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GOLFE NA LAVOURA Foto: Calan Sanderson ENTREVISTA: HANG ANUNCIARÁ A TERCEIRA LOJA Eles transformaram um campo de soja em um pedacinho dos EUA em Cascavel LEGENDÁRIA ESTRELA PRATEADA NA AV. BRASIL PREFEITO “CARA A TAPA” É VISTO DA PORTA

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GOLFE NA LAVOURA

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ENTREVISTA:HANG ANUNCIARÁ A TERCEIRA LOJA

Eles transformaram um campo de sojaem um pedacinho dos EUA em Cascavel

LEGENDÁRIA ESTRELA PRATEADA NA AV. BRASIL

PREFEITO “CARA A TAPA” É VISTO DA PORTA

Tacada assAssociativismo traz esporte de

04 | [email protected]

COOPERATIVISMO

Era um campo de soja no alto da Porção Sul de Cascavel, na zona rural. Dali se enxerga o espigão, as luzes da cidade, onde os edifícios moldam o horizonte.

Alguém enxergou na fazenda do Zardo algo mais que uma bela vista para Cascavel. O Colinas Golf Residence nascia pela cabeça de oito sonha-dores, que têm em comum a paixão pelo esporte que rola uma bolinha branca no tapete caríssimo de grama importada na direção de nove buracos.

O golfe, esporte considerado elitista, coisa de magnata infl uenciado pelo sonho americano, pode-ria ser viabilizado aqui na roça? Agravante: No G8 do golfe, não há milionários queimando charutos revestidos de notas de 100 dólares.

Entre eles há dois advogados, dois médicos, um agrônomo, um engenheiro civil Gabriel Turoni a enfi m um extrato social que pode ser defi nido como “classe média alta”.

Aqui entra o espírito associativista típico da região, o mesmo que indiretamente espetou os prédios no espigão e produziu riquezas imensas no Oeste do Paraná.

Um dos integrantes mais conhecidos do G8 do golfe é o engenheiro agrônomo Rogério Ri-zzardi, também conhecido como “número 2” da Coopavel. Portanto, um cidadão nascido e criado no cooperativismo.

O projetoEra preciso ganhar mais gente para ideia.

Há espaço, no terreno gigante de 1 milhão de metros quadrados, para 390 cotas. Rapida-mente passou de 100. Amigos dos amigos, networking, rede de contatos.

Chegou-se agora a 137 cooperados. Pé no freio. Apenas mais 15 cotas serão ofertadas agora. Evita-se as expressões “compra, in-vestimento e venda”. Fala-se em associar, em cooperar.

O projeto é ambicioso: condomínio do-tado de campo de golfe de nove buracos com grama importada dos EUA - trazida a Cascavel em baús climatizados - desenhado e construído por um especialista da terra do Trump. Sete quadras de tênis, pista de skate e pado. Haverá ainda 3,5 kms de pista de caminhada, ciclovia, piscina térmica e convencional, praças, torre de observação (com visão panorâmica para os 9 buracos do golfe e o espigão ao fundo).

O projeto da moradas traz o conceito ame-ricano no recusos, altura máxima, em amplos terrenos desprovidos de muros. A propósito, mais de 3 mil metros lineares de muro estão em construção no entorno, com câmeras de vigilância a cada 90 metros.

Rogério Rizzardi acertou a bola branca e traz um pedaço do Show Rural para o Sul

Perspectiva arquitetônica da portaria: projeto escolhido via concurso por uma grande empresa de Curitiba

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fotos: Calan Sanderson

O engenheiro civil Gabriel Turoni enfatiza o espírito associativista da iniciativa

Tiger Woods sesentiria em casa

Ainda há desafi os, digamos, logísticos a serem superados. Uma parte do acesso pela região da Unioeste (900 metros) ainda está sem pavimento. Os cooperados já executaram 2 km de asfalto e se propõem a pavimentar o restante, ligando o condomínio com o concluso loteamento Veredas.

Porém, da “porteira para dentro”, a im-pressão é de adentrar em um condomínio de luxo norte-americano, cenário só disponível em raros hotéis 5 estrelas no Brasil.

São mais de 400 palmeiras ornando a grama Bermuda e espelhos dágua. Para fi car em um bordão, um pedaço do paraíso, sem que seja preciso morrer para ver.

Tiger Woods, o super-campeão america-no do golfe, se sentiria em casa ali. Mas talvez, oriundo do país que idolatra o self made man, o vencedor solitário e individualista, Tiger teria difi culdade para desvendar o espírito associa-tivista que produziu um recorte do paraíso no campo de soja do velho Zardo.

Em tempo: os primeiros felizardos coope-rados começam a edifi car suas belas moradas no segundo semestre deste ano. “Todo mundo vai mudar para cá”, avisa Rizzardi, cidadão que trouxe conceitos do Show Rural para o paisagismo do Colinas Golf Residence, a bola branca da vez, no alto da promissora porção Sul do município.

ociativista!magnatas para classe média

Cooperados do Colinas Golf Residence celebram: um por todos, todos por um

06 | [email protected]

Hang acena com a ENTREVISTA / LUCIANO HANG

Entre uma selfi e e outra com clientes e for-necedores, como esta da foto, Luciano Hang versou sobre economia e os investimentos da Havan. A rede chega à loja de número 100 este ano. A segunda de Cascavel será entregue no segundo semestre e uma terceira pode surgir no Catuaí. Confi ra.

Foz e Cascavel comportam duas lojas da Havan, cada? Não acaba uma unidade “canibalizando” a outra? Sentimos a necessidade de uma segunda loja, tanto em uma, como em outra cidade. O cliente pede proximidade, fator geográfi co é importan-te. A nossa loja em Cascavel está menor que a cidade. Trata-se de um povo que nos recebeu de portas abertas. Em Foz, tínhamos uma loja perto do acesso para o Paraguai, agora temos uma no acesso da Argentina. Perfeito.

Já tem data para iniciar as obras em Cascavel? Os projetos estão na Prefeitura. Ainda em março farei uma visita ao prefeito Paranhos, data em que poderemos anunciar o início das obras. Pelo nosso cronograma, vamos inau-gurar Cascavel no segundo semestre, quando chegaremos a loja de número 100.

Qual o diferencial da loja na Tancredo Neves?Será uma megaloja, com investimento de algo em torno de R$ 50 milhões. Vamos instalar a réplica da Estátua da Liberdade, medindo 35 metros de altura. A propósito, a estátua é muita

“Fui comprador, atendia 30 a 40 vendedores por dia. A todos eu abraçava, passava energia positiva e agradecia, um por um, por fazer parte de minha vida."

solicitada. Em algumas unidades tivemos que voltar às obras cinco anos depois da inaugura-ção para instalar a estátua.

Como estão os entendimentos com o Shopping Catuaí, em Cascavel?Uma terceira loja no Catuaí Cascavel é uma possibilidade. A cidade cresce muito e no seu entorno gravitam mais de 1 milhão de consumidores. Quem sabe logo anunciamos a terceira loja...

Os selfi es que os clientes estão pedindo aqui são fruto da sua exposição de mídia como “dono da Havan”?

A rede chega à loja de número 100 este ano. A 2a de Cascavel

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3ª loja em Cascavel

Sempre considerei que a marca deveria apare-cer, não o dono. Mas começaram a falar que a Havan era do fi lho ou da fi lha do político fulano de tal, e tive que esclarecer isso. Havan é brasi-leira. O Brasil tem os melhores empresários do mundo, porque suportam uma burocracia sem fi m e os impostos mais elevados do planeta.

A todo momento chega alguém ofertan-do um novo negócio para você. Como administra estas demandas?Tento atender da melhor forma possível. Fui comprador, atendia 30 a 40 vendedores por dia. A todos eu atendia, todos eu abraçava, passava energia positiva e agradecia um por

um por fazer parte de minha vida. Sempre agradeço a meus colaboradores, meus forne-cedores e clientes.

Está feliz com o patrocínio do FC Cascavel?Muito satisfeito. Acredito muito no time forma-do dentro, e principalmente fora do campo. Só coloco dinheiro onde acredito. Acredito muito na diretoria do Cascavel. São pessoas que se doam, que investem seu tempo voluntaria-mente por uma causa que pode levar alegria para a cidade.

Você também vê semelhanças entre Cascavel e Chapecó?

“Cascavel é muito parecida com Chapecó. Tem tudo para

repetir a Chape no futebol. O trabalho da diretoria vai

levar o Cascavel a campeão paranaense”

Cascavel é muito parecida com Chapecó, tenho duas lojas lá. Cascavel tem tudo para repetir o desempenho da Chape no mundo do futebol. O trabalho de excelência que a diretoria vem fa-zendo, vai levar o Cascavel em algum momento a condição de campeão paranaense.

Todos conhecem sua admiração pelos EUA... Trump ou Obama?Estou para ver o que fará o Trump, cedo ainda, mas falo sobre o país. Me inspiro nos EUA por ser um país que acredita no empreendedor. Que deixa as pessoas livres para fazer o melhor. É um país capitalista, que acredita no trabalho, na excelência, do mérito. Não será distribuindo bolsa família que vamos crescer. Concordo em ajudar as pessoas que não tem meios de traba-lhar. Mas as que tem capacidade de trabalho tem que ganhar a vida trabalhando.

Jairo Eduardo

terá réplica da Estátua da Liberdade e uma 3a loja pode surgir no Catuaí

08 | [email protected]

TRIBUTAÇÃO

PAULO CÉSAR DA SILVA

CRCPR 022676/O-3

Contador, especialista em gestão empresa-rial, MBA em plane-jamento tributário e diretor do Centro Contábil Consultoria. Fone: 3305-7070

Agende esta data: este ano o prazo para a entrega da DIRPF - Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda – Pessoa Física inicia a partir do dia 02 de março e termina no dia 28 de abril, impreterivel-mente as 20 horas.

Estão obrigados a declarar os contribuintes que em 2016:a) receberam rendimentos tributáveis, superiores

a R$ 28.123,91; b) auferiram ganho de capital na venda de bens

ou direitos; c) receberam rendimentos não-tributáveis ou

tributados exclusivamente na fonte, acima de R$ 40.000,00;

d) obtiveram receita bruta superior a R$ 140.619,55 provenientes a atividade rural;

e) mantiveram bens e direitos em seu patrimônio acima de R$ 300.000,00;

f) venderam imóveis e se utilizaram da isenção sobre o ganho de capital pela aplicação do valor na aquisição de outro imóvel;

g) operaram em bolsas de valores, mercadorias, futuros ou assemelhadas;

i) se enquadraram em outras situ-ações que podem ser consultadas no endereço www.receita.fazenda.gov.br/

Limites de dedução: Da mesma forma que a tabela de

cálculo do imposto de renda, os valores dos limites para abatimento também sofrem reajuste a cada ano.

Na DIRPF 2017 o valor máximo de dedução com despesas para educação está fi xado em R$ 3.561,50 e o abati-mento por dependente está limitado a R$ 2.275,08, sendo obrigatório a

DIRPF 2017: hora de prestar contas

O recomendável é confi ar o cumprimento desta obrigação a um contador experiente

informação dos seus rendimentos, se houver. Por falar em dependente é bom lembrar que a partir

dos 12 anos de idade ele já deve ser inscrito no CPF para ser relacionado na declaração. As despesas com saúde não tem limites, mas aí está o maior vilão da malha fi scal.

Organize seus documentos: Separe seus informes de rendimentos fi nanceiros e

demais fontes pagadoras com antecedência, da mesma forma que as despesas dedutíveis como por exemplo: os relatórios anuais dos planos de saúde e previdência privada, despesas médicas e odontológicas.

Se você comprou ou vendeu algum bem móvel ou imóvel, guarde cópias dos comprovantes das transações para prestar a informação correta na

declaração.

Esteja entre os primeiros: Para os contribuintes que têm

direito a devolução de parte do imposto pago, é bom lembrar que quanto mais cedo entregar a declara-ção, mais rápido receberá o valor da sua restituição, mas normalmente, recebem prioritariamente nos pri-meiros lotes de restituição: os idosos e os portadores de defi ciência ou de doenças graves.

Não vacile na hora HDiante da complexa legislação

fi scal que rege o sistema tributário no país, o recomendável é confi ar o cumprimento desta importante obrigação a um contador experiente que poderá dar todo o suporte e se-gurança ao contribuinte do imposto de renda.

Para os contribuintes com direito a

devolução de parte do

imposto pago, é bom lembrar

que quanto mais cedo entregar a

declaração, mais rápido receberá o

valor da sua restituição”

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Jairo Eduardo

Quem circula pelas prefeituras da região – e de qualquer lugar do país - conhece bem o ritual para acessar a maior “otoridade” do município, o ilustríssimo chefe do Poder Exe-cutivo.

Alguns gabinetes são transformados em bunkers. Há mil barreiras, humanas ou mate-riais para chegar até vossa excelência.

Existe até “saída secreta”, quase um túnel, por onde o alcaide escapa quando não quer olhar para a cara enfadonha dos relegados ao “chá de cadeira” na antesala do gabinete.

Em parte, a blindagem pode até ser expli-

Prefeito cara a tapa

cada. Prefeitura é o lugar para onde acor-rem todos os desesperados. Trambiqueiros e “mordedores” também apreciam corredores palacianos.

Mas em Ibema o prefeito, de peito aberto, paga o preço de dizer sim ou não aos mais di-versos pleitos. Ao adentrar no Paço Munici-pal, Adelar Arossi - agora em seu terceiro mandato – já está no campo visual.

Caminhando mais dez passos, sem secretá-ria, sem aspones, sem gorilas na segurança, o contribuinte “tromba”, no térreo mesmo, na mesa daquele senhor sisudo, cabelos pratea-dos pelo luar do tempo.

O estilo durão de Arossi já lhe custou antipatias. Perdeu votos pela naturalidade com a qual diz “não”. Quando governou o pequeno município, entre 1997 e 2004, pulverizou as gordas lagartas da folha de pagamento.

E o município, muito antes de a re-forma fi scal entrar na agenda nacional, gastava somente 38% do orçamento com o funcionalismo.

Porém, as lagartas do empreguismo voltaram com a política “tapinha nas cos-tas” que sucedeu o “durão” em Ibema. E, recentemente, o município frequentou as páginas policiais, com direito a prefeito e secretário presos.

Hoje Ibema, com menos de R$ 1 mi-lhão de receita mensal, gasta quase R$ 700 mil com a folha. Arossi mandou cor-tar hora-extra o nomeou o estritamente necessário para o funcionamento da má-quina.

Mandou municipalizar o transporte escolar e a coleta do lixo. No primeiro ser-viço, pretende economizar R$ 2,1 milhões no mandato. No segundo, vai investir R$ 2,4 milhões em um incinerador de última geração que promete zerar o passivo am-biental.

Pretende prover o saneamento básico e deu uma ordem de inversão para a se-cretária de Agricultura e Meio Ambiente. “Agora você é secretária de Meio Ambien-te e Agricultura”, disse.

Em seguida, proibiu taxativamente o corte de árvores. “Estavam derrubando a arborização urbana para fazer lenha”, dis-se o durão.

Esse é Adelar Arossi, o cara que você vê da porta da Prefeitura. E que está mais pronto para dizer um “não” do que lhe dar um tapinha nas costas.

Vai encarar o prefeito cara a tapa?

Direto e reto

OS ELEITOS

Adelar Arossi, o durão, vê você na porta da prefeitura

Arossi em seu “gabinete a céu aberto”: direto e reto

COLUNA DO ASSINANTE

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Fotos: Jairo Eduardo

Bananeira que deu cachoTita é uma fi gura folclórica na rua Souza Naves. Cativa a todos

pelo sorriso fácil e humildade. Ele produziu um rústico escritório a céu aberto no estacionamento que administra. Ali tem cadeiras espartanas, som do rádio e cachos de banana. Porém, entre as 13 e às 15 horas pode haver um overbooking, quando se vende mais assentos do que o avião comporta. Tita tira de letra: bonifi -ca o cliente com bananas, cujo cacho recebeu como pagamento-de mensalista. Da mesma forma, no velho escambo ou permuta, Tita paga a assinatura do Pitoco há quase duas décadas.

Últimos jurunasO sargento Remberto Beliski ofere-

ceu um almoço a base de costelão em sua residência, na região do Lago, para mar-car sua transferência para a reserva. Ele vem de uma geração “em extinção” nos quadros do Exército Brasileiro, os “ju-runas’”. Eles fazem parte daqueles que incorporaram no fi nal dos anos 1980, e se destacaram em alguma especialidade. Assim, foram convidados a permanecer nos quadros como praças em cargos de confi ança. Em Brasília, é muito comum um “juruna” na condição de motorista do ministro, do presidente da República. A legislação mudou e não permite mais efetivação nos quarteis sem concurso pú-blico. Beliski e sua geração, assim sendo, após três décadas de caserna, são os últi-mos “jurunas”.

O general e a lavanderiaRecém chegado a Cascavel, Marcos de Sá

Affonso da Costa foi até uma lavanderia no centro. Poucos ali notaram a dimensão daque-le cidadão. Affonso da Costa é o comandante da 15A Brigada de Infantaria Mecanizada. Isso quer dizer que batem continência para ele três batalhões do Exército (Apucarana, Cascavel e Foz do Iguaçu) e outras seis unidades milita-res (entre elas Palmas, Guarapuava, Guaíra, Francisco Beltrão e Bento Gonçalves).

Leitor voraz, o general se interessou em co-nhecer a história da cidade. Recorreu ao livro do professor Vander Piaia (assinante Pitoco).

Na lavanderia, o comandante encontrou um exemplar do Pitoco. “Gostei do conteúdo instigante. E imediatamente contratei uma assinatura digital”, relatou o general durante as atividades do Território Sul, no Cascavel Velho, na presença dos secretários Fernan-

do Dillemburg (Seplan), Jorge Lange (Obras) e do prefeito Paranhos, a propósito, todos assinantes de longa data do jornal.

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Havia uma preocupação quase obsessiva do ceri-monial do governador, no Show Rural, em garantir as primeiras cadeiras do auditório para as “otoridades”.

Repetidas vezes, um sujeito foi ao microfone dizer aos desavisados que não ocupassem as primeiras ca-deiras. É prática generalizada. As melhores posições para os “mais importantes”.

O próprio poder ocupa-se de assegurar o status distinguido aos seus chefes e chefetes. Na aldeia tam-bém é assim. Na Escola de Governo do Paranhos, os novos inquilinos do Paço eram mais importantes que os réles pagadores de impostos.

Ali, as primeiras cadeiras estavam marcadas com a tarja “reservado”. Sugeri que eliminem isso. Afi nal, o prefeito Pa-ranhos, homem humilde, repete a toda hora que seu governo é de “políticas horizontais”.

O “não sente aqui”, o “reservado”, es-tabelecem uma hierarquia verticalizada, herdada daqueles “nobres” de Portugal, gente distinguida do sangue azul que lançou as bases do “Brasil primeiro--mundista” séculos atrás. As tarjas su-

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Não sente aqui!Cultura local põe o representante na frente do representado

miram. Ponto para a escolinha.

O fenômeno da distinção por “importância” se repete nos estacionamentos. Inclusive nos bancos pú-blicos. Na Caixa, agência centro, tem estacionamento para os funcionários. E não tem para os clientes. Não parece uma inversão?

Lembro de alguém daqui ter visitado a Alemanha e narrado algo que assustou sua formação cultural de “otoridade”. Lá, os que chegam primeiro ao evento, estacionam mais longe da entrada. Sem entender, o

brazuca perguntou atônito: “Por quê? Afi nal, tem vaga mais perto”.

Resposta do alemão: “Por alguma contingência, alguém pode chegar em cima da hora, e terá que ocupar o espaço que lhe garanta o caminho mais curto e rápido”. Difícil entender esses europeus, certo?

Só de corpo presente no auditório do Show Rural, viajei em pensamento no episódio da Alemanha. A voz do cerimonialista me trouxe de volta: “Senhores, repito: mantenham livre as primeiras cadeiras. As primeiras fi las estão reservadas...”

Hierarquia verticalizada,

herdada daque-les “nobres” de Portugal, gente distinguida do

sangue azul que lançou as bases

do Brasil primei-ro-mundista

séculos atrás.”

JAIROEDUARDO

Jornalista, criador e editor do Pitoco. Interaja com o editor: [email protected]. WhatsApp: 45 99113 1313

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PIONEIROS

Selvino e o mestreA homenagem ao veterano contador Selvi-

no Mucelin emocionou o plenário lotado da Câmara Municipal de Cascavel, no último dia 21. Após as saudações protocolares, a cargo do preponente, vereador Sidnei Mazutti, veio o momento mais comovente, preparado pelos fi lhos do homenageado.

O caçula Paulo Mucelin, sucessor do pai a frente do Escritório Contábil Mucelin, usou na tribuna da Câmara, uma parábola para descrever a trajetória do seo Selvino.

Contou a história da família de pequenos agricultores que vivia na pobreza, mas não abria mão da zona de conforto propiciada por uma vaquinha de leite, incumbida de sustentar o casal e três fi lhos.

A família, na parábola, recebeu a visita de um mestre com seu discípulo. Por orientação do guru, seu secretário, ás escondidas, lançou a vaquinha no precipício.

Anos depois, atormentado pelo que fi zera, o discípulo retornou ao sítio, e encontrou a família transformada, pujante e vencedora. Ali recebeu a seguinte explicação: “Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício, daí em diante tivemos que desenvolver habilidades que sequer sabíamos que tínhamos e assim alcançamos o sucesso”.

DESTINO INCERTODe alguma forma a história relatada por

Paulo guarda semelhanças com a trajetória do patriarca Selvino. Nascido em farta prole de minifundiários em solo gaúcho, o jovem foi convidado a se retirar. Não havia espaço na

As letras que comoveram o veterano profi ssional dos números

terra insufi ciente da família.

Foi o empurrão do destino, uma espécie de “queda para cima”. A partir dali, em “car-reira solo”, Selvino Mucelin construiu uma profi ssão vitoriosa de 56 anos no mundo da contabilidade.

Mas havia ainda mais emoções reservadas ao homenageado. O primogênito Carlos Alberto Mucelin quebrou a sisudez da sessão Legis-lativa com a voz afi nada e um violão. Carlos Alberto cantou Roberto para o pai. Cantou “Meu Querido Meu Velho Meu Amigo”.

“Esses seus cabelos brancos, bonitos/

Esse olhar cansado, profundo/ Me dizendo coisas, num grito/ Me ensinando tanto, do mundo.../E esses passos lentos, de agora/ Caminhando sempre comigo/ Já correram tanto na vida/ Meu querido, meu velho, meu amigo...”

Foi muito para o veterano profi ssional dos números, desprevenido emocionalmente para receber tanto afago das letras. Emocionado, ele ouviu a frase do fi lho Paulo, que resumiu a tarde: “A família, os amigos, os clientes e os parentes já lhe tinham com muito apreço. Agora a sociedade cascavelense reconhece sua trajetória e o seu valor”.

O casal Sonia e Selvino Mucelin, ladeado pelos fi lhos Carlos Alberto e Paulo: tra-jetória inspiradora

do agronegócio é obvia (73%); seguido por adubos e fertilizantes (14%) e metal mecânica (13%).

O interessante é que nossos principais compradores estão do outro lado do mundo, falam mandarim e se dizem comunistas (mas ninguém acredita). Não fossem eles seriamos um pouco mais pobres, ou um pouco menos ricos.

Como prova de que o comércio internacional pode ser uma excitante gangorra, as exportações casca-velenses para a China deste janeiro deram um salto com relação a janeiro anterior, razão sufi ciente para

se esperar um ano profícuo e comi-chões de felicidade na ousada turma do agronegócio.

No meio da euforia serotônica do agronegócio o ano de 2016 demonstrou aos ufanistas cascavelenses que o comércio internacional é uma via majestosa porém incerta. Mudanças nos humores do dólar e dos merca-dos externos fazem a pauta das exportações da Capital do Oeste oscilarem como a biruta do nosso aeroporto.

Cascavel fi cou em 8º lugar na lista dos principais municípios exportadores no Paraná, perdeu duas posições e viu seu saldo bruto cair “apenas” 31,59%. Em termos de verdinhas, isto signifi cou menos 134 milhões de dólares, ou algo em torno de meio bilhão de reais pelas cotações da época.

Descontando-se as importações, nas quais também não somos fracos, ainda restou um saldo de 123 milhões de ver-dinhas.

Estes dados preocupam? De forma geral não colocam em risco a estável composi-ção do PIB local. Uma das vantagens com-parativas da “Capital do Oeste’ é possuir um setor primário robusto (a agricultura), um secundário (serviços e comercio em geral) muito desenvolvido e um terciário (indústrias) ainda na sua adolescência, ou seja, crescendo.

Na pauta das exportações a prevalência

ECONOMIA

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O interessante é que nossos

principais com-pradores estão

do outro lado do mundo, falam

mandarim e se dizem

comunistas (mas ninguém

acredita)”

A Cascavel exportadora

VANDERPIAIA

Economista,professor da Unioestee escritor

Ivan

Bue

no /

APPA

Oscilações enlouquecem a biruta do aeroporto

18 | [email protected]

ACONTECE

Cascavel, sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017 - Ano XXI - Nº 2049- Clipping News Agência de Notícias - (45) 3037-5020 - www.pitoco.com.br - [email protected]

Editor: Jairo Eduardo - Editoração: HDS

Latido da telaGuido Bresolin Jr., que deverá ser re-

conduzido à presidência do Sicoob Credica-pital por meritocracia, aponta para o aplica-tivo do Pitoco no celular do gerente Antonio Bordini Jr.

Jair

o Ed

uard

o

Os lendáriosNo estúdio da Colméia, Ado Junior en-

trevista o ícone da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, Jair Lemos.A simpática equipe

de RH da loja do FC Cascavel no JL Shopping teve o olhar clínico do empresário Gilberto Lorenzi, conselheiro da equipe e diretor da Dinâmica Recursos Humanos.

Loja doCascavelão

Charge do Jair