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GILDETE COSTA DRUMOND BENTO
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DAS ESCOVAS DENTAIS, CONVENCIONAL E
ELÉTRICA, EM IDOSOS INDEPENDENTES: ESTUDO CLÍNICO
RANDOMIZADO CRUZADO CEGO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Clínica Odontológica da Universidade
Federal do Espírito Santo, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Clínica
Odontológica.
Orientadora: Profª. Drª. Ana Maria Martins Gomes
Coorientador: Prof. Dr. Antonio Augusto Gomes
VITÓRIA 2013
Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação (CIP) (Biblioteca Setorial de Ciências da Saúde,
Universidade Federal do Espírito Santo, ES, Brasil)
Bento, Gildete Costa Drumond, 1956-
B478a Avaliação da eficácia das escovas dentais, convencional e
elétrica, em idosos independentes : estudo clínico randomizado
cruzado cego / Gildete Costa Drumond Bento. – 2013.
86 f. : il.
Orientadora: Ana Maria Martins Gomes. Coorientador: Antonio Augusto Gomes
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito
Santo, Centro de Ciências da Saúde.
1. Saúde bucal. 2. Geriatria. 3. Escovação dentária. 3.
Odontologia geriátrica. I. Gomes, Ana Maria Martins. II. Gomes,
Antonio Augusto. III. Universidade Federal do Espírito Santo.
Centro de Ciências da Saúde. IV. Título.
CDU:616.314
DEDICATÓRIA
Aos meus Pais, Milton in memoriam e Albertina,
pela determinação e garra em propiciar aos
filhos a possibilidade de estudar, criando em
mim um desejo de saber sempre mais.
Aos meus filhos Lemuel, Leriane e Lucas pelas
parcerias e apoio na realização dessa árdua
tarefa, amo vocês.
Ao meu marido, Francisco, que soube entender
minhas ausências e a importância do mestrado
para minha vida profissional e pessoal, minha
admiração.
À Professora Doutora Ana Maria Martins
Gomes pela disponibilidade em orientar esse
trabalho com serenidade, precisão e tanta
presteza. Agradeço imensamente pela escolha
de um tema tão desafiador e extremamente
relevante como o envelhecimento humano,
buscando descobrir a cada dia o melhor para
manter a saúde bucal na fase mais avançada
da vida. Sua simplicidade, competência e dedicação
criaram em mim uma profunda admiração e
respeito pela sua pessoa.
AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelo dom da vida e a Jesus Cristo pelo amor redentor que
nos acolhe com graça e misericórdia.
Agradeço a ACD Tânia Mara Oliveira, que se tornou grande aliada na
realização do levantamento dos dados para esse trabalho, conseguindo com
maestria administrar tantos pacientes e materiais.
Agradeço ao Prof. Dr. Antonio Augusto Gomes pela coorientação e dedicação
em colaborar para o aprimoramento desse trabalho. Minha sincera gratidão
pela maneira receptiva como me acolheu juntamente com toda a equipe da
Disciplina de Odontogeriatria na Disciplina de Prática em Clinica Odontológica.
Agradeço a ex-Secretária de Assuntos Comunitários, Maria Lucia Casate pelo
incentivo a realização do mestrado e por ter autorizado o levantamento dos
dados na SAC/UFES. E também a Daniela Simões Freitas Motta, atual Diretora
do Departamento de Atenção à Saúde da UFES, a anuência à concretização
do levantamento dos dados no Centro Odontológico dos Servidores, meu
ambiente de trabalho, meu muito obrigada.
Agradeço a Profª. Drª. Maria das Graças Cunha Gomes coordenadora da
UNATI/UFES, por ter permitido convidar os idosos, alunos da UNATI, a
participarem da pesquisa. De igual forma agradeço Solange Vianna Dall’Orto
Marques, diretora do Departamento de Gestão de Pessoas DGP/UFES que se
empenhou em convidar os servidores idosos da UFES. Em nome das quais
agradeço as demais pessoas que se esforçaram em conseguir outros idosos
para aumentar o número de participantes na pesquisa.
Agradeço aos colegas do Centro Odontológico dos Servidores da UFES que
souberam entender minhas ausências, e em especial ao Dr. Danilo Xavier que
realizou as fotografias que ilustram o presente trabalho e a Dra Rozane Rasseli
com quem compartilhei tantos anos de trabalho e agora a realização do sonho do
mestrado.
Agradeço as bibliotecárias da Biblioteca Setorial de Ciências da Saúde Elizabeth
Grigório da Silva e Genaide Gozzi de Lima e aos demais funcionários que sempre
estiveram prontos em me ajudar.
Agradeço aos colegas do mestrado que me acolheram e compartilharam
conhecimento, juventude, alegria e sonhos.
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica da UFES, em
especial sua coordenadora, a incansável Profª. Drª. Selva Maria Gonçalves Guerra,
aos professores do curso pela disposição em compartilhar o conhecimento e
estimular a pesquisa e aos secretários Igor da Silva Erler e Regina Lucia Sales pela
disposição em ajudar.
Agradeço aos idosos que participaram da pesquisa, que com tanta presteza e
aderência se envolveram no meu sonho, tornando-o realidade.
A todos aqueles que me estimularam em perseguir o ideal e me fizeram ver que o
sonho era possível, meus agradecimentos.
“Seja sobre nós a graça do Senhor, nosso Deus;
confirma sobre nós as obras das nossas mãos,
sim, confirma a obra das nossas mãos”.
Salmos 90:17
RESUMO
O envelhecimento populacional é um proeminente fenômeno mundial e brasileiro,
com a tendência dos idosos apresentarem dentes presentes na boca, portanto, faz-
se necessário pensar em maneiras eficientes de manterem os dentes limpos e com
mais saúde bucal. Esta pesquisa consistiu em um estudo clínico randomizado
cruzado, pesquisador cego em relação ao tipo de escova dental que foi utilizada
pelos idosos. O biofilme dentário foi avaliado pelo índice de Greene e Vermillion
(1964), e o sangramento gengival após a sondagem, conforme Ainamo e Bay
(1975). Objetivou-se comparar e avaliar a eficácia clínica da escova elétrica (EE) -
Sonic Power 360º®, com a escova convencional (EC) - Deepclean 360º®, em
remover biofilme dentário e reduzir o sangramento gengival em idosos
independentes, maiores de 60 anos com pelo menos 10 dentes presentes na boca.
A pesquisa foi realizada após aprovação do CEP-CCS-UFES nº 204/11 e assinatura
do TCLE pelos participantes. No primeiro dia, os 40 idosos envolvidos no estudo,
foram avaliados com relação à condição socioeconômica, gengival e dental (CPO-d).
Os participantes foram divididos em dois grupos: A - utilizou primeiro a escova
elétrica e depois a convencional; e B - utilizou primeiro a escova convencional e
depois a elétrica. Um total de 77,5% dos idosos apresentou o índice CPO-d menor
que 24 para ambos os grupos. Os resultados em relação ao índice de biofilme
dentário nos períodos inicial, 14º, 28º, 42º dias para escova elétrica foram 0,99 ±
0,64; 0,43 ± 0,38; 0,39 ± 0,38; 0,42 ± 0,35 e para convencional 1,02 ± 0,64;
0,51±0,52; 0,50 ± 0,45; 0,49 ± 0,44 respectivamente. O teste de Wilcoxon mostrou
resultados estatisticamente significantes (p-valor<0,05) na remoção do biofilme
dentário para os dois tipos de escovas dentais testadas quando as comparações
foram feitas entre o dia inicial e as consultas do 14º, 28º e 42º dias. O resultado do
teste de Mann-Whitney não foi significativo quando comparou os índices de biofilme
dentário entre os grupos estudados. A redução do sangramento gengival dentro dos
grupos (início e fim) foi estatisticamente significante pelo teste t de Student, nível de
significância de 5%. Quando os participantes foram indagados sobre sua preferência
pela escova dental, 69,2% afirmaram que havia sido a escova elétrica, o que foi
considerado estatisticamente significante pelo teste Qui-Quadrado. Considerando as
condições em que o estudo foi realizado e os resultados obtidos, foi possível concluir
que: Ambas as escovas dentais foram eficazes em remover o biofilme dentário no
14º, 28º e 42º dias em comparação com o dia inicial. Não houve diferença estatística
em relação à redução do biofilme dentário, quando os testes foram realizados entre
o grupo da escova elétrica e o da convencional. Ocorreu uma redução
estatisticamente significante no índice de sangramento gengival independente da
ordem em que a escovas, elétrica ou convencional, foram utilizadas. A condição de
saúde bucal da amostra foi melhor do que aquela mostrada no levantamento
nacional, pois apresentou idosos com mais dentes presentes e maior número de
dentes restaurados. A escova elétrica teve uma aceitação estatisticamente
significante em relação à escova convencional.
Palavras-chave: Gerontologia. Odontologia geriátrica. Saúde bucal. Escovação
dentária.
ABSTRACT
Population aging is a prominent global as well as a Brazilian phenomenon, with the
trend of elder citizen presenting teeth in the mouth, so it is necessary to think of
effective ways to keep the teeth clean and with more oral health. This research
consisted of a randomized crossover clinical study, blinded researcher for the type of
toothbrush that was used by the elderly. The plaque was evaluated by the plaque
index of Greene and Vermillion (1964), and gingival bleeding after probing, as
Ainamo and Bay (1975).The objective was to compare and evaluate the clinical
efficacy of electric toothbrush (ET) - Sonic Power 360 ®, with the manual toothbrush
(MT) - Deepclean 360 ®, to remove plaque and reducing gum bleeding in the
independent elderly, older than 60 years, possessing at least 10 teeth in the
mouth. The study was performed after approval of the CEP-CCS-UFES Nº 204/11
and by signing the TCLE form by the participants. On the first day, the 40 subjects
involved in the study were evaluated with respect to socioeconomic status, gingival
and dental (DMFT) conditions. The subjects were divided into two groups: A - used
the electric toothbrush first and then manual one, and B - used the manual
toothbrush first and then the electric toothbrush. A total of 77.5% of the elderly had
the DMFT index of less than 24 for both groups. The results regarding the rate of
plaque at baseline, 14, 28, 42 days for electric toothbrush were 0.99 ± 0.64, 0.43 ±
0.38, 0.39 ± 0.38, 0.42 ± 0.35 and for manual toothbrush, 1.02 ± 0.64, 0.51 ± 0.52,
0.50 ± 0.45, 0.49 ± 0.44, respectively. The Wilcoxon test showed statistically
significant results (p-value <0.05) in the removal of plaque for both types of
toothbrushes tested, when comparisons were made between the initial day and the
appointments of the 14th, 28th and 42nd day. The result of the Mann-Whitney test
was not significant when compared to the rates of plaque the two groups. The
reduction of gingival bleeding within groups (beginning and end) was statistically
significant by Student's t test, with a significance level of 5%. When the participants
were asked about their preference for toothbrush, 69.2% said they prefer the electric
toothbrush, which was considered statistically significant by chi-square
test. Considering the conditions under which the study was conducted and the results
it yielded, it was concluded that: Both toothbrushes were effective in removing plaque
in the 14th, 28th and 42th days, compared to the initial day. There was no statistical
difference in relation to the reduction of the plaque, when the tests were carried out
between the group that utilized the electric toothbrush, and the group that used the
manual one. There was a statistically significant reduction in bleeding index
independent of the order in which the brushes, electric or manual, were used. The
oral health status of the sample was better than that shown in the national survey, as
it involved senior citizens with more teeth present in the mouth and greater number of
restored teeth than the national average for the age group. The electric toothbrush
had an acceptance statistically significant compared to the manual toothbrush.
Keywords: Gerontology. Geriatric Dentisty. Oral health. Toothbrushing.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACD - Atendente de consultório dentário
ADA - American Dental Association
AVDs - Atividades de vida diária
ABVDs - Atividades básica de vida diária
CCS - Centro de Ciências da Saúde
CEP - Comitê de Ética em Pesquisa
CPO-d - Número de dentes cariados, perdidos e obturados
G - Grupo
HUCAM - Hospital Universitário Cassiano Antonio de Moraes
IBD - Índice de biofilme dentário
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISG - Índice de Sangramento Gengival
N - Número da amostra
OHI – S - Índice Simplificado de Higiene Oral
RSG - Raspagem Supra Gengival
SB-Brasil - Saúde Bucal, Brasil
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFES - Universidade Federal do Espírito Santo
UNATI - Universidade Aberta da Terceira Idade
Lista de Fotografias
Fotografia 1 – Profissionais realizando o levantamento dos dados no consultório
odontológico ............................................................................................................. 42
Fotografia 2 – Materiais e instrumentos utilizados para o exame clínico ................. 43
Fotografia 3 – Exame clínico da condição gengival ................................................. 43
Fotografia 4 – Evidenciação do biofilme dentário com a solução evidenciadora
Replak®, Dentsply (Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil) ............................................. 44
Fotografia 5 – Escovas dentais utilizadas na pesquisa, a 360º Sonic Power® e a
360º Deepclean®, ambas da Colgate-Palmolive, São Bernardo do Campo, São
Paulo, Brasil .............................................................................................................. 46
Lista de Figuras
Figura 1 – Índice Simplificado de Higiene Oral (OHI-S) de Greene e Vermillion (1964) ....................................................................................................... 45
Figura 2 – Modelo do cálculo do índice do biofilme dentário. .................................... 45
Lista de Fluxogramas
Fluxograma 1 - Esquema da metodologia utilizada na coleta dos dados ................. 48
Fluxograma 2 - Formação dos Grupos Escova Elétrica e Escova
Convencional ............................................................................................................ 58
Lista de Gráficos
GRÁFICO 1 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos
de acordo com o sexo ............................................................................................... 51
GRÁFICO 2 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos
de acordo com a origem ........................................................................................... 52
GRÁFICO 3 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos
de acordo com os anos de escolaridade .................................................................. 52
GRÁFICO 4 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos
de acordo com a renda familiar ................................................................................ 53
GRÁFICO 5 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos
de acordo com a faixa etária ................................................................................... 53
GRÁFICO 6 - Representação gráfica da distribuição dos idosos de acordo com o
índice (CPO-d) e os grupos estudados .................................................................... 55
GRÁFICO 7- Representação gráfica da distribuição dos idosos de acordo com
número de implantes presentes na cavidade bucal e os grupos estudados ............ 57
GRÁFICO 8 - Representação gráfica do índice médio de biofilme dentário nos
diversos tempos avaliados para as escovas elétrica e convencional ....................... 59
GRÁFICO 9 - Box plot com valores mínimo e máximo, mediana, primeiro Quartil (Q1)
e terceiro Quartil (Q3) do índice de biofilme dentário durante o uso da escova
elétrica, nos diferentes períodos de tempo .......... ..................................................... 60
GRÁFICO 10 - Box plot com valores mínimo e máximo, mediana, primeiro Quartil
(Q1) e terceiro Quartil (Q3) do índice de biofilme dentário durante o uso da escova
convencional, nos diferentes períodos de tempo ..................................................... 61
GRÁFICO 11 - Valores médios e intervalo de confiança (95%) do índice de biofilme
dentário com a utilização da escova elétrica nos diferentes períodos de tempo. ..... 61
GRÁFICO 12 - Valores médios e intervalo de confiança (95%) do índice de biofilme
dentário com a utilização da escova convencional nos diferentes períodos de tempo.
.................................................................................................................................. 62
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Avaliação dos hábitos de higienização dos Idosos.................................. 54
Tabela 2 – Condição e quantidade de dentes presentes na cavidade bucal dos
idosos de acordo com os grupos estudados ............................................................. 56
Tabela 3 – Uso de próteses pelos idosos de acordo com os grupos
estudados ................................................................................................................. 57
Tabela 4 – Valores médios, desvio padrão, mediana e coeficiente de variação do
índice de biofilme dentário obtido com a utilização da escova elétrica e a
convencional nos diversos períodos de tempo ......................................................... 59
Tabela 5 – Valores médios, desvios padrões e percentagem de redução do índice
de biofilme dentário obtido com a utilização das escovas dentais,
elétrica e convencional ............................................................................................. 62
Tabela 6 – Resultados do teste de Mann-Whitney. Comparação dos índices
de biofilme entre os grupos das escovas dentais, elétrica e convencional ............... 63
Tabela 7 – Resultados do teste de Wilcoxon. Comparação dos índices de biofilme
dentro dos grupos das escovas dentais, elétrica e convencional ............................. 63
Tabela 8 – Percentagem de redução do Sangramento Gengival por Grupo de
Estudo. Teste t de Student para comparação das médias ...................................... 64
Tabela 9 – Opinião dos idosos sobre as escovas utilizadas .................................... 65
Tabela 10 – Preferência dos idosos quanto às escovas dentais; análise pelo teste
Qui-Quadrado ........................................................................................................... 65
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 19
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 23
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 23
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................... 23
3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................ 24
3.1 EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA ...................................... 24
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS IDOSOS QUANTO À CONDIÇÃO FUNCIONAL ...................... 25
3.3 AVALIAÇÃO CLÍNICA DA CONDIÇÃO DE SAÚDE BUCAL DOS IDOSOS ................... 26
3.4 AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DAS ESCOVAS DENTAIS, CONVENCIONAL E
ELÉTRICA .......................................................................................................................... 27
4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................... 39
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO ..................................................................................... 39
4.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ........................................................................................ 39
4.3 AMOSTRA ..................................................................................................................... 39
4.3.1 Tamanho amostral ...................................................................................................... 39
4.3.2 Descrição dos grupos ................................................................................................. 41
4.4 PROCEDIMENTOS ....................................................................................................... 41
4.4.1 Primeira Etapa ............................................................................................................ 42
4.4.2 Segunda Etapa ........................................................................................................... 47
4.5 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................................. 49
4.6 HIPÓTESES .................................................................................................................. 49
5 RESULTADOS ................................................................................................................. 51
6 DISCUSSÃO .................................................................................................................... 66
7 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 72
8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 73
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........................ 78
APÊNDICE B - CONVITE AOS IDOSOS ............................................................................. 80
APÊNDICE C – FICHA CLÍNICA ......................................................................................... 81
ANEXO A – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA ......................................... 85
ANEXO B – CONVITE AOS FUNCIONÁRIOS DA UFES .................................................... 86
20
1 INTRODUÇÃO
Em 2002, Camarano afirmava que o envelhecimento populacional era um
proeminente fenômeno mundial. Isto significa um crescimento mais elevado da
população idosa com relação aos demais grupos etários. No caso brasileiro, pode
ser exemplificado por um aumento da participação da população maior de 60 anos
no total da população nacional de 4% em 1940 para 8% em 1996, alcançando,
segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), a
proporção de 10,8% da população e representando 20,5 milhões de idosos.
No Estado do Espírito Santo, a proporção da população de 60 anos de idade ou
mais passou de 8,1% para 10,4%. Já na capital Vitória, a proporção desta
população mudou de 9% para 12% de acordo com os dados do IBGE de 2000/2010.
Com relação às condições de saúde bucal da população idosa brasileira, as
pesquisas nacionais de saúde bucal, o SB-Brasil 2003 e SB-Brasil 2010,
constataram que, pelo fato de o tratamento odontológico oferecido pelos órgãos
públicos no passado ter sido predominantemente de natureza mutiladora, muitos
idosos são portadores de alto índice de perdas dentárias, e até mesmo edentulismo
total. Nesses levantamentos do SB-Brasil, os índices de dentes cariados, perdidos e
obturados (CPO-d) nos idosos foram iguais a 27,8 e 27,1 respectivamente para os
anos de 2003 e 2010. Portanto, o CPO-d nesses sete anos para essa faixa etária
não apresentou nenhuma alteração significativa.
As perdas dentárias geralmente ocorrem devido à cárie dentária, coronária e
radicular e suas sequelas, além da doença periodontal, traumatismo dento-alveolar e
patologias dentárias, conforme observado por Rodrigues Neto e Guarabira (2011),
Meneghim, Pereira e Silva (2002), Cimões et al. (2007), Abdo et al. (2004), Melo et
al. (2003) e Vijayalakshmi, Murali e Sekar (2011).
Bactérias da cavidade bucal que compõem a placa bacteriana ou biofilme dentário
são causa primária da gengivite e cárie dentária. Quase 50 anos depois da pesquisa
experimental de Löe, Theilade e Jensen (1965), estudos clínicos em várias regiões
geográficas e diversos ambientes sociais têm confirmado que a efetiva remoção do
biofilme dentário é essencial para a saúde dental e periodontal (LÖE, 2000).
21
Van der Weijden e Hioe (2005) afirmavam que, embora o biofilme dentário
supragengival esteja exposto à ação da saliva e aos mecanismos de autolimpeza da
cavidade bucal, tais mecanismos podem eliminar os restos alimentares, mas não
são adequados para remover o biofilme dentário. Portanto, a realização da higiene
bucal regular é um pré-requisito para a apropriada eliminação do biofilme dentário
supragengival. O mecanismo mais difundido para controlar o biofilme dentário em
casa é a escova dental. Ótima higiene bucal requer não só apropriada motivação e
instrução do paciente, mas também instrumentos adequados.
Chiapinotto (2000) mencionou que a educação/orientação em saúde, a utilização de
escova e de dispositivos especiais como, fio/fita dental, escova interdental, escova
uni tufo, aliada à meticulosidade e à frequência com que esses meios são utilizados
são considerados genericamente procedimentos caseiros básicos na tarefa de
remoção do biofilme dentário. O controle do biofilme dentário nos cuidados em casa
é uma responsabilidade individual, constituindo-se em medida de autocuidado
fundamentada na orientação em saúde repassada pelo profissional.
Em um estudo realizado com idosos institucionalizados, Padilha et al. (2007)
observaram que pessoas idosas com pobre função manual têm mais biofilme
dentário e apresenta pior higiene das próteses. O edentulismo foi um achado
comum e, embora a presença do biofilme dentário esteja relacionada às infecções
bucais, especialmente estomatite relacionada à prótese total com deficiência de
limpeza, o reservatório de bactérias e fungos também está relacionado com o
desenvolvimento de pneumonia entre os idosos hospitalizados.
Arai et al. (2003) realizaram um estudo com 414 pacientes japoneses hospitalizados,
com 65 anos ou mais e observaram uma forte associação entre a incapacidade de
autoalimentação, higienização da própria boca e das próteses dentárias e demência
senil grave. Concluíram que os idosos que perderam a capacidade de
autoalimentação, frequentemente não podem realizar a higiene bucal. Os autores
sugerem que os cuidadores devem dar a alimentação, observando a possibilidade
de aspiração e também higienizar a boca do idoso para prevenir a pneumonia e as
doenças bucais em idosos.
Morris, Steele e White (2001) observaram que a proporção média de dentes com
22
biofilme dentário aumentou de 30% na faixa etária de 25-34 anos para 44% na idade
de 65 anos a mais.
Nobre (2009), em um ensaio clínico randomizado cego, verificou os seguintes
parâmetros em 60 idosos independentes, dentados com quatro ou mais dentes,
frequentadores de centros de convivência em Vitória-ES: condições de saúde bucal,
hábitos de higiene bucal e eficácia da utilização de escovas dentais, convencional e
elétrica. Encontrou CPO-d médio de 23,93, e todos idosos afirmavam que
escovavam os dentes. Em relação à eficácia das escovas dentais em remover o
biofilme dentário, ambas foram eficazes no 7º e 15º dia em relação ao primeiro dia.
A escova dental elétrica removeu mais biofilme dentário que a escova dental
convencional, mas os resultados não foram estatisticamente significantes.
Cormack (1995) por meio de uma revisão da literatura apresentou alguns dados
relativos ao crescimento da população idosa e a mudança do perfil epidemiológico
do "novo idoso", que surgia com diferentes necessidades bucais em relação à
geração anterior. Observou que embora a condição bucal dos idosos fosse bastante
ruim, já encontrava um quantitativo deles que apresentavam dentes remanescentes,
existindo dessa forma a possibilidade do aumento das cáries dentárias coronárias e
também das superfícies radiculares e o incremento da doença periodontal.
Considerava que com o aumento da população idosa, haveria nos próximos anos,
uma demanda por uma maior e mais diversificada atenção odontológica para esse
grupo.
Ettinger (1987) relatou casos de idosos que se isolavam do convívio social por não
terem dentes, e quando o problema bucal era solucionado, esses idosos se
reintegravam na sociedade. Este autor também mencionou que um dos principais
critérios utilizados para se identificar um idoso bem sucedido é pela manutenção,
por toda a vida, da dentição natural, saudável e funcional, incluindo todos os
aspectos sociais e benefícios biológicos, tais como a estética, o conforto, a
habilidade para mastigar, sentir sabor e falar.
Uma realidade no Brasil e no mundo é que a população esteja envelhecendo
mantendo um maior número de dentes na boca. Na literatura observa-se uma
escassez de trabalhos que avaliem a eficácia das escovas dentais convencionais e
23
elétricas exclusivamente em idosos dentados independentes. O controle adequado
do biofilme dentário é importante para preservar, de maneira saudável, os dentes e
as gengivas. O presente trabalho tem o objetivo de avaliar a eficácia de escovas
dentais em idosos independentes que vivem na região da Grande Vitória, no Espírito
Santo.
24
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Avaliar a eficácia de escovas dentais em remover o biofilme dentário e alterar o
índice de sangramento gengival em idosos independentes moradores da Grande
Vitória no Espírito Santo. Traçar o perfil socioeconômico e a condição bucal da
amostra estudada.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar e comparar a eficácia das escovas dentais, elétrica e convencional em
alterar os índices de biofilme dentário e de sangramento gengival em idosos
independentes.
Avaliar a condição de saúde bucal por meio do exame clínico.
Traçar o perfil socioeconômico da amostra por meio de entrevista com
perguntas fechadas.
Verificar a aceitação das escovas dentais pelos idosos.
25
3 REVISÃO DA LITERATURA
A revisão da literatura foi dividida em quatro tópicos, a saber:
3.1 Evolução demográfica da sociedade brasileira;
3.2 Classificação dos idosos quanto à condição funcional;
3.3 Avaliação clínica da condição de saúde bucal dos idosos;
3.4 Avaliação da utilização das escovas dentais, convencional e elétrica.
3.1 EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA DA SOCIEDADE BRASILEIRA
A sociedade brasileira passa por um rápido processo de envelhecimento. Em 1960,
3,3 milhões de brasileiros tinham 60 anos ou mais e representavam 4,7% da
população. Em 2000, 14,5 milhões ou 8,5% dos brasileiros estavam nessa faixa
etária. Na última década, o salto foi grande, e em 2010, a representação passou
para 10,8% da população (20,5 milhões), e a expectativa é que até 2025 o Brasil
tenha uma população de idosos de cerca de 33 milhões, ou seja, o país terá a sexta
maior população de pessoas que já entraram na terceira idade do mundo (IBGE
2010).
A dinâmica demográfica no Brasil vem apresentando uma diminuição no ritmo de
crescimento populacional e mudanças na sua estrutura etária. O processo de
transição demográfica, relacionado com a queda das taxas de mortalidade e
fecundidade, tem provocado uma rápida variação na estrutura etária brasileira, com
redução da proporção de crianças e jovens, aumento da população adulta e uma
tendência de substantiva elevação de idosos. Esta alteração na distribuição etária
vem configurar um novo retrato da população brasileira, que se reflete em mudanças
nas demandas por políticas públicas específicas (IBGE 2010).
Os dados do IBGE (2010) evidenciam que o envelhecimento populacional é hoje um
importante fenômeno no contexto nacional. O gradativo aumento da população de
26
60 anos ou mais ocorre em todas as Unidades da Federação, seja em termos
absolutos, seja em termos relativos. Comparando com os dados do censo 2000,
quando somente os Estados do Rio de Janeiro, Paraíba e Rio Grande do Sul
apresentavam proporções de idosos superiores a 10%, no Censo 2010, todas as
Unidades da Federação das Regiões Sudeste e Sul e seis da Região Nordeste
possuíam mais de 10% de pessoas com 60 anos ou mais, fazendo com que o
percentual médio de idosos para o País também superasse essa marca, alcançando
10,8%.
Além do grupo de 60 anos ou mais de idade, faixa etária definida como idosa pela
Lei no 10.741, de 1º de outubro de 2003, conhecida como Estatuto do Idoso
(BRASIL, 2003), o Censo Demográfico 2010 também apresentou informações para o
grupo de 65 anos ou mais de idade, com vistas às comparações internacionais,
indicando que 20.590.599 pessoas estavam no primeiro grupo etário. No Censo
Demográfico 2000, este grupo era de 14.536.029 pessoas e correspondia a 8,5% da
população, o que representa um crescimento relativo no período de 41%. Este grupo
etário reside majoritariamente (70%) em cinco Unidades da Federação: São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Bahia.
Segundo Gragnolati et al. (2011), a população brasileira vivenciará uma feminização
do envelhecimento, com muito mais mulheres do que homens nas faixas etárias
maiores, um fenômeno comum em países em estágio avançado de transição
demográfica.
3.2 CLASSIFICAÇÃO DOS IDOSOS QUANTO À CONDIÇÃO FUNCIONAL
Apesar de ser o envelhecimento um fenômeno comum a todos os seres vivos
animais, surpreende o fato de que ainda hoje persistam tantos pontos obscuros
quanto à dinâmica e à natureza desse processo. Pode-se considerar o
envelhecimento, como admite a maioria dos biogerontologistas, como a fase de todo
um continuum que é a vida, começando esta com a concepção e terminando com a
morte. Ainda dentro de uma visão prioritariamente biogerontológica, o
envelhecimento é conceituado como um processo dinâmico e progressivo no qual há
modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam
27
perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando
maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por
levá-lo à morte (PAPALÉO NETTO; PONTES, 1996; PAPALÉO NETTO, 2006).
O adiamento das mortes não implica necessariamente na manutenção de boas
condições de saúde. O envelhecimento frequentemente é acompanhado de doenças
crônico-degenerativas, que podem levar a alguma limitação motora ou até mesmo
incapacidade física e às vezes também mental. Qualquer alteração de saúde irá
interferir nos autocuidados, e entre eles a higiene bucal (CHAIMOWICZ, 2006).
A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (2006) preconizou que a avaliação
funcional seja fundamental para determinar não só o comprometimento funcional da
pessoa idosa, mas também a necessidade de auxílio. Para tanto, é utilizado o índex
de independência nas atividades básicas de vida diária (ABVDs) de Sidney Katz,
para avaliar as AVDs no desempenho de seis funções, como: tomar banho, vestir-
se, usar o banheiro, transferir-se da cama para a cadeira, ser continente e alimentar-
se com a própria mão, classificando as pessoas idosas como independentes ou
dependentes.
3.3 AVALIAÇÃO CLÍNICA DA CONDIÇÃO BUCAL DOS IDOSOS
A saúde bucal no idoso pode ser entendida como resultante de todos os agravos a
que foi exposto o corpo, refletindo nitidamente as condições desiguais em que as
pessoas vivem e trabalham. Pode-se observar que as doenças bucais se
diferenciam em sua magnitude e intensidade dependendo da inserção social à qual
o idoso pertenceu e/ou pertence (PUCCA JÚNIOR, 2007). Diversos autores
investigaram as causas mais frequentes para a indicação das exodontias em adultos
e constataram que a cárie dentária e suas sequelas é o principal motivo, seguida
pela doença periodontal (RODRIGUES NETO; GUARABIRA, 2011; CIMÕES et al.,
2007; ABDO et al., 2004).
Alguns pesquisadores avaliaram a condição de saúde bucal de idosos com 60 anos
ou mais e observaram que este grupo apresentava um nível muito precário de saúde
bucal, independente de viverem em domicílio ou em instituições. Quando analisaram
28
o índice CPO-d, este era muito elevado, variando de mais de 26 a quase 31, com
predomínio de dentes extraídos. As condições periodontais encontradas eram
severas e iriam inevitavelmente determinar agravos na saúde bucal, incrementando
o edentulismo. Ao avaliarem a utilização de próteses, constataram que 76% usavam
a prótese total superior e inferior, e os demais só usavam a prótese total superior ou
nada usavam. A situação dos idosos nas instituições era pior, com apenas 30%
usando a prótese total superior e inferior. As próteses foram observadas
inadequadas, variando de 61% a 80%, sendo o pior resultado entre os idosos
institucionalizados. Os resultados apontavam para o comprometimento da qualidade
de vida de grande parte dessas pessoas (ROSA et al., 1992; SILVA; VALSECKI
JÚNIOR, 2000; SILVA; CASTELLANOS FERNANDES, 2001).
Os dados dos Levantamentos Nacionais das Condições de Saúde Bucal da
População Brasileira (SB-Brasil 2003 e 2010) corroboram com os autores
mencionados.
3.4 AVALIAÇÃO DA UTILIZAÇÃO DAS ESCOVAS DENTAIS, CONVENCIONAL E
ELÉTRICA
As primeiras escovas dentais foram inventadas na China no ano 1.000 a.C. e tinham
o cabo de marfim e cerdas feitas da crina de cavalo. As escovas dentais foram
levadas para a Europa durante o século XVII e foram largamente usadas. Dentistas
franceses, que eram os mais avançados da Europa na época, advogavam seu uso
nos séculos XVII e XVIII. A primeira produção em massa das escovas dentais foi
realizada pela empresa William Addis of Clerkenwald na Inglaterra. O nylon
substituiu as cerdas naturais nas modernas escovas dentais em 1938. A maioria dos
norte-americanos não tinha o hábito de escovar os dentes até os soldados voltarem
da II Guerra Mundial trazendo o novo hábito. Atualmente escovas dentais manuais
são comercializadas em todo o mundo com grande variedade de modelos. A
primeira escova elétrica foi desenvolvida na Suíça, por Frederick Wilhelm em 1855,
e foi introduzida nos Estados Unidos em 1960, por Squibb com o nome de
Broxodent (PENICK 2004; VIBHUTE; VANDANA, 2012).
29
É de consenso entre os dentistas que são necessários quatro hábitos para conseguir
uma boa saúde bucal, os quais incluem a escovação dos dentes diariamente por
pelo menos dois minutos, o uso do fio dental diariamente, o uso do creme dental
contendo flúor e a visita regular ao dentista. A maioria dos dentistas observa que
seus pacientes não escovam os dentes corretamente, por usarem uma técnica de
escovação imprópria ou por não escovarem o tempo suficiente. As escovas dentais
elétricas foram introduzidas para tratar esses dois conceitos (PENICK, 2004).
Penick (2004) também menciona que há uma grande variedade de escovas elétricas
disponíveis no comércio. Esses produtos variam em relação à configuração da
cabeça, tamanho, mecanismo de ação, velocidade e desenho. Em algumas escovas
foi acrescentado dispositivo como timers. De acordo com o mecanismo de ação das
escovas dentais elétricas, elas podem ser caracterizadas como mecânicas, sônicas
e iônicas.
As escovas dentais elétricas se popularizaram nos Estados Unidos a partir dos anos
60, por terem sido apresentadas como facilitadoras para remoção do biofilme
dentário. No mercado, quanto ao tipo de carga, existem dois tipos de escovas
dentais elétricas: a recarregável e a que utiliza pilhas. As escovas elétricas realizam
movimentos do tipo lado a lado, circular, rotação/oscilação, rotatórios, oscilatórios e
microvibrações. No entanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias, as
escovas elétricas mecânicas foram aperfeiçoadas, e surgiu o movimento
representado por uma vibração sônica; porém, para uma escova sônica ser efetiva
deve produzir pelo menos 20 mil vibrações por minuto. Existem atualmente escovas
dentais ultrassônicas cujas cerdas vibram em uma frequência ultrassônica (> 20
kHz) (HEANUE et al., 2003; PENICK, 2004).
Heasman; McCraken (1999) realizaram uma revisão da literatura sobre a utilização
das escovas dentais elétricas, a concepção dos desenhos dos ensaios clínicos
envolvidos e recomendações sobre os desenhos dos estudos para que eles tenham
uma abordagem mais estruturada. Observaram que um estudo com desenho
cruzado é mais aplicado em pesquisa de curta duração, em que os participantes
atuam como seus próprios controles, podendo assim melhor avaliar e controlar a
destreza manual, habilidade e motivação. Importantes diferenças interindividuais que
são impossíveis de combinar são eliminadas.
30
Em 2001, foram publicados quatro trabalhos de pesquisas testando escovas
elétricas e convencionais (CONFORTI et al., 2001; CRONIN et al., 2001; HAFFAJEE
et al., 2001; WARREN et al., 2001). Conforti et al. (2001) realizaram um estudo com
grupo paralelo, randomizado, com examinador cego durante três meses, envolvendo
113 indivíduos saudáveis, com idades variando de 18 a 70 anos, objetivando
comparar a segurança e eficácia de duas escovas dentais elétricas com movimentos
de rotação oscilação, uma escova recarregável (Braun Oral-B D8, Oral-B
Laboratories, Boston, MA, USA) e uma acionada a baterias (Colgate Actibrush
Colgate Palmolive, New York, NY, USA). O biofilme dentário foi avaliado pelo índice
descrito por Turesky et al. e a condição gengival, pelo índice de Löe e Silness.
Nenhuma evidência de trauma nos tecidos moles e duros foi encontrada, sendo
ambas as escovas consideradas seguras. Depois de três meses, o índice de biofilme
dentário diminuiu 7% no grupo D8 e aumentou 4,3% no grupo Actibrush. A gengivite
reduziu significativamente em ambos os grupos: 22,5% no grupo D8 e 17,5% no
grupo Actibrush. A comparação dos dois grupos mostrou que o D8 foi
significativamente mais efetivo em reduzir a gengivite que o grupo Actibrush, quando
avaliados toda a boca e os sítios individuais. Os autores concluíram que, embora as
duas escovas sejam similares em relação à ação da cabeça e ao movimento de
rotação oscilação, elas apresentaram eficácia diferentes, sendo a escova elétrica
recarregável mais eficaz.
Cronin et al. (2001) compararam a eficácia e segurança de duas escovas dentais em
dois estudos. Foi testada uma escova dental convencional (Oral-B CrossAction Oral-
B Laboratories, The Gillette Company, Boston, MA, USA) e uma elétrica (Colgate
Actibrush Colgate-Palmolive, New York, NY, USA). No primeiro estudo, o desenho
era cruzado com um único uso e envolveu 71 adultos com idade média de 41 anos,
que eram instruídos a se absterem da higiene bucal por 23-25 horas antes de
escovarem os dentes com cada escova. O índice de biofilme dentário marginal-
proximal (PMI) foi usado para avaliar a pré e pós-escovação. O segundo estudo,
com duração de três meses, foi de grupos paralelos, envolvendo 113 adultos com
idades de 18 a 70 anos, que tiveram o biofilme dentário medido pelo PMI, e a
gengivite e o sangramento gengival avaliados pelo índice de Löe e Silness. Em
ambos os estudos as escovas foram consideradas seguras. No estudo de uso único,
significativamente mais biofilme dentário foi removido pela escova convencional
31
CrossAction do que pela escova Actibrush em toda a boca e nas regiões marginais
e proximais. No estudo de três meses, a escova CrossAction apresentou uma
redução do biofilme dentário significativamente maior no primeiro e terceiro mês
para todos os sítios, com exceção da lingual. A redução da gengivite foi similar em
ambas as escovas.
Haffajee et al. (2001) compararam uma escova convencional (Crest complete
Procter e Gamble, Cincinatti OH) com uma escova elétrica (Braun Oral-B 3D Plaque
Remover, Braun GmbH, Kronberg, Germany), na habilidade de afetar os parâmetros
clínicos da doença periodontal. Foram acompanhados 48 pacientes em manutenção
do tratamento periodontal durante seis meses. A avaliação clínica incluiu índice de
biofilme dentário (TURESKY et al, 1970), índice gengival (LÖE e SILNESS, 1963),
sangramento gengival à sondagem, profundidade de bolsa e nível de inserção. Os
participantes receberam instruções sobre higiene bucal e orientação para usar as
escovas duas vezes ao dia. As avaliações clínicas foram realizadas no terceiro e
sexto meses. Os resultados mostraram significantes reduções do índice de biofilme
dentário, profundidade de bolsa, percentagem de sítios exibindo sangramento entre
o dia inicial, o terceiro e o sexto meses em ambos os grupos. A escova elétrica
reduziu significativamente mais a média do índice gengival e nível de inserção à
sondagem. O maior benefício da escova elétrica foi na superfície lingual na
mandíbula.
Warren et al. (2001) realizaram um estudo com 110 pessoas com idades variando
de 18 a 65 anos, com o objetivo de comparar a segurança e eficácia de uma escova
elétrica com movimento de rotação/oscilação (Braun Oral-B D17 Braun GmbH,
Kronberg, Germany) e com uma escova convencional referência da ADA. O estudo
foi randomizado, grupo paralelo com examinador cego, e teve a duração de três
meses. Para avaliar o biofilme dentário foi utilizado o índice de Quigley e Hein
modificado por Turesky, e para avaliar a condição gengival, foi utilizado o índice de
Löe e Silness. Depois de três meses ocorreu redução dos índices de biofilme
dentário, gengivite e sangramento em ambos os grupos, porém com redução mais
significativa entre aqueles usuários da escova elétrica D17.
Montenegro e Brunetti (2002) sugeriram que para os pacientes idosos que possuem
algum grau de deficiência motora, o uso de escova dental elétrica pode ser uma boa
32
medida para suplantar pequenas restrições motoras ou inabilidade manual intrínsica.
E como observou Pucca Junior (2007), várias técnicas de escovação são
recomendadas para o controle do biofilme dentário em idosos; porém, dois fatores
são essenciais para a indicação de qualquer técnica: o grau de motricidade que o
idoso apresenta e o número e posição dos dentes no arco dental. Levando-se em
consideração a diminuição da capacidade motora na terceira idade, deve-se atentar
para a indicação de técnicas que sejam facilitadoras.
Sicilia et al. (2002) realizaram uma revisão da literatura em que incluíram estudos
em adultos, objetivando avaliar a efetividade de escovas elétricas em comparação
com escovas convencionais, em termos de resolução do sangramento gengival ou
resolução da inflamação. Vinte e um estudos foram selecionados, e havia grande
heterogeneidade dos dados, o que impossibilitava a análise estatística. A mais alta
eficácia na redução do sangramento gengival ou inflamação foi detectada em dez
estudos, nos quais os pacientes usaram escovas dentais elétricas. Esse efeito
parece estar relacionado à capacidade de reduzir o biofilme dentário, e é mais
evidente nas escovas com movimento de contrarrotação e rotação oscilação.
Nenhuma sólida evidência foi encontrada de mais alta eficácia em relação às
escovas sônicas. Os autores concluíram que escovas elétricas, especialmente as
com movimentos de contrarrotação e rotação oscilação, podem ser benéficas em
reduzir o nível de sangramento gengival ou inflamação, mas existe uma necessidade
de mais pesquisas com metodologia homogênea em futuros estudos neste campo,
para permitir a análise quantitativa dos resultados.
Ciancio (2002) avaliou a indicação das escovas elétricas e concluiu que elas têm
valor para uma variedade de pessoas, porque elas geralmente promovem uma boa
higienização independente da habilidade do usuário e podem motivar o paciente,
encorajando-o a utilização por longo tempo, embora nem todas as escovas elétricas
sejam melhores que as convencionais. Portanto os dentistas devem estar cientes
desse fato quando forem recomendar uma escova dental para o paciente.
Heanue et al. (2003) realizaram uma revisão da literatura com o objetivo de
comparar as escovas dentais convencionais e elétricas em relação à remoção de
biofilme dentário, saúde gengival, manchas e cálculos, segurança, efeitos adversos
e custo. A meta-análise envolveu 29 estudos nos quais participaram 2.547 pessoas.
33
Concluíram que as escovas elétricas com movimento de rotação oscilação removem
mais biofilme dentário e reduzem mais efetivamente a gengivite que as escovas
convencionais em experimento de curto ou longo tempo. Nenhum outro projeto de
escova dental elétrica foi consistentemente superior às escovas dentais
convencionais. Nesses ensaios, os dados sobre os efeitos de confiabilidade, custo e
efeitos adversos foram relatados inconsistentemente.
Roscher et al. (2004) avaliaram a eficácia de escovas dentais convencional, a Butler
411 (John O. Butler Company, Ottawa, Canadá) e elétrica Philips Jordan Sensiflex
(Philips Jordan Inc., Amsterdam, Netherlands), no controle do biofilme dentário em
36 pacientes periodontais, com 18 ou mais dentes remanescentes, com idades
variando de 26 a 64 anos. Um delineamento de ensaio clínico randomizado
controlado cego e cruzado foi adotado, com pacientes usando, durante dois
períodos de 14 dias cada, escovas convencionais e/ou elétricas. Quatro subgrupos
de nove indivíduos foram estudados: A1 - utilizou escova convencional em ambos os
períodos experimentais; A2 - utilizou a escova convencional durante o primeiro, e a
escova elétrica, no segundo período; B1 - usou escova elétrica em ambos os
períodos; B2 - iniciou com escova elétrica e utilizou escova convencional no
segundo período. A escovação foi realizada durante 14 dias, e no 14º e 28º dias,
esta foi realizada na clínica, e o tempo de escovação foi cronometrado sem que os
pacientes soubessem. O Índice de Placa de Silness, Löe (1964) foi utilizado.
Comparações intragrupo foram realizadas pelo teste t pareado e intergrupo pelo
teste t para amostras independentes, com um nível alfa de 0,05. Os resultados não
identificaram diferenças entre as escovas testadas em relação ao índice de biofilme
dentário ou ao tempo utilizado. Entretanto, reinstrução foi detectada como um fator
importante, uma vez que, para todos os grupos, o segundo período, após
reinstrução, demonstrou menores escores de placa. Os autores concluíram que
aconselhamento profissional, instrução e reinstrução parecem ser mais importantes
para obter um bom controle do biofilme dentário do que a escolha da escova dental
em pacientes com doença periodontal.
Terézhalmy, Bartizek e Biesbrock (2005) mediram a habilidade de três escovas
dentais – a escova elétrica recarregável com movimento de rotação oscilação e
translação (Crest SpinBrush Pro, Procter & Gamble, Cincinnati, OH) e duas escovas
34
dentais convencionais, a escova referência da ADA e a escova dental experimental
(Lion Dentor Systema, Lion, Tokyo, Japan) – em remover biofilme dentário seguindo
três episódios de escovação. O estudo foi randomizado, controlado, cruzado com
examinador cego, durante nove períodos em 72 adultos com idades de 23 a 62
anos, por três meses. O índice de biofilme dentário foi medido antes e após a
escovação pelo índice de Rustogi modificado. Os resultados demonstraram que a
escova dental elétrica apresentou uma maior redução do biofilme dentário
estatisticamente significante comparada com a escova dental referência ADA
(P <0,001), e que esta por sua vez, apresentou também uma redução
estatisticamente significante maior do que a escova convencional experimental (P
<0,001).
Neste mesmo ano, Versteeg et al. (2005) compararam duas escovas elétricas em
relação à reversão da gengivite experimental. Foi solicitado que os 34 participantes
com idades variando de 18 a 31 anos se abstivessem de escovar os dentes
inferiores por 21 dias. Durante as quatro semanas do experimento, o lado direito ou
esquerdo da boca foi escovado com a escova dental elétrica Sonic Complete, SC,
Oral-B (Laboratories, Boston, MA, USA) ou a Philips Sonicare Elite, SE, Philips Oral
Healthcare (Snoqualmie, WA, USA) de acordo com a randomização. Os índices de
biofilme dentário e gengivite foram avaliados nos dias 0, após 21 dias sem
tratamento e após as 1ª, 2ª, e 4ª semanas de escovação duas vezes ao dia. Os
autores observaram que durante a fase da gengivite experimental, o índice de
biofilme dentário aumentou notavelmente, mas foi significativamente reduzido na
primeira semana de tratamento para ambas as escovas. Depois de quatro semanas
de uso, a média de índice de biofilme dentário reduziu abaixo do valor encontrado no
dia zero, mas nenhuma diferença estatística foi encontrada entre as escovas
dentais. Em relação ao sangramento gengival também foi observada significativa
redução, sem diferença entre as escovas dentais testadas. Os autores consideraram
que a vantagem em termo de remoção do biofilme dentário com o uso de uma
escova dental elétrica é dependente da boa aderência e do uso contínuo da mesma.
Qualquer insatisfação é capaz de promover a descontinuação de seu uso.
Papas et al. (2007) realizaram um estudo com o objetivo de avaliar se o uso da
escova dental elétrica Sonicare poderia ser benéfico em reduzir cárie coronal e/ou
de raiz em 80 pacientes, com idades variando de 50 a 80 anos, que apresentavam
35
xerostomia induzida pela utilização de medicamentos. O grupo controle usou escova
convencional. Ambos os grupos foram avaliados no início do estudo pelo critério
modificado de Pitts, que avalia a progressão da doença cárie e o tratamento clínico
requerido, sendo: D1= lesões incipientes; D2, D3, D4= Lesões de Frank. Os dentes
cariados foram restaurados. Os resultados do estudo sugerem índices mais baixos
para todos os tipos de cárie entre os usuários da escova dental elétrica. No entanto,
nenhuma dessas diferenças foi estatisticamente significativa, embora os autores
sugiram que as escovas dentais elétricas possam ser benéficas para pacientes
apresentando xerostomia induzida por medicamentos.
Rosema et al. (2008) realizaram um estudo para avaliar a utilização de uma escova
elétrica que apresentava movimento de rotação, oscilação e pulsação com uma
escova convencional na prevenção da formação do biofilme dentário e gengivite. O
estudo envolveu 122 adultos jovens durante 9 meses. Os resultados mostraram que
na décima semana, no sexto e no nono mês o nível do biofilme dentário foi
estatisticamente significante mais baixo com a escova elétrica. Na décima semana e
no sexto mês, o nível de sangramento gengival também foi mais baixo
estatisticamente significante para o grupo que usou escova elétrica verso a escova
convencional sem o fio dental.
Sowinski et al. (2008) realizaram um estudo com 109 adultos com idades variando
de 18 a 68 anos, para avaliar a eficácia de três escovas dentais convencionais – a
Colgate 360º Deep Clean (AFT version, Colgate-Palmolive Company, New York, NY,
USA), a Colgate 360º Deep Clean (stapled version, Colgate-Palmolive Company,
New York, NY, USA) e a Oral B Indicator (Procter & Gamble Company, Mason, OH,
USA) – em remover biofilme dentário e estabilizar a gengivite. Foi um estudo clínico
paralelo, com examinador cego, três tratamentos, para avaliar a remoção do biofilme
dentário pela comparação da pré e pós-escovação e depois de quatro semanas de
utilização. A remoção de biofilme dentário foi medida pelo Índice Naval de Biofilme
dentário modificado por Rustogi. O estudo também avaliou a gengivite usando o
índice Gengival de Löe & Silness. Os participantes foram instruídos a escovar os
dentes por um minuto para avaliar a pré e pós-escovação, e em casa usarem as
escovas duas vezes ao dia, sempre utilizando o creme dental Colgate Cavity
Protection (Colgate-Palmolive Company, New York, NY, USA). Os resultados
indicaram que todas as três escovas dentais testadas apresentaram estatisticamente
36
significante redução do índice de biofilme dentário na pré e pós-escovação depois
de uma única escovação, porém a Colgate 360º Deep Clean (AFT version) e a
Colgate 360º Deep Clean (stapled version) apresentaram estatisticamente maiores
reduções do que a Oral B Indicator. Também o grupo usando a Colgate 360º Deep
Clean (AFT version) e a Colgate 360º Deep Clean (stapled version) exibiram
estatisticamente maiores reduções do índice de biofilme dentário que o grupo
usando Oral B Indicator depois de quatro semanas. Os grupos que usaram a
Colgate 360º Deep Clean (AFT version) e a Colgate 360º Deep Clean (stapled
version) exibiram estatisticamente significante reduções na gengivite e na
quantidade de sítios sangrantes quando comparados com o grupo que usou a
escova dental Oral B Indicator depois de quatro semanas. Não houve diferença
estatística entre as duas escovas dentais Colgate 360º para todos os parâmetros e
tempos avaliados.
Nobre (2009), em um ensaio clínico randomizado cego, verificou as condições de
saúde bucal, hábitos de higiene bucal e eficácia da utilização de escovas dentais,
convencional (Bitufo Class 32) e elétrica (Oral B Cross Action) em 60 idosos
independentes que possuíam pelo menos quatro dentes presentes. O biofilme
dentário foi medido pelo índice de O’Leary e a condição dental, pelo índice CPO-d.
Os dados foram analisados pelos testes de Shapiro-Wilk, Mann-Whitney e Wilcoxon.
O autor encontrou CPO-d médio de 23,93, e todos idosos afirmaram que escovavam
os dentes diariamente. Os resultados da eficácia da escova elétrica demonstraram
que nos dias 7º e 15º os índices de biofilme dentário foram 24.91 ± 12.81 e 22.11 ±
14.46, respectivamente, o que corresponde 50.24% de remoção de biofilme dentário
no 7º dia e 55.83% no 15º dia. Em relação à eficácia das escovas dentais em
remover a biofilme dentário, ambas foram eficazes no 7º e 15º dia em relação ao
primeiro dia. Embora a escova dental elétrica tenha removido mais biofilme dentário
que a escova dental convencional, a diferença não foi estatisticamente significante.
Nesse mesmo ano, Robinson et al. (2009) fizeram uma revisão da literatura sobre
escovas dentais envolvendo 42 trabalhos, com dados de 3.855 participantes. Os
autores observaram que a escova dental elétrica com movimento de rotação
oscilação remove mais biofilme dentário e reduz mais gengivite que a escova
convencional num curto período de tempo e reduz o índice de gengivite, resultado
observado em estudos com durações maiores que três meses. Nenhum outro
37
modelo de escova dental elétrica foi consistentemente superior às escovas dentais
convencionais. Quaisquer efeitos secundários relatados foram localizados e
temporários.
Ainda no mesmo ano (2009), Williams et al. conduziram um estudo randomizado,
grupos paralelos, examinador cego, com 171 participantes com idades variando de
18 a 70 anos, para comparar a segurança e eficácia de dois modelos de escovas
dentais. Durante 10 semanas, os participantes escovaram os dentes duas vezes ao
dia com a escova elétrica Oral-B Triumph com movimento de rotação oscilação
(Procter & Gamble Company, Cincinnati, OH, USA) ou a escova elétrica sônica
Sonicare FlexCare (Philips Oral Healthcare, Snoqualmie, WA, USA). O índice de
biofilme dentário foi avaliado usando o índice de biofilme de Quigley-Hein modificado
por Turesky (TQHPI) na consulta inicial, na quarta e décima semanas. O índice de
gengivite e o número de sítios sangrantes foram avaliados usando o Índice de Löe-
Silness (LSGI) na consulta inicial e na décima semana. Os pesquisadores
observaram que os participantes que usaram a escova elétrica com movimento de
rotação oscilação tiveram estatisticamente índices mais baixos de gengivites e
sangramento gengival do que o grupo que usou escova sônica, na décima semana.
Nas quarta e décima semanas, o grupo que usou escova com movimento de rotação
oscilação apresentou índice de biofilme dentário mais baixo que o grupo que usou
escova dental sônica, embora não foi estatisticamente significante. Ambos os grupos
mostraram índices de biofilmes dentários mais baixos na quarta e décima semanas
em relação ao dia inicial.
Sharma et al. (2010), em um estudo randomizado, examinador cego e desenho de
grupos paralelo, compararam a segurança e eficácia da escova dental elétrica
recarregável Oral-B Pulsonic (Procter & Gamble, Cincinnati, OH, USA) e da escova
dental convencional (American Dental Association, ADA) em reduzir a gengivite e o
biofilme dentário durante quatro semanas. Na primeira visita e depois de quatro
semanas, os participantes tinham a gengivite avaliada pelo Índice Gengival
Modificado (MGI), o sangramento gengival avaliado pelo Índice de Sangramento
Gengival (GBI) e o biofilme dentário avaliado pelo Índice de Placa da Marinha
Modificado por Rustogi (RMNPI). Os autores constataram que ambas as escovas
reduziram significantemente a gengivite, o sangramento gengival e o índice de
biofilme dentário quando compararam com a primeira visita, e foram bem toleradas
38
pelos 129 participantes do estudo. A escova elétrica foi estatisticamente mais efetiva
que a escova convencional, apresentando maiores reduções nos MGI, GBI e
RMNPI.
Aruna, Rosaiah e Muktishree (2011) conduziram um estudo para comparar a
eficácia de escovas dentais convencional (Regular Advantage plus) e elétrica (Braun
2D) em remover biofilme dentário e melhorar a saúde gengival em 60 pacientes,
com idade variando de 19 a 23 anos, por um período de 28 dias. Os participantes
foram divididos em dois grupos de 30 pessoas, com quantidades iguais de homens
e mulheres. Os participantes do Grupo A usaram escovas dentais convencionais e
os do Grupo B usaram escovas dentais elétricas. Os participantes foram avaliados
no início e no 7º, 14º e 28º dias. A observação clínica e a avaliação estatística
mostraram que ambas as escovas apresentaram redução no índice de biofilme
dentário. Os autores concluíram que a escova dental elétrica apresentou uma
melhora clínica estatisticamente comprovada na saúde gengival e uma redução no
índice de biofilme dentário.
Da mesma forma, Goyal et al. (2011) realizaram um estudo clínico randomizado
cruzado de seis meses de duração, consistindo de duas fases de três meses, com o
objetivo de comparar a efetividade de escovas dentais, manuais e elétricas.
Participaram da pesquisa 16 jovens com idades variando entre 15 e 25 anos,
residentes em uma instituição para reabilitação de deficientes mentais. No Grupo A,
os participantes começaram usando a escova dental convencional (Oral-B®: Cross
Action: medium) e receberam instruções de higiene bucal por meio audiovisual e
seguiram, depois, usando escova dental elétrica (Oral-B®: Cross Action Power: 7200
rpm: medium), e para o Grupo B foi o inverso. As avaliações dos índices de biofilme
dentário e gengival foram realizadas no fim do 1º, 2º e 3º meses para ambos os
grupos. Os resultados da fase 1 mostraram diminuição estatisticamente significante
do índice de biofilme dentário, mas não do índice gengival no grupo A no fim dos
três meses. Na fase 2, ocorreu diminuição estatisticamente insignificante nos índices
de biofilme dentário e gengival no fim dos três meses. No Grupo B, ocorreu uma
diminuição estatisticamente significante em ambos os índices e no fim de ambas as
fases. Comparando as médias de biofilme dentário e médias de índice gengival
entre as escovas convencionais e elétricas em diferentes intervalos de tempo em
ambos os grupos, elas foram estatisticamente insignificantes. Os autores concluíram
39
que para indivíduos com deficiência mental, escovas dentais convencionais
reforçadas com instruções audiovisuais podem ser comparadas com o uso de
escovas elétricas. Mencionam ainda que o chamado Efeito Hawthorne, que resulta
em uma alteração comportamental dos participantes envolvidos em um estudo
clínico, pode ser uma fonte de confusão da variabilidade em ensaios cruzados,
dando origem a condições diferentes entre os períodos.
Yousaf et al. (2012) conduziram um estudo com 70 pacientes que apresentavam
gengivite e possuíam pelo menos 20 dentes, na faixa etária de 19 a 44 anos, com o
objetivo de determinar a diferença na redução de biofilme dentário com a utilização
de escova dental elétrica e escova dental convencional. Os participantes foram
divididos em dois grupos com 35 pacientes cada. Os participantes do Grupo A foram
orientados a usarem a escova dental elétrica (Oral-B complete action power deep
clean), enquanto os pacientes do Grupo B foram orientados a usarem a escova
dental convencional (Oral-B cross action pro-health manual tooth brush). Os índices
de biofilme dentário foram avaliados pelo critério de Silness-Löe, no início, depois de
um e três meses. No início, nenhum participante de ambos os grupos estava livre de
biofilme dentário, índice 0. A maioria dos participantes apresentou índice de biofilme
dentário um ou dois. Depois de um mês, ocorreu diminuição do índice de biofilme
dentário em ambos os grupos, com a maioria dos participantes apresentando índice
1. No grupo que usou escova dental elétrica foi observado que a quantidade de
participante que apresentou índice de biofilme dentário 1 subiu de 34,3% para
54,3%, enquanto o índice de biofilme dentário 2 reduziu de 54,3% no início para
37,1% no primeiro mês. Tendência semelhante foi observada no grupo que usou
escova dental convencional. Após três meses de estudo foi observado que mais
pacientes que usaram escova dental elétrica apresentaram índice de biofilme
dentário 0 ou 1, com 17,1% e 14,3% dos pacientes que usaram escova dental
elétrica e convencional respectivamente, livres de biofilme dentário. Observou-se
ainda que entre os usuários da escova dental elétrica e convencional,
respectivamente 71,4% e 62,8% apresentaram índice de biofilme dentário 1. Assim,
os autores concluíram que ambas as escovas reduziram o índice de biofilme
dentário, mas as escovas dentais elétricas reduziram mais significativamente o
acúmulo de biofilme dentário quando comparada com a escova convencional.
40
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO
Esta pesquisa consistiu em um estudo clínico randomizado cruzado, com
pesquisador cego em relação ao tipo de escova dental que foi utilizada pelos idosos,
com o objetivo de comparar e avaliar a eficácia clínica da escova dental elétrica
(Sonic Power 360º®, Colgate-Palmolive, São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil) e da escova dental convencional (Deepclean 360º®, Colgate-Palmolive, São
Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil) em removerem o biofilme dentário e
reduzirem o sangramento gengival em idosos independentes, maiores de 60 anos,
com pelo menos 10 dentes presentes na boca.
4.2 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
Esta pesquisa foi realizada após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Espírito Santo (CCS –
UFES), do Projeto de Pesquisa nº. 204/11, no dia 31 de agosto de 2011 (ANEXO A),
e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A) pelos
participantes.
4.3 AMOSTRA
A amostra deste estudo foi composta por idosos independentes com faixa etária
variando de 60 a 77 anos, oriundos de três grupos distintos, a saber: Alunos da
Universidade Aberta da Terceira Idade da Universidade Federal do Espírito Santo
(UNATI/UFES), Funcionários e ex-funcionários da UFES e Usuários das diversas
especialidades médicas do Hospital Universitário Cassiano Antônio de Morais da
UFES (HUCAM/UFES).
4.3.1 Tamanho Amostral
No segundo semestre do ano de 2011, todos os 120 alunos da Universidade Aberta
da Terceira Idade (UNATI/UFES) assistiram a duas palestras ministradas pela
pesquisadora sobre cuidados com a boca. Nessa ocasião, todos foram convidados a
participar da pesquisa. Uma lista de interessados foi elaborada. Em 2012, eles foram
contatados, e destes 16 idosos preencheram os critérios de inclusão e exclusão.
41
Em maio de 2012 foram enviados 264 convites (ANEXO B) via e-mail para os
funcionários maiores de 60 anos, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES),
convidando-os a participarem da pesquisa: destes 17 idosos foram incluídos.
Também foram colocadas várias cópias de convites aos idosos (APÊNDICE B) em
áreas externas entre os ambulatórios do Hospital Universitário Cassiano Antonio de
Moraes (HUCAM/UFES), tendo a participação de sete idosos.
Com o objetivo de possibilitar a participação de outros idosos na pesquisa, foram
convidados aqueles que frequentavam os grupos de terceira idade, que se reúnem
nos Bairros República e Maria Ortiz. Além disso, dois profissionais, sendo uma
geriatra e um fisioterapeuta, divulgaram o convite entre os próprios pacientes, mas
nenhum idoso desses locais foi incluído na pesquisa.
No período de maio a dezembro de 2012, os idosos interessados em participar da
pesquisa e que preencheram os critérios de inclusão e exclusão da pesquisa,
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APÊNDICE A). Em
seguida, uma ficha clínica e um questionário (APÊNDICE C) foram preenchidos pela
examinadora, que também realizou o exame clínico nos participantes.
Os critérios de inclusão foram os seguintes:
a) ter idade mínima de 60 anos e ser independente;
b) possuir pelo menos 10 dentes na boca, possibilitando a evidenciação de
biofilme dentário em no mínimo dois sextantes;
c) não ter feito uso de antibióticos nos últimos 60 dias;
d) não usar enxaguantes bucais;
e) ter possibilidade de comparecer oito vezes ao centro odontológico para o
levantamento dos dados no período de maio a dezembro de 2012.
Em relação aos critérios de exclusão, foram excluídos os idosos que:
a) possuíam menos de 10 dentes presentes na boca;
b) utilizavam antibióticos nos últimos 60 dias;
42
c) faziam uso de enxaguantes bucais;
d) possuíam alguma incapacidade motora ou de cognição que os tornavam
dependentes;
e) estavam realizando tratamento dentário;
f) usavam aparelho ortodôntico;
g) apresentavam condição de saúde que requereria uso de antibiótico profilático
para os procedimentos clínicos.
A pesquisa iniciou com a participação de 40 idosos independentes que possuíam
pelo menos dez dentes, portadores ou não de doença periodontal, usuários ou não
de aparelhos protéticos. Foi solicitado aos participantes que se abstivessem de
tratamento dentário eletivo no período do estudo.
4.3.2 Descrição dos Grupos
Um total de 40 idosos (10 homens e 30 mulheres com idade variando de 60 a 77
anos) foi incluído na pesquisa. Os participantes foram divididos por sorteio em
grupos da seguinte forma:
Grupo A - 20 idosos que na 1ª etapa utilizaram escova dental elétrica e na 2ª etapa
utilizaram escova dental convencional.
Grupo B - 20 idosos que na 1ª etapa utilizaram escova dental convencional e na 2ª
etapa, escova dental elétrica.
Em ambos os grupos, na 1ª etapa, os participantes utilizaram um tipo de escova
dental por 42 dias. Devolveram a escova dental testada e usaram a escova dental
habitual por um intervalo de 28 dias. Retornaram para a 2ª etapa da pesquisa e
receberam outra escova dental e a utilizaram por mais 42 dias.
4.4 PROCEDIMENTOS
Para garantir a confiabilidade dos exames clínicos realizados pela pesquisadora,
inicialmente foi realizado o índice Kappa. O teste foi realizado com 10% do total da
amostra, avaliando o índice de biofilme dentário e o índice de sangramento gengival
43
que apresentaram alto nível de concordância, sendo 0,94 e 0,83 respectivamente
(LANDIS; KOCH, 1977).
Os exames clínicos foram realizados em um consultório odontológico, com luz
artificial, nas dependências do Centro Odontológico do Departamento de Atenção à
Saúde, da Universidade Federal do Espírito Santo, Campus de Goiabeiras, como
mostra a Fotografia 1.
Fotografia 1 - Profissionais realizando o levantamento dos dados no consultório odontológico.
4.4.1 Primeira Etapa
No primeiro dia, foi realizado o preenchimento de uma ficha clínica (APÊNDICE C)
contendo dados sociodemográficos (sexo, idade, nível educacional, renda) e uma
avaliação da saúde bucal.
No exame clínico da condição de saúde bucal, foram utilizados materiais e
instrumentais clínicos previamente esterilizados, como: sonda exploradora nº 5,
espelho bucal e pinça clínica todos da S.S.White / Duflex, Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, Brasil, sonda periodontal PCP 11,5 – OMS # 11,5 Hu-Friedy, Chicago, IL,
USA (Fotografia 2).
44
Para medir a ocorrência da cárie dental foi empregado o índice CPO-d, descrito pela
primeira vez por Klein e Palmer em 1937, que fornece o número de dentes
permanentes cariados, perdidos (extraídos) e obturados em um indivíduo.
Fotografia 2 - Materiais e instrumentos utilizados para o exame clínico.
A dentição foi dividida em sextantes, e os dentes-índices foram examinados (17/16,
11, 26/27, 37/36, 31, 46/47). Cada sextante foi examinado se possuísse dois ou
mais dentes presentes com a face vestibular ou lingual íntegra, de maneira a
possibilitar a evidenciação do biofilme dentário, e não indicados para extração. Os
sextantes excluídos foram codificados com a letra “x”.
A condição gengival foi avaliada verificando-se o sangramento gengival após a
sondagem, conforme Ainamo e Bay (1975). Os sulcos gengivais de todos os dentes-
índice foram submetidos à sondagem de forma delicada, sem provocar dor. A
presença de qualquer sangramento dentro de 10 segundos após a sondagem era
considerada resposta positiva e recebia escore 1. Os locais que não sangravam à
sondagem recebiam escore zero (Fotografia 3).
Fotografia 3 - Exame clínico da condição gengival.
Levando em consideração a alta prevalência de perdas dentárias nos idosos, nos
casos em que o participante não possuía os dentes índices, mas tinha outros
elementos dentários no sextante, estes eram examinados para ambas as avaliações
dos índices.
Para o exame do biofilme dentário foi utilizado a solução evidenciadora Replak
Dentsply (Petrópolis, Rio de Janeiro,
excesso foi removido com água
Fotografia 4 - Evidenciação do biofilme dentário com a solução evDentsply (Petrópolis, Rio de Janeiro,
A quantidade de biofilme dentário evidenciada foi an
Simplificado de Higiene Oral (OHI
área da superfície do dente coberta por biofilme dentário. Seis superfícies íntegras
dos dentes foram avaliadas, recebendo valores que variam de zer
de biofilme dentário, até três, quando o biofilme dentário cobre mais de dois terços
da superfície do dente (Figura 1).
Levando em consideração a alta prevalência de perdas dentárias nos idosos, nos
casos em que o participante não possuía os dentes índices, mas tinha outros
elementos dentários no sextante, estes eram examinados para ambas as avaliações
Para o exame do biofilme dentário foi utilizado a solução evidenciadora Replak
Petrópolis, Rio de Janeiro, Brasil). Após aplicação do
excesso foi removido com água (Fotografia 4).
Evidenciação do biofilme dentário com a solução evPetrópolis, Rio de Janeiro, Brasil).
A quantidade de biofilme dentário evidenciada foi anotada de acordo com o Índice
Simplificado de Higiene Oral (OHI-S) de Greene e Vermillion (1964), que mede a
área da superfície do dente coberta por biofilme dentário. Seis superfícies íntegras
dos dentes foram avaliadas, recebendo valores que variam de zer
de biofilme dentário, até três, quando o biofilme dentário cobre mais de dois terços
da superfície do dente (Figura 1).
45
Levando em consideração a alta prevalência de perdas dentárias nos idosos, nos
casos em que o participante não possuía os dentes índices, mas tinha outros dois
elementos dentários no sextante, estes eram examinados para ambas as avaliações
Para o exame do biofilme dentário foi utilizado a solução evidenciadora Replak®,
Brasil). Após aplicação do evidenciador, o
Evidenciação do biofilme dentário com a solução evidenciadora Replak®,
otada de acordo com o Índice
S) de Greene e Vermillion (1964), que mede a
área da superfície do dente coberta por biofilme dentário. Seis superfícies íntegras
dos dentes foram avaliadas, recebendo valores que variam de zero, para ausência
de biofilme dentário, até três, quando o biofilme dentário cobre mais de dois terços
46
Figura 1- Índice Simplificado de Higiene Oral (OHI-S) de Greene e Vermillion (1964).
Pelo menos dois dos seis sextantes foram examinados para a média individual ser
calculada. Na ausência de um dente índice, outro elemento do mesmo grupo era
escolhido, e em todas as consultas o mesmo era examinado. Os valores dos índices
dos biofilmes dentários encontrados eram anotados em quadros semelhantes ao da
Figura 2.
Cálculo do índice de biofilme dentário Greene e Vermillion (1964)
Molar direito Anterior Molar esquerdo Total
Vestibular Lingual Vestibular Vestibular Vestibular Lingual Vestibular Lingual
Superior 3 - 2 - 3 - 8 -
Inferior - 2 - 1 - 2 1 4
Figura 2 – Modelo do cálculo do índice do biofilme dentário. Índice de biofilme dentário = (soma das faces vestibulares) + (soma das faces linguais /
(números de superfícies vestibulares e linguais examinadas).
Após todas as anotações, cada participante foi submetido a uma raspagem
supragengival com aparelho ultrassônico Prophy, Dabi Atlante (Ribeirão Preto, São
Paulo, Brasil) e polimento coronário com escova Robson e pasta profilática Herjos®,
Vigodent (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil), com o objetivo de remover todo o
cálculo supragengival, o biofilme dentário e as manchas exógenas das coroas.
Índice de biofilme dentário = (9+4)/6 = 2.16
47
Em seguida, cada participante recebeu orientação sobre higiene bucal, que consistiu
na explicação do uso correto do fio dental na própria boca, e da técnica de
escovação dentária em um macromodelo de boca. As orientações não foram
repetidas ao longo do estudo. A técnica de escovação dentária apresentada foi a de
Bass (1954), para a escova convencional. Para a utilização da escova elétrica foram
instruídos a manterem as cerdas da escova no sulco gengival por alguns segundos
e irem trocando de posição, ao longo dos arcos dentais, por vestibular e lingual. Foi
solicitado a cada participante que fizesse uso das escovas dentais por dois minutos
duas vezes ao dia.
Fotografia 5 – Escovas dentais utilizadas na pesquisa, a 360º Sonic Power® e a 360º
Deepclean®, ambas da Colgate-Palmolive, São Bernardo do Campo, São Paulo, Brasil
Após todos os procedimentos, cada participante recebeu uma escova dental, para
ser usada em casa, por meio de um sorteio realizado pela ACD, que confeccionou
uma lista de participantes para cada tipo de escova dental utilizada. A 360º Sonic
Power® com cabeça vibratória, que faz 20.000 movimentos por minuto, ou a 360º
Deepclean®, ambas da Colgate-Palmolive (Fotografia 5), e o creme dental Colgate
Total 12® Colgate-Palmolive, Brasil. A pesquisadora desconhecia o modelo de
escova dental que cada participante utilizava durante toda a pesquisa.
Todos os participantes foram reavaliados a cada duas semanas, isto é, no 14º, 28º e
42º dia. Nessas consultas, os dentes índices tinham o biofilme dentário evidenciado
com Replak®, o excesso removido com água, e as anotações dos índices de biofilme
dentário realizadas.
No 42º dia, a escova dental que estava em poder do participante foi recolhida pela
ACD.
48
Com o objetivo de evitar o efeito de memória e a interferência da primeira escova
dental sobre a segunda escova dental, foi dado um intervalo de quatro semanas
para que cada participante voltasse a realizar os procedimentos de higienização
bucal habituais, com a escova dental e o creme dental de preferência, antes de
iniciar a segunda etapa do experimento.
4.4.2 Segunda Etapa
A segunda etapa da pesquisa iniciou no 70º dia, no qual foram realizados os
seguintes procedimentos: evidenciação e anotação do índice do biofilme dentário,
raspagem supragengival e polimento coronário. Uma nova escova dental foi
entregue a cada participante pela ACD, sem que a examinadora soubesse qual tipo
se tratava, juntamente com o creme dental Colgate total 12®, que era disponibilizado
sempre que o participante solicitava. Cada participante teve o biofilme dentário
evidenciado e os índices anotados no 84º dia, no 98º dia e no 112º dia. No 112º dia
foi realizada nova avaliação da condição gengival por meio da ocorrência de
sangramento gengival após delicada sondagem.
Ao final das duas etapas, os participantes responderam à parte final do questionário
presente na ficha clínica (APÊNDICE C), emitindo a opinião sobre as escovas
dentais utilizadas.
Com o objetivo de facilitar o entendimento sobre a metodologia utilizada na pesquisa
em relação à coleta dos dados, foi confeccionado o Fluxograma 1.
Os participantes que necessitavam de tratamento dentário e solicitavam informações
à pesquisadora eram encaminhados à Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal do Espírito Santo.
49
Fluxograma 1 - Esquema da metodologia utilizada na coleta dos dados.
50
4.5 ANÁLISE DOS DADOS
Para análise descritiva dos dados obtidos, estes foram lançados em planilha do
Pacote Estatístico IBM SPSS Statistics, versão 20.0, sendo calculados a média, o
desvio padrão e a percentagem de redução do índice de biofilme dentário, a
mediana e o coeficiente de variação e também a redução do índice de sangramento
gengival. Além dos testes, o programa fornece as Tabelas e os Gráficos.
Os testes utilizados foram:
O teste Mann-Whitney, para comparar o Índice de Biofilme Dentário entre os grupos
das escovas elétricas e convencionais.
O teste Wilcoxon, para comparar o Índice de Biofilme Dentário dentro dos grupos
das escovas elétricas e convencionais.
O teste t de Student pareado, para comparar o Índice de Sangramento Gengival no
início e fim da pesquisa dentro dos Grupos A e B.
O teste t de Student para amostras independentes, para comparar o Índice de
Sangramento Gengival entre os Grupos A e B no início e fim da pesquisa.
O teste qui-quadrado, para avaliar a preferência dos idosos em relação às escovas
dentais testadas.
Em todas as comparações, considerou-se um nível de significância de 5%.
4.6 HIPÓTESES
Em relação à eficácia das escovas dentais, elétrica e convencional, as hipóteses
testadas foram as seguintes:
H0: Não existe diferença na eficácia das escovas elétrica e convencional com
relação à remoção do biofilme dentário.
H1: A escova elétrica é mais eficaz do que a escova convencional com
relação à remoção do biofilme dentário.
51
H2: A escova convencional é mais eficaz do que a escova elétrica com
relação à remoção do biofilme dentário.
5 RESULTADOS
O perfil sociodemográfico
composta por 40 idosos, sendo 10 homens e 30 mulheres, representando
respectivamente 25% e 75% (Gráfico 1). Em relação aos municípios onde residem,
observa-se que vivem em várias cidades da Grande Vitória,
na capital (Gráfico 2). A escolaridade mais representada foi a compreendida entre 12
e 17 anos de estudos, incluindo 40% dos idosos (Gráfico 3). A faixa de renda de
maior representatividade foi a situada entre 6
com 30% e 22,5% respectivamente (Gráfico 4). A faixa etária de 60 a 63 anos de
idade foi a mais representada com 62,5% dos participantes nessa faixa (Gráfico 5).
Gráfico 1 - Representação gráfica da dis
sexo.
75,0%
O perfil sociodemográfico da amostra estudada foi o seguinte: a amostra foi
composta por 40 idosos, sendo 10 homens e 30 mulheres, representando
respectivamente 25% e 75% (Gráfico 1). Em relação aos municípios onde residem,
se que vivem em várias cidades da Grande Vitória, sendo que 52,5% vivem
A escolaridade mais representada foi a compreendida entre 12
17 anos de estudos, incluindo 40% dos idosos (Gráfico 3). A faixa de renda de
maior representatividade foi a situada entre 6 e 10 SM, seguida pela
com 30% e 22,5% respectivamente (Gráfico 4). A faixa etária de 60 a 63 anos de
idade foi a mais representada com 62,5% dos participantes nessa faixa (Gráfico 5).
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos
25,0%
Masculino Feminino
52
da amostra estudada foi o seguinte: a amostra foi
composta por 40 idosos, sendo 10 homens e 30 mulheres, representando
respectivamente 25% e 75% (Gráfico 1). Em relação aos municípios onde residem,
sendo que 52,5% vivem
A escolaridade mais representada foi a compreendida entre 12
17 anos de estudos, incluindo 40% dos idosos (Gráfico 3). A faixa de renda de
10 SM, seguida pela de 1 a 3 SM
com 30% e 22,5% respectivamente (Gráfico 4). A faixa etária de 60 a 63 anos de
idade foi a mais representada com 62,5% dos participantes nessa faixa (Gráfico 5).
tribuição percentual dos idosos de acordo com o
Gráfico 2 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
origem.
Gráfico 3 - Representação gráfica da distri
anos de escolaridade.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Vitória
52,5%
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
40,0%
1 a 4 anos
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de
Vitória Vila Velha Serra Cariacica Outros
52,5%
20,0%
12,5% 12,5%
2,5%
1 a 4 anos 5 a 8 anos 9 a 11 anos
12 a 17 anos
Mais de 18 anos
2,5%
17,5%20,0%
40,0%
20,0%
53
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
buição percentual dos idosos de acordo com os
Outros
2,5%
Mais de 18 anos
20,0%
Gráfico 4 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
renda familiar.
Gráfico 5 - Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
faixa etária.
Os cuidados que os idosos disseram ter com boca podem
Tabela 1. Ao analisar esta tabela constata
diariamente. Quanto à
participantes relataram que já haviam feito uso no passado, mas na ocasião da
0,0%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
Até 1 SM
12,5%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
60 a 63 anos
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
Os cuidados que os idosos disseram ter com boca podem ser sumarizados na
Ao analisar esta tabela constata-se que todos disseram escovar os dentes
Quanto à utilização da escova dental elétrica, apenas quatro
participantes relataram que já haviam feito uso no passado, mas na ocasião da
Até 1 SM 1 a 3 SM 4 a 5 SM 6 a 10 SM Mais de 11 SM
12,5%
22,5%
15,0%
30,0%
20,0%
60 a 63 anos 64 a 67 anos 68 a 71 anos Maior de 72 anos
62,5%
25,0%
7,5%5,0%
54
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
Representação gráfica da distribuição percentual dos idosos de acordo com a
ser sumarizados na
se que todos disseram escovar os dentes
utilização da escova dental elétrica, apenas quatro
participantes relataram que já haviam feito uso no passado, mas na ocasião da
Mais de 11 SM
20,0%
Maior de 72 anos
5,0%
55
entrevista nenhum a estava usando. Os participantes que limpavam a língua pelo
menos uma vez ao dia representavam 72,5%. Quando perguntados se escovavam
os dentes antes ou após o café da manhã, as respostas foram bastante
diversificadas.
Tabela 1 - Avaliação dos hábitos de higienização dos idosos
Hábitos de Higienização dos Idosos Frequência %
Usa escova dental diariamente? Sim 40 100,0
Não 0 0,0
Já utilizou escova elétrica? Sim 4 10,0
Não 36 90,0
Limpa a língua ao menos uma vez ao dia?
Sim 29 72,5
Não 11 27,5
Escova os dentes antes ou após o café da manhã?
Antes 14 35,0
Após 16 40,0
Antes e após
10 25,0
Total 40 100,0
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa. Observação: O quantitativo total e o respectivo percentual referem-se a cada variável.
A condição dental foi avaliada utilizando o índice CPO-d, sendo observado que 31
idosos apresentavam o índice CPO-d menor que 24, conforme pode ser
observado no Gráfico 6. Em relação à cárie dentária, 55% dos participantes do
Grupo A e 60% dos participantes do Grupo B apresentavam os dentes livres de
cárie. As perdas dentárias eram menores que 19 dentes em 90% dos
participantes. Os participantes de ambos os grupos apresentavam vários dentes
obturados, conforme observado na Tabela 2.
Gráfico 6 - Representação gráfica da distribuição dos idosos de acordo com o índice (CPO
d) e os grupos estudados.
No exame clínico foi observado que sete idosos haviam substituído os dentes
ausentes por próteses sobre implantes dentais, sendo os elementos dentários que
haviam sido substituídos por implantes considerados como perdido no índice CPO
d. O Gráfico 7 mostra a distribuição dos implantes dentais entre os grupos
estudados. Havia um total de 15 implantes dentais, que eram predominantemente
unitários, substituindo um ou dois dentes ausentes, apenas o participante que
possuía sete implantes, apresentava quatro deles unidos dois a dois em ambos os
lados da maxila, e os demais eram individuais.
Entre aqueles idosos que possuíam ausências dentárias, além da
prótese sobre implantes dentais, observou
removível e total, nos grupos estudados, como pode ser observado na Tabela 3.
0
2
4
6
8
10
12
Menos de 10
Nº
de Id
oso
s
sentação gráfica da distribuição dos idosos de acordo com o índice (CPO
No exame clínico foi observado que sete idosos haviam substituído os dentes
ausentes por próteses sobre implantes dentais, sendo os elementos dentários que
haviam sido substituídos por implantes considerados como perdido no índice CPO
d. O Gráfico 7 mostra a distribuição dos implantes dentais entre os grupos
estudados. Havia um total de 15 implantes dentais, que eram predominantemente
um ou dois dentes ausentes, apenas o participante que
possuía sete implantes, apresentava quatro deles unidos dois a dois em ambos os
lados da maxila, e os demais eram individuais.
Entre aqueles idosos que possuíam ausências dentárias, além da
prótese sobre implantes dentais, observou-se também o uso de próteses fixa,
removível e total, nos grupos estudados, como pode ser observado na Tabela 3.
Menos de 10 11 a 18 19 a 24 Mais de 25
0
5
11
4
1
4
10
CPO d
Grupo A Grupo B
56
sentação gráfica da distribuição dos idosos de acordo com o índice (CPO-
No exame clínico foi observado que sete idosos haviam substituído os dentes
ausentes por próteses sobre implantes dentais, sendo os elementos dentários que
haviam sido substituídos por implantes considerados como perdido no índice CPO-
d. O Gráfico 7 mostra a distribuição dos implantes dentais entre os grupos
estudados. Havia um total de 15 implantes dentais, que eram predominantemente
um ou dois dentes ausentes, apenas o participante que
possuía sete implantes, apresentava quatro deles unidos dois a dois em ambos os
Entre aqueles idosos que possuíam ausências dentárias, além da substituição por
se também o uso de próteses fixa,
removível e total, nos grupos estudados, como pode ser observado na Tabela 3.
Mais de 25
5
CPO d
57
Tabela 2 - Condição e quantidade de dentes presentes na cavidade bucal dos idosos de acordo como os grupos estudados
Condição e quantidade de dentes presentes
Grupo A % Grupo B %
Quantidade de dentes cariados
Zero 11,0 55,0 12,0 60,0
De 1 a 3 8,0 40,0 7,0 35,0
Mais de 4 1,0 5,0 1,0 5,0
Quantidade de dentes perdidos
De 1 a 6 4,0 20,0 7,0 35,0
De 7 a 12 8,0 40,0 4,0 20,0
De 13 a 18 7,0 35,0 8,0 40,0
Mais de 19 1,0 5,0 1,0 5,0
Quantidade de dentes obturados
De 1 a 6 5,0 25,0 6,0 30,0
De 7 a 12 10,0 50,0 5,0 25,0
De 13 a 18 5,0 25,0 9,0 45,0
Mais de 19 0,0 0,0 0,0 0,0
Total 20 100 20 100
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa. Observação: O quantitativo total e o respectivo percentual referem-se a cada variável.
Gráfico 7 - Representação gráfica da distri
implantes presentes na cavidade bucal e os grupos estudados
Tabela 3 - Uso de Próteses pelos idosos de acordo com os grupos estudados
Uso de Próteses
Usa prótese fixa superior?
Usa prótese fixa inferior?
Usa prótese parcial removível superior?
Usa prótese parcial removível inferior?
Usa prótese total superior?
Usa prótese total inferior?
Total
Fonte: Dados coletados durante a pesquisaObservação: O quantitativo total e o respectivo percentual referem
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
0
17N
º d
e Id
oso
s
Representação gráfica da distribuição dos idosos de acordo com
implantes presentes na cavidade bucal e os grupos estudados.
Uso de Próteses pelos idosos de acordo com os grupos estudados
Uso de Próteses Grupo A % Grupo B
fixa superior? Sim 3 15,0 1
Não 17 85,0 18
fixa inferior? Sim 1 5,0 1
Não 19 95,0 18
parcial Sim 4 20,0 2
Não 16 80,0 17
parcial Sim 5 25,0 2
Não 15 75,0 17
Usa prótese total superior? Sim 0 0,0 1
Não 20 100,0 18
Usa prótese total inferior? Sim 0 0,0 0
Não 20 100,0 19
20 100,0 19
Dados coletados durante a pesquisa. quantitativo total e o respectivo percentual referem-se a cada variável
1 2 7
21
0
16
21
Nº de Implantes
Grupo A Grupo B
58
buição dos idosos de acordo com número de
Uso de Próteses pelos idosos de acordo com os grupos estudados
Grupo B %
5,3
94,7
5,3
94,7
10,5
89,5
10,5
89,5
5,3
94,7
0
100
100,0
se a cada variável.
7
1
Nº de Implantes
59
Durante a fase de levantamento dos dados, uma idosa deixou de participar da
pesquisa por motivo de enfermidade, consequentemente não foram computados os
dados dos índices de biofilme dentário e sangramento gengival, como também não
foram realizadas as perguntas finais sobre a avaliação das escovas dentais.
As análises estatísticas dos índices de biofilme dentário foram realizadas para cada
escova dental separadamente e em cada período de tempo (intervalo de 14 dias
entre as medições) para o Grupo A e o Grupo B. Como não mostraram significância
estatística, não estão sendo apresentadas no presente trabalho, no qual é mostrado
apenas o resultado da junção dos diversos tempos (inicial + 70º dia; 14º + 84º dia;
28º + 98º dia; 42º + 112º dia), nomeados como inicial, 14º, 28º e 42º dias para a
escova dental elétrica e convencional, criando, portanto, dois novos grupos, o Grupo
das Escovas Dentais Elétricas e Grupo das Escovas Dentais Convencionais,
conforme pode ser observado no Fluxograma 2.
.
Fluxograma 2 - Formação dos grupos escova elétrica e escova convencional.
O Gráfico 8 apresenta os valores médios de biofilme dentário, e a Tabela 4
apresenta, além da média, o desvio padrão, a mediana e o coeficiente de variação,
sendo que o coeficiente de variação é
relação à média. Assim, quanto menores forem os coeficientes, mais homogêneos
serão os dados do grupo.
Gráfico 8 - Representação gráfica do índice médio de biofilme dentário nos diversos tempos avaliados para as escovas elétrica e convencional.
Tabela 4 - Valores médios, desvio padrão, mediana e coeficiente de variação do índice de biofilme dentário obtido com a utilização da escova elétrica e a convencional nos diversos períodos de tempo
Tipos de Escova
Elétrica
Convencional
,00
,20
,40
,60
,80
1,00
1,20
Inicial
,99 1,02
Índ
ice d
e B
iofi
lme D
en
tári
o
apresenta os valores médios de biofilme dentário, e a Tabela 4
apresenta, além da média, o desvio padrão, a mediana e o coeficiente de variação,
sendo que o coeficiente de variação é interpretado como a variação dos dados em
relação à média. Assim, quanto menores forem os coeficientes, mais homogêneos
serão os dados do grupo.
Representação gráfica do índice médio de biofilme dentário nos diversos tempos escovas elétrica e convencional.
Valores médios, desvio padrão, mediana e coeficiente de variação do índice de biofilme dentário obtido com a utilização da escova elétrica e a convencional nos diversos
Períodos Média Desvio Padrão
Mediana
Inicial 0,99 0,64 1,00
14º dia 0,43 0,38 0,33
28º dia 0,39 0,38 0,33
42º dia 0,42 0,35 0,33
Inicial 1,02 0,64 0,83
14º dia 0,51 0,52 0,45
28º dia 0,50 0,45 0,40
42º dia 0,49 0,44 0,33
14º dia 28º dia 42º dia
,43 ,39 ,42
1,02
,51 ,50
Elétrica Convencional
60
apresenta os valores médios de biofilme dentário, e a Tabela 4
apresenta, além da média, o desvio padrão, a mediana e o coeficiente de variação,
interpretado como a variação dos dados em
relação à média. Assim, quanto menores forem os coeficientes, mais homogêneos
Representação gráfica do índice médio de biofilme dentário nos diversos tempos
Valores médios, desvio padrão, mediana e coeficiente de variação do índice de biofilme dentário obtido com a utilização da escova elétrica e a convencional nos diversos
Mediana Coefic.
Variação (%)
1,00 64,65
0,33 88,37
0,33 97,44
0,33 83,33
0,83 62,75
0,45 101,96
0,40 90,88
0,33 89,80
42º dia
,49
n = 39
61
Os Gráficos 9 e 10 são os box plot que descrevem o conjunto de dados por meio de
cinco medidas: os valores mínimo e máximo da amostra, a mediana, o primeiro
Quartil (Q1) e terceiro Quartil (Q3). Além disso, através do box plot ainda é possível
identificar a presença de outliers nos índices de biofilme dentário entre os usuários
da escova elétrica e convencional respectivamente.
Outliers são observações que normalmente estão distantes da maior parte dos
dados, podendo afetar os valores da média e do desvio padrão. Devido a isso, o box
plot é baseado em medidas (mínimo, máximo, quartis e mediana) que são
resistentes à presença de alguns outliers. Observa-se que existem duas
observações extremas no 28º dia e uma no 42º dia durante o uso da escova elétrica
(Gráfico 9). Com a utilização da escova convencional, nota-se que são duas
observações no 14º dia, uma no 28º dia e outra no 42º dia (Gráfico 10). Os Gráficos
11 e 12 mostram os valores médios do índice de biofilme dentário com a utilização
das escovas elétrica e convencional nos diferentes períodos de tempos com um
intervalo de confiança de 95%.
Gráfico 9 – Box plot com valores mínimo e máximo, mediana, primeiro Quartil (Q1) e terceiro
Quartil (Q3) do índice de biofilme dentário durante o uso da escova elétrica, nos diferentes
períodos de tempo.
62
Gráfico 10 - Box plot com valores mínimo e máximo, mediana, primeiro Quartil (Q1) e terceiro Quartil (Q3) do índice de biofilme dentário durante o uso da escova convencional, nos diferentes períodos de tempo.
Gráfico 11 - Valores médios e intervalo de confiança (95%) do índice de biofilme dentário
com a utilização da escova elétrica nos diferentes períodos de tempo.
63
Gráfico 12 - Valores médios e intervalo de confiança (95%) do índice de biofilme dentário
com a utilização da escova convencional nos diferentes períodos de tempo.
A Tabela 5 mostra os valores médios, desvios padrões e percentagens de reduções
dos índices do biofilme dentário apresentados pelas escovas dentais. Observa-se
uma tendência de melhor desempenho da escova elétrica, porém sem significância
estatística.
Tabela 5 - Valores médios, desvios padrões e percentagem de redução do índice de
biofilme dentário obtido com a utilização das escovas dentais, elétrica e convencional
Tipos de Escovas
Inicial 14ª dia 28º dia 42º dia
Média DP
Média DP
% Média
DP %
Média DP
%
Elétrica 0,99
± 0,64 0,43
± 0,38 56,07
0,39 ± 0,38
60,17 0,42
± 0,35 57,08
Convencional 1,02
± 0,64 0,51
± 0,52 49,82
0,50 ± 0,45
50,99 0,49
± 0,44 52,19
Os resultados do teste de Mann-Whitney, Tabela 6, não foram significativos quando
compararam os índices de biofilme dentário entre os grupos das escovas estudadas.
64
Porém, quando as comparações foram realizadas pelo teste de Wilcoxon, Tabela 7,
dentro de cada grupo de escova, comparando a consulta inicial com as consultas do
14º, 28º e 42º dia, os resultados foram estatisticamente significantes (p-valor<0,05)
para os dois tipos de escovas dentais testadas.
Tabela 6 - Resultados do teste de Mann-Whitney. Comparação dos índices de biofilme
entre os grupos das escovas dentais, elétrica e convencional
Tipos de Escovas
Inicial 14ª dia 28º dia 42º dia
Elétrica 0,99 0,43 0,39 0,42
Convencional 1,02 0,51 0,50 0,49
p-valor 0,84 0,68 0,28 0,65
*p-valor < 0,05
Tabela 7 - Resultados do teste de Wilcoxon. Comparação dos índices de biofilme dentro
dos grupos das escovas dentais, elétrica e convencional
Tipos de Escovas
Comparações
Inicial x
14º dia
Inicial x
28º dia
Inicial x
42º dia
14º dia x
28º dia
14º dia x
42º dia
28º dia x
42º dia
Elétrica 0,00* 0,00* 0,00* 0,337 0,696 0,845
Convencional 0,00* 0,00* 0,00* 0,795 0,656 0,741
*p-valor < 0,05
Ao analisar a condição gengival por meio do sangramento gengival após delicada
sondagem, observa-se que houve uma grande redução do índice do dia inicial que
era de cerca de 60% para o dia final que estava na faixa de 16% para ambos os
grupos, conforme Tabela 8. Depreende-se também que a ordem em que as escovas
foram utilizadas não alterou significativamente o resultado final, na medida em que
ambos os grupos tiveram uma redução semelhante (em torno de 73%). A redução
do sangramento dentro dos grupos A e B do início até o final do estudo foi
estatisticamente significante pelo teste t de Student pareado, nível de significância
de 5%. Porém, não foram observadas diferenças quando foi comparado o índice de
sangramento entre os Grupos A e B no início e no final do período estudado.
65
Tabela 8 - Percentagem de redução do Sangramento Gengival por Grupo de Estudo. Teste
t de Student pareado para comparação das médias
Grupos Início Final p-valor (1) % redução de sangamento
Grupo A 62,82 16,41 0,000* 73,88
Grupo B 59,91 16,12 0,000* 73,09
p-valor(2) 0,743 0,859
* p-valor < 0,05
p-valor (1)- (test t) diferença entre os tempos inicial e final dentro de cada grupo p-valor (2)- (test t) diferença entre os Grupos A e B no início e no fim
A Tabela 9 informa a opinião dos idosos em relação às escovas dentais testadas.
Quando foram perguntados como avaliavam a escova convencional, 64,1%
disseram que ela era boa, embora alguns tenham dito que era muito macia. Quando
a pergunta foi em relação à escova elétrica, 64,1% dos participantes disseram que
elas eram ótimas, pois promoviam maior limpeza e eram de fácil uso, além de se
sentirem mais motivados em usá-las. Quando foi perguntado aos idosos se as
escovas dentais provocaram algum dano à boca, 84,6% afirmaram que não, e os
15,4% que responderam sim relataram que os ferimentos foram transitórios. Em
relação à aderência ao uso das escovas, esta foi de 92,3%. Quando os participantes
foram indagados sobre sua preferência pela escova dental, 69,2% afirmaram que
havia sido a escova elétrica, o que foi considerado estatisticamente significante pelo
teste Qui-Quadrado, tabela 10. Porém, 20,5% dos participantes se mostraram
indiferentes em relação às escovas dentais testadas.
66
Tabela 9 - Opinião dos idosos sobre as escovas utilizadas
Avaliação das escovas Grupo
A %
Grupo B
% Grupo A+B
% A+B
Como avalia a utilização da escova convencional?
Ótima 2 10,0 3 15,8 5 12,8
Boa 13 65,0 12 63,1 25 64,1
Ruim 3 15,0 1 5,3 4 10,3
Indiferente 2 10,0 3 15,8 5 12,8
Como avalia a utilização da escova elétrica?
Ótima 14 70,0 11 57,9 25 64,1
Boa 6 30,0 7 36,8 13 33,3
Ruim 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Indiferente 0 0,0 1 5,3 1 2,6
Alguma escova feriu sua boca?
Sim, a Convencional
2 10,0 2 10,5 4 10,3
Sim, a Elétrica
0 0,0 2 10,5 2 5,1
Não 18 90,0 15 79,0 33 84,6
Utilizou as escovas conforme solicitado?
Sim 19 95,0 17 89,5 36 92,3
Não 1 5,0 2 10,5 3 7,7
Qual escova agradou mais?
Convencional 3 15,0 1 5,3 4 10,3
Elétrica 16 80,0 11 57,9 27 69,2
Indiferente 1 5,0 7 36,8 8 20,5
Total 20 100,0% 19 100,0% 39 100,0%
Fonte: Dados coletados durante a pesquisa. Observação: O quantitativo total e o respectivo percentual referem-se a cada variável.
Tabela 10 – Preferência dos idosos quanto às escovas dentais; análise pelo teste
Qui-Quadrado
Preferência Quant. Percentual p-valor
Convencional 4 10,3%
0,000* Elétrica 27 69,2%
Indiferente 8 20,5%
Total 39 100,0%
*p-valor < 0,05
67
6 DISCUSSÃO A amostra estudada de 40 idosos independentes com idades variando de 60 a 77
anos, com predomínio de idosos jovens com idades entre 60 a 63 anos, apresentou
o seguinte perfil: eram oriundos de vários municípios da Grande Vitória, sendo a
maioria da capital, Vitória; a maioria dos idosos era do sexo feminino; 40% dos
participantes tinham entre 12 e 17 anos de estudos, o que representa terem
concluído o ensino médio e até mesmo o ensino superior; e a renda familiar de 50%
da amostra era maior que seis salários mínimos. A amostra foi composta
predominantemente por idosos funcionários e ex-funcionários da Universidade
Federal do Espírito Santo (UFES) e alunos da Universidade Aberta da Terceira
Idade UNATI/UFES, que apresentaram níveis educacionais e de renda maiores que
a média da região, quando comparados com os dados dos Indicadores Sociais
Municipais (IBGE, 2011), não representando, dessa forma, os idosos que vivem
nessa região. Porém esta amostra foi capaz de mostrar o perfil do novo idoso
brasileiro, que, como já havia observado Cormack (1995), está envelhecendo com
mais dentes e, segundo os dados aqui apresentados, com melhores níveis
educacionais e de renda.
Durante a entrevista, quando perguntados sobre os hábitos de higienização bucal,
todos os idosos disseram que usavam escovas dentais diariamente, uns escovavam
uma vez e outros duas ou mais vezes ao dia. Embora seja conhecido que escovar
os dentes diariamente é essencial para a manutenção da saúde gengival, pode-se
observar que muitos idosos falharam em manter uma boa saúde gengival, pois cerca
de 60% dos sítios gengivais sondados em ambos os grupos apresentaram
sangramento na consulta inicial. Alguns participantes disseram que só começaram
a usar escovas dentais na adolescência, o que nos leva a pensar que até essa idade
não haviam recebido nenhuma orientação sobre os cuidados bucais. Conforme
menciona Löe (2000), as escovas dentais só se tornaram comuns após 1930, com o
advento das cerdas de nylon e os cabos feitos de plástico, que as tornaram mais
confortáveis. Penick (2004) relatou que os norte-americanos só adquiriram o hábito
de usar escovas dentais após o retorno dos soldados que lutaram na Segunda
Guerra para suas casas. Se analisarmos que alguns idosos participantes da
pesquisa nasceram nas décadas anteriores a de 50, podemos inferir que o uso da
68
escova dental também não era totalmente difundido no Brasil. Como afirmou Pucca
Júnior (2007), a saúde bucal do idoso é o resultado de todos os agravos a que foi
submetido o corpo, e pudemos constatar que uns tiveram acesso à escova dental
ainda na infância e outros não, o que refletiu na inserção social a que aquela
criança, hoje idoso, pertencia.
Quanto à utilização da escova dental elétrica, apenas quatro participantes disseram
que no passado já haviam feito uso dela, mas na ocasião da entrevista nenhum a
estava usando, o que nos leva a supor que a escova dental elétrica ainda não é
muito difundida entre os idosos independentes brasileiros, nem mesmo entre
aqueles que apresentam níveis de renda e educacional maiores que a média
nacional.
Os dados aqui apresentados em relação às variações dos índices de biofilme
dentário e condições gengivais foram comparados com trabalhos semelhantes em
jovens e adultos saudáveis e com doença periodontal, devido ao pequeno número
de trabalho realizado exclusivamente em idosos independentes dentados.
No presente estudo, que foi realizado com idosos independentes, observou-se
resultados semelhantes quanto à remoção do biofilme dentário pelas duas escovas,
embora a escova elétrica tenha apresentado melhor aceitação pelos idosos, que
disseram que ela era de mais fácil uso e eles se sentiam mais motivados em usá-la.
Pudemos constatar o que já havia sido observado por Ciancio (2002) quando
mencionou que nem toda escova dental elétrica é melhor que a escova dental
convencional. Por outro lado Rosema et al. (2008) trabalhando com adultos jovens
que receberam instruções verbais de higiene bucal por quatro vezes além de
informação escrita, e que usaram escova dental que apresentava movimento de
rotação, oscilação e pulsação e escova convencional, observaram melhores
resultados com a escova elétrica nos dois itens analisados, redução do biofilme
dentário e sangramento gengival. Isso diferencia dos resultados encontrados no
presente trabalho quando foram analisados os mesmos itens em idosos
independentes que receberam exclusivamente instruções verbais uma única vez, e
que utilizaram escova elétrica que apresentava movimento sônico e escova
convencional.
69
Ao avaliar o índice CPO-d dos idosos, foi observado que este era menor do que o
encontrado no levantamento do SB-Brasil 2010, que foi de 27,8, e em outros
trabalhos (ROSA et al., 1992; SILVA e VALSECKI JÚNIOR, 2000; SILVA e
CASTELLANOS FERNANDES, 2001), que mostraram o índice CPO-d variando de
26 a 31 com predominância do componente perdido. Além do índice CPO-d ser mais
baixo, apresentava melhores condições, com mais dentes presentes e restaurados,
pois um dos critérios de inclusão para este trabalho era ter no mínimo dez dentes
presentes. Também pode ser observado que aqueles idosos que haviam perdido
alguns dentes, estavam com as funções bucais reabilitadas, pois usavam implantes,
próteses fixas e removíveis. Mais da metade dos idosos apresentavam os dentes
livres de cárie, e entre aqueles que as tinham apenas dois participantes tinham mais
de quatro dentes cariados. Apenas dois idosos haviam perdido mais de 19 dentes.
Os dados do CPO-d encontrados no presente trabalho são melhores em todos os
aspectos quando comparados com os autores acima mencionados e também com o
levantamento nacional realizado no SB-Brasil 2010.
O presente estudo teve desenho aleatório cruzado com pesquisador cego em
relação à escova dental utilizada pelos idosos, e como mencionaram Heasman e
McCracken (1999), um estudo com desenho cruzado é mais aplicado em pesquisa
de curta duração, nas quais os participantes atuam como seus próprios controles.
Neste tipo de estudo, a destreza manual, habilidade e motivação são inerentemente
controladas, e importantes diferenças interindividuais que são impossíveis de
controlar são eliminadas. Porém, persiste o problema de transportar os efeitos entre
as etapas da pesquisa, que pode ser reduzido pela introdução de um curto período
de afastamento, washout period. No estudo apresentado, em que cada idoso usou
um tipo de escova na primeira etapa da pesquisa e outro tipo na segunda etapa, foi
dado um intervalo de 28 dias entre as etapas, com o objetivo de evitar o efeito de
memória e aprendizado e também o efeito residual da primeira escova dental em
relação à segunda escova dental.
Ao iniciar a segunda etapa da pesquisa, os pacientes foram submetidos a uma nova
profilaxia dental, porém não receberam novas orientações sobre a utilização das
escovas dentais. Com relação à interferência ou não da reorientação, Roscher et al.
(2004) notaram que, ao receberem uma segunda orientação sobre a utilização das
70
escovas dentais, os indivíduos obtiveram maior redução do biofilme dentário.
Portanto, a reinstrução foi detectada como um fator importante ou até mesmo um
viés, porque na verdade a pesquisa é para avaliar o desempenho das escovas
dentais e não a influência da reinstrução. Enfatizando a importância das orientações
e motivações constantes, Goyal et al. (2011) realizaram um estudo clínico
randomizado cruzado em indivíduos deficientes mentais com duração de seis
meses, período em que observaram que as escovas dentais convencionais podem
ser comparadas com o uso de escovas dentais elétricas, desde que reforçadas com
instruções audiovisuais.
Os resultados do presente trabalho realizado em idosos comparando uma escova
dental convencional com uma elétrica (360º Sonic Power, que faz 20.000
movimentos de vibração por minuto) no que diz respeito à redução do índice de
biofilme dentário coincidem com os de Nobre (2009), que, em um estudo com
idosos, comparou uma escova dental convencional com uma elétrica (Oral B Cross
Action Power, que realiza movimento de rotação oscilação) e verificou que as
escovas dentais elétricas removiam mais o biofilme dentário que as escovas dentais
convencionais, porém sem diferença estatisticamente significante. Coincidem
também, em parte, com os trabalhos de Aruna, Rosaiah e Muktishree (2011), que
conduziram um estudo para comparar a eficácia de escovas dentais, a convencional
Regular Advantage Plus e a elétrica Braun 2D. Encontraram que todos os
participantes tiveram redução no índice de biofilme dentário e melhora na saúde
gengival independente de terem usado escova dental elétrica ou convencional. Vale
ressaltar a observação dos autores de que os participantes que usaram escovas
dentais elétricas demonstraram melhoras clínica e estatística nos índices de biofilme
dentário e na saúde gengival. No presente estudo foi observada uma redução
estatisticamente significante do índice de sangramento gengival após delicada
sondagem para as duas escovas testadas quando foi comparado o dia inicial com o
dia final. Pode-se inferir que havia no final do estudo um maior número de sítios
gengivais saudáveis, isto é não sangrante.
Com relação à eficácia das escovas convencionais e elétricas, vários trabalhos
foram realizados e encontraram resultados semelhantes entre as escovas, com
exceção das escovas elétricas com movimento de rotação oscilação, utilizadas no
estudo realizado por Warren et al. ( 2001) e Williams et al. (2009). Este achado foi
71
corroborado por Robinson et al. (2009) em uma revisão sistemática que selecionou
42 trabalhos comparando escovas convencionais e elétricas. Outra situação a ser
considerada é se a escova elétrica funciona com baterias comuns ou se são
recarregáveis. Conforti et al. (2001) e Terézhalmy, Bartizek e Biesbrock (2005)
encontraram resultados melhores com as recarregáveis.
Quando os idosos foram indagados se alguma escova dental havia ferido a boca,
poucos responderam afirmativamente, e quando isso ocorreu foi de maneira
transitória, conforme Heanue et al. (2003) e Robinson et al. (2009) já haviam
observado que os efeitos secundários relatados com o uso das escovas dentais
eram localizados e temporários.
Com relação à preferência dos idosos pela escova elétrica ou convencional, em
ambos os grupos a escova elétrica teve uma maior aceitação, o que foi
estatisticamente significante. Porém chama atenção o índice de indiferença para
com os tipos de escovas dentais estudados, e como mencionou Versteeg et al.
(2005), a vantagem em termos de remoção do biofilme dentário associada com o
uso da escova elétrica é dependente de boa aderência e uso contínuo por parte do
usuário. Qualquer insatisfação é suscetível de conduzir à suspensão e perda de
vantagens potenciais. Quando se trabalha com idosos que trazem consigo uma
gama de experiências prévias, é importante que o profissional dê as orientações em
relação aos melhores e mais indicados meios para o paciente conseguir manter os
dentes e as gengivas mais saudáveis, avaliando a habilidade de cada um e
insistindo para que usem o que for melhor para cada pessoa, mas é fundamental
saber respeitar a opinião do outro, pois caso contrário o trabalho não alcançará
êxito.
Conforme já mencionado, os níveis sociais e educacionais da amostra estudada
eram maiores do que a média nacional e apresentavam melhores condições dentais
que os observados em outros estudos, mas mesmo em situações como esta deve-
se promover a saúde bucal, pois irá aumentar a qualidade de vida do indivíduo,
conferindo-lhe uma sensação de bem-estar físico, psíquico e social, melhorando
dessa forma, sua autoestima. Para tanto, o profissional da odontologia nunca deve
se cansar de repetir as orientações sobre a higiene bucal, já que esta representa a
base para uma boa saúde bucal e quiçá geral, mesmo quando o ouvinte for um
72
idoso independente, com bom nível educacional.
73
CONCLUSÕES
Considerando as condições em que o estudo foi realizado e os resultados obtidos é
possível concluir que:
Ambas as escovas dentais foram eficazes em remover o biofilme dentário
no 14º, 28º e 42º dias em comparação com o dia inicial.
Não houve diferença estatística em relação à redução do biofilme dentário
quando os testes foram realizados entre o grupo da escova elétrica e o da
convencional.
Ocorreu uma redução estatisticamente significante no índice de
sangramento gengival independente da ordem em que a escova elétrica
ou convencional foi utilizada.
A condição de saúde bucal da amostra foi melhor do que aquela mostrada
no levantamento nacional, pois apresentou idosos com mais dentes
presentes e maior número de dentes restaurados.
O perfil socioeconômico da amostra foi diferente dos dados do IBGE, com
os idosos auferindo maiores ganhos salariais e melhores condições
educacionais.
A escova elétrica apresentou uma maior aceitação, a qual foi
estatisticamente significante em relação à escova convencional.
Sugere-se mais trabalhos exclusivamente com idosos, visando melhor
avaliar o desempenho das escovas dentais em idosos independentes.
Observa-se a necessidade de que nos próximos estudos ocorra a inclusão
de um grupo que receba reorientações sobre os cuidados com a saúde
bucal e sobre a utilização das escovas dentais, para comprovar a
suposição de que as reorientações são mais importantes do que o tipo de
instrumento utilizado para a limpeza.
74
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79
APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTOS
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLÍNICA ODONTOLÓGICA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1- TÍTULO DA PESQUISA: Eficácia das escovas dentais, convencional e elétrica, em
remover placa bacteriana dental: avaliação em idosos independentes.
2- PESQUISADORES: Gildete Costa Drumond Bento e Profª. Dra. Ana Maria Martins
Gomes, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.
3- JUSTIFICATIVA- O envelhecimento da população brasileira tem apresentado um
ritmo muito acelerado. No entanto, esse envelhecimento frequentemente é
acompanhado de déficits motores e de cognição, o que reduz a condição de
realização de uma adequada higiene da boca. Diante dessa situação, o intuito deste
estudo é analisar a eficácia da utilização de escovas dentais, convencional e
elétrica, e como elas podem ajudar a melhorar a higiene bucal em idosos
independentes, prevenindo futuros problemas bucais e gerais.
4- OBJETIVOS: Avaliar a eficácia das escovas dentais, convencional e elétrica, na
remoção da placa bacteriana dental em idosos independentes.
5- PROCEDIMENTO: Durante a pesquisa os idosos responderão a um questionário
com perguntas sobre a vida social e econômica e serão submetidos a um exame
clínico da cavidade bucal com avaliação do índice de placa bacteriana dental.
Receberão orientação sobre higiene bucal e sobre técnica de escovação com
escova convencional e elétrica.
6- DESCONFORTO E/OU RISCOS ESPERADOS: Não há riscos em sua participação
neste estudo.
7- BENEFÍCIOS: A higiene da boca é importante para se manter uma boa condição de
saúde bucal, a qual também pode ter repercussão na saúde geral. Com o
envelhecimento, a possibilidade de aparecerem alterações sistêmicas é maior,
sendo que algumas podem interferir na coordenação motora, o que pode dificultar a
higiene da boca. Para isso, neste estudo, pesquisar a eficiência de um dispositivo
80
elétrico para realizar a higiene bucal dos idosos é algo muito válido, podendo ser
uma perspectiva de melhor qualidade de vida.
8- INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Os participantes têm a garantia de que qualquer
dúvida relacionada à pesquisa será prontamente esclarecida pelas pesquisadoras
Profª Dra Ana Maria Martins Gomes tele: 99717372 e Dra. Gildete Costa Drumond
Bento no Serviço Odontológico da Secretaria de Assuntos Comunitários (SAC) da
UFES ou pelos telefones: 9979 14 74 e 3235 21 53.
9- RETIRADA DO CONSENTIMENTO: Concordo em participar voluntariamente deste
estudo e, se for de meu desejo, poderei deixar de participar em qualquer momento,
sem penalidades, perdas ou prejuízos para minha pessoa ou de qualquer
equipamento ou benefício que possa ter adquirido.
10- CONSENTIMENTO:
Eu, ____________________________________________, voluntário desta
pesquisa certifico que, conhecendo as informações sobre a pesquisa, estou de
acordo e autorizo minha participação, bem como a utilização destes dados em
publicações científicas da área de odontologia.
ASSINATURA:___________________________________________________
RG:___________________
ASSINATURA DA PESQUISADORA:_________________________________
RG DA PESQUISADORA:_____________
ENDEREÇO E TELEFONE CEP UFES
Comitê de Ética em Pesquisa – CEP: Telefone - 3335-7211
81
APÊNDICE B - CONVITE AOS IDOSOS
Você está sendo convidado para participar da pesquisa intitulada:
“Eficácia das escovas dentais, convencional e elétrica, na remoção da
placa dental bacteriana: avaliação em idosos independentes”, que será
realizada pelas dentistas Dra Gildete Costa Drumond Bento e Profª Dra
Ana Maria Martins Gomes.
Para poder participar é necessário:
1- Ter 10 ou mais dentes presentes na boca
2- Não ter usado antibiótico nos últimos 30 dias
3- Não usar enxaguantes bucais
4- Ter 60 anos ou mais e ser independente
5- Não estar realizando tratamento dentário atualmente
6- Ter disponibilidade de tempo para comparecer, de 14 em 14 dias
para consulta, num total de 8 consultas.
Observação: Sua participação na pesquisa não lhe custará nada (as
escovas dentais serão fornecidas pela pesquisadora, e também o creme
dental), e será de extrema importância para o desenvolvimento dos
estudos neste assunto.
Caso deseje participar, entre em contato pelo telefone:
3235-2153 – [email protected] – Dra. Gildete
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APÊNDICE C – FICHA CLÍNICA
ODONTOGRAMA PARA AVALIAR O
P - ÍNDICE CPO-d:
Q - CARIADO
R - PERDIDO
S - OBTURADO
T - TEM IMPLANTE DENTAL? A) SIM B) NÃO
U- TEM QUANTOS IMPLANTES?
V-CONDIÇÃO GENGIVAL, SANGRAMENTO APÓS SONDAGEM
PRIMEIRA ESCOVA
W - ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO(inicial)
MD Anterior
V L V V
S
I
X- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO14 dias)
17/16 11 26/27
47/46 31 36/37
ODONTOGRAMA PARA AVALIAR O CPO-d
DENTAL? A) SIM B) NÃO
TEM QUANTOS IMPLANTES?
INICIAL - PRIMEIRA ESCOVA:
PRIMEIRO DIA
CONDIÇÃO GENGIVAL, SANGRAMENTO APÓS SONDAGEM, PRIMEIRA CONSULTA DA
DE BIOFILME DENTÁRIO, PRIMEIRA CONSULTA DA PRIMEIRA ESCOVA
ME Total
V L V L
ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO, SEGUNDA CONSULTA DA PRIMEIRA ESCOVA
Legenda
83
PRIMEIRA CONSULTA DA
, PRIMEIRA CONSULTA DA PRIMEIRA ESCOVA,
, SEGUNDA CONSULTA DA PRIMEIRA ESCOVA (Após
84
MD Anterior ME Total
V L V V V L V L
S
I
Y- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO, TERCEIRA CONSULTA DA PRIMEIRA ESCOVA (Após 28 dias)
MD Anterior ME Total
V L V V V L V L
S
I
Z- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO, QUARTA CONSULTA DA PRIMEIRA ESCOVA (Após 42dias)
MD Anterior ME Total
V L V V V L V L
S
I
INICIAL - SEGUNDA ESCOVA:
PRIMEIRO DIA (após 70 dias)
AA- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO, PRIMEIRA CONSULTA DA SEGUNDA ESCOVA (após 70 dias)
MD Anterior ME Total
V L V V V L V L
S
I
BB- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO, SEGUNDA CONSULTA DA SEGUNDA ESCOVA (Após 84 dias)
MD Anterior ME Total
V L V V V L V L
S
I
CC- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO(Após 98 dias)
MD Anterior
V L V V
S
I
DD- ÍNDICE DE BIOFILME DENTÁRIO112 dias)
MD Anterior
V L V V
S
I
EE - CONDIÇÃO GENGIVAL
FF - USA PRÓTESE FIXA SUPERIOR? A) SIM
GG - USA PRÓTESE FIXA INFERIOR? A) SIM B) NÃO
HH - USA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL SUPERIOR? A) SIM B) NÃO
II - USA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL INFERIOR? A) SIM B) NÃO
JJ - USA PRÓTESE TOTAL SUPERIOR? A) SIM B) NÃO
KK - USA PRÓTESE TOTAL
17/16 11 26/27
47/46 31 36/37
BIOFILME DENTÁRIO, TERCEIRA CONSULTA DA SEGUNDA ESCOVA
ME Total
V L V L
BIOFILME DENTÁRIO, QUARTA CONSULTA DA SEGUNDA ESCOVA
ME Total
V L V L
CONDIÇÃO GENGIVAL – FINAL (Após 112dias)
USA PRÓTESE FIXA SUPERIOR? A) SIM B) NÃO
USA PRÓTESE FIXA INFERIOR? A) SIM B) NÃO
USA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL SUPERIOR? A) SIM B) NÃO
USA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL INFERIOR? A) SIM B) NÃO
USA PRÓTESE TOTAL SUPERIOR? A) SIM B) NÃO
TOTAL INFERIOR? A) SIM B) NÃO
Legenda
85
, TERCEIRA CONSULTA DA SEGUNDA ESCOVA
, QUARTA CONSULTA DA SEGUNDA ESCOVA (Após
USA PRÓTESE PARCIAL REMOVÍVEL SUPERIOR? A) SIM B) NÃO
86
ANEXO A – APROVAÇÃO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA
87
ANEXO B – CONVITE AOS FUNCIONÁRIOS DA UFES
Mensagem original
De: UFES < [email protected] >
Para: Funcionários da UFES
Assunto: Convite para participação em pesquisa
Enviada: 17/05/2012 12:00
Prezado(a) Senhor(a)
A pesquisadora e servidora cirurgiã-dentista da UFES, Gildete Costa Drumond
Bento, mestranda em Clínica Odontológica, sob a orientação da Profª Dra Ana Maria
Martins Gomes, vem convidá-los para participarem da pesquisa intitulada Eficácia
das escovas dentais, convencional e elétrica, em remover placa bacteriana dental:
avaliação em idosos independentes, aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro de Ciências da Saúde desta universidade em 31 de agosto de 2011.
Esclareço que as escovas serão disponibilizadas gratuitamente a cada participante.
A Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Assistência Estudantil (PROGEPAES),
conhecedora dos objetivos e relevância do tema, apoia a iniciativa e informa que a
pesquisa será realizada nas dependências do Centro Odontológico do
Departamento de Atenção à Saúde, antiga Secretaria de Assuntos Comunitários.
Maiores informações devem ser obtidas diretamente com a servidora/pesquisadora
responsável pelo projeto: 3235-2153 e email [email protected]
Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas e Assistência Estudantil
Universidade Federal do Espírito Santo