GILMAR SEVERINO DE MOURA -...

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FBV - FACULDADE BOA VIAGEM CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CURSO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL GILMAR SEVERINO DE MOURA Mudança na legislação societária lei 11.638/2007: um estudo fenomenológico junto a profissionais de contabilidade da Região Metropolitana do Recife PE Recife, 2012

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FBV - FACULDADE BOA VIAGEM

CENTRO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CURSO MESTRADO PROFISSIONAL EM GESTÃO EMPRESARIAL

GILMAR SEVERINO DE MOURA

Mudança na legislação societária lei 11.638/2007: um estudo fenomenológico junto a

profissionais de contabilidade da Região Metropolitana do Recife – PE

Recife, 2012

GILMAR SEVERINO DE MOURA

Orientadora Professora Drª. Maria Auxiliadora Diniz de Sá.

Mudança na legislação societária lei 11.638/2007: um estudo fenomenológico junto a

profissionais de contabilidade da Região Metropolitana do Recife – PE

Dissertação de mestrado apresentada como requisito

complementar para obtenção do grau de Mestre em

Gestão Empresarial do Centro de Pesquisa e Pós-

Graduação em Administração - CPPA da Faculdade

Boa Viagem – Devry Brasil.

Recife, 2012

Dedico este Trabalho especialmente à minha

querida professora e orientadora Maria Auxiliadora

(Dorinha), pelo seu entusiasmo, sabedoria,

paciência, e incentivo.

AGRADECIMENTOS

Esta parte do trabalho para mim tem uma importância especial, é aqui que eu quero

externar meus sinceros agradecimentos: À Deus pela sua infinita bondade e misericórdia

permitindo a minha existência, a meus pais Severino Moura e Josefa Miguel, pois sem eles

minha historia não teria começado.

A minha querida e amada esposa Albênia Dias que durante esta jornada sempre esteve

do meu lado me apoiando e incentivando com suas palavras e seus gestos carinhosos.

As minhas queridas filhas Marcele e Mariane que são os frutos da minha vida, os meus

eternos amores.

As minhas irmãs, meus sobrinhos e sobrinhas por entenderem a minha ausência nesse

período.

A minha Professora e orientadora Maria Auxiliadora Diniz de Sá (Dorinha), por me

orientar com tanta paciência, entusiasmo e competência, pelo exemplo de humildade e amor

ao próximo, por me fazer acreditar no melhor, pelo amor à cultura organizacional,

competência e profissionalismo.

A Professora Lúcia Barbosa, pelo comprometimento no início da caminhada quando

tudo era novidade, pelo carinho, pelas cobranças, pela competência e especialmente pelo

profissionalismo.

Ao Professor James Falk, pelo carinho, competência, entusiasmo e pela transmissão do

conhecimento. Um estrangeiro brasileiro, um exemplo de profissional que muito admiro e

respeito.

Ao Professor Augusto, pela paciência, ajuda, dedicação, espírito de colaboração e

sobre tudo pelo profissional exemplar.

A Secretária do mestrado Albina Simões pela paciência com os alunos que sempre

chegam com seus problemas, pela disposição em ajudar e por sempre nos receber com

carinho. Meu muito obrigado.

A todos os funcionários da Faculdade Boa Viagem. Cada um tem a sua importância e

contribuição direta ou indiretamente com esse trabalho.

Aos profissionais (Contadores) que muito me ajudaram respondendo o questionário.

A todos os alunos do mestrado pelo espírito de companheirismo, pelos trabalhos

realizados juntos, pela ajuda nos momentos cruciais, especialmente Heloíso Jr. Malta pelo

companheirismo e amizade.

“As ideias que defendo não são minhas. Eu as tomei

emprestadas de Sócrates, eu as roubei de

Chesterfield, eu as furtei de Jesus. E se você não

gostar das ideias deles, quais seriam as ideias que

você usaria?” (Dale Carnegie)

RESUMO

A contabilidade no Brasil passa por um processo de harmonização com as normas

internacionais de contabilidade, porém para o sucesso dessa transição foi preciso alterar a

legislação societária através da Lei 11.638/2007, que trouxe mudanças significativas para os

profissionais de contabilidade, que passaram a conviver com alguns problemas

organizacionais, culturais e jurídicos. A mudança na legislação societária substitui o modelo

baseado em princípios por outro baseado em normas, onde a essência econômica dos fatos

prevalece sobre a forma jurídica. Esta dissertação buscou trazer ao conhecimento acadêmico

aspectos relativos a mudança na legislação societária lei 11.638/2007, e por consequência os

impactos dessa mudança junto aos profissionais de contabilidade e das organizações que vem

enfrentado um processo de grandes mudanças nas práticas contábeis. O local definido para

realização da pesquisa foi a região metropolitana de Recife-PE, e escolheu-se a abordagem

qualitativa, principalmente por se configurar como uma forma adequada para compreender a

natureza de um fenômeno social, alem de ser uma alternativa viável ao investigador. Para

coletar os dados da pesquisa, foram enviados questionários para 35 contadores em diferentes

empresas da Região Metropolitana do Recife dos quais 20 questionários retornaram

respondidos, representando 57,14% do total de questionários enviados. A pesquisa propôs-se

a identificar a percepção dos profissionais de contabilidade com relação a significados,

sentimentos, oportunidades e pressupostos culturais; (mitos, valores, crenças, normas e tabus),

face à mudanças na legislação societária lei 11.638/2007. Analisado os dados coletados,

conclui-se que em sua maior a mudança na legislação societária é percebida como positiva,

constatam-se significados, sentimentos importantes e também uma visão de oportunidades

de crescimento profissional. A maioria dos profissionais considera a mudança como

renovadora.

Palavras Chave: Mudança, Legislação Societária e Contabilidade.

ABSTRACT

The accounts in Brazil goes through a process of harmonization with international accounting

standards, but to the success of this transition was necessary to change the corporate

legislation through Law 11.638/2007, which brought significant changes to the accounting

profession, who used to deal with organizational, legal and cultural problems changing in

corporate law replaces the model based in principles for another one based in norms, where

the economic essence of the facts prevail over legal form. This paper sought to bring

academic knowledge aspects of the change in corporate law 11.638/2007 and consequently all

impacts motivated by all changing for accounting professionals and organizations that

actually has faced big changing in accounting practices. The metropolitan area of Recife-PE,

was the place chose to apply this researcher, decided to use a qualitative approach mainly due

to consider this appropriate way to understand a social phenomenon of the nature. To collect

the data, were sent 35 questionnaires to professional accountings different companies located

in Metropolitan area of Recife counters in the Metropolitan Region of Recife, 20 of the those

35 questionnaires were was answered and resent to us, that represents 57,14% of the sample.

The purpose of this researcher is identify the perceptions of accounting professionals in

respect meanings, feelings, opportunities and cultural assumptions; (myths, values, beliefs,

norms and taboos), due to changes in corporate law 11.638/2007. The location defined for

the research was the metropolitan area of Recife-PE, and chose a qualitative approach, mainly

because it set as an appropriate way to understand the nature of a social phenomenon, besides

being a viable alternative to the researcher. Returned questionnaires of which 20 responded,

representing 57.14% of total questionnaires sent. The research aimed to identify the

perceptions of accounting professionals regarding the, due to changes in corporate law

11.638/2007. After Analyze data, its conclude that the biggest changing in corporate law is

consider positive, and them meanings, important feelings and also a vision of professional

growth opportunities. Most professionals consider the change as renovator.

Keywords: changing, Corporate Law and Accounting.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Os múltiplos atributos da Mudança Organizacional .................................. 21

Quadro 2 - Alguns tipos de Mudança Organizacional .................................................. 22

Quadro 3 - Modelo de resistência individual de Mudança ............................................ 29

Quadro 4 - Pressupostos clássicos sobre resistência à mudança e possíveis

contrapressupostos .................................................................................

35

Quadro 5 - Características gerais do conceito de cultura organizacional ................... 41

Quadro 6 - Composição do CPC .................................................................................... 48

LISTA DE SIGLAS

S/A - Sociedade Anônima

CFC - Conselho Federal de Contabilidade

IASC - International Accouting Standards Committee

IASB - International Accouting Standards Board

IFRS - International Financial Reporting Standars

IBRFACON - Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes

SEC - Securites and Rxchange Commission

CVM - Comissão de Valores Imobiliários

CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis

ABRASCA - Associação Brasileira das Sociedades de Capital Aberto

APIMEC - Associação dos Profissionais e Investidores do Mercado de Capitais

BOVESPA - Bolsa de Valores de São Paulo

FIPECAF - Fundação Instituto de Pesquisa contábil Atuárias e Financeira

BACEM - Banco Central do Brasil

SUSEP - Superintendência de Seguros Privados

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 13

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................ 17

1.1.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 17

1.1.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 17

1.2 JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA .................................................................. 17

1.2.1Justificativas Teóricas .............................................................................. 17

1.2.2 Justificativas Práticas ............................................................................. 18

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................. 19

2.1 MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES ............................................................. 19

2.1.1 Necessidade da mudança na organização .............................................. 22

2.1.2 A exigência do ambiente externo internacional face à globalização..... 25

2.1.3 Como ficam as pessoas diante das mudanças nas organizações........... 26

2.1.4 Resistência à Mudança nas organizações ............................................. 27

2.1.5 Mito sobre a resistência à mudança....................................................... 30

2.1.6 Fatores de resistência à mudança........................................................... 34

2.1.7 Pressupostos sobre a gestão da mudança e aspectos culturais.............. 36

2.2 LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA ............................................................................ 45

3 METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................. 52

3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA .............................................................. 52

3.2 LOCUS DA PESQUISA ...................................................................................... 53

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA ................................................................................. 53

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS ................................................ 54

3.5 PRÉ-TESTE ......................................................................................................... 55

3.6 PROCESSOS DE COLETA DOS DADOS ........................................................ 56

3.7 TÉCNICAS DE ANÁLISE DOS DADOS ......................................................... 58

3.8 LIMITES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA ...................................................... 60

3.8.1 Limites da Pesquisa ................................................................................... 60

3.8.2 Limitações da Pesquisa ............................................................................. 61

4 ANÁLISES DOS DADOS ......................................................................................... 62

4.1 SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS À MUDANÇA .............................................. 62

4.2 SENTIMENTOS ATRIBUÍDOS À MUDANÇA .............................................. 63

4.3 OPORTUNIDADES ATRIBUÍDAS À MUDANÇA ......................................... 67

4.4 OS PRESSUPOSTOS SOBRE A GESTÃO DA MUDANÇA ........................... 68

5 CONCLUSÃO..............................................................................................................

73

REFERÊNCIAS ............................................................................................................

APÊNDICE (1) ..............................................................................................................

APÊNDICE (2) ..............................................................................................................

APÊNDICE (3) ..............................................................................................................

77

83

84

86

13

1 INTRODUÇÃO

Recentemente as organizações empresariais Brasileiras enfrentaram um processo de

grandes mudanças na gestão das práticas contábeis decorrente das alterações na Legislação

Societária Lei 11.638/2007.

As mudanças aconteceram do ponto de vista societário e fiscal, e causaram grandes

impactos nas organizações empresariais, principalmente na qualidade das informações

passadas ao Governo que é o maior interessado nos resultados das empresas e acompanhando

as mudanças na Legislação Societária foram criados novos modelos de relatórios para atender

ao Governo, apresentando uma contabilidade mais confiável, transparente e harmonizada com

as normas internacionais de contabilidade.

É possível entender o processo de harmonização como um meio de reduzir as

diferenças nas práticas contábeis, de forma que as demonstrações de variados países sejam

apresentadas segundo um conjunto de princípios comuns.

No Brasil, em 2005 foi criado, pelo Conselho Federal de Contabilidade através da

Resolução nº 1.055/05, o CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis, tendo como objetivo:

o estudo, o preparo, e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de

contabilidade e divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas

pela entidade brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de

produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões

internacionais, a fim de possibilitar essa convergência e permitir o acesso das empresas a

capitais externos com custo e taxa de risco menor no futuro, foi criada em dezembro de 2007

a Lei 11.638/2007 que alterou a Lei 6.404,76 (RAN, VASSOLER, 2009).

A necessidade de mudança na Legislação Societária brasileira tornou-se indispensável,

visto que na comunidade internacional já estavam instituídos os IFRS (International Financial

Reporting Standard), traduzidos como um conjunto de pronunciamentos de contabilidade

publicados e revisados pelo IASB - International Accounting Standars Board (MOURAD e

PARASKEVOPOULOS, 2010).

14

As normas IFRS foram adotadas pelos países da União Europeia a partir do final de

2005 com o objetivo de harmonizar as demonstrações financeiras consolidadas. Como o

resultado foi além do esperado, a medida foi aceita pela comunidade financeira.

E atualmente, mais de 100 países têm intensificado o trabalho para a convergência e já

adotam as normas internacionais de contabilidade. Por esse motivo no Brasil também em

2005 foi criado o CPC, que pode ser considerado a tradução dos IFRS. (MOURAD e

PARASKEVOPOULOS, 2010). A implantação dos IFRS pela comunidade internacional

tornou-se fundamental para adoção das novas práticas contábeis no Brasil.

Ainda nesse contexto Mourad e Paraskevopoulos (2010), relatam alguns pontos

positivos para adoção dos IFRS e que foram fundamentais para a mudança da nossa

Legislação Societária: maior transparência para investimentos, facilidade de captação de

créditos em mercado, comparabilidade com empresas do mesmo seguimento em outros

países, abertura de oportunidade de trabalho para os funcionários brasileiros em outros países

que já adotam as IFRS e maior contato com a língua inglesa, em nível técnico, para a

interpretação da aplicação dos IFRS para a entidade, entre outros.

Nesse sentido, Silva e Vergara (2003), afirmam que toda mudança resulta em impactos

que podem ser positivos e/ou negativos e que passam a ser visto ao longo do tempo e nas

últimas décadas, tem se desenvolvido um discurso crescente acerca da importância de se

dedicar mais atenção às pessoas, na tentativa de implementar reestruturas ou programas como

a qualidade total e a reengenharia.

Ainda segundo Silva e Vergara (2003), Alguns dos principais problemas relativos à

gestão de mudanças organizacionais intencionais identificados na literatura referem-se às

dificuldades de comunicar os objetivos da organização, tornar esses objetivos compreensíveis

para as pessoas e fazer as pessoas assimilarem os objetivos e adotarem as mudanças.

As alterações na Legislação Societária introduzidas no Brasil pela Lei 11.638/2007 é

uma realidade e devem ser adotadas por todas as empresas, sejam de sociedade anônima ou

equiparadas, que são as empresas limitadas, ou seja aquelas empresas que não são constituídas

em forma de sociedade anônima, não importando o seu ramo de atividade com o objetivo de

15

atender às normas internacionais de contabilidade e harmonizar as práticas contábeis das

empresas brasileiras com as práticas das empresas internacionais.

É importante afirmar que as alterações na Legislação Societária não podem ser vistas

como uma opção para as empresas, e sim como um dever com base legal amparada pela Lei

da S/A.

Aquelas empresas que não se adequarem às mudanças, serão consideradas irregulares

perante a legislação fiscal e tributária vigente no Brasil e estão sujeitas às penalidades

jurídicas e às limitações como, por exemplo: não podem participar de concorrências públicas,

o Balanço Patrimonial não tem crédito perante instituições financeiras, entre outras.

Diante do exposto, os profissionais de Contabilidade (Contadores) estão passando por

uma série de mudança em virtude dessas alterações ocorridas nessa legislação, o que pode

afetar de forma significativa os seus conhecimentos e as suas práticas contábeis.

Como resultado dessa mudança, muitos profissionais tem se sentido perdido em

relação a sua profissão. Para muitos deles, a experiência adquirida durante anos de dedicação

faz-lhes questionar sobre o sentimento de segurança do conhecimento adquirido. Entretanto

para outros, essa mudança pode ter um caráter de renovação dos seus conhecimentos, isto é,

uma oportunidade de estudar e crescer profissionalmente.

A mudança na Lei societária restaurou muitos conceitos que até então estavam

ultrapassados levando em consideração a rapidez nas informações empresarias, a globalização

de mercados, novas técnicas de negócios e informações.

Toda essa necessidade de uma nova roupagem nos conceitos de contabilidade, fez com

que a contabilidade se consolidasse ainda mais, Sendo agora uma fonte mais rica de

informações para gerenciamento do negocio.

Nesta perspectiva, resta uma dúvida: que tipos de reações emocionais a mudanças vêm

sentindo esses profissionais de contabilidade, em face às alterações na Legislação Societária?

Como tem evoluído o processo de implantação dessas mudanças nas organizações? Quais as

dificuldades enfrentadas por esses profissionais? Quais os significados que essa mudança tem

tido para eles? Quais os sentimentos e os pressupostos que têm sido decisivos na vida deles?

16

Sendo assim, esta dissertação pretende responder a seguinte questão de pesquisa: quais

reações à mudança pode se identificar em profissionais de contabilidade, da Região

Metropolitana do Recife-PE, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007?

Para se responder a essa questão, foram estabelecidos os seguintes objetivos para esta

pesquisa, a seguir.

17

1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA

1.1.1 Objetivo Geral

Identificar a percepção de profissionais de contabilidade, da Região Metropolitana do

Recife-PE, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

1.1.2 Objetivos específicos

Perceber significados que profissionais de contabilidade da Região Metropolitana do

Recife-PE, atribuem à mudança, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

Verificar sentimentos e oportunidades para profissionais de contabilidade da Região

Metropolitana do Recife-PE, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

Identificar pressupostos (cultural) sobre a gestão da mudança, na percepção de

profissionais de contabilidade da Região Metropolitana do Recife-PE, face às

alterações na Lei Societária 11.638/2007.

1.2 JUSTIFICATIVAS DA PESQUISA

Nesta parte da dissertação serão apresentadas as justificativas para elaboração deste

trabalho e foram divididas em duas partes: Justificativas Teóricas e Justificativas Práticas.

1.2.1 Justificativas Teóricas

A importância deste trabalho é constatada pela carência de publicações científicas em

relação às mudanças ocorridas nas organizações e o impacto causado nas pessoas, em função

da alteração da Legislação Societária Lei 11.638/2007.

Este aspecto pode ser confirmado por Franco (1997), quando ele afirma que este é um

tema que ainda precisa ser muito explorado e compartilhado com os meios acadêmicos, da

mesma forma, percebe-se quase nenhuma publicação científica na área de Ciências Contábeis,

envolvendo estudos sobre mudança e cultura organizacional.

18

1.2.2 Justificativas Práticas

Considerando o ponto de vista prático, este estudo é relevante, visto que se propõe a

investigar aspectos relativos a mudança nas organizações, enfrentadas por profissionais de

contabilidade (Contadores) em empresas situadas na Região Metropolitana do Recife – PE,

decorrentes da alteração na Legislação Societária Lei 11.637/2007.

É importante ainda, considerar que, por meio deste estudo, os contadores poderão

tomar conhecimento sobre reações que a mudança na Legislação Societária pode causar entre

eles, auxiliando-os a tomar decisões para as suas carreiras profissionais.

Finalmente, este trabalho poderá contribuir com conhecimentos para o gerenciamento

do impacto dessa mudança nas organizações.

19

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta os aspectos teóricos que fundamentaram a realização deste

trabalho de pesquisa, a saber: Mudança Organizacional e às alterações na Legislação

Societária Lei 11.638/2007: um estudo fenomenológico junto a profissionais de contabilidade

da Região Metropolitana do Recife – PE.

2.1 MUDANÇA NAS ORGANIZAÇÕES

Talvez pela primeira vez na história, a humanidade tenha a capacidade de criar muito

mais informação do que o homem pode absorver, de gerar muito mais interdependência do

que o homem pode administrar e de acelerar as mudanças com muito mais rapidez do que o

homem pode acompanhar (SENGE, 1990, p. 76).

Para Araújo, Garcia e Martines (2011, p.3), “O processo de mudança é extremamente

complexo, já que faz as pessoas se questionarem sobre suas atitudes e até mesmo sobre seus

valores, então é natural que a mudança seja provocada e não espontânea”.

Para Wood Jr. (1995, p.190), mudança é “qualquer transformação de natureza

estrutural, estratégica, cultural, tecnológica, humana ou de outro componente, capaz de gerar

impacto em partes ou no conjunto da organização”.

Compartilhando com esse pensamento, Araújo, Garcia e Martines (2011), afirmam

que a questão tecnológica deve ser considerada um modelo de mudança organizacional.

Lima e Bressan (2003). Apud – Pinto e Souza, (2007) Define mudança nas

organizações como qualquer modificação, planejada ou não, nos componentes

organizacionais formais e informais mais relevantes (pessoas, estruturas, produtos, processos

e cultura); modificação que seja significativa, atinja a maioria dos membros da organização e

tenha por objetivo a melhoria do desempenho organizacional em resposta às demandas

internas e externas.

20

Porras e Robertson (1992) Apud – Pinto e Souza (2007), retrata a mudança como um

conjunto de teorias, valores, estratégias e técnicas cientificamente embasadas objetivando

mudança planejada do ambiente de trabalho com o objetivo de elevar o desenvolvimento

individual e o desempenho organizacional.

Wood, Thomaz (2009), apresenta algumas visões de futuro a respeito da mudança e

observa que quase todos os artigos e livros publicados sobre o assunto têm iniciado

destacando a velocidade fantástica que vem ocorrendo nesse começo de século com as

mudanças sociais, tecnológicas, políticas e econômicas.

Segundo Wood, Thomaz (2009, p. 5):

A diferença entre as publicações situadas entre o final dos anos 60 e o início

dos anos 70 e as mais recentes é que essas últimas, ao discurso rotineiro,

acrescentam o “desafio Japonês”; ou como as empresas e instituições

Japonesas transformam-se em organizações de alta performance e como isso,

tem afetado o mundo ocidental.

Silva e Vergara (2003), apresentam alguns atributos da mudança organizacional que

foram considerados fundamental para esta pesquisa.

21

Quadro 1 – Os múltiplos atributos da mudança organizacional

Fonte: ©RAE • VOL. 43 • Nº 3 - JUL/SET/2003 Silva e Vergara (2003).

Segundo Lima e Bressan (2003), existem vários focos de abordagens da mudança

organizacional, que dão origem a uma variedade considerável de tipos de mudança. Partindo

desse conteúdo, percebe-se com facilidade a relevância dos diferentes tipos de mudança e,

consequentemente, da diferenciação das estratégias gerenciais e técnicas para lidar com cada

um dos tipos descritos, destacando-se mudança transformacional versus incremental como

tipo de mudança organizacional mais amplamente divulgada porém outros tipos identificados

são demonstrados no quadro abaixo (Pinto e Souza, 2007).

22

Quadro 2: Alguns tipos de Mudança Organizacional

Ford e Ford

(1995)

Intencional

Quando um agente de mudança

estabelece - de maneira deliberada e

consciente - condições e

circunstâncias diferentes das atuais e

então busca realizá-las através de um

conjunto de ações e intervenções,

com ou sem a colaboração de outras

pessoas.

Não intencional

Não é gerada

deliberadamente ou

conscientemente.

Manifesta-se como efeitos

colaterais, acidentes,

efeitos secundários, ou

consequências inesperadas

da ação.

Mintzberg,

Ahlstrand e

Lampel (1998)

Micro-mudança

Focalizada dentro da organização.

Exemplo: redefinição de cargos em

uma fábrica ou desenvolvimento de

um novo produto.

Macro-mudança

Visa à organização inteira,

incluindo suas relações

com o ambiente. Exemplo:

reposicionamento no

mercado ou alteração de

todas as suas instalações

físicas.

Mintzberg,

Ahlstrand e

Lampel (1998)

Espontânea

Não é gerada nem controlada pelos

dirigentes das organizações. É

oriunda das ações do dia-a-dia e é

guiada por pessoas que não ocupam

uma verdadeira posição de

autoridade.

Planejada

Acontece de maneira

programada, ou seja, é

regida por um sistema ou

um conjunto de

procedimentos que devem

ser seguidos.

Mintzberg,

Ahlstrand e

Lampel (1998)

Dirigida

Precisa de um guia com posição de autoridade para supervisionar a

mudança e garantir sua implementação.

Fonte: Pinto e Souza (2007).

2.1.1 Necessidade da mudança na organização

Os gestores desejam melhorar a performance de sua empresa, e colaborando com

esse sentimento, nos últimos anos o tema mudança organizacional tem sido bastante

explorado, inclusive com lançamentos de livros com ponto de vista diversos e qualidade

bastante heterogênea (WOOD, 2009).

Schmidt, Santos e Fernandes (2004), afirma que as empresas multinacionais no Brasil

apresentam seus relatórios e demonstrações contábeis de forma diferenciada, uma para

atender a legislação brasileira e outra as exigências do país de origem. Com a harmonização

23

das práticas brasileira às internacionais, a tendência é reduzir, e até eliminar, as dificuldades

de interpretação das informações financeiras emitidas por empresas brasileiras, e melhorar a

qualidade e utilidade das informações apresentadas aos usuários externos. Esta dissertação

tem o objetivo de investigar o cotidiano dos profissionais de contabilidade e os problemas

enfrentados por eles na aplicação das mudanças na Lei Societária 11.638/2007.

No contexto literário sobre organizações, a mudança organizacional já é assunto

tratado há muito tempo, e tendo sido constatado grandes convergências entre alguns textos

mais antigos e outros mais atualizados que tratam do mesmo assunto. O que hoje observamos

como novidade é o ritmo e a força com que as mudanças do ambiente vêm sendo impostas às

organizações (PINTO e SOUZA, 2007).

Segundo Huber e Glick (1995), percebe-se que a velocidade dessa mudança é

provocada por duas forças distintas: 1) a força crescente efetiva da tecnologia de informação

2) a força da tecnologia de transporte. Um dado importante afirmado por Silva (1999), é que

estamos vivendo uma mudança de época, e não uma época de mudanças, e as organizações

precisam seguir acompanhando a força da tecnologia que é parte fundamental na necessidade

de mudar (PINTO e SOUZA, 2007).

Wood (2009. p.7), “Uma pesquisa da Coopers & Lybrand realizada nos Estados

Unidos, mostrou que as empresas mudaram principalmente em virtude de novas tecnologias

restrições de recursos e adequação de nova legislação”.

Para Herzog (1991), o gerenciamento das pessoas a chave para enfrentar com sucesso

o processo de mudança, mapeando, mantendo alto nível e motivação e evitando

desapontamentos, Para ele o grande desafio não é a mudança tecnológica, mas mudar as

pessoas e a cultura organizacional renovando os valores para ganhar vantagens competitivas.”

(WOOD 2009).

Ainda segundo Herzog (1991) apud. Wood (2009, p. 7).

“Mudança no contexto organizacional engloba alterações fundamentais no

comportamento humano, nos padrões de trabalho e nos valores em resposta a

modificações ou antecipando alterações estratégicas, de recursos ou de

tecnologia”.

24

Segundo Wood (2009), Land e Jarman (1981), desenvolveram uma tipologia para os

ciclos da mudança em três fases de crescimento:

Formação - criar um comportamento padrão, descobrir a si próprio a seu mundo;

Regulamentação - negação de diferença e crescimento por repetição do padrão;

Integração - ultrapassa a eficiência do padrão repetitivo para continuar a crescer,

reduz rigidez e força os vínculos internos.

Wood (2009), relata que Kanter e March (1981), estudam as questões referentes as

bases da mudança e afirmam que as tradições e os pontos fortes das organizações devem

compor os conceitos e visões que dirigem a mudança.

March (1981) apud Wood (2009 p. 8), “Considera que as organizações estão

constantemente mudando, mas que essas mudanças não podem ser arbitrariamente

controladas. Em realidade, a maior parte das mudanças ocorre simplesmente como respostas

a alterações no meio ambiente. Mas, apesar de esse processo adaptativo ser rotineiro algumas

vezes surpresas podem ocorrer. Isto advém do fato de o processo mudança não ser uma

estratégia estritamente racional e consistente, ele envolve incentivos, ações simbólicas, e

ambiguidades.”

Mach (1981) e Elliott (1990), concordam com a idéia que a condução do processo de

mudança organizacional precisa ser bem gerenciado pela fato de ser considerado um evento

complexo que mexe com o psicológico do individuo. (WOOD 2009).

Naisbitt e Aburdene (1986), ressaltam a importância de organizações se adaptarem às

mudanças, como condição necessária para a sua sobrevivência. Segundo esses autores, nesses

processos, é necessário não esquecer, do capital humano. Nessa nova era a sociedade de

informações substituirá a sociedade industrial, mudando radicalmente as estruturas sociais.

25

Wood (2009), afirma que ainda segundo Naisbitt e Aburdene (1986), o uso da

tecnologia da informação desburocratiza as organizações, e o trabalho será encarado como

uma forma de desenvolvimento humano.

Rondeau (1999), afirma que as organizações mudam porque a maneira de pensar a

gestão também sofre modificações com o tempo. Isso ocorre tanto pelo surgimento de novos

modelos de gestão e novas ferramentas, quanto pela própria evolução das correntes de

pensamento em administração e gestão de empresas (PINTO e SOUZA, 2007).

Entretanto, percebe-se, como afirma Souza e silva (2003), que normalmente a

mudança é tratada como um instrumento para mudar coisas, mas não para mudar pessoas.

Sendo assim, as pessoas costumam ser pressionadas para adaptarem-se às mudanças

realizadas na organização, não se importando com as concepções delas, sobre o mundo, a

natureza e a organização. (SOUZA e SILVA, 2003).

De acordo com Alves Filho (2011, p. 22), “Aprendizagem significa mudança e ela

conduz ao conforto à estabilidade, tanto da empresa quanto dos trabalhadores”.

2.1.2 A exigência do ambiente externo internacional face à globalização

Do ponto de vista da globalização o cenário econômico tem passado por significativas

transformações e em uma sociedade pós-globalizada os investimentos de capitais

desconhecem fronteiras.

Dessa forma a maioria dos países no mundo tem caminhado para harmonização de

suas práticas contábeis.

Logo diante da grande demanda de empresas de mercados internacionais se instalando

no Brasil, essa economia globalizada passou a exigir do país uma maior convergência com as

normas internacionais para que houvesse maior transparência na divulgação dos

demonstrativos contábeis das empresas e diante de todos esses acontecimentos, só restava ao

Brasil viabilizar o processo para adoção das normas internacionais de contabilidade e nesse

sentido foi criada a Lei 11.638/2007 com o objetivo de alterar a legislação societária (o autor).

26

2.1.3 Como ficam as pessoas diante das mudanças nas organizações

As alterações na Legislação Societária Lei 11.638/2007, proporcionou um novo

cenário contábil nas empresas brasileiras, transformando o profissional da contabilidade em

um indivíduo mais respeitado em com perspectiva de um futuro promissor tanto na

organização em que trabalha como no mercado de trabalho em geral.

Segundo Alves Filho (2011, p. 27), “Mudar é algo saudável em nossas vidas. Permite-

nos experimentar novos métodos, enriquecer nosso espírito e traz amadurecimento em nível

mais elevado. Tornando-nos mais flexíveis”.

A própria redação na nova Legislação Societária Lei 11.638/2007 já introduziu no seu

artigo 5º a importância da participação dos profissionais da área contábil, que pela primeira

vez passou a ser valorizado e respeitado como profissional.

Artigo 5º Lei 11.638/2007.

Art. 5º A Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida do

seguinte art.10-A:

Art. 10-A. A Comissão de Valores Mobiliários, o Banco Central do Brasil e demais

órgãos e agências reguladoras poderão celebrar convênio com entidade que tenha por objeto o

estudo e a divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e de auditoria,

podendo, no exercício de suas atribuições regulamentares, adotar, no todo ou em parte, os

pronunciamentos e demais orientações técnicas emitidas.

Parágrafo único. A entidade referida no caput deste artigo deverá ser majoritariamente

composta por Contadores, dela fazendo parte, paritariamente, representantes de entidades

representativas de sociedades submetidas ao regime de elaboração de demonstrações

financeiras previstas nesta Lei, de sociedades que auditam e analisam as demonstrações

financeiras, do (CRC) órgão federal de fiscalização do exercício da profissão contábil e de

universidade ou instituto de pesquisa com reconhecida atuação na área contábil e de mercado

de capitais. (SOUZA, 2009).

27

2.1.4 Resistência à mudança nas organizações

Face ao contexto organizacional a mudança engloba alterações fundamentais no

comportamento humano, tais mudanças ocorrem com relação a trabalhos padronizados e nos

valores em resposta ao que foi modificado ou antecipando alterações estratégicas, de recursos

ou de tecnologia. O gerenciamento das pessoas é considerado a chave Para enfrentar com

sucesso o processo de mudança, mantendo a motivação e evitando desapontamentos das

pessoas. O grande desafio não é mudança tecnológica, mas mudar pessoas e a cultura

organizacional, renovando os valores para ganhar vantagem competitiva. (ROSSI, 2000, p.

36).

Segundo (MOURA 2002, p. 32), “o processo de mudança faz aflorar forças de

integração e desintegração, que se não neutralizadas, provocam resistências à mudança do

status quo”.

A resistência à mudança não é advinda somente por parte das pessoas, mas também da

própria organização. As questões culturais, sejam elas organizacionais ou sociais, influenciam

na resistência, em função de que as transformações poderão afetar diretamente o “equilíbrio”,

ou o status quo, mantido até então. Status quo, e a forma nominativa abreviada da expressão

in status quo res erant ante bellum, é uma expressão latina que designa o estado atual das

coisas, seja em que momento for.

Para os filósofos antigos a partir de Heráclito, era comum a ideia de que a única coisa

que não muda é que tudo muda. Por isso mudança talvez seja um dos temas mais antigos e

mais atuais nas organizações, Arendt (1992), Pereira (1994), também ressalta que as

mudanças sempre acontecem e nesse sentido é fundamental a existência de mecanismos que

amorteçam o impacto das mudanças e ao mesmo tempo possam prevenir a organização

possibilitando a tomada de decisões acertadas.

Frenzel (1993), afirma que em qualquer que seja o segmento, é impossível a empresa

passar por um processo de mudança sem enfrentar nenhum tipo de resistência, e sem a

contrapartida de sua transformação cultural. Sob a ótica da participação e do

comprometimento do grupo como um todo.

28

Nessa mesma visão Moscovici (1988), afirma que a mudança de cultura não pode ser

feita de forma unilateral sem que haja a preocupação de ajustá-la à realidade da organização

em que se insere, isso pode evitar perda de recurso e de credibilidade dos seus líderes. Para

que haja real motivação e comprometimento com seus objetivos, a mudança cultural precisa,

ser sustentada por formas que não sejam estranhas à organização o autor ainda afirma que

imaginárias ou não, seus efeitos são sempre reais e se manifestam na resistência que o grupo

impõe ao processo. (Pereira, 1994).

Bagozzi e Lee (1999), tentam explicar a resistência às mudanças ou inovações por

meio do processo de percepção considerando a psicologia da ação.

Na opinião dos mesmos autores Bagozzi e Lee (1999), as variáveis individuais e

situacionais são tão ou mais importantes que o processo de percepção em si mesmo,

considerando-se que em condições de mudança organizacional, essas variáveis moderam

todos os estágios do processo de percepção da mudança, influenciando a maneira como cada

indivíduo cria a sua própria representação da realidade.

O modelo de resistência individual às mudanças apresentado, compreende uma série

de estágios que podem determinar 4 tipos diferentes de resultados: 1) adoção espontânea da

mudança; 2) decisão para se superar a resistência à mudança; 3) adoção de um

comportamento resistente; 4) indecisão. (CALDAS e HERNANDES, 2001).

Ainda segundo Bagozzi e Lee (1999), a resistência à mudança também pode ser vista

de forma individual e trazem essas evidências baseados na psicologia da ação e tentam

explicar a resistência às mudanças por meio do processo de percepção, os autores apresentam

modelo de resistência individual.Utilizando referências recentes da teoria da percepção,

principalmente aquelas originadas no estudo da Teoria da Categorização também incluindo o

efeito moderador das variáveis individuais e situacionais. (HERNANDES e CALDAS,

2001).

Na opinião dos autores Bagozzi e Lee (1999), as variáveis individuais e situacionais

são tão ou mais importantes que o processo de percepção em si mesmo, uma vez que, em

condições de mudança organizacional, essas variáveis moderam todos os estágios do processo

29

de percepção da mudança, influenciando a maneira como cada indivíduo cria a sua própria

representação da realidade.

Os mesmos autores ainda apresentam um modelo de resistência individual às

mudanças apresentado que vislumbra uma série de estágios que podem determinar diferentes

de resultados: Adoção espontânea da mudança; Decisão para se superar a resistência à

mudança; Adoção de um comportamento resistente; Indecisão. (HERNANDES e CALDAS,

2001).

Quando 3 – Modelo de Resistência Individual de Mudança

Fonte RAE – v.41 n.2 Hernandes e Caldas (2001)

Fonte - RAE, 41 • n. 2 • Abr./Jun. 2001 – São Paulo Hernandes e Caldas (2001).

A visão negativa sobre a suposta resistência dos indivíduos é reforçada pela noção de

que ela representa uma espécie de recusa à modernidade contida em cada mudança. À medida

30

que a mudança é um conceito que se encaixa perfeitamente nos pressupostos positivos do

progresso. Bernard (1993) apud Silva e Vergara (2003).

A compreensão sobre o comportamento dos indivíduos no contexto da mudança

organizacional não é possível sem que se observe o processo por meio do qual eles

interpretam e constroem significado para os eventos nos quais estão envolvidos – nas

situações de interação. Isabella (1990) e Weick (1995) apud Silva e Vergara (2003).

2.1.5 Mito sobre a resistência à mudança

É comum à mudança organizacional apresentar alguma forma de resistência, que

podem ser observadas em diversos contextos, como na diversidade de significados e nos

aspectos culturais devendo ser observado nos integrantes o processo coletivo de criação de

sentido e a construção de uma linguagem comum ou um processo compartilhado sentido

sobre a realidade, não deve ser entendido como um fenômeno de convergência de percepções

e interpretações. (SILVA e VERGARA, 2003).

Essa diversidade também sugere que a tentativa de compreensão do comportamento

humano no contexto da mudança organizacional de considerar sempre fatores importantes

como: A personalidade dos indivíduos; As diferentes histórias pessoais e profissionais dentro

e fora da organização; As diferenças de posições ocupadas e de oportunidades percebidas

pelos indivíduos no contexto; Os diferentes tempos com os quais cada um evolui no processo

de reconstrução de suas identidades, E o momento pessoal, até mesmo as variações de estado

de espírito, de um mesmo indivíduo. (SILVA e VERGARA, 2003).

Vince e Broussine (1996), consideram que o mito da resistência humana à mudança

é uma coisa natural que acontece como se fosse parte de um texto escrito para ajudar as

pessoas a entenderem a elas mesmas.

Num esforço de mudança organizacional, a percepção de que a resistência pode

desempenar um papel extraordinário seguramente se coloca em contradição a uma

mentalidade que a percebe como um obstáculo num processo de mudança bem sucedido.

(WADELL; SOHAL, 1998).

31

Esta percepção é uma conclusão de vários autores que sugerem que há inúmeras

vantagens da resistência. E que se estas vantagens forem gerenciadas com cuidado, as

organizações podem até utilizá-las para uma melhor assistência à mudança. (WADELL;

SOHAL, 1998).

Segundo Neiva, Ros e Paz (2003), foi proposta e validada uma escala de atitudes

com três fatores (ceticismo, temores e aceitação), referente a mudança organizacional, e que

são apresentadas pelos indivíduos em uma situação de mudança.

O ceticismo engloba crença e comportamentos negativos. O temor envolve o medo

da perda de poder, perda de benefício e das incertezas e por último a aceitação retrata uma

avaliação sobre as crenças e comportamentos positivos. (NEIVA, 2004).

Segundo Vince e Broussine (1996), citado por Silva e Vergara (2003), uma limitação

dos modelos tradicionais de gestão de mudanças, que assumem a perspectiva de um problema

a ser solucionado, é que eles enfatizam excessivamente a racionalidade e, consequentemente,

não levam em conta a complexidade, a ambiguidade e os paradoxos que fazem parte da

organização.

Nesse contexto, as reações emocionais à mudança são vistas, por exemplo, como uma

questão menos importante. Os mesmos autores afirmam que isso acontece devido uma série

de fatores relevantes.

(I) O gestor que é treinado, pensa, age e de modo racional pode

simplesmente desprezar a complexidade emocional, por considerá-

la irracional, portanto irrelevante, paradoxal e contraditório.

(II) Frequentemente são desenvolvidas culturas organizacionais como

uma defesa contra emoções, essa prática dificulta os indivíduos

expressarem seus sentimentos na organização.

(III) Para os gerentes não muito dedicados a solucionar problemas

estratégicos, consideram as emoções e os sentimentos difíceis de

serem articulados.

32

(IV) Não são oferecidos espaços suficientes nas organizações para os

membros analisarem seus próprios sentimentos conscientes e

inconscientes. E também os sentimentos dos outros, seja na vida da

organização ou na vida das pessoas.

Kets de Vries e Balazs (1999), criticam os estudos dos psicólogos organizacionais

sobre as resistências à mudança sob a ótica que tais psicólogos apresentam uma visão estreita,

comportamental, predominante nos estudos sobre as resistências à mudança, para esses

psicólogos o ser humano é como um simples recipiente de determinantes ambientais.

Ao ser adotada essa perspectiva, tais estudos negam a existência de um mundo

interior ao indivíduo rico de expectativas, desejos e fantasias.

O foco principal é o comportamento diretamente observável. Quase nenhuma atenção

é dada aos processos internos e inconscientes. As pessoas são seres lógicos e racionais, que

mudam seu comportamento de acordo com as informações que recebem e com seu próprio

interesse.

Ainda em ralação a questão das resistências a mudança Vince e Broussine (1996),

propõe que para um melhor entendimento deve-se considerar três questões extremamente

importantes que facilitam o entendimento dos aspectos emocionais e relacionais da mudança

organizacional.

A primeira questão diz respeito aos opostos inerentes aos conflitos entre clareza e

incerteza, também à natureza contraditória entre as emoções individuais e a ação

organizacional. Racionalmente os indivíduos tentam ocultar essas contradições, todavia

quanto mais os indivíduos tentam mais mergulham nelas.

A segunda questão está diretamente ligada aos diversos mecanismos de defesa contra

a ansiedade que são usados inconscientemente pelas pessoas, com o objetivo de lidar com a

mudança, entre os quais se enquadram no contexto da organização:

33

(I) A repressão – ou o bloqueio das experiências desagradáveis da

memória;

(II) A regressão – ou o retorno a ações que tenham fornecido alguma

segurança anteriormente;

(III) A projeção – ou a transferência das falhas pessoais para os outros;

(IV) A formação de reação – ou a manifestação excessiva de sentimentos

opostos àqueles sentimentos que são ameaçadores;

(V) A negação – ou a recusa em aceitar uma realidade incômoda ou

desagradável.

Na terceira questão Vince e Broussine (1996), referem-se às várias ligações existentes

entre o significado e à identidade. Que segundo os autores são constituídas pela ligação entre

o inconsciente dos indivíduos e os processos organizacionais em presença das relações sociais

de poder, que criam, condições estruturais básicas que possibilitam a mudança.

Gabriel (1993), citado por (SILVA e VERGARA, 2003), relata que organizações que

passaram por situações de mudança chama a atenção para um fenômeno emocional

frequentemente observado, cuja manifestação geralmente acaba sendo classificada como

resistência dos indivíduos: a nostalgia.

Muito dos sentimentos dos indivíduos podem revelar o discurso nostálgico, tanto com

relação a um período passado muitas vezes idealizado ou até mesmo mistificado, quanto com

relação ao período presente.

Gabriel (1993), também destaca duas formas que podem ser vistas a nostalgia, a

primeira como um componente do self, uma manifestação da auto-estima abalada, a segunda

como uma dimensão de identidade que aumenta o sentido do próprio valor.

Nesse pensamento, a nostalgia pode ser considerada como um sentimento individual,

ou também como um sentimento compartilhado entre os indivíduos.

Ainda segundo Gabriel (1993) citado por (SILVA e VERGARA, 2003):

34

A nostalgia não está relacionada necessariamente à recordação de um

passado prazeroso e nem sempre é um fenômeno que ocorre apenas como um

processo individual, uma manifestação exclusiva do self. O autor define o

self como sendo a valiosa, mas precária rede de crenças, meias-verdades e

ficções que circundam a entidade à qual nos referimos de modo familiar

como ‘Eu’ (p. 131).

2.1.6 Fatores de resistência à mudança

Segundo Caldas e Hernandes (2001), quando se trata de resistência à mudança, logo se

pensa em Lewin (1947), pois é geralmente a ele que é creditada essa expressão. Para ele, as

organizações poderiam ser consideradas processos em equilíbrio quase estacionário, ou seja, a

organização seria considerada um sistema subordinado a um conjunto de forças contrárias,

porém de mesma intensidade que mantêm o sistema em equilíbrio ao passar do tempo.

Caldas e Hernandes (2001), afirmam que esses processos não estariam em equilíbrio

constante, apresentariam variações ao redor de um determinado nível.

As mudanças passariam a ocorrer quando uma das forças superasse a outra em

intensidade, deslocando o equilíbrio para um novo patamar. Assim, a resistência à mudança

seria o resultado da tendência de um indivíduo ou de um grupo a se opor às forças sociais que

objetivam conduzir o sistema para um novo patamar de equilíbrio.

Ainda segundo Caldas e Hernandes (2001), para Lewin (1947), o ponto de aplicação

das forças sociais poderiam ser considerados tanto para o indivíduo quanto para o grupo.

Lewin (1947), acreditava que, poderia existir dois padrões de comportamento, uma

para o indivíduo e outro diferente para o grupo ao qual ele pertence, essa diferença seria

permitida ou encorajada em culturas e em graus diferentes.

Nesse contexto, a tendência seria exigir do grupo um comportamento unifome dos

seus elementos, se o individuo mostrasse um comportramento padrão diferente dos demais

integegrantes do grupo, correria o risco de ser exposto ao ridículo ou até mesmo excluído do

grupo. (CALDAS e HERNADES, 2011).

35

No modelo original de Lewin (1947), a resistência individual e grupal poderia ser

diferente, dependendo do valor social dado aos padrões de comportamento no grupo.

(CALDAS e HERNADES, 2011).

Quadro 4 – Pressupostos clássicos sobre resistência à mudança e possíveis contrapressupostos

Pressupostos Contra pressupostos

_ A resistência à mudança é um “fato da

vida” e deve acontecer durante qualquer

intervenção organizacional.

_ A resistência é escassa/somente

acontecerá em circunstâncias excepcionais.

_ Ao tentar preveni-la, os agentes de

mudança acabam contribuindo para sua

ocorrência ou agravamento.

_ A resistência é um comportamento

alardeado pelos detentores de poder e pelos

agentes de mudança quando são desafiados

em seus privilégios ou ações.

_ A resistência à mudança é maléfica aos

esforços de mudança organizacional.

_ A resistência é um fenômeno saudável e

contributivo.

_ A resistência é usada como uma desculpa

para processos de mudança fracassados ou

inadequadamente desenhados.

_ Os seres humanos são naturalmente

resistentes à mudança.

_ Os seres humanos resistem à perda, mas

desejam a mudança: tal necessidade

tipicamente se sobrepõe ao medo do

desconhecido.

_Os empregados são os atores

organizacionais com maior probabilidade

de resistir à mudança.

_ A resistência – quando ocorre – pode

acontecer entre os gestores, agentes de

mudança e empregados (derivado da

proposição original de Lewin).

_ A resistência à mudança é um fenômeno _ A resistência é tanto individual quanto

coletiva – a resistência vai variar de uma

36

grupal/coletivo. pessoa para outra, em função de muitos

fatores situacionais e de percepção.

Fonte - RAE, 41 • n. 2 • Abr./Jun. 2001 – São Paulo Hernandes e Caldas (2001).

Em uma organização, a cultura pode ser dividida em cultura do poder, esse tipo é

encontrada fortemente em pequenas empresas ou organizações, na cultura do poder a

tendência é concentrar as resoluções importantes no chefe ou no proprietário; a cultura de

papéis é uma característica comum das organizações burocráticas com ambientes previsíveis

e que oferecem segurança aos empregados; a cultura da tarefa orientada para o

desenvolvimento de projetos, na qual o trabalho é o aspecto principal e deve ser executado a

qualquer custo; a cultura da pessoa onde os indivíduos aparecem como o ponto central.

(FLECK, CAROLINA e GROHMAN, 2010).

2.1.7 Pressupostos sobre a gestão da mudança e aspectos culturais

Este capítulo apresenta os pressupostos sobre a gestão de mudanças e seus aspectos na

cultura, organizacional: Cultura, mitos, valores, crenças e pressupostos, normas e tabus.

Os pressupostos básicos e crenças estabelecidas são considerados a essência da cultura

esse nível atinge os valores e normas que são reconhecidos e mantidos pelos membros de

cultura. (SCHEIN, 2007).

Cultura

Segundo Schein (2009 - p.01):

Cultura é um fenômeno dinâmico que nos cerca em todas as horas, sendo

constantemente desempenhada e criada por nossas interações com outros e

moldada por comportamento de liderança, e um conjunto de estruturas,

rotinas, regras e normas que orientam e restringem o comportamento.

Quando alguém introduz a cultura no plano da organização e de seus grupos

internos, pode-se ver claramente como a cultura é criada, inserida, envolvida

e, finalmente, manipulada e, ao mesmo tempo, como restringe, estabiliza e

fornece estrutura e significado aos membros do grupo. Esses processos

dinâmicos da criação e do gerenciamento da cultura são a essência da

liderança e fazem-nos perceber que liderança e cultura constituem dois lados

da mesma moeda.

37

Para Handy (1994), existem diversas culturas dentro de uma organização, e essas

culturais podem ser divididas em quatro tipos: 1) a cultura do poder que é encontrada com mais

força em pequenas organizações, onde a tendência é concentrar as resoluções importantes no

chefe e no proprietário; 2) a cultura de papéis característica de organizações burocráticas com

ambientes previsíveis que oferece segurança aos empregados; 3) a cultura de tarefas orientada

para o desenvolvimento de projetos, na qual o trabalho é o aspecto principal e deve ser executado

a qualquer custo; 4) a cultura da pessoa na qual os indivíduos aparecem como o ponto central

(FlECK; GROHMAN e ZAMPIERI, 2010).

Segundo Slater (2002, p. 69), “O conceito de Cultura diz respeito a valores que

surgem do modo de vida de um povo, que dão a esse povo solidariedade e identidade e que

julgam com autoridade o que é bom ou mal, real ou falso”.

Segundo Weffort, (2005, p. 139):

A cultura tem sido vista como uma das causas prováveis para as diferenças

contábeis internacionalmente, sendo capaz de exercer influência nas normas e

práticas contábeis, tanto diretamente, afetando o comportamento do contador

e dos usuários das demonstrações contábeis, como indiretamente, por

intermédio das principais instituições do país.

Segundo Laraia (2001, p.26), algumas contribuições de Kroeber para a ampliação do

conceito de cultura pode ser relacionada nos seguintes pontos:

A cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e

justifica as suas realizações;

O homem age de acordo com os seus padrões culturais. Os seus instintos foram

parcialmente anulados pelo longo processo evolutivo pelo qual passou;

Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que a

agir através de atitudes geneticamente determinadas;

A cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das

gerações anteriores. Este processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo.

Outra forma de ver a cultura parte do inconsciente humano. Todas as configurações

culturais estariam previamente inscritas no inconsciente. Contudo as condições internas e

38

externas do ambiente seriam responsáveis pelas diversas combinações dos traços presentes no

inconsciente da comunidade, tais combinações se apresentam em forma de símbolos. Em

outra visão a cultura se apresenta nas diversas formas cognitivas. (MOTTA e CALDAS,

2011).

Segundo Wood; Tomas e Caldas (2007, p. 15),

Algumas vertentes do campo da cultura organizacional, por exemplo,

costumam tratar o objeto de estudo organização como a antropologia do

século passado tratava as tribos primitivas no passado; ou seja, como um

sistema fechado, com identidade e fronteiras definida. Nossa realidade, ao

contrário, mostra o fim das fronteiras entre relações internas e externas. As

tribos organizacionais tornaram-se entidades fragmentadas; sua coerência foi

despedaçada e substituída por uma multiplicidade de significados e

interpretações.

Schein (2009, p.11), “quando aplicamos o conceito de cultura a grupos, organizações

e profissões estamos quase certos de haver uma confusão conceitual e semântica, porque tais

unidades sociais são, por si, difíceis de definir sem que haja a ambiguidade.”

Ainda Segundo Schein (2009), nos últimos 25 anos o conceito de cultura tem sido

assunto de um considerável debate acadêmico e confirma a existência de várias abordagens

para definir e estudar a cultura, as abordagens por exemplo são de Hofstede, 1991; Trice e

Beyer, 1993; Schultz, 1995; Deal e Kennedy,1999; Cameron e Quinn, 1999; Ashkanasy,

Wilderom e Peterson, 2000 e Martin, 2002.

Schein (2009), ainda afirma que esse debate é um sinal saudável e vem confirmar a

importância da cultura como conceito, contudo, ao mesmo tempo, acaba criando dificuldades

para o acadêmico e o praticante se as definições forem evasivas e os usos inconsistentes.

Schein (1985), um dos principais autores sobre o assunto, diz que a cultura

organizacional é um: “modelo dos pressupostos básicos que determinado grupo inventou,

descobriu ou desenvolveu ao aprender a lidar com os problemas de adaptação externa e

integração interna. E que funcionou bem o suficiente para serem considerados válidos e

ensinados aos demais membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação

a esses problemas.”

39

Para Oliveira (2011, p.253), “Cultura Organizacional é o conjunto de padrões

prevalecentes de valores, crenças, sentimentos, normas, interações, tecnologia, processos de

execução de atividades e suas influências sobre as pessoas da empresa.”

Ainda segundo, Oliveira (2011), um aspecto que não pode deixar de ser analisado, é o

condicionamento humano, porque inicia na cultura da empresa e chega aos comportamentos,

passando pelas percepções. No resultado desse processo os indivíduos apresentam para as

pessoas e para as organizações, resultados bastante diferentes.

Para Schein (2009, p.19), se uma profissão envolve intenso período de educação e

aprendizagem, haverá certamente uma aprendizagem compartilhada de atitudes, normas e

valores que por fim se tornaram suposições assumidas como verdadeiras pelos membros

dessas profissões.

Assumiu-se que as crenças e valores aprendidos durante esse tempo permaneceriam

estáveis como suposições, muito embora uma pessoa possa nem sempre pertencer a um grupo

de colegas da mesma profissão. Mas o reforço dessas suposições ocorre em reuniões

profissionais e programas de educação continuada e em virtude do fato que a prática da

profissão frequentemente exige trabalho em equipe entre vários membros que se reforçam

mutuamente, uma razão que muitas profissões confiam fortemente na avaliação pelo grupo de

colegas é que esse processo preserva e protege a cultura da profissão.

Anda Segundo Schein (2009, p.12,13), existem varias categorias usadas para descrever

cultura conforme descrito:

Regularidades comportamentais observadas quando as pessoas interagem: a linguagem

que usam, os costumes e tradições que desenvolvem e os rituais que empregam em

ampla variedade de situações (Goffman,1959, 1967; Jones, Moore e Snyder, 1988;

Trice e Beyer, 1985,1993; Van Maanem.1979b).

Normas do grupo: Os padrões e valores implícitos que se desenvolvem em grupos de

trabalho, como a norma particular de “um dia de trabalho justo por um pagamento

diário justo” que se difundiu entre os funcionários do Bank Wiring Room nos estudos

de Hawthorne (Homans, 1950; Kilmann e Saxton, 1983).

40

Valores expostos: Princípios e valores articulados, publicamente anunciados, que o

grupo declara ao tentar atingir, como “qualidade de produto” ou “liderança em preço”

(Deal e Kennedy, 1982, 1999).

Filosofia formal: Políticas amplas e princípios ideológicos que orientam as ações de

um grupo em relação a acionistas, funcionários, clientes e outros stakeholders, como

o altamente divulgado “HP way” da Hewlett-Packard (Ouchi, 1981; Pascale e Athos,

1981; Packard, 1995).

Regras do jogo: Regras implícitas, não escritas, difundidas por toda a organização; “os

macetes” que um novato deve aprender para tornar-se membro aceito; “o jeito que

fazemos as coisas aqui” (Schein, 1968, 1978; Van Maanen,

1979a, 1979b; Ritti e Funkhouser, 1987).

Clima: Sentimento transmitido em um grupo pelo layout físico e o modo que os

membros da organização interagem entre si, com clientes ou outros públicos externos

(Ashkanasy, Wilderom e Peterson. 2000; Schneider, 1990; Tagiuri e Litwin, 1968).

Hábitos de pensar, modelos mentais e paradigmas linguísticos: modelos cognitivos

compartilhados que orientam as percepções, o pensamento e a linguagem usada pelos

membros de um grupo e ensinada aos novos membros no inicio do processo de

socialização (Douglas, 1986; Hofstede, 1001; Van Maanem 1979b; Senger e outtros,

1994).

Significados compartilhados: Entendimentos emergentes criados por membros do

grupo à medida que interagem entre si (como em Geertz,1973; Smircich,1983; Van

Maanem e Barley 1984; Weick, 1985).

Metáforas raízes ou símbolos de integração: As formas pelas quais os grupos se

desenvolvem, que podem ou não ser apreciados conscientemente, mas tornam-se

inseridos nos prédios, layouts de escritórios e outros artefatos materiais do grupo.

Esse nível de cultura reflete a resposta emocional e estética dos membros à medida

que contrastado com a resposta cognitiva ou avaliativa (como em Gagliard, 1990,

Pondy, Frost, Morgan e Dandridge, 1983; Schutz, 1995).

Rituais e celebrações formais: Maneiras pelas quais um grupo celebra eventos-chave

que refletem valores importantes ou “passagens” importantes dos membros, tais como

41

promoção, conclusão de projetos importantes e marcos (como em Deal e Kennedy,

1982,1999; Trice e Beyer, 1993).

Quadro 5: Características gerais do conceito de cultura organizacional

Abordagem

Características gerais do conceito

De base positivista

Cultura organizacional entendida como uma

variável quantificável; como uma resposta

comportamental; expressa por elementos

observáveis.

De base funcional-sistêmica

Cultura organizacional entendida como sendo,

primordialmente, um mecanismo de intermediação

entre o indivíduo ou a organização e o ambiente

externo, com função regulatório adaptativa; é

exterior ao indivíduo, encerrando nesse,

determinações da organização, como estratégias, ou

sistemas de valores que guiam, moldam e

determinam o comportamento individual.

De base estruturalista

Cultura organizacional entendida como um padrão

de crenças ou pressupostos básicos, encerrados no

indivíduo, expressos em formas observáveis ou não

que podem dar forma a uma determinada estrutura

organizacional. É gerenciável na medida em que

mudanças estruturais na organização atinjam os

valores individuais (inclusive àqueles

inconscientes). Pode ser identificada mediante

comparação com padrões culturais ideais, como

“cultura operária”, “cultura dionísica”, por

exemplo.

42

De base fenomenológica-interpretativa

Cultura organizacional entendida como produto

intersubjetivo de significações e significados

compartilhados dentro da organização ou como

uma mediação simbólica entre o sistema de

símbolos da organização e a interpretação (ou

leitura) subjetiva desses símbolos.

De base materialista dialética

Cultura organizacional entendida como um sistema

fornecedor de símbolos, normas e valores que,

atingindo inclusive a estrutura psíquica dos

indivíduos, orientam suas ações em termos de

comportamentos desejáveis à consecução dos

objetivos organizacionais e de forma a ‘maquiar’ os

conflitos de classe, as relações de poder e a

exploração no interior da organização.

Fonte: PEGINO (2006, p. 77).

Mitos

A palavra mito etimologicamente é derivada do grego Mythos e segundo (CHAUÍ,

2001; OLIVEIRA et al 2008), significa “narração pública de feitos lendários”.

Ainda segundo (CHAUÍ, 2001), o termo mito é entendido no sentido etimológico e

também antropológico, como sendo narrado uma realidade que se tem o desejo de explicar,

entender ou realizar.

“O mito é a solução imaginaria para tensões, conflitos e contradições que não

encontram caminhos para serem resolvidos no nível da realidade”. (CHAUÍ, 2001, p.9).

Existem várias oportunidades de se encontrar mitos dentro das organizações, isso é

possível porque as organizações são compostas por diferentes tipos de pessoas que

consequentemente trazem as mais diferentes experiências que combinadas às experiências da

própria organização formam o seu desenho ou estrutura, criando uma identificação e vínculo

43

social, que considera o mito como gerador de representações da realidade organizacional,

fazendo parte das fases da criação histórica da organização. Chauí (2001).

Valores

Para Dias (2003), são considerados valores o entendimento comum dos indivíduos de

determinada cultura a respeito do que é considerado bom ou ruim, desejável ou indesejável,

certo ou errado, bonito ou feio.

Como exemplo na cultura japonesa a lealdade familiar é fortemente considera como

valor que não necessariamente é considerado valor em outras culturas.

Segundo Thévenet (1989, p.83), “a cultura é um sistema de valores implícitos que os

homens, a todos os níveis, serão capazes de exprimir, se lhes for dada oportunidade”.

A evolução da cultura está atrelada a evolução dos valores portanto, podem ser

considerados sinônimos (THÉVENET, 1989).

Freitas (2007, p. 16), afirma que “valores são aquilo que é importante para o sucesso

da organização e devem ser considerados guias para o comportamento organizacional no dia-

a-dia”.

Crenças

Segundo Dias (2003, p. 20), crença pode ser considerada como compartilhamento de

ideias sobre a natureza da vida. Nessa ótica Freitas (1991); Dias (2003), orientam que a

crença no ambiente organizacional pode ser reforçada pelos gestores.

Freitas (1991), relaciona os termos crença e pressuposto, e afirma que são utilizados

como sinônimos de algo que é tido como verdade na organização.

As crenças e valores originais assumidos por alguém refletem para todo grupo, esses

indivíduos estão de frente do grupo, principalmente quando são enfrentadas novas tarefas,

questões e problemas.

44

Schein (2009), afirma que para lidar com esses indivíduos a primeira solução

proposta reflete algumas suposições do próprio indivíduo sobre o que é certo ou errado, o que

funcionará ou não funcionará.

Estes indivíduos se destacam porque detém o poder de influenciar o grupo. No final

esses indivíduos serão considerados como líderes ou fundadores. (SCHEIN, 2009).

Ainda Segundo Schein (2009), os entendimentos dos pressupostos básicos se

fundamentam para o indivíduo ter uma visão melhor da cultura e os valores dos membros da

organização.

Visto que, além de ser intangíveis e invisíveis são largamente aceitos e difundidos sem

que haja prova evidente da sua validade, mas que ao serem questionados geram certa

estranheza.

Normas

Dias (2003), afirma que as normas são “regras específicas para o comportamento”

compreendem o que pode ser realizado e aquilo que não deve ser feito. Enquanto Freitas

(2007, p.29), afirma que a norma é um “comportamento sancionado pelo grupo e repassado

pelos outros elementos culturais”.

Dias (2003), classifica as normas como formais e informais: as normas formais

baseadas no direito enquanto as informais baseadas nos costumes.

Freitas (2007), relata que as normas devem ser cumpridas por todos os indivíduos

inclusive quem às criou, ou seja, tem como fundamento a impessoalidade.Visto que o homem

sempre terá normas a obedecer seja dentro ou fora das organizações.

Freitas (2007, p.29),

Conhecer o seu funcionamento e o nível de detalhes da dinâmica

organizacional que foram considerados previsíveis, bem como as respostas

adequadas que devem ser dadas. A medida que as pessoas convivem ao longo

do tempo elas trazem ou criam certas expectativas a respeito de seus

comportamentos.[...] É comum associar as normas aos manuais de instruções,

45

o que guarda certa veracidade, pois estes dizem respeito aos procedimentos

adequados naquelas situações especificas, relacionadas com normas de

produção padrões de qualidade e especificações técnicas.

Tabus

Segundo Freitas (2007, p.28), em uma sociedade ou organização, é considerado tabu,

o que é proibido, o que não se pode falar ou comentar. O que é envolvido em grande mistério

e está sempre associado a temas que causam desconforto nas organizações.

Freitas (1991), argumenta ainda que: “Mesmo sendo este um importante elemento

cultural, que cumpre também o papel de orientar o comportamento, demarcando áreas de

proibição, os tabus colocam em evidência o aspecto disciplinar da cultura com ênfase no não

permitido”.

2.2 LEGISLAÇÃO SOCIETÁRIA

Nesta seção apresentamos aspectos da mudança na Legislação Societária e também

da contabilidade que nesse contexto torna-se a grande aliada dessa mudança, visto que, é

através da contabilidade que é observado todos os impactos causados pela mudança na

Legislação Societária Lei 11.638/2007.

“Contabilidade é a ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades, mediante

o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos gastos nele ocorridos. Com o fim

de fornecer informações sobre sua composição e variações, bem como sobre o resultado

econômico e decorrente da gestão da riqueza patrimonial”. (HILÁRIO FRANCO, 1996).

Schimidt e Santos (2008), afirma que o pensamento contábil deixa transparecer as

opiniões, as reflexões e as ideias dos profissionais de contabilidade em determinado período e

também em relação a um conjunto de mudanças.

A contabilidade é tão antiga quanto à civilização e seu progresso quase sempre

coincide com a evolução do próprio do ser humano. (SÁ, 1997).

46

Iudícibus, Martins; Celbcke (2007, p. 29), define contabilidade como: “A

contabilidade é um sistema de informação e avaliação objetiva destinada a prover seus

usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de

produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização”.

Sendo assim, em 2005, por meio da Resolução Nº 1.055/2005 o (CFC) Conselho

Federal de Contabilidade, criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

O objetivo do CPC é emitir os pronunciamentos técnicos sobre as práticas contábeis,

sempre considerando a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

Todo esse processo viabilizou entender a harmonização como a maneira de reduzir as

diferenças existentes nas práticas contábeis entre os países e o mercado internacional passou a

exigir das empresas brasileiras, convergência com as normas internacionais, ao que se refere à

divulgação dos seus demonstrativos contábeis.

A contabilidade sempre recebeu forte influência da sociedade ou ambiente.

Hendriksen e Breda (1999, p. 38) dizem:

“A contabilidade desenvolveu-se em resposta à mudanças no ambiente, novas

descobertas e processos tecnológicos. Não há motivo para crer que a

contabilidade não continue a evoluir em resposta a mudanças que estamos

observando em nossos tempos”.

O ideal é a contabilidade ser considerada um denominador comum para os executivos

das empresas que estejam instaladas em diferentes países e regiões, e que permite as decisões

de investimentos e a alocação de recursos.

Nesse pensamento é reforçada a busca de um conjunto único de normas, com ganhos

como: maior comparabilidade, maior facilidade de operações internacionais e maior atração

de investimentos para o Brasil.

Nesse contexto não se pode deixar de avaliar os ganhos em relação às perdas que

podem ocorrer com a harmonização em detrimento a forma de contabilização. (IUDÍCIBUS,

2007).

47

No Brasil os gastos com a contabilidade são considerados investimentos enquanto a

contabilidade internacional considera como despesa, segundo o autor o comportamento do

Brasil parece ser o mais adequado e, nesse ponto, suas regras podem ser consideradas mais

avançadas que as internacionais. (IUDÍCIBUS, 2007).

Segundo Braga e Almeida (2008), a lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007,

publicada na mesma data do DOU – edição extra-altera e revogam dispositivos da Lei nº

6.407/76 e da Lei 6.385/76, estabelece nova disciplina relativamente à elaboração e

divulgações contábeis pelas sociedades por ações estendendo-a as sociedades de grande porte.

Ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações.

Ainda segundo Braga e Almeida (2008), foram introduzidas as mais recentes

conquistas conceituais e normativas em matéria contábil de países mais desenvolvidos,

incorporando-as à realidade jurídica e econômica de nosso País, e também foram

aperfeiçoadas inúmeras disposições e institutos já contemplados na legislação anterior e serem

consagradas as melhores formas de Governança Corporativa.

A partir do ano de 2005 os IFRS foram adotados pelos países da União Europeia com

a finalidade de harmonizar as demonstrações financeiras consolidadas. Conseguindo um

resultado positivo, até mesmo além do previsto.

Enquanto no Brasil o Comitê de Pronunciamentos Contábeis - CPC só foi criado no

ano de 2005, Na comunidade internacional já estavam instituídos os IFRS - International

Financial Reporting Standard, que representam um conjunto de pronunciamentos de

contabilidade publicados e revisados pelo IASB - International Accounting Standars Board.

(BRAGA e ALMEIDA, 2008).

O quadro abaixo visualiza os órgãos que compõem o Comitê de Pronunciamentos

Contábeis.

48

Quadro 6 – Composição do CPC

FONTE – CFC – Conselho Federal de Contabilidade.

Observação: CVM – Bacem – Susep – SRF – Outras entidades ou especialistas

participam como convidados.

Os países, Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Holanda, da Irlanda,

Japão, México e Reino Unido, cada um representado pela sua classe contábil, juntos no ano

de 1973 constituíram o IASC- International Accounting Standards Committee, que mais

tarde, no ano de 2001, foi substituído pelo IASB - International Accounting Standards Board,

órgão atualmente responsável pela emissão das IFRS - International Financial Reporting

Standards. (SOUZA, 2009).

Assim como os paises citados acima, outros países também juntaram ao IASC,

inclusive o Brasil representado pelo CFC - Conselho Federal de Contabilidade e pelo

IBRACON - Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes. Atualmente, as IFRS já estão

traduzidas para quarenta e dois idiomas. A medida foi aceita pela comunidade financeira e

49

atualmente, diversos países têm intensificado o trabalho para a convergência das normas

contábeis, inclusive no Brasil. (SOUZA, 2009).

Objetivos do IASB:

Desenvolver normas internacionais de contabilidade de alta qualidade, transparentes e

aplicáveis;

Promover a utilização e a rigorosa aplicação dessas normas;

Promover a convergência das normas dos diversos países para as IFRS. Segundo Ball

(2006), o IFRS tem demonstrado grande sucesso nos dois primeiros objetivos.

Contudo quanto ao objetivo de promover a convergência das normas, existe discussão

pertinente à natureza da convergência proposta, ou seja, há dúvidas se houve

convergência de fato ou se estaria ocorrendo apenas uma convergência de direito.

Segundo (ALEXANDER; ARCHER, 2006), o IASB não é subordinado a nenhum

governo, é um órgão totalmente livre e independente, porem não tem autoridade formal para

impor suas normas. Todavia sua linha filosófica sempre foi a da persuasão após muita

discussão, e buscar sempre a convergência entre os interesses dos participantes no

estabelecimento das normas contábeis.

Ainda segundo (ALEXANDER; ARCHER, 2006), um aspecto considerado positivo

dessa postura é a alta qualidade que resulta de suas normas após duradouras discussões. Mas

nem sempre tudo foi fácil, havia necessidade de acomodar interesses que não eram da mesma

linha de pensamento, isso fez com que o IASB inicialmente aceitasse duas ou mais

alternativas para tratar uma mesma situação, que logo em seguida foi considerado inadequado

com o propósito que era a harmonização. Assim, mais recentemente, o organismo passou a

eliminar tratamentos alternativos, e passa a estabelecer que, se houver mais de uma opção,

deve haver uma clara preferência por uma delas, o que resulta em uma forte redução de

padrões alternativos.

50

O primeiro estudo sobre as principais diferenças entre as práticas contábeis adotadas

no Brasil e as Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). Foi divulgado em 2006 pelo

IBRACON (instituto Brasileiro de Auditores Independentes do Brasil) com o objetivo de

guiar o início da ação de convergência das práticas contábeis brasileiras.

No ano seguinte, dezembro de 2007, foi sancionada pelo Presidente Luiz Inácio

Lula da Silva a Lei n° 11.638/07, com a sanção da Lei 11.638/2007 também entrou em vigor

algumas alterações relativas à elaboração e divulgação das demonstrações financeiras. (RNA,

2009, VASSOLER, 2009).

Esse processo impactou em grande mudança nas organizações, com relação às práticas

profissionais, sendo necessário reaprender outros conhecimentos, visto que para ter sucesso o

contador necessita estar alinhado com a nova legislação. Nesse aspecto percebe-se que o

contador é o maior envolvido com as mudanças impostas pelas alterações da Legislação

Societária Lei 11.638/2007.

O Sistema Contábil e Fiscal do Brasil amparado legalmente pela antiga Legislação

Societária Lei 6.404/76 atendia perfeitamente as organizações, os profissionais das áreas

contábeis sentiam-se seguros quanto ao desempenho de suas funções, os livros contábeis

raramente sofriam mudanças. De repente, essa mudança tão radical, ao ponto de alterar as

publicações dos livros, e mudar o ensino de contabilidade no Brasil.

Os contadores hoje estão diante de grandes desafios: atender aos investidores internos,

externos e ao Governo, aplicando as alterações impostas pela Lei 11.638/2007. Qualquer

empresa, instalada no Brasil ou em qualquer parte do mundo, independentemente da

atividade: comércio, indústria ou serviço estão obrigadas a efetuar escrituração contábil, seja

na forma fiscal ou societária.

Para tanto, os profissionais da contabilidade estão diante um grande desafio que por

sua vez os têm colocados diante novos horizontes e oportunidades.

O primeiro ano de mudança na Legislação Societária foi considerado o mais difícil,

haja vista as dúvidas que surgiam. No departamento de contabilidade o sentimento era de

completo desânimo, era normal ouvir alguém falando: tenho que aprender tudo novamente,

51

percebe-se que ninguém sabe mais contabilidade, vou sair do ramo. E isso deixava uma

sensação de total desconforto profissional. Mas essa necessidade de reaprender, também pode

significar uma oportunidade.

Alves filho (2011), afirma que reaprender conduz ao conforto e a estabilidade tanto

para a empresa quanto para o indivíduo. Compartilhado desse pensamento Sá (1997), já

afirmava que contabilidade é tão antiga quanto à civilização e seu progresso quase sempre

coincide com a evolução do próprio do ser humano.

Mesmo bem antes das mudanças na Legislação Societária no Brasil, já no ano de 2000

no Estado de São Paulo através da BOVESPA - Bolsa de Valores de São Paulo, foi criando

um movo mercado e as empresas de capital aberto que aderiram ao novo mercado, assumiram

um compromisso de divulgar anualmente, como informações adicionais, seus demonstrativos

de acordo com as normas padrões internacionais, e logo depois em 2006, o Banco Central do

Brasil (BACEN), por meio do comunicado nº 14.259/06, determinou que as instituições

financeiras também deve publicar suas demonstrações consolidadas de acordo com as IFRS

a partir do exercício findo em 2010.

Acompanhando a medida do BACEM, a Comissão de Valores Mobiliários - CVM

através da instrução 457/2007, determinou a mesma medida para as companhias abertas. As

demonstrações deverão ser comparativas, contendo as informações do exercício e do

exercício imediatamente anterior.

As alterações na legislação societária Lei 11.638/2007, proporcionou um novo cenário

contábil nas empresas brasileiras foi determinado ao profissional de contabilidade pensar qual

a melhor forma para escriturar tendo em vista vislumbrar a essência sobre a forma. Todavia

diante de todas as alterações na legislação societária.

Para os profissionais de contabilidade, a mudança na legislação societária mais

relevante talvez tenha sido introduzida pelo seu artigo 5º da Lei 11.638/2007. Pois pela

primeira vez foi reconhecida a importância da participação dos profissionais da área de

contabilidade no estabelecimento das normas que regulam a contabilidade das empresas

brasileiras.

52

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Este capítulo foi reservado para apresentação do método e das técnicas utilizados para

elaboração desta dissertação.

3.1 CARACTERÍSTICAS DA PESQUISA

Para esta pesquisa escolheu-se a abordagem qualitativa, visto que ela permite um

contato direto e interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Nas pesquisas

qualitativas, é frequente que o pesquisador procure entender as mudanças, segundo a

perspectiva dos participantes da situação e, a partir daí, situe sua interpretação dos fenômenos

estudados (NEVES, 1996).

A pesquisa qualitativa é mais utilizada quando se possui pouca informação, em

situações em que o fenômeno deve ser observado ou em que se deseja conhecer um processo,

determinado aspecto psicológico complexo, ou um problema complexo, sem muitos dados de

partida. Alguns problemas de pesquisa requerem uma abordagem mais flexível, e nestas

circunstâncias a aplicação de técnicas qualitativas é recomendada (SAMPSON, 1991).

Em linhas gerais, a pesquisa qualitativa detecta a presença ou não de algum fenômeno,

sem se importar com sua magnitude ou intensidade. É denominada qualitativa em

contraposição à pesquisa quantitativa, em função da forma como os dados são tratados e da

forma de apreensão de uma realidade, em que, no caso da pesquisa qualitativa, o mundo é

conhecido por meio de experiência e senso comum (conhecimento intuitivo), em oposição às

abstrações (modelos) da pesquisa quantitativa (NEVES, 1996).

Segundo Richardson (2008), a abordagem qualitativa de um problema justifica-se,

principalmente, por se configurar como uma forma adequada para compreender a natureza de

um fenômeno social, além de ser uma alternativa viável ao investigador.

Para Flick (2004), a pesquisa qualitativa consiste em escolher corretamente os

métodos e teorias oportunas, no reconhecimento e na análise de diferentes perspectivas, nas

reflexões do pesquisador a respeito da pesquisa como parte do processo de produção do

conhecimento e nas variedades de abordagens de métodos.

53

Ainda segundo Flick (2004), a pesquisa qualitativa é fundamental no momento de

fazer a escolha mais adequada de métodos e teorias oportunas, no reconhecimento e na análise

de diferentes perspectivas, nas reflexões do pesquisador a respeito da pesquisa como parte do

processo de produção do conhecimento e nas variedades de abordagens de métodos.

Para Roesch (2005), a pesquisa qualitativa é importante porque permite utilizar

técnicas e métodos diversos, bem como dá prioridade a uma postura investigativa atenta à

captação do ponto de vista dos entrevistados. (SILVA, 2010).

Para Silva (2010, p.59):

Esta pesquisa também se caracteriza como descritiva, a pesquisa descritiva tem como

principal objetivo descrever as características de determinada população ou fenômeno,

estabelecendo relações entre as variáveis. Os dados que são coletados através desse tipo de

pesquisa, é coletado com técnica padronizada , como questionário e observação sistemática.

Que no caso desta dissertação foi aplicada a técnica de questionários.

Essa modalidade de pesquisa é considerada importante porque além de descrever as

características de determinada população também inclui neste grupo levantar opiniões,

atitudes e crenças dessa população (GIL, 2011).

Quanto ao método, esta pesquisa caracteriza-se como um estudo fenomenológico, uma

vez que “busca compreender os significados da experiência vivida” (SILVA, 2007, p. 268).

Para esse mesmo autor, a análise fenomenológica das experiências, busca descobrir a

essência ou a estrutura básica de um fenômeno.

3.2 LOCUS DA PESQUISA

Esta pesquisa foi realizada junto a profissionais de contabilidade, da Região

Metropolitana do Recife-PE.

3.3 SUJEITOS DA PESQUISA

Apesar de terem sido enviados questionários para um total de 35 contadores, que

exercem suas atividades em diferentes empresas na região metropolitana de Recife – PE,

obteve-se o retorno de apenas 57,14% destes, ou seja, foram devolvidos 20 questionários

54

respondidos. Assim, os sujeitos desta pesquisa restringem-se a 20 profissionais de

contabilidade (Contadores) de diferentes empresas situadas na Região Metropolitana do

Recife-PE.

A escolha dos indivíduos baseou-se em dois princípios fundamentais: primeiro, ser

um profissional de contabilidade que tenha vivenciado o momento dessa mudança na Lei

Societária 11.638/2007 e ser registrado no Conselho Regional de Contabilidade de

Pernambuco, segundo, aceitar participar dessa investigação, isto é, uma escolha do

participante feita com base na acessibilidade.

A quantidade foi determinada pelo critério da saturação, ou seja, percebeu-se ao longo

da pesquisa, que as informações se repetiam, sendo assim, decidiu-se parar nessa ordem de 20

profissionais de contabilidade.

3.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DOS DADOS

Escolheu-se como instrumentos para a coleta dos dados desta pesquisa, um

questionário, contendo quatro questões abertas. (Questionário, ver apêndice 2).

A formulação das questões foi feita de maneira clara, concreta e precisa, levando-se

em consideração “o sistema de referência do interrogado, bem como o seu nível de

formação”. (GIL, 1999, p.134).

Segundo Silva, (2010, p.60), “questionário é um conjunto ordenado e consistente de

perguntas a respeito de variáveis e situações que se deseja medir ou descrever”.

Segundo Vergara (2009), o questionário é um método de coleta de dados no campo, de

interagir com o campo composto por uma série ordenada de questões a respeito de várias

situações que o pesquisador deseja investigar.

Para elaboração de um questionário, não podem deixar de ser observados: a clareza

das perguntas, o tamanho, o conteúdo e a organização que foram formuladas as perguntas

facilitando as respostas, e de forma que o respondente sinta-se motivado a respondê-lo

(SILVA, 2010).

55

3.5 PRÉ-TESTE

Segundo Gil, (2011) “O pré-teste de um instrumento de coleta de dados tem por

objetivo assegurar-lhe validade e precisão. Como é de conhecimento, no caso do questionário,

a obtenção desses requisitos é bastante crítica. “Todavia, o pré-teste deve assegurar que o

questionário foi bem elaborado”.

Ainda segundo Gil (2011), são requisitos indispensáveis para obtenção de um

questionário: clareza e precisão dos termos, forma de questões, desmembramento das

questões, ordem das questões e Introdução do questionário.

Um dado importante e que sempre deve ser considerado, é que o pré-teste deve ser

aplicado somente a indivíduos que tenham conhecimento do assunto a ser pesquisado e aceite

se dedicar a responder o questionário, visto que, além de responder o questionário ele deve

ainda ser entrevistado, a aplicação do pré-teste é fundamental para que o entrevistador possa

perceber algumas possíveis dificuldades que poderão ser encontradas no decorrer da pesquisa.

(GIL, 2011).

Gil (2011, p. 134) afirma que;

“O pré-teste de um instrumento de coleta de dados tem por objetivo

assegurar-lhe a validade e precisão. Como é sabido no caso do questionário,

a obtenção desses requisitos é bastante crítica. Todavia, o pré-teste deve

assegurar que questionário esteja bem elaborado, sobretudo no referente a:

clareza e precisão dos termos; forma de questões; desmembramento das

questões; ordem das questões; introdução do questionário”.

Para realização do pré-teste desta pesquisa foram entrevistados dois profissionais de

contabilidade e os mesmos entrevistados também responderam aos questionários.

Com a realização do pré-teste percebeu-se algumas reações faciais dos profissionais ao

responder as perguntas, notava-se que eles preferiam pensar sobre o assunto antes de

responder. Dessa forma percebeu-se que o melhor método para coletar os dados para esta

pesquisa seria o questionário. E importante afirmar que o questionário utilizado para o pré-

teste foi aplicado pessoalmente pelo pesquisador a dois contadores de empresas diferentes

estabelecidas na região metropolitana do Recife-PE.

56

Tanto a fase do pré-teste quanto a aplicação do questionário propriamente dito, ocorreram no

período de abril a maio de 2012.

3.6 PROCESSO DE COLETA DOS DADOS

Um dos pontos principais para elaborar esta pesquisa foi definir como buscar no

campo as evidências que possibilitasse responder a pergunta de pesquisa proposta. A saber:

Quais reações à mudança pode se identificar no profissional de contabilidade, face às

alterações da Lei societária 11.638/2007?

O método utilizado para coleta de dados desta pesquisa foi o questionário. Segundo

Silva, (2010, p.60), “questionário é um conjunto ordenado e consistente de perguntas a

respeito de variáveis e situações que se deseja medir ou descrever”.

Gil (2011, p.121) define, questionário como técnica de investigação composta por um

conjunto de questões que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações

sobre conhecimentos, crenças, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspirações,

temores, comportamento presente ou passado etc.

Segundo Vergara (2009), os questionários podem ser classificados em três grupos:

Abertos – São colocadas para os respondentes questões abertas, as questões abertas são úteis

quando é utilizado o numero de respondentes mais reduzido e também quando a pesquisa e de

abordagem qualitativa. Vergara, (2009).

Fechados (survey) – são aqueles em que são apresentadas aos respondentes questões fechadas,

onde o respondente faz marcações com x ou com algarismos, é mais indicado quando a

pesquisa alcançar um número maior de respondentes e para investigações de abordagens

quantitativas. Vergara, (2009).

Mistos – os questionários mistos são aqueles que apresentam questões abertas e fechadas. A

decisão para escolher um ou outro depende do que o pesquisador deseja investigar. É indicado

que no caso de o pesquisador abrir um questionário fechado oferecer ao respondente um

57

espaço para uma eventual necessidade, do respondente escrever alguma coisa. Vergara,

(2009).

Para esta pesquisa, utilizamos questionários com questões de perguntas abertas. Tais

modalidades são úteis quando são utilizados um número de respondentes mais reduzidos e

também quando a pesquisa é de abordagem qualitativa, provocando respostas livres, no que

diz respeito ao conteúdo e a linguagem, e também exigem do respondente, certo

conhecimento do que é perguntado, alem de motivação e disposição para responder o que

sabe sobre o tema pesquisado. Com relação ao pesquisador, as respostas a perguntas abertas

exigem habilidade de interpretação e demanda mais tempo para análise das respostas.

Vergara, (2009).

Ainda segundo (VERGARA, 2009), as questões foram apresentadas ao respondente,

por escrito, para que ele responda também dessa forma, independentemente de ser

apresentada a resposta em papel ou por e-mail. A escolha para apresentação do questionário é

sempre do pesquisador.

O pesquisado pode utilizar os meios eletrônicos para enviar os o questionário por e-

mail ou disponibilizá-lo em páginas próprias na web, usando hypertext markup language

(HTML), a linguagem da web, e hospedar o questionário e também a carta explicando a

natureza da pesquisa em um dos diversos sites especializados como exemplo: <WWW.vista-

survey.com> (VERGARA, 2009).

Para coletar os dados apresentados nesta pesquisa foram enviados 35 questionários

(GIL, 2011, p.121), “construir um questionário consiste basicamente em traduzir objetivos da

pesquisa em questões específicas. As respostas a essas questões é que irão proporcionar os

dados requeridos para descrever as características da população pesquisada ou testar as

hipóteses que foram construídas durante o planejamento da pesquisa”.

O questionário foi elaborado com quatro questões específicas propostas por escrito e

enviadas aos respondentes por meio da internet utilizando o e-mail corporativo da empresa e

também o e-mail pessoal do respondente.

Acompanhando o questionário foi enviado aos pesquisados a carta da instituição

confirmando a legitimidade da pesquisa e a necessidade de sua participação neste trabalho. (

58

ver apêndice 1) a mesma foi elaborada em papel timbrado da instituição e assinada pelo

pesquisador e pela professora orientadora.

O questionário foi construído obedecendo aos procedimentos técnicos constatando a

eficácia das perguntas para verificação dos objetivos, como orienta Gil, (2011).

Formulou-se perguntas abertas facilitando o entendimento do respondente, visto que

as perguntas abertas provocam respostas livres, porém exigem do respondente conhecimentos

a respeito da pesquisa e reflexão sobre o que é perguntado, (VERGARA, 2009).

3.7 TÉCNICAS DE ANÁLISES DOS DADOS

Nesta pesquisa, procedeu-se a análise dos dados utilizando-se a Análise de Conteúdo.

(BARDIN, 2011).

“A Análise de Conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das comunicações

visando obter, por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das

mensagens, indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos

relativos às condições de produção/recepção destas mensagens”. (BARDIN, 2011, p.42).

“A análise do conteúdo é considerada uma técnica para o tratamento de dados que visa

identificar o que está sendo dito a respeito de determinado tema”. (VERGARA, 2010, P.9).

Existem três fases para utilização da análise do conteúdo: 1) pré-análise; 2) exploração

do material; 3) Tratamento dos dados, a inferência e interpretação: (VERGARA, 2010). Nesse

contexto, também e relatado por (BANDIN, 2011).

Para (BANDIN, 2011), Pré-análise é considerada a fase de organização e corresponde

a um período de intuições, mas tem por objetivo operacionalizar e sistematizar as idéias

inicias conduzindo as mesmas a um esquema preciso do desenvolvimento das operações que

se sucedem num plano de análise.

A pré-análise corresponde à seleção do material e a definição dos procedimentos a

serem seguidos (VERGARA, 2010).

59

A pré-análise possui três missões: a escolha dos documentos para análise, a

formulação das hipóteses e dos objetivos e a elaboração dos indicadores que fundamentem a

interpretação final. Embora as três missões encontrem-se ligadas, poderão acontecer sem

seguir uma ordem cronológica. (BARDIN, 2011).

A exploração do material refere-se à implementação dos procedimentos definidos na

pré-análise (VERGARA, 2010). Que é confirmado por (BARDIN, 2011), quando relata que a

exploração do material é aplicação sistemática das decisões tomada.

Tratamento dos dados e interpretação Refere-se à geração de inferência e dos

resultados da investigação. Na fase tratamento dos dados e interpretação, as suposições

poderão ser confirmadas ou não (VERGARA, 2010; BARDIN, 2011).

Para esta pesquisa foram estabelecidos objetivos de acordo com os documentos e para

interpretação dos dados coletados utilizou-se o referencial teórico com leitura flutuante, que

caracteriza em estabelecer contato com os documentos e analisar o texto permitindo-se

invadir por suas impressões (BARDIN, 2011).

A utilização do material exige sua codificação, que corresponde a transformação,

obedecendo regras estabelecidas dos dados brutos do texto. Transformando esta que, por

recorte, agregação e enumeração, torna-se viável obter uma representação do conteúdo ou da

sua expressão. (BARDIN,op. cit).

“A codificação e, consequentemente, a classificação dos materias colhidos na amostra,

é uma tarefa de construção, que carrega consigo a teoria e o material de pesquisa”. (BAUER,

2011, p.199).

A organização da codificação compreende três escolhas: O recorte, escolha das

unidades; a enumeração, escolha das regras de contagem; a classificação e a agregação,

escolha das categorias (BARDIN, 2011).

Na pré-análise, definiu-se que o material seria explorado através do tema, como

principal unidade de registro ou significação. Segundo (BARDIN, 2011), “O tema é a unidade

60

de significação que se liberta naturalmete de um texto analisado segundo certos critérios

relativos à teoria que serve de guia a leitura.

O uso do tema como unidade de registro ou significação, foi extremamente importante

para esta dissertação. Frequentemente o tema e utilizado para estudar motivações de opiniões,

atitudes, de valores, de crenças, de tendências etc.

As respostas a questões abertas, entrevistas individuais etc. (BARDIN,op. cit).

Considerando-se o objetivo da pesquisa, a saber: Identificar a percepção de profissionais de

contabilidade, da Região Metropolitana do Recife-PE, face às alterações na Lei Societária

11.638/2007.

Os dados para análise foram coletados atraves de questionário, adotando o criterios por

categorias:

Para Bardin (2011, p. 147):

“A categorização é uma é uma operação de classificação de elementos

constitutivos de um conjunto por diferenciação e, em seguida, por

reagrupamento segundo o genêro ( analogia), e os críterios previamentes

definidos. As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo

de elementos (unidades de registros no caso da análise do conteúdo) sob um

título genérico, agrupamento esse efetuado em razão das caracteristicas

comuns desses elementos”.

3.8 LIMITES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Nesta seção estão descritos os limites e as limitações desta pesquisa.

3.8.1 Limites da pesquisa

Um dos limites desta pesquisa foi a restrição para participar dessa investigação, apenas

aqueles profissionais de contabilidade que tenha participado ativamente da mudança na Lei

Societária, ou seja, só responderão aos questionários os indivíduos que já exerciam atividades

na contabilidade antes da alteração na Legislação Societária Lei 11.638/2007.

61

3.8.2 Limitações da pesquisa

Uma das limitações percebidas desta pesquisa foi a dificuldade de se receber o

questionário entregue ou enviado, quer seja por meio impresso ou por meio eletrônico.

A devolução dos questionários foi abaixo do esperado, apesar da insistência do

pesquisador, em alguns casos.

62

4 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo apresenta-se a análise dos dados desta pesquisa, que teve como objetivo

Identificar reações emocionais em profissionais de contabilidade em empresas, da Região

Metropolitana do Recife-PE, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

Os dados foram separados em categorias temáticas, segundo os objetivos específicos

definidos para esta pesquisa.

4.1 SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS À MUDANÇA

Nesta Seção estão expostas as declarações de profissionais de contabilidade em

empresas da Região Metropolitana do Recife-PE, sobre o significado que eles atribuem à

mudança, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

[...] maior confiabilidade dos gestores para a tomada de decisão [...]

(RC1).

[...] A Lei nº 11.638/2007 significou grandes mudanças [...] uma alternativa

de melhorar a qualidade dos profissionais da contabilidade [...] A

contabilidade nos moldes internacionais mostrará a real posição da pessoa

jurídica [...] melhor visão dos resultados e das projeções (RC2).

[...] Foi com certeza um impacto para todos em primeiro momento, [...] fez

com que a contabilidade se consolidasse ainda mais, sendo agora uma

fonte mais rica de informações para gerenciamento do negócio (RC3).

[...] significou um processo de evolução e adequação à realidade mundial

(globalização), pois tenta unificar a contabilidade mundialmente eu acho uma

ideia fantástica, todos falando a mesma linguagem (RC5).

[...] quando se trata da parte societária a mudança foi brusca e radical

(RC6).

[...] com o advento da globalização, era necessário o Brasil ter regras e

normas que há anos já eram utilizadas em várias potências mundiais (RC7).

[...] mais trabalho em virtude de termos uma contabilidade para o fisco e

uma contabilidade para empresa (RC11).

[...] notável o desenvolvimento no mercado atual, e era preciso mudar as

regras do jogo, a Lei 11.638/2007 significa reflexão para uma mudança

cultural (RC13).

[...] adequação a norma (sic. RC14).

63

[...] Significou uma nova perspectiva de visão da contabilidade diante do

processo de globalização, onde as fronteiras geográficas desapareceram e as

informações se universalizam (RC16).

[...] necessidade de atualização e adaptação aos novos procedimentos

contábeis impostos pela MP 449/08 e pela Lei 11.638/07, cujo objetivo é a

convergência aos padrões internacionais de contabilidade (RC18).

[...] Valorizou sobremaneira todos os profissionais da contabilidade,

exigindo uma melhor qualificação. O mais importante é a expectativa de

crescimento (RC19).

[...] eu acredito que as mudanças implantadas alcançaram o objetivo, que foi

harmonizar com as normas internacionais utilizadas nos Estados Unidos e

na Europa, de certa forma a reforma nos obrigou rever velhos conceitos e

forçou o aprimoramento (sic.RC20).

Percebe-se, pelas respostas dos profissionais que responderam aos questionários, que

não há um único tipo de significado atribuído à mudança da Lei Societária, mas que são

vários exceto dois deles têm visão negativa.

Constata-se que para esses profissionais entrevistados, essa é uma mudança

renovadora, pois ela faz com que eles descubram potencialidades antes não exploradas não

somente para eles próprios, mas também para a organização. É como se a mudança estivesse

despertando-os para recuperar o atraso em seus conhecimentos, que para alguns pareciam

estagnados.

Em linhas gerais, parece que eles percebem essa mudança com naturalidade, como se

ela já fizesse parte da rotina dos seus trabalhos.

Para uns, ela representa confiabilidade para as decisões, melhoria na qualidade das

atividades contábeis, atualização e adaptação aos novos procedimentos; para outros, ela

representa um processo de evolução, consolidação e internacionalização da contabilidade.

Finalmente, alguém a reconhece como uma mudança cultural.

4.2 SENTIMENTOS ATRIBUÍDOS À MUDANÇA

Nesta seção estão dispostos os depoimentos dos profissionais que responderam aos

questionários sobre os sentimentos que esses profissionais de contabilidade em empresas da

Região Metropolitana do Recife-PE, percebem, face às alterações na Lei Societária

11.638/2007.

64

[...] Como profissional senti um impacto muito grande, pois a mudança foi

brusca [...] Num primeiro momento me senti meio perdida é como se tudo

que eu sabia não tivesse mais valor [...] frustração e insatisfação, pois, foi

como dormir com domínio da situação e no dia seguinte ter que fazer a

mesma coisa de uma forma diferente e com uma legislação bastante

complexa sendo interpretada de diferentes maneiras. [...] o impacto das

mudanças foi frustrante, em alguns momentos pensei até em procurar

outra área [...] (RC1).

[...] se faz necessário que o Governo efetue as mudanças nas legislações

tributárias, pois a transparência estará acima de tudo (RC2).

[...] como toda mudança causa desconforto [...] Um trabalho árduo, mas

que vendo por outro lado foi muito positivo [...] certeza, restaurou muitos

conceitos que até então estavam ultrapassados levando em consideração a

rapidez nas informações empresarias [...] Para nós contadores, uma mudança

na posição de um profissional que passa a entender não somente da

movimentação dos valores em demonstrações financeiras e sim um novo

profissional capaz de avaliar o real valor de seus elementos patrimoniais. [...]

(RC3).

[...] As Empresas para atenderem as mudanças e adequarem-se os novos

parâmetros exigidos pela legislação, terão que procurar profissionais

capacitados [...] impressão de que todos os conhecimentos inerentes à área,

ou parte deles, teriam que ser reaprendidos [...] exige do profissional

contábil, disciplina e acompanhamento constante [...] significou a

necessidade da busca rápida de conhecimento das mudanças ocorridas,

uma vez que, a mudança na legislação é uma coisa, porém aplicar as

mudanças na prática exige maior clareza dos procedimentos e critérios a

serem adotados [...] (sic. RC4).

[...] foi indiferente o meu sentimento em realizar ou deixar de realizar o

trabalho de acordo as novas regras (RC5).

[...] muitas incertezas, principalmente porque as mudanças ainda não tem

tido aplicações práticas nas empresas de médio e pequeno porte que é o tipo

de empresa que eu trabalho [...] o sentimento que tenho é a necessidade de

reciclar meu conhecimento ou faço isso ou viro uma profissional

ultrapassada [...] sensação de insegurança com relação ao que fazemos,

temos que aprender tudo novamente (RC6).

[...] todos os conhecimentos que absolvi até então precisaram passar por

uma reformulação [...] Recebi essas mudanças com muito otimismo (RC7).

[...] fiquei preocupado, pois, não sabia como lidar com a mudança, [...]

percebi que teria que me reciclar para atender às expectativas do novo [...]

Era necessário a mudança para que nossa contabilidade se tornasse mais

valorizada à nível internacional [...] é necessário que as empresas tenham

em seus quadros, profissionais mais competentes e responsáveis [...]

valorização do profissional contador. [...] credibilidade das informações

prestadas pelo contador por estarem mais transparentes e dentro de um

padrão internacional proporcionando mais confiabilidade e clareza (sic.

RC8).

[...] a princípio causou-nos certa apreensão. Um certo sentimento de

preocupação pelo fato de terem sido bruscas demais [...] No primeiro

momento tive uma sensação de insegurança e também de certo repúdio,

afinal, para que se mexer em time que está ganhando [...] exigir do

65

profissional uma maior qualificação e também desenvolvimento de novas

habilidades (sic. RC9).

[...] Recebi a mudança com muita naturalidade, mesmo sabendo que estava

mim tirando de uma zona de conforto, e mim forçando a ter mais

conhecimento [...] na verdade eu recebi a mudança na legislação societária

como uma forma de estímulo a conhecer mais ou eu me dedicava ou seria

um profissional ultrapassado [...] significou começar novamente, imagine

você já trabalhar em contabilidade há mais de 15 anos e de repente o governo

lança uma Lei dizendo que você precisa rever todos os seus conceitos [...]

essa mudança na legislação transformou o contador em um profissional

extremamente importante e altamente qualificado, [...] quanto mais o

profissional tem conhecimento nas mudanças ocorridas na legislação mais ele

é valorizado no mercado de trabalho (sic RC10).

[...] com preocupação, pois, tivemos que mudar toda nossa rotina contábil

[...] entendo que tivemos um avanço com relação a confiabilidade no

trabalho do contador (RC11).

[...] Recebi com aversão. Toda mudança, no início, creio que gere esse tipo

de sentimento [...] significando uma reformulação em minha carreira

profissional [...] (RC12).

[...] grandes mudanças à nível de informações (sic. RC13).

[...] ficamos um pouco apreensivos devido às mudanças nas estruturas das

Demonstrações Contábeis (RC14).

[...] conflito com as questões fiscais [...] a maioria dos profissionais contábeis

não detinha o conhecimento relacionado às novas práticas [...] muitos

não acreditavam na efetiva adoção das alterações (RC15).

[...] A transparência e confiabilidade das informações contábeis é algo que

a sociedade vem cobrando há muito tempo dos profissionais da

contabilidade [...] (RC16).

[...] tive a certeza que precisava me reciclar [...] Me fez sentir muito

importante para cumprimento da Lei perante o Governo [...] contador passa

a ser peça fundamental nas entidades governamentais (sic. RC17).

[...] senti como se grande parte do que houvera aprendido na academia

estivesse se tornando obsoleto, mesmo sabendo da importância da

convergência para a evolução da doutrina contábil, estagnada desde a Lei

6.404/76, Lei das Sociedades por Ações (RC18).

[...] mais consistência na elaboração das informações. Sabemos que ainda

estamos nesse processo de mudanças e isso representa pra mim, mais uma

motivação [...] tranquilidade, pois já tinha conhecimento do

desenvolvimento do projeto e sou receptivo às boas mudanças (sic. RC19).

[...] A contabilidade precisava muito dessa reforma, pois durante muitos

anos a desconfiança sobre os números divulgados pela contabilidade era uma

situação que me incomodava muito [...] Recebi com tranquilidade, e

procurei colocar em prática o mais rapidamente possível para que a

adaptação ocorresse naturalmente

[...] aumentando o grau de confiabilidade nas informações publicadas

(RC20).

66

Nesses diversos relatos que traduzem os sentimentos que esses profissionais de

contabilidade, apresentam ao responderem aos questionários, surgem aqueles com uma

percepção negativa e outra positiva, esta bem superior em quantidade, que a primeira.

As declarações negativas indicam sentimentos fortes referentes à mudança brusca,

insegurança, preocupação, apreensão, repúdio, aversão, frustração, insatisfação, incerteza,

indiferença e até mesmo conflito contra a ideia da mudança.

Quanto à visão sobre os conhecimentos contábeis anteriores ao processo de mudança,

eles indicam sentimentos de obsolescência e estagnação, como se tudo o que sabiam não

tivesse mais valor.

Quando se referem ao trabalho, eles indicam sentimentos referentes a uma profissão

ultrapassada e se mostram insatisfeitos por mudar as suas rotinas de trabalho e a maneira de

fazê-los; surgiu, ainda, o desejo de mudar de área e um sentimento de descrédito quanto à

implantação das mudanças na Lei Societária.

Quanto às declarações positivas, percebem-se sentimentos de receptividade, confiança

e otimismo nessa mudança, progresso, motivação e tranquilidade.

Ao que se refere à profissão de Contador e aos seus novos conhecimentos e

habilidades, os sentimentos indicam renovação, reaprendizagem, novas atitudes e

comportamentos, responsabilidade e credibilidade nas informações.

Os sentimentos também são estimuladores quando se referem à profissionalização

dessa atividade, dos próprios profissionais e do mercado de trabalho onde eles atuam:

percebe-se a sua valorização em nível internacional, junto às instituições governamentais e,

finalmente o reconhecimento por parte da sociedade.

Em linhas gerais, pode-se dizer que a linguagem nessas declarações indica para uma

mudança que pode ser considerada progressista. Faz com que a organização avance e com ela

também os indivíduos, sobretudo porque se percebem os resultados positivos que ocorrem

como consequências dessa mudança.

67

4.3 OPORTUNIDADES ATRIBUÍDAS À MUDANÇA

Esta seção apresenta a percepção dos profissionais que responderam aos questionários

quanto às oportunidades surgidas, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

[...] e tive que correr contra o tempo para me atualizar [...] os gestores

começaram a nos entender mais um pouco, valorizando e respeitando o

nosso trabalho, bem como passaram a nos dar mais suporte e ferramentas

de trabalho para acompanhar a legislação. [...] o mercado para esta

categoria qualificada ficou aquecido e diversificado (RC1).

[...] Passei alguns dias analisando tudo que estava ocorrendo e que tinha que

tomar uma decisão urgente, pois tinha que voltar para sala de aula e dedicar

várias horas para o estudo das novas normas [...] (RC2).

[...] tivemos que aprender tudo de novo de se readaptar a novos conceitos,

técnicas e entendimentos sobre a forma e ótica de contabilização, análises e

demonstração das mutações ocorrida no patrimônio da empresa [...] tive que

começar a estudar, participar de cursos, pesquisar, ler os principais CPC

emitido pelo Comitê, tentar entender o impacto das alterações dada pela nova

Lei. [...] Mais oportunidade de trabalho, maior remuneração para

profissionais que tenham o mínimo de conhecimento na Contabilidade

Internacional, domínio do CPC e das formas de geração de informações para

o FISCO, com certeza as oportunidades de crescimento profissional nas

grandes corporações aumentaram pela demanda de atualização no setor de

contabilidade. E quem tem um bom conhecimento nas novas técnicas e

conceitos atuais está conseguindo um destaque dentro das empresas,

consultorias de contabilidade e etc. (sic. RC3).

[...] oportunidade de se reciclar diante dos conceitos já aprendidos na

academia [...] fazendo com que esses mesmos profissionais passem a ser

valorizados no mercado, gerando, portanto um upgrade na profissão

contábil (sic. RC4).

[...] percebo estas mudanças como oportunidade para os profissionais que

estão se qualificando (RC5).

[...] a nova lei abre novas perspectivas para o profissional da área [...]

(RC9).

[...] reaprender o seu trabalho. Voltar a estudar, conhecer a redação da

nova Legislação Societária pra só então poder voltar a ter segurança como

profissional [...] para o Contador que se dedicar em conhecer bem as normas

internacionais de contabilidade e o estudo do CPC, o mercado de trabalho

está oferecendo muitas oportunidades e excelentes remunerações [...]

representou muita valorização como profissional, mais respeito por parte

dos empresários e muito mais transparência e confiabilidade na execução

do meu trabalho [...] (sic RC10).

[...] significando uma reformulação em minha carreira profissional, uma

vez que tenho que aperfeiçoar e atualizar meus conhecimentos na área [...]

observo que a mudança valoriza ainda mais a classe contábil (RC12).

[...] buscar a informação participando de palestras, cursos e conversando

com os nossos Gestores [...] o Contador a partir da Lei passa a ser o gestor

da informação participando de todo processo [...] houve para mim um

grande aprendizado e melhoria na performance profissional (RC14).

68

[...] maior valorização dos profissionais e da classe contábil [...] esta

mudança significou uma oportunidade de crescimento profissional [...]

(RC15).

[...] aos poucos vemos os profissionais da contabilidade indo em busca desse

novo conhecimento e se capacitando cada vez mais para tais mudanças [...]

[...] ganham os dois lados, o profissional, por ser mais valorizado e

reconhecido com a melhor maneira de trabalhar, e a sociedade, por se sentir

atendida as suas reivindicações de transparência e confiabilidade das

informações contábeis (RC16).

[...] profissional contábil expande as fronteiras do seu conhecimento,

aperfeiçoando suas técnicas. Ou seja, a convergência aos padrões

internacionais tornou-se um ponto a favor do profissional que pretende

atuar em outros países (RC18).

[...] e principalmente começa restaurar o respeito e credibilidade para os

profissionais da área contábil (RC20).

Quanto às diversas declarações sobre as oportunidades advindas pela mudança na Lei

Societária, percebe-se que os profissionais de contabilidade, ao responderem aos

questionários, eles reconhecem que elas são favoráveis, evidentemente, àqueles que estão

buscando a sua qualificação.

Entende-se que este é o momento de se adquirir novos e necessários conhecimentos

sobre essa nova Lei.

Para esses profissionais de contabilidade, aumentam-se consideravelmente as

oportunidades tanto na empresa, quanto no mercado de trabalho, por meio da valorização dos

seus trabalhos, do crescimento profissional e da própria profissão contábil.

Quanto ao mercado, este oferece várias oportunidades para esses profissionais, como

várias propostas de emprego, melhor remuneração e segurança. Surge, ainda, a oportunidade

de serem mais bem reconhecidos na sociedade, pelos seus trabalhos mais transparentes e

confiáveis. Ainda, a possibilidade de expatriação.

4.4 OS PRESSUPOSTOS SOBRE A GESTÃO DA MUDANÇA

Nesta seção estão reunidos os depoimentos dos profissionais que responderam aos

questionários, quanto aos pressupostos sobre a gestão da mudança provocada pela Lei

Societária 11.638/2007.

69

[...] dificuldade de conscientizar e mudar culturalmente a visão dos

gestores (RC1).

[...] Muitos empresários vão resistir às mudanças [...] o gasto com a

contabilidade vai subir muito, a cultura de achar que a contabilidade é

“DESPESA” sem nenhum retorno. É um pensamento que precisamos

mudar na cabeça dos empresários. [...] A valorização profissional que não

existe para categoria, pois inúmeros profissionais preferem receber até meio

salário mínimo por mês para elaborar apenas um livro caixa sem nenhuma

qualidade, e ter na sua carteira de clientes mais 100 pessoas jurídicas (sic.

RC2).

[...] passar por um processo de muito estudo para acompanhar todo esse ciclo

de mudanças de conceitos e valores (RC3).

[...] percebi uma resistência, especialmente pelos profissionais mais

“antigos” sobre a nova sistemática de se trabalhar, hoje prevalece a

“essência sobre a forma” antes a grande preocupação era em atender ao

fisco [...] observo isto como uma grande quebra de paradigma, percebi que

a questão do fisco era uma questão cultural muito forte [...] ter que

aprender a elabora as demonstrações pensando primeiro na “essência sobre a

forma” e deixar o fisco para o segundo plano é uma barreira que está aos

poucos sendo quebrada. (sic. RC5).

[...] não estou tendo dificuldades, porém percebo que os profissionais mais

antigos têm demonstrado algumas resistências (sic. RC6).

[...] toda mudança tem seus impactos iniciais de retração, ou seja, largar o

comodismo e encarar o novo [...] bastante complicada a aceitação, ou

seja, a quebra de paradigmas é muito difícil (RC8).

[...] Há aspectos da lei que irão exigir das empresas brasileiras, do

Governo e dos profissionais uma mudança cultural, uma postura de

maior integridade e ética, o que pode levar um bom tempo para ser

assimilada (RC9).

[...] acho o profissional de contabilidade como qualquer outro profissional,

constrói uma cultura própria com alguns mitos e paradigmas e que a

qualquer hora podem ser quebrados como exemplo o que aconteceu agora

com a mudança na legislação, [...] Toda profissão tem sua cultura, tudo

aquilo que advém de conhecimento adquiridos e repassados pode ser

chamado de cultura (RC10).

[...] com relação aos empresários, alguns ainda resistem a essas mudanças

(RC11).

[...] Ainda tem muito a se mudar, principalmente na área fiscal e suas

obrigações acessórias na relação com o Governo. Culturalmente, essas

coisas demoram em nosso país ainda mais quando envolve impostos e

receita governamental (RC12).

[...] A mudança culturalmente para o Contador que não buscou a

atualização o estudo duro sobre CPC CVM entre outro órgão que

legitimaram as implantações, do lado da empresa o investimento em Sistemas

de ERP, principalmente quebra dos paradigmas de não querer ouvir o

contador (sic. RC14).

[...] grande maioria já estavam habituados com uma contabilidade voltada

para fisco, e agora, a contabilidade além de atender aos aspectos

70

tributários, também tem que atender a essência da contabilidade (sic.

RC15).

[...] Havia na cabeça de um certo número de profissionais de contabilidade,

que o profissional contábil bom era aquele que sabia dar um “jeitinho”

nas informações contábeis (nos seus demonstrativos) para agradar

inescrupulosos gestores. A Lei 11.638/2007 traz em suas entrelinhas a

necessidade da mudança desse tipo de postura. Cobra mais

responsabilidade dos profissionais que trabalham com as informações

contábeis ao mesmo tempo em que exige dele um nível de conhecimento

muito mais apurado (sic. RC16).

[...] O Contador antes era visto apenas como mero emissor de DARF’s

(RC17).

[...] Quando se trata de mudança cultural, sabe-se que exige tempo para que

as mudanças possam integrar-se às rotinas dos profissionais. Pelo que

observo muitos deles se quer pararam para ler o CPCs ou a Lei 11.638/07,

existe certa “resistência” aos novos procedimentos (sic. RC18).

[...] Hoje vivemos um mundo globalizado e as necessidades de atender aos

mais diversos tipos de clientes é única. Isso faz com que as pessoas

envolvidas no processo busquem se adaptarem o mais rápido possível.

Sabemos que existem as gestões puramente familiares, que ainda são

resistentes, mas a velocidade das mudanças força essa adaptação em

benefício da própria sobrevivência (sic. RC19).

[...] A aplicabilidade de assuntos polêmicos como a alteração na Legislação

Societária, sempre vão de encontro com a cultura enraizada, mas entendo

que muitos desses choques de cultura são necessários para que haja o

desenvolvimento. [...] O crescimento da valorização das informações

contábeis aos poucos vão sendo o lastro para a quebra de muitos

paradigmas, e isso tudo só começou a dar certo quando os estudiosos da área

pararam de querer colocar em prática apenas o que era traduzido das

normas do IASB e FASB e passaram a interpretá-las e adaptá-las a

realidade nacional (sic. RC20).

As declarações dos profissionais que responderam aos questionários, quanto aos

pressupostos sobre a mudança provocada pela Lei Societária 11.638/2007, indicam

contrariamente ao que tanto se discute na administração, que são poucos os casos de

resistência a essa mudança, o que representa um mito da resistência humana à mudança, isto

é, como se já fosse uma verdade absoluta que as pessoas são resistentes à mudança.

Os poucos relatos neste sentido, referiram-se aos empresários e aos profissionais mais

antigos. Semelhantemente não houve sentimentos de medo com relação à possibilidade de

demissão, nem tampouco lamentação por motivo da perda de referências sociais na

organização ou falta de reconhecimento.

Quanto aos valores, percebe-se claramente a mudança desses, quando os entrevistados

se referem à alteração na postura dos Contadores: mais integridade e ética para esses

71

profissionais, empresas e Governo; ou quando declaram que ‘o bom Contador era aquele que

sabia dar um jeitinho nas informações contábeis’.

Vê-se a evolução desse conceito de ‘bom’, de ‘expert’ para ‘transparência’ e

‘confiança’. Essa mudança de valores passa também para a sociedade, quando ela mesma

também já espera por profissionais mais responsáveis: hoje reconhecidos como os ‘bons’.

Outro aspecto diz respeito à mudança nas práticas contábeis atuais: mais importante

que fazer contabilidade para o Fisco é priorizar a “essência sobre a forma”. Segundo os

entrevistados, atualmente o Fisco fica em segundo plano, na ordem das prioridades.

Ao que se refere às crenças, constata-se pelos depoimentos que há ainda uma

resistência dos gestores, quanto às despesas com a contabilidade da empresa. Parece que

ainda há uma visão de que elas representam gastos, ao invés de investimentos.

Percebe-se pelas declarações, que existe a crença de que os profissionais de

contabilidade não são valorizados pela sociedade, nem pelos gestores. Outra crença diz

respeito à receita e aos impostos que devem ser pagos ao Governo: parece que se acredita que

eles não são necessários e importantes. Outra crença popular parece ser a compreensão de

que cabe aos Contadores apenas a atividade de emissão de DARF’s.

Finalmente, percebe-se a crença sobre a condição atual para os profissionais desta

área: ou se adaptam às mudanças ou não há como sobreviverem no mercado de trabalho.

Sobre as normas, verifica-se que os Contadores precisam mudar as suas rotinas de

trabalho e se adaptarem às novas normas de conduta, isto é, uma contabilidade não mais

voltada para atender ao fisco, sobretudo, para realizar um trabalho confiável e que tenha

clareza quanto às informações.

Eles têm consciência, ao que parece, sobre o fato de que as normas advindas pela

mudança na Lei Societária têm ordenado novas rotinas de trabalho.

Quanto aos tabus, percebe-se que eles existem, embora haja a tendência de serem

minimizados pelo próprio resultado do trabalho dos atuais Contadores, ao seguirem as

72

mudanças exigidas pela Lei Societária: darem mais valor à “essência sobre a forma”, evitarem

atitudes que os levem ao famoso ‘jeitinho nas informações contábeis’ ou quando as atitudes

desses profissionais indicarem mais integridade, ética e responsabilidade nos seus trabalhos.

Outro aspecto importante e que tende a deixar de ser tabu, diz respeito à visão dos

empresários, quanto aos investimentos na área contábil: pensar assim, ao invés de considerá-

los como despesas.

73

5 CONCLUSÃO

Este capítulo apresenta as conclusões da pesquisa e as sugestões para futuros

trabalhos.

A ideia de pesquisar as reações à mudança na Legislação Societária surgiu da

curiosidade em saber como os profissionais de Contabilidade estavam exercendo as suas

tarefas. Qual o sentimento que eles estão tendo e se veem oportunidade nessa mudança. Será

que eles estão resistentes? E os gestores?

Desta forma, buscou-se identificar como os profissionais de contabilidade, da Região

Metropolitana do Recife-PE, percebiam às mudanças na legislação societária lei

11.638/2007.

Os resultados das análises dos dados indicam que a mudança na Lei Societária não é

percebida pelos profissionais de Contabilidade, em sua maioria, como sendo negativa,

constatam-se significados, sentimentos importantes e uma visão de oportunidade de

progressão em suas carreiras, além de alguns pressupostos sobre essa mudança.

Inicialmente, buscou-se perceber significados que profissionais de contabilidade da

Região Metropolitana do Recife-PE, atribuem à mudança, face às alterações na Lei Societária

11.638/2007.

As respostas dos entrevistados indicam vários tipos de significados atribuídos à

mudança da Lei Societária, em sua maioria, eles assinalam para uma mudança renovadora,

isto é, muitos deles descobrem potencialidades latentes não somente para eles, mas também

para a organização. Percebe-se que as opiniões foram divididas, porém com aspectos comuns

de uma visão positiva.

Observa-se que a partir das mudanças na Legislação Societária os profissionais

passaram a ser mais comprometidos com o trabalho, percebe-se que as alterações na

Legislação Societária forçou os profissionais a renovar seus conhecimentos.

74

O passo seguinte foi de identificar os sentimentos para esses profissionais, face às

alterações da Lei Societária.

Apesar de algumas declarações indicarem para uma mudança brusca, a qual provoca

insegurança pela incerteza, indiferença, outras declarações são positivas e indicam confiança e

otimismo, o que caracteriza uma mudança progressista.

Os resultados da análise também mostram sentimentos de renovação quanto aos novos

conhecimentos e habilidades, contrariamente a percepção que eles tinham antes do processo

de mudança, quando eles sentiam-se obsoletos e estagnados.

Os sentimentos também são positivos quando se referem à profissionalização dessa

categoria: não somente sentem-se valorizados pelo próprio mercado de trabalho onde atuam,

mas também percebem a projeção em nível internacional, além do sentimento de mais

respeito proveniente das instituições governamentais e da sociedade. Percebia-se que a

contabilidade precisava urgentemente de uma mudança que a tornasse mais confiável e

respeitada.

Observou-se que os profissionais sentiram-se motivados a buscar mais conhecimentos

para não correrem o risco de se tornarem profissionais ultrapassados, e também constatou-se

um maior interesse nas organizações em investir em treinamento para os profissionais.

Percebeu-se um sentimento de confiança e que a mudança tanto é importante para os

profissionais quanto para as organizações.

Em seguida, buscou-se verificar as oportunidades para profissionais de contabilidade

da Região Metropolitana do Recife-PE, face às alterações na Lei Societária 11.638/2007.

Nessas mudanças identificam-se grandes possibilidades de crescimento profissional, e

percebe-se que para àqueles que estão buscando domínio da nova Legislação Societária o

mercado de trabalho tem oferecido mais oportunidades.

75

Observa-se e é fato que aqueles que se dedicam as novas práticas contábeis estão

tendo oportunidades em empresas multinacionais e até com oportunidade de trabalho fora do

país.

Após a análise dos dados, chega-se à conclusão que, em sua maioria, elas são

positivas, em especial, para aqueles que têm buscando qualificação.

Percebe-se que este é um momento favorável não somente aos novos conhecimentos

sobre a Lei Societária, mas também para melhores propostas de emprego, melhor

remuneração e até mesmo a possibilidade de expatriação.

Finalmente, a intenção era de identificar pressupostos sobre a gestão da mudança, na

percepção de profissionais de contabilidade da Região Metropolitana do Recife-PE, face às

alterações na Lei Societária 11.638/2007.

As declarações dos respondentes indicam poucos casos de resistência a essa mudança,

o que, surpreendentemente representa um mito sobre mudança organizacional.

Quanto aos valores, percebe-se claramente a mudança desses, quando se fala em

integridade e ética no trabalho desses profissionais.

Ainda, quando se mencionam que atualmente as prioridades não são as informações

para o Fisco, mas sim, obedecer às práticas contábeis atendendo a princípios, ou seja,

observa-se o tratamento contábil da essência sobre a forma.

Quanto às crenças, constatam-se algumas, tais como: costumam tratar os gastos com a

contabilidade como despesas, alguns consideravam o contador apenas como o responsável

pelos cálculos dos impostos, percebia-se a não valorização dessa categoria pela sociedade e

pelos gestores em geral, ou ainda quanto à receita e aos impostos que devem ser pagos ao

Governo.

Observa-se que os gestores passaram a tratar os profissionais de contabilidade com

mais respeito e seriedade, nota-se que uma crescente valorização profissional.

76

Sobre as normas, verifica-se aquela referente à nova conduta: atender ao Fisco e

realizar um trabalho confiável, que tenha clareza quanto às informações. Percebe-se que após

as alterações na Legislação o contador passou a ser um profissional mais respeitado.

Por fim, quanto aos tabus, eles são perceptíveis, embora se reconheça a tendência de

serem minimizados pelo próprio resultado do trabalho desses profissionais, ao seguirem as

mudanças exigidas pela Lei Societária.

Conclui-se que as mudanças na Legislação Societária eram necessárias, visto que, as

organizações brasileiras precisavam de harmonização com normas internacionais de

contabilidade porém, percebe-se que os impactos dessa mudança foram mais visíveis nos

profissionais.

Considerando-se a pesquisa atual é recomendável a realização de pesquisa futura com

objetivo de acompanhar o desenvolvimento profissional do contador após à mudança na

Legislação Societária Lei 11.638/2007.

77

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83

APÊNDICES

Apêndice 1: Carta aos pesquisados

84

Apêndice 2: Perfil dos profissionais de contabilidade que responderam ao questionário

Os profissionais que participaram dessa pesquisa são identificados na ordem que foram

devolvidos os questionários: RC1 – RC2 – RC3 – RC4 – RC5 – RC6 – RC7 – RC8 – RC9 –

RC10 – RC11 – RC12 – RC13 – RC14 – RC15 – RC16 – RC17 – RC18 – RC19 – RC20,

onde respectivamente a letra “R” corresponde a Respondente, letra “C” corresponde a

Contador e os números de 1 a 20 corresponde a quantidades de profissionais que participaram

da pesquisa.

RC1 - (Mulher, 35 anos, contadora, trabalha na área contábil desde 2003).

RC2 - (Homem, 65 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1977).

RC3 - (Homem, 30 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 2004).

RC4 - (Homem, 51 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1992).

RC5 - (Homem, 34 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 2000).

RC6 - (Mulher, 41 anos, contadora, Trabalha na área contábil desde 1990).

RC7 - (Mulher, 41 anos, contadora, Trabalha na área contábil desde 1994).

RC8 - (Homem, 43 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1989).

RC9 - (Homem, 39 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1995).

RC10 - (Homem, 45 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1988).

85

RC11 - (Homem, 40 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1993).

RC12 - (Homem, 42 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1993).

RC13 - (Homem, 37 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1998).

RC14 - (Mulher, 40 anos, contadora, Trabalha na área contábil desde 1992).

RC15 - (Homem, 25 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 2006).

RC16 - (Homem, 45 anos, contador, Trabalha na área contábil desde 1990).

RC17 - (Mulher, 32 anos, contadora, Trabalha na área contábil desde 2002).

RC18 - (Homem 28 anos – contador, trabalha na área contábil desde 2004).

RC19 - (Homem 47 anos – contador, trabalha na área contábil desde 1990).

RC20 - (Homem 38 anos – contador, trabalha na área contábil desde 2002).

86

Apêndice 3: Roteiro do questionário com questões abertas enviadas aos profissionais que

responderam a pesquisa.

I - Significados atribuídos a mudança

Pergunta: Você já trabalhava em contabilidade antes da alteração da Lei Societária? Essa

mudança o que significou para você como profissional?

II - Sentimentos como individuo

Pergunta: No primeiro momento como você na qualidade de profissional da contabilidade,

recebeu essa mudança na legislação Societária?

III - Oportunidades como indivíduos

Pergunta: A Lei 11.638/2007 trouxe mudanças significativas a fim de melhorar o nível de

informação entre empresas e governo tornando a contabilidade mais transparente e confiável,

o que isso representou para você como profissional de contabilidade?

IV - Pressupostos sobre a gestão da mudança (cultura)

Pergunta: Antes Lei 6.404,76 depois Lei 11.638/2007 culturalmente como você retrata a

gestão da mudança?