GLOBO de RURAL,15 ANOS -...

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Festa rura l Logo : passaporte de embarque porn o Iwterlor do Brasil Atenção, gravando: no ar mais um campeão de audiênci a GLOBORURAL,15 ANO S A única desgraça dess e programa é qu e jornalista não acorda ced o por José Hamilton Ribeiro "O senhor vá ver, em Goiás, como n o mundo cabe mundo " Guimarães Ros a C arlos Nascimento foi o primeir o apresentador do Globo Rural . Ele conta: - Nos corredores da Globo se dizia : isso não dura dois meses . Neste ano de 1995, Globo Rural com- pleta 15 anos . E um programa estável n a "grade" da Globo, em pesquisas nacionais aparece como programa de "grande prestí- gio" e é um "campeão" de Ibope . Campeão absoluto no horário e na comparação co m outros programas do gênero . E bem colo- cado na lista dos programas jornalísticos d e qualquer tipo da televisão brasileira U m levantamento do Unidnle, jornal do Sindi- cato dos Jornalistas do Estado de São Pau- lo, com base em números de audiência des - ta nossa revista IMPRENSA, mostrava no ano passado o Globo Rural como um do s mais vistos do Brasil, só abaixo do Jornal Nacional, São Paulo Jcí, Globo Repórter e Fantástico. E no mesmo patamar do Aqu i Agora e Jornal da Globo como qual pas- sou, neste ano, a disputar colocação (Vej a quadro atualizado no fim da matéria) . Em sua edição de abril/94, dedicada ao jorna- lismo agropecuário, escreveu o Unidade: " . .. Nas demais estações, mesmo con- tando programas de horário nobre e de in- teresse geral, não há nenhum outro tão vis - to . Com efeito, não existe nenhu m programa com mais audiência que o Glo- bo Rural em toda a grade de atrações d a Zi Hamilton : colecionando causos Manchete, da Bandeirantes, da Record, da CNT/Gazeta ou da TV Cultura . Mesm o contando novela, shows e jogo de futebol ." O que o Globo Rum/ conqusitou, nesses 15 anos, foi atenção da crítica, na imprensa es - crita. Muita gente já percebeu que a imprens a escrita não cobre o Brasil; as revistas e os gran- des jornais o máximo que conseguem é olha r (um pouco) para São Paulo, Rio e Brasília . O mandão brasileiro, o Brasil real das matas e quebradas - esse fica longe da roída de papel . No caso do "esquecimento" da mídia es- crita em relação ao Globo Rural, há uma ex- plicação adicional : jornalista não acorda cedo . Daí, não vê Globo Rural - que passa às 9 horas da manhã de domingo . Como ele , pessoalmente, não vê, é como se não existis - se . Segue-se que programas da madrugada , às vezes com traço no lbope, acabam mere- cendo mais atenção da crítica do que pro - gramas matutinos (e não só Globo Rural) . Mas, com notícia nos jornais ou não , o programa deTV Globo Rural chega ao 15° ano com muita saúde, com muita s idéias e com vários "subprodutos", u m deles a pintar ainda este ano . 7n IMPRENSA - MARÇO 1995

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Festa rural

Logo : passaporte de embarque porn o Iwterlor do Brasil Atenção, gravando: no ar mais um campeão de audiência

GLOBORURAL,15 ANOSA única desgraça desse

programa é quejornalista não acorda ced o

por José Hamilton Ribeiro

"O senhor vá ver, emGoiás, como no

mundo cabe mundo "Guimarães Rosa

C arlos Nascimento foi o primeiroapresentador do Globo Rural .Ele conta:

-Nos corredores da Globo se dizia :isso não dura dois meses .

Neste ano de 1995, Globo Rural com-pleta 15 anos. E um programa estável n a"grade" da Globo, em pesquisas nacionaisaparece como programa de "grande prestí-gio" e é um "campeão" de Ibope . Campeãoabsoluto no horário e na comparação comoutros programas do gênero . E bem colo-cado na lista dos programas jornalísticos d equalquer tipo da televisão brasileira U mlevantamento do Unidnle, jornal do Sindi-cato dos Jornalistas do Estado de São Pau-lo, com base em números de audiência des -ta nossa revista IMPRENSA, mostrava noano passado o Globo Rural como um dosmais vistos do Brasil, só abaixo do Jornal

Nacional, São Paulo Jcí, Globo Repórter eFantástico. E no mesmo patamar do AquiAgora e Jornal da Globo como qual pas-sou, neste ano, a disputarcolocação (Vejaquadro atualizado no fim da matéria) . Emsua edição de abril/94, dedicada ao jorna-lismo agropecuário, escreveu o Unidade:

" . .. Nas demais estações, mesmo con-tando programas de horário nobre e de in-teresse geral, não há nenhum outro tão vis -to. Com efeito, não existe nenhu mprograma com mais audiência que o Glo-bo Rural em toda a grade de atrações d a

Zi Hamilton : colecionando causos

Manchete, da Bandeirantes, da Record, daCNT/Gazeta ou da TV Cultura . Mesm ocontando novela, shows e jogo de futebol."

O que o Globo Rum/ conqusitou, nesses15 anos, foi atenção da crítica, na imprensa es-crita. Muita gente já percebeu que a imprens aescrita não cobre o Brasil; as revistas e os gran-des jornais o máximo que conseguem é olhar(um pouco) para São Paulo, Rio e Brasília . Omandão brasileiro, o Brasil real das matas equebradas - esse fica longe da roída de papel .

No caso do "esquecimento" da mídia es-crita em relação ao Globo Rural, há uma ex-plicação adicional : jornalista não acordacedo . Daí, não vê Globo Rural - que passaàs 9 horas da manhã de domingo . Como ele ,pessoalmente, não vê, é como se não existis -se . Segue-se que programas da madrugada,às vezes com traço no lbope, acabam mere-cendo mais atenção da crítica do que pro-gramas matutinos (e não só Globo Rural).

Mas, com notícia nos jornais ou não ,o programa deTV Globo Rural chega ao15° ano com muita saúde, com muitasidéias e com vários "subprodutos", u mdeles a pintar ainda este ano .

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Apresentadores: Nelson Araújo, Olga Vasonl e Fábio Perez dividem o comando

0 programa, que ia durar dois meses,chega ao 15 ° ano ganhando um ponto do Ibope

por ano e já figura em 6 °luga rentre os maiores noticiosos de TV do país .

Correição decarrapato, berne

na cabeça e o"grito de guerra "

Nesses 15 anos de vida, Globo Ruralteve um "pisoteiro" razoável . Viu gente desua equipe ganhando prêmios, mas viu tam -bém a tragédia (o repórter cinematográficoWilson da Mata morreu em desastre de au -tomóvel) . Com três equipes permanente-mente em viagem, percorre por ano o equi-valente a mais do que uma volta ao mundo,e aí vão acontecendo coisas .

Numa viagem ao Planalto Central, ocar-ro da equipe foi assaltado e levaram a câmera;em Salinas (MG) um boi deu um coice n orepórter, que foi atirado longe ; no Pantanal,num ponto do Rio Paraguai mais infestadode piranha, o barco virou, jogando todomundo na água; e no Paraná, o carro ca-potou ; numa viagem ao Mato Grosso, aequipe foi atingida por correição de carra-pato, berne e bicho-de-pé . Um técnico che-gou a São Paulo com oito bernes na cabeça.

Para as viagens, as equipes desenvol-veram até um "grito de guerra" . Assim queo carro está pronto, faz-se a vistoria da car-ga (câmera, tripé, iluminação etc) ; estan-do tudo em orgem, alguém proclama :

- E sal?- Sal-ternos !- E gás ?- Gas-temos !- E ingá ?- Ingá-temos !- E mé?- Mé - não temos! Mas m6-teremos . . .

Pereira: editor-chefe desde o inícb

Oquesecolhe numa roça de

milho? Feijoada ,mamadeira, uísque. ..Um programa durar 15 anos na TV

brasileira, principalmente numa casa exi-gente e competitiva como a Globo, é u mfato que merece discussão . Haverá for -mas de examinar o resultado ascendent edo Globo Rural (que vem crescendo àmedida de um ponto do Ibope por an o- atualmente por volta de 13) . Umadelas é ver o que o programa não é, fa-zendo-o escapar de armadilhas e estere-ótipos que levaram a desgraça muitasiniciativas anteriores . São quatro nega-tivas principais :• Globo Rural não é um program aagropecuário ;• Globo Rural não é um programa deexpertos ;• Globo Rural não é uma tribuna;• Globo Rural não tem uma fórmul a

O primeiro não do Globo Rural e o

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Reportagem em Minas Gerais: atoleiro no caminh o

mais importante . Se o programa se dei-xasse engessar pelo conceito de que é umprograma agropecuário, no sentido téc-nico, não teria a possibilidade d edescortinar todo o horizonte do mundorural brasileiro . O elemento mais impor-tante do mundo (seja rural ou não) é ohomem . Na medida em que se põe umprograma do mundo rural e, assim, dohomem rural, o Globo Rural deixa de terum formato técnico - tecnocrático o upragmático - e alcança o ser humano e mtoda a extensão de sua luta e de sua vida .Contempla a atividade agropecuária, élógico . Mas não só . Há também o lad olúdico, o corte religioso, a parte cultural ,esportiva, social etc . E a formidável di-mensão ecológica do mundo rural . Comisso, o programa abriu sua pauta para u mhorizonte cheio de luz e praticamente sem -fim. Isso então tem-lhe permitido ser umgerador contínuo de documentários sobrea vida brasileira de hoje no campo, sej aem atividades religiosas (a Festa do Di -vino, em Goiás), seja em atividade eco-nômica (a indústria de pinga ou o comér-cio de gado no Pantanal), seja a lut afundiária (os "Brasiguaios de Mato Gros -so"), seja a cultura popular (como se fa zuma viola de cocho ou como se aprend eafinar violão usando rabo de cobra etc) .

A amplitude da "pauta" do GloboRural pode-se tirar de uma afirmaçãofreqüente do editor-chefe, HumbertoPereira :

- Numa roça de milho, o que vocêcolhe? Você colhe feijoada, mamadeira,uísque . . .E tudo assunto nosso. . .

Numa visão tecnocrática, numa roç ade milho se colhe milho, mas a visão jor-nalística permite essa abertura na direçãodo que significa o milho, com todos seu ssubprodutos e relações .

Nesse sentido, o universo do GloboRural é tudo, ou quase tudo, na medidaem que dificilmente se pode pensar nu massunto (ou num produto) que nada tenhaa ver com produção rural . Num automó-vel de luxo, por exemplo, quantos são o sitens que dependem do campo? Madeira,pneu, couro, fibras, petróleo . . . E assimque o programa acaba entrando tambémnas grandes cidades . São Paulo, a nossa"maior de todas", já foi personagem doGlobo Rural como maior consumidora d oBrasil, de rapadura, farinha, madeira .

E a integração legítima entre o cam-po e a cidade, hoje objeto do badalad oagro-business, ou seja, o complexo agro -industrial .

É o único lugar daGlobo que pode

ter repórter feioA segunda negativa importante do Glo-

bo Rural é a de não ser um programa d eexpertos, estejam eles no governo ou nasentidades ruralistas . E uma negativa àfalação, à deitação de regra (para não cai rem expressão mais forte, porém chula) .

A equipe do Globo Rural vai à roça,ao mangueiro, à invernada . O program abusca retratar o homem no flagrante desua batalha diária, no carrascá do rodeiode gado, no pó da terra arada e no barrodo curral (mesmo se tiver bicho-de-pé) .De um lado, essa decisão evita o home mque fala bonito (e até fala certo) : falaçãoé um perigo; afinal, falar é fácil . . . (E ou-vir é uma arte . )

Ao mesmo tempo em que evita afalação, o programa privilegia a imagem, ocenário, a ação. Afinal, TV é imagem, comodizem os professores de jornalismo . Comisso, veio a busca de uma linguagem sim-plese comunicativa, a mais próxima possí -

o pantanal : repórter cavaleiro

vel do jeito de se expressar do homem docampo. O programa, como um todo, alcan-çou um nível de comunicação apropriad ocom seu público, sendo que, no dia-a-dia,um repórter consegue isso melhor do que ooutro, por conta do temperamento, de ex-periência anterior, até de sotaque e afinida-des, mas, nesse caso ou naquele, sem preju-ízo do conceito e do recado. Sem temo, semgravata, o repórter do Globo Rural não tempor que se preocupar com a aparência . Fa -lam ou entrevistam, a cavalo, dentro de bar-co, até em cima de árvores.

O fato contocomo o fato foi:

Ladrão éladrão, boi é boi

Embora muitas vezes instado a isso(por interesses corporativos, conjunturaseleitorais ou fatos de conveniência), Glo-bo Rural nunca se pôs como trincheiranem se atribuiu atividade missionária de"salvação da lavoura" . (Só existe um va -lor absoluto : a proteção da natureza, dosolo, da água e das condições de saúde d equem trabalha no campo. )

E um programa de TV com a preocu-pação maior de ser um bom programa d eTV. Seu compromisso é com a clareza, ainformação precisa e atual, o serviço bem-servido, a orientação pertinente, atual eapropriada. Precisa ter ritmo, pauta, pique ;cuida para que o exemplar que a cada do-mingo vai ao ar seja absorvido com prazere rendimento pelos espectadores .

Os jornalistas que dirigem e fazem oprograma têm obrigação de conhece r

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incursão internacional : Globo Rural vai à China

cada vez mais o seu campo de atividade ,mas o objetivo é que se tomem bons jor-nalistas, e não técnicos .

A assessoria veterinária, agricultura ,zootecnia e outras áreas é feita por pro-fissionais do ramo, da casa ou de fora, mascada um é cada um .

Jornalista é jornalista; técnico é téc-nico : cada um na sua .

Pode fazerencerramento

com casa deJoão de Barro?

Outro não fecundo do Globo Rural éque ele é mutante, em constante alteração .Embora tendo seções fixas (como merca -do, cartas etc) e um formato que implicaem matérias de abertura, de meio e de en -cerramento, a ordem desses itens vive di -namicamente em mutação . "Encerramen -to" geralmente é a reportagem com mai sespaço, de acabamento esmerado, com al -gum "charme", mas já houve casos do en-cerramento se fazer com matéria de mer-cado ou mesmo com uma correspondênci ade espectador. A resposta a uma carta so-bre se é verdade que o João de Barro apri-siona até a morte sua companheira, cas oesta o traia com outro passarinho, trans-formou-se em encerramento, com todas ashonras . Outra questão fundamental é queo programa vive sob intensa crítica inter-na. Há uma reunião de "pau e pauta" n asegunda-feira, de pelo menos três horas ,com toda a equipe ; e outra na quarta, àsvezes mais longa ainda, de crítica e corre -ção de matérias que ainda não foram ao ar .

t eanual para discussão global do programa,suas falhas, vícios e que novos caminhospodem-se abrir.

Foi num dos primeiros seminários quesurgiu a proposta - adita pela chefia - d ese criar um "vídeo-show" (a reunião da squartas-feiras) de crítica e acerto dos progra-mas a irem ao ar. Antes, essa crítica se fazia"a posteriori" ; se a reportagem carregasse umvício, uma vacilação ou, como se diz lá, umgrande "erro de engano" na parte técnica, omais que se podia fazer, já tendo a matéri aido ao ar, era chorar o leite derramado . Ago-ra, não se deixa mais o leite derramar : faz -se a reunião antes . No seminário tambémse lava a roupa suja interna e, pelo meno saté hoje, nunca faltou água nem sabão .

No pé da história :Mercadante, Sílvia

Poppovic, Patarra . . .Luiz Fernando Mercadante, tido com o

"príncipe dos repórteres brasileiros" por

seu trabalho na revista Realidade (repor-tagens e opiniões que ele reuniu no livr oVinte Perfis e Uma Entrevista, recente -mente lançado) era o Diretor de Jornalis-mo da Globo em São Paulo quando che-gou a decisão da emissora de se criar, nabase paulista, um "programa de rede, vol-tado ao mundo da terra" .

Conta Mercadante que acreditou n oprograma desde a primeira hora :

- A coordenação ficou com oHumberto Pereira, e pedi ao Nascimentopara ser o apresentador, por causa do se ujeitão do interior.

Do grupo original do Globo Rural sórestam hoje o repórter Ivaci Matias, ocinegrafista Ivo Coelho e o próprio edi-tor-chefe Humberto . A equipe se alterou ,com muita gente entrando e saindo. Umagrande profissional de TV começou al isua "vida artística", na seção de cartas :Silvia Poppovic . E importantes jornalis-tas passaram pelo Globo Rural , comoPaulo Patarra, Carlos Azevedo (autor d asérie da boiada, que é a reportagem maisretida na memória do telespectador doGlobo Rural , seguida pela "Caçada d aOnça" que eu próprio fiz), Odair Redon-do, Ninho de Morais, José Marcio Penido ,Flávia Adalgisa, Sérgio Roberto Ribeiro ,Ricardo Gontijo, Afonso Mônaco, JoséRoberto Burnier, Ricardo Kostcho, entr eoutros.

A chefia do Globo Rural é feita já hábastante tempo por uma trinca de ases ,dois deles ex-frades. E no mínimo garan-tida a correção dos nomes em latim deplantas e animais .

Já deu frutose subprodutos :

vem aí a"Rede Rural "

Quando o programa de TV comple-tou cinco anos, gerou e deu luz à revistaGlobo Rural, que se transformou, em 85 ,no "maior lançamento editorial do ano" .Em outubro agora ela completa dez anos.Com Globo Rural , a Editora Globo que-brou, pela primeira vez, a hegemonia atéentão tabu da Editora Abril : todas as re-vistas-líderes, em qualquer segmento ,eram da Abril . Só a partir da revista rura lé que a Editora Globo passou a morder ocalcanhar do Império Civita .

A revista é um marco porque foi aprimeira publicação voltada ao campo aser feita com jornalistas que puderam dis -

Culminando o processo de permanen-crítica e revisão, há um "seminário"

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Por terra, água e ar: meios de transportes inusitados.. .

. . .ou, simplesmente, inexistente spor de recursos técnicos e financeiros .Até então, as publicações rurais - in-clusive os suplementos de jornais - o ueram feitas por jornalistas (malpagos )que não entendiam de agropecuária ; oupor agrônomos e veterinários ( igualmen-te malpagos) que não sabiam escrever.

A revista Globo Rural, a partir do edi-tor-chefe, eu mesmo, com salário compa-tível, contava com a equipe de editores d oprograma de TV, mais o esforço referencia lde Sérgio de Souza, Guilherme da CunhaPinto, Ricardo Bi, José Trajano e outros .(Atualmente, programa e revista têm re -dações separadas e autônomas) . Ossubprodutos do Globo Rural estão aumen-tando: está em pauta, ainda para este ano ,um Globo Rural diário, na própria Globo .E está em gestação uma "Rede Rural" derádio. Trata-se de uma cadeia de rádios ,para cobrir todo o país, com 20 horas diá-rias de transmissão, e com um program atodo ancorado na "pauta e no espírito"doGlobo Rural da TV.

Cria boie a galinha,

e aindanamora a vizinha

A fórmula, a proposta e os resultadosdo Globo Rural vêm chamando a aten-ção dos pesquisadores, principalmente o sque se dedicam à comunicação rural .

Várias teses acadêmicas, em nível d emestrado e doutorado, usaram o Globo Ru-ralcomo assunto. A última delas foi na Uni -versidade de Santa Catarina, num concurs opara escolha do professor titular (antigo "ca-tedrático") da cadeira de jornalismo .

O assunto foi o universo das cartas qu eGlobo Rural recebe, em número e cons-tãncia jamais vistos na imprensa brasilei-ra . Há um cálculo nessa tese de que se oEstadão recebesse cartas na mesma pro-porção do Globo Rural , passaria, dos 2 0envelopes que hoje chegam diariamente ,para 1 .300 : teria de montar um a"redaçãozinha"só para ler e catalogar ess acorrespondência .

As cartas parece seguirem o espírit odo programa . Esta veio de Botucatu, Sã oPaulo :

"Diga o cidadão da roça ,Que produz alimentação .Traz o leite na cidade ,Voltando traz requeijão .Cria boi e a galinha,Ainda namora a jizinha ,moina flor do meu sertão ."

0 PLACAR DOS TELEJORNAI S

1 2 lugar Jornal Nacional 42(* )

lugar São Paulo-Já 4 1

lugar Globo Repórter 3 5

lugar Fantástico 2 8

lugar Jornal da Globo 1 8

'62 lugar GLOBO RURAL 1 3 ----------- -

lugar Aqui Agora 1 0

8 g lugar TJ Brasil 8

92 lugar Jô Soares 11 e meia 7

10° lugar Bom Dia SP 3

o (1 P . •s do Ibo -- Apuração rea izadapelo . . . . em ombro/94 e publicada na'vista IMPRE SA MÍDIA n 4 5 - Fevereiro/95

x74 IMPRENSA - MARÇO 1995