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GESTÃO DO FUTEBOL PROFISSIONAL NO RIO AVE F.C., FUTEBOL SDUQ LDA. - ESTÁGIO PROFISSIONALIZANTE Relatório de Estágio Profissionalizante apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva, referente ao curso do 2º ciclo (Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março, na versão da sua quarta alteração pelo Decreto-Lei n.º 63/2016, de 13 de setembro, que o republica). Supervisor Local: Dr. Miguel Ribeiro Orientadora: Prof.ª Doutora Maria José Carvalho João Pedro Santos Silva Porto, setembro de 2017

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GESTÃO DO FUTEBOL PROFISSIONAL NO RIO AVE

F.C., FUTEBOL SDUQ LDA. - ESTÁGIO

PROFISSIONALIZANTE

Relatório de Estágio Profissionalizante

apresentado à Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto, com vista à obtenção

do grau de Mestre em Gestão Desportiva,

referente ao curso do 2º ciclo (Decreto-Lei

n.º 74/2006, de 24 de março, na versão da

sua quarta alteração pelo Decreto-Lei n.º

63/2016, de 13 de setembro, que o

republica).

Supervisor Local: Dr. Miguel Ribeiro

Orientadora: Prof.ª Doutora Maria José Carvalho

João Pedro Santos Silva

Porto, setembro de 2017

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Ficha de Catalogação

Silva, J.P.S. (2017). Gestão do Futebol Profissional no Rio Ave F.C., Futebol

SDUQ Lda. Porto: Silva, J.P.S. Relatório de Estágio Profissionalizante para a

obtenção do grau de Mestre em Gestão Desportiva, apresentado à Faculdade

de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL PROFISSIONAL; SOCIEDADES

DESPORTIVAS; GESTÃO DO DESPORTO; COMPETIÇÕES

PROFISSIONAIS; AGENTES DESPORTIVOS.

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V

AGRADECIMENTOS

Primordialmente gostaria de referir que a ordem dos agradecimentos

que será colocada não é em nada relevante e não tem qualquer tipo de

significado. Todas as pessoas mencionadas tiveram um papel extremamente

importante na realização do trabalho.

À Professora Maria José Carvalho, pelos seus conselhos e orientação

pois sempre me disse aquilo que eu precisava de ouvir, sem rodeios. Pela sua

exigência que me obriga sempre a dar o melhor de mim.

A todos os outros professores que durante este longo percurso me

transmitiram os conhecimentos e me ajudaram a evoluir para a pessoa que

hoje sou.

À Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, que me

proporcionou todas as condições necessárias para a conclusão dos meus

estudos.

Ao Rio Ave Futebol Clube - Futebol SDUQ, Lda. na pessoa do Dr.

Miguel Ribeiro que me deu a oportunidade única de realizar o estágio

profissionalizante na sua estrutura.

Ao Gualter Pires, que me recebeu de uma forma extraordinária e me

transmitiu conhecimento, pela confiança e amizade demonstrada.

A todo o plantel profissional, equipa técnica e staff do Rio Ave da época

2016/17 que desde cedo me receberam como um deles.

Ao Professor Rui Pacheco por todas as experiências transmitidas e por

todas as conversas que tivemos. Também pela paciência e compreensão nos

momentos mais difíceis ao longo do estágio.

Aos meus colegas de faculdade que me acompanharam desde o inicio e

com os quais partilhei muitas experiências.

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Aos meus amigos que estão sempre presentes e desde o inicio do

percurso me demonstraram o apoio e sempre acreditaram no meu valor.

Também por todos os momentos de partilha, descontração e amizade que

passei com eles.

À minha Mãe que apesar de não ser de muitas palavras sei que sempre

confiou em mim e sempre me ajudou quando mais precisei.

Ao meu Pai pelo acompanhamento constante e pela procura incessante

em saber todos os dias qual o ponto de situação do trabalho. Este fator

obrigava-me a acelerar o processo para não dizer o mesmo todos os dias.

À minha irmã e ao meu cunhado pela tranquilidade transmitida em

momentos de maior stress ao longo do último ano.

À minha restante família que sempre me apoiou e sei que estou sempre

presente nos seus pensamentos.

À família da minha namorada que sempre se preocupou e me ajudou

naquilo que necessitei.

À minha namorada pois sem ela nada era igual. Sem todo o seu amor,

confiança, amizade, paciência, compreensão e partilha nada disto seria

possível.

A todos que de uma maneira ou de outra contribuíram para a

concretização deste sonho e que não foram mencionados.

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Índice Índice de Imagens ............................................................................................. XI

Índice de Quadros ........................................................................................... XIII

Índice de Gráficos…………………………………………………………………...XIII

Índice de Anexos ............................................................................................. XV

Resumo ......................................................................................................... XVII

Abstract .......................................................................................................... XIX

Abreviaturas ................................................................................................... XXI

Introdução ......................................................................................................... 1

1. Enquadramento Biográfico ....................................................................... 5

1.1. Pequeno Resumo Biográfico .................................................................... 5

1.2. Expectativas Iniciais ................................................................................. 8

1.3. Plano de Estágio .................................................................................... 11

Capítulo 1 - Caracterização da Entidade ...................................................... 15

1.1. O Clube de Vila do Conde ...................................................................... 15

1.1.1. História do Clube ................................................................................. 15

1.1.2. Palmarés ............................................................................................. 19

1.1.3. Instalações .......................................................................................... 21

1.2. O Rio Ave Enquanto Sociedade Desportiva ........................................... 25

1.2.1. Departamento Comunicação ............................................................... 27

1.2.2. Departamento de Marketing ................................................................ 28

1.2.3. Departamento de Contabilidade .......................................................... 29

1.2.4. Departamento de Bilhética e Organização de Jogos .......................... 29

1.2.5. Departamento de Instalações ............................................................. 30

1.2.6. Departamento Médico ......................................................................... 31

1.2.7. Rouparia .............................................................................................. 31

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1.2.8. RAR - Rio Ave Rendimento ................................................................. 32

1.2.9. RAS - Rio Ave Social .......................................................................... 32

1.2.10. Patrocinadores .................................................................................... 33

1.3. Futebol de Formação .......................................................................... 35

1.4. Propriedades da SDUQ ....................................................................... 35

Capítulo 2 - Enquadramento Teórico ............................................................ 37

2.1. Desporto Profissional ............................................................................. 37

2.1.1. Quando? Onde? Como? Porquê? ....................................................... 37

2.1.2 As Primeiras Organizações Desportivas ............................................. 41

2.1.3 A FIFA ................................................................................................. 42

2.2. Futebol em Portugal ............................................................................... 43

2.3. Organização do Futebol Profissional ...................................................... 45

2.3.1. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional ......................................... 45

2.3.2. Competições Profissionais de Futebol ................................................ 48

2.3.3. Agentes Desportivos - Jogadores, dirigentes, empresários ................ 54

2.3.4. Clubes Desportivos e Sociedades Desportivas ................................... 62

2.3.5. SAD´s e SDUQ’s ................................................................................. 66

Capítulo 3 - Realização da prática profissional ........................................... 69

3.1. Descrição das Atividades ....................................................................... 69

3.1.1. Familiarização com a SDUQ ............................................................... 69

3.1.2. Gestão das Competições Profissionais ............................................... 76

3.1.2.1. O Pré-Evento ..................................................................................... 76

3.1.2.2. O Evento ........................................................................................... 85

3.1.2.3. O Pós-Evento .................................................................................... 87

3.1.3. Assessoria e gestão técnica aos jogadores ........................................ 91

3.1.3.1. Acompanhamento de Jogadores e Deslocações…………………….92

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IX

3.1.3.2. SEF - Serviços de Estrangeiros e Fronteiras………………………….93

3.1.3.3. Planeamento de Viagens………………………………………………...96

3.1.3.4. IRS atletas ......................................................................................... 98

3.1.4. Gestão do Departamento de Futebol Profissional ............................... 99

3.1.4.1. Contabilidade - Requisições e Stock ................................................. 99

3.1.4.2. Atualização de Bases de Dados ...................................................... 103

3.1.4.3. Estágios de Treinadores de Futebol ................................................ 104

3.1.4.4. Aniversário do Clube ....................................................................... 105

3.1.4.5. Rio Ave Social - RAS ...................................................................... 106

3.1.5. Experiência como Team Manager .................................................... 108

Capítulo 4 - Reflexão crítica e competências adquiridas.......................... 115

Conclusão ..................................................................................................... 125

Síntese Publicável ........................................................................................ 129

Referências Bibliográficas .......................................................................... 135

Anexos ......................................................................................................... XXV

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XI

Índice de Imagens

Figura 1 - Média de Espectadores por Jogo da Liga. Fonte: O Jogo ............... 18

Figura 2 - Equipa Inicial do RAF.C. na Final da Taça Portugal 2014. Fonte:

zerozero.pt ....................................................................................................... 19

Figura 3 - Estádio da Avenida. Fonte: rioaveF.C..pt ......................................... 21

Figura 4 - Inauguração do Estádio dos Arcos. Fonte: rioaveF.C..pt ................. 21

Figura 5 - Localização Estádio. Fonte: Google Maps ....................................... 22

Figura 6 - Bancada Principal, Estádio dos Arcos. Fonte: geodruid.com ........... 22

Figura 7 - Campos de Treino. Fonte: Google Maps ......................................... 23

Figura 8 - Projeto para Novas Instalações. Fonte: O Jogo ............................... 24

Figura 9 - Bilhetes e Credencial para Jogos Oficiais ........................................ 30

Figura 10 - Patrocinadores do RAFC. Fonte: rioavefc.pt .................................. 33

Figura 11- Anúncio da contratação de Bruno Teles no site do clube ............... 74

Figura 12 - Checklist de Necessidades para o Jogo ........................................ 77

Figura 13 - Exemplo de horário para um estágio ............................................ 78

Figura 14 - Croqui de Equipamentos para Jogo ............................................... 79

Figura 15 - Nomeações de Arbitragem para Jogo ............................................ 79

Figura 16 - Folha de Rosto do Dossier ............................................................. 80

Figura 17 - Mapa de Castigos do Plantel ......................................................... 80

Figura 18 - Convocatória Base para Jogos ...................................................... 81

Figura 19 - Exemplo de Plano Semanal de Treinos ......................................... 82

Figura 20 - Exemplos de Modelos Enviados para e Liga e Clube Adversário .. 84

Figura 21 - Exemplos de Vídeos Filmados por mim e enviados para o banco . 87

Figura 22 - Base de Dados de Golos Marcados e Sofridos ............................. 88

Figura 23 - Resumo Estatístico da Base de Dados .......................................... 89

Figura 24 - Documento Comprovativo de Agendamento no SEF ..................... 94

Figura 25 - Formulário disponibilizado pelo SEF .............................................. 95

Figura 26 - Quadro informativo relativamente ao estágio dos atletas nas

seleções ........................................................................................................... 98

Figura 27 - Software utilizado para preenchimento do IRS .............................. 99

Figura 28 - Exemplo de Requisição ............................................................... 100

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XII

Figura 29 - Tabela com as despesas do Departamento de Futebol Profissional

e Gráfico Estatístico ....................................................................................... 101

Figura 30 - Quadro Resumo do Stock Existente ............................................ 101

Figura 31 - Quadro para dar Entrada de Produtos ......................................... 102

Figura 32 - Quadro para Registo de Saída dos Produtos .............................. 102

Figura 33 - Cartaz do 78º Aniversário do Clube ............................................. 105

Figura 34 - Menino com paralisia junto do plantel. Fonte: rioaveF.C..pt ........ 107

Figura 35 - Apresentação do staff, equipa técnica e plantel. Fonte: rioave.pt 111

Figura 36 - Calendário Anual de Atividades ................................................... 113

Figura 37 - Dr. Miguel Ribeiro ........................................................................ 129

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Índice de Quadros

Quadro 1 - Plano de Estágio ……...…………………………………………….….12

Quadro 2 - Plano de Elaboração do Relatório ………...…………………….…...13

Índice de Gráficos

Gráfico 1 - Sequência de Resultados e Golos por

Jornada……………………………....…………………………………………….….90

Gráfico 2 - Total de Golos Marcados e Sofridos ………………...………….…...91

Gráfico 3 - Percentagem de Vitórias, Empates e Derrotas……………………...91

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XV

Índice de Anexos

Anexo 1 - Dossier de Jogo………………………………………………..…….XXVII

Anexo 2 - Programa de Jogo…………………………………………………….XXXI

Anexo 3 - Croqui de Equipamentos……………………………………………XXXV

Anexo 4 - Nomeações Arbitragem…………………………………………….XXXIX

Anexo 5 - Mapa de Castigos………………………………………………...…...XLIII

Anexo 6 - Convocatória Base…………………………………………………...XLVII

Anexo 7 - Programa Semanal de Treinos………………………………………….LI

Anexo 8- Mapa Trimestral ADOP…………………………………………………..LV

Anexo 9 - Modelo P da LPFP……………………………………………………...LIX

Anexo 10 - Modelo L da LPFP……………………………………………….......LXIII

Anexo 11 - Modelo O da LPFP……………………………………………..……LXIX

Anexo 12 - Questionário PSP……………………………………………….….LXXIII

Anexo 13 - Golos Marcados……………………………………………….…..LXXVII

Anexo 14 - Disciplina…………………………………………………………....LXXXI

Anexo 15 - Tempos de Jogo…………………………………………………..LXXXV

Anexo 16 - Estatística de Jogo…………………………………….…………LXXXIX

Anexo 17 - Gráficos…………………………………………………………….…XCIII

Anexo 18 - Requisições…………………………………………………………XCVII

Anexo 19 - Despesas………………………………………………………………..CI

Anexo 20 - Controlo de Stock……………………………………………………...CV

Anexo 21 - SEF - Agendamento…………………………………………………..CXI

Anexo 22 - SEF - Formulário……………………………………………………..CXV

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Anexo 23 - Planeamento de Viagens…………………………………………..CXIX

Anexo 24 - Cartaz de Aniversário do Clube………………………………….CXXIII

Anexo 25 - Planeamento de Exames………………………………………...CXXVII

Anexo 26 - Calendário Anual de Atividades………………………………….CXXXI

Anexo 27 - Entrevista Completa ao Dr. Miguel Ribeiro……………………CXXXV

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XVII

Resumo

O presente Relatório de Estágio é o resultado do estágio

profissionalizante realizado no âmbito do 2º ano, do 2º ciclo de estudos em

Gestão Desportiva da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e que

decorreu na entidade Rio Ave Futebol Clube - Futebol SDUQ, Lda. entre

janeiro e julho de 2017.

Durante o período referido o estágio em causa permitiu-nos vivenciar a

gestão de tudo relacionado com a participação em duas competições

reconhecidas como profissionais, sendo a principal o campeonato nacional da

1ª divisão - Liga NOS - e ainda a taça da liga - denominada de Taça CTT.

A oportunidade foi fruto dos contactos institucionais entre a Direção do

2º ciclo em Gestão Desportiva da FADEUP e a SDUQ em causa,

designadamente entre a Prof.ª Doutora Maria José Carvalho e o Dr. Miguel

Ribeiro - diretor geral do Rio Ave. A partir do momento em que se tornou

possível a efetividade do estágio dependeu de mim agarrar a oportunidade,

trabalhar muito e mostrar o meu valor.

Ao longo do percurso que fui enfrentando no estágio, consegui adquirir

vários conhecimentos e competências, que me possibilitam estar mais

preparado a enfrentar o mercado de trabalho. Desde logo permitiu-me perceber

a organização e funcionamento da estrutura de uma sociedade desportiva com

a dimensão do Rio Ave e diferenciados aspetos relacionados com a Gestão do

Desporto, fundamental para o sucesso no futebol profissional.

Após o término do estágio e da elaboração deste relatório, fiquei ainda

mais convicto da importância que cada vez mais é atribuída à Gestão do

Desporto para o bom funcionamento de estruturas desportivas profissionais.

PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL PROFISSIONAL; SOCIEDADES

DESPORTIVAS; GESTÃO DO DESPORTO; COMPETIÇÕES

PROFISSIONAIS; AGENTES DESPORTIVOS.

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Abstract

This Internship Report is the result of the internship held during the 2nd

year of the 2nd cycle of studies in Sports Management of the University of

Porto's Sports Faculty, which took place at the Rio Ave Futebol Clube - Futebol

SDUQ, Lda. and July 2017.

During the mentioned period, it was in accordance with the participation

in two competitions recognized as professionals, being the main the national

champion of the 1st division - League NOS - and the league cup - denominated

Cup CTT.

The opportunity was the result of institutional contacts between the

Management of the 2nd cycle in Sports Management of FADEUP and the

SDUQ in question, namely between Prof. Maria José Carvalho and Dr. Miguel

Ribeiro - general director of Rio Ave. From the when it became possible the

effectiveness of the internship depended on me seizing the opportunity, working

hard and showing my worth.

Over the time that I went through the internship I was able to acquire

several knowledge and skills that allow me to be more prepared to face the

labor market. From the outset it allowed me to perceive the organization and

functioning of a structure of a sports society with the size of Rio Ave.

After the end of the internship and the preparation of this same report, it

was possible to see the importance that is increasingly attributed to Sports

Management for the proper functioning of professional structures in the world of

football.

KEYWORDS: PROFESSIONAL FOOTBALL; SPORTS SOCIETY; SPORTS

MANAGEMENT; PROFESSIOANL COMPETITIONS; SPORT’S AGENTS

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XXI

Abreviaturas

€ Euros

a.C. Antes de Cristo

ADOP Autoridade Antidopagem de Portugal

AFP Associação de Futebol do Porto

AJEFHG Associação Juvenil Escola de Futebol Hernâni Gonçalves

APEF Associação Portuguesa de Escolas de Futebol

AR Autorização de Residência

CMVC Câmara Municipal de Vila do Conde

COI Comité Olímpico Internacional

CTT Correios de Portugal, SA

d.C. Depois de Cristo

F.C. Futebol Clube

FA Football Association

FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

FIFA Fédération Internationale de Football Association

FPF Federação Portuguesa de Futebol

IEFP Instituto de Emprego e Formação Profissional

IRS Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares

JO Jogos Olímpicos

LBAFD Lei de Bases da Atividade Física e Desporto

LBSD Lei de Bases do Sistema Desportivo

Lda. Limitada

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XXII

LPFP Liga Portuguesa de Futebol Profissional

OLA Oficial de Ligação aos Adeptos

RAFC Rio Ave Futebol Clube

SAD Sociedade Anónima Desportiva

SDUQ Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas

SEF Serviço de Estrangeiros e Fronteiras

TAD Tribunal Arbitral do Desporto

TJUE Tribunal de Justiça da União Europeia

UEFA Union of European Football Associations

UPF União Portuguesa de Futebol

UPF União Portuguesa de Futebol

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1

Introdução

O Desporto, em termos gerais, tem vindo a registar uma evolução

constante e inúmeras adaptações acompanhando o desenvolvimento social da

generalidade dos países a nível mundial.

Fruto desta constante evolução surge cada vez mais a necessidade de o

Desporto, como qualquer outra atividade humana, ser gerido de acordo com

determinados critérios que na prática poderão ditar o sucesso da atividade

(Pires, 2007, p. 113).

Já dizia Drucker (cit. por Maciariello, 2010, p.25), que a gestão terá mais

a ver com uma prática do que com uma ciência ou profissão, e por isso que o

seu teste decisivo é o desempenho.

Revendo-me muito nas palavras de Drucker, começo desde logo por

justificar a partir deste pensamtento, a minha opção pela realização de um

estágio profissionalizante e não por dissertação ou projeto.

Para mim o conhecimento de nada vale se não se souber colocá-lo em

prática para a concretização de objetivos. Nesse sentido decidi que o melhor

para a minha formação, e para um concluir do 2º ano, do 2º ciclo de forma

completamente integral, seria que o fizesse através da realização do estágio

profissionalizante e da elaboração do respetivo relatório.

Desta forma consegui juntar a busca pelo conhecimento - através da

própria elaboração do relatório e com a revisão de literatura - com a

experiência - podendo colocar em prática todo o conhecimento que fui

adquirindo ao longo dos anos, mais particularmente na licenciatura e no

primeiro ano do mestrado.

O Desporto Profissional tem vindo a assumir, em Portugal, cada vez

mais um papel extremamente preponderante e dominador no panorama

desportivo do nosso país. Deste modo, é também necessário que haja pessoas

competentes que consigam gerir da melhor forma o Desporto Profissional.

Consequentemente, vai-se verificando um aumento de profissionais da Gestão

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2

do Desporto a dedicar-se à investigação e aplicação de estudos nas várias

vertentes.

A elaboração deste relatório foi feita com base no estágio

profissionalizante, realizado no âmbito do 2º ciclo, do 2º ano dos estudos em

Gestão Desportiva da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, e que

contou com a orientação da Profª Doutora Maria José Carvalho.

O relatório tem como objetivo a descrição profunda e detalhada das

atividades realizadas na instituição que me recebeu, sendo complementada

com alguma base teórica, indo assim de encontro ao que foi referido

anteriormente relativamente ao conhecimento/ experiência. Contudo, foi

igualmente fundamental, finalizada a caracterização detalhada das atividades,

preceder a uma reflexão crítica acerca de todo o processo de estágio, assim

como a conclusão do mesmo.

O estágio profissionalizante teve lugar na estrutura de futebol

profissional de uma sociedade desportiva, mais propriamente o Rio Ave

Futebol Clube - Futebol SDUQ, Lda., que na altura competia na principal

competição do futebol profissional em Portugal - a Liga NOS, correspondente à

1ª Divisão nacional. O estágio teve a supervisão local do Dr. Miguel Ribeiro

(Diretor Geral da sociedade).

O meu principal foco ao longo do estágio seria perceber o

funcionamento de uma estrutura de futebol profissional de uma forma absoluta.

Para isso, foi necessário primeiro de tudo perceber de que forma está

organizada uma estrutura desta dimensão (principalmente a nível dos recursos

humanos e departamentos existentes). Depois de estar enquadrado nessa

situação, estaria na altura de perceber o funcionamento de cada um dos seus

componentes, tentando averiguar desta forma em qual é que as minhas

capacidades poderiam ser mais úteis para a sociedade.

Foi necessário perceber também, quais as necessidades de um clube

para se ir mantendo ao longo dos anos ao nível do Rio Ave, compreendendo

também a sua história e o seu passado mais recente.

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Com essa finalidade, é feita uma pequena apresentação da entidade

que me recebeu para estagiar.

Estando o Rio Ave envolvido no futebol profissional há longos anos, foi

atravessando várias mudanças na legislação portuguesa relativamente às

competições profissionais. Este fator levou-me também a tentar perceber de

que forma a legislação portuguesa se foi alterando e adaptando à realidade do

Desporto, estudando assim os vários Decretos-Lei que foram sendo publicados

ao longo dos anos e tentando compreender de que forma é que os agentes

desportivos - sejam eles jogadores, treinadores ou dirigentes - e as

organizações desportivas foram sendo afetados com as alterações legislativas

a que foram sujeitos.

Posto isto, o relatório trata primeiro de fazer uma pequena introdução ao

e uma posterior caracterização da entidade onde é feita a separação entre o

clube e a SDUQ. Após a caracterização da entidade, trata de fazer um

enquadramento teórico que vai do geral para o particular, começando por se

referir à história do desporto em geral, passando para o futebol e finalmente

para o futebol profissional. Relativamente a este último, serão também

analisados todos os componentes que fazem parte da sua estrutura.

Será feita uma descrição exaustiva das atividades que por lá realizei,

naquela que se poderá considerar o elemento de maior relevância deste

Relatório de Estágio. Seguindo-se de uma reflexão crítica relacionada com

atividades e finalmente a sua conclusão.

Finalizamos com síntese publicável, como exigido para estes relatórios.

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1. Enquadramento Biográfico

1.1. Pequeno Resumo Biográfico

O desporto desde sempre esteve presente na minha vida. Inicialmente

de uma forma apenas lúdica, mas sempre evoluindo ocupando agora 90% do

meu dia-a-dia. Quando digo que o desporto está desde sempre presente na

minha vida não o faço em exagero, pois para comprovar tal facto, posso afirmar

que o meu primeiro presente logo à nascença foram umas pequenas chuteiras

(mais pequenas do que o tamanho da palma minha mão atualmente)

oferecidas por um tio meu, que dizia que ia ser “jogador da bola”.

Desde pequeno, quando passeava com os meus pais na rua, a minha

distração era uma rolha de garrafa que ia pontapeando ao longo do passeio.

Apesar disso, o meu primeiro desporto foi a natação, algo que hoje em dia

acho essencial e acredito que deveria fazer parte da educação base das

crianças. Mas isso são outras “batalhas”…

Apesar de andar na natação a minha grande paixão - motivado pelo meu

pai e também pelo que era transmitido na televisão - era o futebol, e sempre

que tinha oportunidade era isso que fazia, jogar futebol! No jardim, na garagem,

nos recreios da escola, apenas precisava de uma bola e estava entretido

durante horas. Mais tarde, tinha eu cerca de 7 anos, o meu pai inscreveu-me

num clube de futebol - Vilanovense Futebol Clube - onde iniciei a minha curta

carreira no futebol.

Na altura, não havia a quantidade de Escolas de Futebol que existem

atualmente e os próprios clubes também não apostavam muito nisso. Assim

sendo, o meu primeiro contacto com o futebol foi um bocado grosseiro pois fui

logo inserido numa equipa de competição, com meninos que já se conheciam

há algum tempo e, portanto, fui um pouco colocado de parte pelo grupo.

Por um lado, todos eles jogavam melhor do que eu pois já estariam

habituados a um método de treino que eu não estava, e por outro não me

conheciam de lado nenhum. Posto isto, com o passar do tempo desanimei um

pouco, e a minha vontade de ir aos treinos diminuiu gradualmente até que

acabei por desistir.

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Visto que, na visão dos meus pais, era essencial que eu tivesse alguma

ocupação para os tempos livres, acabei pouco tempo depois por ingressar num

outro desporto - o hipismo. Os animais sempre foram uma paixão minha e

acabei por juntar o útil ao agradável. Era um desporto onde me sentia

extremamente realizado e sem querer ser presunçoso, até era bastante bom.

Cheguei, inclusive, a ganhar alguns torneios de saltos e fui também convidado

para fazer parte de uma equipa de horse-ball (espécie de basquetebol a

cavalo).

No entanto, no 4º ano de escolaridade, devido à mudança de professora

acabei por mudar de escola onde conheci novos amigos. Um deles, que era

dos mais próximos de mim, tinha o pai que era treinador de hóquei em patins

num pavilhão perto da escola. Motivado pela amizade decidi ir experimentar e

acabei por ficar.

Durante esse ano fui conciliando estes dois desportos - o hóquei/

patinagem ao sábado de manhã e o hipismo durante a semana. No final desse

ano, o hóquei em patins começou a ficar mais sério e iria passar para uma

equipa de competição, onde a carga de treinos semanal iria aumentar, sendo

por isso obrigado a optar por um dos desportos.

Acabei por optar pelo hóquei em patins, novamente motivado pelas

amizades que fui fazendo na modalidade. A paixão foi crescendo

sucessivamente e o que começou por ser um hobbie, hoje em dia devo grande

parte daquilo que sou e que já alcancei a essa opção que tive de tomar.

Atualmente, para além de jogador federado, sou também treinador de crianças

dos 3 aos 11 anos de idade e sinto que eu também sou fonte de inspiração

para muitos deles, o que me deixa muito feliz.

Também a minha opção, aquando da seleção de um curso superior, por

Ciências do Desporto se deve à minha paixão pelo hóquei em patins e pelo

desporto em geral.

Na licenciatura, feita na prestigiada Faculdade de Desporto da

Universidade do Porto (FADEUP), acabei por optar pelo ramo da gestão

desportiva pois também foi algo que desde sempre me cativou. Pode dever-se

ao facto de na minha modalidade de eleição, o hóquei em patins, a

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organização ficar um pouco a dever a outras e talvez me sinta motivado em

tentar alterar essa situação.

O estágio curricular, relativo ao terceiro ano da licenciatura, efetuado na

Associação Juvenil “Escola de Futebol Hernâni Gonçalves” (AJEFHG), que é

uma Escola de Futebol, e acabou por despertar a minha paixão antiga pelo

futebol. O estágio demonstrou-se bastante proveitoso pois no final do mesmo

fui convidado pelo seu presidente a fazer um estágio profissional (remunerado

com a ajuda do IEFP) e que foi a minha ocupação durante esse ano, após o

término da licenciatura. Esta oportunidade de emprego afetou um pouco o meu

percurso académico visto que pretendia integrar o mestrado, mas as duas

atividades não seriam compatíveis, ficando a minha atividade curricular

pendente.

Acabado o período de estágio acabei por ficar a trabalhar na Associação

Portuguesa de Escolas de Futebol (APEF), onde presentemente exerço as

funções de Diretor Executivo. Esta função era já compatível com o Mestrado

em Gestão Desportiva, lecionado na FADEUP, e acabei por continuar o meu

percurso académico.

Assim sendo, podemos ver que todo o meu percurso quer académico

quer desportivo foi sendo sempre marcado por várias opções que, posso hoje

dizer, acredito que foram as mais acertadas pois me trouxeram a este

momento da minha vida.

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1.2. Expectativas Iniciais

Como podemos ver pelo título do relatório e pelo seu resumo o meu

estágio curricular foi feito no departamento de futebol profissional do Rio Ave

Futebol Clube.

De referir, que optei pelo estágio ao invés da dissertação ou projeto, pois

penso que seja o que melhor se enquadra com a minha personalidade. Por

outro o meu passado demonstra que os estágios curriculares são também uma

ferramenta para estabelecer contactos, conhecer novas pessoas, passar por

experiências novas e demonstrar o meu valor sendo uma possível e posterior

oportunidade de emprego.

No entanto tive um caminho bastante longo e atribulado até chegar ao

Rio Ave F.C.. Próximo do final do ano letivo de 2015/16, decidi que no 2º ano

do Mestrado iria fazer o relatório de estágio como forma para finalizar o curso.

Nesse sentido comecei a estabelecer contactos de forma a encontrar local para

realizar o estágio. Aproveitando o meu cargo profissional e os contactos que fui

estabelecendo com inúmeras pessoas de variados clubes de futebol, entrei em

contacto com um deles que na altura se tinha mudado para o F.C. Paços de

Ferreira com as funções de coordenador do futebol de formação do clube.

Após algumas reuniões onde por um lado quis passar as minhas expectativas e

perspetivas em relação ao que pretendia do estágio, e por outro, foi-me

apresentado o projeto para o clube e quais as funções que poderia

desempenhar ao longo do processo.

Posso dizer que foi algo que me agradou e que me entusiasmou a

começar imediatamente o estágio. No entanto, seria necessária a aprovação

prévia da Professora Maria José Carvalho, que acabou por ser positiva.

Comecei então o estágio no F.C. Paços de Ferreira onde no primeiro dia

fui convocado para uma reunião que tinha como propósito a minha

apresentação aos elementos do departamento de formação do clube. O

primeiro impacto foi um pouco negativo pois a reunião começou com quase

duas horas de atraso e posteriormente nem cinco minutos durou. Fiquei um

pouco desiludido pois pensei que um clube que está há já alguns anos na 1ª

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Divisão e até recentemente se apurou para a Liga Europa, a organização fosse

um pouco mais “cuidada”.

No entanto, não desanimei pois acreditei tratar-se de uma situação

pontual. Apesar disso ao longo das primeiras semanas foram acontecendo

alguns episódios onde comecei a perceber que não iria tirar grande partido do

estágio e que se calhar não valia a pena estar a avançar com algo que não

fosse benéfico para mim.

Falei então com a Professora que me deu total apoio na minha decisão

em abandonar o estágio, e mostrou-se prontamente disponível para me ajudar

a encontrar nova solução. Como nota de curiosidade, apenas referir que o meu

supervisor local de estágio no F.C. Paços de Ferreira (o coordenador da

formação) também abandonou o clube umas semanas após o término do meu

estágio.

Posto isto, começou então uma nova “batalha” contra o tempo na busca

de um novo local para estagiar. A Professora tinha alguns contactos na Liga

Portuguesa de Futebol Profissional e sugeriu que fosse lá efetuado o estágio.

Entrou então em contacto com alguém responsável e fiquei de enviar o meu

currículo de forma a que o pudessem avaliar e tomar uma decisão

relativamente à aceitação do estágio. O tempo foi passando e após mais de um

mês, apesar da minha insistência e da Professora, não obtivemos resposta.

Nesta altura, já começava a sentir-me um bocado desesperado pois

estávamos já em Dezembro e eu sem local para estagiar. Tinha até inclusive

em cima da mesa a hipótese de congelar a matrícula e fazer algo com mais

calma no próximo ano.

Foi então que vi a “luz ao fundo do túnel” com uma chamada da

Professora que me pediu que me deslocasse à faculdade pois teria uma

proposta para mim. Sem hesitar pus os pés ao caminho esperando que o

mistério fosse desvendado, e ficasse então a saber qual a proposta da que me

falara.

Estando já um pouco ansioso a Professora Maria José Carvalho falou-

me que tinha, por mero acaso, encontrado um colega de curso que era o

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Diretor Geral do Rio Ave F.C. e que poderia ser uma oportunidade para mim.

Fiquei extasiante com a conversa com a Professora e entrei logo em contacto

com o Dr. Miguel Ribeiro - Diretor Geral do Futebol Profissional do Rio Ave

Futebol Clube.

Agendamos então uma reunião no estádio do clube para a qual,

confesso, estava extremamente nervoso. A reunião estava agendada para as

10:00 e às 9:20 já tinha o carro estacionado à porta do estádio pois receava

chegar atrasado. O tempo passou e dirigi-me então à porta do estádio para

reunir com o Doutor. A reunião, que foi mais uma conversa, foi extremamente

agradável e percebi logo que tinha vindo parar ao clube certo. Apesar do cargo

que o Dr. Miguel Ribeiro desempenha, mostrou-se ser uma pessoa bastante

agradável e aberta dando oportunidades a um jovem como eu de perceber

como é que um clube da dimensão do Rio Ave F.C. funciona no seu dia-a-dia.

Nessa conversa ficou então desde logo definido o dia em que daria início

ao meu estágio ficando depois de conversar mais aprofundadamente sobre as

atividades que iria desenvolver.

Assim como podemos ver, o meu percurso até chegar ao Rio Ave F.C.

foi um pouco agitado. No entanto posso referir com toda a convicção que

acabou tudo por correr pelo melhor e que dentro de algum “azar” acabei por ter

muita sorte em todos os passos que fui dando. Como se costuma dizer “Deus

escreve direito por linhas tortas”…

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1.3. Plano de Estágio

Conforme foi referido anteriormente, o meu estágio profissionalizante no

Rio Ave F.C. apenas teve início no mês de janeiro, mais propriamente no dia 9

de janeiro de 2017 pelas 9 horas e 30 minutos. Os primeiros tempos serviram

sobretudo para me adaptar e ambientar, ficando a compreender o

funcionamento de toda a estrutura definindo deste modo, a par do Dr. Miguel

Ribeiro, aquilo que iriam ser as minhas atividades ao longo do estágio.

Em conversa com o Dr. Miguel, o meu supervisor local, ficou

determinado que ao longo do estágio iria passar pelos diversos departamentos

de forma a que pudesse conhecer a fundo o funcionamento do departamento

de futebol profissional do Rio Ave F.C..

Assim, apesar de não ter nenhum plano de estágio propriamente dito,

onde teria referido um planeamento descritivo das minhas atividades, iria

passar pelos diversos departamentos conforme as necessidades de cada um e

também as minhas.

O Dr. colocou-me, desde logo, à vontade para que se pretendesse

circular pelos vários departamentos para, por um lado observar o que estava a

ser feito no momento, e por outro oferecer a minha ajuda no que fosse

necessário, para que também me pudesse dar a conhecer e sentir-me útil para

a entidade.

Neste sentido, após a definição do meu horário (condicionado pela

minha atividade profissional), o Dr. Miguel Ribeiro acompanhou-me numa visita

ao estádio circulando pelos departamentos para que eu fosse apresentado a

todos os colaboradores, para que ninguém estranhasse a minha presença.

O primeiro departamento no qual tive a oportunidade de trabalhar, foi o

de comunicação, seguido do departamento de marketing, contabilidade,

bilhética e organização de jogos e finalmente pela secretaria onde passei a

maior parte do estágio com o team manager da equipa principal, conforme se

pode observar no cronograma abaixo.

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Relativamente ao planeamento de estágio propriamente dito, após a

primeira conversa com o Dr. Miguel Ribeiro, ficou definido que numa fase inicial

iria passar pelos vários departamentos do sector profissional, e numa fase

posterior iria estar a trabalhar diretamente com o Dr.. Segue abaixo um

pequeno esquema desse planeamento no quadro 1:

Quadro 1 - Plano de Estágio Profissionalizante no RAFC

Âmbito das

Atividades

Janeiro Fevereiro Março Abril Maio

1-15 16-31 1-15 16-28 1-15 16-31 1-15 16-30 1-15

Dep. Comunicação /

Marketing

Dep. Org. Jogos

Dep. Contabilidade

Team Manager

Diretor Geral

Como é possível observar através do Quadro apresentado, as atividades

que fui desenvolvendo ao longo do estágio foram bastante diversificadas.

Desta forma foi-me possível ficar a conhecer todos os Departamentos do clube

entendendo assim o seu funcionamento como um todo.

Apesar da diversificação o plano não foi cumprido integralmente

conforme está descrito uma vez que foi sendo adaptado conforme as

necessidades da entidade.

Para além disso o tempo passado com o Diretor Geral foi menos do que

seria de esperar inicialmente uma vez que este tem uma atividade diária

bastante atarefada sendo quase impossível acompanhá-lo a 100%. No entanto

o pouco tempo que consegui, acredito tê-lo aproveitado da melhor forma.

Relativamente ao horário que foi cumprido, uma vez que teria de atingir

as 500 horas estabelecidas no regulamento dos estágios profissionalizantes,

tive de me apresentar todos os dias da semana, e pontualmente ao fim-de-

semana, entre as 9:00 e as 13:30.

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Posteriormente, para a elaboração deste relatório de estágio, de forma a

ter algum rigor nas tarefas e estabelecer prazos para a elaboração do mesmo,

elaborei também um pequeno diagrama de Gantt para ir tentando cumprir com

alguma exatidão. Apresento abaixo o Quadro 2 com o diagrama referido:

Quadro 2 - Plano de Realização do Relatório

Capítulo a elaborar Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.

Introdução

Resumo

Biografia

Clube

Enquadramento

Teórico

Descrição

Atividades

Conclusão

Finalização

Relatório

Apenas referir que devido a todos os acontecimentos explicados

anteriormente, apenas iniciei a elaboração do relatório em Janeiro

estabelecendo a meta para a sua entrega na 2ª fase em Setembro.

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Capítulo 1 - Caracterização da Entidade

1.1. O Clube de Vila do Conde

O Rio Ave Futebol Clube sedia-se no município de Vila do Conde. As

origens da fundação da cidade remontam ao ano de 953, altura em que

Flamula Deo-Vota se referiu a Villa de Comite numa carta de venda de bens ao

Mosteiro de Guimarães.

Vila do Conde desde sempre se evidenciou devido à sua proximidade

geográfica com o mar e por isso se desenvolveu através da construção naval, e

seu porto e alfândega.

Vila do Conde pertence ao distrito do Porto e alberga nas suas

freguesias cerca de 79 500 habitantes. Tem perto de 18 km de praias o que no

Verão cativa sempre muitos turistas para a zona1.

É uma cidade muito característica e com as suas tradições bem

assentes, principalmente por meio da pesca.

1.1.1. História do Clube

Decorria o ano de 1939 em que um grupo de cinco vila condenses -

João Pereira dos Santos, Albino Moreira, João Dias, Ernesto Braga e

José Amaro - que habitualmente frequentavam a mesma barbearia da cidade,

de seu nome “Zé Tapioca”, tiveram a ideia da criação de um clube, de forma a

elevar para além fronteiras o nome da cidade de Vila do Conde.

De uma conversa de barbearia passou a um sonho e de um sonho

nasceu o Rio Ave Futebol Clube, nome que foi o eleito por maioria de votos,

em vez de "Vilacondense Futebol Clube" e "Vila do Conde Sport Club".

Os cinco vila condenses referidos anteriormente foram para a frente com

o projeto e este começou a ganhar forma. Assim sendo todos eles fizeram

parte da primeira direção do clube, com o seguinte formato:

Presidente: João Pereira dos Santos;

1 Disponível em: http://www.cm-viladoconde.pt/pages/409. Consultado a 20 de Maio de 2017

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Vice-Presidente: Albino Moreira;

1º Secretário: João Dias;

2º Secretário: Ernesto Braga;

Tesoureiro: José Amaro;

O dia 18 de janeiro de 1941 ficou marcado na história do clube como o

dia em que se realizou a primeira Assembleia Geral, que contou com um

grande número de Associados. Ainda nesse ano, e após a sua aprovação, os

estatutos do clube foram publicados em Diário da República no dia 23 de

setembro.

Atualmente o clube apresenta os seguintes órgãos sociais2:

ASSEMBLEIA GERAL:

Presidente - Eng.º Mário Hermenegildo Moreira de Almeida

Vice-Presidente- Dr. Abel Manuel Barbosa Maia

1º Secretário - João Carvalho da Silva

2º Secretário - Dr.ª Renata Maria Ribeiro Martins

DIREÇÃO

Presidente - António da Silva Campos

Assessor - António Augusto de Castro Fernandes Guimarães

Presidente Adjunto - Eng.º António Benjamim Lopes Santos Ferreira

Secretário-Geral - Manuel Amorim Oliveira

Tesoureiro - Dr. Augusto Manuel Fonseca da Silva

DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

Vice-Presidente - Dr.ª Alexandrina da Silva Costa Cruz

DEPARTAMENTO DE FUTEBOL

Vice-Presidente - Eng.º José Edmundo Alves Moreira Alexandre

2 Fonte: Revista do Rio Ave Futebol Clube, nº20

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Vogal - José Maria Teixeira Gomes

DEPARTAMENTO DE MODALIDADES

Vice-Presidente - Ilídio dos Santos Gomes

Vogais - Armindo José Alves Arezes Costa, João Manuel Barbosa Alvão,

Carlos Alberto Alves Ferreira, António José Almeida Anacleto,

Isabel Maria Barbosa Alves Barros Bompastor, Fernando Manuel

Macedo Azevedo Ferreira

DEPARTAMENTO DE INSTALAÇÕES E PATRIMÓNIO

Vice-Presidente - Eng.º Renato José da Costa Lapa

Vogais - António José Barreto da Silva, José Maria dos Santos

Laranjeira

DEPARTAMENTO DE RELAÇÕES EXTERNAS E INSTITUCIONAIS

Vice-Presidente - Prof. Fernando Pedro Ramos Soares

Vogais - Alexandre de Sousa Lopes, Manuel Afonso de Oliveira

Carvalho, Carla Maria da Silva Quintans

DEPARTAMENTO DE FORMAÇÃO

Vice-Presidente - José António Araújo Pereira

Vogais - José Augusto de Jesus Ouvidor, Américo da Campos Leite,

José Manuel da Costa Sousa, Fernando António Ribeiro da

Costa, Manuel José Vilas Boas, António Manuel dos Santos

Vasques, Eduardo Ferreira da Silva, Manuel de Oliveira, Manuel

António Pires Pacheco, César Augusto da Costa Laranjeira,

António Rodrigues Pereira, António Miguel Caseiro de Sousa,

Guilherme Manuel Aguiar da Silva

DEPARTAMENTO JURÍDICO

Dr. Ernesto Manuel da Costa Ramalho

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CONSELHO FISCAL

Presidente - Dr. Carlos José Maia da Costa

1.º Secretário - Dr. Ilídio dos Santos Lacerda

2.º Secretário - Carlos Sousa Lopes

Como podemos ver, até pela evolução e quantidade de pessoas que

agora fazem parte dos órgãos diretivos do clube, nos últimos anos houve um

grande desenvolvimento também a nível organizativo no Rio Ave F.C..

Com esta crescente evolução e os resultados desportivos obtidos, o

número de sócios tem vindo a aumentar de dia para dia, muito se devendo ao

sucesso desportivo que o clube tem vindo a conquistar dentro de campo.

Apesar do crescente aumento do número de sócios os espectadores presentes

em cada jogo não são muitos, sendo o Rio Ave F.C. apenas o 12º clube da

Liga NOS relativamente à média de assistências no decorrer da época - dados

relativos à época de 2015/16 conforme podemos observar na figura 1.

Este número médio de espectadores, atendendo ao número de

habitantes da cidade (79 500) é muito pouco, podendo, no entanto, ser

explicado com a atividade laboral de grande parte da população - a pesca - o

que a maior parte das vezes impede as pessoas de assistirem aos jogos por

estarem em alto mar.

Figura 1 - Média de Espectadores por Jogo da Liga. Fonte: O Jogo

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1.1.2. Palmarés

Apesar dos longos anos de existência do clube, o Rio Ave não apresenta

um palmarés invejável como alguns outros clubes do futebol português. Nos

primeiros anos da sua existência se percebeu a grandiosidade do clube de Vila

do Conde. Em 1941/42 conquistou o título de Campeão Promocional da A.F.

Porto, Campeão Regional da III Divisão da A.F. Porto em 1942/43 e a

ascensão à I Divisão na época de 1979/80.

Na época de 1983/84 a equipa qualificou-se para a final da Taça de

Portugal que acabou por perder para o F.C. Porto por 4-13.

A época de 2013/14 foi uma época gloriosa para o clube de Vila do

Conde, com a participação na final da Taça da Liga, a 7 de maio no Estádio

Municipal de Leiria, e também a 18 de maio no Estádio Nacional, com a

presença na final da Taça de Portugal (fig. 2). Ambas as finais foram perdidas

para o S.L. Benfica por 2-04 e 1-05 respetivamente.

Apesar das duas finais

perdidas, conquistou com a

presença na final da Taça de

Portugal, a ida ao Play-Off de

acesso à Liga Europa, onde o

R.A.F.C. garantiu a presença na

fase de grupos após eliminar o

Elfsorg da Suécia a duas mãos6.

3 Disponível em: http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=310517. Consultado a 21 de Maio de 2017 4 Disponível em: http://www.zerozero.pt/edition.php?id_edicao=58583. Consultado a 21 de Maio

de 2017 5 Disponível em: http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=3520148. Consultado a 21 de Maio de

2017 6 Disponível em: http://www.zerozero.pt/jogo.php?id=3661570. Consultado a 21 de Maio de

2017

Figura 2 - Equipa Inicial do RAF.C. na Final da Taça Portugal 2014. Fonte: zerozero.pt

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Já na época passada após ficar no sexto lugar da classificação da Liga

NOS, conquistou novamente o direito de disputar o Play-Off de acesso à Liga

Europa. Desta feita não obteve o mesmo sucesso do último, pois foi derrotado

pelo Slavia de Praga7.

Tanto a participação nas competições nacionais como europeias têm

sido assumidas com muito profissionalismo e sempre com o sentido de

engrandecimento como bem se constata pelas afirmações existentes no seu

site8

“A presença no principal escalão do futebol nacional, e

a conquista das provas europeias colocam o nome do Rio Ave

Futebol Clube, bem como o da sua cidade berço,

definitivamente na História do futebol.

Os momentos menos bons, e também os houve, foram

sempre ultrapassados pela vontade de vencer que caracteriza

o clube e pelo respeito que nutrimos por todos os nossos

sócios e simpatizantes.”

7 Disponível em: http://desporto.sapo.pt/futebol/liga_europa/artigo/2016/08/04/rio-ave-cai-de-pe-

na-liga-europa. Consultado a 21 de Maio de 2017 8 Disponível em: http://rioavefc.pt. Consultado a 5 de maio de 2017

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1.1.3. Instalações

Ao longo da sua história, o clube apenas conheceu dois estádios. O

primeiro, inaugurado a 29 de janeiro de 1940, designado de “Estádio da

Avenida” (fig. 3) que seria uma referência à sua localização - Avenida Baltazar

Couto.

O dia 13 de outubro de 1984 é um dia marcante na história do clube,

pois se trata do dia da inauguração do novo estádio (fig. 4). O “Estádio dos

Arcos”, referindo-se também à sua localização, visto que se encontra próximo

de um marco importante de Vila do Conde - o aqueduto de Santa Clara.

O Estádio dos Arcos localiza-se na Rua D. Sancho I, bem à entrada de

Vila do Conde, e apresenta bons acessos - como o metro que se encontra

relativamente próximo, e a auto estrada (A28) que fica a cerca de 3 minutos de

distância (fig. 5). Uma vez que se encontra também próximo do aeroporto do

Porto - cerca de 10 minutos - é também uma mais-valia para todos os clubes

Figura 3 - Estádio da Avenida. Fonte: rioaveF.C..pt

Figura 4 - Inauguração do Estádio dos Arcos. Fonte: rioaveF.C..pt

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que venham jogar ao terreno do Rio Ave F.C. e para os próprios adeptos dos

clubes que se desloquem ao estádio para ver o jogo.

O Estádio dos Arcos, tem vindo a sofrer algumas mudanças devido às

exigências que o desenvolvimento do próprio futebol, como as transmissões

televisivas, implicam. Hoje em dia o Estádio tem apenas duas bancadas

laterais estando estas divididas por departamentos.

Na bancada principal - a única com cobertura - onde se localizam as

tribunas e os camarotes, bem como a zona de imprensa, serve exclusivamente

o departamento do futebol profissional (fig. 6).

Figura 5 - Localização Estádio. Fonte: Google Maps

Figura 6 - Bancada Principal, Estádio dos Arcos. Fonte: geodruid.com

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Apesar de apresentar algumas limitações e de precisar de manutenção

constantemente, este espaço disponibiliza todas as comodidades (dentro dos

possíveis) para os seus jogadores do plantel principal. Esta bancada possui

então:

um balneário próprio com cacifos individuais por jogador,

departamento médico onde os jogadores podem recuperar de lesões,

sala de reuniões para os treinadores poderem preparar jogos e treinos,

rouparia,

balneários para árbitros, equipa adversária e controlo anti-doping,

sala de delegados para o jogo,

secretaria,

ginásio,

sala de imprensa,

gabinete contabilidade,

sala de pequenos almoços,

armazém,

A outra bancada, apesar de não ter tantas condições, possui todos os

equipamentos necessários, como balneários, arrumos, secretaria, para

poderem servir da melhor maneira o Departamento de Formação do clube.

Nas traseiras desta bancada, o clube possui dois campos de futebol de 11

de relva sintética, onde decorrem os jogos e treinos dos escalões de formação,

e também um campo de futebol de 11 de relva natural que serve de apoio ao

plantel profissional, no qual treina duas a três vezes por semana (fig. 7).

Figura 7 - Campos de Treino. Fonte: Google Maps

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Neste momento o clube tem o projeto de renovação das infraestruturas

que apresento abaixo na figura 8.

Este projeto tem como objetivo fazer uma cobertura nova do lado poente

e uma bancada nascente nova, passando toda a logística do futebol

profissional para esse lado e libertando os balneários da formação, criando uns

novos. O objetivo passa por continuar a ser um clube de I Liga com condições

dignas e modernas para desenvolver o seu trabalho e dar melhores condições

aos sócios. No espaço sul do estádio pretende-se ter um hotel pequeno para a

formação, no qual os miúdos terão o seu espaço e os seus quartos, como já se

faz atualmente na colónia. Será uma mini academia que terá um hotel, um

restaurante de apoio e uma clínica. Na parte norte, futuramente, a ideia é

construir um pavilhão e aproveitar o parque de estacionamento.

Figura 8 - Projeto para Novas Instalações. Fonte: O Jogo

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1.2. O Rio Ave Enquanto Sociedade Desportiva

O Departamento do Futebol Profissional do Rio Ave F.C. é um

departamento que tem vindo a evoluir nos últimos anos, principalmente após a

criação da Sociedade Desportiva do clube. Após a alteração de estatutos o

clube viu-se obrigado a profissionalizar-se para acompanhar a evolução da

sociedade.

Apesar de inicialmente ser uma mudança um pouco abrupta, a evolução

foi feita aos poucos, e hoje em dia todas as pessoas envolvidas neste

departamento são funcionários da sociedade e são pagos para exercer as suas

funções.

Muitas das mudanças e da própria evolução do clube devem-se em

grande parte ao Dr. Miguel Ribeiro que tem vindo a fazer parte do projeto

desde o seu “nascimento”.

O Dr. Miguel Ribeiro é o “Homem Forte” do futebol profissional do Rio

Ave F.C., ele é o Diretor Geral do Departamento e por ele passam todas as

decisões importantes que terão algum peso no futuro do clube. Apesar disso,

há determinadas situações onde apenas o Presidente Dr. António da Silva

Campos poderá ter a última palavra visto que segundo os estatutos necessitará

a sua assinatura.

O Rio Ave Futebol Clube apenas se viu obrigado a alterar os seus

estatutos no ano de 2013 aquando da publicação do Decreto-Lei n.º 10/2013,

pois até à data, não via nenhuma vantagem na criação de uma sociedade

desportiva, mantendo-se então como clube desportivo com regime especial de

gestão.

Com a obrigação legislativa da criação de uma sociedade desportiva

para a participação em competições desportivas profissionais, o Rio Ave

Futebol Clube constituiu então uma sociedade comercial desportiva unipessoal

por quotas, no dia 27 de maio de 2013, designada como Rio Ave Futebol

Clube - Futebol SDUQ, Lda.

Esta sociedade resulta então nos termos da alínea c) do art.º 3-.º do

Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de Janeiro, da personalização jurídica da equipa

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do RIO AVE FUTEBOL CLUBE, que participa nas competições profissionais de

futebol, sendo o Clube fundador, para os efeitos no disposto na lei, o RIO AVE

FUTEBOL CLUBE.

De acordo com o contrato celebrado os direitos de participação no

quadro competitivo em que estava inserido o Clube fundador RIO AVE

FUTEBOL CLUBE, são obrigatoriamente transferidos para o RIO AVE

FUTEBOL CLUBE – FUTEBOL SDUQ, LDA.

Relativamente aos contratos de trabalho desportivos e os de formação

desportiva relativos à prática do futebol, também transitam do clube para a

sociedade desportiva.

São nomeados gerentes os seguintes elementos:

ANTÓNIO DA SILVA CAMPOS, que exercerá as funções de

gerente executivo;

AUGUSTO MANUEL FONSECA DA SILVA;

MARIA ALEXANDRINA DA SILVA COSTA CRUZ;

MANUEL AMORIM DE OLIVEIRA;

JOSÉ EDMUNDO ALVES MOREIRA ALEXANDRE;

JOSÉ ANTÓNIO ARAÚJO PEREIRA.

Segundo o que me foi possível averiguar em entrevista ao Diretor Geral

da sociedade, o Dr. Miguel Ribeiro, a opção por SDUQ e não por SAD prendia-

se única e simplesmente com o facto de uma SDUQ ser em quase tudo

semelhante a um clube com regime especial de gestão. Pegando nas palavras

do Dr. Miguel, uma SDUQ não é mais do que uma máscara em forma

societária de um clube em regime especial de gestão.

Assim sendo podemos verificar que a SDUQ apenas veio responder às

necessidades dos clubes, como o caso do Rio Ave F.C., que não vislumbrariam

nenhuma vantagem em alterar os estatutos para SAD.

Uma SDUQ apenas poderá ser constituída através da personalização

jurídica da equipa, sendo que o único investidor da sociedade será o clube

fundador (Ribeiro, 2015, p. 49).

A sociedade apresenta um capital social de 250.000 euros (mínimo

obrigatório por lei para as SDUQ), e ao longo dos últimos anos tem

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apresentado sempre um saldo positivo no que diz respeito às contas, o que

reflete o bom trabalho que tem sido desenvolvido na sociedade desportiva e a

sua crescente evolução que também se tem traduzido em bons resultados

dentro de campo.

A sociedade desportiva apresenta como natureza as atividades dos

clubes desportivos (CAE 93120), tendo por objeto social a participação na

modalidade de futebol, em competições de carácter profissional, a promoção e

organização de espetáculos desportivos e o fomento ou desenvolvimento de

atividades relacionadas com a prática desportiva profissionalizada da referida

modalidade.

Ao longo dos últimos anos, o Departamento de Futebol Profissional foi-

se moldando às necessidades que a própria sociedade foi promovendo.

Exemplo do Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA), que foi uma necessidade do

clube de ter alguém que fosse um membro de ligação entre o clube e os seus

sócios para tratar de questões de bilhetes e acompanhamento dos mesmos

nos jogos fora. Outro exemplo será a separação do Departamento de

Comunicação e Marketing em dois Departamentos distintos, pois a

necessidade de ambos serem independentes prevaleceu.

De seguida irei apresentar os vários departamentos do futebol

profissional bem como uma breve descrição de cada um.

1.2.1. Departamento Comunicação

O Departamento de Comunicação é liderado pelo seu responsável

máximo, o Diretor de Comunicação Marco Aurélio Carvalho. Neste

Departamento, liderado pelo Marco, trabalham ainda os seus assessores de

imprensa - o Pedro Colaço e o Tiago Costa.

Aqui trabalha-se essencialmente a imagem do clube, a promoção de

jogos e a interação com os adeptos para além de ser o Departamento que

recolhe toda a informação diária que sai nos jornais sobre o clube e aquele que

define uma estratégia de comunicação do clube onde é selecionada

criteriosamente a informação que é disponibilizada pelo clube para os media.

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Outro dos trabalhos mais importantes na Comunicação do clube são os

momentos relativos às conferências de imprensa de antevisão do jogo e de

análise do jogo alguns momentos após o seu término, e também a flash-

interview quer dos jogadores quer do treinador. Também, para todos estes

momentos é definida uma estratégia de comunicação preparada previamente e

transmitida ao jogador ou treinador em questão. Nesta preparação, os

assessores de imprensa selecionam uma série de questões que provavelmente

serão abordadas pelos jornalistas, de acordo com o momento ou

notícias/rumores que terão saído, e aborda uma resposta tipo para cada com a

qual a pessoa entrevistada deverá construir a sua resposta com base nas

indicações dadas pelo Departamento de Comunicação.

Resumindo, o Departamento de Comunicação, como o próprio nome

indica, trabalha a comunicação com o exterior, mas principal e

fundamentalmente trabalha a imagem do clube ou pelo menos a imagem que

será transmitida para o exterior do mesmo.

1.2.2. Departamento de Marketing

O Departamento de Marketing, apesar de em muitas empresas funcionar

em conjunto com o Departamento de Comunicação, hoje em dia, no Rio Ave

F.C. funcionam ambos de forma independente. Digo “hoje em dia” porque até

há bem pouco tempo existia apenas o Departamento de Comunicação e

Marketing. No entanto, o clube achou por bem dividir os dois Departamentos

para que ambos se possam concentrar apenas nas suas tarefas, o que acaba

por ser melhor para a instituição.

No Departamento de Marketing, neste momento apenas trabalham duas

pessoas - o Nuno Santos e o André Crud. Ambos são responsáveis pelas

ações de publicidade efetuadas pelo clube, exemplo das ações de

merchandising realizadas nos intervalos dos jogos. Este departamento é

também responsável pelas parcerias efetuadas pelo clube com outras marcas.

Anteriormente foram referidos os patrocinadores do clube, com os quais

a relação é mediada por este Departamento. Ou seja, aquando da assinatura

de um protocolo é o Departamento de Marketing que define as condições do

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mesmo. Por outras palavras, é neste Departamento que se discute o que o

clube “dá” à marca e o que “recebe” dela.

Assim sendo, este Departamento ao funcionar a 100% poderá revelar-se

bastante importante para o clube que depende muito das parcerias/ patrocínios

que efetua.

1.2.3. Departamento de Contabilidade

O Departamento de Contabilidade é talvez o mais importante de todos

os departamentos do clube. Este está em constante comunicação com todos

os outros departamentos no que diz respeito a receitas e despesas dos

mesmos.

A responsável máxima deste Departamento é a Drª. Alexandrina, e por

ela passam todas as decisões mais ou menos importantes relativamente às

receitas e despesas do Departamento de Futebol Profissional. Posso até referir

que a assinatura da referida responsável. é quase tão importante como a do

Senhor Presidente.

Trabalham também no Departamento a Carmen, a Susana, Marta e

Selma, todas elas licenciadas em contabilidade.

Como referi, todas as decisões dos outros Departamentos que envolvam

transações financeiras terão de obter a aprovação prévia do Departamento.

Qualquer aquisição de material ou serviço (a partir de um certo valor) necessita

da assinatura da Drª. Alexandrina para que a operação seja realizada com

sucesso.

1.2.4. Departamento de Bilhética e Organização de Jogos

Este Departamento é responsável pela realização de todos os protocolos

e elaboração de documentos necessários para cada jogo, que são previamente

estipulados pela Liga. A pessoa responsável por este departamento é o Diogo

Bravo que também acumula as funções de Oficial de Ligação aos Adeptos

(OLA).

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Em relação aos procedimentos anteriores aos jogos será de destacar a

impressão, distribuição e controlo dos bilhetes para os jogos em casa,

organização da equipa de catering, distribuição de tarefas e também a

verificação prévia das instalações e torniquetes para que na hora do jogo tudo

esteja em pleno funcionamento.

Relativamente aos modelos da Liga a preencher é de

destacar o Modelo P, que refere todos os agentes

desportivos que poderão permanecer na área técnica antes,

durante e após o jogo (este modelo é feito para os jogos em

casa e fora) e consoante o Modelo P efetuar a distribuição

das credenciais (fig. 9). Também o Modelo O, que refere os

tipos de bilhetes disponíveis para o jogo em questão (em

casa) e qual o preço definido para cada é importante.

Durante o jogo, o Diogo é responsável por ser o intermediário dos clubes

visitados (no caso dos jogos fora) para com o grupo de adeptos que

acompanha a equipa, e também o ponto de ligação entre os mesmos adeptos e

a polícia onde, através dele é transmitida toda a informação para que tudo

corra pelo melhor.

No final dos jogos é também da sua responsabilidade fazer relatórios,

reportando alguma situação que ache conveniente informar as entidades

competentes, e nos jogos em casa fazer a contagem de bilhetes que sobraram

devido à sua não utilização verificando no sistema se o número de adeptos

presentes no estádio corresponde aos bilhetes vendidos e convites oferecidos.

Esta tarefa é feita em conjunto com a contabilidade para que estes saibam os

valores monetários que os jogos em casa geram para as receitas do clube.

1.2.5. Departamento de Instalações

O Departamento das Instalações é gerido pelo André Crud, um dos

responsáveis pelo Marketing, acumulando assim as funções.

Figura 9 - Bilhetes e Credencial para Jogos Oficiais

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O André Crud é então responsável pela manutenção ou melhoria das

estruturas do clube. Qualquer intervenção que necessite ser feita no estádio

terá de ser através do senhor André.

Também durante os jogos estará de prevenção para o caso de alguma

avaria poder intervir.

1.2.6. Departamento Médico

O Departamento Médico é liderado pelo Doutor Basil Ribeiro, e conta na

sua equipa com mais um médico, o Doutor André Dias, e um outro estagiário.

Para além dos médicos conta também com uma equipa de fisioterapeutas - o

José Teixeira e o Rui Sousa.

Apesar de este Departamento ser muito independente no que diz

respeito à realização de análises, exames ou tratamentos necessários a algum

jogador, é um Departamento que está em constante contacto com a equipa

técnica de modo a que estes saibam as limitações que possam existir de algum

atleta o que pode condicionar o plano de treino ou de jogo.

Como é de esperar, este é o Departamento mais importante no que

refere aos tratamentos das lesões dos jogadores que serão o ativo mais valioso

do clube.

Para além disso, o Departamento disponibiliza também um nutricionista

responsável pelo plano alimentar dos atletas (pré e pós treino e pré e pós jogo),

1.2.7. Rouparia

A Rouparia será provavelmente um dos departamentos mais ativos do

clube. Todos os dias entra em ação de manhã cedo antes do treino, continua o

seu trabalho durante a realização do treino e só acaba após o plantel

profissional sair das imediações do estádio.

Este departamento é composto pelo Pedro Festas e Adelino Ferreira que

são os responsáveis por manter todo o material desportivo e roupas para

atletas e equipa técnica em condições para todos os treinos.

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1.2.8. RAR - Rio Ave Rendimento

Este gabinete é algo recente no clube e foi criado com base em 6

objetivos principais:

Avaliação e prescrição de exercício;

Otimização da performance atlética;

Nutrição Desportiva;

Prevenção e reabilitação de lesões;

Investigação no âmbito do alto rendimento;

Formação;

Desta forma podemos concluir que todos estes objetivos têm o propósito

de potenciar as capacidades físicas dos atletas, maximizando assim o seu

rendimento dentro de campo.

O responsável pelo gabinete é o “Toni” e é ele o grande dinamizador do

mesmo, quer através do seu trabalho diretamente com os atletas, quer através

de alguns estudos científicos que procuram ajudar no desenvolvimento do

gabinete.

1.2.9. RAS - Rio Ave Social

O Rio Ave Social é “um compromisso que o Rio Ave F.C. assume

perante a sociedade, enquanto membro agregador de vontades”. Este gabinete

concentra todas as suas atenções na ajuda aos mais necessitados.

Sendo o Rio Ave F.C. um clube de alguma dimensão em Portugal, tenta

usar o seu nome em benefício de terceiros tendo assim consciência da sua

responsabilidade para com a sociedade.

Com este gabinete, o clube demonstra que o desporto eleva consigo

grandes valores e que estão presentes na visão do clube, que assim leva a

cabo inúmeras ações que visam a doação de bens a instituições ou a casos

isolados que muitas vezes aparecem a pedir ajuda ao clube.

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1.2.10. Patrocinadores

Hoje em dia, todo e qualquer clube para se manter financeiramente

saudável depende muito dos patrocinadores. No entanto, segundo Lagae

(2005), os patrocínios trazem vantagens para ambas as partes envolvidas. De

certa forma Gwinner & Eaton (1999) acreditam que as principais razões para

que as marcas patrocinem os clubes são aumentar a sua notoriedade,

estabelecer, fortalecer ou alterar a imagem da marca (dependendo do clube ou

desporto ao qual se associam). Uma marca ao estar associada a um clube que

obtenha um grande sucesso desportivo, estará a construir uma imagem forte e

de sucesso perante o público alcançando, através desse sucesso, milhões de

pessoas.

De certa forma, os clubes desportivos procuram os patrocínios de

acordo com dois principais padrões, segundo Meenaghan (2001) por um lado

estabelecer uma parceria com uma marca forte e que lhes dê alguma

visibilidade e credibilidade. Por outro, procuram marcas que lhes deem

recursos quer materiais quer financeiros.

O Rio Ave F.C. não é diferente dos outros clubes e assim sendo

depende muito dos seus patrocinadores (fig. 10) para a manutenção da “saúde

financeira” do clube.

Figura 10 - Patrocinadores do RAFC. Fonte: rioavefc.pt

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Portanto, o Rio Ave F.C. tem um conjunto de patrocinadores em que a

sua relação de reciprocidade de benefícios tem sido saudável quer para o

clube quer para as marcas.

Atrás podemos ver os principais patrocinadores do Rio Ave F.C. -

Futebol SDUQ Lda. Na época transata o departamento profissional de futebol

assinou contrato com a marca desportiva ADIDAS, que pelo menos até à

próxima época irá equipar o clube.

Outro dos principais patrocinadores é a MEO, operadora televisiva que

nos últimos tempos, como é do conhecimento público, tem vindo a assinar

contratos milionários com vários clubes da primeira e segunda liga de futebol.

Também o Grupo Campos, empresa que se dedica à construção e que

fica situada em Vila do Conde é outro patrocinador.

A Konica Minolta que fornece as impressoras e material ao clube.

A TacticalBoards Soccer que produz os quadros táticos aos clubes e da

qual o Rio Ave F.C. é cliente.

A Brand It, que é a empresa responsável pela construção do site do

clube.

A Smart Move que é responsável pelo software de bilhética e controlo de

acessos que está a operar no estádio do clube.

A Prozis que é o fornecedor de suplementação desportiva do

Departamento de Futebol.

A Sabseg Seguros que é a responsável por todos os seguros em vigor

no clube.

E a In Stat, que é uma empresa que obtém o software desportivo que faz

a estatística e a sua análise dos jogos de futebol e que é bastante importante

no trabalho diário da equipa técnica do clube.

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1.3. Futebol de Formação

O Rio Ave Futebol Clube - Futebol SDUQ, Lda. para além da equipa

sénior tem na sua estrutura várias equipas de futebol de formação. São elas:

Juniores A;

Juniores B;

Juniores C;

Todas estas equipas que representam a sociedade desportiva nos

escalões de formação, competem nos campeonatos nacionais

correspondentes.

Desta forma, podemos observar a abrangência da sociedade que não se

limitou a incluir dentro de si o futebol profissional, mas também alguns escalões

de formação anteriormente pertencentes ao clube.

1.4. Propriedades da SDUQ

O Rio Ave enquanto SDUQ, apresenta algumas propriedades ou ativos

fixos tangíveis que se encontram contabilizados ao custo de aquisição,

acrescidos de despesas que lhes sejam diretamente imputáveis, deduzido das

correspondentes depreciações e das eventuais perdas por imparidade.

A sociedade tem escriturado como sua propriedade9:

Edifícios;

Equipamento Básico;

Equipamento de Transporte;

Equipamento Administrativo;

Outros;

Todos estes ativos estão avaliados no valor de 440.973,18 euros, já com

as respetivas depreciações acumuladas e perdas por imparidade calculadas.

9 Retirado de Relatório e Contas do Rio Ave Futebol SDUQ 2017/2015. Disponível em: http://www.rioavefc.pt/wp-content/uploads/2016/01/Relat%C3%B3rio-e-Contas-Rio-Ave-Futebol-Clube-Futebol-SDUQ-2014-2015-2.pdf. Consultado a 20 de setembro de 2017

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Resumindo todas as propriedades em nome da sociedade desportiva

transitaram do Rio Ave enquanto clube, onde no entanto está sempre

salvaguardado como único sócio da sociedade e assim sendo caso esta seja

dissociada o clube volta a ser o proprietário das mesmas.

Como referido anteriormente, o clube apresenta um projeto de

desenvolvimento sustentável onde pretende efetuar um crescimento

continuado sempre com a noção das implicações e do risco corrido nos

projetos idealizados.

O facto de a sociedade ter estado presente nas competições europeias

pela primeira vez na história, na época de 2014/2015, trouxe um maior poder

económico ao clube e com isso vieram maiores e melhores perspetivas para o

seu futuro conforme é descrito no Relatório e Contas relativo a essa época

desportiva.

O Relatório e Contas é um documento que será produzido anualmente,

tendo como principais objetivos a demonstração da sua atividade desenvolvida

e do balanço financeiro obtido ao longo de um certo período de tempo.

Com o sucesso desportivo do Rio Ave veio também uma maior

responsabilidade - desportiva e social - à qual a sociedade tem demonstrado

estar à altura do desafio, apresentando elevadas expectativas de um futuro

cada vez mais risonho.

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Capítulo 2 - Enquadramento Teórico

2.1. Desporto Profissional

2.1.1. Quando? Onde? Como? Porquê?

O Desporto, cada vez mais está presente, direta ou indiretamente, na

vida das pessoas que começam muitas vezes por definir o seu quotidiano em

torno do Desporto. Assim sendo, tem emergido aquilo a que se chama de

"Desporto Profissional". Mas o que é isto do Desporto Profissional? Quando

surgiu? Onde surgiu? Como surgiu? E porque é que surgiu?

Se formos ao dicionário procurar pela definição de Desporto podemos

observar as seguintes definições10:

1. “Exercício físico praticado de forma metódica, individualmente ou em

grupo, e com diversos objetivos (competição, recreação, terapia, etc.);

2. "divertimento, recreio";

3. (entre outras);

Podemos ainda recorrer à Carta Europeia do Desporto11 onde no artigo

2.º, nº1, al. a), refere-se a Desporto nos seguintes termos:

"Entende-se por “desporto” todas as formas de atividades físicas que,

através de uma participação organizada ou não, têm por objetivo a

expressão ou o melhoramento da condição física e psíquica, o

desenvolvimento das relações sociais ou a obtenção de resultados na

competição a todos os níveis."

Como podemos verificar, em nenhuma alínea o Desporto é definido

como uma prática profissional, mas sempre como algo amador, recreativo ou

de lazer. Assim sendo devemos então definir o que é "profissional".

10 Desporto in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-05-22]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/desporto 11 O Comité de Ministros do Conselho da Europa adotou em1992 em Rhodes este documento, que sofreu uma alteração em 2001

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Recorrendo novamente ao dicionário em busca do significado de

Profissional podemos verificar o seguinte12:

1. "Pertencente ou respeitante a profissão”;

2. "Que prepara para certas profissões”;

3. (entre outras);

Ora, assim sendo podemos concluir que o sentido que a palavra

"profissional" coloca ao Desporto, é o sentido de praticar algum tipo de

Desporto e ser pago para esse efeito.

No entanto, se colocarmos ambas as definições lado a lado, não será

um contrassenso chamar de profissional a algo que por definição apenas se

pratica por lazer? Ou será que ao acrescentar o sentido de profissional ao

Desporto estaremos a acrescentar uma nova dimensão ao mundo imersivo do

mesmo?

Na mesma Carta, já referida acima, mas no artigo 8.º "Apoio ao

Desporto de Alta Competição e Desporto Profissional" no nº2:

"Convém promover a organização e a gestão do desporto organizado

numa base profissional através de estruturas adequadas. Os

desportistas profissionais deverão beneficiar de proteção e de estatuto

social apropriados e de garantias éticas, colocando-os ao abrigo de

qualquer forma de exploração."

Podemos então verificar, que em 1992 (altura da redação da Carta) já

havia a necessidade de legislar o Desporto Profissional, o que nos leva à

questão do Quando surgiu? Será que foi em 1992? Ou já haveria indícios da

existência de Desporto Profissional anteriormente?

Segundo Bento & Constantino (2007) à medida que a sociedade evoluiu

o desporto transformou-se numa pluralidade de motivos e finalidades, de

sujeitos e praticantes, de modelos e cenários, podendo então afirmar que

houve a carência por parte do Desporto em evoluir numa perspetiva mais

profissional, respondendo assim à demanda incessante dos seus praticantes e

apaixonados em geral.

12 Profissional in Dicionário infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017. [consult. 2017-05-22. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/profissional

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Poderá explicar-se esta necessidade no sentido em que, segundo Jorge

Olímpio Bento (2003), é na versão profissional que o Desporto atinge a mais

alta expressão ética e estética e maior valia social e profissional.

Podemos afirmar que o Desporto evoluiu a par da sociedade, e que o

Desporto Moderno nasceu na Europa na 2ª metade do séc. XIX (Thomas,

Haumont, & Levet, 1987) juntamente com a sociedade capitalista e industrial,

aproximando-se assim do Desporto Profissional que hoje conhecemos.

Com todas estas mudanças e transformações no mundo do Desporto,

houve então a necessidade de começar a existir organismos que pudessem

dar resposta a toda a evolução presenciada. Começaram assim a surgir as

Federações e as Ligas Profissionais, como é exemplo da Federação Inglesa de

Futebol, a Football Association que surgiu em 1863 (Carvalho, 2009), com o

objetivo de regular as competições profissionais e não-profissionais em

Inglaterra.

No entanto, comecemos pelos primórdios da Humanidade onde desde

sempre existiu a prática desportiva. Desde a caça ou a pesca, que seriam

praticados como forma de subsistência Humana, ainda que de forma

anárquica, ou mesmo os Jogos Olímpicos que será a primeira forma de

desporto minimamente organizado de que há registos.

Ora vejamos, os Jogos Olímpicos apesar de não haver certezas quanto

à sua real origem, terão sido idealizados na segunda metade do séc. VIII a.C.

como forma de divertimento a Zeus, que segundo a mitologia grega seria o pai

de Hércules, que foi considerado o fundador dos J.O. segundo uma das várias

teorias (Bento & Monteiro, 2016, p. 14).

Apesar de os J.O. estarem minimamente organizados e regulamentados

(principalmente através de rituais), não havia nenhum organismo concreto que

tivesse sido criado especificamente para esse efeito. Também todos os atletas

gregos, praticavam dia e noite para atingir os seus objetivos de ganhar os

Jogos e serem os heróis de toda a Grécia, contrariando assim o mito do

amadorismo dos atletas na Grécia Antiga, onde fica a ideia da importância

significativa dada à "excelência física e a obtenção das vitórias nos Jogos"

(Oliveira, 2000, p. 89) apenas pela elevação do vencedor ao nível dos deuses e

o facto de ser considerado um herói sendo o primeiro passo para a sua

ascensão meteórica. Esta desmitificação, apenas começou a ser encarada a

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partir de 1984 com a obra de David Young "The Olympic Myth of Greek

Amateur Athletics".

Também no canto XXIII da Ilíada, "É primeiro, formosa hábil cativa. (...)

Eis os prémios dos rápidos aurigas.", temos mais uma vez referência aos

prémios atribuídos aos vencedores das provas.

Assim sendo, isto fazia com que os atletas gregos se "dedicassem a

tempo inteiro à prática do desporto e daí recebessem dinheiro ou outros bens

materiais." (Oliveira, 2000, p. 86), apesar de o conceito de "atleta profissional"

ser mais recente, e na Antiguidade os próprios atletas não se consideravam

profissionais precisamente devido a essa razão.

Com a invasão da Grécia pelos romanos e consecutiva dominação, no

séc. II, muitos dos velhos costumes e hábitos do povo grego foram esquecidos.

Entre eles os J.O. que foram definitivamente extintos quando no ano de 392

d.C. o imperador romano Teodósio I assumiu o poder e converteu a Grécia ao

cristianismo, abolindo assim todas as manifestações de adoração ou culto aos

deuses gregos (Silva, 2000, p. 71).

Após séculos de esquecimento, apenas na década de 1890 os J.O.

começaram lentamente a ser restabelecidos pelas mãos de Pierre de Coubertin

que tinha como objetivos a estimulação da prática desportiva bem como a

promoção da “paz entre as nações” através da convivência saudável trazida

pelo espírito dos J.O..

Esta “reinvenção” dos J.O. trouxe também a necessidade da criação de

uma organização, mais uma vez por incentivo de Pierre de Coubertin, de forma

a poder regular a competição e fazê-la evoluir da melhor forma. Nasceu assim

o Comité Olímpico Internacional, que tinha então como objetivo organizar e

promover a realização dos Jogos Olímpicos. Começamos aqui a dar os

primeiros passos em direção aos dias de hoje com o desporto profissional.

"Aquilo que era uma competição desportiva passou também a ser uma

competição fora dos estádios, onde os resultados que importam não são só os

desportivos, mas, sim, os do negócio." (Bento & Monteiro, 2016, p. 37).

Atualmente os tempos mudaram, principalmente com as transmissões

televisivas ou mesmo os patrocínios e a publicidade, o COI é mais uma

entidade que, para além de organizar, promover, legislar e controlar os J.O.,

detém direitos de imagem e de transmissão.

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2.1.2 As Primeiras Organizações Desportivas

O Comité Olímpico Internacional é das organizações desportivas que

quando foi criada teve mais visibilidade e também impacto no mundo

desportivo internacional. No entanto, alguns anos antes da criação do COI,

nasce em Inglaterra no ano de 1863 a Football Association, a federação inglesa

de futebol.

Esta federação nasce, pois o futebol era já um desporto bastante

praticado no Reino Unido, e há então a necessidade de regular o desporto de

modo a que este tenha regras universais, para poder ser jogado entre todos e

em qualquer parte de Inglaterra. A ideia surgiu a partir de Ebenezer Morley,

que teria formado o Barnes F.C. em 1862 e verificou que dos poucos clubes

que havia em Londres, cada um jogava segundo as suas regras, havendo

então a necessidade de uniformizar a modalidade. Aos poucos a modalidade

foi sendo regulamentada e a 21 de Julho de 1871 há o anúncio da criação de

uma Taça denominada "The Football Association Challenge Cup" onde todos

os clubes associados seriam convidados a participar13.

Entre 1875 e 1885 há uma grande ascensão do número de clubes a

praticar futebol e no ano de 1885 há então a necessidade de legalizar

formalmente o profissionalismo da competição. Esta contribuição do

profissionalismo continuou a crescer e afetou a intransigência dos atletas

amadores. Assim alguns destes clubes amadores criaram uma Associação

paralela à FA, apenas com a designação de amador, com também uma

competição, mas que proibia os seus clubes a competir com outros que

estivessem debaixo da jurisdição da Football Association.

Estes problemas da não uniformização das regras do futebol, atingiu

outros países, e em 1902 a Federação Holandesa de Futebol sugeriu a criação

de um campeonato entre as equipas dos vários países e na sequência desta

proposta a Federação Francesa propôs a formação uma Federação

Internacional que pudesse regular a modalidade a nível internacional e do

mesmo modo para todos.

13 Disponível em: http://www.thefa.com/news/2016/nov/02/history-of-the-fa-cup. Consultado em 12 de maio de 2017

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2.1.3 A FIFA

No dia 21 de Maio de 1904, em Paris, foi então criada a Fédération

Internationale de Football Association - FIFA, em que os países fundadores

foram:

França;

Holanda;

Bélgica;

Dinamarca;

Espanha;

Suécia;

Suiça.

Então, nesta primeira reunião entre os primeiros fundadores, foram

redigidos os primeiros estatutos da FIFA com base nos seguintes princípios:

1. Reconhecimento recíproco e exclusivo entre as associações

nacionais representadas e participantes;

2. Clubes e jogadores estariam proibidos de jogar simultaneamente

por mais do que uma associação;

3. Reconhecimento por parte de outras associações de suspensões

anunciadas por uma associação;

4. Os jogos seriam regulados segundo as 'Laws of the Game of the

Football Association Ltd.'.

Já nestes primeiros moldes da FIFA, cada associação teria de pagar

uma cota anual, estando já presente o profissionalismo nos vários países, não

só em Inglaterra, que acabou por se juntar à FIFA dois anos após a sua

criação14.

14 Disponível em: http://www.fifa.com/about-fifa/videos/y=2014/m=11/video=the-story-of-fifa-2477121.html. Consultado a 12 de maio de 2017

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2.2. Futebol em Portugal

Em Portugal, começaram-se a dar os primeiros passos na prática do

futebol entre 1884 e 1888 quando três irmãos que estudavam em Inglaterra,

regressaram a Portugal e trouxeram consigo uma bola de futebol. Tendo em

Inglaterra aprendido algumas regras para a prática da modalidade, começaram

a juntar-se com alguns amigos ao domingo para jogar futebol.

Este grupo liderado pelos irmãos de apelido Pinto Basto, realizou no ano

de 1889 uma exibição contra uma equipa formada por ingleses, jogo este que

teve lugar no Campo Pequeno - local onde atualmente é a praça de touros, em

Lisboa.

A nível de espectadores a assistir à partida foi um êxito e por isso mais

exibições se seguiram a esta. Com esta propagação, os irmãos Pinto Basto,

decidiram formar um clube com a designação de ‘Lisbonense’. Este ato serviu

de mote para a criação de muitos outros clubes não só em Lisboa como

noutros pontos do país - como o Porto, por exemplo. Podemos então afirmar

que, o futebol terá sido a base da organização desportiva e clubística presente

no panorama desportivo nacional. Com este aumento exponencial do interesse

do povo pela modalidade, aquando da Comemoração do Centenário

Henriquino (morte de D. Afonso Henrique) realizou-se a primeira partida entre

Porto e Lisboa.

À semelhança de outros países, o número de praticantes, de clubes e de

espectadores, tinha vindo a aumentar e com tendência para aumentar ainda

mais. Assim sendo, houve a necessidade da criação de uma entidade que

pudesse regular e organizar os clubes e as competições entre eles. Surgiu

assim a Liga Portuguesa de Football, dirigida pelo Dr. Januário Barreto. Apesar

do entusiasmo inicial, após o surgimento de alguns problemas no decorrer do

campeonato, a Liga não resistiu e acabou por ser destituída.

Já em 1910, ano de transição da monarquia para o regime republicano

após uma revolução em outubro iniciada a dia 2 e concluída dia 5 com a

implantação da república, foi também fundada a Associação de Futebol mais

antiga em atividade - a Associação de Futebol de Lisboa.

No ano seguinte, em 1911 foi fundada a Associação de Futebol de

Portalegre e logo após, em 1912, é também fundada a Associação de Futebol

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do Porto que hoje em dia é a maior associação de futebol do país, englobando

cerca de 350 clubes.

Não decorreu muito tempo para a fundação da Federação Portuguesa

de Futebol (FPF) que ocorreu no ano de 1914, (apenas foi dez anos após o

início da FIFA). A FPF, inicialmente designada de União Portuguesa de Futebol

(UPF), foi fundada a 31 de março de 1914 pelas três associações existentes na

altura - Porto, Lisboa e Portalegre.

A U.P.F tinha o objetivo de criar uma seleção nacional, e tenho esse

objetivo em pano de fundo decidiu candidatar-se à FIFA de forma a dar corpo a

esse sonho. Esta candidatura surgiu apenas alguns meses depois da fundação

da União Portuguesa de Futebol. No ano de 1926 a U.P.F. alterou a sua

designação para a que conhecemos atualmente - Federação Portuguesa de

Futebol.

Na época de 1938-39 realizou-se a primeira edição da Taça de Portugal

com moldes semelhantes aos atuais e teve como vencedor a Académica de

Coimbra (Vários, 2010).

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2.3. Organização do Futebol Profissional

2.3.1. A Liga Portuguesa de Futebol Profissional

Com o crescente número de clubes e de equipas seniores profissionais

a participar nas competições organizadas pela Federação Portuguesa de

Futebol, houve a necessidade de, após o 25 de abril de 1974, solucionar

alguns problemas que os clubes começaram a sentir. Estes reuniram-se então

com o mesmo objetivo em comum - a organização de todos e a solução de

problemas comuns dos clubes. Na época de 1970-71 tinha havido um pequeno

esboço do que viria a ser o “produto final” da LPFP, no entanto os problemas e

conflitos existentes entre alguns dos clubes foi atrasando o processo ao longo

dos anos (Serrado & Serra, 2015).

Em 1974 são reunidos novos esforços de onde surge uma comissão de

oito membros de clubes pertencentes à I, II e III Divisão e ainda dos escalões

regionais. As principais preocupações da comissão estariam relacionadas com

as exigências do Sindicato do Jogadores, entre elas a extinção do direito de

opção. No entanto, passado nem um mês, a mesma comissão desmembrou-se

devido ao que diziam ser o desinteresse dos clubes, falta de representatividade

e de competências para tentar solucionar as exigências pretendidas pelo

Sindicato (Serrado & Serra, 2015).

Sem nunca desistir, João Rocha e Américo de Sá, reuniram novamente

os clubes onde propuseram a criação de uma Liga aberta a todos os clubes

praticantes de Futebol. Foi então criada nova comissão com representantes do

F.C. Porto, SL Benfica, SC Portugal, CUF, Farense e Belenenses, que teriam

pela frente a elaboração dos estatutos da Liga. O representante do SL Benfica,

Osvaldo Branco, define o objetivo da Liga como encontrar uma posição que

sirva os interesses dos jogadores e clubes.

Feitos e aprovados os estatutos, a Liga não avançou de imediato devido

à obrigação legal, de para a criação de uma associação, ser necessário um

mínimo de vinte membros associados. Estando a criação da Liga num impasse,

Valentim Loureiro e José António Pinto de Sousa (dirigentes do Boavista F.C.),

reuniram com os clubes da zona norte de Portugal continental, inicialmente da I

Divisão e numa fase posterior da II Divisão, sendo que passado pouco tempo já

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21 clubes teriam aderido à iniciativa podendo então dar seguimento ao

processo.

Com estes novos estatutos, a Liga seria agora apenas aberta a clubes

que possuam nos seus quadros jogadores profissionais, e tinha como

principais objetivos a redução de impostos cobrados sobre o futebol e um

acordo entre os emblemas que modere as elevadas verbas gastas nas

transferências de jogadores, além da negociação com a FPF de questões

relativas ao futebol profissional.

Já na fase final do processo de iniciação da Liga, Pinto de Sousa revela

a lentidão do mesmo, devido à demora por parte dos clubes em enviar a

documentação necessária para a escritura da Liga. Assim sendo, o processo

foi-se adiando até 3 de fevereiro de 1978, dia da assinatura da escritura, que

teve lugar no Porto. Surge então, após alguns anos de sucessivos adiamentos,

a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que seria uma “associação de

âmbito exclusivamente patronal numa clara atitude de resposta à entidade

representativa dos jogadores” (Carvalho, 2009, p. 255).

Sendo agora oficial a formação da Liga, estava na hora de eleger os

seus corpos sociais, sendo que Calisto Gomes, representante do Belenenses,

foi eleito para Presidente da Assembleia Geral. Faltava eleger, no Executivo,

entre sete representantes dos clubes um Presidente. Os clubes que se faziam

representar no Executivo da Liga eram:

Sporting CP;

F.C. Porto;

SL Benfica;

Boavista F.C.;

Riopele;

Beira-Mar;

Sp. de Braga;

Após votação, o representante do F.C. Porto e Boavista, Pôncio

Monteiro e Olímpio Magalhães respetivamente, foram eleitos diretores

delegados, sendo que o primeiro Presidente da Liga Portuguesa de Futebol

Profissional, inicialmente apenas denominada de “Liga de Clubes” foi João

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Aranha, representante do Sporting CP. Os restantes seriam vogais do

Executivo.

Apesar de todos estes avanços e do facto de uma ideia se ter tornado

em algo mais “palpável”, havia ainda alguns (três) clubes reticentes em relação

à Liga, entre eles o Rio Ave F.C..

A Liga começa então a trabalhar no sentido da realização dos objetivos

a que se propôs e fez-se representar no Ministério do Trabalho de forma a

conseguir a regulamentação da atividade dos jogadores de futebol. No entanto,

mesmo após algumas tentativas na esperança de unificar a competição

profissional, o trabalho da Liga nunca teve a total confiança por parte dos

clubes, devendo-se em grande parte às rivalidades entre eles - algo natural no

futebol e também no desporto em geral - intensificadas pelos conflitos Norte-

Sul ou até do jogo de interesses nas transferências de jogadores entre os

vários clubes. Segundo os relatos de Américo de Sá “quer os clubes, quer os

dirigentes, quiseram demais da Liga”, que segundo o mesmo se deveria limitar

à resolução de “dois a três problemas” essenciais.

Após alguns anos de variadas indefinições no que diz respeito aos

propósitos da Liga, foram ultrapassando algumas adversidades como a

constituição de mais duas associações - Associação Nacional de Clubes e a

Confederação Portuguesa de Clubes (Carvalho, 2009). Esta dificuldade

“adicional” que apenas servia para, no fundo, descredibilizar a Liga de Clubes

apenas teve fim em 1988 numa reunião no Buçaco onde se revitalizou a Liga

com a extinção das outras duas associações.

Apenas um ano depois da realização da reunião, ocorreu uma

Assembleia Geral da Liga onde se procedeu à alteração dos seus estatutos

sendo que, passou a ter como fins “a promoção e defesa dos interesses dos

clubes, bem como a organização das competições” passando também a

denominar-se “Liga Portuguesa de Futebol Profissional”, designação que ainda

hoje perdura.

Já em 1990 a publicação da Lei de Bases do Sistema Desportivo (e

alterada pela Lei n.º 19/96, de 25 de junho) veio dar ainda mais força à Liga

Portuguesa de Futebol Profissional, com o Artigo 24.º que refere “No seio de

cada federação unidesportiva cujas modalidades incluam praticantes

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profissionais deve existir um organismo encarregado de dirigir especificamente

as atividades desportivas de carácter profissional, o qual tem de titular

autonomia administrativa, técnica e financeira.” No Artigo 23.º relativo a Liga

Profissional de Clubes no ponto 2. a) referindo-se às competências das Ligas -

“Organizar e regulamentar as competições de natureza profissional que se

disputem no âmbito da respetiva federação, respeitando as regras técnicas

definidas pelos órgãos federativos competentes, nacionais e internacionais;”

Apesar deste “reconhecimento a nível legal”, a Liga Portuguesa de

Futebol Profissional apenas começou a organizar competições profissionais em

Portugal na época de 1995/96, com a organização da I e II Divisão, que são

denominadas atualmente Liga NOS e Ledman LigaPRO.

2.3.2. Competições Profissionais de Futebol

Atualmente a Liga Portuguesa de Futebol Profissional tem sobre a sua

alçada três competições:

I Divisão - Liga NOS;

Liga de Honra - Ledman LigaPRO;

Taça da Liga - Taça CTT;

No entanto, nem todas as equipas/ clubes podem competir nestas Ligas.

O regime de acesso a estas competições é acordado entre a LPFP e a FPF

através de um contrato assinado entre ambas as partes. Esta relação entre as

entidades é regulada através da Lei de Bases da Atividade Física e Desporto

(LBADF), na Subsecção III - Organização das competições desportivas

profissionais, onde no ponto n.º 1 do Artigo 23.º que refere “O relacionamento

entre a federação desportiva e a respetiva liga profissional é regulado por

contrato a celebrar entre essas entidades, nos termos da lei.”. No entanto, uma

vez que as competições são profissionais, o primeiro critério que fará mais

sentido referir, é o facto de os clubes participantes terem de ser profissionais.

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Isto é, a LBAFD atribui grande autonomia à LPFP, quer em termos de

organização de competições, quer na gestão dos clubes e respetiva

regulamentação.

Mas o que distingue uma competição profissional de uma competição

que não seja profissional? No antigo Estado Novo a lógica do regime

desportivo em Portugal, baseava-se na organização das várias modalidades

através das respetivas federações desportivas que, por sua vez, se dividiam

geograficamente em associações distritais/ regionais, conforme podemos

observar no Decreto nº 32.946, de 3 de Agosto de 1943. Aliás, conforme

podemos ler no preâmbulo do Decreto “(…)deseja-se acabar com negócios que

arruínam os clubes e diminuem o desporto e os desportistas. A beleza do

desporto perde-se quando se converte num modo de vida. Às organizações

cabe assegurar aos seus desportistas o condicionamento indispensável ao

pleno rendimento das suas faculdades físicas; mas deve-lhes ser vedado

comprá-los e a estes vender-se.”, podendo-se aqui reparar que na época em

que foi redigido o Decreto, o Estado se oponha a qualquer tipo de

profissionalismo no Desporto, argumentando que esse tipo de “negócio” iria

arruinar as modalidades.

Apenas no ano de 1960 com a publicação da Lei nº 2.104, de 30 de

Maio, o Estado veio a reconhecer legalmente a existência de alguns tipos de

prática profissional no Desporto. A lei distingue os praticantes como sendo

“amadores”, “não amadores” e “profissionais”, sendo que os praticantes

amadores são aqueles que “(…) não recebam remuneração (…) ou qualquer

proveito material (..)” pela prática desportiva. Os atletas “não amadores” seriam

aqueles que, não sendo profissionais, poderão receber “(…) apenas pequenas

compensações materiais (…)” pelo exercício da sua prática desportiva. Por sua

vez os praticantes “profissionais” seriam todos aqueles que são “(…)

remunerados pela sua actividade desportiva.”.

Apesar deste “avanço” na legislação portuguesa, este artigo apenas se

destina a reconhecer “(…)a prática desportiva a profissionais e não amadores

nas modalidades de futebol, ciclismo e pugilismo(…)”, restringindo assim a

prática desportiva profissional a estas três modalidades. Durante todo este

período em que o regime ditatorial vigorou em Portugal, não mais se escreveu,

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nem tão pouco foi debatida a hipótese de alargar a prática desportiva

profissional para as outras modalidades, sendo que vivemos então largos anos

com apenas três modalidades reconhecidas como “profissionais” e todas as

outras como “amadoras”.

Após o 25 de Abril de 1974, começou a haver uma maior abertura por

parte dos legisladores em relação à questão do profissionalismo no Desporto.

No entanto, não sendo um assunto considerado como prioritário, apenas em

1990, com a redação da Lei de Bases do Sistema Desportivo, o Sistema

Desportivo Português levou uma grande reviravolta com o facto de ser

reconhecido o carácter profissional a todas as federações unidesportivas pois

no Artigo 24.º relativo ao Desporto profissional no seio das federações, ao

referir que “No seio de cada federação unidesportiva cujas modalidades

incluam praticantes profissionais deve existir um organismo encarregado de

dirigir (…)”, não se limita a referir às modalidades de futebol, ciclismo e

pugilismo, referindo-se a “cada” federação que possua praticantes

considerados profissionais.

Três anos depois, houve a necessidade de os organismos criados para

os fins relatados anteriormente, fossem reconhecidos legalmente de forma a

que a sua existência fosse mais especifica e não houvesse conflito de funções

entre as Federações Desportivas e os tais organismos encarregados da secção

profissional das modalidades. Assim, podemos ver no Decreto-Lei n.º 144/93

de 26 de Abril que refere que as federações em que a modalidade se dispute

sob a forma de competição profissional “(…)deve ser constituído um organismo

dotado de autonomia administrativa, técnica e financeira, integrado, obrigatória

e exclusivamente, pelos clubes ou sociedades com fins desportivos federados

que participem em tais competições.” e ainda que cabe a este mesmo

organismo exercer as competências da sua federação a nível de “(…)

organização, direção e disciplina (…)” dando assim ao organismo constituído

para regular as competições profissionais, quase o controlo total sobre as

mesmas.

Também neste Decreto-Lei se definiram os critérios para os pedidos de

reconhecimento das competições profissionais em que a aprovação ou não das

mesmas caberia “(…) ao Conselho Superior de Desporto reconhecer, (…), o

carácter profissional de cada modalidade (…)”. Este pedido de reconhecimento

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poderia ser feito por “(…) qualquer clube ou agrupamento de clubes (…)” que

estejam inscritos na Federação da sua modalidade apresentando os elementos

seguintes:

“Massa salarial média dos praticantes e treinadores (…);

Limites mínimos dos orçamentos (…);

Volume médio de negócios correspondente à competição (…);

Número médio significativo de espectadores (…);

Percentagem média de autofinanciamento dos clubes ou

sociedades desportivas;”

Em 1996, com a Lei n.º 19/96, que serviu como revisão da Lei de Bases

do Sistema Desportivo, foram alterados os estatutos da Liga, que apesar de ser

um organismo autónomo da Federação e com autonomia administrativa,

técnica e financeira, passou também a ter personalidade jurídica, ao contrário

da antiga Lei em vigor onde a mesma não era mencionada.

Foram também revistas as competências da Liga sendo que terá a

responsabilidade de “organizar e regulamentar as competições de natureza

profissional”, controlar e supervisionar os “clubes seus associados” e também

“gerir o específico sector da arbitragem”. De modo a salvaguardar as restantes

competências do anterior organismo autónomo e agora definido como Liga

Profissional de Clubes, o mesmo artigo refere que cabe à Liga “Exercer as

demais competências que lhes sejam atribuídas por lei ou pelos estatutos

federativos.”.

Apenas um ano depois da publicação da Lei n.º 19/96, houve a

necessidade de se definir o que seriam consideradas competições desportivas

profissionais e quais seriam reconhecidas ou não como tal. Assim sendo o

Decreto-Lei n.º 111/97 de 9 de Maio, considerou “(…) indispensável adequar o

regime jurídico das federações titulares do estatuto de utilidade pública

desportiva aos novos princípios constantes desta lei, através da qual— como é

sabido — se institucionalizou definitivamente a liga profissional de clubes como

órgão autónomo daquelas federações para o desporto profissional.” Uma vez

que, no caso do Futebol, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional já teria

iniciado a organização de competições profissionais na época de 1995/96, o

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mesmo documento definiu que “Enquanto não estiverem reconhecidas, nos

termos legais, as competições profissionais de futebol, são consideradas como

tal (…) as relativas à I Divisão e II Divisão de Honra do Campeonato Nacional

de Futebol.”

Já no ano de 1999, o Conselho de Ministros em funções, reconheceu

que as normas para a qualificação de determinadas competições de natureza

profissional, não estariam a produzir os efeitos pretendidos suscitando “(…)

dúvidas de interpretação que ora se procuram eliminar.”

Foi então elaborado o Decreto-Lei n.º 303/99 de 6 de Agosto, onde se

referem os parâmetros definidos para o pedido de reconhecimento da

competição desportiva profissional, sendo eles:

“a) Número mínimo e máximo de clubes ou sociedades desportivas

participantes na competição desportiva profissional por divisão ou escalão;

b) Limite mínimo da massa salarial anual dos praticantes e treinadores de cada

clube ou sociedade desportiva no total do respectivo orçamento;

c) Limite mínimo do orçamento autónomo de cada clube para a respectiva

competição desportiva profissional ou do orçamento de cada sociedade

desportiva;

d) Média do número de espectadores por cada jogo realizado no âmbito da

competição;

e) Requisitos mínimos das instalações desportivas a utilizar por cada clube ou

sociedade desportiva, designadamente quanto ao número de lugares sentados

individuais e normas de segurança nos termos da Lei n.º 38/98, de 4 de

Agosto.”

Para clarificar ainda mais a situação, foram também definidos os critérios

sob os quais os parâmetros enunciados se deveriam fundamentar:

“a) Importância económica da competição;

b) Dimensão social da competição;

c) Importância da mesma no contexto desportivo nacional;

d) Efeitos da participação em competições internacionais;

e) Nível técnico da competição;

f) Existência de vínculos contratuais entre os clubes ou sociedades desportivas

e os praticantes, nos termos da Lei n.º 28/98, de 26 de Junho.”

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Ao longo do documento vão sendo clarificados os restantes aspetos

relacionados com o reconhecimento como “Remuneração dos praticantes e

treinadores”, “Emissão de parecer”, “Reconhecimento oficioso” e está presente

um capítulo referente à organização em si das competições profissionais.

À semelhança do documento anterior, visto que haveria competições

profissionais que já se estariam a desenvolver, o presente decreto afirma que

“Enquanto não estiverem fixados os parâmetros para as competições

desportivas profissionais, nos termos do presente diploma, são considerados

como tal os campeonatos de futebol da I Divisão e II Divisão de Honra e o

Campeonato da Liga Profissional de Basquetebol.” onde para além do Futebol,

também está abrangida a modalidade de Basquetebol.

Após a redação deste documento, a Assembleia da República apenas

se voltou a debruçar mais a sério na questão no ano de 2007, ano da

publicação da renovada Lei de Bases da Atividade Física e do Desporto. Neste

documento, a Subsecção III refere-se exclusivamente à Organização das

competições desportivas profissionais. Onde, inicialmente são revistas as

competências relativas às Ligas Profissionais, que agora passam por:

“a) Organizar e regulamentar as competições de natureza profissional,

respeitando as regras técnicas definidas pelos competentes órgãos federativos

nacionais e internacionais;

b) Exercer, relativamente aos seus associados, as funções de controlo e

supervisão que sejam estabelecidas na lei ou nos respectivos estatutos e

regulamentos;

c) Definir os pressupostos desportivos, financeiros e de organização de acesso

às competições profissionais, bem como fiscalizar a sua execução pelas

entidades nelas participantes.”

Neste documento há ainda referências à relação entre a federação

desportiva e a liga profissional da modalidade respetiva (tal como já foi

mencionado no início do capítulo), a regulamentação das competições

profissionais (que serão da competência da liga profissional) e também da

disciplina e arbitragem das competições.

Em 2013 esta lei foi alterada pela Lei n.º 74/2013, de 6 de setembro,

onde uma das grandes alterações foi a criação do Tribunal Arbitral do Desporto

(TAD), que se trata de uma “entidade jurisdicional independente” e que “tem

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competência específica para administrar a justiça relativamente a litígios que

relevam do ordenamento jurídico desportivo ou relacionados com a prática do

desporto”.

Deste modo, podemos observar que ao longo dos anos, a legislação

portuguesa teve de se ir adaptando e moldando às necessidades que foi

encontrando com a atribuição de nova legislação. Sempre que se observa

alguma lacuna no sistema desportivo, este tem a capacidade de ser alterado

de forma a ir o máximo possível de encontro à perfeição que melhor se adequa

a todos os interessados no momento.

2.3.3. Agentes Desportivos - Jogadores, dirigentes, empresários

Cada vez mais existem agentes desportivos que vão surgindo com a

evolução do conceito de “Desporto Profissional”. O caso dos empresários dos

jogadores, por exemplo, que começaram a surgir devido aos contratos e

transferências de jogadores.

Assim sendo, também a legislação foi ao longo dos anos, sujeita a

alterações de modo a dar resposta a todas as situações que foram surgindo no

panorama desportivo nacional.

Neste ponto, vamos ver que essas alterações foram surgindo de acordo

com o aparecimento de novos agentes desportivos com influência direta ou

indireta no futebol profissional.

Como já foi referido anteriormente, o Estado Português apenas

reconheceu o profissionalismo no Desporto em 1960, e por isso faz sentido

começar a analisar a legislação disponível apenas a partir desse ano.

Deste modo, e começando pelo agente desportivo que será considerado

o mais importante, ou seja, os jogadores/ praticantes, que na Lei n.º 2.104 de

30 de Maio de 1960 foram distinguidos em três categorias: “amadores, não

amadores e profissionais”, apesar de só admitir a existência de atletas não

amadores ou profissionais nas modalidades de futebol, ciclismo ou boxe.

Todos e quaisquer contratos que possam existir relativamente a praticantes

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profissionais deverão ser “obrigatoriamente reduzidos a escrito e registado nas

respetivas federações” sendo que, deve constar nos mesmos os “direitos e

obrigações dos interessados (…) e quaisquer outras condições que não

contrariem as disposições legais em vigor”.

No ano de 1990, com a publicação da Lei de Bases do Sistema

Desportivo o Estado afirma no artigo 14.º que estimula a “prática desportiva e

presta apoio aos praticantes desportivos”.

No mesmo artigo, mas no ponto 3, é referido novamente o estatuto de

praticante desportivo uma vez que este será definido “de acordo com o fim

dominante da sua atividade, entendendo-se como profissionais aqueles que

exercem a atividade desportiva como profissão exclusiva ou principal”. Apesar

disso, o regime jurídico destes praticantes profissionais será definido em

diploma próprio, tendo em conta as entidades representativas e as federações

desportivas em causa, já não havendo aqui qualquer distinção a nível da

modalidade.

Apenas no ano de 2007 com a publicação da Lei de Bases da Atividade

Física e Desporto, se voltou a falar nos praticantes desportivos. Nesta Lei de

Bases, é definido novamente o estatuto de praticante desportivo (que não sofre

alterações) e também o regime jurídico dos mesmos onde a única alteração

efetuada é a inclusão das “entidades sindicais representativas dos

interessados”.

Em relação a este regime jurídico que é referido, foi publicado a 18 de

Novembro o Decreto-Lei n.º 305/95, onde se define que um contrato de

trabalho desportivo é aquele “pelo qual o praticante desportivo se obriga,

mediante retribuição, a prestar actividade desportiva a um sujeito que promova

ou participe em actividades desportivas, sob a autoridade e a direcção desta”.

Para além disso, é referido que apenas podem celebrar contratos de

trabalho desportivo a partir dos 16 anos de idade, sendo que enquanto for

menor, o contrato terá de ser subscrito pelo seu representante legal.

No sentido de proteger o jogador, o mesmo decreto-lei prevê ainda a

utilização dos direitos de imagem do mesmo referindo que “Todo o praticante

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desportivo profissional tem direito a utilizar a sua imagem pública ligada à

prática desportiva e a opor-se a que outrem use ilicitamente para exploração

comercial ou para outros fins económicos.”.

A Lei n.° 28/98 de 26 de Junho (Alterada pela Lei n.º 114/99, de 3 de

Agosto) vem estabelecer um maior rigor ao regime jurídico do contrato de

trabalho do praticante desportivo que estaria em vigor. Este documento

começa logo por estabelecer uma definição mais completa de um contrato de

trabalho desportivo onde, em relação à definição anterior esclarece o “sujeito”

que “promove ou participa em actividades desportivas” como uma “pessoa

singular ou coletiva”.

É estabelecida também a definição de um praticante desportivo

profissional, sendo então “aquele que, através de contrato de trabalho

desportivo e após a necessária formação técnico-profissional, pratica uma

modalidade desportiva como profissão exclusiva ou principal, auferindo por via

dela uma retribuição”.

No mesmo documento, são referidos também os direitos e deveres quer

da entidade empregadora quer do praticante, que estarão na sua génese

direcionadas para a prática desportiva destacando na parte da entidade o

dever de “Proporcionar aos praticantes desportivos as condições necessárias à

participação desportiva, bem como a participação efetiva nos treinos e outras

atividades preparatórias ou instrumentais da competição desportiva” e do atleta

a necessidade de “Prestar a atividade desportiva para que foi contratado,

participando nos treinos, estágios e outras sessões preparatórias das

competições com a aplicação e a diligência correspondentes às suas

condições psicofísicas e técnicas e, bem assim, de acordo com as regras da

respetiva modalidade desportiva e com as instruções da entidade empregadora

desportiva”.

Para além do que foi aqui referido, o documento contempla todos os

parâmetros necessários para a elaboração de um contrato de trabalho

desportivo.

No entanto, ao falarmos de agentes desportivos não nos podemos cingir

apenas aos praticantes, que apesar de serem fundamentais, não são únicos.

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Há muitos outros que trabalham na “sombra” dos atletas de forma a que todo o

sistema existente em redor destes possa funcionar para que não falhe nada.

Iremos falar agora no exemplo dos dirigentes desportivos e dos empresários

desportivos.

O caso dos empresários de jogadores, que será uma atividade que cada

vez mais está em expansão e na senda dessa expansão foi-se tornando mais

evidente a necessidade de regulamentar a mesma.

Este setor foi aparecendo e desenvolvendo a par da profissionalização

do Futebol, e foi crescendo cada vez mais quando se começou a perceber que

se poderiam obter bastantes rendimentos a partir da negociação de jogadores.

Na década de 80 e início dos anos 90 e anos a legislação existente não

era ainda muito clara no que diz respeito aos contratos dos jogadores com os

clubes e também relativamente às transferências dos jogadores. Assim, a

legislação existente protegia os clubes e no fundo impedia a livre circulação

dos jogadores pela Europa, quase como se o clube fosse o “dono” destes,

tendo quase a totalidade do poder no que concerne aos contratos dos

jogadores.

Por outro lado, em Portugal, não havia tantos condicionalismos e nada

impedia que um jogador com ou sem contrato assinasse por outro clube sem

que esta transição envolvesse qualquer pagamento ao clube “lesado”. Nos

anos oitenta, Futre abandonara o Sporting rumo ao Porto, em sentido inverso

ao de Jaime Pacheco e Sousa que chegavam entretanto a Alvalade. Rui Águas

passara para as Antas com Dito, sem o Benfica ver a cor de um

tostão. Figo mudara-se para Barcelona, e o clube catalão só pagara algo

ao Sporting, para poder manter as boas relações que sempre tinham existido

entre os dois clubes15.

Todo este cenário começou a mudar no final da época 1989-1990

aquando da cessação do contrato entre o R.F.C. Lìege (clube que na altura

competia na Primeira Divisão Belga) e Jean-Marc Bosman (futebolista bela)

devido a este jogador se recusar a reduzir o seu salário em 75%. Na sequência

15 Disponível em: https://www.zerozero.pt/text.php?tp=12&nchapter=5&redirm=1. Consultado a 20 de Maio de 2017

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desta cessação o jogador é colocado na lista de jogadores transferíveis,

havendo um clube interessado na contratação de Bosman - os franceses do

Dunkerque. No entanto, o clube belga fixa um preço demasiado elevado para a

libertação do jogador o que levou Bosman a mover uma ação judicial contra o

seu clube atual. Enquanto decorria o processo, o jogador ficou sem jogar e foi

posto a treinar de parte. Entretanto, ainda no ano de 1990, o tribunal dá razão a

Bosman e este assina por um outro clube e volta a jogar. Apesar da primeira

vitória, o R.F.C. Lìege recorreu da decisão, o que levou Bosman a ficar

temporariamente suspenso das suas atividades.

A situação foi-se arrastando e com ela foram entrando outras

“personagens” como é o caso da FIFA e da Federação Belga. Apenas em

junho de 1995 o caso chega ao Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE)

onde Bosman reclamava uma indeminização referente ao tempo em que

esteve sem jogar e sem receber ordenado. Em dezembro do mesmo ano o

TJUE considerou ilegais as "indemnizações de transferência", pagamento

exigido no caso de uma transferência por parte do clube de origem ao clube de

destino do jogador, não obstante já ter terminado o contrato que vinculava o

jogador com o clube de origem, dando assim razão a Bosman.

A partir deste momento o mundo do “negócio” do Futebol mudou

completamente e foi aqui que começaram a surgir as “cláusulas de rescisão”

nos contratos dos jogadores, que começariam a auferir salários maiores devido

à possibilidade de mudarem de clube a qualquer momento, o que fez com que

os contratos passassem a ser de maior duração. Aqui, os empresários

começaram a ter um papel mais ativo no processo de gestão de carreira e de

contratos dos jogadores.

Em Portugal, surge em 1998 a primeira definição de empresário

desportivo com a publicação da Lei n.°28/98 de 26 de Junho onde refere que

entende-se por empresário desportivo “a pessoa singular ou coletiva que,

estando devidamente credenciada, exerça a atividade de representação ou

intermediação, ocasional ou permanente, mediante remuneração, na

celebração de contratos desportivos”. Ainda na mesma lei no capítulo IV

referente aos empresários desportivos, no artigo 23.º que os empresários “(…)

devem registar-se como tal junto da federação desportiva da respetiva

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modalidade(..)”, sendo que se na federação em causa “(…) existam

competições de carácter profissional o registo (…) será igualmente efetuado

junto da respectiva liga.”. Para além disso, o documento refere-se ainda às

remunerações dos empresários que deverão ser pagas apenas pela “(…) parte

que representam.”, ou caso esteja previsto no contrato o montante máximo

recebido é fixado nos 5% do montante global do contrato e ainda às limitações

da atividade proibindo-a a entidades como as sociedades desportivas, clubes,

dirigentes, etc…

A 10 de dezembro de 2000 o Comité Executivo da FIFA reúne-se para

no ano seguinte publicar o “Players’ Agent Regulations” que servirá para

“regulamentar a atividade dos agentes dos jogadores que negoceiam as

transferências dos jogadores dentro da mesma federação nacional ou de uma

federação para outra”. No mesmo documento, é referido que cada Associação

é obrigada a elaborar um regulamento próprio seguindo as indicações do

documento e que posteriormente deverá ser aprovado pela FIFA.

Neste documento podemos observar o avanço da profissão pois, logo no

primeiro artigo referente às regras gerais, é relatado que os empresários

desportivos deverão ser possuidores de uma licença emitida pela sua

Federação de forma a legitimar os seus serviços. É referido ainda que, para a

obtenção dessa licença os candidatos deverão enviar para a sua Federação

uma candidatura escrita e que se esta for válida deverão ser chamados pela

Federação de forma a serem sujeitos a um teste escrito.

O presente documento refere não só os direitos e deveres dos

empresários mas também dos próprios jogadores e clubes envolvidos.

Voltando a Portugal e no ano de 2004 com a publicação da Lei de Bases

do Desporto, voltam os empresários desportivos a ser referidos no Artigo 37.º

onde a sua definição se manteve inalterada acrescentando-se apenas que os

empresários não poderão “(…) agir em nome e por conta de um praticante

menor de idade.”, referindo-se ainda que o regime jurídico da atividade se

encontra em diploma próprio.

Apenas 4 anos depois, a FIFA elabora uma atualização do documento

emitido em 2008 - o “Players’ Agent Regulations”. Uma das grandes alterações

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foi a obrigatoriedade de se renovar a licença de 5 em 5 anos, o que forçaria os

agentes a efetuar novo exame quando o período da licença termine.

Esta medida provocou uma grande indignação no setor pois segundo o

Presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol "Todos fizemos

esses exames, e na altura foi-nos dito que a licença atribuída era vitalícia", e

prometeram avançar para uma eventual impugnação do documento.

Apesar da revolta o documento entrou em vigor no dia 1 de janeiro de

2008, sabendo-se de antemão que iria ter uma “vida curta”. E assim foi, em

2014 a FIFA aprovou o Regulations on Working with Intermediaries chegando

assim o fim, já há muito anunciado, dos chamados “agentes FIFA”.

Uma das grandes mudanças é o nome com o qual é definida a atividade,

passando agora a chamar-se de “intermediários” e segundo o documento FIFA

um intermediário é aquele que “(…) por cobrança ou de forma gratuita,

representa jogadores e/ou clubes tendo em vista a conclusão de um contrato

de trabalho desportivo, ou representa clubes tendo em vista a conclusão de um

acordo de transferência”16.

Segundo a FIFA, esta tem “a responsabilidade de melhorar

constantemente o jogo de futebol e salvaguardar a sua integridade a nível

mundial. Assim um dos principais objetivos da FIFA é promover e salvaguardar

os padrões éticos nas relações entre os jogadores, clubes e terceira parte.

Mais especificamente a FIFA pretende proteger os jogadores e clubes de

estarem envolvidos em práticas antiéticas ou ilegais no contexto da celebração

de contratos de trabalho ou de transferência.” Posto isto, a FIFA enumera no

documento um guia para as Federações, esquecendo no fundo o licenciamento

da profissão, apostando assim no controlo da mesma e passando para as

Federações o poder de controlar e legislar os intermediários do seu país.

No documento são elaborados alguns requisitos mininos a adotar pelas

Federações, como o registo dos intermediários nas mesmas ou a percentagem

de pagamento aos agentes, mas cabe a cada Federação controlar e

estabelecer um documento próprio para a atividade.

16 Traduzido do Inglês

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Em 2015 a FPF publicou o “Regulamento de Intermediários”, onde ainda

em relação ao último parágrafo, podemos ler que “Em caso de conflito entre o

presente Regulamento e o Regulations on Working with Intermediaries da

FIFA, prevalece o presente Regulamento”, podendo então concluir o poder das

Federações no que diz respeito à regulamentação da atividade dos

intermediários.

O objeto do documento é claro: pretende estabelecer normas para

regular a contratação dos serviços de um Intermediário por parte de um jogador

ou clube na celebração ou renovação de um contrato ou na transferência

definitiva ou temporária de um jogador.

É então definido o intermediário, sendo este a “(…) pessoa singular ou

coletiva que, com capacidade jurídica, contra remuneração ou gratuitamente,

representa o jogador ou o clube em negociações, tendo em vista a assinatura

de um contrato de trabalho desportivo ou de um contrato de transferência.”.

São também elaborados os requisitos para o registo dos intermediários

sendo que este poderá ser requerido com a duração de uma época desportiva,

no máximo. Para efetuar o registo ou a sua renovação a pessoa individual ou

coletiva terá de pagar a taxa de 1.000€.

A FPF também passa a responsabilidade aos jogadores e clubes de

aquando da contratação dos serviços de um intermediário são estes que se

deverão certificar que o mesmo se encontra registado na FPF. Com esta

medida a FPF pretende que os clubes e os jogadores tenham um papel mais

ativo na prevenção e controlo da atividade dos intermediários, pois ficarão

obrigados a registá-los na respetiva associação relativamente a cada contrato

celebrado, nos quais os intermediários farão parte obrigatoriamente.

Os clubes e agentes passarão, pois, a colaborar de forma ativa na

fiscalização da atividade dos intermediários que contratem, passando a ter

poderes para solicitar toda a informação contratual relevante e a ser

sancionados pelas faltas daqueles.

Desde 2015 que o Regulamento se mantém e parece que a atividade

dos intermediários está controlada, não havendo por isso perspetiva de

alterações num futuro próximo.

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Para acabar o capítulo dos agentes desportivos, irei agora referir-me aos

dirigentes desportivos/ gestores do desporto. No entanto a informação

disponível relativamente a esta atividade é escassa conforme iremos observar.

Se consultarmos a LBAFD, no seu artigo 36.º referente a “Titulares de

cargos dirigentes desportivos” onde apenas consta a seguinte frase: “A lei

define os direitos e deveres dos titulares de cargos dirigentes desportivos.” No

entanto, relativamente aos gestores do desporto, a legislação portuguesa não

reconhece como profissão não prevendo por isso um regime jurídico da

mesma.

Será por um lado compreensível, uma vez que é uma atividade que tem

vindo a surgir nos últimos anos com mais frequência, no entanto, devido ao

aumento progressivo dos gestores do desporto - havendo inclusive inúmeros

cursos superiores dedicados à atividade - acredito que já se justificava a

reflexão sobre o setor, havendo uma legislação própria para a proteção da

atividade.

2.3.4. Clubes Desportivos e Sociedades Desportivas

Como podemos observar anteriormente em relação às competições

desportivas profissionais, nem qualquer entidade que se dedique à prática

desportiva tem acesso a participar nestas competições. Neste capítulo iremos

aprofundar um pouco as diferenças entre os clubes desportivos e as

sociedades desportivas e também qual destes poderá ter lugar na participação

em competições desportivas profissionais.

Apenas em 1990, já com um avanço significativo no panorama

desportivo profissional em Portugal, se começou a falar na distinção entre

clubes desportivos e sociedades desportivas que há data eram definidos como

“sociedades com fins desportivos”, sendo que estes últimos só nesse ano

surgiram na legislação. Assim na Lei n.º 1/90 de 13 de Janeiro, que dá pelo

nome de Lei de Bases do Sistema Desportivo, que teria como objetivo

estabelecer “(…) o quadro geral do sistema desportivo (…)”, podemos então

observar no Artigo 20.º “Clubes desportivos e sociedades com fins desportivos”

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no ponto 1 define um clube desportivo como “(…) pessoas colectivas de direito

privado cujo objecto seja o fomento e a prática directa de actividades

desportivas e que se constituam sob forma associativa sem fins lucrativos, nos

termos gerais de direito.”. Passando para o ponto 3 do mesmo artigo que refere

que “A participação de clubes desportivos em actividades de natureza

predominantemente comercial sem incidência directamente desportiva é

condicionada (…)”, ou seja, à data um clube desportivo poderia participar em

competições profissionais, ainda que de forma condicionada.

Por outro lado, no ponto 2 do Artigo 20.º, fala numa “legislação especial”

para aqueles clubes que optarem por promover e constituir uma sociedade com

fins desportivos “(…) para o efeito de proverem a necessidades específicas da

organização e do funcionamento de sectores da respectiva actividade

desportiva.” sendo que estas “necessidades específicas” estarão relacionadas

com a profissionalização do sistema desportivo. Apesar destas definições e da

preocupação em tentar separar os clubes das sociedades, e as competições

desportivas profissionais e não profissionais, a lei não era muito clara

relativamente a esses pontos e acabou por gerar alguma confusão junto da

comunidade.

No ano de 1995 é então publicado o regime jurídico das sociedades com

fins desportivos, onde se começa por alterar o nome para sociedades

desportivas por ser mais simples que o termo anterior.

Começando então por definir sociedade desportiva como “(…) uma

pessoa colectiva de direito privado, criada por um clube desportivo, que tem

por objecto a participação em actividades e competições desportivas de

carácter profissional de uma determinada modalidade (…)”. Um dos pontos que

gerou alguma indignação, foi referente à distribuição dos lucros que deveriam

“(…) reverter para beneficio da actividade desportiva geral do clube.” Retirando

assim um dos principais atrativos para a constituição de uma sociedade, que

seria a distribuição dos lucros pelos seus sócios.

Em 1996 há uma revisão da LBSD, onde será melhor detalhada a

questão dos clubes desportivos que participem em competições profissionais

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sob a forma associativa ou societária, mas sem nunca tocar no assunto da

distribuição de lucros.

A primeira alteração dá-se logo na definição de clube desportivo, onde

há a divisão de clubes desportivos que participem ou não em competições

desportivas profissionais. Inicialmente, há uma definição geral de clube

desportivo onde é referido apenas que são “(…) pessoas colectivas (…) que

tenham como escopo o fomento e a prática de actividades desportivas.”. No

ponto imediatamente seguinte, é definido um clube desportivo que não

participe em competições desportivas profissionais tendo estes de se constituir

“(…) sob forma associativa sem fins lucrativos.”.

De seguida, é então definido o regime dos clubes que participem em

competições desportivas profissionais. No entanto, nesta fase são dadas

opções aos clubes podendo estes optar por “(…) adoptar a forma de sociedade

desportiva com fins lucrativos, ou o regime de gestão(…)”, este último

mantendo a forma de clube desportivo mas com algumas regras visando a

transparência e rigor na sua gestão.

Contudo, este modelo desportivo não agradou novamente, pois logo no

ano seguinte - 1997 - houve uma vez mais uma revisão visando substituir o

diploma de 1995 com o Decreto-Lei N.º 67/97, de 3 de Abril.

Na sequência deste diploma, os clubes poderiam optar igualmente entre

constituir uma sociedade anónima desportiva, com a obtenção de lucro como

fim, ou a manutenção do estatuto de clube mas com o regime especial de

gestão.

Uma das alterações propostas foi a classificação da sociedade

desportiva como sendo uma sociedade anónima, mantendo-se como objeto a

participação em competições desportivas profissionais. É referido que uma

sociedade anónima desportiva pode resultar a partir “da transformação de um

clube desportivo”, “da personalização jurídica das equipas” ou mesmo “da

criação de raiz” da mesma tendo, em qualquer um dos casos, o objetivo de

participação em competições de natureza profissional.

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Um “clube desportivo que tiver optado por constituir uma sociedade

desportiva (…) não pode voltar a participar nas competições desportivas de

carácter profissional a não ser sob este novo estatuto jurídico” o que fazia com

que todos os clubes que pretendessem mudar, tivessem de avaliar

criteriosamente essa possibilidade, dado o facto de a transformação ser

irreversível.

A sociedade anónima desportiva seria regida por regras semelhantes às

sociedades anónimas, mas com especificidades decorrentes das exigências da

atividade desportiva (Ribeiro, 2015).

No mesmo documento são estabelecidos também os capitais sociais

mínimos paras as sociedades desportivas que participem na 1ª e na 2ª divisão.

Por outro lado, os clubes que não optassem por assumir o formato de

sociedade desportiva, ficariam sujeitos a um regime especial de gestão que

visava sobretudo a responsabilização dos seus dirigentes permitindo deste

modo uma transparência contabilística, devido também à obrigatoriedade da

adoção de um revisor oficial de contas ou de uma sociedade revisora de

contas, segundo é possível ler no Artigo n.º 41 do Decreto-Lei referido.

Houve, no entanto, uma fraca adesão dos clubes relativamente à

formação de sociedades desportivas, pois as alterações efetuadas não foram

consideradas satisfatórias, uma vez que existiriam desigualdades evidentes

entre as entidades que teriam optado pela transição para a forma societária e

aqueles que decidiram pela manutenção o regime especial de gestão.

Para pôr termo às desigualdades apontadas pelos clubes, em 2013 foi

redigido o Decreto-Lei n.º 10/2013, pondo fim a uma “(…) desigualdade

relativamente a entidades desportivas que haviam assumido uma forma jurídica

societária (…)” quando comparadas com os clubes sujeitos ao regime especial

de gestão. Desta forma, o documento vem impor que “(…) a participação em

competições desportivas profissionais se concretize sob a forma societária -

extinguindo-se assim o regime especial de gestão (…)”.

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No entanto, há uma grande novidade… Os clubes ao assumir a forma de

sociedade desportiva, poderão agora, eleger a forma de Sociedade Anónima

Desportiva (SAD) ou Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ,

Lda.).

2.3.5. SAD´s e SDUQ’s

Foi então no ano de 2013 que se deu uma grande mudança no que diz

respeito à organização do sistema desportivo profissional em Portugal.

Primeiro, relativamente à obrigatoriedade por parte dos clubes em formar

sociedades desportivas caso pretendam participar em competições desportivas

profissionais. Segundo, relativamente ao aparecimento de um novo tipo de

sociedade desportiva que seria a Sociedade Desportiva Unipessoal por

Quotas.

Há inúmeras diferenças entre uma Sociedade Anónima e uma

Sociedade Unilateral por Quotas, desde logo a sua natureza e os sócios

constituintes das mesmas. Também relativamente ao capital social mínimo

para a sua formação há disparidade quer seja da 1ª ou 2ª Liga, e ainda para o

aumento do mesmo.

Neste ponto vamos detalhar um pouco as diferenças entres as

sociedades, e posteriormente analisar o Decreto-Lei n.º 10/2013, de 25 de

janeiro, tentando assim perceber o que levou um clube como o Rio Ave F.C. a

optar pela SDUQ e não pela SAD,.

Começando pela forma como se dividem ambas as sociedades, ou seja,

as suas ações, podemos desde logo notar uma grande diferença existente

entre a SAD e SDUQ. Enquanto que numa Sociedade Unipessoal por Quotas o

seu capital deve ser “(…) representado por uma quota indivisível que pertence

integralmente ao clube fundador.”, numa Sociedade Anónima as ações estão

divididas em duas categorias: A e B. As de categoria A são “(…) as que se

destinam a ser subscritas pelo clube fundador (…)” e as de categoria B “(…) as

restantes,”, estando estas disponíveis para ser adquiridas por qualquer

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acionista, não estando os mesmos obrigados a revelar a sua identidade (e daí

o nome de Sociedade ANÓNIMA Desportiva), de acordo com o n.º2 do artigo

5.º que refere que “As ofertas públicas de ações das sociedades desportivas

são reguladas pelo Código dos Valores Mobiliários, com as devidas

adaptações ao respetivo objeto e especificidade.”.

De acordo com o capital social de cada uma das sociedades, podemos

observar as diferenças no Artigo 7.º, não podendo ser inferior a € 1 000 000 ou

€ 250 000, para as sociedades desportivas que participem na 1.ª Liga,

consoante adotem o tipo de sociedade anónima ou de sociedade unipessoal

por quotas ou no caso de participarem na 2ª Liga está fixado € 200 000 ou € 50

000, consoante adotem o tipo de sociedade anónima ou de sociedade

unipessoal por quotas.

Passando agora para a diferença que para mim, terá um peso mais

significativo aquando das decisões de se formar SAD ou SDUQ - cada vez

mais nos tempos que correm - que será relativamente ao aumento de capital

para cada uma das sociedades. Enquanto que, numa SAD o aumento de

capital pode ser realizado com a aquisição de ações por parte de um investidor

seja ele anónimo ou não, estando sujeitos a diversos parâmetros auferindo à

sociedade desportiva um poder maior sobre o seu investimento externo ou

interno, numa SDUQ o mesmo já não acontece.

Uma SDUQ, como já foi referido, apenas apresenta um único sócio que

é o clube fundador. Assim o seu capital social é “(…) representado por uma

quota indivisível que pertence integralmente ao clube fundador.”, sendo que

será “(…) ilícito à sociedade desportiva unilateral por quotas realizar operações

de aumento de capital com a participação de terceiros.”. Deste modo há uma

grande limitação por parte das SDUQ’s que não lhes permite o investimento

externo, ou seja, havendo um aumento de capital terá de participar “(…)

exclusivamente o sócio único (…)”, o que hoje em dia pode significar uma

perda de competitividade por parte dos mesmos em relação às SAD’s.

Em relação ao aumento de capital das SAD há também uma série de

normas que regulam o aumento de capital nas mesmas, como é referido no

Artigo 17.º que passo a transcrever:

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“1 - Nos aumentos de capital das sociedades anónimas desportivas têm

direito de preferência os que já forem acionistas da sociedade e os associados

do clube fundador, se for caso disso, nos termos determinados pelos estatutos

da sociedade.

2 - Caso a sociedade anónima desportiva seja constituída, nos termos

das alíneas b) e c) do artigo 3.º, com apelo a oferta pública, têm direito de

preferência, na subscrição ou aquisição de participações sociais, os associados

do clube em transformação ou fundador que, em assembleia geral, devem

graduar esse direito de preferência em função da titularidade dos seus direitos

de voto.

3 - A subscrição pelo público em geral pode ser feita em condições mais

onerosas do que as estabelecidas para a subscrição por associados do clube

em transformação ou fundador.”

Deste modo conseguimos perceber as restrições ou não quer das SAD’s

quer das SDUQ’s, dando a conhecer os principais fatores que possam ter

influenciado os clubes aquando da tomada de decisão entre um ou outro

modelo.

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Capítulo 3 - Realização da prática profissional

3.1. Descrição das Atividades

Passando agora para parte onde irei relatar mais pormenorizadamente

aquilo que foi o estágio propriamente dito, descrevendo as atividades

desenvolvidas ao longo do mesmo.

Queria antes de começar, deixar a ideia que este estágio no

Departamento de Futebol Profissional do Rio Ave F.C. foi das experiências

mais enriquecedoras que tive a nível profissional / curricular. Excedeu todas as

minhas expectativas desde logo pela abertura que o Departamento teve

comigo, que por se tratar de um Departamento com alguma importância no

panorama futebolístico não esperava que me abrissem as portas tão

rapidamente como o sucedido.

Por isso mesmo queria deixar o meu agradecimento sentido ao Rio Ave

F.C. na pessoa que do Dr. Miguel Ribeiro, diretor-geral do Futebol Profissional

do clube, que me recebeu de uma forma extraordinária e me deu esta

oportunidade, e também ao Gualter Pires, secretário-técnico da equipa sénior,

que foi a pessoa que mais me acompanhou ao longo do estágio.

Como já referi anteriormente, o meu estágio no Rio Ave F.C. apenas

começou em janeiro de 2017, devido aos problemas ocorridos nos meses

anteriores. Para ser mais exato o estágio teve início no dia 10 de janeiro, e a

partir desse dia trabalhei sem interrupções e intensamente (até feriados) de

forma a aproveitar ao máximo a oportunidade de adquirir conhecimento e

experiência, e por outro lado para cumprir as 500 horas estabelecidas no

regulamento.

3.1.1. Familiarização com a SDUQ

Inicialmente, não sabia bem o que esperar, pois tratava-se de uma

equipa profissional e que compete ao mais alto nível, tendo inclusive nas

últimas épocas discutido o acesso às competições europeias. Assim a minha

dúvida seria qual seria o limite das minhas atividades e até onde me iriam

deixar ir.

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No entanto logo percebi que se tratava de um clube bastante liberal pois

no primeiro dia de estágio fui logo convidado a assistir a uma reunião relativa

ao licenciamento da UEFA. Neste momento, senti logo que estava no sítio

certo e que só iria depender de mim aproveitar todos os momentos desta

experiência de modo a enriquecer o meu conhecimento.

O estágio teve início no mês de janeiro, que no mundo do futebol é um

espaço temporal bastante atribulado e confuso, visto tratar-se do mês do

“mercado de inverno” onde os clubes aproveitam para fazer pequenos ajustes

nos planteis e onde há bastantes “jogadas de bastidores”. Devido a este fator,

ficou definido pelo meu supervisor local de estágio, o Dr. Miguel Ribeiro, que

nos primeiros tempos iria passar pelos vários departamentos de forma a que

pudesse ter uma ideia de como funciona um departamento profissional de uma

equipa de futebol.

Nesse sentido, nos primeiros tempos estive presente no departamento

de comunicação e no de marketing, onde tive a oportunidade de perceber qual

a importância de ambos os departamentos para o clube.

Inicialmente, no departamento da comunicação, estive à conversa com o

assessor de imprensa, Pedro Colaço, que me explicou por alto aquilo que fazia

no departamento e quais os encargos mais diários e rotineiros presentes no

departamento.

Apesar de não ter a oportunidade estar presente durante nenhuma flash-

interview (devido às restrições impostas pela Liga, em relação à permanência

de pessoas estranhas nas áreas de acesso aos balneários e túnel de acesso

ao relvado), fiquei a perceber o seu funcionamento.

Pegando na explicação que me foi dada, passo a citar os passos para a

elaboração de uma flash. Nos últimos 15 a 20 minutos de cada jogo, a

operadora televisiva responsável pela transmissão dos jogos - normalmente a

Sport TV ou a Benfica TV no caso dos jogos em casa do seu clube - transmite

ao assessor de imprensa três nomes de jogadores que estiveram presentes no

jogo e que de algum modo a operadora acha que tiveram algum papel decisivo

para o jogo. Destes três nomes o assessor de imprensa irá eleger um deles

que de acordo com a estratégia de comunicação da equipa cumpre os

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parâmetros para ser o escolhido a falar à imprensa que podem depender do

resultado do jogo, da maneira como cada jogador lida com a derrota ou a

vitória, o que se passou durante o jogo ou mesmo na semana que antecedeu o

mesmo, se o jogador marcou ou não golos, se o guarda-redes fez uma boa ou

má exibição, se o árbitro teve ou não influência direta no resultado, etc... Após

essa decisão, o assessor de imprensa comunica ao jornalista representante da

operadora qual foi o jogador selecionado para este se preparar relativamente

às perguntas que irá fazer.

Também o assessor de imprensa deve preparar um pequeno apanhado

de perguntas possíveis de serem postas pelo jornalista e por outro lado qual

será a melhor estratégia para responder a essas possíveis perguntas. Após o

término do jogo o assessor de imprensa transmite ao jogador escolhido que

terá de falar ao jornalista e expõe-lhe as 4 ou 5 questões mais prováveis e a

melhor maneira de responder. O mesmo se passa com o treinador da equipa

que é sempre entrevistado - exceção se for expulso no decorrer da partida.

No entanto, foi-me também explicado que a flash-interview é das

entrevistas mais “perigosas” que existe no mundo do futebol e que apesar de

ser de curta duração pode estragar toda uma estratégia de comunicação

elaborada durante semanas. Isto porque de acordo com o resultado do jogo, ou

até da exibição da equipa onde o resultado não foi o esperado, os jogadores de

cabeça quente não reagem da melhor maneira às perguntas.

Assim sendo apesar de haver uma estratégia definida e transmitida

previamente ao jogador, este não estando tranquilo pode dizer algo irrefletido

ao jornalista e “deitar tudo a perder”. Isto porque se trata de uma entrevista que

ocorre nos momentos imediatamente seguintes ao término do jogo onde as

emoções ainda estão à flor da pele.

Para contar um episódio que retrata bem esta situação, um jogo em que

o Rio Ave F.C. perdeu por 4-0 no Estádio da Luz, o assessor de imprensa

escolheu o capitão de equipa para falar ao jornalista, por se tratar de um

jogador mais experiente e mostrar que a equipa não se iria afetar pelo

resultado pesado.

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No entanto, ao transmitir ao jogador que teria sido ele o escolhido ele

mostrou-se visivelmente irritado e disse “Fod*-**, quando perdemos sou

sempre eu…”. Aqui podemos ver que o jogador ainda não tinha sido sujeito a

nenhuma questão e já estava de cabeça perdida após um jogo que não tinha

corrido bem à equipa e estaria ainda de cabeça quente.

Outro episódio que me transmitiram foi relativamente à escolha dos três

jogadores por parte da operadora televisiva para posterior seleção do clube. No

caso da Benfica TV, quando o SL Benfica joga em casa, é a sua televisão que

tem os direitos de transmissão e por isso são eles que conduzem a flash-

interview dando também a escolher os clubes entre três jogadores

selecionados por eles.

Neste caso o que a BTV faz é restringir sempre a escolha para três

jogadores defensivos, normalmente o guarda-redes e dois defesas. Ora, como

um dos princípios da flash é entrevistar o jogador que mais se destacou

durante o jogo, ao selecionar apenas jogadores defensivos, passa a ideia que o

clube da casa teve um domínio total do jogo e que a equipa adversária apenas

se preocupou em defender devido à superioridade do adversário. Aqui fica bem

evidente uma estratégia de comunicação onde se pode indiretamente

condicionar a análise do jogo que ocorreu.

Relativamente ao Departamento de Marketing, a minha passagem foi

mais breve. Tive apenas conhecimento de algumas ações que iriam realizar no

próximo jogo, onde ao intervalo iria atuar um grupo de artes marciais que tem a

sua escola na cidade de Vila do Conde.

Estes dois departamentos estão em constante comunicação e a sua

ligação é muito forte. Aliás, até há bem pouco tempo eram um só -

Departamento de Comunicação e Marketing.

Como já referi anteriormente, nos primeiros dias de estágio, fui

convidado a participar em uma reunião interna relativa ao licenciamento da

UEFA. Este licenciamento é um regulamento que rege os direitos, tarefas e

responsabilidades das sociedades desportivas que participam na I Liga. Aqui

são definidos os critérios desportivos, relativos a infraestruturas, administrativos

e relativos ao pessoal, jurídicos e financeiros mínimos a serem cumpridas por

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uma sociedade desportiva para obter uma licença de modo a participar nas

competições de clubes da UEFA.

A reunião à qual tive a oportunidade de assistir, serviu para que se

definissem os métodos a utilizar de modo a que todos os critérios impostos

pelo regulamento fossem cumpridos e também ficaram definidas metas

temporais para que os mesmos fossem estabelecidos. Um dos objetivos deste

regulamento é garantir que os clubes têm um nível de gestão e de organização

apropriado. A reunião não se prolongou por muito tempo, pois todas as

pessoas envolvidas já estariam familiarizadas com o assunto sendo que os

processos que teriam sido utilizados em anos anteriores foram mantidos, pois a

sua “fórmula” era de sucesso, uma vez que todos os critérios terão sido sempre

cumpridos.

De referir que senti-me bastante lisonjeado em estar presente nesta

reunião, pois o convite feito pelo Dr. Miguel Ribeiro demonstrou a abertura que

toda a estrutura iria ter comigo ao longo do estágio o que me deixou ainda mais

entusiasmado e confiante para enfrentar este desafio.

Permanecendo ainda na fase de adaptação ao clube, tive também a

oportunidade de participar e estar envolvido na organização de um jogo com o

Diogo Bravo, que acumula as funções de OLA com o Departamento de

organização de jogos.

O jogo em causa, seria em casa entre o Rio Ave F.C. contra o Sporting

da Covilhã a contar para a Taça da Liga e por isso seria um jogo onde era

expectada pouca adesão do público para assistir ao jogo. Deste modo, acabou

por facilitar o meu envolvimento na organização uma vez que a pressão do

mesmo era de baixo risco.

Tendo tido um primeiro contacto com a maioria dos departamentos

estávamos ainda no mês das transferências do mercado de inverno, o Rio Ave

F.C. acabou também ele por se reforçar com a contratação de alguns

jogadores. Um deles, o Bruno Teles, que vinha do Brasil chegou em um dos

dias em que estava ao serviço.

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Assim sendo, fiquei encarregue de receber o jogador e o seu empresário

e encaminhá-los para uma conversa com o Mister Luís Castro. Depois de

algum tempo o Bruno teve uma conversa a sós com o Mister no seu gabinete e

eu fiquei com o seu empresário, levando-o a visitar o estádio por dentro e a

tomar café na tribuna Prestige.

Apesar de o jogador ter chegado de viagem nesse mesmo dia, veio com

vontade de treinar e de se juntar rapidamente aos seus novos colegas e

mesmo não estando planeado o Bruno acabou por fazer o treino dessa manhã.

Enquanto isso acompanhei o seu empresário para que ele pudesse ver um

pouco do treino e quando o Dr. Miguel Ribeiro chegou tive a oportunidade de

assistir a uma pequena conversa entre os dois onde se finalizou o processo de

contratação do jogador.

Após acertados os últimos detalhes faltavam ainda alguns processos no

decorrer da contratação de um jogador e que também tive a oportunidade de

assistir e participar. Primeiro, entra em “cena” o Departamento de

Comunicação que tem como função a divulgação da contratação aos seus

sócios através das redes sociais e do seu site (Fig. 11).

Depois juntamente com o seu empresário o clube disponibilizou vários

apartamentos que pertencem a uma empresa parceira do Rio Ave F.C., para

que o jogador na parte da tarde fosse visitar e escolher o seu novo lar.

Figura 11- Anúncio da contratação de Bruno Teles no site do clube

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Finalizado o processo de contratação e das assinaturas, estava na altura

de submeter a sua inscrição no portal da Liga para que o jogador pudesse

jogar já na próxima jornada. Hoje em dia para se efetuar a inscrição de um

jogador na Liga e comunicar a sua transferência - seja compra ou venda - é

tudo feito em plataformas online específicas, o que facilita todo o processo.

Também importante, quando se trata de jogadores estrangeiros e de

origem não europeia, é tratar de toda a documentação para o SEF, fazendo

primeiro que tudo o seu agendamento para tratar do seu visto de trabalho e de

residência.

Relativamente à venda e compra de jogadores, estive presente numa

reunião com o Diretor Geral do R.A.F.C. e o Team Manager da equipa principal

com alguns representantes da OnSoccer Iternational - empresa que se destina

ao agenciamento de jogadores de futebol - e que tinha como finalidade o

estudo da possibilidade ou não de o R.A.F.C. contratar um jogador com a idade

de júnior proveniente do Gana e que a empresa tinha a convicção que poderia

ser um negócio proveitoso para as três partes - jogador, clube e empresa.

Esta reunião foi ainda algo demorada, uma vez que ao longo da

conversa foram aparecendo alguns entraves legais para a vinda do jogador

para Portugal como é o caso de o mesmo ter contrato profissional no seu país

o que obrigaria a obter o mesmo estatuto em Portugal.

Para finalizar este primeiro mês, tive também a oportunidade de estar

envolvido em um dos dois dias mais movimentados e agitados do mundo do

futebol - o 31 de janeiro aquando do encerramento do mercado de

transferências. Neste dia todo o staff trabalha intensamente pois tudo tem de

ser feito com a maior urgência possível de modo a que se cumpram os prazos

e as transferências sejam encerradas com sucesso.

Neste caso, participei - ainda que indiretamente, com o transporte de

alguns documentos de um local para outro e a assistindo aos processos de

contratação - na venda do Filipe Augusto ao SL Benfica e na contratação, por

empréstimo, do Adama Traoré ao AS Mónaco e do Radosav Petrovic ao

Sporting CP.

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Este primeiro mês foi bastante importante para mim, primeiro por ser um

período de adaptação quer às funções que iria desempenhar quer às pessoas.

Segundo creio que foi algo muito marcante para mim visto que inicialmente não

expectava a oportunidade de participar em algo tão relevante como o facto de

estar envolvido nas negociações de compra e venda de jogadores - algo que

será das atividades com um peso mais significativo nas atividades de uma

sociedade desportiva.

3.1.2. Gestão das Competições Profissionais

A vida de uma sociedade desportiva é gerida muito com base nas

competições desportivas nas quais participam.

Assim como não podia deixar de ser muitas das atividades que

desempenhei na SDUQ foram relacionadas com o campeonato nacional,

competição na qual o Rio Ave F.C. participava todas as semanas.

Nos próximos pontos irei descrever as atividades desempenhadas em

redor do Evento.

3.1.2.1. O Pré-Evento

Passada a fase de adaptação, comecei a ter algumas funções mais fixas

na estrutura do clube. Assim sendo iniciei atividades junto do Team Manager

da equipa - o Gualter Pires - e fui acompanhando-o ao longo da época.

Basicamente era o seu braço direito, ajudando-o no decorrer das suas funções

conforme as necessidades.

A maior parte dessas funções passavam-se em redor do jogo, quer a

preparação, quer no decorrer do mesmo e mesmo após a sua realização.

Passarei então a enunciar as atividades realizadas ao longo da época, e

que se repetiam todas as semanas, na preparação para os jogos: o pré-jogo.

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Qualquer jogo, seja ele em casa ou fora,

é necessário uma preparação bastante

minuciosa, uma vez que a este nível nada

pode falhar. Assim sendo, no início de cada

semana e antes de cada jogo dá-se início à

preparação dos mesmos e que envolve assaz

rigor.

É então feito um dossier na capa está a

informação do jogo (competição, adversário,

data, hora e local) e na contracapa está

presente uma checklist (Fig. 12) com todas as

tarefas e material necessário para o jogo em

questão.

Ao longo do decorrer do estágio fui começando a ter mais autonomia na

preparação dos jogos sendo que muitas das vezes era eu que percorria a

checklist para que não falhasse nada.

A preparação de um jogo envolve inúmeras obrigações, desde logo a

reserva dos hotéis para estágio próximo do local onde se irá realizar o jogo. No

R.A.F.C., aquando dos jogos em casa a concentração dos jogadores

convocados é feita no dia de jogo e antes do almoço sempre no estádio do

clube. Após a concentração os jogadores e equipa técnica deslocam-se para o

Hotel Santana, em Vila do Conde, para o almoço e após o mesmo descanso

nos quartos até próximo da hora de jogo, para finalmente se deslocarem para o

estádio.

Quando o jogo é fora e o local da realização do mesmo é mais para a

zona centro ou sul do país, a concentração é feita no dia anterior e os

jogadores pernoitam num hotel na mesma localidade onde se encontra o

estádio da equipa adversária. No caso de o jogo ser fora mas em local próximo

de Vila do Conde, o procedimento é o mesmo dos jogos em casa. Para que

não haja dúvidas é distribuído a todos os atletas uma folha com todas as

informações relativas ao estágio, inclusive os horários (Fig. 13).

Figura 12 - Checklist de Necessidades para o Jogo

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Usualmente as situações de reservas de hotéis não gera muita

complicação pois nos jogos casa ou nas localidades próximas de Vila do

Conde, o hotel no qual a equipa fica alojada é sempre o mesmo. Também nos

jogos onde implica que os atletas pernoitem no hotel, o clube tem também

algumas parcerias, de modo a facilitar a comunicação entre ambas as

entidades.

No entanto, casos como a deslocação à Madeira, envolve muito mais

preparação e logística relacionada com os voos uma vez que só teremos a

informação dos passageiros no dia da viagem aquando da saída da

convocatória.

Isto implica um acordo entre a companhia aérea, a agência de viagens e

o clube para que mal saia a convocatória os nomes e lugares sejam enviados

de modo a que os bilhetes possam ser emitidos imediatamente. É também

necessário reunir toda a documentação dos jogadores que irão fazer a viagem.

Em qualquer um dos casos, é necessário com alguma antecedência

reservar os hotéis sendo a ementa das refeições é elaborada pelo nutricionista

do clube e deste modo enviadas todas as indicações relevantes para o local da

refeição.

Figura 13 - Exemplo de horário para um estágio

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Feitas as reservas, e tendo as confirmações dos locais quer de estágio

quer de jogo, é necessário preencher um questionário relativamente às horas e

percursos que a equipa irá efetuar e posteriormente enviar à polícia para que,

se necessário, elaborar um plano de segurança de acompanhamento ao

autocarro, caso seja considerado um jogo de risco.

A Liga envia para os clubes alguma documentação relativa ao jogo.

Inicialmente os clubes recebem um croqui referente

aos equipamentos de jogo das duas equipas (Fig.14)

e também da equipa de arbitragem, para que os

clubes possam preparar os equipamentos com

alguma antecedência. O Team Manager é quem

recebe as informações da Liga, e mal recebe a

informação relativa aos equipamentos ele transmite

imediatamente a informação para o roupeiro pois, é

este que trata das camisolas e calções para jogos e

estampagens, caso seja necessário.

As nomeações dos árbitros e delegados da Liga são também enviadas

para os clubes e disponibilizadas no site oficial da Liga (Fig. 15). Esta

informação é colocada num documento excel com a informação de todas as

nomeações durante a época.

Figura 14 - Croqui de Equipamentos para Jogo

Figura 15 - Nomeações de Arbitragem para Jogo

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Para além desta informação, a Liga trata de

enviar para ambos os clubes que se irão defrontar,

os vários modelos criados pela instituição e que

deverão ser preenchidos pelos mesmos. Assim os

responsáveis pelas equipas terão acesso aos dados

relativamente aos agentes desportivos do

adversário que poderão circular na área técnica do

estádio - balneários e corredores de acesso aos

mesmos e ao terreno de jogo - antes, durante e

após a realização da partida.

Todos os documentos oficiais inerentes ao processo do jogo a realizar

são colocados no dossier relativo ao jogo em questão (Fig. 16).

Ademais dos documentos oficiais, o Gualter Pires trata de reunir alguma

informação para a equipa técnica, que ao longo do tempo fui eu que passei a

ser o responsável por tratar dos documentos, como é exemplo a documentação

relativa ao número de cartões dos jogadores. É disponibilizada à equipa

técnica, a informação dos jogadores em risco de exclusão, no caso da

mostragem de algum cartão amarelo ou mesmo se algum se encontra excluído

do jogo, e por isso indisponível para ser convocado (Fig. 17).

Figura 17 - Mapa de Castigos do Plantel

Figura 16 - Folha de Rosto do Dossier

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É também reunida a informação do Departamento Médico, no sentido de

perceber se há algum jogador com limitações físicas que também não possa

ser convocado.

No último treino antes do jogo o Team

Manager prepara um convocatória com todos os

jogadores disponíveis e coloca a folha no seu

gabinete. Após o término do treino o mister,

juntamente com a equipa técnica, dá a indicação

dos convocados, não convocados e hora de

concentração fazendo chegar a informação ao

Gualter que a passa numa folha própria (Fig.

18). A convocatória final é impressa em

triplicado, uma das folhas é colocada no

balneário para que os atletas a possam

consultar, outra é colocada na secretaria à saída do estádio para que os

convocados a possam assinar. Por último, a terceira é colocada no dossier,

para posteriormente ser arquivada.

Juntamente com a convocatória, é colocado no gabinete da equipa

técnica o plano semanal de treinos (Fig. 19) da semana seguinte, onde apenas

constam os dias da semana e o jogo oficial com a data e horas marcadas.

Deste modo, o mister preenche o planeamento dos treinos colocando os dias,

hora e local do treino (campo principal ou campo de treino) que depois de

impresso e assinado pelo mesmo, é afixado no balneário dos jogadores para

que estes tenham conhecimento dos dias em que terão de se apresentar nos

treinos.

Figura 18 - Convocatória Base para Jogos

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Figura 19 - Exemplo de Plano Semanal de Treinos

O plano semanal é também digitalizado e enviado para o Presidente,

Vice-Presidente e Diretor Geral para que estes tenham conhecimento dos

mesmos, para a rouparia de forma a que tenham a roupa de treino preparada

para dar resposta a todos os dias de treinos, para a funcionária que trata dos

pequenos-almoços para que os jogadores tenham o pequeno-almoço antes do

treino, para o Departamento de Comunicação de forma a que o comunicação

social seja informada dos dias de treinos que serão à porta aberta. Finalmente,

é também enviado para a empresa que trata da relva de modo a que seja feito

um planeamento de tratamento da relva de ambos os campos.

Após a confirmação das datas e horas dos treinos e dos jogos oficiais, é

necessário conferir os mesmos com o planeamento trimestral (anexo 8)

espectado que é enviado para o ADOP - controlo anti-doping - se houver

alguma incongruência é necessário dar a informação da alteração, pois caso os

agentes se desloquem ao estádio em dia que não haja treino, o clube corre o

risco de como sanção, todos os jogadores do plantel acusem positivo no

controlo e desta forma não poderão competir.

No final de todos os documentos preenchidos e toda a informação

relativamente ao jogo disponível, está na altura de percorrer a check list de

forma a verificar se está tudo presente - caso de credenciais, licenças de

atletas, equipa técnica e staff, impressora portátil, braçadeiras, dinheiro,

documentos oficiais de jogo, etc…

Todos os jogadores, nos jogos em casa, terão direito a bilhetes para os

próprios (caso não sejam convocados) ou para familiares. O levantamento é

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feito após o último treino e é também o Team Manager que faz o controlo da

distribuição de bilhetes, para posteriormente fazer chegar essa informação ao

Departamento de Organização de Jogos.

Ainda relativamente ao pré-evento, tive também a oportunidade de

contactar com o Departamento de Organização de Jogos, que tem também

grande importância na preparação de cada jogo. Como referi anteriormente,

tive a oportunidade de participar nos preparativos do jogo a contar para a Taça

da Liga entre o R.A.F.C. e o Sporting da Covilhã.

Este Departamento tem um gabinete onde é aberta a preparação de

cada jogo. Inicialmente, é sempre feita uma check-list com todas as

necessidades para o jogo em questão. Esta lista, serve de suporte para que

não haja esquecimentos e aquando da realização do jogo, já tudo tenha sido

preparado dentro dos prazos estipulados.

Seguidamente, tive o primeiro contacto com os modelos da Liga que

deveriam ser preenchidos na preparação para o jogo. O modelo P (Fig. 20)

onde são descritos todos os agentes do clube que poderão ter acesso e direito

de permanência nas áreas restritas do estádio antes, durante e após o jogo. Os

modelos L e O (Fig. 20) que terão de ser enviados para a Liga e que dizem

respeito à bilheteira - número de bilhetes, áreas respetivas e o preço

disponibilizado.

Estando os modelos L e O preenchidos, são então impressos os bilhetes

de acordo com os mesmos. Todos os bilhetes impressos são contabilizados e

estão discriminados no sistema. Sistema este, que está ligado aos torniquetes,

fazendo a contagem das pessoas presentes a assistir ao jogo. Este software

serve para verificar a compatibilidade entre os bilhetes vendidos e as pessoas

presentes no estádio que compraram bilhete ou entraram por convite, dando no

final a relação do lucro obtido com a venda dos bilhetes. No final, esta relação

é verificada e enviada para o Departamento de Contabilidade que irá tratar os

dados recebidos.

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Figura 20 - Exemplos de Modelos Enviados para e Liga e Clube Adversário

Após a fase inicial mais “burocrática”, é tempo de reunir com o staff do

estádio, para se perceber se está tudo funcional ou se será necessário alguma

intervenção ou cuidado especial de última hora. Aqui é também organizado o

catering, que irá servir de apoio às tribunas VIP e Prestige, bem como aos

camarotes dos patrocinadores.

É também feito o contacto com a Polícia local e a empresa de segurança

privada, que serão informados da data e hora do jogo, para que possam

elaborar um plano de policiamento adequado. O esquema de planeamento da

segurança privada é elaborado pelo Diogo, que informa de quantos membros

irá precisar no total, sendo depois efetuada a distribuição dos mesmos para os

vários locais do estádio: a bilheteira, loja, as várias portas e torniquetes, parque

de estacionamento, zona restrita aos atletas e staff e tribunas. Para além disso,

é necessário também convocar os stewards que irão estar presentes na

bancada e, caso seja necessário, elaborar um plano de acompanhamento entre

as entidades de segurança e o clube visitante para as claques adversárias.

O jogo é também comunicado à Câmara Municipal de Vila do Conde,

uma vez que existe um protocolo entre a CMVC relativo à utilização do parque

de estacionamento, em que o clube autoriza que se realize no mesmo espaço

a feira todas as sextas-feiras e em contra partida, a CMVC disponibiliza o

gradeamento para separar as zonas no parque destinadas à equipa da casa,

visitante, sócios e adeptos.

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No dia de jogo é necessário testar todos os equipamentos de forma a

verificar se tudo se encontra em conformidade. Todos os torniquetes são

testados, para que não haja atrasos nem confusões na hora de jogo. Ao

mesmo tempo do teste dos torniquetes as aberturas das portas são também

testadas. A relva é medida para se verificar que se encontra de acordo com o

regulamento da Liga. O sistema de comunicação usado por todo o staff é

também testado para que não haja problemas de comunicação durante o

evento.

Tudo é testado até ao limite para que não falhe nada. Para mim, um

mero adepto, não fazia a mínima ideia de toda a envolvência necessária para a

realização de um simples jogo. Foi também, por isso, uma experiência bastante

interessante e enriquecedora.

Como podemos observar, a preparação de um jogo envolve muita

organização e muitos técnicos, e por isso, é iniciada com algum tempo de

antecedência. A minha experiência ao longo do estágio, fez-me perceber

muitas situações que até à data não fazia ideia serem necessárias e creio que

me preparou, para assumir algum cargo numa equipa profissional pois,

felizmente estive envolvido ativamente na participação das funções.

3.1.2.2. O Evento

Chegamos ao jogo, o evento tão esperado e para o qual todos trabalham

tão intensamente ao longo da semana. Tudo se resume aos 90 minutos e ao

curto espaço de tempo antes e depois do mesmo. Todo o trabalho de uma

semana será posto à prova, sendo que, para o público em geral apenas conta

se a equipa ganha, perde ou empata.

Nos instantes que antecedem o jogo todo o staff anda que nem “baratas

tontas” de um lado para o outro, na verificação para que tudo esteja a correr

conforme planeado. Todo o staff presente no estádio está em constante

comunicação, através de walkie talkies, para caso haja alguma situação que

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seja necessário resolver, esta seja imediatamente comunicada à pessoa

responsável.

Apesar de tanta azáfama, por tudo aquilo que tive a oportunidade de

assistir ao longo dos jogos em que participei, deu para perceber que a

“máquina estava bem oleada”, onde cada um dos responsáveis e staff em

geral, estariam bem cientes das suas funções para que tudo funcione da

melhor maneira. No entanto, percebe-se a inquietação dos responsáveis uma

vez que, a preocupação de que alguma coisa falhe está sempre presente,

porque como diz o ditado: “Mais vale prevenir do que remediar”.

No entanto, por vezes a prevenção não é suficiente e há coisas que

falham, como por exemplo, um WC que acabou por ter uma avaria em um dos

jogos, mas que foi imediatamente resolvida devido à comunicação constante

que já foi referida.

Durante os jogos, as minhas tarefas não seriam tão preponderantes

como na sua preparação, uma vez que a Liga tem inúmeras restrições

relativamente ao staff presente nas áreas técnicas. No entanto, na medida do

possível e na posse da credencial mais básica ajudava naquilo que podia.

Relativamente à missão que tive nos jogos, não seria tanto na ordem da

gestão propriamente dita (devido às limitações já referidas), mas mais no

âmbito da ajuda no transporte de material de um lado para o outro, ou a mais

evidente seria a minha presença na bancada televisiva, no topo da cobertura

do estádio, onde teria uma visão mais abrangente do relvado e uma televisão

onde estaria a dar o jogo em direto. A minha ocupação seria, ao longo do jogo,

no caso de algum lance polémico ou de dúvida, filmar a repetição do lance na

TV disponível (Fig. 21) e enviar para um elemento da equipa técnica presente

no banco, para que estes tivessem a informação correta de avaliação do

mesmo, para não contestar a decisão do juiz da partida em vão.

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Figura 21 - Exemplos de Vídeos Filmados por mim e enviados para o banco

No final do jogo, estava na altura de arrumar o material usado no

decorrer do mesmo e esperar que os árbitros e delegados da Liga

abandonassem as instalações, bem como os jogadores de ambas as equipas.

Esta pequena experiência trouxe-me grande proveito pois, pude

perceber e participar em todo o envolvimento dos jogos, constatando assim

que um simples jogo não se resume apenas ao que se passa dentro de campo

mas, envolve muita gente para que tudo corra na perfeição.

Creio que o maior sinal deste trabalho de todo o staff, é o simples facto

de os adeptos - como eu - não nos apercebermos minimamente de toda a

preparação que envolve cada jogo.

3.1.2.3. Pós-Evento

Outra das atividades pela qual fiquei responsável, e talvez a que me

ocupou mais tempo, foi o pós-jogo e todas as incumbências inerentes a ele.

Nos dias seguintes a cada jogo, era necessário conferir todos os documentos

relacionados com fichas de jogo e faturas inerentes ao estágio da equipa, de

forma verificar se tudo está conforme os acontecimentos.

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Após a receção do recibo por parte do hotel, era necessário verificar se

os itens descritos no mesmo estariam de acordo com o que foi consumido -

número de quartos e de refeições - e também de acordo com os valores

acordados previamente. Feita a verificação, era dado o aval ao Departamento

de Contabilidade para efetuar o seu pagamento. Nos arquivos da secretaria,

ficava sempre uma cópia de cada fatura ou recibo e do comprovativo de

pagamento.

Para além da

verificação de contas, era

necessário atualizar as

estatísticas de jogo numa

base de dados feita em

excel referentes aos

tempos de jogo e

jogadores convocados ou

não, golos marcados ou

sofridos (Fig. 22) e

disciplina.

Esta base de dados servia para termos sempre a informação detalhada

de cada jogador e para comparar com os registos da Liga, para que não

houvesse enganos por exemplo nos castigos dos jogadores.

Uma das atividades em que estive envolvido e que mais dificuldades

trouxe foi pedida pelo Gualter Pires e estava relacionada com a base de dados

já referida. Foi-me então solicitado que a partir dessa criasse uma outra, com

um resumo das estatísticas presentes e que através da atualização da

primeira, as estatísticas se atualizem automaticamente (Fig. 23).

Figura 22 - Base de Dados de Golos Marcados e Sofridos

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Figura 23 - Resumo Estatístico da Base de Dados

Por exemplo, nas estatísticas um dos itens era o jogador com mais

tempo de jogo e ao atualizar este na base de dados inicial, o quadro estatístico

era atualizado indo buscar o nome do jogador que totalizava um maior período

de jogo.

As estatísticas estavam divididas em duas partes. Na primeira, em forma

de quadro-resumo referia:

A média de idades dos jogadores;

O jogador mais velho;

O jogador mais novo;

Jogador com mais tempo de jogo;

Jogador com mais cartões amarelos;

Jogador com mais cartões vermelhos;

Média de cartões amarelos por jogo;

Jogador com mais golos;

Total de golos marcados;

Total de golos sofridos;

Média de golos marcados por jogo;

Média de golos sofridos por jogo;

Mais golos marcados em um só jogo;

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Mais golos sofridos em um só jogo;

Nº de vitórias;

Nº de empates;

Nº de derrotas;

Todos estes elementos eram atualizados automaticamente, aquando da

introdução dos valores na base de dados.

A segunda parte da estatística era feita à base de gráficos. O primeiro

era um gráfico de linhas, onde tinha a sequência das jornadas e apresentava o

número de golos marcados e sofridos por jornada (Gráfico 1), mostrando por

consequência o resultado final. Mais acima, mostrava a linha de sequência de

vitória, empate ou derrota ao longo das jornadas, bem como o adversário em

cada uma delas.

Gráfico 1 - Sequência de Resultados e Golos Marcados e Sofridos por Jornada

O segundo, mais simples, era um gráfico de colunas onde apenas era

demonstrada a relação entre golos marcados e sofridos ao longo da época

(Gráfico 2).

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Gráfico - Total de Golos Marcados e Sofridos

O último, também ele simples, era um gráfico circular que apresentava a

percentagem de vitórias, derrotas e empates da equipa (Gráfico 3).

Gráfico 3 - Ppercentagem de Vitórias, Empates e Derrotas

Todos estes gráficos e estatísticas, após a sua atualização semanal

posterior ao jogo realizado, eram impressos e afixados para que, quer a equipa

técnica quer os jogadores, tivessem acesso a essa informação.

3.1.3. Assessoria e gestão técnica aos jogadores

Podemos referir que os maiores ativos de uma sociedade desportiva são

os seus jogadores. É em torno deles que as sociedades gerem a sua atividade.

Neste sentido, o Rio Ave faz todos os esforços para que os seus atletas

tenham as menores preocupações possíveis, de modo a obter um maior

rendimento dentro de campo.

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Nos próximos pontos irei descrever atividades que fui realizando tendo

como objetivo o bem-estar dos jogadores.

3.1.3.1. Acompanhamento de Jogadores e Deslocações

Uma das atividades em que estive envolvido era o acompanhamento de

jogadores a vários locais. Um desses onde me deslocava frequentemente era

ao SEF com jogadores extracomunitários de forma a que estes pudessem

tratar da sua documentação e permanecer legalmente no nosso país.

Outras vezes, foi-me solicitado que acompanhasse vários jogadores na

deslocação a Centros Clínicos onde estes iriam realizar, entre outras coisas,

exames médicos. Nestas situações, era minha função tratar do check-in dos

atletas para a realização de exames, bem como do pagamento dos mesmos

caso essa situação se verificasse.

Estas experiências foram muito satisfatórias para mim, uma vez que ao

longo das várias viagens através de conversas, fui conhecendo o outro lado

dos jogadores - o lado mais humano. Por outro lado, foi também muito

gratificante quando, no caso de um jogador que estava parado devido a lesão,

teria de realizar um exame de modo a perceber se já estaria apto a competir

novamente e a resposta era positiva, observar a alegria do mesmo ao perceber

que poderia voltar a fazer aquilo que mais gosta e que melhor sabe - jogar

futebol.

Outro dos ofícios que implicou a minha ausência do estádio foi as várias

deslocações a outras instituições, como à Liga de Clubes, para intermediar

alguns processos pendentes.

Inicialmente, após o mercado de inverno, tive de me deslocar à Liga

para levantar os cartões dos jogadores inscritos para que estes pudessem ser

opção para o Mister Luís Castro.

Noutras situações foi necessário efetuar deslocações mais simples,

como o acompanhamento de funcionários do departamento financeiro ao

banco ou segurança social, ou mesmo do departamento médico para ir coletar

gelo para o tratamento dos atletas.

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Numa fase mais avançada da época, as bolas que eram fornecidas pela

Liga, começaram a dar problemas pois, esvaziavam com muita facilidade.

Coube-me a mim intermediar o processo de devolução das mesmas e posterior

levantamento de novas bolas.

3.1.3.2. SEF - Serviços de Estrangeiros e Fronteiras

Outra das atividades que me ocupou algum tempo esteve relacionada

com jogadores estrangeiros que o clube recebeu ou mesmo os que já se

encontravam no clube.

Esta atividade era bastante importante pois, esses mesmos jogadores

não poderiam competir em Portugal se não obtivessem autorização do Serviço

de Estrangeiros e Fronteiras para permanecer em território nacional. Aliás, não

poderiam mesmo ser inscritos na Liga se o clube não apresentasse um

comprovativo de agendamento de audiência no SEF.

O SEF é um serviço de segurança, organizado hierarquicamente na

dependência do Ministro da Administração Interna, com autonomia

administrativa e que, no quadro da política de segurança interna tem como

objetivos fundamentais controlar a circulação de pessoas nas fronteiras, a

permanência e atividades de estrangeiros em território nacional, bem como

estudar, promover, coordenar e executar as medidas e ações relacionadas com

aquelas atividades e com os movimentos migratórios17.

Assim sendo, os jogadores estrangeiros que estariam a jogar no clube e

por isso a residir em Portugal, abrindo atividade laboral e fazendo descontos no

nosso país, necessitam de uma autorização para a sua permanência por parte

do SEF.

Para os jogadores que sejam cidadãos da União Europeia a autorização

é feita na Câmara Municipal e por um período de 5 anos, sendo que são as CM

em questão a informar o SEF da permanência do cidadão em Portugal.

17 Disponível em www.sef.pt. Consultado a 12 de Julho de 2017

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Quando se tratava de um jogador proveniente de algum país fora da UE

e que estivesse a residir fora de Portugal, a primeira diligência a efetuar

aquando da sua receção no clube seria fazer um agendamento no SEF (Fig.

24) de modo a obter um comprovativo do mesmo para efeitos de inscrição na

Liga.

Figura 24 - Documento Comprovativo de Agendamento no SEF

Este agendamento é feito para que o SEF possa avaliar os documentos

do jogador e aprovar ou não a sua permanência e a possibilidade de trabalhar

em Portugal.

Ao efetuar o agendamento, para uma data marcada pelo SEF, é emitido

um comprovativo com o agendamento onde consta o nome do cidadão e a data

e hora do agendamento, sendo que o documento resolve a situação

provisoriamente até à data do agendamento e serve como comprovativo para

inscrição na Liga de Clubes.

O meu trabalho resumia-se a reunir toda a documentação exigida pelo

SEF para apresentação no agendamento para que o jogador não necessite de

se preocupar com essa situação. Os documentos necessários são:

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Formulário disponibilizado pelo SEF, preenchido com os dados do

jogador e assinado pelo mesmo (Fig. 25);

Fotocópia do passaporte (sendo que no dia teria de se apresentar

com o original);

Registo criminal do seu país de origem;

Comprovativo de residência;

Contrato de trabalho celebrado com o R.A.F.C.;

Figura 25 - Formulário disponibilizado pelo SEF

Era necessário reunir todos estes documentos com alguma

antecedência pois, caso houvesse alguma situação imprevista e que a solução

fosse demorada, isso não impedisse de ser resolvida a tempo do

agendamento.

Chegado o dia do agendamento competia-me acompanhar o jogador na

sua deslocação ao SEF, que se localiza na cidade do Porto, para que o

processo fosse mais simples para o jogador, uma vez que estes não estariam

preparados para resolver as situações sozinhos. A minha ajuda seria ainda

mais necessária quando acompanhava jogadores que não falavam português e

então o meu papel seria de interlocutor entre o funcionário do SEF e o próprio

jogador.

Ao longo do estágio, tratei dos processos e acompanhei jogadores de

nacionalidades brasileira, maliana, cabo-verdiana e nigeriana.

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As autorizações de residência (AR) são emitidas por um período de

tempo que nunca é inferior a 1 ano, e por isso, aquando da aproximação da

data de expiração da AR é necessário efetuar novo agendamento de forma a

renovar a respetiva autorização.

Nestes casos, o processo encontra-se facilitado pois, relativamente aos

documentos apresentados todos eles poderão ser obtidos em Portugal e até

mesmo na entidade empregadora, como é o caso do contrato assinado com a

instituição.

3.1.3.3. Planeamento de Viagens

Ao longo da época é necessário fazer o planeamento de variadas

viagens mais longas para além das normais deslocações para os jogos.

Já referi anteriormente a viagem à Madeira que envolve um pouco mais

de logística e uma preparação antecipada, no entanto, há outras viagens que

terão necessariamente de ser planeadas e que não estão diretamente

relacionadas com os jogos do clube.

Como é do conhecimento público o R.A.F.C. tem no seu plantel muitos

jogadores brasileiros, que no final da época viajam para o seu país natal para,

por um lado descansar um pouco do stress da época e por outro, estar com os

seus entes queridos. Muitas destas viagens são pagas pelo clube (dependendo

do contrato de cada um) e por isso, sendo viagens longas e de elevado valor

monetário, quanto maior a antecedência da marcação mais baixo é o valor a

pagar pela mesma.

Assim sendo, a partir do mês de fevereiro, é iniciada uma busca nos

vários sites de viagens - momondo, edreams, skyscanner, etc - e também na

agência de viagens que usualmente trabalha com o clube. Esta informação é

toda compilada num só ficheiro, para que desta forma seja possível à direção

do clube comparar todos os preços e decidir pela melhor solução.

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Eu estive responsável por muitas destas pesquisas e inicialmente foi-me

solicitado que tivesse em atenção alguns critérios aquando da busca dos voos

para cada atleta. Primeiro o tempo de viagens - de acordo com as várias

escalas - para que a viagem não fosse demasiado massacrante para o atleta;

depois as datas de partida e de regresso, pois muitas vezes a diferença de um

dia antes ou depois tem alguma discrepância de valores; por último o aeroporto

de partida e de chegada para que as viagens partissem todas do Porto e

aterrassem no aeroporto mais próximo da cidade para onde o atleta se iria

deslocar.

Assim sendo, no planeamento de viagens é necessário ter em atenção

inúmeros fatores para que não falhe nada e para que o atleta viaje sem

quaisquer problemas e no maior conforto, de modo a que quando voltar venha

com a maior energia para atacar a época seguinte,

Por outro lado, ao longo do estágio houve um período que foi dedicado

ao trabalho das seleções nacionais e que por esse motivo houve pausa do

campeonato nacional.

Nestes trabalhos o R.A.F.C. teve dois atletas que foram chamados a

representar as seleções nacionais, o Gonçalo Paciência a seleção de sub-21

de Portugal e o Heldon Ramos a seleção A de Cabo-Verde.

Deste modo, apesar de não ser o clube a assumir as despesas das

viagens nem o planeamento das mesmas, foi necessário compilar toda a

informação relativa aos estágios dos jogadores de acordo com as datas, horas

e locais das viagens e jogos a realizar bem como, a data da viagem de

regresso (Fig. 26). Tendo a informação recolhida num ficheiro é necessário

colocá-la no gabinete da equipa técnica para que estes tenham a informação

dos jogadores que estarão ausentes dos treinos, os jogos que irão realizar e a

data a partir da qual poderão voltar a contar com os mesmos.

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Figura 26 - Quadro informativo relativamente ao estágio dos atletas nas seleções

Num clube profissional a comunicação e a ligação entre os vários

departamentos é fundamental pois, todos trabalham para um bem comum e

nenhum departamento é completamente independente dos outros e toda a

informação tem de chegar com a maior brevidade possível a todos.

3.1.3.4. IRS atletas

Apesar de ter acesso aos contratos dos jogadores e ordenados dos

mesmos, nunca foi minha intenção invadir a privacidade dos mesmos pois creio

que era o mínimo que me competia.

No entanto alguns atletas, maioritariamente estrangeiros, que não

tinham conhecimento do funcionamento do sistema tributário em Portugal,

solicitavam ao Team Manager que este se encarregasse do preenchimento do

IRS dos mesmos.

Coube-me então colaborar nesta tarefa, tentando sempre abster-me dos

valores envolvidos no preenchimento dos parâmetros do IRS.

Inicialmente, o processo necessitou de uma breve aprendizagem pois

era também a primeira vez que me via envolvido em algo do género. O

processo era efetuado através do preenchimento dos quadros presentes na

figura 27.

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Figura 27 - Software utilizado para preenchimento do IRS

3.1.4. Gestão do Departamento de Futebol Profissional

O Departamento de Futebol Profissional, local onde realizei muitas das

funções dentro da sociedade, terá de ser gerido de uma forma bastante

criteriosa pois envolve muita responsabilidade.

Este departamento está maioritariamente ao encargo do Gualter Pires, o

Team Manager, e com ele adquiri muita experiência no que diz respeito à

Gestão do mesmo.

3.1.4.1. Contabilidade - Requisições e Stock

Todo e qualquer pagamento efetuado pelo Departamento de Futebol

Profissional, necessita de autorização por parte de três superiores - o Diretor

Geral, Dr. Miguel Ribeiro; do Vice-Presidente do Futebol Profissional, Engº

Edmundo; e responsável pelo departamento financeiro, a Drª Alexandrina - que

seria feita através das suas assinaturas das requisições.

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Estas requisições (Fig. 28) eram feitas na secretaria, que passou a ser

uma das atividades que fazia com mais frequência. As mesmas tinham sempre

a informação da data da compra, o fornecedor, a descrição do produto ou

serviço a adquirir e o local das assinaturas dos responsáveis.

Figura 28 - Exemplo de Requisição

As requisições eram feitas de acordo com a fatura ou recibo e estes

eram anexados à requisição para serem também assinadas como

comprovativo de verificação dos responsáveis. Após as assinaturas, as

requisições eram enviadas para o Departamento de Contabilidade para que

este tivesse conhecimento das contas e gastos do clube para que no caso de

serem gastos elevados ser o Departamento a assumir o pagamento.

Antes do envio das requisições para a Contabilidade, era sempre tirada

uma fotocópia da mesma juntamente com a fatura ou recibo, para ser

arquivada numa pasta de forma a que não houvesse discrepâncias nas contas

de ambos.

Todas as semanas havia inúmeras despesas relacionadas com os

pequenos-almoços, jornais, estágios, bebidas energéticas, exames médicos e

por isso havia sempre muitas requisições para fazer.

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Após a emissão das requisições era passada a informação de todas as

despesas para um quadro resumo (Fig.29) já existente e que me foi pedido, à

semelhança dos quadros estatísticos efetuados por mim, para tratar a

informação relativa às despesas. Aqui era colocada a categoria em cada

despesa - jogos, exames médicos, rouparia, etc - e a informação fosse

resumida num quadro de despesas por categoria e posteriormente ter um

gráfico de colunas onde seria possível verificar a proporção de gastos de cada

categoria.

Figura 29 - Tabela com as despesas do Departamento de Futebol Profissional e Gráfico Estatístico

A maior parte das vezes, associada à emissão das requisições relativas

à aquisição de produtos era necessário atualizar o stock (Fig. 30). Sempre que

se recebia material de suplementação, águas, produtos alimentares para serem

consumidos nos pequenos-almoços, era necessário dar entrada dos mesmos

no documento do stock.

Figura 30 - Quadro Resumo do Stock Existente

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Na atualização de stock é sempre colocada a informação do produto

recebido, da data em que foi recebido, do fornecedor e da quantidade (Fig. 31).

Figura 31 - Quadro para dar Entrada de Produtos

Aquando da chegada de um carregamento de algum fornecedor é

necessário, antes de descarregar a mesma, conferir o material que dispomos

em armazém e reorganizar o mesmo de forma a que o material mais antigo

seja consumido primeiro. É também necessário conferir o material que chega

comparando com a fatura, verificando assim se tudo bate certo.

Uma vez que os produtos consumidos aos pequenos almoços são

constantemente reduzidos, é necessário atualizar o stock quase diariamente

dando baixa dos mesmos.

Quando se dá baixa dos produtos é necessário indicar o fim para o qual

os produtos foram retirados do stock (Fig. 32), exemplo da baixa de uma palete

de água para o Departamento de Contabilidade. A retirada dos produtos do

stock é impressa e assinada pelo responsável da mesma de forma a haver

responsabilização por parte de todos os funcionários.

Figura 32 - Quadro para Registo de Saída dos Produtos

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No final da época, já com os jogadores de férias, é necessário fazer a

atualização dos stocks conferindo todos os produtos um a um, desde os

alimentares a roupa de treino ou jogo.

3.1.4.2. Atualização de Bases de Dados

Um dos documentos mais importantes no clube é a base de dados, onde

está presente toda a informação relevante de cada jogador e dos funcionários.

Esta base de dados serve de apoio a todos os outros documentos da secretaria

relativa à equipa principal, onde apenas é necessário colocar o número da

camisola do jogador e o documento assume automaticamente os dados

pedidos relativos ao jogador em questão.

Fechado então o mercado de inverno, foi minha tarefa atualizar essa

mesma base de dados com a retirada dos jogadores que saíram e o

acrescento dos jogadores novos, desde a escolha do número e nome para a

camisola de jogo a tamanhos de roupa e calçado, bem como o arquivamento

dos contratos dos jogadores.

Uma vez que estava encarregue de atualizar a base de dados, foi-me

solicitado que atualizasse também os dados dos restantes atletas e

funcionários. Por um lado, confirmar todos os dados, número de telemóvel ou

email e mesmo números do cartão de identificação ou passaporte, conferindo

também as datas de validade dos mesmos. Casos em que aconteceu de os

cartões se encontrarem caducados foi necessário avisar o seu titular ou caso

este já tenha renovado atualizar esse dado.

Por outro lado, foi também necessário preencher alguns modelos

disponibilizados pela Liga, relativamente ao plantel, de modo a dar a

informação atualizada.

Na minha opinião, esta informação toda compilada é fundamental para o

bom funcionamento da estrutura. Na eventualidade de algum imprevisto, por

exemplo, contactar algum atleta ou funcionário não demorará mais do que o

tempo de abrir um ficheiro. Por outro lado, a informação das datas de validade

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dos documentos e os seus alertas são também muito relevantes. Um clube

prevenido vale por dois…

3.1.4.3. Estágios de Treinadores de Futebol

Como já deu para perceber, desde logo pela minha integração imediata

no clube, o R.A.F.C. é uma instituição bastante próxima dos seus sócios e

muito aberta ao público em geral, uma vez que se mostra sempre disponível

para colaborar dentro das suas possibilidades.

Deste modo, ao longo da época recebemos muitos treinadores de

futebol que solicitavam a observação dos treinos aumentando assim os seus

conhecimentos futebolísticos.

Estes “mini estágios” dos treinadores de futebol, usualmente tinham a

duração de um ciclo semanal ou até menos. Muitas das vezes, a minha

ocupação foi o acompanhamento dos treinadores indicando os locais de treino

e onde poderiam assistir aos mesmos, respondendo a alguma questão que

tivessem para colocar.

Esta atividade começou com um grupo de 3 treinadores provenientes da

Polónia que vieram assistir aos treinos e ao jogo dessa semana. Como não

dominava a língua portuguesa, falando apenas inglês, idioma que eu domino

relativamente bem, coube-me acompanhar os jovens treinadores. Uma vez que

esta tarefa correu da melhor forma passei também a acompanhar treinadores

portugueses sendo muitas vezes o intermediário entre os mesmos e a equipa

técnica do R.A.F.C..

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3.1.4.4. Aniversário do Clube

O dia 10 de Maio de 2017 ficou marcado pelo 78º aniversário do clube

(Fig. 33), data que é habitualmente celebrada através de um jantar tendo

convidados especiais do mundo do futebol - Presidente da Liga, representante

da FPF e também de outros clubes e associações, bem como da Câmara

Municipal de Vila do Conde - todos os atletas e funcionários do clube, desde a

equipa principal até aos sub-9, e mesmo da secção feminina e futsal. Os sócios

podem inclusive participar através da compra de um ingresso.

Figura 33 - Cartaz do 78º Aniversário do Clube

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Esta iniciativa demonstra mais uma vez a proximidade que o clube tem

para com os seus sócios.

A minha tarefa começou mesmo antes do jantar passando informações

detalhadas para os jogadores e fazendo a distribuição dos lugares nas mesas

destinadas ao Departamento de Futebol Profissional.

Já no local do jantar, estava à entrada do restaurante recebendo os

nossos jogadores e equipa técnica, de modo a entregar a pulseira identificativa

do jantar encaminhando-os para a sala onde seriam servidas as entradas.

Estando já os jogadores todos presentes estava na hora de me deslocar

à sala de refeições para efetuar um reconhecimento das mesas, de modo a

que na altura de sentar e distribuir os jogadores saber antecipadamente os

lugares respetivos de cada um, facilitando assim o meu trabalho.

Já com toda a gente sentada estava então na altura de descontrair e

aproveitar o jantar que se prolongou durante algumas horas. Esta demora

levou a que o Mister Luís Castro adiasse o treino para uma hora mais tarde do

habitual e assim não prejudicar o mesmo. Deste modo coube-me avisar todos

os jogadores através da aplicação WhatsApp e pessoalmente para garantir que

todos estariam cientes da situação.

No dia seguinte ao jantar realizou-se a gala de comemoração do

aniversário que fica sempre marcada por atuações de vários grupos musicais

ou de outro tipo de arte e pela entrega de prémios aos jogadores, equipa

técnica e funcionários do clube relativamente à época transata.

3.1.4.5. Rio Ave Social - RAS

A experiência que vou relatar a seguir foi algo que me marcou bastante

e que apesar de não estar diretamente envolvido sinto que a devo colocar

neste relatório para que possam perceber a grandeza deste clube.

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Como já referi na caracterização da entidade, o R.A.F.C. tem um

departamento que se dedica à ajuda dos mais necessitados, como foi o caso

de uma situação à qual tive a oportunidade de assistir.

Recebemos no estádio um menino de 11 anos que sofre de uma doença

rara e que lhe retirou a visão, não lhe permitindo igualmente falar nem andar.

Apesar disso, sabe-se que há tratamentos que poderão atenuar a falta de fala

e andamento, sendo que a falta de visão é irreversível. No entanto, os

tratamentos são caros e os pais não têm possibilidades de pagar tudo. Assim

sendo o plantel disponibilizou-se para receber o menino (Fig. 34) e doar algum

material para que fosse leiloado e todo o valor seria revertido a favor da família.

Figura 34 - Menino com paralisia junto do plantel. Fonte: rioaveF.C..pt

Estes tipos de ações marcam-me de uma forma especial, pois

pessoalmente custa-me imenso ver situações deste tipo porque me sinto

extremamente impotente para fazer o que quer que seja de forma a atenuar o

sofrimento das pessoas em questão e mesmo das famílias que acompanham

diretamente os envolvidos.

Assim sendo, é de louvar a atitude do clube e espero que a mesma seja

reproduzida e se torne um hábito no seio dos outros clubes e entidades com

peso no panorama desportivo nacional.

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3.1.5. Experiência como Team Manager

Finalizada a época, é logo iniciada a preparação da seguinte. No

entanto, o R.A.F.C. viveu neste final de época uma situação um pouco anómala

devido à saída do Mister Luís Castro e a indefinição relativamente ao treinador

que o iria suceder. Dada esta indefinição, tornou-se um pouco difícil

estabelecer um plano pois usualmente é o Treinador que define todas as

situações relativas à pré-época.

Apesar de tudo, eu e o Team Manager Gualter, iniciamos a elaboração

de um plano provisório baseado naquilo que tinham sido as pré-épocas

anteriores. Feito o planeamento passamos para o estabelecimento de

contactos com outros clubes de forma a efetuar o agendamento de jogos-

treino.

Ao longo dessa primeira semana de preparação e ficando o treinador

definido - o Mister Miguel Cardoso - sendo já numa fase um pouco adiantada

da preparação de pré-época, fui informado que o Mister pretendia iniciar os

treinos uma semana antes do que estaria inicialmente previsto e por isso, uma

vez que o Gualter Pires estaria de férias, iria ficar ao longo dessa semana

sozinho tendo então a responsabilidade de ser o Team Manager da equipa

durante a sua ausência.

Inicialmente esta situação causou-me relativa estranheza, mas desde

logo foi-me transmitida a maior confiança do clube nas minhas capacidades

fazendo-me acreditar que estaria pronto para assumir tal responsabilidade.

No primeiro dia de trabalho do Mister Miguel Cardoso, após a sua

apresentação oficial, convidaram-me a estar presente para sermos

apresentados e iniciar a preparação da época.

Após reunião da equipa técnica, estando o planeamento da pré-época

finalizado foi-me passada toda a informação para que pudesse iniciar a sua

elaboração. Devido a algumas alterações foi necessário entrar em contacto

com clubes com os quais já teríamos jogos treino agendados, de forma a

comunicar a sua impossibilidade de realização na data pretendida e se possível

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reagendar o mesmo. Caso não fosse possível o seu reagendamento era então

cancelado e passava para o contacto com um outro clube para que houvesse

adversários nas datas solicitadas pelo Mister.

No dia seguinte, reuni novamente com o Mister Miguel Cardoso no seu

gabinete, de forma a transmitir a informação dos jogos treino já agendados

esperando a sua validação assim como as datas que faltariam preencher com

jogos, informando das possibilidades de adversários para esses dias.

Na mesma reunião, o Mister informou-me quais os jogadores com

contrato com o R.A.F.C. que iriam iniciar a época, de forma a que pudesse

transmitir as datas agendadas de regresso, principalmente dos estrangeiros,

para que o Mister soubesse com quem poderia contar de modo a poder iniciar

o planeamento dos treinos.

Por outro lado, na reunião esteve também presente o médico do clube -

Dr. Basil Ribeiro - para que fossem intercalados com os treinos os exames

médicos necessários para o apuramento da condição física dos jogadores e

para a inscrição dos mesmos na Liga.

Ausentando-se o Médico, foram então acertados mais alguns

pormenores para o início da época como a necessidade da aquisição de

material novo e também a mudança de algumas rotinas relativamente à época

transata, como por exemplo dos pequenos-almoços.

Após a reunião foi então necessário transmitir a informação aos

funcionários respetivos para que tudo estivesse em sintonia. Era também

prioritário encomendar o material pedido e pressionar a empresa responsável

para o que mesmo fosse entregue no mínimo dois dias antes do início dos

treinos, sendo assim possível verificar a sua condição com alguma

antecedência.

Estando tudo definido em termos de datas, estava na hora de pegar nos

contactos deixados pelo Gualter Pires e comunicar aos jogadores indicados

pelo Mister o dia em que se deveriam apresentar no clube.

Ao longo da semana o Mister Miguel Cardoso manteve-se em contacto

comigo de forma a perceber o estado de todas as atividades que me

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competiam. Neste sentido, diariamente ligava para a empresa na qual teríamos

feito a encomenda com o intuito de pressionar a entrega dentro do tempo limite

estabelecido.

Por outro lado, também estive em constante comunicação com os vários

departamentos do sector do futebol profissional, tentando perceber se estava

tudo controlado e preparado para o início dos treinos.

Estando a aproximar-se do dia para o qual estava tudo a ser preparado,

o nervosismo aumentava pois, o receio de falhar algo era grande. Para além

disso, ainda não tínhamos recebido a encomenda conforme planeado. Dada

esta situação, entrei novamente em contacto com a empresa e foi-me

transmitido que a mesma já teria sido entregue no estádio.

Fui então averiguar a situação e percebi que a encomenda tinha sido

recebida pela funcionária que estava na loja e que a mesma não teria feito

chegar a informação a alguém responsável, causando então este pequeno

alvoroço.

Já na presença do material, era hora de conferir se tudo se encontrava

conforme a encomenda feita e colocar a mesma nos locais destinados para a

sua arrumação. Aquando do acondicionamento do material aproveitei para

pedir ao roupeiro que verificasse o resto dos equipamentos que já faziam parte

do inventário do clube, de forma a garantir que tudo se encontrava em

conformidade e preparado para ser usado.

No dia anterior ao início dos treinos estava na altura de verificar então se

tudo se encontrava em sintonia para receber os atletas. Primeiro, verificar com

a pessoa que tinha ficado responsável pelo transporte dos atletas do aeroporto

para casa, percebendo se as horas de chegada de cada um estavam de

acordo com as datas que me tinham feito chegar.

Segundo, perceber se o Departamento Médico tinha tudo organizado

para a realização dos exames médicos dos atletas. Verificar também se a

rouparia tinha o equipamento pronto e organizado para o treino dos jogadores.

Por último fazer chegar a informação do campo onde se iriam realizar os

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treinos ao jardineiro, para que este tivesse o relvado nas melhores condições

para a prática de futebol.

Chegado o dia tão esperado coube-me estar presente no estádio com

alguma antecedência para mais uma vez efetuar a verificação dos pormenores

para a receção dos atletas. Apesar de todos já terem sido avisados que teriam

de se deslocar inicialmente ao balneário para se equiparem e tomarem o

pequeno-almoço todos com o equipamento de treino, o Mister pediu-me para

colocar um aviso à entrada com essa mesma informação. Sempre que me

encontrava disponível apresentava-me eu mesmo à entrada, para a informação

não escapar a ninguém.

Tendo já todos o pequeno-almoço tomado o Mister pediu que os atletas

e staff ligados à equipa principal - eu incluído - para se reunirem na sala de

imprensa, conforme se pode observar na figura 35, de modo a todos serem

apresentados (principalmente aos atletas novos) e para no fundo comprometer

todos os funcionários nos seus encargos, fazendo passar a mensagem de que

todos são necessários para o atingir dos objetivos estabelecidos.

Figura 35 - Apresentação do staff, equipa técnica e plantel. Fonte: rioave.pt

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Após a reunião, estava na hora de dar início ao treino que seria aberto à

comunicação social e por isso tive de ficar pela entrada do estádio para

encaminhar os jornalistas para o local correto. Correu tudo sem sobressaltos e

no fim do primeiro dia estavam todos satisfeitos. Pareceu-me ser um bom

presságio.

Nos dias seguintes em que estive sozinho todas as tarefas que foram

atribuídas para cumprir estavam já mecanizadas e por isso não houve

problemas.

Apesar disso, a toda a hora pediam-me para resolver alguns problemas.

Um deles e que me ocupou ainda algum tempo foi a procura de casa para os

atletas novos e para outros que queriam mudar de residência. A busca foi

bastante intensa uma vez que para cada um tive de obedecer a parâmetros

diferentes relacionados com o preço do arrendamento, tipologia do

apartamento e localização do mesmo. Para além disso, sendo que Vila do

Conde e Póvoa de Varzim são localidades à beira-mar muitos dos

apartamentos encontrados só estariam disponíveis a partir de setembro, uma

vez que até essa altura estavam alugados para férias.

Também o Departamento Médico necessitava de gelo para a realização

dos banhos de recuperação dos jogadores, foi necessário deslocar-me a uma

loja de gelados com frigoríficos industriais afim de obter gelo em grandes

quantidades.

Ao longo da semana, fui também continuando a estabelecer contactos

com outros clubes com o intuito de encontrar adversários para a realização de

jogos treino nas datas pretendidas pelo Mister.

A meio da semana sucedeu na sede da LPFP, no Porto, o sorteio

relativo ao campeonato nacional da primeira divisão, onde compete o R.A.F.C..

Assim sendo coube-me pegar nos calendários existentes - Campeonato

Nacional, Taça de Portugal, Taça da Liga, Competições Europeias e de

Seleções - compilando-os num calendário só (Fig. 36).

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Figura 36 - Calendário Anual de Atividades

No final da semana o Gualter Pires chegou de férias e coube-me dar-lhe

conta de todas as ocorrências, passando assim a pasta e dando por terminado

o meu estágio no Rio Ave Futebol Clube, Futebol SDUQ Lda.

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Capítulo 4 - Reflexão crítica e competências adquiridas

De um modo geral e de forma um pouco resumida posso garantir que o

estágio excedeu completamente as minhas expectativas iniciais, pois tive

experiências extraordinárias que me permitiram adquirir inúmeras

competências, preparando-me de uma forma bastante completa para enfrentar

o mercado de trabalho.

Apesar de o balanço final ser bastante positivo nem sempre tudo foi fácil.

Tive de trabalhar imenso ao longo de todo o estágio pois, muitas das atividades

que me propuseram foram de um grau de dificuldade relativamente elevado, o

que também contribuiu para o grande aproveitamento que obtive.

Na fase inicial do estágio, apesar do meu nervosismo ser

indescritivelmente elevado, receberam-me todos da melhor forma, desde o

diretor geral passando pelo Team Manager ou mesmo o roupeiro, pelo que

prontamente todos se disponibilizaram para me apoiar naquilo que necessitava.

Como o primeiro mês do meu estágio se tratou do mês de janeiro - mês

do mercado de transferências de inverno - foi um início um pouco atribulado,

uma vez que a azáfama era tanta que por vezes se esqueciam que eu estava

lá ou no momento a seguir, que era um simples estagiário passando-me tarefas

de elevada dificuldade.

Deste modo, uma vez que estive bastante envolvido em alguns

processos de transferências obtive desde logo uma noção (ainda que um

pouco superficial) de todas as atividades envolvidas no processo bastante

complexo que é uma transferência.

Por outro lado, começando o estágio por algo tão complexo e

confidencial, superou as minhas expectativas imediatamente na fase inicial pois

não contava ser envolvido nestes processos.

Estando já ambientado no seio do departamento de futebol profissional e

o facto de ter sido logo envolvido nestas tarefas acabou por facilitar o resto do

estágio.

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As obrigações seguintes, apesar de não serem consideradas pela

maioria das pessoas como tão prioritárias, seriam também de importância

extrema pois ao contrário das transferências de jogadores, que apesar de

complexas são pontuais - acontecendo apenas em dois períodos de tempo ao

longo da época - são encargos rotineiros e sem os quais uma equipa de futebol

profissional não sobrevive.

Primeiro de tudo, toda a envolvência da preparação de um jogo que

envolve inúmeras atividades. Inicialmente foi um pouco difícil a minha

adaptação a todas as funções uma vez que se tratava de ocupações

pequenas, mas incontáveis devido à quantidade elevada.

Assim sendo, demorou algum tempo e requereu bastante prática até ter

tudo já mecanizado. Apesar desse fator, sempre que estava envolvido na

preparação de um jogo nunca estava completamente relaxado ou tranquilo,

uma vez que o receio de que algo falhasse estaria sempre presente e por isso

realizei as atividades sob uma grande pressão que sempre existe neste tipo de

funções.

Isto acontecia porque todos os processos envolvidos na preparação de

um jogo eram de extrema importância e nada poderia falhar sob pena de ser a

equipa a “pagar a fatura” de alguma falha que pudesse existir, colocando

bastante pressão na pessoa ou pessoas envolvidas nas atividades pré-evento.

No entanto, acredito que esta pressão existente apenas faz com que o

melhor de nós seja revelado na realização da mais pequena função, permitindo

assim que o erro seja colocado de parte.

Uma boa preparação de um jogo sem falhas é um fator facilitador

durante a realização do mesmo. Sempre que estive envolvido, ainda que

indiretamente, na realização dos jogos em casa fiquei sempre com a sensação

que tudo corria sempre pelo melhor pois, cada pormenor era planeado e cada

falha era antecipadamente prevenida de forma a que a atuação na sua

resolução fosse feita o mais rápido possível.

No que me diz respeito a atividade que me trouxe mais dificuldade e

ansiedade foi quando me solicitavam a filmagem dos lances polémicos

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enviando os mesmos para o banco de suplentes. Apesar de à primeira vista ser

um encargo bastante simples, a tal ansiedade era provocada pelo facto de a

minha análise dos lances poder não ser a mais correta, induzindo a equipa

técnica em erro o que poderia trazer sanções disciplinares aos mesmos. No

entanto, no final de cada jogo a mensagem que me foi passada foi que a

missão teria sido bem sucedida o que me trazia bastante confiança para

enfrentar qualquer ofício.

O pós-jogo foi também uma situação que me trouxe bastante dificuldade,

pois como referi anteriormente foi-me solicitada a criação de uma folha de

estatística automática a partir de uma base de dados já existente.

Este processo reclamou, devido a ser algo bastante trabalhoso. A

primeira tarefa a realizar foi a cópia do documento original, trabalhando sempre

na cópia de modo a conseguir efetuar todas as experiências que achasse

necessárias.

Seguidamente e após conceber um esboço daquilo que iria fazer,

passando para o papel as ideias que fui tendo, comecei então uma intensa

pesquisa em torno das fórmulas para o excel que poderia usar para obter o

produto final.

Fui encontrando algumas fórmulas, mas nenhuma correspondia ao que

pretendia. Este processo foi muito baseado em tentativa e erro pelo que fui

aperfeiçoando e estabelecendo novos critérios de pesquisa à medida que a

situação se ia desenvolvendo.

Passado algum tempo o desânimo começava a tomar conta de mim, até

que encontrei uma fórmula que acreditava conseguir adaptar às minhas

pretensões. Passei a mesma para o ficheiro e com algumas adaptações

ocultas na base de dados consegui alcançar o objetivo proposto. Faltava

apenas montar todo o ficheiro e dar um aspeto visual mais agradável à vista.

A fórmula usada foi a seguinte e utilizava alguns parâmetros que foi

necessário acrescentar na base de dados para que a mesma fosse selecionar

a informação correspondente:

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=ÍNDICE(Tempos!$C$11:$AO$44;MENOR(SE(Tempos!$AO$11:$AO$44=Es

tatistica!$F$36;LIN(Tempos!$AO$11:$AO$44)-10);LIN(Tempos!A1));1)

Ao mostrar o resultado final ao Team Manager, este aprovou o mesmo,

pedindo apenas que acrescentasse mais uma célula de informação em cada

um dos parâmetros. Este pedido implicou que efetuasse novas adaptações à

fórmula que demoraram relativamente pouco tempo a finalizar.

Esta atividade, apesar de prolongada, trouxe-me bastantes

conhecimentos familiarizando-me assim com o excel, provando ser uma

ferramenta bastante útil para trabalhar de forma organizada.

Ao nível da contabilidade e stock’s a dificuldade estaria mais uma vez na

pressão do erro. Sendo que quer nas requisições quer nos stock’s era

necessário estar bastante atento a todos os pormenores: datas, valores,

quantidades e datas de validade nos produtos alimentares. O mínimo erro

poderia despoletar uma bola de neve de erros sucessivos sendo

posteriormente complicado de detetar a origem do mesmo trazendo assim

grandes implicações no processo.

Apesar de ser uma ocupação relativamente simples e rotineira, pois

quase todos os dias havia material novo a chegar ou a ser consumido, mas que

requeria uma atenção especial cada vez que a função era realizada.

Por outro lado, aquando da atualização das bases de dados dos atletas

e funcionários do clube, era um encargo que não envolvia grandes

responsabilidades e por isso não era à partida tão motivante como qualquer

uma das outras já referidas. Nesse sentido foi uma atividade um pouco

massacrante por ser demasiado repetitiva, mas que sabia que tinha de ser feita

pois uma base de dados bem construída traz grandes benefícios para a

entidade.

Muitas das ocupações que me eram propostas eram feitas à base de

muita pesquisa. O planeamento das viagens dos jogadores não era diferente e

requeria uma procura intensiva em variados sites da internet de forma a que a

oferta encontrada abrangesse o maior leque possível de opções.

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Inicialmente tive de estudar todas as variáveis possíveis relacionadas

com a viagem de forma a tentar conseguir o preço mais acessível possível, o

que trazia uma grande complexidade ao processo. As variáveis iam desde a

data de partida e chegada, o local de partida e chegada, a duração da viagem,

o número de escalas e se os jogadores levavam a família ou não.

Esta atividade teve de ser feita com a maior antecedência possível e

teria de efetuar a pesquisa através de sites diferentes - edreams, momondo,

skyscanner - de modo a apresentar vários orçamentos detalhados com todas

as variáveis referidas anteriormente, comparando todos eles com a proposta

apresentada pela agência de viagens.

Posteriormente todos os orçamentos foram apresentados à direção da

SDUQ que selecionava o que entendesse mais conveniente para o clube e

para o jogador.

A maior dificuldade nesta missão é a constante oscilação de preços nos

vários voos o que podia comprometer a veracidade dos orçamentos

apresentados. Apesar deste fator, não houve nenhum caso onde algo do

género tivesse acontecido o que facilitou o meu trabalho.

Um gestor desportivo poderá estar sujeito a contactar com pessoas de

outras nacionalidades, especialmente no mundo do futebol onde cada vez

menos existem fronteiras. Neste sentido é necessário dominar outras línguas,

especialmente o inglês.

Como não podia deixar de ser, estive também sujeito a estabelecer

contactos com treinadores, que estavam a efetuar pequenos estágios com o

Mister Luís Castro, provenientes da Polónia e que não tinham nenhum

conhecimento da língua portuguesa. Tendo eu alguma facilidade em falar

inglês foi-me então pedido que os acompanhasse e que fosse traduzindo

conteúdos respondendo também às dúvidas que iam surgindo.

A maior dificuldade com a qual me deparei neste ofício foi o facto de,

apesar de dominar relativamente bem o inglês, não o praticar há já algum

tempo. No entanto, apenas foram necessários alguns minutos de conversa

para tirar a “ferrugem” e a partir desse momento a conversa foi fluindo

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naturalmente, o que para mim também foi agradável pois pude praticar o meu

inglês.

Para além destas obrigações onde era colocada à prova a minha

capacidade de ultrapassar as dificuldades relativas às relações interpessoais,

tinha também outras mais no âmbito secretarial ou burocrático, exemplo dos

IRS’s dos jogadores.

Neste caso, a dificuldade com a qual me deparei prendia-se única e

simplesmente com o facto de nunca ter contactado com o software de

preenchimento do IRS e por outro lado a minha falta de conhecimento nesta

matéria.

No entanto apesar desta situação, as contrariedades foram rapidamente

ultrapassadas com a observação do seu preenchimento por parte do Gualter e

posteriormente da sua ajuda em relação ao meu preenchimento dos quadros

respetivos.

Estas tarefas, apesar de parecer serem algo simplistas, na minha

opinião são elas que diferenciam os clubes profissionais que realmente sabem

trabalhar apresentando resultados desportivos. Desta forma os jogadores

apenas terão de se preocupar em jogar futebol, que é o que melhor sabem

fazer.

Por outro lado, havia atividades em que a ação era efetuada em

simultâneo com o suceder do acontecimento, caso da gala e jantar de

aniversário do clube.

As ocupações realizadas no âmbito deste acontecimento não foram de

todo complicadas de se realizar se não fosse a pressão do evento e de toda a

sua envolvência - convidados VIP, organização, media, jogadores.

A dificuldade dos encargos prendeu-se então com o facto de nada poder

falhar visto que as mesmas foram realizadas em tempo real, em simultâneo

com o Evento, e se algo falhasse não havia tempo de reparar a situação sem

que isso tivesse alguma implicação.

Por outro lado, o facto de não ter havido um “ensaio” com todo o staff

onde cada um iria saber ao certo o que fazer tornou também a função mais

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complexa pois apenas soube quais as minhas funções na hora delas

acontecerem. Assim, mesmo o reconhecimento do local, teve de ser feito no

momento.

No entanto, tudo correu pelo melhor e não houve grandes falhas, tirando

os sempre presentes e inevitáveis atrasos.

Finalizando, esta análise das dificuldades e obstáculos que fui

enfrentando ao longo do estágio passarei então a referir-me àquela que posso

dizer ter sido a experiência mais difícil que tive mas também a mais gratificante.

Refiro-me à experiência como Team Manager da equipa principal do Rio

Ave F.C., Futebol SDUQ, Lda., substituindo o Gualter Pires que estava de

férias. Esta experiência, apesar de ter sido bastante desgastante e desafiante,

foi também bastante gratificante e proveitosa para mim.

A maior dificuldade encontrada foi relativamente ao grau de

responsabilidade que o cargo implicava. Isto porque dependia muita coisa de

mim e uma vez que nunca tinha tido esta experiência sozinho não sabia bem o

que esperar.

Quando me foi solicitada a atividade fiquei um pouco inquieto devido à

complexidade da mesma. No entanto, a inquietação rapidamente passou pois

foi-me transmitida confiança necessária para enfrentar todos os desafios que

me pudessem aparecer. Por outro lado, só o facto de confiarem em mim para

estar responsável pelos principais ativos da sociedade já representa uma

grande demonstração da confiança que teriam em mim e que terá sido ganha

com o meu desempenho ao longo do estágio.

Ao longo desta experiência estava em constante contacto com o Mister

Miguel Cardoso - que seria novo na estrutura do Rio Ave - por um lado para

que ele me transmitisse informações relativas aos treinos e seus horários e

locais e por outro para que fizesse passar toda a informação aos funcionários

respetivos para que tudo estivesse em conformidade com o planeamento

semanal de treinos.

Também relativamente a material que o Mister teria pedido ao clube,

para que pudesse acrescentar alguma qualidade ao treino, fui eu que estive

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responsável pelo seu acompanhamento. Deste modo o Mister Miguel Cardoso

todos os dias me ligava de forma a ser informado do estado da encomenda do

material e se este seria entregue dentro do prazo previsto.

Este constante contacto com o Mister trouxe ainda mais

responsabilidade às minhas funções pois, não lhe podia dar a mesma

informação em dois dias seguidos. Assim “obrigou-me” a trabalhar com o maior

rigor possível e a pressionar a empresa responsável pela entrega do material.

Felizmente a encomenda chegou até antes do previsto.

Por outro lado, todo o restante staff quando necessitava de algo era

também comigo que vinha falar. Apesar de muitas das vezes não estar por

dentro do assunto tinha, de uma maneira ou de outra, resolver o mesmo com a

maior brevidade possível. Acredito que, com mais ou menos rapidez, todas as

atividades solicitadas foram resolvidas com bastante competência, até pelo

feedback que todos me foram dando.

Resumindo toda a minha “estadia” inserido na estrutura do Rio Ave

Futebol Clube, Futebol SDUQ, Lda. posso referir que terminei o estágio com

muito mais ferramentas do que aquelas com as quais iniciei o mesmo. Ao longo

da época consegui, de uma forma progressiva, estar cada vez mais incluído

dentro da estrutura e com mais responsabilidades na mesma. Acredito mesmo

que, ao longo do tempo todos os funcionários me tratavam como “mais um

deles” e não como um simples estagiário - pelo menos foi isso que senti.

Por outro lado, e como estive de tal forma envolvido nas rotinas diárias

da sociedade, consegui adquirir bastantes competências necessárias para

trabalhar numa estrutura profissional como é a do R.A.F.C.: competências

relativas à organização e gestão de uma sociedade desportiva, gestão de uma

equipa de futebol profissional com todas as atividades inerentes a um Team

Manager, organização de jogos, comunicação dentro da estrutura e com

entidades externas e muitas mais.

Assim sendo, acredito que não poderia pedir mais do estágio e foi

precisamente com este objetivo que decidi pelo estágio profissionalizante e não

por qualquer uma das outras formas de concluir este mestrado. Como não me

canso de repetir, excedeu todas as minhas expectativas, ainda para mais

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depois de um início um pouco atribulado onde não encontrava solução à vista.

No entanto, tudo acabou por correr pelo melhor e não posso estar mais

agradado com o desfecho que acabou por ter.

Acredito que estou hoje muito mais preparado para enfrentar o mercado

de trabalho do que estaria há cerca de um ano. No entanto, e apesar de todas

as competências adquiridas e de todas as experiências vividas, tenho a

consciência que ainda tenho um longo caminho a percorrer, conhecimento a

adquirir e mais experiências para viver.

No que diz respeito à elaboração propriamente dita do relatório de

estágio profissionalizante, posso referir que a experiência, apesar de bastante

dura e morosa, teve um impacto em mim bastante positivo.

Primeiro porque foi extremamente desafiante, uma vez que nunca tinha

tido nenhuma experiência do género e não sabia bem o que expectar com a

elaboração do relatório.

Inicialmente o processo mostrou-se um pouco penoso mas após a

escrita das primeiras linhas e de começar a compilar os textos em um só, tudo

pareceu estar a erguer-se e desde então a elaboração do relatório tornou-se

bastante mais fluída.

Para além disso, foi também gratificante devido à quantidade de

conhecimento que fui adquirindo com as variadas pesquisas que efetuei.

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Conclusão

O presente relatório elaborado ao longo do estágio profissionalizante no

Rio Ave Futebol Clube, Futebol SDUQ Lda., revelou-se uma ferramenta

bastante útil no desempenhar das minhas funções. Quer através das pesquisas

efetuadas quer através da comparação de outros trabalhos.

Consegui ter uma perspetiva, ainda que muito geral, da evolução da

legislação em Portugal relativamente ao sistema desportivo nacional. Com este

estudo, relativamente ao progresso da legislação portuguesa, consigo concluir

que esta se foi adaptando ao longo dos anos de forma a acompanhar a

evolução, primeiro da sociedade e segundo do desporto em geral.

Deste modo, podemos perceber que o governo vai estando atento às

necessidades de todos os agentes desportivos, pelo que assim tenho a certeza

que mais cedo ou mais tarde a legislação vai olhar para a minha atividade de

gestão desportiva e que teremos a mesma regulamentada. Mais que não seja

pelo constante crescimento que atividade tem vindo a apresentar.

Por outro lado, mais a nível individual, posso concluir que este estágio e

a realização do respetivo relatório, terão sido o expoente máximo da minha

curta carreira ao nível da gestão desportiva.

Todas as minhas expectativas foram realizadas e até ultrapassadas.

Apesar de tudo, tenho a consciência que estes seis meses não serviram para

que eu dominasse todas as vertentes da gestão de uma sociedade desportiva.

No entanto, tenho a convicção que me foi possível conhecer de uma forma

geral todos os engenhos e processos relativos ao funcionamento de uma

estrutura profissional de futebol.

No que diz respeito ao ponto máximo de uma equipa de futebol e para a

qual todos trabalham arduamente ao longo de todas as semanas - o jogo, os

90 minutos aos quais se resume tudo, onde em um segundo tudo pode mudar

e passar do sucesso ao fracasso sem que nada pudéssemos fazer - há

inúmeras situações a reter e que quem pretender trabalhar nesta área terá de

dominar na perfeição todas estas vertentes.

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Relativamente aos objetivos estabelecidos por mim no início do relatório

foram, sem sombra de dúvidas, atingidos com sucesso. Primeiro, referindo-me

ao estabelecimento de contactos foi bastante positivo, quer dentro da estrutura

do Rio Ave F.C. onde contactei com quase todos os funcionários, quer mesmo

fora onde tive a oportunidade de estabelecer contactos com, por exemplo,

pessoas ligadas à Liga de Clubes, o que foi para mim gratificante, conhecendo

por isso muitas pessoas de grande notoriedade e reconhecimento no futebol

profissional.

Outro dos objetivos no início do estágio seria a oportunidade de passar

por experiências novas. Experiências novas não faltaram ao longo do estágio e

foram também extremamente cativantes e por isso apesar de muitas serem de

elevada dificuldade, foram todas realizadas com sucesso devido à motivação

com que eram executadas.

Gostaria de registar que apesar de ter tido uma revisão exaustiva da

legislação desportiva portuguesa relativamente ao desporto profissional e esta

me ter agradado, fiquei com a convicção que existe pouca regulamentação

relativa à atividade do gestor do desporto em Portugal. Esta lacuna deverá ser

colmatada para uma maior qualidade da gestão e do funcionamento das

organizações desportivas e para que as pessoas que exercem a gestão do

desporto sejam efetivamente qualificadas.

Finalmente, referindo-me agora ao que seria talvez o objetivo primordial:

demonstrar o meu valor sendo uma possível oportunidade de emprego. Na

minha humilde opinião creio que o meu valor foi posto totalmente à prova,

revelando ser capaz de superar qualquer desafio. Sustento esta opinião nos

feedbaks que me foram transmitindo e na vontade que demonstraram na

eventual contratação da minha pessoa após a conclusão do Mestrado.

Analisando e perspetivando o futuro relativamente à área da gestão

desportiva e mais propriamente à gestão do futebol profissional, acredito

sinceramente na evolução da profissão e que cada vez mais irão existir

pessoas competentes a gerir o desporto em Portugal.

Olhando para a realidade com que todos os dias me confronto,

principalmente na faculdade, onde jovens de várias nacionalidades se dedicam

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ao estudo da gestão do desporto, presumo que irá a médio prazo aumentar

qualidade e competitividade no mundo da gestão do desporto.

Como já fui referindo, a realização deste trabalho foi, a nível pessoal de

uma desmedida valorização. Isto porque juntou em um só dois dos mundos

que me fascinam: a Gestão Desportiva e o Futebol.

As experiências vividas ao longo do estágio contribuíram de forma

extremamente positiva para a minha formação e também de certa forma para a

concretização do relatório.

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Síntese Publicável

Entrevista ao Diretor Geral da Rio Ave F.C., Futebol SDUQ Lda.18

O Dr. Miguel Ribeiro (Fig. 37), atualmente com funções de Diretor Geral

no Rio Ave F.C., Futebol SDUQ Lda., é licenciado em Direito tendo concluído

também o curso da Ordem dos Advogados. Iniciou o seu percurso no mundo

do Futebol como assessor jurídico no Varzim SC quando na altura exercia

advocacia em Vila Nova de Famalicão. Com o ingresso no mundo do desporto

decidiu complementar a sua formação com uma pós-graduação em Direito do

Desporto Profissional.

Nessa época, o Diretor Desportivo do Varzim terminou as suas funções

no clube. Devido a este facto o Dr. Miguel Ribeiro acumulou as funções que

exercia com responsabilidades no Departamento de Futebol Profissional. O

processo foi evoluindo até que se tornou efetivamente Diretor Desportivo do

Varzim SC, sem deixar de, concomitantemente, exercer a atividade no

Departamento Jurídico.

Decorridos 6 anos, passou a exercer a sua atividade profissional na ilha

da Madeira, como Assessor da Administração para o Futebol no CS Marítimo,

designação adotada pelo clube para a função de Diretor Geral.

Na Madeira o Dr. Miguel Ribeiro esteve mais 6 anos. Em 2012 ingressou

no Rio Ave F.C., para exercer funções de Diretor Geral, tendo visto o seu

trabalho reconhecido, tanto com bons frutos a nível desportivo, como

financeiro.

18 Aceite ser publicada na Revista Rio Ave Futebol

Figura 37 - Dr. Miguel Ribeiro

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1. Qual a função do Diretor Geral do Rio Ave F.C. SDUQ?

R: Em termos genéricos, é uma função que assenta na gestão, e a partir da

gestão enquadrar as várias atividades que tem uma sociedade. A chave ou o

coração da "coisa" está neste campo de 75 metros por 68 que é a equipa de

futebol profissional. Mas à volta desta equipa há todo um negócio e toda uma

operação que é preciso cuidar. Desde logo e de uma forma simples a receita

versus despesa, mas depois pormenores como o planeamento, logística,

comunicação, toda a dinâmica de uma estrutura de futebol que é preciso dirigir,

acompanhar, executar e decidir.

2. Dentro da função pode referir-se às principais atividades que

desempenha?

R: É um mito reduzir qualquer atividade de gestão a contratar jogadores e a

despedir jogadores, de todo... Até porque o processo de contratação ou de

saída, estamos a falar de um processo global de sociedade, mas estamos a

falar de um processo quase de resultado, porque a essência do processo é

toda uma gestão que leva a estes resultados: às vezes ter de ir buscar um

jogador, às vezes ter de vender um jogador, às vezes ter de fazer uma

operação bancária, porque tudo resulta como uma operação só. Ainda agora,

neste momento, estava a receber uma mensagem da Arábia Saudita a dizer

que o problema com a FPF está resolvido. Ou seja, estamos a falar de um

jogador que foi vendido e que teve alguns problemas inerentes a esta venda.

Mas foi um jogador que em tempos foi comprado por isso já foi um jogador que

foi seguido, ou seja, há um conjunto de operações em torno de um mesmo

jogador que é preciso dirigir.

3. Na sua perspetiva qual o perfil que um Diretor Geral, na qualidade de

gestor do desporto, que uma sociedade desportiva deverá ter?

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R: Tecnicamente tem de estar preparado do ponto de vista financeiro,

económico e jurídico, ou seja, não estou a dizer que tem de ser um

economista, um gestor ou um advogado, três ciências que devem estar

presentes, não só pela responsabilidade mas também pela exequibilidade de

toda a tarefa é necessário ter algum domínio sobre estas. Depois ter um

conhecimento do jogo versus do mercado. Enquadrando, o jogo de futebol e o

mercado de jogadores. Porque a essência da atividade é como um gestor da

indústria têxtil ter um conhecimento sobre o fio, sobre o tecido, sobre as

malhas, é igual como um gestor de construção civil ter um conhecimento sobre

a obra. Por isso o registo será paralelo a isto que aqui disse.

4. Qual o histórico do Rio Ave F.C. em competições profissionais? O que

levou o clube a formar uma sociedade desportiva?

R: O Rio Ave até há 6 épocas tinha um percurso interessante, mas um

percurso que assentava no objetivo da manutenção. Entretanto tentamos dar

um passo em que com o mesmo fazermos melhor e que foi não lutar pela

manutenção mas lutar por mais qualquer coisa. Claro que nem sempre com o

mesmo conseguimos fazer melhor e por isso também tivemos de fazer um

upagrade no investimento. E hoje, cinco ou seis anos depois, fomos já à final

da taça de Portugal, à final da taça da liga, à super taça, duas vezes à Liga

Europa, uma vez à fase de grupos da mesma, temos estado sempre nos

lugares cimeiros da tabela, a manutenção já não é um fantasma que assuste,

mas temos de estar sempre preparados e estar sempre a acautelar esse

desafio, que é o desafio principal do Rio Ave, o resto serão sempre upgrades.

Assim o Rio Ave é um clube sustentado pois tem para hoje e felizmente tem

para amanhã. O Rio Ave adotou a figura de sociedade desportiva porque a lei o

obrigou e em 2013 com a alteração legislativa todos os clubes tiveram de optar

pela forma societária. O Rio Ave optou por um registo SDUQ pois era uma

transição muito suave em relação ao que tinha. Basta ver que o único sócio da

sociedade é o clube, ou seja, apesar de o Rio Ave ter encarado a figura de

sociedade desportiva na parte teórica, na prática o único sócio é o clube, que

diretamente não é o Rio Ave, mas indiretamente é.

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5. Em termos de recursos humanos como está organizada a SDUQ para o

seu funcionamento? (Departamentos)

R: Societariamente o Rio Ave tem uma SDUQ, cujo órgão máximo é a gerência

e daí para baixo o Rio Ave está profissionalizado. Eu estarei no topo da

hierarquia como Diretor Geral e depois abrimos em Departamentos e Sub-

Departamentos. Temos o Departamento Financeiro, onde dentro deste temos a

área financeira, tesouraria e contabilidade. Depois temos o Departamento de

Comunicação em que temos o Diretor de Comunicação e assessor, o

Departamento de Marketing e depois temos o coração da sociedade que é o

Departamento de Futebol. Este divide-se dentro das necessidades da equipa

numa área administrativa dirigida por um Team Manager, em que temos a

parte do secretariado, operação, logística e planeamento. Abaixo do Team

Manager, sendo que reportam a este, temos a rouparia, a questão das relvas,

etc... Tudo o que aproveita a equipa de Futebol. Depois temos um

Departamento Médico que é da sociedade, que abrange todas as equipas da

mesma. Temos um Departamento de Instalações que faz a gestão dos

campos, do estádio e gere todas as obras necessárias. Temos também o

Departamento de Organização de Jogos, dirigido por um OLA (oficial de

ligação aos adeptos) e dentro deste está a responsabilidade dos jogos em

casa, de toda a logística inerente ao jogo: segurança, polícia, bilhética,

torniquetes, preços, entradas, zonas destinadas, quem é quem, tudo o que

envolve a organização de um jogo. Nos jogos fora é o elemento de ligação

entre os adeptos e a equipa visitada. Este num esboço geral é a SDUQ do Rio

Ave.

6. O que levou a sociedade onde se encontra atualmente a optar pelo

regime que apresenta?

R: O Rio Ave só optou pelo regime de sociedade desportiva porque a lei assim

o obrigou, porque se assim não o obrigasse o Rio Ave manteria a forma de

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clube, porque no momento era a forma que melhor satisfazia os desígnios e

ambições do Rio Ave. Optamos por SDUQ porque a intenção do clube no perfil

societário era manter o registo clube e esse registo clube para ser mantido,

pois não vislumbrávamos a necessidade de optar por uma forma societária

diferente, era avançar para um registo SDUQ que era o que transportava para

o registo societário o cariz de clube que o Rio Ave tinha.

7. Haveria a possibilidade de mudar esse estatuto? Que fatores poderiam

levar a essa mudança?

R: A todo o tempo o Rio Ave pode transformar a SDUQ numa SAD, o inverso

nunca acontece, a SAD é um processo que se torna irreversível a partir do

momento em que se forma a sociedade anónima. A todo o tempo o Rio Ave

poderá fazer essa transformação de SDUQ em SAD, e eventualmente terá de o

fazer quando necessidades, nomeadamente financeiras, assim o obriguem. A

saber o futebol é hoje cada vez mais uma industria de investimento, cada vez

menos jogadores livres, cada vez os agentes se envolvem mais nas transições

de jogadores que é o produto desta atividade, e por isso nessa medida parece-

me que o Rio Ave poderá um dia optar por avançar para uma sociedade

anónima desportiva quando sentir que a componente investimento está

demasiadamente limitada para nos tornar competitivos. Quando for necessário

para investimento para nos tornarmos mais competitivos, provavelmente o

desenho SAD terá de ir para cima da mesa.

8. Quais os desafios futuros que o Rio Ave enquanto sociedade

desportiva irá enfrentar no decorrer da sua atividade?

R: Acho que o grande desafio que o Rio Ave tem, e vivendo como vive com

este nível de receita e despesa, manter-se competitivo. Porque a questão

chave disto é o Rio Ave ser competitivo, ser capaz, haver esta capacidade e

competência de lutar pelas melhores performances. Por isso este é o grande

desafio do Rio Ave, é com este nível de receita e manter-se competitivo.

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XXV

Anexos

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Anexo 1

- Dossier de Jogo -

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Anexo 2

- Programa de Jogo -

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Anexo 3

- Croqui Equipamentos -

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Anexo 4

- Nomeações Arbitragem -

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Anexo 5

- Mapa de Castigos -

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Anexo 6

- Convocatória Base -

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Anexo 7

- Programa Semanal de Treinos -

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Anexo 8

- Mapa Trimestral ADOP -

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Anexo 9

- Modelo P da LPFP -

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Anexo 10

- Modelo L da LPFP -

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Anexo 11

- Modelo O da LPFP -

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Anexo 12

- Questionário PSP -

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Anexo 13

- Golos Marcados -

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Anexo 14

- Disciplina -

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Anexo 15

- Tempo de Jogo -

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Anexo 16

- Estatística de Jogo -

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Anexo 17

- Gráficos -

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Anexo 18

- Requisições -

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Anexo 19

- Despesas -

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Anexo 20

- Controlo de Stock -

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Anexo 21

- SEF - Agendamento -

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Anexo 22

- SEF - Formulário -

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Anexo 23

- Planeamento de Viagens -

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Anexo 24

- Cartaz de Aniversário do Clube -

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Anexo 25

- Planeamento Exames Médicos -

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Anexo 26

- Calendário Anual de Atividades -

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Anexo 27

- Entrevista Completa ao Dr. Miguel Ribeiro -

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Tema

Elementos para a compreensão do perfil de um gestor do desporto como o

responsável máximo de uma sociedade desportiva.

Objetivos

1. Identificar as principais competências de um gestor do desporto com as

funções de Diretor Geral numa sociedade desportiva;

2. Perceber o peso da formação académica específica no desempenho das

várias funções numa sociedade desportiva;

3. Perceber os métodos de controlo e avaliação do funcionamento de uma

sociedade desportiva;

4. Caracterizar as vantagens e desvantagens entre uma SAD e SDUQ;

A) Legitimação da Entrevista

1. A entrevista será gravada para fins de análise. Opõe-se a esse facto?

R: Não.

2. Existe algum aspeto que não tenha sido clarificado?

R: Tudo claro.

B) Identificação

Sexo, idade, formação académica (tem alguma especialização na área de

gestão desportiva?), que cargos já desempenhou em clubes ou sociedades

desportivas, como chegou ao cargo atual.

R: O meu nome é Miguel Ribeiro, tenho 39 anos, sou licenciado em Direito

tendo concluído o curso da Ordem dos Advogados. Exerci advocacia em Vila

Nova de Famalicão e entretanto iniciei a minha atividade desportiva no Varzim

SC como advogado e na pendência dessa atividade tirei uma pós-graduação

em Direito do Desporto Profissional. Quando o diretor desportivo do Varzim, à

data, saiu, eu acumulei as funções do Departamento Jurídico com a operação

desportiva da equipa de futebol. O processo foi evoluindo até assumir o cargo

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de Diretor Desportivo e dentro desse cargo abarcar a questão jurídica. Seis

anos depois transitei para o Marítimo para as funções de Assessor da

Administração para o Futebol, no fundo o Diretor Desportivo que o Marítimo

caracterizava deste modo. Estive lá uma época e posteriormente vim para o

Rio Ave onde estou há 6 anos sempre com a mesma função, a de Diretor

Geral.

C) Recursos Humanos

Em termos de recursos humanos como está organizada a SDUQ para o seu

funcionamento? (Departamentos)

R: Societariamente o Rio Ave tem uma SDUQ, cujo órgão máximo é a gerência

e daí para baixo o Rio Ave está profissionalizado. Eu estarei no topo da

hierarquia como Diretor Geral e depois abrimos em Departamentos e Sub-

Departamentos. Temos o Departamento Financeiro, onde dentro deste temos a

área financeira, tesouraria e contabilidade. Depois temos o Departamento de

Comunicação em que temos o Diretor de Comunicação e assessor, o

Departamento de Marketing e depois temos o coração da sociedade que é o

Departamento de Futebol. Este divide-se dentro das necessidades da equipa

numa área administrativa dirigida por um Team Manager, em que temos a

parte do secretariado, operação, logística e planeamento. Abaixo do Team

Manager, sendo que reportam a este, temos a rouparia, a questão das relvas,

etc... Tudo o que aproveita a equipa de Futebol. Depois temos um

Departamento Médico que é da sociedade, que abrange todas as equipas da

mesma. Temos um Departamento de Instalações que faz a gestão dos

campos, do estádio e gere todas as obras necessárias. Temos também o

Departamento de Organização de Jogos, dirigido por um OLA (oficial de

ligação aos adeptos) e dentro deste está a responsabilidade dos jogos em

casa, de toda a logística inerente ao jogo: segurança, polícia, bilhética,

torniquetes, preços, entradas, zonas destinadas, quem é quem, tudo o que

envolve a organização de um jogo. Nos jogos fora é o elemento de ligação

entre os adeptos e a equipa visitada. Este num esboço geral é a SDUQ do Rio

Ave.

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Em cada departamento a formação académica dos funcionários adequa-se ao

desempenho das suas funções?

R: Sim, e tentamos que assim o seja. Obviamente no Departamento de

Contabilidade temos contabilistas, no Departamento de Comunicação é um

jornalista (ex-Sporttv), naturalmente no Departamento Médico é dirigido por um

médico e temos também fisioterapeutas. Tentamos sempre que os

profissionais que estão em cada Departamento tenham uma formação

adequada e específica para a função.

D) Experiência vs Conhecimento

1. Como Diretor Geral, qual a importância que dá à sua formação académica

e experiência profissional no desempenho das suas funções?

R: Naturalmente para mim é fundamental, e muito fácil falar sobre isso, porque

felizmente tenho... É fundamental a questão da formação, a experiência

naturalmente é uma coisa que vem a seguir, mas sem formação e sem

preparação técnica para exercer cargos que exijam responsabilidade eu

confesso que não me revejo e não acredito que assim seja. Se para exercer

advocacia é preciso ter um curso de Direito, se para exercer Medicina é preciso

ter um curso de Medicina, para exercer jornalismo é preciso um curso de

jornalismo, eu também acho que para trabalhar na área de futebol/ desportiva a

formação é também decisiva. E nem penso que faz sentido, que ao nível que

as sociedades de topo em Portugal estão, que não se recrute com formação. A

questão da experiência é também ela muito importante pois estamos a falar de

uma questão de know how, de uma acumular de conhecimento que depois

poderá ser posto em prática. Agora sem as pessoas trabalharem nunca

poderão ter experiência e sem formação nunca deverão entrar neste mercado.

2. Sente necessidade de uma formação contínua a nível da Gestão

Desportiva no cargo que desempenha? Pode dar exemplos?

R: Sim. É como em qualquer outra área, ser gestor desportivo, ser gestor

bancário ou de uma petrolífera é exatamente igual: estamos a gerir ativos e

passivos, estamos a gerir o quotidiano, a gerir orçamentos, estamos a gerir

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despesas e receitas, ou seja, se estamos a gerir, no caso do Rio Ave, uma

máquina que movimenta 7,5 milhões de euros, então naturalmente que a

formação é necessária mas também a atualização dos conhecimentos é

necessária como em qualquer outra área.

3. Entende que a Liga ou a FPF, deveriam disponibilizar formações para os

dirigentes/ gestores das sociedades desportivas a nível da Gestão

Desportiva? E diferenciadas de acordo com o cargo desempenhado?

R: A verdade é que quer a FPF quer a Liga terão essa sensibilidade, e a prova

disso é que neste último ano abriram mais cursos que nos últimos dez. Ou

seja, a Liga já está com a Universidade Católica a patrocinar um curso,

permanentemente com a Almedina, com alguns escritórios de advogados,

patrocina algumas ações de formação e de reciclagem. A FPF igual, hoje

dirigida pelo Professor André Seabra, um Professor catedrático muy nobre e

distinto das faculdades portuguesas, tem uma Escola de Gestão Desportiva.

Acredito que irá evoluir nesse sentido, com a formação muito especifica para o

dirigismo de Futebol, pois estamos a falar da Federação Portuguesa de

FUTEBOL, ou seja, é claramente uma área em que estão a investir, é uma

área que está sobre crescimento e melhoria porque é uma área absolutamente

necessária.

4. Fazendo o paralelismo com os técnicos/ treinadores que são sujeitos a

formação contínua e terão a sua atividade regulamentada, parece-lhe que

deveria acontecer o mesmo com os gestores?

R: Sim, eu acho que, para além de cada vez mais isto acontecer, porque há

cada vez mais gestores, tenho a informação que projetam regulamentar a

atividade criando uma verdadeira figura laboral do Diretor Desportivo, que é

uma área técnica inerente ao Futebol. Acho que é por aí e é para aí que

vamos, agora, também tenho de reconhecer que isto ainda é uma atividade

que ainda está a dar os primeiros passos, porque se repararmos decorre em

2013 a obrigatoriedade de os clubes transitarem para sociedades - SAD ou

SDUQ - ou seja, temos de perceber que ainda não é uma atividade que esteja

assim tão cimentada e assim tão estruturada que hoje já possamos ter isso

tudo. Dentro de essa linha de raciocínio este é um início que acho que vai

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caminhar para aí: regulamentar, formar, qualificar e depois no futuro também

me parece que vai haver algum paralelismo entre essas questões de técnicos e

de quadros dentro das estruturas das sociedades desportivas. (11:19)

E) Caracterização de Competências e Funções

4. Qual a função do Diretor Geral do Rio Ave FC SDUQ?

R: Em termos genéricos, é uma função que assenta na gestão, e a partir da

gestão enquadrar as várias atividades que tem uma sociedade. A chave ou o

coração da "coisa" está neste campo de 75 metros por 68 que é a equipa de

futebol profissional. Mas à volta desta equipa há todo um negócio e toda uma

operação que é preciso cuidar. Desde logo e de uma forma simples a receita

versus despesa, mas depois pormenores como o planeamento, logística,

comunicação, toda a dinâmica de uma estrutura de futebol que é preciso dirigir,

acompanhar, executar e decidir.

5. Dentro da função pode referir-se às principais atividades que

desempenha?

R: É um mito reduzir qualquer atividade de gestão a contratar jogadores e a

despedir jogadores, de todo... Até porque o processo de contratação ou de

saída, estamos a falar de um processo global de sociedade, mas estamos a

falar de um processo quase de resultado, porque a essência do processo é

toda uma gestão que leva a estes resultados: às vezes ter de ir buscar uma

jogador, às vezes ter de vender um jogador, às vezes ter de fazer uma

operação bancária, porque tudo resulta como uma operação só. Ainda agora,

neste momento, estava a receber uma mensagem da Arábia Saudita a dizer

que o problema com a FPF está resolvido. Ou seja, estamos a falar de um

jogador que foi vendido e que teve alguns problemas inerentes a esta venda.

Mas foi um jogador que em tempos foi comprado por isso já foi um jogador que

foi seguido, ou seja, há um conjunto de operações em torno de um mesmo

jogador que é preciso dirigir.

6. Como é avaliado o impacto das suas atividades para a SDUQ?

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R: Espero que seja um impacto positivo, porque estamos a falar em termos

profissionais tenho um presidente que dirige a SDUQ mas a parte executiva

num registo CEO é a minha atividade que enquadra nesse registo.

7. Na sua perspetiva qual o perfil que um Diretor Geral, na qualidade de

gestor do desporto, que uma sociedade desportiva deverá ter?

R: Tecnicamente tem de estar preparado do ponto de vista financeiro,

económico e jurídico, ou seja, não estou a dizer que tem de ser um

economista, um gestor ou um advogado, três ciências que devem estar

presentes, não só pela responsabilidade mas também pela exequibilidade de

toda a tarefa é necessário ter algum domínio sobre estas. Depois ter um

conhecimento do jogo versus do mercado. Enquadrando, o jogo de futebol e o

mercado de jogadores. Porque a essência da atividade é como um gestor da

industria têxtil ter um conhecimento sobre o fio, sobre o tecido, sobre as

malhas, é igual como um gestor de construção civil ter um conhecimento sobre

a obra. Por isso o registo será paralelo a isto que aqui disse.

8. Atendendo ao perfil do Doutor, o que acha mais desafiante para as funções

que desempenha?

R: A parte mais desafiante é acertar no jogador certo para o vender! Esse é o

Santo Graal desta atividade.

F) SAD vs SDUQ

1. Qual o histórico do Rio Ave FC em competições profissionais? O que levou

o clube a formar uma sociedade desportiva?

R: O Rio Ave até à 6 épocas atrás tinha um percurso interessante, mas um

percurso que assentava no objetivo da manutenção. Entretanto tentamos dar

um passo em que com o mesmo fazer-mos melhor e que foi não lutar pela

manutenção mas lutar por mais qualquer coisa. Claro que nem sempre com o

mesmo conseguimos fazer melhor e por isso também tivemos de fazer um

upagrade no investimento. E hoje, cinco ou seis anos depois, fomos já à final

da taça de Portugal, à final da taça da liga, à super taça, duas vezes à Liga

Europa, uma vez à fase de grupos da mesma, temos estado sempre nos

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lugares cimeiros da tabela, a manutenção já não é um fantasma que assuste,

mas temos de estar sempre preparados e estar sempre a acautelar esse

desafio, que é o desafio principal do Rio Ave, o resto serão sempre upgrades.

Assim o Rio Ave é um clube sustentado pois tem para hoje e felizmente tem

para amanhã. O Rio Ave adotou a figura de sociedade desportiva porque a lei o

obrigou e em 2013 com a alteração legislativa todos os clubes tiveram de optar

pela forma societária. O Rio Ave optou por um registo SDUQ pois era uma

transição muito suave em relação ao que tinha. Basta ver que o único sócio da

sociedade é o clube, ou seja, apesar de o Rio Ave ter encarado a figura de

sociedade desportiva na parte teórica, na prática o único sócio é o clube, que

diretamente não é o Rio Ave, mas indiretamente é.

2. O que levou a sociedade onde se encontra atualmente a optar pelo regime

que apresenta?

R: O Rio Ave só optou pelo regime de sociedade desportiva porque a lei assim

o obrigou, porque se assim não o obrigasse o Rio Ave manteria a forma de

clube, porque no momento era a forma que melhor satisfazia os desígnios e

ambições do Rio Ave. Optamos por SDUQ porque a intenção do clube no perfil

societário era manter o registo clube e esse registo clube para ser mantido,

pois não vislumbrávamos a necessidade de optar por uma forma societária

diferente, era avançar para um registo SDUQ que era o que transportava para

o registo societário o cariz de clube que o Rio Ave tinha.

3. Haveria a possibilidade de mudar esse estatuto? Que fatores poderiam

levar a essa mudança?

R: A todo o tempo o Rio Ave pode transformar a SDUQ numa SAD, o inverso

nunca acontece, a SAD é um processo que se torna irreversível a partir do

momento em que se forma a sociedade anónima. A todo o tempo o Rio Ave

poderá fazer essa transformação de SDUQ em SAD, e eventualmente terá de o

fazer quando necessidades, nomeadamente financeiras, assim o obriguem. A

saber o futebol é hoje cada vez mais uma industria de investimento, cada vez

menos jogadores livres, cada vez os agentes se envolvem mais nas transições

de jogadores que é o produto desta atividade, e por isso nessa medida parece-

me que o Rio Ave poderá um dia optar por avançar para uma sociedade

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anónima desportiva quando sentir que a componente investimento está

demasiadamente limitada para nos tornar competitivos. Quando for necessário

para nos tornarmos competitivos investimento se calhar o desenho SAD terá de

ir para cima da mesa.

4. Quais as vantagens e desvantagens de uma SDUQ? E de uma SAD?

R: Na essencia a vantagem de uma SAD tem a ver com a questão do

investimento, como qualquer sociedade ou empresa comercial que necessite

investimento e que possa gerar lucro, é necessária esta figura societária pois a

outra forma, a SDUQ, estamos a falar de uma figura não igual a um clube mas

podemos dizer uma máscara do regime especial de gestão em que o sócio

único em que o investimento/ lucro/ receita estará sempre no universo clube.

5. Quais os desafios futuros que o Rio Ave enquanto sociedade desportiva irá

enfrentar no decorrer da sua atividade?

R: Acho que o grande desafio que o Rio Ave tem, e vivendo como vive com

este nível de receita e despesa, manter-se competitivo. Porque a questão

chave disto é o Rio Ave ser competitivo, ser capaz, haver esta capacidade e

competência de lutar pelas melhores performances. Por isso este é o grande

desafio do Rio Ave, é com este nível de receita e manter-se competitivo.

G) Validação da entrevista

1. Considera que a entrevista foi bem conduzida?

R: Sim, muito bem conduzida.

2. Considera que o conteúdo da entrevista vai de encontro aos objetivos

enunciados inicialmente?

R: Absolutamente.

3. Quer acrescentar mais algum aspeto que considere relevante para o

esclarecimento das temáticas abordadas?

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R: Acho que conseguimos abordar, talvez de uma forma sumária mas era o

que se pedia, o que é uma Sociedade Unipessoal por Quotas do nível do Rio

Ave.

4. Tem alguma questão ou dúvida para colocar?

R: Não.

Obrigado pela sua valiosa colaboração