Glutamina

A glutamina é o mais abundante aminoácido do corpo humano, representando

aproximadamente metade dos aminoácidos livres no sangue e nos músculos. Como

se trata de um aminoácido não essencial, a glutamina pode ser produzida no corpo

graças à conversão de outro aminoácido, o ácido glutâmico (primariamente pelo

músculo esquelético e pelo fígado). A glutamina exerce duas funções principais no

corpo: como precursora na síntese de outros aminoácidos e na conversão de glicose

em energia. As células do sistema imunológico, do intestino delgado e dos rins são os

principais consumidores de glutamina, tornando muito frequentes as alegações de que

ossuplementos de glutamina estimulam a imunidade e promovem a manutenção

imunológica. Além disso, por causa de uma relação periférica com o controle da

resposta imunológica e da inflamação, existem declarações de que os suplementos de

glutamina mantém a massa muscular, reduzem o catabolismo (degradação do tecido

muscular) pós exercício físico e aceleram a recuperação de exercícios intensos.

O treinamento desportivo intenso promove uma queda dos níveis plasmáticos de

glutamina. Níveis cronicamente baixos de glutamina foram implicados como um

possível fator contribuinte para a síndrome de treinamento atlético excessivo, assim

como para a imunossupressão transitória e aumento do risco de infecções que

tipicamente acompanham os atletas competitivos durante treinamento intensivo e

competição. Em condições de estresse metabólico, a demanda corporal de glutamina

pode-se tornar condicionalmente essencial, o que significa que o organismo não

consegue produzir níveis adequados e uma fonte dietética passa a ser necessária

para evitar o catabolismo do músculo esquelético, a fonte primária da glutamina

armazenada no corpo.

Os suplementos de glutamina são relativamente baratos em comparação com outros

suplementos de aminoácidos. Para as pessoas submetidas a níveis elevados de

estresse, como aquelas que se recuperam de  lesões, intervenções

cirúrgicas ou exercícios intensos, os suplementos de glutamina representam uma

maneira econômica de promover reparação tecidual, reduzir o catabolismo muscular e

ajudar a prevenir infecções.

Quando os níveis plasmáticos de glutamina caem, os músculos esqueléticos podem

entrar em um estado de catabolismo, no qual a proteína muscular é degradada, para

fornecer glutamina livre para o resto do corpo. Visto que os músculos esqueléticos são

a principal fonte de glutamina (exceto a dieta), déficits prolongados de glutamina

plasmáticas podem resultar em perda significativa de proteína dos músculos

esqueléticos e da massa muscular.

Nos últimos anos, vários estudos foram realizados sobre os suplementos de glutamina

em atletas, e a sua participação no suporte do sistema imunológico comprovadamente

evita infecções após episódios de atividade física intensa (que tendem a reduzir os

níveis plasmáticos de glutamina) (Castell e Newsholme, 1997;  Smith e Norris, 2000).

Já foi constatado que os suplementos de glutamina combatem os efeitos catabólicos

(desgaste muscular) de hormônios de estresse, como cortisol, que são tipicamente

aumentados pelosexercícios físicos de resistência.

A função da glutamina na estimulação da enzima que controla a síntese e o

armazenamento de glicogênio nos músculos e no fígado pode ser o mecanismo pelo

qual os suplementos de glutamina promovem aumento das reservas de energia.

Acredita-se também que a glutamina aumente o volume das células e que possa

estimular a atividade de enzimas no fígado e nos músculos envolvidos no

armazenamento de glicogênio, assim como aqueles envolvidos em atividades

anabólicas como a síntese proteica.