos.

Com falta de mão de obra qualificada para gerenciar as empresas nacionalizadas, Cuba pediu a CEPAL que enviasse seus economistas excedentes para Havana, no que foi prontamente atendida e logo esses economistas estavam gerenciando as principais empresas de Cuba.

Cuba teve dificuldades para modernizar suas indústrias por falta de capital, mesmo a União Soviética só venderia máquinas modernas se fossem pagas em dólares. O que Cuba não tinha.

Um dos grandes feitos de Fidel foi a erradicação do analfabetismo com a ajuda de 100 mil estudantes-professores em 1961, como prometido em seu discurso após o ataque ao quartel de Moncada em 1953.

A derrota dos Estados Unidos e dos contra-revolucionários, na invasão anunciada da Baia dos porcos em abril de 1961, deu à Cuba um sentimento de nacionalismo renovado e Fidel declara definitivamente Cuba como uma nação socialista deixando claro seu alinhamento com a União Soviética. Esta então, no auge da corrida espacial, pois já havia lançado Yuri Gagare ao espaço, partiu para a missão dos mísseis em Cuba.

Em outubro de 1961 os Estados Unidos cogitaram a eliminação da própria Ilha a fim de acabar definitivamente com a Revolução.

A Organização dos Estados Americanos, sob pressão dos Estados Unidos, votou a expulsão de Cuba no começo de 1962 e os países da América Latina, alinharam-se aos Estados Unidos Isolando Cuba do campo diplomático.

A Rússia precisava agir mesmo para mostrar sua superioridade sobre a ideologia de Mao Tsé-tung na China e aceitar como seu aliado estratégico, defendendo Cuba como país comunista era atraente para a União Soviética naquele momento. E, surpreendendo os próprios revolucionários, a União Soviética decide mandar mísseis para a defesa da Ilha diante dos Estados Unidos. Tem início a operação Anadyr.

Diante do armamento soviético a Cuba, os Estados Unidos decidem armar um bloqueio naval, que forçaria qualquer país de qualquer nação que dirigindo-se à Cuba onde fosse encontrado armamentos deveria retornar à nação de origem. Exigiu ainda a inspeção

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da ilha por membros das Nações Unidas. Castro reagiu, também em discurso pela TV denunciando a histórica dominação americana sobre a Ilha. Castro recusou ainda, a inspeção da UNU afirmando que Cuba não era o Congo.

Mas o bloqueio naval americano deu resultado, no dia seguinte à decisão, o governo soviético ordenou aos capitães de seus navios permanecerem fora da área bloqueada, a ordem afetou navios que transportavam mísseis nucleares R-14 e escoltas submarinas.

Após uma carta enviada por Kruschev a Kennedy pedindo que os Estados Unidos se comprometessem a não invadir a Ilha, pedido prontamente atendido por Kennedy, os mísseis foram retirados. Outra decisão tomada pelo governo soviético sem consulta a Fidel. Porém Fidel, insatisfeito, enumerou cinco exigências que deveriam ter sido incluídas no acordo entre as potências: o fim do bloqueio econômico, o fim da atividade subversiva contra Cuba lançada a partir dos Estados Unidos, o fim dos atos de pirataria praticados a partir de bases norte americanas, o fim da violação do espaço aéreo e das águas territoriais cubanas e o fim da ocupação de Guantanamo. E continuou rejeitando veementemente a inspeção da ONU.

Castro se sentiu humilhado pelos aliados soviéticos que Fidel considerou fracos nas negociações. Fidel perdeu definitivamente a confiança na União Soviética para intervir em suas decisões.

Por outro lado, a promessa de nunca invadir Cuba foi mantida por todos os governos que sucederam Kennedy, mesmo após a queda da União Soviética nos anos de 1990.

Preocupado com a possibilidade de Cuba alinhar-se com a China, Kruschev reaproximou-se Fidel, convidando o cubano a uma viagem a Moscou que durou mais de um mês, na qual Fidel foi saudado com entusiasmo pelos soviéticos, inclusive Yuri Gagarin. Essa visita selou definitivamente o alinhamento de Fidel com os soviéticos, em detrimento da China. Questões econômica e suporte fabril foram as principais razões por esta escolha. E também põe fim às esperanças de Guevara em diversificar a economia cubana.

A adoção do comunismo pela Revolução aumentou o número de cubanos com desejo de muitos cubanos em sair da ilha. Em sua maioria membros da classe média cubana e liberais que não aceitavam o comunismo. Pais desesperados enviaram cerca de 14 mil crianças ao exílio, para poupá-los da doutrina comunista pensando que esta seria uma atitude passageira. Muitos nunca mais viram seus filhos.

No início da Revolução cerca de 40 mil pessoas deixaram a Ilha, mas este fato pode ter favorecido Castro pois em sua maioria, os exilados eram partidários de Batista. Porém, com a mudança do regime na Ilha, os Estados Unidos se prevaleceram das imagens de

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cubanos fugindo pelo mar e se afogando, diante do fim dos vôos para os Estados Unidos, e fizeram propaganda negativa ao regime de Fidel.

Numa tentativa de combater a propaganda negativa americana e tentar afirmar o caráter democrático da Revolução, Fidel declara que aqueles que desejarem deixar a Ilha estão livres para fazê-lo. Milhares de cubanos se aventuram em barcos inadequados provocando inúmeros naufrágios que fugiram ao controle da guarda costeira americana. Todos os que partiam deixava suas casas e bens para o governo cubano.

Políticas americanas em acordo com Fidel favoreceram a emigração cubana e no fim dos anos 80 10% da população da ilha tinha fugido para os Estados Unidos.

Em 1994 e 1995 o governo Clinton assinou um acordo migratório em que todos os cubanos interceptados no mar deveriam ser devolvidos à Cuba, pondo fim à lei de Ajuste cubano-norte-americano e dando início ao transporte ilegal de cubano para os Estados Unidos onde lanchas velozes apanhavam cubanos na ilha e os transportavam até a Flórida por alta soma em dinheiro evitando a guarda costeira, uma vez que ao por os pés é solo americano os cubanos passava a ter direito de residência nos Estados Unidos.

Apesar de mais esta oposição à Revolução, financiada pelos Estados Unidos, a ação dos exilados foi considerada ilegítima pelos próprios cubanos que permaneceram em seu país e só contribuiu para consolidar a Revolução.

A imigração em larga escala nos primeiros anos da Revolução representou uma perda de qualificação profissional e técnica para Cuba, mas um ganho político e econômico, onde os imóveis deixados pelos exilados foram usados em programas do governo. Por outro lado, a segunda fase do êxodo beneficiou a Flórida com mão de obra barata vinda de Cuba.

Os líderes da Revolução aspiraram repetir o fato em outros países da América Latina, para derrubar suas ditaduras. Inclusive o governo de Perón na Argentina com a ajuda do serviço secreto cubano. Porém escolhera agir no momento em que o governo civil se reinstalava após um período de domínio militar e o grupo que seria liderado por Guevara foi traído, cercado e todos foram mortos. Em seguida fizeram a mesma tentativa na Bolívia, mas a guerra de guerrilha na Bolívia perdeu seu apoio político após as eleições presidenciais de 1963 onde saíram vencedores os candidatos dos partidos convencionais e os comunistas retiraram seu apoio à guerra, atitude que deixou Fidel furioso.

Com o fracasso nas tentativas de revolução nos países da América Latina, Guevara reúne um grupo de 100 soldados e parte para o Congo em 1965, depois para Guiné-Bissau e posteriormente para Congo-Brazaville para treinar os soldados do Movimento Popular pela Libertação de Angola, o MPLA, liderado por Agustinho Neto.

Cuba também apoiou a Argélia na guerra de libertação contra a França, forneceu armas e assistência médica aos feridos em combate em nome da amizade de Castro por Ben Bella, primeiro ministro da independência Argelina em 1962.

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Castro também apoiou líderes da América Latina como Salvador Allende do Chile, Tomás Borges da Nicarágua, Maurice Bichop, de Granada, Juan Velasco do Peru, Hugo Chávez, da Venezuela. Além de se interessar pelo movimento negro norte americano, os Black Power e posteriormente o Partido Pantera Negra.

O intercâmbio de Cuba com líderes negros africanos estreitaram as relações de Fidel com lideranças e personalidades negras americanas.

Che voltou com a proposta de guerrilha na Bolívia e novamente não teve o apoio do partido comunista soviético nem de Mario Monje o líder do partido comunista boliviano. Fidel, ao mesmo tempo que apoiava os projetos guerrilheiros de Che, estendia a mão para a União Soviética. Nesse momento, os líderes americanos e soviéticos negociavam uma coexistência pacífica, e a atitude de Guevara não era bem vinda por nenhum dos dois lados.

Alexei Kosygin, visita Fidel e adverte que Cuba não terá mais o apoio soviético se continuar com a intenção de exportar a revolução pela a América Latina. Fidel não tem como avisar a Guevara.

Na Bolívia, os guerrilheiros de Che são descobertos pelo exército, capturados e mortos, inclusive Che Guevara. Apenas um pequeno grupo sobrevive refugiando-se no Chile. Este fracasso da missão de Che Guevara obrigou Fidel a abandonar a estratégia de luta armada. Todas as tentativas de revolução apoiadas por Cuba fracassaram na América Latina, principalmente porque não tiveram o apoio dos partidos comunistas locais.

Com a morte de Guevara, a guerra de guerrilha na América Latina estava fora do planejamento cubano.