GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR DE...
Transcript of GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR DE...
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA
FACEF
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR DE RIBEIRÃO PRETO
Antonio Marcelo Brandão
Franca - 2001
FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS, ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS DE FRANCA
FACEF
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR DE RIBEIRÃO PRETO
Antonio Marcelo Brandão
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu para obtenção do título de Mestre em Administração, Área de Concentração: Gestão Empresarial, sob a orientação da Prof. Dra. Maria Zita Figueiredo Gera.
Franca - 2001
Brandão, Antonio Marcelo B817m Modelos de gestão de recursos humanos praticados por empresas
de administração familiar de Ribeirão Preto. Franca: 2001. 107 p. il. Orientador: Maria Zita Figueiredo Gera Dissertação de Mestrado – FACEF Programa de Mestrado em Gestão Empresarial 1. Adm. de empresas - Recursos humanos. 2. Empresas familiares - Ribeirão Preto (SP). - 3. Políticas de Recursos Humanos. 4. Recursos Humanos - Gestão.
CDD 658.3
Dados curriculares
Antonio Marcelo Brandão
Nascimento: 24/05/1959 - Ribeirão Preto -SP
Filiação: José Brandão e Isabel Sanches Brandão
1979 - 1985 Responsável pelas rotinas da legislação trabalhista da área do
Departamento de Pessoal, na Empresa Drogacenter S.A. Distribuidora
de Medicamentos - Ribeirão Preto.
1990 - 1993 Curso de Graduação. Bacharel em Administração, Centro Universitário
Moura Lacerda – Ribeirão Preto.
1985 - 1994 Gerente de Recursos Humanos, na empresa Lagoa da Serra
Inseminação Artificial, encarando o desafio de trocar a
operacionalização das rotinas pelas estratégias da empresa.
1994 - 1995 Curso de especialização em Administração de Recursos Humanos, Lato
Sensu, Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP – São Paulo.
1994 - 1997 Gerente de Recursos Humanos na empresa Caldema Equipamentos
Industriais Ltda., que me ofereceu o desafio de implantar um
departamento para melhorar a qualidade de seus produtos através das
pessoas.
1997 - 2000 Coordenador da estrutura de treinamento para atendimento a clientes no
Sistema COC de Ensino.
2000 - até a
presente data
Professor do Centro Universitário Moura Lacerda. – Ribeirão Preto.
Disciplinas: Administração de Recursos Humanos, Teoria da
Administração e Introdução a Administração.
Presidente do Conselho da Associação Paulista de Recursos Humanos –
Seccional Ribeirão Preto.
ANTONIO MARCELO BRANDÃO
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS EM EMPRESAS DE ADMINISTRAÇÃO FAMILIAR DE RIBEIRÃO PRETO
BANCA EXAMINADORA
Dissertação para obtenção do grau de Mestre.
__________________________________
Profa. Dra. Maria Zita Figueiredo Gera
Presidente e orientadora __________________________________
2º. Examinador __________________________________
3º. Examinador
Aos meus pais, José Brandão (in
memorian) e Isabel, que com seus
exemplos me inspiraram para este tema;
À Maria Helena e Marcelo, razão de todo
esse trabalho.
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS ............................................................................................. 7
RESUMO ................................................................................................................. 9
ABSTRACT ............................................................................................................ 10
RESUMEN .............................................................................................................. 11
INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12Justificativa................................................................................................................ 12Objeto ........................................................................................................................ 14Objetivos.................................................................................................................... 15
CAPÍTULO 1 EMPRESAS FAMILIARES – ORIGEM E PERFIL ......................................... 17
CAPÍTULO 2 GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS ............................................................... 24
CAPÍTULO 3 A EMPRESA: PREPARAR-SE PARA VIVER HOJE ....................................... 38
CAPÍTULO 4 METODOLOGIA ................................................................................................... 454.1 Delineamento....................................................................................................... 454.2 Universo da pesquisa ........................................................................................... 464.3 Técnicas de coleta de dados ................................................................................ 47
CAPÍTULO 5 RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS ......................................................... 485.1 Caracterização das empresas ............................................................................... 485.2 Perfil dos empregados ......................................................................................... 515.3 Política de Recursos Humanos ............................................................................ 615.4 Área de Recursos Humanos................................................................................. 72
5.4.1 Importância que a empresa dá à área de Recursos Humanos ..................... 735.4.2 Gestão de Recursos Humanos .................................................................... 835.4.3 Avaliação dos papéis em Recursos Humanos ............................................ 85
5.5 Formação ideal do profissional de Recursos Humanos....................................... 87
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 91
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................... 96
ANEXOS .................................................................................................................. 99
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Caracterização das empresas participantes ............................................... 49
Tabela 2 - Movimentação de empregados.................................................................. 51
Tabela 3 - Percentual de empregados que trabalham na empresa por tempo
serviço .......................................................................................................
56
Tabela 4 - Percentual de empregados que trabalham na empresa por idade .............. 58
Tabela 5 - Grau de escolaridade dos empregados ...................................................... 59
Tabela 6 - Percentual de empregados por sexo .......................................................... 60
Tabela 7 - Atividade nas empresas pesquisadas em % .............................................. 62
Tabela 8 - Forma como as informações são compartilhadas...................................... 73
Tabela 9 - Como os empregados são envolvidos nas decisões .................................. 74
Tabela 10 - Ouvidor dos empregados........................................................................... 75
Tabela 11 - Existência de política de demissão............................................................ 75
Tabela 12 - Formas de demonstrar respeito pelos empregados.................................... 77
Tabela 13 - Como as empresas demonstram reconhecimento...................................... 78
Tabela 14 - Oportunidades diferenciadas de desenvolvimento.................................... 79
Tabela 15 - Satisfação do empregado em trabalhar na empresa – visão do
empresário .................................................................................................
80
Tabela 16 - Relacionamento interpessoal..................................................................... 81
Tabela 17 - Bom clima para trabalhar. ......................................................................... 81
Tabela 18 - Como a alta administração da empresa denomina a área que cuida das questões ligadas às pessoas (capital x trabalho)........................................ 83
Tabela 19 - Que padrões de desempenho são utilizados para avaliar a área de RH..... 84
Tabela 20 - Estágio de evolução de Recursos Humanos.............................................. 84
Tabela 21 - Papeis em Recursos Humanos. ................................................................. 86
Tabela 22 - Melhor formação para o profissional de Recursos Humanos. .................. 87
Tabela 23 - Estimativa de eficiência dos cursos superiores às necessidades da empresa. .................................................................................................... 88
Tabela 24 - De que maneira as Faculdades/Universidades devem mudar para melhor formação dos profissionais. .......................................................... 89
Tabela 25 - Pontos fortes das Faculdades/Universidades.......................................... 89
Tabela 26 Pontos fracos das Faculdades/Universidades.......................................... 90
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo principal estudar a realidade da área de Recursos
Humanos nas empresas familiares de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. O objetivo
específico deste estudo é analisar o perfil das empresas familiares, como foi formada a
cultura organizacional que impera na administração e como esta cultura interfere no
relacionamento humano nestas empresas. As empresas familiares são importantes para a
nossa região, porque juntas geram quase 90% dos empregos; Portanto, pretende-se apurar
quais e como são utilizadas as políticas de Recursos Humanos e como acontecem os
relacionamentos de trabalho entre empregador e empregado e como este comportamento
contribui para o desenvolvimento da empresa. Do ponto de vista metodológico, a pesquisa
caracterizou-se como um estudo descritivo, envolvendo pesquisa bibliográfica e um
trabalho de campo. A pesquisa foi realizada entre as empresas familiares mais
representativas na cidade, ou seja aquelas que pelo nome atraem as pessoas em busca de
emprego. Foi utilizado formulário apropriado para a condução das entrevistas, todas elas
realizadas pelo autor. Após a coleta de dados estes foram tabulados, transcritos em tabelas
e analisados, sendo considerados também os dados qualitativos que integraram a análise.
Foi constatado um panorama onde a política mais encontrada é do administrador de
pessoal, ou seja, o profissional voltado a cumprir a legislação trabalhista e que as
atividades voltadas para o desenvolvimento profissional e comportamental do homem no
trabalho são pouco utilizadas. No entanto, os dados mostram uma preocupação dos
controladores em melhorar e adequar as políticas de Recursos Humanos com a nova
realidade comercial, ou seja, competitividade através de preço, qualidade e atendimento,
atributos que só ocorrem através das pessoas bem encontradas no seu local de trabalho.
Palavras-Chave: Administração de Empresas, Administração de Recursos Humanos,
Gestão de Pessoas, Empresas Familiares
ABSTRACT
This work has as main objective that is to study the reality of the area of Human
Resources in the familiar companies of Ribeirão Preto São Paulo State. The specific
objective of this study is to analyze the profile of the familiar companies, as the
organizational culture was formed that regins in the management and as this culture
interfere in the human relationship in these companies. The familiar companies are
important for our region, because together they generate 90% of the jobs almost. Therefore
it intends itself to select which and as the politicals of Human Resources are used and as
the relationships of work between employer and employee happen, and how this behavior
contributes for the development of the company. Of the marketing point of view, the
research was characterizes as a descriptive study, involving bibliographical research and a
work field. The research was carried through enters the families most representative in the
city, or either, those that for the name attract the people in job fetching. Appropriate from
for the conduction of the interviews was used, all they carried through by the author. After
the collection of data these had been tabulated, transcribed in tables and analyzed, being
also considered the qualitative data that integrated the analysis. The conditions were
evidenced where the more political is the administrator staff, or either the professional and
mannering development from the man in the work little are used. However the data show a
concern of the controllers in improving and adjusting the politics of Human Resources
with the new commercial reality, or either, competitiveness through the price, quality and
attendance, attributes that only if through the people found upper class in the workstation.
Keywords: Company Administration, Management of Human Resources, People
Administration, Familiar Companies.
RESUMEN
Este trabajo tiene como objetivo principal estudiar la realidad de la área de Recursos
Humanos en las empresas familiares de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. El Objetivo
específico de este estudio es analizar el perfil de las empresas familiares, como fue
formada la cultura organizacional que impera en la administración, y como esta cultura
interfiere en el reracionamiento humano en estas empresas. Las empresas familiares son
importantes para nuestra región, porque juntas generan casi 90% de los empleos. Por tanto
buscamos apurar cuales y como son utilizadas las políticas de Recursos Humanos y como
acontecen los reracionamientos de trabajo entre el patrón y empleado, y como este
comportamiento contribuí para el desarrollo de la empresa. De lo punto de vista
metodológico la pesquisa caracterizase por un estudio descriptivo, envolviendo pesquisa
bibliografica y un trabajo de campo. La pesquisa fue realizada entre las empresas
familiares más representativas en la ciudad, o sea, aquelas que por el nombre atrae las
personas en busca de empleo. Fue utilizado formulario apropiado para la conducción de las
entrevistas, todas elas realizadas por el autor. Después de la coleta de los datos los mismos
fueron tabulados, trascritos en tableas y analizados, también siendo considerado los datos
cualitativos que integraron el análisis. Fue constatado un panorama onde la política mas
ubicada por el administrador de personal, o sea el profesional direccionado a cumplir la
legislación de trabajo, y que las actividades voltadas para el desarrollo profesional y
comportamental del empleado en el trabajo son poco utilizadas. Entretanto los datos
mostran una preocupación de los controladores en mejorar y adecuar las Políticas de
Recursos Humanos con la nueva realidad comercial, o sea, competitividad a través de
precio, calidad y atendí mentó, atributos que solamente son ** a través de las personas
bien acomodadas en sus locales de trabajo.
Palabras claves: Administración de la Empresa, la Dirección de Recursos Humanos,
Administración de las Personas, Compañías Familiares.
INTRODUÇÃO
Justificativa
A escolha do tema Gestão de Recursos Humanos em Empresas de
Administração Familiar se prende à vivência com a disciplina Administração de Recursos
Humanos no ensino superior, onde se faz necessário um conhecimento mais aprofundado
da realidade dessas comunidades empresariais, buscando dar aos futuros profissionais da
administração possibilidades de questionamento e articulação entre teoria e prática.
São muitos os estudantes que sabem do constante conflito que vivem muitos
profissionais dessa área ao enfrentarem uma realidade diversa daquilo que aprenderam na
vida acadêmica.
A Administração de Recursos Humanos, que é o estudo de como aproveitar
melhor o potencial de cada indivíduo na empresa, ou seja, a Gestão de Pessoas, ganha a
cada dia mais importância para a sobrevivência das empresas e, naturalmente, também das
empresas familiares. Portanto, aprofundar estudos sobre este tema é essencial no sentido de
orientar os futuros profissionais, os verdadeiros valores da administração, sobre como
negociar essa aplicação dentro das empresas familiares.
Uma outra razão que justifica a escolha deste tema é que os estudos sobre
empresas familiares tratam com mais freqüência de sucessão, preparação de herdeiros,
sociedade entre famílias, mas exploram muito pouco como indivíduos que não são da
família são tratados, qual o valor que tem para os membros da sociedade familiar um
profissional estranho ao quadro familiar e suas idéias.
As empresas familiares têm tradição de administrar pelo autoritarismo,
cultura desenvolvida pelos nossos 300 anos de colônia, 400 anos de escravatura. No início
13
do século XX apenas se registrava o nome dos empregados em um livro para pagamento,
não se tinha a preocupação de obter nenhuma outra informação sobre o empregado. A
forma de administração dos recursos humanos foi evoluindo de acordo com a necessidade
do empregador, nunca por uma iniciativa de buscar o bem estar do empregado. Os estudos
sobre Administração de Recursos Humanos ganharam vulto na década de 50 pela
preocupação das empresas em melhorar a produtividade e qualidade, frente às concorrentes
multinacionais. A maior parte dos benefícios conseguidos pelos empregados se deu através
da legislação, resultante de reivindicações dos próprios empregados e de grupos
organizados como sindicatos etc.
O estudo da Administração de Recursos Humanos precisa ser considerado
pela importância que tem em atrair e reter talentos no mercado, tão necessários em um
momento de grande competitividade, em que diferença vão ser as idéias e não os produtos.
As políticas praticadas e divulgadas, consciente ou inconscientemente, pelas empresas
passam a ser a grande diferença na conquista de pessoas inovadoras e desafiadoras,
exatamente as que podem contribuir para o desenvolvimento das mesmas. Mas, esses
indivíduos começam a avaliar se vale a pena emprestar seus nomes para esses
empregadores já na entrevista de recrutamento, pela forma como é conduzida, como o
candidato é testado e tratado. As observações que fazem já indicam se a empresa pode lhes
oferecer as condições que desejam para desenvolver seu potencial. A falta de políticas para
treinamento, desenvolvimento e educação, avaliação, remuneração, planos de incentivos
(como carreira e sucessão, benefícios, qualidade de vida, lazer e cultura, planos de
remuneração por desempenho), podem afastar definitivamente um indivíduo que poderia
contribuir com o desenvolvimento da empresa no mundo globalizado. A forma de
administrar do empreendedor, mesmo com a falta das políticas acima, pode atrair um bom
candidato pelo desafio oferecido, mas se a alta administração tirar também este desafio dos
pretendentes com potencial, tratando-o com autoritarismo, deixando suas tarefas presas à
vontade do empreendedor, esta empresa está adotando uma política de administrar que vai
atrair apenas indivíduos cumpridores de ordens, mesmo que sejam inadequadas.
Nesta perspectiva, conhecer melhor este tema é essencial para todos
quantos pensam que o trabalho para o homem deve constituir-se não apenas em fonte de
sobrevivência, mas também representar um espaço de bem estar e de justiça.
14
Objeto
A empresa familiar centrada em uma pessoa, com seus valores pessoais,
com sua personalidade, caracterizada por uma estrutura onde seu fundador, um
empreendedor cujos talentos são “natos”, precisa se adaptar à nova realidade do mercado
muito mais competitivo e exigente, devido ao grande leque de opções que se abre com a
concorrência dos produtos externos.
Essa situação traz à tona a necessidade de se repensar a importância da
sobrevivência destas empresas de administração autoritária com a família no comando,
compartilhando as informações de seu negócio, aproveitando a proximidade que as pessoas
têm com o poder e preparando-as para decisões mais rápidas, gerando um clima de
cooperação. A participação nas decisões estratégicas, permite o comprometimento de todo
o grupo, possibilitando fazer dos empregados, empreendedores, com visão integrada do
negócio.
É importante tirar proveito da cultura organizacional familiar, centrada e
organizada, mostrando para os indivíduos que são requisitos importantes e devem
continuar existindo, mas para o ganho e crescimento de todos.
O sistema de administração familiar é útil, provocou o crescimento de
muitas empresas, mas no momento contemporâneo, onde os talentos buscam muito mais
oportunidades, este sistema autoritário de administrar provoca uma rotatividade grande de
empregados, resultando no desmanche da história da empresa, na interrupção constante de
projetos, havendo perda de tempo, e em muitos casos preparando os empregados para os
concorrentes.
Procurar entender as formas de administrar Recursos Humanos nestas
empresas é o ponto básico de nossas inquietações, traduzidas em questionamentos,
apresentados a seguir:
1. Quais as políticas e práticas mais utilizadas?
2. Qual o reflexo das políticas de RH no comportamento dos empregados?
3. Há o envolvimento da área de Recursos Humanos com programa de mudança
15
organizacional?
Sendo assim, esta pesquisa foi realizada com os propósitos a seguir:
Objetivos
Geral
É objetivo deste estudo conhecer a realidade da área de Recursos Humanos
em empresas familiares de Ribeirão Preto.
Específicos
São objetivos específicos:
Conhecer o valor que os gestores dão à área de Recursos Humanos e
questionar como os anseios dos trabalhadores são tratados por essas empresas.
Investigar as técnicas que possibilitam o desenvolvimento de um ser
humano mais presente e comprometido com o que faz, o que certamente contribui para
eliminar muitas de suas frustrações.
Quanto à metodologia optamos pelo estudo descritivo caracterizado,
segundo Cervo & Bervian (1996), pela descrição das características e propriedades ou
relações entre ocorrências da realidade estudada.
A pesquisa de campo que integra este estudo foi realizada com empresários
de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, cidade da região que mais se desenvolve no país,
sendo que os dados foram coletados de janeiro a maio de 2001.
A estrutura da dissertação é constituída de cinco capítulos.
16
O primeiro capítulo é constituído do estudo da origem e perfil das empresas
familiares para entendimento de como foi formada a cultura organizacional das mesmas.
No segundo capítulo estudamos as técnicas e políticas de Recursos
Humanos abordando teoricamente o posicionamento de estudiosos da área.
O terceiro capítulo trata da mudança comportamental necessária à alta
administração das empresas familiares diante das mudanças que estão ocorrendo no
cenário dos negócios.
O quatro capítulo trata da metodologia da pesquisa de campo.
O quinto capítulo aponta os resultados, bem como a análise dos dados.
Por último apresentamos as considerações finais.
Esperamos mostrar com este estudo que as empresas familiares são
necessárias na geração de empregos e na preservação da cultura local, e a transformação
que estão sendo obrigadas a passar pode ter uma contribuição valiosa de seus profissionais
que fornecerão subsídios seguros e consistentes para a evolução dessas empresas.
Com este estudo esperamos oferecer subsídios às instituições de ensino
superior no sentido de que possam atualizar e aperfeiçoar os programas de formação e
especialização de administradores para atuação na área de Recursos Humanos.
CAPÍTULO 1
EMPRESAS FAMILIARES: ORIGEM E PERFIL
“O capital industrial é visto como uma extensão do capital cafeeiro e como parte do complexo exportador de café, o qual inclui a produção e o processamento do café, o sistema de transporte (estrada de ferro, portos etc.), afirma-se que o vazamento de capital cafeeiros para a indústria ocorreu durante períodos de expansão das exportações. Afirma-se também que a relação entre o capital cafeeiro e o capital industrial é contraditória. As contradições derivam da subordinação deste capital industrial ao capital cafeeiro, e da subordinação deste capital internacional. O capital industrial depende do capital cafeeiro em dois aspectos cruciais: para gerar capacidade de importar máquinas e equipamentos industriais, assim como bens de salário para reprodução da força de trabalho, e para criar um mercado de produtos industrializados” (Suzigan, 2000, p. 37).
A origem das empresas familiares é resultado de audácia, coragem e um
privilegiado tino comercial. São empreendedores que começaram seus negócios porque
visualizaram um mercado que oferecia oportunidade pela falta de determinado produto ou
serviço e não por descontentamento, ou trauma com uma situação desfavorável. Esses
indivíduos começaram suas atividades com muita coragem, muito trabalho braçal e pouco
planejamento. Este reflexo perdura até os dias atuais nessas empresas, onde valorizam
muito mais o trabalho do corpo, a execução das tarefas e não o seu planejamento. Essa
forma de gerenciamento é histórica, portanto de difícil mudança. Bernhoeft (1999) aponta
a origem da empresa familiar e seus problemas sucessórios como sendo de 1534 com a
criação das capitanias hereditárias, solução encontrada pelo monarca para tentar ocupar o
território sem desviar recursos do tesouro.
18
“O donatário desses territórios era, de certo modo, um senhor feudal, com poderes para doar parte de suas terras a outros, cobrar impostos, fazer cumprir a lei, tudo desde que mantivesse sua lealdade e pagasse alguns impostos ao rei. As capitanias, como dizia o nome, eram hereditárias, ou seja, podiam ser transmitidas por herança. Nesse caso, adotou-se o princípio da primogenitura, o mesmo princípio seguido geralmente pelas monarquias, segundo o qual o filho mais velho herdava tudo, ficando os outros a ver navios” (Bernhoeft, 1999, p.18).
Outra característica importante na formação das empresas familiares é que
grande parte delas tem como fundador uma pessoa de origem européia. Esta característica
decorre do fato de que no final do século XIX os cafeicultores viam que a escravidão ia
acabar; daí começaram a incentivar a imigração de europeus para substituir a mão-de-obra
escrava. Formava-se então uma política de atração de talentos, o que muitas empresas têm
dificuldade em executar ainda atualmente. Esses talentos atraídos pelos cafeicultores
formaram a base da modernização da economia brasileira na época, por serem pessoas com
melhor formação que, mesmo aqui chegando para trabalhar como empregados,
conseguiram autonomia e o empreendedorismo dessa gente criou novas riquezas no pais.
“Mão-de-obra. Embora só se haja conseguido evidência dispersa sobre este ponto, existem indicações de que a indústria de transformação desenvolvida no período beneficiou-se de grande oferta de mão-de-obra barata. As indústrias estabelecidas antes da abolição da escravatura usavam relativamente poucos escravos (que eram muito procurados para as plantações de café), mas havia trabalhadores nativos, livres, prontamente disponíveis. Em muitos casos, especialmente nas indústrias têxteis, esses trabalhadores livres consistiam, na maioria, de mulheres e crianças; e as crianças viviam normalmente nas fábricas e eram ai alimentadas, educadas e treinadas. O salário monetário desses trabalhadores era certamente muito baixo. No entanto, a indústria de transformação contribuiu em certa medida para a transição antecipada para o trabalho livre. Mais tarde, no fim do século XIX e início do século XX, a industria de transformação beneficiou-se com a imigração promovida pelos cafeicultores e pelo governo. De fato, diversas industriais tiveram grande participação de
19
operários e técnicos imigrantes, como a indústria têxtil, de chapéus, calçados, cerveja, fósforo e moagem de trigo” (Suzigam, 2000, p. 125).
“Embora a idéia fosse trazer mão-de-obra para a lavoura, inevitavelmente muitos desses imigrantes optaram por fixar-se numa cidade e iniciar alguma atividade comercial, seja nos ramos em que já exerciam em seu país de origem, seja numa nova profissão” (Bernhoeft, 1999, p. 22).
A empresa familiar, em muitos casos, é caracterizada pela gestão
centralizadora. Os membros da família se dedicam muito mais que qualquer outro
empregado da empresa, chamam para si a responsabilidade para novos projetos e
conduzem aqueles que estão sendo executados. Dividem muito pouco as responsabilidades
e a participação dos empregados se limita a cumprir ordens. A autonomia do empregado é
dada na medida em que há concordância com o representante da família na administração.
Este modelo de gestão é muito questionado frente a um mercado de concorrência sem
fronteiras. Um ponto onde o empreendedor se prende para manter este tipo de gestão é que
sua empresa sempre sobreviveu e vem obtendo resultados positivos, o que o faz desconfiar
de qualquer um que queira dar sugestão para ajudá-lo a modificar seus pontos de vista.
“Para alguns, a empresa familiar passou a ser sinônimo de um passado romântico do capitalismo, marcado por empreendedores sonhadores e aventureiros, os quais foram responsáveis pela criação de negócios bem sucedidos e pujantes. Para outros, ela sempre foi caracterizada por má gestão empresarial, excessiva centralização das decisões e conflitos familiares, os quais tornam inviável sua sobrevivência em uma economia cada vez mais concorrencial” (Bernhoeft, 1999, p. 32).
O autor faz uma referência à hesitação do empreendedor no momento de
dividir a administração da empresa, justamente porque ele teme pelo resultado e um
empreendimento que é uma verdadeira paixão para quem começou, não pode ter resultados
20
vacilantes, principalmente enquanto o fundador acompanhar o dia-a-dia do negócio.
Nos manuais de integração dessas empresas, na sua maioria, há a expressão:
a empresa é resultado de trabalho, dedicação, uma história de paixão.
“A primeira condição para o indivíduo ter sucesso é gostar daquilo que faz. Isso não é sacrifício nenhum, quem gosta do que faz nunca se cansa de trabalhar. O trabalho é uma coisa que até faz muito bem . Se a pessoa se sente bem, trabalha, e quando consegue mais um ponto se sente realizada, estimula a continuar cada vez mais, ou seja, é preciso que o indivíduo diga eu quero fazer, eu vou ter sucesso, vou lutar, vou conseguir, e comece a enfrentar as dificuldades que são imensas, porque se não fosse assim seria muito simples”. (Depoimento de Olacyr de Moraes in Aquino, 1986, p. 44).
Mas a conseqüência natural deste processo de vigia e muito cuidado com
aquilo que ele construiu traça o seu perfil na forma de administrar seus Recursos Humanos.
“Com princípios onde a autoridade máxima está centrada nos pais, de forma inquestionável, estendia este pátrio poder não só no âmbito de suas relações privadas, como também interferia fora do seu recinto doméstico...
...carregamos, portanto, em nossa sociedade, o valor de que o patriarca tudo pode e aos membros do clã só cabe pedir e obedecer, pois caso contrário, a rebeldia pode ser premiada com a exclusão do âmbito das relações” (Barros & Prates, 1996, p. 40).
É sabido, e já foi matéria de vários estudos na área da psicologia, que tapas
e gritos, usados sem critério, pressão psicológica pela ofensa moral com palavras que
reduzem a auto-estima do indivíduo, transformam o ser humano em uma pessoa indefesa e
insegura nas decisões que envolvem sua vida.
Nas empresas de administração familiar e patriarcal é exatamente nisto que
21
se transformam os gerentes. Os indivíduos são inseguros e dependentes, não tomam
nenhuma decisão sem antes falar com o patrão e, com certeza, cumprirão as ordens como
foram ordenadas, mesmo que contrariem seus princípios e seu parecer profissional. Essa
atitude faz o empregado acreditar que o seu patrão é o dono da empresa, portanto, faz tudo
para agradá-lo, realiza suas tarefas do modo que o patrão gosta, não se importando com o
cliente que na realidade, nestas empresas não faz parte do organograma.
O jornal “A Folha de São Paulo” publicou matéria no dia 1º de Julho de
2001, com o título “Assédio moral apressa o pedido de demissão” que aponta este como
um problema mundial e apresenta uma pesquisa de 1996 da Organização Mundial do
Trabalho (OIT) que diz que 8% dos trabalhadores da União Européia, 12 milhões de
pessoas sofrem desse drama. No Brasil, como aponta o jornal, o tema é pouco discutido,
mas os números também assustam. Estudo feito com 97 empresas de São Paulo (setores
químicos, plásticos e cosméticos) mostra que, dos 2072 entrevistados, 42% apresentam
histórias de humilhação no trabalho.
A administração de Recursos Humanos, tem pouco destaque nas obras que
estudam o perfil da empresa familiar. Os livros pesquisados que tem a finalidade de
orientar o empreendedor, em todas as áreas da administração, mas com uma referência
muito pífia quando se trata de orientar o empreendedor a escolher e tratar os seus parceiros.
Estas obras também orientam apenas para o tangível, como exemplo, escolhemos um dos
casos citados como sucesso de empreendedorismo na obra “Criando seu próprio negócio”.
Caso 1: Aniel Pereira “Pneu Gigante”
“Este primeiro estudo de caso relata a experiência de um empreendedor que venceu grandes desafios na área comercial, especificamente no comércio de pneus.
Mesmo que muitas vezes o cenário não fosse favorável , ele acreditou no potencial do seu negócio e hoje pode deixar aos futuros empreendedores lições de como vencer no mercado competitivo partindo de um pequeno negócio. Destaca-se então a importância de uma pessoa possuir capacidade empreendedora, estando sempre atenta às novas
22
oportunidades de negócio.
... no decorrer dos primeiros anos, a empresa enfrentou as seguintes dificuldades:
• A mão-de-obra contratada para trabalhar na borracharia, na fase inicial, não se preocupava em realizar um serviço de qualidade.
• O trabalho realizado na recuperação deste pneu não era bem efetuado, de forma que a ausência de qualidade limitava bastante o número de consumidores interessados em adquiri-lo” (Pereira & Santos, 1995, p. 281 e 283).
Os autores falam em deixar lições para futuros empreendedores, e a única
menção que fazem envolvendo Recursos Humanos é de forma negativa, faltava qualidade
na mão-de-obra e como conseqüência também faltava qualidade nos produtos.
“Ao contrário da doutrina acadêmica de administração, nós não vimos a ‘maximização’ da riqueza dos acionistas, nem a maximização dos lucros como sendo a força impulsionadora dominante ou o objetivo primário ao longo da história da maioria das empresas visionárias. A tendência era ter um conjunto de objetivos, dos quais ganhar dinheiro era apenas um, e não necessariamente o principal. De fato para muitas das empresas visionárias, negócios são mais do que uma atividade econômica, mais do que uma forma de ganhar dinheiro. Ao longo da história da maioria das empresas visionárias, encontramos uma ideologia central que transcende as considerações puramente econômicas. Encontramos indícios de uma ideologia central com mais freqüência nas empresas visionárias do que nas empresas de comparação ao nosso estudo” (Porras & Collins, 1997, p. 89).
Como apontam os autores, a empresa para sobreviver e manter uma marca
indelével na mente dos consumidores e da sociedade, mantém a sua ideologia inicial para
todos os indivíduos que fazem parte da organização e aqueles que venham a fazer parte,
não importando quanto tempo após a implantação da ideologia criada pelo seu fundador. A
23
empresa passa a pertencer a toda comunidade, e àqueles que necessitam do seu produto; a
responsabilidade de continuidade é de todos.
“O grau de envolvimento e entusiasmo de membros de uma empresa familiar é muito maior que o de executivos profissionais. Estudos realizados nas bolsas de valores de Nova York e Londres mostraram que o desempenho, a longo prazo, de empresas sob o controle familiar negociadas em bolsa é substancial e consistentemente melhor do que o de empresas de controle pulverizado, administradas por gestores profissionais” (Bernhoeft, 1999, p. 27).
Os membros de uma empresa familiar podem até apresentar mais
entusiasmo, mas é questionável se esse entusiasmo vem acompanhado de um
planejamento.
“Os parentes não são os melhores sócios e constantemente, a empresa familiar brasileira enfrenta a alternativa de continuar o que é ou ser absorvida seja pelo Estado, seja pelas multinacionais. A profissionalização não implica em descaracterização como firma familiar, pois parentes mais aptos podem permanecer na firma como profissionais. O importante é minimizar os efeitos da pressão da família. Esta deve ver a empresa como um instrumento de realização de sua estratégia no contexto nacional.
Nenhum membro da família deve trabalhar na empresa, a não ser que queira trabalhar duro. Todos os familiares são vistos como exemplo e como termo de referência” (Lodi, 1994, p. 11).
Dada a representatividade que as empresas familiares têm no cenário
nacional é essencial que elas vejam novas formas de valorizar e de lidar com seus
funcionários, assunto que será abordado no capítulo 2, apresentado a seguir.
CAPITULO 2
GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS
Na estruturação da Gestão de Recursos Humanos, consegue-se identificar
dois grupos. O primeiro tem a Gestão de Recursos Humanos estruturado como
Departamento Pessoal, desenvolvendo atividades rotineiras, relacionadas principalmente
ao atendimento dos requisitos da legislação trabalhista.
O segundo grupo abrange empresas nas quais a Gestão de Recursos
Humanos apresenta formas estruturais mais complexas, sendo que suas funções têm ênfase
em atividades voltadas para o desenvolvimento dos empregados.
Chiavenato (1998), autor de várias obras indicadas para estudo da
Administração de Recursos Humanos, destaca que dentre as várias funções desta área, o
recrutamento e seleção envolve: recrutamento e seleção, mudança de atitude e
treinamento.
Recrutamento e seleção são definidos pelo autor como:
“Conjunto de técnicas e procedimentos e visa atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização. É basicamente um sistema de informação, através do qual a organização divulga e oferece ao mercado de Recursos Humanos oportunidades de emprego que pretende preencher. Para ser eficaz o recrutamento deve atrair um contingente de candidatos suficiente para abastecer adequadamente o processo de seleção” (Chiavenato, 1998, p. 195).
25
Dentre as formas de atrair candidatos destaca-se o recrutamento interno e o
externo.
O recrutamento interno baseia-se em informações relacionadas com
resultados obtidos pelo empregado nos testes e entrevistas de seleção a que se submete
quando de seu ingresso na organização (as entrevistas feitas com mais de um encarregado
facilitam a análise na contratação e o aproveitamento para uma nova função); no resultado
das avaliações de desempenho do candidato interno; na análise e descrição do cargo atual
do candidato interno e do cargo que está se considerando; e nos resultados dos programas
de treinamento e de aperfeiçoamento de que participou.
O recrutamento interno apresenta as vantagens de ser mais econômico,
porque não há necessidade de se colocar anúncios e ficar esperando a resposta, ou ficar
esperando pelos candidatos encaminhados por agências. É mais rápido porque a empresa já
conhece o perfil de seus empregados, evitando o contato com muitas fontes de
recrutamento. Este fato leva a empresa a ter maior índice de segurança de que aquela
contratação dará certo, além de motivar os empregados, porque percebem que estão sendo
reconhecidos. Outra vantagem é aproveitar o investimento feito em treinamento dentro da
própria empresa.
O recrutamento externo é realizado basicamente através de arquivo de
candidatos; apresentação de candidatos por parte dos funcionários da empresa – FIC (deve
ser tomado cuidado para a não formação de feudos, nepotismo, queda de estímulo se a
pessoa indicada não for contratada); contatos com universidades e escolas; troca
entusiasmo por experiência; palestras em universidades e escolas (produção, comércio
internacional, vendas, marketing, RH., PCP, logística, etc.); contato com outras empresas
que atuam no mesmo mercado; provocação - anúncio em jornais e revistas (recebe-se
muitos candidatos não qualificados. O anúncio tem que ser específico, com base na
descrição de cargos, para evitar que candidatos não capacitados sejam atraídos); agência de
recrutamento (alternativa cara a curto prazo).
As vantagens que o recrutamento externo oferece dizem respeito tanto à
experiência nova para a empresa através de candidatos que chegam com idéias novas e
diferentes das atuais como ao aproveitamento de investimentos em treinamentos efetuados
por outras empresas ou pelo próprio candidato.
26
O processo de seleção implica em escolher, entre os candidatos recrutados,
aqueles que tenham maiores probabilidades de ajustar-se ao cargo vago e desempenhá-lo
bem. O objetivo básico da seleção é escolher e classificar os candidatos adequados às
necessidades da organização.
Assim sendo, a seleção visa solucionar dois problemas básicos: adequação
do homem ao cargo e eficiência e eficácia do homem no cargo.
Há várias técnicas de seleção para escolher candidatos a um cargo, como:
entrevista de seleção, provas de conhecimento e capacidade, testes psicométricos, testes de
personalidade, técnicas de simulação. Para cada uma dessas técnicas de seleção
apresentadas por Chiavenato (1998), existe uma forma correta de aplicá-las.
A principal função do recrutamento e seleção é atrair os melhores
profissionais para o quadro de empregados das empresas, porque estes serão o grande
diferencial competitivo.
“Os candidatos estão sendo encarados de forma diferente pelas empresas bem-sucedidas.
Antes, os candidatos considerados excelentes eram aqueles que apresentavam sinais de forte competitividade individual e espírito individualista. Agora, os ventos estão mais favoráveis para os candidatos que apresentam características pessoais favoráveis a cooperação social, facilidade no trabalho em conjunto com outras pessoas e alto grau de espírito de equipe” (Chiavenato, 1996 p.92).
Considerando estas mudanças, todas as empresas e mais particularmente as
empresas familiares devem mudar de atitude no sentido de que possam encarar o desafio
de desenvolver seu pessoal na perspectiva das imposições do mercado atual.
A mudança de atitude pode ser considerada:
“A crescente importância da área de Recursos Humanos na
27
elaboração e execução das estratégias empresariais transforma a empresa familiar em um campo sem fronteira. A empresa familiar, tradicionalmente percebida como um exemplo de gestão centralizadora e paternalista, está consciente de que sua capacidade de enfrentar os desafios de transformar sua organização em uma estrutura competitiva e sintonizada com os princípios de uma gestão moderna e competitiva.
A força da empresa familiar está associada aos valores do empreendedor, sua visão, seus conhecimentos, sua criatividade, flexibilidade, intuição, comprometimento e sua capacidade de gerenciar diversos recursos disponíveis, inclusive os humanos. Esta combinação de elementos permite ao profissional de Recursos Humanos encontrar dentro da própria empresa recursos para desenvolver um programa de capacitação gerencial e profissional” (Werther, 1983, p. 55).
Á área de Recursos Humanos deve contribuir com a empresa na busca dos
profissionais mais talentosos para a sobrevivência das empresas familiares. Esta
contribuição deve se concentrar, inicialmente em um processo de mudança de atitudes, à
forma pertinente de tratamento dos empregadores para com os empregados. O assédio
moral que os empregados sofrem dentro das empresas familiares, em vários casos, é muito
grande, e logo toda a comunidade fica sabendo, afugentando os profissionais mais
preparados, que têm condição de optar por um local de trabalho que lhes dê melhores
condições psicológicas.
“Pequenos atos perversos são tão corriqueiros que parecem normais. Começam com uma simples falta de respeito, uma mentira ou uma manipulação. Não achamos isso insuportável, a menos que sejamos diretamente atingidos. Se o grupo social em que tais condutas aparecem não se manifesta, elas se transformam progressivamente em condutas perversas e ostensivas, que têm conseqüências graves sobre a saúde psicológica das vítimas, estas se calam e sofrem em silêncio.
Essa destruição moral sempre existiu, quer nas famílias, onde permanece oculta, quer nas empresas, onde as pessoas não são levadas em conta na época de muita oferta de emprego porque as vítimas tinham possibilidade de trocar
28
por outro. Hoje elas se agarram desesperadamente ao seu trabalho, em detrimento de sua saúde, tanto física quanto psíquica” (Hirigoyen, 2001, p. 19).
Em relação ao treinamento e desenvolvimento de empregados, Chiavenato
(1998), destaca que raramente os recém contratados são capazes de desempenhar
totalmente os deveres do cargo. Mesmo os empregados experientes precisam aprender a
respeito da organização – da sua história, de seu perfil, de sua gente, de suas políticas e de
seus procedimentos. Não raro, necessitam de treinamento para que desempenhem com
sucesso suas atividades profissionais.
O primeiro treinamento é a integração, deve ter duração mínima de meio
dia, devendo apresentar assuntos organizacionais, tais como história da empresa,
organização do empregador, nomes e títulos dos diretores, título do departamento do
empregado, período experimental, linha de produtos e serviços, panorama do processo de
produção, políticas e regras da empresa, regulamentos disciplinares, manual do empregado,
procedimentos de segurança.
É importante apresentar ao empregado iniciante os benefícios do emprego,
como: política de remuneração e dias de pagamento, férias e feriados, intervalos para
descanso, benefícios de treinamento e educação, aconselhamento, seguro de vida,
programas de aposentadoria, serviços aos empregados proporcionados pelo empregador,
programas de reabilitação.
Igualmente importantes são as apresentações ao supervisor, gerentes,
colegas de trabalho, diretores da empresa.
Mostrar os deveres do cargo, local de trabalho, tarefas do cargo, requisitos
de segurança, panorama do cargo, objetivos e desafios do cargo, relacionamento com
outros cargos. O hiato entre as capacidades de um novo empregado e as exigências do
cargo pode ser substancial. A orientação e o treinamento suplementam as capacidades do
novo trabalhador. O resultado que se espera é um equilíbrio entre o que ele pode fazer e o
que o cargo exige. Embora esses esforços levem tempo e sejam caros, reduzem a
rotatividade de empregados e ajudam os novos a produzir mais depressa.
29
Até mesmo os empregados que são admitidos com longo tempo de serviço
precisam passar por este treinamento. Este os ajuda a evitar a obsolescência e a executar
melhor suas funções atuais. Em todos os casos, o treinamento prepara os indivíduos para o
desempenho de seus atuais cargos.
Os programas de treinamento, visando integrar o empregado na empresa e
no seu cargo, propendem mais a criar uma impressão favorável nos novos empregados.
Por outro lado, Chiavenato (1998, p. 502) diz que:
“Treinamento é um processo educacional de curto prazo aplicado de maneira sistemática e organizada, através do qual as pessoas adquirem conhecimentos, atitudes e habilidades em função de objetivos definidos. O treinamento envolve: transmissão de conhecimentos específicos relativos ao trabalho; atitudes frente a aspectos da organização, da tarefa e do ambiente; desenvolvimento de habilidades”
O treinamento beneficia a organização, conduzindo à maior rentabilidade
e/ou atitudes mais positivas para a orientação de lucro; desenvolvendo o conhecimento e as
aptidões do cargo em todos os níveis; melhorando o moral da força de trabalho; ajudando
as pessoas a se identificarem com as metas organizacionais; ajudando a criar uma melhor
imagem da empresa; melhorando o relacionamento entre o chefe e o subordinado;
auxiliando a compreensão e execução das políticas organizacionais; a organização obtém
decisão e solução de problemas mais efetivos; ajudando no desenvolvimento para
promoção do pessoal interno; ajudando no desenvolvimento de aptidões de liderança,
motivação, lealdade, melhores atitudes e outros aspectos que usualmente são demonstrados
pelos trabalhadores e administradores bem sucedidos; auxiliando no aumento da
produtividade e/ou na qualidade de trabalho; ajudando manter os custos baixos em muitas
áreas, como por exemplo, produção, pessoal, administração, etc.; melhorando as relações
entre os empregados e a administração; estimulando a administração preventiva em
oposição a “quebra galhos”.
30
“Todas as mudanças introduzidas nas indústrias atingiram, na essência, o principal elemento de todas as transformações, ou seja, o homem, passando a exigir do trabalhador adaptação imediata, maior responsabilidade, maior autonomia, novos conhecimentos. A experiência de longos anos foi atropelada pela inovações, e daí a exigência para que o operador fosse novamente treinado, orientado e aprendesse a fazer de maneira nova o que já fazia há muitos anos.
Poucas empresas montaram oficinas-escola sob sua exclusiva administração, devido às suas peculiaridades de gestão e de especialidade de cursos e à complexidade de sua manutenção, quer física quer metodológica.
Ficaram restritas a fundações, entidades de classe e sindicatos a manutenção de escolas com cursos práticos de operações de máquinas” (Boog, 1999, p. 536).
Os benefícios para o indivíduo que, por sua vez, acaba beneficiando a
organização, podem ser: auxilia o indivíduo a tomar melhores decisões na solução efetiva
de problemas, ajuda a encorajar e conseguir auto-desenvolvimento e autoconfiança,
proporciona informação para melhorar conhecimento de liderança, aptidões de
comunicação, frustração e conflito, aumenta a satisfação com o cargo e o reconhecimento,
desenvolve um senso de progresso e aprendizagem ajuda a eliminar o temor no
empreendimento de novas tarefas.
Há técnicas de treinamento orientadas para o conteúdo, para o processo e as
mistas.
Técnicas de treinamento orientadas para o conteúdo, são desenhadas para a
transmissão de conhecimento ou informação.
Técnicas de treinamento orientadas para o processo são desenhadas para
mudar atitudes, desenvolver consciência de si e dos outros e desenvolver habilidades
interpessoais. São as que enfatizam integração entre os treinados no sentido de influenciar
mudanças de comportamento ou de atitude, mais do que transmitir conhecimento. Entre as
técnicas de treinamento que orientam para o processo estão o treinamento de sensitividade,
treinamento de grupos, etc.
31
“Técnicas de treinamento mista, são desenhadas para transmitir informações que procuram mudar atitudes e comportamento. São utilizadas para transmitir conhecimentos ou conteúdo, como também para alcançar objetivos estabelecidos para as técnicas orientadas para o processo. Entre as técnicas mistas sobressaem métodos de conferências, estudo de casos, simulações de jogos. Ao mesmo tempo em que veiculam conhecimento ou conteúdo, procuram mudar atitudes, consciência de si e eficácia interpessoal. Entre as técnicas de treinamento no cargo, estão a instrução no cargo, treinamento de orientação, treinamento de iniciação e rotação de cargo” (Chiavenato, 1998, p. 509).
A primeira etapa do treinamento é o levantamento das necessidades de sua
realização e corresponde ao diagnóstico preliminar do que deve ser feito. O levantamento
das necessidades de treinamento pode ser feito em três diferentes níveis de análise:
O primeiro diz respeito à análise organizacional que envolve o estudo da
empresa como um todo: sua missão, seus objetivos, seus recursos, a distribuição desses
recursos para consecução dos objetivos, como também o ambiente socioeconômico e
tecnológico no qual a organização está colocada. Esta análise é a determinação de onde se
deverá dar ênfase ao treinamento. Nesse sentido deve-se verificar todos os fatores como
(planos, força de trabalho, eficiência organizacional, clima organizacional) capazes de
avaliar os custos envolvidos e os benefícios esperados.
A análise dos recursos humanos, o segundo nível, procura verificar se os
recursos humanos são suficientes quantitativa e qualitativamente para as atividades atuais e
futuras da organização. A análise dos recursos humanos deve ser feita através do exame
dos seguintes dados: número de empregados na classificação dos cargos, número de
empregados necessários na classificação de cargos, idade de cada empregado na
classificação de cargos, nível de qualificação requerido pelo trabalho de cada empregado,
nível de conhecimento requerido pelo trabalho de cada empregado, atitude de cada
empregado frente ao trabalho e à empresa, nível de desempenho quantitativo e qualitativo
de cada empregado; nível de habilidade de conhecimentos de cada empregado para outros
32
trabalho, potencialidades do recrutamento interno, potencialidade do recrutamento externo,
índices de absenteísmo, índice de turn over.
O terceiro nível, que é o da análise de operações, consiste em determinar
que tipos de comportamento os empregados devem exibir para desempenhar eficazmente
as funções de seus cargos: padrões de desempenho para tarefa ou cargo; identificação das
tarefas que compõem o cargo; como cada tarefa deverá ser desempenhada para atender aos
padrões de desempenho; as habilidades, conhecimentos e atitudes básicas para o
desempenho de cada tarefa.
É essencial proceder-se o levantamento de necessidades de treinamento.
Para Boog (1999, p. 543)
“As atividades de treinamento devem ser executadas para eliminar sistematicamente todas as carências ao longo dos anos e, para tanto, faz-se necessário o estabelecimento de prioridades, pois deve-se levar em conta as variáveis tempo disponível para o programa de treinamento, alocação de recursos financeiros nos orçamentos das empresas, liberação do trabalhador de seus postos de trabalho”
Inicialmente, separamos as necessidades por grupos de conhecimentos,
segurança, técnico, qualidade e comportamental, e indicamos os nomes e cargos dos
trabalhadores que merecerão ação de treinamento.
“O levantamento de necessidade de treinamento é uma forma de diagnóstico que deve basear-se em informações relevantes. Muitas dessas informações devem ser agrupadas sistematicamente, enquanto outras estão disponíveis às mãos dos administradores de linha. A determinação das necessidades de treinamento é uma responsabilidade de linha e uma função de staff: cabe ao administrador de linha a responsabilidade de percepção dos problemas provocados pela carência de treinamento. Cabem a ele as decisões referentes ao treinamento, mesmo que utilize ou não os serviços de assessoria prestados por especialistas em
33
treinamento” (Chiavenato, 1998, p. 500).
Os principais meios utilizados para levantamento de necessidades de
treinamento são: avaliação de desempenho (com esta técnica é possível descobrir os
empregados que executam suas tarefas abaixo de um nível satisfatório); observação
(verificar onde há evidência de trabalho ineficiente); questionários; solicitação de
supervisores e gerentes; entrevista com supervisores e gerentes; reuniões
interdepartamentais); exame de empregados (resultados de exame de seleção); modificação
do trabalho; entrevista de saída; análise do cargo; relatórios periódicos.
Além dos meios acima, existem os indicadores de necessidades de
treinamento, que servem para apontar eventos que provocarão futuras necessidades de
treinamento (indicadores a priori) ou problemas decorrentes de necessidades de
treinamento já existentes (indicadores a posteriori).
Indicadores a priori: expansão da empresa e admissão de novos
empregados, redução do número de empregados, mudança de método e processo de
trabalho, substituições ou movimentação de pessoal, faltas, licenças ou férias do pessoal,
mudanças nos programas de trabalho ou de produção, expansão dos serviços,
modernização do maquinário ou equipamentos, produção e comercialização de novos
produtos ou serviços.
Indicadores a posteriori: problemas de produção, como: qualidade
inadequada da produção, baixa produtividade, avarias freqüentes em equipamentos e
instalações, comunicações defeituosas, tempo de aprendizado e integração ao cargo muito
prolongado, despesas excessivas com manutenção de máquinas e equipamentos, excesso
de erros e desperdícios, elevado número de acidentes, pouca versatilidade dos empregados,
mau aproveitamento do espaço disponível. Problemas de pessoal como: relações
deficientes entre o pessoal, número excessivo de queixas, pouco ou nenhum interesse pelo
trabalho, falta de cooperação, falta e substituições em demasia, dificuldade na obtenção de
bons elementos, tendência a atribuir falhas aos outros, erros na execução de ordens.
A etapa final do processo de treinamento é a avaliação dos resultados. O
programa de treinamento deve ter uma avaliação de sua eficiência. A avaliação deve
34
considerar dois aspectos: verificar se o treinamento produziu as modificações desejadas no
comportamento dos empregados e verificar se os resultados do treinamento apresentam
relação com o alcance das metas da empresa.
A avaliação dos resultados do treinamento pode ser feita em três níveis: 1)
nível organizacional: o treinamento deve proporcionar resultados como: aumento da
eficácia organizacional, melhoria da imagem da empresa, melhoria do clima
organizacional, melhoria do relacionamento empresa x empregados, facilidade nas
mudanças e na inovação, aumento da eficiência; 2) nível dos recursos humanos: o
treinamento deve proporcionar resultados como: redução da rotatividade de pessoal,
redução do absenteísmo, aumento da eficácia individual dos empregados, aumento das
habilidades das pessoas, elevação do conhecimento das pessoas, mudança de atitudes e de
comportamento das pessoas; e 3) nível das tarefas e operações: o treinamento deve
proporcionar resultados como aumento de produtividade, melhoria da qualidade dos
produtos e serviços, redução no fluxo da produção, melhor atendimento ao cliente, redução
do índice de acidentes, redução do índice de manutenção de máquinas e equipamentos.
“Alguns empresários ainda resistem à idéia de treinar seus empregados e parecem temer investir para treinar pessoal, com receio de perdê-los para a concorrência, preferindo recrutar no mercado trabalhadores com alguma experiência e treinamento. São poucos os empresários que encaram o treinamento como uma forma de reduzir custos e aumentar a produtividade. A maioria prefere considerar o treinamento como uma função social, e não econômica, e como a despesa não é um investimento que pode trazer valiosos retornos” (Chiavenato, 1998, p. 516).
Nas práticas mais utilizadas no treinamento e desenvolvimento de pessoal,
notam-se diferenças de acordo com o nível dos profissionais: operacional, técnico e
gerencial.
Operacional: destaca-se nesse grupo a existência de um enfoque prático,
não estando relacionado à existência de programas estruturados e sistematizados, mas a
transmissão de conhecimentos e habilidades técnicas feita durante a própria execução das
35
tarefas. As empresas quando utilizam essa técnica de treinamento, normalmente não
reconhecem que têm política de treinamento.
Técnico: Nota-se nesse grupo que as empresas investem pouco em
treinamento e desenvolvimento do pessoal técnico, indicando a utilização do treinamento
no próprio cargo, com as rotinas de suas tarefas.
Gerencial: Acentua-se neste grupo a utilização de participação em palestras
e seminários de curta duração, onde não se apresenta nenhum conceito prático, e sim
subjetivo, causando resultados pífios para a prática de tarefas.
Há a se discutir ainda a questão da demissão, uma política de Recursos
Humanos, que deve fazer parte da gestão de administração de pessoas nas empresas,
porque os enxugamentos de pessoas provavelmente constituem o assunto mais discutido e
aplicado com muito mais freqüência na atualidade das empresas.
Quando a empresa, familiar ou não, decide demitir empregados de seu
quadro, deve estar preparada para enfrentar as conseqüências do corte, tais como as
sofridas pelo ambiente de trabalho onde há perda de liderança, perda de familiaridade,
deterioração do clima organizacional pelo aumento de conflito e stress organizacional.
Também é afetada a imagem da empresa com prejuízo junto a clientes e parceiros
comerciais. Prejuízo à imagem institucional pelo ressentimento da comunidade, o que
deixa a empresa com dificuldade para atrair e recrutar novos empregados. As relações com
o trabalho são afetadas pelo aumento do volume de reclamações trabalhistas, e o número
crescente de acidentes e doenças. Internamente, a empresa perde experiência com a
demissão de empregados que deixam a empresa levando a memória organizacional. A
eficácia organizacional é afetada com a queda da qualidade de produtos, deterioração da
produtividade com o fraco desempenho.
É recomendável que a empresa tenha estudos para saber quanto custou o
tempo que o empregado permaneceu naquela empresa com os treinamentos recebidos,
experiência acumulada na função, que se torna condicionante para o conhecimento,
gerando qualidade no trabalho, conhecimentos adquiridos junto aos clientes e
fornecedores. Se para medir treinamento, experiência, contato externo for subjetivo, é
muito mais subjetivo saber o prejuízo que a empresa pode ter quando o empregado ao
36
deixar a empresa vai trabalhar e levar todos os conhecimentos e contatos para o
concorrente.
“A esse respeito, um estudo feito por McCune et al. (1988) mostrou que não existe correlação entre o tamanho da organização, por um lado, e a ocorrência de enxugamento ou a existência de uma política para cortes, por outro. Os autores assumem que, de certa forma, esses resultados contradizem o senso comum de que organizações maiores e mais estruturadas teriam maior probabilidade de fazer enxugamentos, e maior chances de ter uma política formal nesse particular. Na mesma direção, as primeiras pesquisas sobre downsizing da American Management Association (AMA) mostraram que cerca da metade das empresas pesquisadas relatou que a organização estava mal ou pouco preparada para o enxugamento. Mais da metade das empresas admitiu não ter antevisto os problemas que seus programas poderiam causar. E a maioria absoluta confessou não ter nenhuma política ou programa para minimizar os efeitos negativos dos enxugamentos.
Ao menos em países desenvolvidos, o desenvolvimento do surto de enxugamentos pode ter começado a mudar esse quadro. Em uma pesquisa entre mais de 600 empresas britânicas, Doherty et al. (1993), descobriram que a maioria absoluta das empresas (86%) passou a ter algum tipo de política formal sobre demissão de pessoal, nestes anos recentes de cortes.
Os resultados de pesquisas brasileiras sobre esse fenômeno são bem surpreendentes. Em um estudo que Caldas (1992, p. 94) conduziu no Brasil, 55% das empresas pesquisadas não tinham qualquer política clara ou formal de demissão e características da amostra deixam evidente que a proporção real (isto é, não apenas o universo pesquisado) deve ser muito maior” (Caldas 2000 p 92).
Concluímos que a Gestão de Recursos Humanos ou
“Gestão de pessoas é um tema da maior importância. Primeiro, porque é no interior das empresas que passamos a
37
maior parte de nossas vidas. Segundo, porque as empresas podem ser tudo, mas nada serão se não houver pessoas a definir-lhes a visão e o propósito, a escolher as estratégias, a realizar os esforços de marketing, a administrar recursos financeiros, a estabelecer metas de produção, a definir preços e tantas outras decisões e ações. Dito de outra maneira, as empresas não nascem da terra, no céu, ou no mar. Elas são construções sociais. Se é assim, penetrar na sutileza das interações humanas e tentar desvendar-lhes a teia que tecem é de extrema relevância para a pessoa entender o mundo dos negócios” (Vergara, 2000, p. 9).
No capítulo a seguir, apresentamos estudos de possibilidades de
sobrevivência das empresas familiares hoje, tendo em vista perspectivas para o futuro.
CAPITULO 3
A EMPRESA, PREPARAR-SE PARA VIVER HOJE
As empresas familiares foram criadas em um momento da economia e
concorrência totalmente diferente dos dias atuais. Com uma economia fechada, com pouca
concorrência e outras formas que não a produtiva para obter rendimento, a tarefa parecia
mais fácil. As grandes perguntas hoje são: será que esses empreendedores, com sua forma
peculiar de administrar conseguiriam começar o mesmo negócio, da mesma maneira?
Teriam o mesmo sucesso? Até quando vão conseguir sobreviver administrando do seu
jeito?
É arriscado gastar tempo procurando respostas a estas questões, o mais
sensato para a sobrevivência das empresas e dos empregos que geram é preparar-se para
viver de hoje em diante.
“As pressões competitivas sobre a moderna organização são provavelmente a maior força da administração de Recursos Humanos, que está sendo solicitada a participar da reação da organização face à concorrência.
As organizações têm dado ênfase à produtividade, à qualidade total, ao atendimento ao cliente e à velocidade da resposta como fontes potenciais de vantagem competitiva.
Existem duas maneiras pelas quais os recursos humanos estão sendo solicitados a reagir contra a concorrência: redução de custos e valor agregado. O desafio mais imediato para os recursos humanos é, de muitas maneiras, a pressão dos custos” (Galbraith, 1995, p. 204).
39
A empresa familiar tem vantagens para a competição contemporânea devido
ao espírito empreendedor, a possibilidade de rapidez nas decisões, audácia e coragem. No
processo de treinamento deve-se valorizar esses atributos do fundador e transformá-los em
cultura positiva dentro da empresa, transformando cada empregado em um empreendedor
na seção onde trabalha, fazendo com que o resultado do seu trabalho se reflita no resultado
geral da empresa, mas para isso são necessárias mudanças na forma de administrar.
“Os profissionais de RH precisam ajudar na mudança de suas organizações, definir um modelo organizacional e patrocinar sua constante aplicação. Quando os tempos dos ciclos se encurtarem e o ritmo da mudança aumentar, os profissionais de RH terão de lidar com muitas questões associadas, entre as quais: • Como desaprender o que aprendemos? • Devemos honrar o passado e prepararmos para o futuro? • Como incentivar a aceitação de riscos necessária à mudança sem colocar a empresa em risco? • Quais as práticas de RH que devem mudar em função da transformação e quais devem ser mantidas? • Como introduzirmos o coração e a mente de cada profissional na organização que se prepara para a mudança? • Como mudarmos e aprendermos mais rapidamente?” (Ulrich, 1998, p. 27).
O clima organizacional da empresa deve favorecer o aparecimento de idéias
através dos empreendedores internos, pedir e dar autoridade para que participem e
conheçam as metas e objetivos que afetam seu trabalho.
“Ter uma grande idéia ou ser um líder visionário carismático é o mesmo que ‘dizer as horas’, é impor uma solução; criar uma empresa que possa continuar prosperando sem que o líder tenha que estar presente e ao
40
longo do ciclo de vida de vários produtos é como ‘fazer um relógio’, dar ferramentas. ...os criadores de empresas visionárias tendem a dar as ferramentas, não impor soluções. Seu objetivo principal é erguer uma organização – fazer um relógio que funcione – em vez de acertar em cheio o mercado com a idéia de um produto visionário e tocar a curva de crescimento do ciclo de vida de um produto atraente” (Porras & Collins, 1997, p. 45).
Collins e Porras professores da Universidade de Stanford nos Estados
Unidos, demonstram que a perenidade das empresas reside justamente na fidelidade aos
seus princípios essenciais. A obra, “Feitos para Durar”, resultado de uma minuciosa
pesquisa, atesta que as empresas denominadas, pelos autores de “visionárias” (algumas
fundadas no século XIX e até hoje líderes de mercado, apesar de todas as transformações
no mundo), chegaram a esse patamar por terem uma ideologia central. Trata-se de um
conjunto de preceitos que definem o que a empresa é, o que representa e o que a interessa.
Em recente pesquisa realizada por Bernhoeft e Franco, os autores
apresentaram os resultados que mostram que a empresa familiar tem vantagens que são
atração para os indivíduos; por isso elas deveriam aproveitar esse dado e criar políticas
para terem talentos que possam administrá-las, com ou sem a família, neste momento onde
as mudanças são mais rápidas.
“Não cabe exclusivamente aos profissionais de RH a responsabilidade pela contribuição e dedicação do funcionário. Os gerentes são encarregados e devem se responsabilizar pelas pessoas de seu departamento. Os profissionais de RH. devem ajudar o gerente a cumprir esse dever. Isso significa que os gerentes de linha tem responsabilidade primordial por muitas das atividades destinadas a assegurar a dedicação do funcionário e muitos deles prefeririam fazer isso à moda antiga simplesmente deixar que o RH cuidasse de todas as questões de pessoal para que eles continuassem se dedicando aos negócios. Os profissionais de RH tem se empenhado bastante através de oficinas, comunicações e levantamentos junto aos funcionários, no sentido de orientar e treinar os gerentes de linha a assumirem a responsabilidade de ser o ponto central do moral do funcionário” (Ulrich, 1998 p. 159)
41
Uma capacidade definida como resultado de Recursos Humanos é criar
clareza estratégica: seja um parceiro estratégico, ou seja, uma organização revela a
capacidade de clareza estratégica quando sua estratégia enfatiza objetivos tanto a curto
quanto a longo prazo, cria significado para os que estão dentro e fora da empresa, traduz
como eficiência práticas organizacionais, modela o comportamento do empregado e
diferencia a empresa para clientes.
Empresas com clareza estratégica demonstram foco, definem processos de
alocação de recursos que usam de maneira eficaz e possuem visão; essas empresas também
têm unidade estratégica pois envolvem empregados e clientes nos objetivos e nos
processos de trabalho.
Profissionais de Recursos Humanos ao agirem como parceiros estratégicos,
desempenham um grande papel na criação de uma unidade estratégica, como parceiros
planejam as práticas que podem ser utilizadas para criar a estratégica e implementá-la. Os
empregados devem fortalecer os valores e os objetivos da empresa, os sistemas de
remuneração devem ser criados visando levar os empregados a se comportar de maneira
coerente com a estratégica, programas de treinamento e desenvolvimento devem oferecer
habilidades para a realização da estratégia e sistemas de gerenciamento incluindo
estruturas de equipe e processos de tomada de decisão. Os profissionais de Recursos
Humanos quando parceiros estratégicos, atuam como observadores atentos à existência de
clareza em determinada tática.
“Não vou afirmar que o Recursos Humanos deveria formular estratégia, responsabilidade dos executivos da empresa, grupo do qual o RH faz parte. Contudo, para que os parceiros de estratégia da gerencia sejam maduros, os executivos de RH devem estimular e liderar discussões sérias sobre o modo como a empresa deveria ser organizada a fim de desenvolver sua estratégia.
Não é tão importante o modelo que o pessoal de RH utiliza para definir a arquitetura da empresa, desde que este seja consistente. O que mais importa é que a arquitetura seja articulada de maneira transparente. Sem essa clareza, os
42
gerentes podem ficar míopes em relação ao desempenho da empresa e conseqüentemente, em relação ao que de fato impulsiona a implementação da estratégia e aos obstáculos que irão enfrentar no caminho” (Ulrich, 2000 p. 39).
O Departamento de Recursos Humanos deve fazer com que as mudanças
aconteçam porque o ambiente para muitas empresas é imprevisível e incontrolável. Em vez
de gastar enormes verbas para criar estratégia que pode funcionar ou não nessas esferas
instáveis, as empresas alcançam bons resultados com a capacidade de mudar rapidamente.
Organizações com essa capacidade demonstram velocidade, agilidade, flexibilidade e
redução do tempo de ciclo. Tanto perdedores quanto ganhadores enfrentarão futuros
incertos. No entanto, enquanto os perdedores estiverem formando forças de trabalho
dispendiosas e morosas para estudar as mudanças, os vencedores já estarão adaptados a
elas. As empresas agem dentro de uma escala de velocidade. Algumas diante da incerteza
tornam-se rígidas e inflexíveis e resistem às mudanças; outras possuem uma capacidade
intrínseca para inovação e adaptação, mantendo-se sempre atualizadas.
Quase todas as empresas entendem que a capacidade de fazer com que as
mudanças aconteçam é importante. No entanto, elas desenvolvem essa capacidade de
diversas maneiras.
“Mudanças acontecem. E o ritmo dessas mudanças, atualmente, devido à globalização, à inovação tecnológica e ao acesso a informação é tão confuso quanto fascinante. A diferença básica entre vencedores e perdedores nos negócios será a capacidade de reagir ao ritmo das inovações. Vencedores serão capazes de se adaptar, aprender e agir rapidamente. Perdedores gastarão tempo tentando controlar e dominar a mudança. O novo RH tem como responsabilidade a tarefa de desenvolver a capacidade da empresa, aceitar a mudança e capitalizar-se com ela” (Ulrich, 2000 p. 44).
Todo gerente reconhece que o capital intelectual1 é importante. O desafio
1 Capital intelectual é o conhecimento que o homem possui. Conhecimento que sempre foi e sempre será o
43
está em descobrir o que ele é e como aumentá-lo. A competência geral do empregado pode
aumentar, mas a competência, por si só, não assegura o capital intelectual da unidade.
Empresas com alta competência, mas baixo comprometimento, podem possuir empregados
talentosos que não conseguem realizar tarefas. Empresas com alto comprometimento, mas
baixa competência, podem ter empregados não muito talentosos mas que executam suas
tarefas rapidamente. Os dois casos são perigosos. O capital intelectual requer tanto
competência quanto comprometimento.
“Cada vez mais os empregados estão continuamente sendo solicitados a realizar mais com menos. E conforme as empresas revogam o antigo contrato de trabalho, que era assegurado em segurança e promoções previsíveis, e os substitui por vagas e promessas de confiança, os empregados respondem na mesma moeda. Seu relacionamento com a empresa passa a ser transacional. Elas dão seu tempo, mas não muito mais que isso. Esse tipo de colaboração reduzida é a receita para o fracasso organizacional. As empresas não conseguem prosperar a não ser que seus empregados estejam totalmente comprometidos” (Ulrich; 2000, p. 43).
Há décadas os profissionais de Recursos Humanos têm sido rotulados de
administradores. Contudo, em seus novos papéis como o especialista burocrata, eles
precisarão abandonar a imagem tradicional de normatizadores e fiscalizadores de políticas
e, ao mesmo tempo, assegurar que todo o trabalho rotineiro exigido pelas empresas esteja
sendo bem realizado. Para que possam mudar seus antigos papéis como administradores
para seus novos papeis, o profissional de Recursos Humanos terá de melhorar a eficiência
de sua função e de toda a empresa. Na função de Recursos Humanos encontram-se os
vários processos que podem ser realizados de maneira melhor, mais rápida, e mais barata.
Encontrar e estabelecer esses processos faz parte do trabalho desse novo setor.
“Para esclarecer os resultados de RH., é preciso prestar atenção no que se faz após investimentos em atividades. O
mais poderoso instrumento ao alcance da pessoa e da sociedade para resolver seus problemas e atingir seus objetivos, incluindo os econômicos.
44
interesse em quantificar o impacto das práticas de RH. no desempenho financeiro levou alguns estudos que vincularam essas práticas e resultados específicos da empresa. A rotatividade de empregados por exemplo, tem sido ligado a estabilidade no emprego, presença de sindicatos, remuneração, cultura e demografia. A produtividade tem sido vinculada a práticas tranformacionais de RH. aquelas que enfatizam a cooperação, programas de qualidade de vida profissional, círculos de qualidade, práticas de treinamento e recrutamento e sistema de incentivo relativos à remuneração” (Ulrich; 2000 p. 10).
O objetivo de desenvolver uma estratégia claramente definida é
freqüentemente uma questão organizacional que depende de liderança. Com tantas forças
de trabalho contra os exercícios de escolhas nas empresas, a existência de um claro
referencial intelectual para orientar a estratégia é um contrapeso imprescindível. Além
disso também são essenciais lideres fortes, dispostos a fazer escolhas. Em muitas
empresas, a liderança tem trabalhado apenas nas melhorias operacionais e na condução de
negociações. Mas o papel do líder é mais amplo e muito mais importante. O controlador é
mais do que uma simples administração de funções individuais sua essência é a estratégia,
a definição e a divulgação das metas da empresa. O líder deve proporcionar a disciplina
para as decisões relativas a mudanças setoriais e a necessidades de clientes, as quais a
empresa responderá, ao mesmo tempo em que deve evitar a dispersão organizacional e
assegurar a diferenciação. Os gerentes de nível médio carecem de perspectiva e de
confiança para preservar a estratégia.
No capítulo 4, apresentado a seguir, apresentamos os procedimentos
metodológicos concernentes à pesquisa de campo.
CAPÍTULO 4
METODOLOGIA
4.1 Tipo
Para a escolha do tipo de pesquisa, apoiamo-nos em Cervo & Bervian
(1996), que classificam as pesquisas com base no procedimento geral que é utilizado no
desenvolvimento das mesmas. Neste sentido elas podem ser: bibliográficas, descritivas e
experimentais, sendo que uma mesma pesquisa pode envolver mais de um destes tipos de
classificação. Assim, optamos por elaborar uma pesquisa descritiva e bibliográfica. A
pesquisa descritiva por sua vez assume várias formas, dentre elas o estudo descritivo.
Assim, este trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo que
caracteriza-se pela observação, registro e descrição das características, propriedades ou
relações que ocorrem na realidade estudada. Ao mesmo tempo, tem como base a pesquisa
bibliográfica.
Para os referidos autores,
“qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, quer para o levantamento da situação da questão, quer para fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e contribuições da própria pesquisa” (Cervo & Bervian, 1996, p. 48).
46
4.2 Universo da pesquisa
Antes de focarmos o universo da pesquisa, consideramos importante
apresentar uma sucinta visão da cidade de Ribeirão Preto, cidade onde foi realizada a
pesquisa de campo.
O município de Ribeirão Preto foi fundado em 1856 e ganhou impulso com
a lavoura de café, cultivada pelos imigrantes e fertilizada pela terra vermelha (“rossa” para
os italianos e “roxa” no linguajar caboclo). A terra de Ribeirão Preto transformou a região
no maior produtor de café na virada do século XIX. Abastecia o mundo inteiro com o que
se chamava de “ouro verde”. O desenvolvimento de Ribeirão Preto está diretamente ligado
ao período de ouro do café. A riqueza da região veio da terra que virou marca registrada no
Brasil e no exterior. Durante 50 anos (1890 – 1940) Ribeirão Preto viveu a glória da época
do café. Na década de 20, em seu apogeu econômico a maior produção de café dava à
cidade ares de Eldorado. Nessa época, exatamente em 1928, o presidente da Companhia
Cervejaria Paulista, João Meira Jr., iniciava a construção de um grande teatro de ópera na
cidade. O projeto foi inspirado nas casas de espetáculos européias. Pedro II é o terceiro
maior teatro de ópera do país, ficando atrás apenas dos teatros municipais do Rio de
Janeiro e de São Paulo. O desenvolvimento trouxe novas culturas, como a cana-de-açúcar,
a soja, o milho, o algodão, a laranja e implantou uma forte agro-indústria. Hoje é o centro
da região que mais se desenvolve no Brasil. Mais de 80 municípios compõem a região de
Ribeirão Preto; são 3 milhões de habitantes que ocupam uma área de 30 mil km2. A renda
“per capita” é semelhante à de alguns paises da Europa e praticamente o dobro da média
brasileira.
Atualmente a cidade conta com 505 mil habitantes e 11.985
estabelecimentos, sendo 44.4% comércio, 14.2% indústria e 41.4% de serviços2.
A pesquisa de campo foi desenvolvida em 12 empresas familiares,
escolhidas dentre as representativas na cidade, empresas tradicionais e conhecidas da
população.
2 Dados da Secretaria Municipal da Fazenda. Ribeirão Preto, 2000.
47
Os informantes da pesquisa foram os empresários, membros das famílias
proprietárias das organizações, que ocupam cargo de direção, ou seja, os controladores.
4.3 Técnicas de coleta de dados
Os dados foram coletados através de entrevista com o apoio de um
formulário que preparamos para este fim (Anexo I) e de outro adaptado de Ulrich e Conner
(apud Ulrich, 1998) denominado “Pesquisa de Avaliação dos Papéis em Recursos
Humanos” (Anexo II). A entrevista foi utilizada para evitar que as respostas fossem
distorcidas, mal interpretadas, incoerentes e pouco precisas. As entrevistas foram
agendadas com bastante antecedência, sempre de acordo com a disponibilidade do
entrevistado.
Usamos ainda o diário de campo, dadas as circunstâncias favoráveis que se
apresentaram durante o período de realização das entrevistas. O diário de campo revelou-se
um instrumento privilegiado onde registramos tanto reações dos empresários no momento
das respostas como relatos informais dos mesmos, antes e depois das entrevistas como
ainda nossas impressões sobre os pontos essenciais deste estudo.
O convite à participação na pesquisa gerou certa resistência por parte de
alguns empresários, a nosso ver, pelo medo da divulgação das informações junto à
comunidade, das intimidades das empresas. Garantimos mais de uma vez o sigilo quanto à
identificação das empresas porém, mesmo assim, houve demora quanto à confirmação de
agendamento de algumas entrevistas.
Cada entrevista durou em média 40 minutos e foram todas realizadas pelo
autor.
CAPITULO 5
RESULTADOS E ANÁLISE DOS DADOS
Neste capítulo buscamos agrupar as principais informações coletadas junto
aos empresários de empresas familiares de Ribeirão Preto, que participaram da pesquisa,
ordenando-as e expondo os dados através de quadros para análise quantitativa. Também
foram aglutinados dados qualitativos coletados tanto nas entrevistas como através de
observação.
Inicialmente apresentamos os dados pertinentes à caracterização das
empresas; em seguida traçamos o perfil dos empregados. Posteriormente tratamos das
políticas de Recursos Humanos, bem como da gestão de Recursos Humanos, objeto do
nosso estudo e finalizamos mostrando a percepção dos entrevistados a respeito da
formação do profissional de Recursos Humanos.
5.1 Caracterização das empresas
Os dados mostraram que trata-se de empresas que juntas empregam 3.976
pessoas, e os faturamentos somados chegam ao valor aproximado de R$ 38 milhões.
Dentre as empresas pesquisadas 10 estão no segmento industrial e 2 no segmento
comercial, sendo uma atacadista e outra varejista.
A Tabela 1, apresentada a seguir, foi construída com o fim de permitir a
análise e visualização dos principais dados pertinentes a caracterização das empresas que
participam desta pesquisa.
49
Tabela 1 – Caracterização das empresas participantes.
Empr
esa
Núm
ero
Empr
egad
os
Méd
ia sa
laria
l ge
rent
e
Méd
ia sa
laria
l de
mai
s car
gos
% d
istr.
de
lucr
os p
/ ge
rent
es
% d
istr.
de
lucr
os p
/ de
mai
s car
gos
Hor
as d
e tre
inam
ento
p/
gere
tnes
Hor
as d
e tre
inam
ento
p/
dem
ais c
argo
1 954 4.000,00 506.00 0 0 40 36
2 778 4.500.00 1.100.00 0 0 26 30
3 662 8.700.00 600.00 0 0 0 0
4 315 4.700.00 945.00 0 0 60 60
5 310 4.500.00 750.00 0 0 0 0
6 239 4.200.00 530.00 0 0 65 26
7 214 6.000.00 676.00 0 0 0 36
8 181 4.100.00 670.00 0,7 0.7 0 0
9 96 2.700.00 890.00 0 0 0 0
10 96 7.380.00 590.00 0,7 0.7 10 3
11 93 2.400.00 1.038.00 0 0 15 30
12 38 3.700.00 830.00 0 0 8 3
Média 332 4.700.00 760,00 - - 19 19 Fonte: Dados coletados pelo autor
A Tabela 1 mostra que quanto ao porte, a pesquisa envolveu vários tipos de
empresas, a saber: pequenas (4), médias(5) e grandes(3).3
Em termos de salário os empregados de nível gerencial que trabalham nas
empresas que participaram desta pesquisa, recebem um salário médio de R$ 4.700,00,4
média considerada baixa quando comparamos com as pesquisas salariais feitas por
empresas de consultoria especializadas no assunto. Outra característica em termos de
remuneração é o fato que nenhuma das empresas pagar bônus, somam uma remuneração
variável conforme o resultado do desempenho do gerente. É evidente que este fato afasta
bons profissionais, que trabalharam em empresas estruturadas, que receberam os melhores
treinamentos. São talentos que nossas empresas poderiam estar aproveitando, explorando
3 O critério utilizado para definição do porte das empresas pelo Ministério do Trabalho é o número de empregados: as empresas com 0 a 9 empregados em seu quadro são consideradas micro; com 10 a 99 empregados são as pequenas empresas; entre 100 a 499 empregados são as médias e com 500 ou mais empregados, as grandes (Giglioti, 2001, p. 62). 4 Na época da realização da coleta de dados, o salário mínimo vigente era de R$ 180,00.
50
o lado da qualidade de vida no interior, mas não conseguem pela baixa média salarial e a
falta do resultado conjugado ao salário.
A média salarial dos demais cargos é de R$ 760,00, também baixa, de
acordo com pesquisas salariais feitas por empresas de consultoria especializadas no
assunto, considerando que neste nível está embutido salário de técnicos especializados.
A Tabela 1 mostra a distribuição de lucro entre gerentes e demais cargos.
Apesar da existência da medida provisória há mais de quatro anos, e transformada em lei
há mais de um ano, apenas duas das empresas pesquisadas adotam este programa.
Considerando que este programa deve ser usado de forma estratégica pelo
departamento de Recursos Humanos, este índice cai para zero. Com a nossa experiência,
adquirida em várias negociações que participamos, as empresas pagam a título de
“distribuição de lucro” um valor fixo, para cumprir uma convenção coletiva, independente
do resultado global do negócio. Como fica evidente as empresas perdem uma grande
oportunidade de aproveitar uma lei para estabelecer metas e resultados passando uma parte
da responsabilidade do sucesso para seus empregados.
Conforme depoimento de dois controladores, esta não é uma prática muito
recomendável porque teriam que abrir sua contabilidade para os empregados e sindicato.
Quanto a horas de treinamento de gerentes (sete empresas) e demais cargos,
oito empresas realizam treinamento com seus empregados, mas um número de horas
considerado pífio perto de uma realidade onde o desenvolvimento será a base do sucesso.
Fica evidenciado que o crescimento do ser humano, aliado com o crescimento da empresa
não tem muito valor para os controladores.
Esta prática é perigosa quando analisamos Boog (1999, p. 6):
“Estamos vivendo na sociedade do conhecimento e, finalmente, as competências humanas ganharam espaço e valor de forma jamais vista na história da administração. Diante desse novo contexto, as empresas estão se confrontando com uma questão fundamental para o encaminhamento dos seus processos de mudança e inovação: como cultivar a inteligência das pessoas, aplicando-a no
51
desenvolvimento das competências críticas para a realização do potencial produtivo e competitivo do negócio empresarial?”.
5.2 Perfil dos empregados
Procuramos traçar o perfil dos empregados das empresas pesquisadas em
termos de rotatividade no emprego, tempo de serviço, idade, formação, cargo e sexo.
A Tabela 2, apresentada a seguir, mostra estes dados.
Tabela 2 - Movimentação de empregados
Empr
esa
% R
otat
ivid
ade
ano
% G
eren
tes
Adm
itido
s
% T
rain
ee
Adm
itido
s
% d
emis
são
volu
ntár
ia
% d
emis
são
invo
lunt
ária
% M
ulhe
res
carg
os
dire
ção
%
Func
ioná
rios
Prom
ovid
os
1 17,97 0 0 3,03 13,41 0 0,83
2 12,70 0 0 0,55 12,70 0 0,55
3 27,41 00 4,30 2,02 12,90 1,07 2,15
4 8,80 0,25 0 9,25 1,54 0,25 0,51
5 25,52 0 0 13,54 11,45 0 0
6 27,63 5,26 31,57 2,63 10,08 0 0
7 49,35 0,32 0 5,80 58,38 0,96 3,22
8 52,57 0,62 0 5,14 22,42 0 25,33
9 20,61 0 0 0,75 8,91 0 3,32
10 18,22 0 0 4,16 7,29 0 13,54
11 20,30 0 0 7,94 18,00 0,41 1,67
12 20,79 0,95 0 3,49 9,52 0,63 1,26
Média 25,15 1,48 - 4,85 15,13 0,27 4,36Fonte: Dados coletados pelo autor.
Como pode ser visto na Tabela 2, a rotatividade nas empresas
pesquisadas é alta. Não é possível sustentar um crescimento, necessário para ser
52
competitiva, trocando com frequência seu quadro de empregados. De acordo com os
especialistas em políticas de demissão, o percentual ideal é próximo a 8%. Existem
empresas (7 e 8) que trocaram cerca de metade do quadro de empregados em um período
de doze meses, o que comprova que estas assim como as demais não conseguem reter
empregados e tão pouco formá-los.
Um fato curioso foi mostrado justamente no índice mais baixo da
rotatividade. Quando é para se ver positivamente uma empresa que trocou 8,8% dos seus
empregados em um período de doze meses, comparando com o índice mostrado é
exatamente o contrário. A empresa de menor índice é aquela que está vivendo o pior
momento. Conforme palavras do próprio controlador, sua empresa vive um clima negativo,
onde os empregados estão totalmente desmotivados para o trabalho, pela principal razão
que é a falta de recursos financeiros para pagamento dos salários, que normalmente são
feitos com atraso. O índice baixo de rotatividade é a falta de dinheiro para pagamento das
indenizações, sendo assim, não pode demitir os empregados conforme gostaria, e os
empregados ficam inseguros em pedir demissão por terem que negociar um prazo longo
para receber as verbas trabalhistas.
Os cuidados que uma empresa deve tomar com o turnover expõe, Silva
(2001, p. 12):
“Obviamente, uma taxa de turnover equivalente a zero não deve ocorrer na prática e nem seria desejável, pois denotaria um estado de total esclerosamento da organização.
A taxa de turnover ideal seria aquela que permitisse à organização reter seu pessoal de boa qualidade, substituindo aquele que apresenta distorções de desempenho difíceis de serem corrigidas dentro de um programa exeqüível e econômico”.
Gerentes Admitidos
Cinco empresas pesquisadas admitiram gerentes para seu quadro de
empregados em uma proporção muito pequena frente ao número total de empregados,
53
sendo que a empresa 8 recontratou dois gerentes que haviam se desligado cinco anos antes,
e voltaram para ocupar a mesma posição. Outra evidência nas empresas pesquisadas é a
contratação de gerentes com perfil operacional, cumpridor de ordens. O profissional
estratégico tem dificuldade de adaptação, justamente porque toda a visão de futuro da
empresa, como lançamentos de novos produtos, novos mercados, etc. está apenas na
cabeça do controlador para tomada das decisões. Todas as empresas pesquisadas não
adotam orçamento departamental, não compartilham seus objetivos para os departamentos
traçarem suas metas. Os gerentes de área não sabem quanto custa o seu departamento
frente ao faturamento, e muito menos qual foi a contribuição para o resultados da empresa.
Questionados, a grande maioria dos gerentes, não sabe que esta prática é rotina em
empresas estruturadas, e sequer que elas existem. A formação desses gerentes, na grande
maioria, é administração, portanto, fica a pergunta: administram o quê?
Trainees Admitidos
Duas empresas pesquisadas (3 e 6) contratam trainees, se preocupam em
formar seu futuro colaborador conforme mostra a Tabela 2. De acordo com o controlador
da empresa 7, este tipo de capacitação profissional, não apresenta resultado satisfatório,
porque depois de treinados e preparados os trainees pedem demissão e vão trabalhar em
outra empresa e muitas vezes no próprio concorrente. Portanto, este empresário não quer
transformar sua empresa em centro de treinamento “sem cobrar nada”. Com essa
declaração, afasta os melhores talentos e não os atrai.
Demissão voluntária
Em média 4.85% dos empregados deixam de trabalhar na empresa, por
vontade própria todo ano. Questionado, o controlador da empresa 5 não vê nenhum
problema neste tipo de ação; segundo ele cada um entra e sai a hora que desejar. Esta é a
cultura organizacional5 que passam para os seus gerentes que assimilam muito bem esta
5 Cultura é a experiência que o grupo adquire à medida que resolve seus problemas de adaptação externa e integração interna. Portanto, pode ser ensinada aos novos integrantes como forma correta de perceber, pensar, e sentir-se em relação a esses problemas.
54
política. As empresas pesquisadas têm uma única medida para avaliar o seu desempenho: o
tangível. Ainda não despertaram para a avaliação dos ativos intangíveis, os tais elementos
abstratos do negócio, como o relacionamento dos clientes, que provém da satisfação dos
empregados, o conhecimento e as idéias das pessoas.
Conforme depoimentos espontâneos e sem identificação, a principal causa
que leva uma pessoa a se demitir, até mesmo sem perspectiva de se colocar em outra
empresa, é a pressão causada pela forma de tratamento do controlador. A falta de respeito
que os empresários, em vários casos, dispensam aos seus empregados é assustadora e
humilhante. Não respeitam as pessoas que estão por perto. Pudemos presenciar, em duas
oportunidades distintas, os empresários, em vários casos. interromperem a entrevista para
chamar a atenção dos seus colaboradores, incluindo em uma das cenas a filha castigada
verbalmente. Em razão disso ouvimos vários depoimentos de pessoas que se dizem
totalmente esgotadas, não suportando mais a situação. Desta forma será difícil às empresas
formarem a sua história.
Demissão involuntária
Como veremos mais adiante, também não há preocupação nenhuma em
demitir um empregado, as empresas não têm como prática outra solução, a não ser demitir
em qualquer sinal de recessão, mesmo que custe buscar outro profissional alguns meses
depois. Nenhum controlador demonstrou conhecer o custo de um empregado demitido.
Foram categóricos em referir-se apenas às verbas trabalhistas, mais uma vez a preocupação
com o tangível.
Mulheres em cargos de direção
Trata-se de um número pífio, conforme mostra a Tabela 2. Ainda vale
ressaltar que as mulheres ocupam cargo de direção em um reduto onde a direção cumpre
ordem. A pressão sofrida por essas mulheres é muito grande, porque inferiorizadas
numericamente e tendo que obedecer ordens em um reduto machista, levam muitas delas,
ao limite.
55
Vale destacar neste item que entre as empresas pesquisadas, tivemos contato
com a única mulher que de fato dirige e comanda uma destas empresas. A presença
feminina na empresa é notada em todos os cantos que se olha, desde a recepção,
organização da fábrica, formas de se relacionar, percebe-se muita solidariedade entre os
colegas de trabalho. A área de lazer feita aos empregados coloca em exposição à
sensibilidade do ser humano, uma bela fonte e um florido jardim, local onde se desenvolve
a conscientização dos empregados e famílias para o meio ambiente.
Funcionários promovidos
As empresas pesquisadas juntas, promoveram 4.36% de seus empregados,
valendo destaque para a empresa 8 que promoveu 25.33% do seu quadro e nos leva a supor
que foi devido ao grande volume de demissões o que nos faz acreditar que houve na
realidade troca de funções.
Percentual de empregados que trabalham por tempo de empresa
A seguir, apresentamos os dados referentes ao tempo de serviço dos empregados .
56
Tabela 3 - Percentual de empregados que trabalham por tempo de serviço.
Empr
esa
Men
os d
e 2
anos
Entre
2 e
5 an
os
Entre
6 e
10 a
nos
Entre
11 e
15
anos
Entre
16 e
20
anos
Aci
ma
de
20 a
nos
1 37,21 29,69 20,84 0,11 0,60 0,24
2 38,70 47,31 2,90 1,29 0 0
3 29,28 9,94 32,60 14,36 9,39 4,42
4 31,11 16,84 20,82 23,34 5,92 1,93
5 46,88 17,71 29,16 4,16 2,08 0
6 55,26 31,58 2,63 0 7,89 2,63
7 18,70 31,61 40,97 6,45 1,61 0,64
8 100,00 0 0 0 0 0
9 34,58 27,39 25,30 8,38 1,64 1,79
10 43,75 21,87 26,04 8,34 0 0
11 31,38 37,66 20,50 5,02 2,92 2,52
12 31,53 28,67 30,25 7,64 1,91 0
Média 35,67 27,29 22,91 719 3,08 1,28Fonte: Dados coletados pelo autor.
A Tabela 3 mostra uma situação considerada até certo ponto comum para
os controladores das empresas pesquisadas, de acordo com o perfil traçado. A média
aponta, e particularmente a situação das empresas 8, 6 e 5 que comprovam a falta de
preocupação destas empresas em reter empregados, porque a maioria dos que lá trabalha
tem menos de dois anos na empresa. Quando analisamos menos de 10 anos, podemos ver
que 85% dos empregados destas empresas estão nesta faixa de tempo de casa. O nosso
caderno de campo aponta a seguinte situação: os controladores das empresas pesquisadas
não conhecem a importância e o quanto custa perder um empregado treinado, que conhece
a cultura da organização, o comportamento dos clientes e/ou fornecedores. Supostamente,
não reconhecem um talento que lhe traz resultados. Podemos imaginar que o indivíduo que
entra para o quadro de empregados dessas empresas logo percebe que o seu desempenho
será medido pelas horas que passa dentro da empresa, e não pelos resultados apresentados.
Sempre que tocava neste assunto, ouvimos por diversas vezes depoimentos, tal como o de
um que disse: “aquele que não quiser trabalhar mais aqui pode ir embora por que tem
57
muita gente ai fora querendo trabalhar na minha empresa. E quando eu tiver que mandar
alguém embora faço sem pensar”. E esta é uma situação geral; aquele que não cumpre as
normas pode se considerar fora dos planos, mesmo apresentando ótimos resultados.
O tempo de empresa é analisado por Caldas (2000 p. 168):
“De fato, pesquisas empíricas têm mostrado como o tempo de empresa é o principal indicador de quais indivíduos serão cortados e quais irão manter seus empregos em processos de enxugamento. (...)o tempo de empresa pode ser usado como critério para desligar não só os empregados mais novos, mas também os mais antigos. Defensores do uso da seneoridade para desligar os mais novos sustentam que esse procedimento tem a vantagem (para a organização) de ser um critério com o qual todos os empregados conseguem identificar-se claramente, o que tenderia a permitir a racionalização do processo de demissão e das decisões tomadas.
Por sua vez, os críticos do uso do critério de seneoridade para demitir os mais novos apontam diversos contra-argumentos. Alguns sugerem que ele “tira o sangue novo da organização”, e que o mais justo seria demitir os mais antigos. Outros sugerem a mesma coisa não por justiça, mas por razão econômica. Pessoal de maior experiência tem em geral salários maiores. Já outros autores criticam o uso do tempo de empresa como critério de corte. Para esses críticos, se por um lado essa forma de decisão não parece ser justa (pois impõe um fator incontrolável ao indivíduo), por outro o tempo de empresa não é um indicar do nível de habilidade”.
A seguir, a Tabela 4, que mostra o perfil dos empregados, com relação a
idade.
58
Tabela 4 - Percentual de empregados que trabalham na empresa por idade Em
pres
a
Aba
ixo
de 2
0 an
os
Entre
20 e
25
anos
Entre
26 e
35
anos
Entre
66 e
45
anos
Entre
46 e
55
anos
Aci
ma
de
55 a
nos
1 0,85 18,19 48,40 26,17 6,39 0
2 15,05 24,73 29,03 23,66 4,30 3,22
3 16,22 14,91 16,55 35,20 3,31 3,31
4 14,10 17,22 27,12 28,71 9,64 3,21
5 1,04 16,66 28,12 29,16 19,79 5,21
6 28,95 28,95 28,95 10,52 2,63 0
7 0,32 12,26 44,84 28,06 12,59 1,93
8 17,00 26,00 37,00 18,00 2,00 0
9 41,62 24,40 16,62 11,38 3,59 1,49
10 15,62 30,21 31,25 15,62 6,25 1,04
11 10,87 30,54 38,07 17,57 2,51 0,44
12 3,53 21,22 34,08 26,36 13,53 1,28
Média 13,76 22,10 31,66 22,58 7,21 1,76Fonte: Dados coletados pelo autor.
A Tabela 4 mostra que 53% dos empregados das empresas pesquisadas têm
idade entre 20 e 35 anos, destacando-se como a faixa etária preferida das empresas. Sendo
assim, deixam fora dos seus quadros camadas importantes da população na disputa por um
emprego. Abaixo de 20 anos, merece destaque pelo índice de contratação nesta faixa de
idade, as empresas 6 e 9. Na faixa etária acima dos 45 anos não há destaque, apenas 9%
desta população trabalham para as empresas familiares pesquisadas de Ribeirão Preto. O
mais grave é que uma pesquisa realizada pela Arquidiocese de Ribeirão Preto (1999),
aponta que na faixa de 20 anos existe uma população de 74% de desempregados. Um
jovem com toda sua energia, sem um emprego, ou oportunidade para mostrar o seu
potencial vira alvo fácil das atividades ilícitas. Este quadro mostra um preconceito contra
os experientes e uma falta de interesse em preparar os mais jovens, inclusive um
empresário nos pediu para indicar um estagiário com experiência de três anos.
59
Tabela 5 - Grau de escolaridade dos empregados
Primeiro grau ou menos
%
Segundo grau ou menos
%
Universitá-rio
incompleto
%
Universitário completo
%
Pós-graduação
%
Empresa 1 57,42 33,54 1,93 6,77 0,34
Empresa 2 10,53 39,47 39,47 10,53 0
Empresa 3 35,51 45,79 4,67 12,61 1,40
Empresa 4 Não respondeu. Alegou não ter esta informação
Empresa 5 13,38 69,45 5,85 10,05 1,16
Empresa 6 35,37 49,20 6,12 8,68 0,63
Empresa 7 15,09 76,10 5,44 1,59 1,78
Empresa 8 11,97 80,91 3,02 2,72 1,21
Empresa 9 60,42 14,58 18,75 6,22 0
Empresa 10 22,49 37,66 11,19 26,86 1,80
Empresa 11 - 70,97 10,75 16,12 2,73
Empresa 12 28,73 51,93 10,50 6,07 2,77
Media 23,53 51,69 10,69 9,83 1,25 Fonte: Dados coletados pelo autor.
Esta Tabela nos aponta uma empresa pesquisada, empresa 4, que não
conhece o grau de escolaridade de seus empregados, portanto esta empresa não tem uma
informação estratégica importante para, se desejar, o planejamento de treinamento dos seus
empregados.
A empresa 11 não apresenta nenhum empregado com escolaridade menor
que primeiro grau, mas é a terceira empresa em número de empregados com o segundo
grau, onde está concentrada sua maior população.
A empresa 9 apresenta o maior número de empregados com primeiro grau
ou menos, e o menor número de empregados com segundo grau ou menos, sendo a
segunda empresa com maior número de empregados com nível universitário incompleto.
60
Tabela 6 - Percentual de empregados por sexo
Empresa Feminino Masculino
1 36,16 63,84
2 18,28 81,72
3 4,42 95,58
4 15,81 84,19
5 4,16 95,84
6 50,00 50,00
7 14,52 85,48
8 2,80 97,19
9 28,85 71,15
10 6,25 93,75
11 61,08 38,92
12 5,78 94,22
Média 20,67 79,33 Fonte: Dados coletados pelo autor.
A Tabela 6 aponta que as empresas pesquisadas têm em média 20.67% de
empregados do sexo feminino e 79.33% do sexo masculino embora duas delas apresentem
número igual ou superior ao de homens.
Quando da visita em uma metalúrgica, ao caminhar pela fábrica com o
empresário entrevistado constatamos e perguntamos o porque da ausência de mulheres na
linha de montagem. Resposta: “mulher gosta muito de velório, portanto falta mais que o
homem”. Relatórios gerenciais que o autor desta pesquisa prepara para as empresas têm
mostrado que o absenteísmo é menor entre as mulheres.
61
5.3 Políticas de Recursos Humanos
Os dados referentes às políticas de Recursos Humano são apresentados na
Tabela 7.
Para analise da referida tabela, apresentada adiante, estamos considerando
apenas os percentuais indicados na resposta “ampla” como existente nas empresas. As
respostas “eventual” e “restrito” vamos somar ao “não existente”, porque como
percebemos analisando o campo da pesquisa, as respostas que apontavam estes dois itens
indicam políticas existentes para “alguns” empregados, não sendo norma da empresa e
divulgada para que todos os outros empregados também possam usufruir da política. Sendo
assim, onde apenas os empregados mais próximos da diretoria, média de 10%, estão sendo
beneficiados eventualmente e de forma restrita, caracterizando a situação paternalista,
portanto, estamos considerando como “não existente”.
É de conhecimento da classe trabalhadora que as empresas de Ribeirão
Preto e região aplicam muito pouco as políticas de Recursos Humanos teorizadas pelos
autores que estudam o tema. Esta situação é geradora de conflitos e tende a ter sua
mudança dificultada, porque mesmo que o estudante aprenda em sala de aula, através de
práticas vividas na escola, mesmo que a bibliografia sobre Recursos Humanos aponte uma
administração inovadora na Gestão de Pessoas, acaba sempre prevalecendo o modelo de
gestão tradicional imposto pelo empreendedor.
Outra dificuldade para os administradores recém formados aplicarem os
novos conceitos é que o estilo de gerenciamento das empresas depende dos diferentes
segmentos. Em uma empresa de engenharia a alta direção, normalmente é composta por
engenheiros. As políticas de Recursos Humanos são impostas com perfil de engenheiro
deixando de lado a participação e opinião do administrador de Recursos Humanos. Para o
administrador não é permitido dar ordens, estabelecer regras no projeto do engenheiro, e
este é o mesmo raciocínio para empresas agropecuárias, onde as políticas administrativas
são impostas por médico veterinário; empresas de medicina são impostas por médicos, e
quando se trata de uma empresa comercial ou serviços, que envolve a confecção de muitos
contratos, as políticas de Recursos Humanos são impostas por advogados e o que se
62
constata com facilidade é a existência de um grande número de advogados gerenciando a
Gestão de Pessoas.
Tabela 7 – Políticas de Recursos Humanos nas empresas pesquisadas em %.
Atividade Não existe Ampla Eventual Restrito
Administração de pessoal 0 100,00 0 0
Recrutamento e seleção 8,34 58,33 33,33 0
Programa de admissão de talentos 58,32 8,34 25,00 8,34
Contratação de estagiário 0 58,33 41,67 0
Programa de trainee 50,00 8,34 33,33 18,34
Treinamento e desenvolvimento 0 41,66 41,66 16,08
Desenvolvimento gerencial 25,00 16,68 41,64 16,68
Plano de carreira 75,00 16,68 0 8,32
Plano de sucessão 83,33 8,33 0 18,34
Cargos e salários 25,00 25,00 25,00 25,00
Sistema de avaliação de desempenho 66,66 16,67 16,67 0
Serviço Social 75,01 8,33 8,33 8,33
Higiene e segurança do trabalho 0 75,00 16,68 8,32
Serviço médico ambulatorial 33,34 6,50 8,33 8,33
Medicina ocupacional 25,00 33,33 3,25 16,67
Programa de qualidade de vida 58,33 8,33 8,33 25,01
Restaurante para empregados. 50,00 50,00 0 0
Recreação e lazer 33,33 25,00 8,34 33,33
Transporte para empregados 33,33 58,33 8,34 0
Sistema de comunicação com empregados 0 41,66 25,00 33,34
Pesquisa de clima 41,66 8,34 25,00 25,00Fonte: Dados coletados pelo autor
Como apontam os dados e pode ser verificado na Tabela 7, a Gestão de
Recursos Humanos nestas empresas familiares de Ribeirão Preto, privilegia o
Departamento de Pessoal, ou seja, tarefas rotineiras, para cumprir a legislação e fazer folha
de pagamento. Esta é a única política presente em todas as empresas pesquisadas. As
demais políticas teorizadas por autores, estudiosos de Recursos Humanos, entre eles
Chiavenatto (1996, 1998), existem em proporções pequenas, conforme a necessidade da
63
empresa, e a exigência para atender a determinado mercado. Em algumas empresas
pesquisadas, não houve evidência da administração em desenvolver a motivação do
empregado; não se prepara a liderança para os novos tempos, nem delineia-se as
capacidades deste novo líder.
Administração de pessoal: O principal papel do administrador de
Recursos Humanos nas empresas familiares participantes desta pesquisa é estar envolvido
com rotinas trabalhistas, dar atendimento aos requisitos da legislação trabalhista e
previdenciária, fazer cumprir as normas para cálculo de folha de pagamento e seus
encargos, férias, rescisões de contrato, advertir e exercer o papel de “polícia”, fiscalizando
e proibindo o acesso na empresa dos empregados que chegam um minuto após o horário
normal de entrada para o trabalho. Esta é a única prática de Recursos Humanos presente
em todas as empresas pesquisadas.
As empresas pesquisadas contrariam a nova tendência para o Departamento
de Recursos Humanos, conforme mostra Ulrich (2000 p. 36):
“Não se engane: essa nova pauta da função de RH é um afastamento radical do seu statu quo. Atualmente, na maioria das empresas, o RH incorpora principalmente os papéis de agente fiscalizador do cumprimento das políticas e de guardião das normas. Lida com a papelada envolvida na admissão e demissão, gerencia os aspectos burocráticos de benefícios e administra decisões de remuneração feitas por outros. Mas o fato permanece: as atividade de RH parecem estar – e freqüentemente estão – separadas da atividade real da empresa. Contudo, o novo plano de ação deverá significar que cada uma das atividade de RH ajude a organização, de alguma forma concreta, a melhor atender a seus clientes ou até mesmo aumentar o valor para o acionista”.
Recrutamento e seleção: 58% das empresas pesquisadas disseram ter um
Departamento de Recrutamento e Seleção, mas como percebemos na pesquisa de campo
dez empresas pesquisadas que mantém a estrutura utiliza entrevista individual, análise do
currículo e análise de referência e antecedentes criminais em seus processos de seleção. As
práticas de testes psicológicos e técnicos, dinâmicas de grupos, contratação de especialista
64
para buscar um profissional estratégico no mercado, são quase nulas nestas empresas. A
maneira de se anunciar à vaga também é bastante tradicional; a principal fonte são os
anúncios classificados, utilizando pouco as agências e apenas três têm procedimentos para
o recrutamento interno.
Várias empresas pesquisadas não evidenciaram preocupação de interagir
com a comunidade um processo de atração de mão-de-obra. Parece não se incomodarem
que suas políticas administrativas afastem candidatos com potencial para ocupar os cargos
disponíveis.
Entre as empresas pesquisadas, algumas demonstram interesse e fazem
contato com fontes poderosas de fornecimento de talentos, como as faculdades e
universidades, preocupando-se em estabelecer uma política adequada para contratação de
estagiários.
Entre as empresas pesquisadas, três evidenciaram que utilizam o
recrutamento interno, fazendo dessa política uma fonte de motivação.
Entre as formas de recrutamento externo das empresas pesquisadas, pode-se
observar o destaque para a utilização de agências de emprego, o que não ajuda na busca de
um profissional qualificado, porque todo o processo fica por conta das agências, que na
realidade, baseado na minha experiência, são terceirizadoras de mão-de-obra, sendo que
algumas destas agências não têm um profissional qualificado para tal função, como por
exemplo um psicólogo.
Observamos em uma das empresas pesquisadas que utiliza como técnica de
seleção apenas a entrevista, mas sem roteiro organizado e no caso específico da entrevista
que estava para acontecer o horário não estava sendo respeitado, o que é de se supor,
causando uma situação desfavorável no primeiro contato com o candidato. Também
observamos nesta empresa que a entrevista estava para ser conduzida por um profissional
não qualificado para tal, correndo o risco de transformar esta técnica em uma conversa
informal, onde o entrevistador, despreparado, vai para a entrevista mais preocupado em
satisfazer suas curiosidades pessoais, deixando de lado o que de fato interessa saber de um
candidato para ocupar o cargo em questão. Portanto, é de se suspeitar que não seria
apresentado o perfil da empresa e do cargo, e aquele empregado despreparado que
65
demonstrava muita insatisfação, apontava que daria muito mais importância para
informações que vão denegrir a imagem da empresa, como os pontos negativos do cargo
para o qual a pessoa está se candidatando.
As empresas utilizam práticas diferentes para seleção nos níveis
operacional, técnico e gerencial.
Na seleção de pessoal operacional predomina a entrevista individual e a
análise de referências. As demais técnicas apresentam índices baixos de utilização.
Na seleção de pessoal técnico aumentam as técnicas de seleção destacando-
se: entrevista individual, análise de currículo e referências.
Seleção de pessoal gerencial destaca-se apenas a entrevista individual,
aumentando, para este nível, a probabilidade da pessoa ser indicada através de outro
gerente ou diretoria.
Fica evidenciado que as técnicas de seleção praticadas pelas empresas são
realizadas de forma bastante particular por cada empresa, mas todas elas respeitam muito
pouco as teorias ensinadas nas faculdades e universidades.
Programa de admissão de talentos: Apenas uma empresa, que no universo
pesquisado representa 8.34%, teve a iniciativa de buscar jovens recém-formados na escola
SENAI, porque a atenção do controlador foi despertada a partir do momento que foi
convidado para ser paraninfo de uma turma, quando percebeu os talentos que estavam à
disposição e não se aproveitava deles.
25% do universo pesquisado, eventualmente estabelecem um programa
dessa natureza, ficando reservado para os grandes eventos da empresa.
8.34% restringem esse programa somente para os cargos técnicos, ou seja,
aquelas funções para as quais não se encontram profissionais na cidade e região.
As empresas estudadas têm dificuldades para conquistarem talentos devido
à forma de tratar as pessoas. No ano de 1999 o autor desta dissertação, fez um
66
levantamento junto aos universitários de Ribeirão Preto, solicitando aos alunos que
indicassem uma empresa que trabalhariam como última alternativa. Dentre os nomes de
empresas citadas 30% fazem parte desta pesquisa. Portanto, o que o talento deseja no seu
trabalho é a demonstração de confiança, e poder participar das decisões estratégicas. Os
empregados que têm mais tempo na empresa e não se preparam para isso, por não
enxergarem, devido à acomodação, o que a empresa lhe proporcionou, têm que serem
treinados. Os indivíduos que estão disponíveis no mercado, serão conquistados pelas
empresas se forem aproveitados integralmente, em sua capacidade de pensar e expor a
criatividade.
Está cada vez mais difícil administrar empresas porque administrar
empresas é administrar pessoas, e administrar pessoas é administrar emoções. As pessoas
estão cada vez mais sensíveis. Na pesquisa que fizemos percebemos junto aos
empreendedores, que o maior entrave para a expansão das empresas, aponta em uma
direção: mais que o capital financeiro, o capital humano é o maior problema.
Contratação de estagiário: 58% das empresas contratam estagiário para o
seu quadro funcional e 41% contratam eventualmente. A nossa experiência como professor
universitário e orientador de estágio, mantendo contato diariamente com esses estudantes,
orientando inclusive alguns alunos que estagiam nas empresas pesquisadas, mostra que
existem casos onde o estagiário é utilizado como mão-de-obra barata, relacionando o curso
e as tarefas exercidas na empresa.
Programa de Trainee: Em 50% das empresas pesquisadas não existe
programa específico para formação de trainee. 33,33% eventualmentre contratam, e
18.34% ficam restritos a contratar para cargos com dificuldades de mercado.
Treinamento e desenvolvimento: 41.66% das empresas pesquisadas têm
um programa de treinamento. Outros 41.66% eventualmente encaminham seus
empregados para treinamento e 16.08%, têm o programa de maneira restrita.
67
Conhecedor que o autor é das normas ISO 9000, em uma das empresas
pesquisadas, que é certificada, pedimos para conhecer o Plano Anual de Treinamento, onde
pudemos constatar que este não é cumprido na íntegra. Em outras empresas quando
questionamos qual o treinamento normalmente oferecido, um participante respondeu que
encaminha os empregados a assistirem palestras de motivação. O que este empresário não
entende é que o empregado quando inicia na sua empresa está 100% motivado, a perda da
motivação decorre de atitudes do dia-a-dia no local do trabalho. Diante deste quadro o
empresário afirma que treinamento não dá resultado.
Desenvolvimento gerencial: 16.68% das empresas pesquisadas
responderam dispor de uma programa de desenvolvimento gerencial; 16.68% oferecem de
forma restrita a alguns gerentes de áreas mais técnicas; 25% não têm um programa de
desenvolvimento gerencial e 41.66% eventualmente buscam um programa para
desenvolver seus gerentes.
Conversando com alguns gerentes das empresas pesquisadas, constatamos
que não fazem nenhum gosto em receber treinamento, não se esforçam e são poucos os que
solicitam à diretoria algum treinamento. Esta atitude se deve ao fato de não poderem
contribuir com a empresa, colocando em prática seus conhecimentos. Muitos afirmaram
que quem deveria participar de treinamento, principalmente de liderança, que são os
preferidos dos empresários para mandarem os seus gerentes, são os donos das empresas.
Plano de carreira: 75% das empresas pesquisadas não dispõem de um
plano de carreira; 16.68% declaram existir plano para o crescimento de seus empregados o
que nos permitiu situá-los na forma ampla e as demais (8.32%) apontaram possuir plano
restrito a algumas funções.
Plano de sucessão: 83.33% das empresas pesquisadas não possuem
nenhum plano de sucessão; 18.33% disseram possuir planos de forma restrita para filhos
que estão atingindo a idade adulta e 8.33% de maneira ampla se preocupam com as futuras
68
gerações de administradores da empresa. Percebemos que entre as empresas pesquisadas a
sucessão, é um assunto deixado para os herdeiros, que muitas vezes, não são empresários.
Sucessores são pessoas preparadas para assumir o comando de um negócio porém, nas
empresas pesquisadas, o fato de ser herdeiro já é o bastante. A única forma com que o
herdeiro se prepara é o fato comum dos controladores colocarem seus filhos para
trabalharem nas empresas, com idade a partir de 17-18 anos, acreditando ser o suficiente
para que sejam os futuros administradorrd da empresa. Como não existe ideologia, as
ordens são dadas pelo pai, ao que parece, nossas empresas não formam sucessores e sim
herdeiros que seguirão o perfil administrativo do fundador, mesmo que não combine com a
realidade
A empresa familiar pertence ao dono, e após o seu desaparecimento a
família segue sempre seus conceitos e ideologias, tão particulares de não dividir a
administração com as pessoas que trabalham nestas empresas; portanto, não sabe qual a
importância do seu produto na comunidade, não conhece a ideologia, visão de futuro e os
objetivos, não entendendo exatamente qual o seu papel nesta administração.
A pesquisa mostrou que as atitudes de pressão que o empresário exerce
sobre sua equipe, incluindo a família, leva insegurança ao herdeiro em assumir o cargo
porque vai ter medo de errar.
Cargos e salários: 25% das empresas têm uma política de cargos e salários,
definido por uma tabela salarial, com o cargo descrito em suas responsabilidades; 25%
declararam possuir esta política de forma eventual, 25% de forma restrita, e 25% declaram
não ter esta política de Recursos Humanos.
Sistema de avaliação de desempenho: realmente 16% das empresas
revelaram terem implantado, recentemente, uma política de avaliação de performance dos
empregados. Os sistemas que examinamos estão ainda na primeira avaliação, portanto,
torcemos para que tenham perseverança e continuem com essa política, porque como
percebemos, nestas empresas só após dois anos de implantado, um sistema de gestão corre
pouco risco de cair em desuso. Tivemos acesso, na empresa 10, ao resultado de avaliação
69
de desempenho, onde os gerentes avaliaram seus subordinados.
As repostas apontaram para as seguintes informações: os gerentes avaliaram
a performance de seus subordinados, com nota satisfatória, média de 7,8 incluindo fatores
como qualidade do trabalho, produtividade, interesse pelo trabalho, capacidade técnica,
responsabilidade, segurança no trabalho. O fator assiduidade teve uma nota ótima, 9,4. A
nota caiu bastante, 5,4, quando da avaliação dos fatores criatividade e iniciativa para
solução dos problemas. A avaliação dos gerentes para com o seu chefe, ou seja o dono da
empresa, apontou forte consideração e admiração quanto aos fatores: inteligência,
dedicação, exigência, visão oportunista, organização. A resposta negativa foi o que eles
(gerentes) consideram insuportável ao extremo nas empresas onde trabalham, a falta de
respeito no tratamento que recebem.
Esta pesquisa aponta que a cultura de administração familiar está utilizando
muito mais da capacidade física dos seus empregados e muito pouco a capacidade
intelectual, que é a diferença no mundo contemporâneo. Os empresários já estão sentindo a
falta de pessoas criativas a seu lado, para auxiliá-los nas estratégias necessárias para
enfrentar os concorrentes, desenvolver produtos e fornecedores, colocar e divulgar seus
produtos no mercado, mas o vício no tratamento cultivado ao longo dos anos, os impede de
avanço nesta área.
16.67% das empresas avaliam eventualmente o desempenho de seus
empregados e 66.66% das empresas não adotam nenhuma política para avaliar o
desempenho de seus empregados.
Serviço Social: 8.33% dos entrevistados responderam contar com um
profissional na área de Serviço Social, ou seja, apenas uma empresa respondeu contar com
esse profissional. Assim, resolvemos conhecer as tarefas deste profissional. Constatamos
que suas responsabilidades no Departamento de Recursos Humanos, se resumiam na
tarefa diária de marcar consultas aos empregados, fora do horário de trabalho para não
prejudicar a produtividade. Um empresário disse que colocou no passado uma profissional
de Serviço Social na sua empresa, mas no primeiro momento de crise foi a cabeça da lista
de dispensa, porque conforme palavras suas “tratava-se apenas de filosofia, eram
70
sonhadoras”.
Higiene e segurança no trabalho, serviço médico ambulatorial e
medicina ocupacional: 50% das empresas pesquisadas têm de forma ampla este serviço à
disposição de seus empregados, 8.33% de forma eventual e 8.33% de forma restrita, sendo
que 33.34% das empresas não disponibilizam esse serviço. É conveniente lembrar que
estas funções são voltadas ao cumprimento dos requisitos relacionados à legislação
trabalhista6.
Restaurante para os empregados: 50% das empresas pesquisadas
oferecem este benefício para os empregados e 50% não estão oferecendo. Notamos que as
empresas que oferecem este benefício para os seus empregados estão instaladas distante do
centro e dos bairros mais populosos. Deduzimos então que o empregado é beneficiado por
uma necessidade da empresa em mantê-lo próximo do local de trabalho, dando-lhe alguma
comodidade e mantendo um índice baixo de absenteísmo.
Recreação, lazer e sistema de qualidade de vida no trabalho: 25% das
empresas colocam à disposição dos empregados local com mesas de sinuca, pembolim, e
jogos de cartas. Um empresário justificou a iniciativa dizendo: “enquanto eles se distraem
com os jogos no horário de almoço, não têm tempo para falar mal de mim e da empresa”.
Apenas uma empresa coloca e disponibiliza para seus empregados um espaço para leitura
com livros e jornais do dia. 8.34% das empresas disponibilizam eventualmente, quando
solicitado, 33.33% disponibilizam este espaço de forma restrita, sendo que 33.33% das
empresas pesquisadas não disponibilizam este espaço.
Transporte para os empregados: 58.33% disponibilizam este benefício
para seus empregados, fretando ônibus exclusivos para está finalidade. São as mesmas
6 Norma Regulamentadora nº. 4 da Portaria 3214, da Lei nº. 6514/77.
71
empresas localizadas distantes dos principais bairros, 33.33% delas não oferecem este
benefício, e 8.34% oferecem-no de maneira eventual.
Sistema de comunicação com os empregados: 41.66% das empresas
disponibilizam de forma ampla de políticas para se comunicarem com seus empregados, ou
seja, têm a preocupação de informar para seu quadro de empregados todas as informações
de inovações ou alterações ocorridas na empresa, seja nos produtos, na política
administrativa etc. 33.34% se comunicam de maneira restrita, somente o muito essencial,
e 25% eventualmente passam informações para seus empregados.
Pesquisa de clima: 41.66% das empresas não fazem pesquisa de clima
organizacional7. 25% eventualmente fazem este levantamento e 25%, fazem esta pesquisa
de forma restrita. Apenas uma empresa, ou seja, 8.34% da amostra faz amplamente e
metodicamente este levantamento. Grande parte das empresas evitam falar sobre o assunto,
percebe-se que esta ferramenta assusta os empresários pesquisados.
As empresas pesquisadas, apresentam em sua maioria, problemas de
qualidade com os produtos produzidos e comercializados. Para resolver esta questão, estão
há anos, combatendo o tangível. Estas mesmas empresas nunca se preocuparam em
combater o intangível na administração, em que um dos pontos é exatamente como o
homem se sente no trabalho. O indivíduo que se adapta ao tratamento de pressão
psicológica, consegue que suas tarefas satisfaçam o dono da empresa, sente uma sensação
de acomodação, de estabilidade e segurança no emprego, ficando tranqüilamente em uma
zona de conforto. Essa sensação na realidade dessas empresas é enganosa, porque no
primeiro sentimento de contrariedade que o controlador sentir com relação à determinada
pessoa, ela fatalmente estará fora de sua empresa, não importando o tempo de casa.
7 O produto dos sentimentos individuais e grupais em relação à realidade percebida chama-se clima organizacional. O clima é formado pelos sentimentos que as pessoas partilham a respeito da organização e que afetam de maneira positiva ou negativa sua satisfação e motivação para o trabalho. Sentimentos negativos exercem impacto negativo sobre o desempenho. Um programa de demissão em massa, por exemplo, gera um clima em que predominam sentimentos que podem resultar desses sentimentos. Sentimentos positivos exercem impacto positivo. A realidade de um objetivo grupal produz um clima em que predominam sentimentos como alegria e desejo de continuar no grupo.
72
Sobre o clima organizacional, a revista Melhor e Você S.A., publicaram
matérias sobre o assunto, pressão no trabalho, que trata sempre do relacionamento com a
chefia, que neste caso não é o patrão. Essas matérias apresentam parâmetros mais
genéricos; é diferente da peculiaridade das empresas pesquisadas, onde o executivo tem
que se relacionar com o dono do negócio. Em conversa informal com um ex-empregado
onde a pressão vinha da chefia, mesmo em empresas familiares onde os donos ficam em
outra sede, questionamos qual a diferença de pressão. Ele afirmou que o homem suporta
pressão pelo resultado do trabalho, agora pressão de ofensa moral onde ouve-se
diariamente que você é burro e inútil, ninguém suporta.
“Nesta empresa as palavras são muito fortes, ferem a tua moral, quando vim para trabalhar aqui me disseram que tinha pressão. Achei normal, sempre trabalhei sob pressão, mas pressão de trabalho, por resultado, agora ofender minha moral, meu ego, e meus sentimentos, não suportei, fui embora no quarto mês”.
5.4 Área de Recursos Humanos
Apresentamos a seguir a análise concernente à área de Recursos Humanos, que será
enfocada em três aspectos:
• como as empresas vêem a área de Recursos Humanos, quanto a sua importância
• os modelos de gestão de Recursos Humanos que praticam
• avaliação dos papéis em Recursos Humanos.
73
5.4.1 Importância que a empresa dá à área de Recursos Humanos
1 Como a alta administração compartilha as informações com os empregados, ou se
torna mais acessível a eles?
Tabela 8 - Forma como as informações são compartilhadas
Como a alta administração compartilha as informações com os empregados, ou torna mais acessível a eles. f %
Reuniões gerenciais 7 33,33
Quadro de aviso 5 23,81
Intranet 2 9,53
Jornal interno 1 4,76
Café da manhã 1 4,76
Comemoração de aniversário 1 4,76
Contato direto com o empregado 1 4,76
Não existe forma, estas são pescadas 1 4,76
Não responderam 2 9,53
Total 21 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
Como pode ser observado na Tabela 8, 83% das empresas responderam esta
pergunta. As respostas mais freqüentes (63,15%) referem-se à utilização de reuniões e
quadros de avisos. como as formas mais usadas para compartilhar informações com os
empregados. A seguir, duas empresas apontam a intranet.
74
2 Quais métodos a empresa utiliza para garantir o envolvimento dos empregados nas
decisões que os afetam?
Tabela 9 - Como os empregados são envolvidos nas decisões
Quais os métodos que a empresa utiliza para garantir o envolvimento dos empregados nas decisões que os afetam f %
Reunião específica para tratar do assunto 5 38,47
Comunicação 1 7,69
Ação gerencial 1 7,69
Incentivos e premiações 1 7,69
Não são envolvidos 1 7,69
Envolvimento do empregado nos processos de melhoria da qualidade 1 7,69
Não responderam 3 23,08
Total 13 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
75% das empresas responderam que utilizam as reuniões para envolver seus
empregados, acompanhada de outras respostas como comunicação, ação gerencial sendo
utilizado até incentivos e premiações para o envolvimento dos empregados.
75
3 Quantos métodos existem para um empregado apelar, ou se fazer ouvir quando se
sentir injustiçado?
Tabela 10 - Ouvidor dos empregados
Quantos métodos existem para um empregado apelar, ou se fazer ouvir quando se sentir injustiçado f %
Departamento de Recursos Humanos 7 43,75
Coordenador da área 3 18,75
Não existe 1 6,25
Caixa de sugestões 1 6,25
Não responderam 4 25,00
Total 16 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
A Tabela 10 mostra que 66% das empresas pesquisadas responderam a essa
questão, afirmando que o administrador de Recursos Humanos é o ouvidor dos
empregados. Conforme anotamos em nosso caderno de campo, vários responsáveis pelos
departamentos de Recursos Humanos disseram que ouvem muito pouco os empregados,
pelo medo que os mesmos têm em procurar o departamento para se queixar de algo.
4 Sua empresa possui política de demissão?
Tabela 11 – Existência de política de demissão
Sua empresa possui política de demissão f %
Não existe política de demissão 10 83,33
Não responderam 2 16,67
Total 12 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor
76
A quase totalidade das empresas pesquisadas afirmaram não ter política de
demissão. Duas não responderam esta questão. Estes dados mostram a total falta de
solidariedade com o ex-empregado. As empresas pesquisadas não fazem absolutamente
nada para reduzir o trauma da demissão.
Com base na minha experiência e conhecimento do sistema de
administração de todas as empresas pesquisadas posso afirmar que é uma prática quase
comum nas empresas pesquisadas a “fritura”, em casos de gerentes e coordenadores e a
demissão na sexta-feira, final do expediente para todos os empregados. As empresas
pesquisadas não demonstram nenhum interesse em estabelecer uma criteriosa avaliação
para a demissão. Na visão dessas empresas os problemas dos departamentos que merecem
ser castigados com a rescisão de contrato é sempre de responsabilidade do menor na
hierarquia falar em problemas de relacionamento, mau comportamento de chefia é
impensável para a maioria dos controladores dessas empresas.
Conforme aponta Caldas (2000 p. 166):
“Quando os cortes de pessoal são realmente necessários, a principal questão para a organização passa a ser, em tese, a forma pela qual eles serão feitos. Nesse particular, os principais fatores parecem ser a noção de justiça que as pessoas vêem no processo, os critérios usados e, por fim, o respeito e a dignidade que a organização mostra em relação aos desligados”.
77
5 De que forma sua empresa demonstra respeito pelos indivíduos como pessoas e não
somente como empregados?
Tabela 12 - Formas de demonstrar respeito pelos empregados
De que forma sua empresa demonstra respeito pelo indivíduo como pessoa, e não somente como empregados f %
Todos são ouvidos e podem participar sem formalidades 5 29,42
Através do verdadeiro tratamento humano 1 5,88
Tratamento justo e cordial 1 5,88
Confraternização 1 5,88
A empresa cumpre com suas obrigações 1 5,88
Fornece ferramentas adequadas para o trabalho 1 5,88
Não responderam 7 41,18
Total 17 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
Apenas 41% das empresas responderam essa questão deixando perceber que
não estavam preparadas para esta pergunta. As respostas que valem destaque se
concentraram dizer que a empresa cumprindo com suas obrigações e fornecendo
ferramental adequado para o trabalho, já se tratava de um bom tratamento.
78
6 De que forma a empresa demonstra agradecimento e reconhecimentos pelo bom
trabalho dos empregados?
Tabela 13 - Como as empresas demonstram reconhecimento
De que forma a empresa demostra agradecimento e reconhecimento pelo bom trabalho dos empregados f %
Iniciativa informal do gerente da área 4 25,00
Divulgação jornal interno e intranet 3 18,75
Festa de confraternização 3 18,75
Não existem formas específicas 2 12,50
Atendendo as solicitações dos empregados 1 6,25
Não responderam 3 18,75
Total 16 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
A forma mais utilizada de demonstrar reconhecimento ao funcionário pelo
seu desempenho é, de maneira informal por cada gerente, seguida de festas de
confraternização e jornal intranet.
79
7 Que oportunidades diferenciadas de desenvolvimento profissional existem para os
empregados de sua empresa?
Tabela 14 - Oportunidades diferenciadas de desenvolvimento
Oportunidades diferenciadas de desenvolvimento profissional existentes para os empregados de sua empresa f %
Bolsa de estudos – metade 4 26,66
Treinamento para empregados da área técnica, ou específico para a função
3 20,00
Recrutamento interno 1 6,67
Todo empregado tem a mesma oportunidade para assumir maior responsabilidade na empresa
1 6,67
Cada um cuida do seu desenvolvimento 1 6,67
Estabilidade que a empresa oferece 1 6,67
Não responderam 4 26,66
Total 15 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
A resposta mais comum é o auxilio para cursos, através de Bolsas de Estudo
seguida por treinamento para a função.
80
8 Por quais razões específicas os empregados sentem satisfação de trabalhar nesta
empresa?
Tabela 15 - Satisfação do empregado em trabalhar na empresa – visão do empresário.
Por quais razões específicas os empregados sentem satisfeitos de trabalhar nesta empresa f %
A empresa honra com seus compromissos em dia 6 28,57
Há um bom clima 4 19,05
Pela remuneração 3 14,28
Respeito as regras, seriedade da empresa 2 9,53
Oportunidade de crescimento 2 9,53
Informalidade no tratamento 1 4,76
Não responderam 3 14,28
Total 21 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
A resposta majoritária, dada com segurança por 60% dos empresários: “É
uma empresa séria que honra com os seus compromissos”. É fato, os empregados
valorizam bastante o trabalho em uma empresa que faz o pagamento do salário no dia
combinado.
Para quatro empresários há na empresa um bom clima, o que traz satisfação
aos trabalhadores.
Para três deles a razão específica de satisfação é a boa remuneração que ele
paga.
Os empresários acreditam que ser uma empresa séria, com regras e
disciplina clara, desperta satisfação.
Por outro lado, dois empresários responderam oferecer oportunidade de
crescimento acreditando ser um fator de satisfação.
Informalidade no tratamento aparece uma vez, pois o empresário acredita
que o fato de estar entre os empregados traz satisfação para o ambiente.
81
9 De que forma a empresa estimula o relacionamento interpessoal entre os
empregados?
Tabela 16 - Relacionamento interpessoal
De que forma a empresa estimula o relacionamento interpessoal f %
Integração 8 50,00
Festas de confraternização 4 25,00
Não responderam 4 25,00
Total 16 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma resposta por empresa.
A integração na admissão do novo empregado é a forma utilizada com
maior freqüência para promoção do relacionamento interpessoal nas empresas, seguida
das festas de confraternização que foram apontadas através de quatro respostas.
10 Existe algo de exclusivo ou inusitado em sua empresa que a torne com um bom
clima para se trabalhar?
Tabela 17 - Bom clima para trabalhar.
Existe algo de exclusivo ou inusitado em sua empresa que a torne com um bom clima para trabalhar f %
Presença do diretor entre os empregados 4 28,58
Atividades sociais 1 7,14
Preparação para aposentadoria 1 7,14
Solidez da empresa 1 7,14
Não responderam 7 50,00
Total 14 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma
resposta por empresa.
82
A resposta que se destacou é a presença do diretor entre os empregados,
indicada por quatro entrevistados.
Este dado destaca uma característica das empresas familiares, onde de fato o
diretor está sempre circulando entre os departamentos administrativo e operacional. O
controlador enxerga isso como uma vantagem.
Como fica evidente nenhuma das respostas são inusitadas, portanto
podemos concluir que não existe nada de diferente para buscar um bom clima de trabalho.
Estas dez questões apresentadas e discutidas até aqui tiveram como objetivo
levantar políticas de Recursos Humanos diferentes, inovadoras que as empresas familiares
da cidade praticam. Mas como apontaram as respostas, são os próprios empresários, que
ditam a forma de administrar os Recursos Humanos, se concentrando nos fatores
“higiênicos” desenvolvidos por Herzberg.
Houve um destaque nas respostas para pagamento de salários em dia,
fornecimento de benefícios, equipamento para o trabalho e festas de confraternização.
Esses empresários não conseguem perceber que essas políticas não motivam os
empregados a produzirem mais, o que os confundem é que quando houver a necessidade
de tirar alguns dos benefícios a motivação diminuirá. Houve um empresário que relatou
estar planejando há oito anos colocar um restaurante para os empregados, e ele só não o faz
porque tem medo do resultado se um dia for preciso retirar.
O que praticamente não foi citado nas respostas das empresas são os fatores
que de fato motivam os empregados a se comprometerem com o resultado do seu trabalho.
As empresas participantes da pesquisa não evidenciaram uma política de carreira e
promoção, para reconhecimento das responsabilidades do empregado, que os levará ao
auto-desenvolvimento.
83
5.4.2 Gestão de Recursos Humanos
Neste item analisamos os aspectos essenciais da Gestão de Recursos
Humanos praticados por empresas familiares, segundo seus controladores.
1 Como a alta administração considera a melhor denominação para a área que cuida
de questões ligadas às pessoas e relações de trabalho
Tabela 18 - Como a alta administração da empresa denomina a área que cuida das questões ligadas às pessoas (capital x trabalho)
Denominação f %
Recursos Humanos 8 66,67
Relações Trabalhista 0 0
Relações humanas 0 0
Departamento Pessoal 2 16,67
Desenvolvimento Humano 1 8,33
Assessoria Pessoas 1 8,33
Total 12 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor.
A Tabela 18, aponta que a maioria das empresas denomina o Departamento
que administra as pessoas de sua empresa de Recursos Humanos.
84
2 Que padrões de desempenho são utilizados para avaliar a área de Recursos
Humanos?
Tabela 19 - Que padrões de desempenho são utilizados para avaliar a área de RH.
Padrões de desempenho utilizados para avaliar a área de RH f %
Nenhum 7 58,33
Avaliação pelo cliente interno 2 16,67
Resultados e metas 2 16,67
Pesquisa de clima organizacional 1 8,33
Total 12 100,00
Fonte: dados coletados pelo autor
Sete das empresas pesquisadas não têm ferramentas para medir o trabalho
prestado pelos Recursos Humanos. Duas avaliam pela satisfação dos empregados e duas
pelas metas estabelecidas pela alta administração. Uma avalia pela pesquisa de clima
organizacional.
3 Como você considera ser o estágio de RH em sua empresa?
Tabela 20 – Estágio de evolução de Recursos Humanos.
Estágio de evolução de Recursos Humanos f %
RH. Dispõe de atividades/sistemas parciais e tradicionais 4 33,33
RH. Evoluído em parte de atividade e tradicional em outras. 3 25,00
RH. De ponta, evoluído e atualizado em todas as atividades do sistema 2 16,67
RH. Completo mas com modelos e padrões tradicionais 2 16,67
RH dispõe de poucas atividades e sistemas, funcionando de forma rudimentar 1 8,33
Total 12 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor
85
Quatro entrevistados declaram que seu Departamento de Recursos Humanos
executa algumas tarefas estratégicas e sistemas evoluídos de gestão, mas continua ainda
tendo que realizar tarefas tradicionais. Três entrevistados consideram um Departamento
evoluído, em alguns aspectos, mas em outros tradicional. Dois admitem que seu
Departamento de Recursos Humanos é completo, porém com padrões tradicionais. Dois
consideram ter um Departamento evoluído no seu aspecto geral e um admite que seu
Departamento de Recursos Humanos é rudimentar.
5.4.3 Avaliação dos papeis em Recursos Humanos
Para avaliação dos papéis em Recursos Humanos utilizamos a forma de
avaliação de papeis proposta por Ulrich & Conner (apud Ulrich, 1998) denominada
Pesquisa de Avaliação dos Papéis em Recursos Humanos, conforme apontamos no
capítulo sobre a metodologia. O modelo de múltiplos papéis pode ajudar na avaliação da
qualidade geral dos serviços de RH. A pesquisa de avaliação de papéis oferece um meio
eficaz e flexível para o empreendimento dessa tarefa.
As perguntas com as alternativas, que estão no anexo II, e a folha de nota,
incluída na pesquisa, fornece dois tipos de informação. Em primeiro lugar a nota total dos
quatro papéis (que vai de 50 a 2400 pontos), e por empresas (que vai de 50 a 200 pontos),
constitui uma avaliação geral da qualidade global dos serviços de RH nas empresas
pesquisadas.
Notas acima de 1920 pontos (total entre as empresas) e 160 pontos,
(individual de cada empresa), podem ser consideradas elevadas, indicando uma percepção
de alta qualidade na execução de serviços. Notas abaixo de 1080 pontos (total entre as
empresas) e 90 pontos (individual de cada empresa), indicam serviços percebidos como de
baixa qualidade geral.
Em segundo lugar, a distribuição dos pontos entre os quatro papéis indica a
percepção corrente da qualidade dos serviços de RH para cada um, fornecendo um retrato
da função nas empresas pesquisadas.
86
Tabela 21 - Papeis em Recursos Humanos.
Empresa Parceiro estratégico
Especialista administrativo
Defensor dos empregados
Agente de mudança TOTAL
Empresa 1 22 48 39 19 128
Empresa 2 19 45 47 26 137
Empresa 3 26 45 30 25 126
Empresa 4 10 44 16 10 80
Empresa 5 25 42 24 21 112
Empresa 6 50 40 20 39 149
Empresa 7 34 50 41 32 157
Empresa 8 16 48 38 19 121
Empresa 9 50 18 33 34 135
Empresa 10 34 43 39 30 146
Empresa 11 10 47 43 29 129
Empresa 12 30 48 45 28 151
Total 326 518 415 312 1571 Fonte: Dados coletados pelo autor
Todas as empresas, onde os dados foram coletados tiveram uma pontuação
mais elevada nos quadrantes operacionais e mais baixa nos quadrantes estratégicos.
O total de pontos possíveis, que todas as empresas participantes da pesquisa
poderiam atingir, era de 2400, as empresas pesquisadas conseguiram 65% deste total, ou
seja, 1571 pontos, o que pode ser considerado insuficiente e não adequado, daquilo que se
espera de uma área de Recursos Humanos, em uma empresa devidamente estruturada e
organizada. Este nível de pontuação pode estar refletindo objetivos mal colocados,
liderança fraca e inadequada, falta de envolvimento e de motivação. São sinais de que a
área de Recursos Humanos nas empresas pesquisadas não está adequadamente alicerçada
para desempenhar o papel que o mercado exige.
Os itens isolados por empresa, e por perfil situados em níveis abaixo de 35
pontos, e por perfil abaixo de 390 pontos, podem estar indicando necessidade urgente de
atuação específica para corrigir e redirecionar o comportamento dos Recursos Humanos. A
pesquisa mostra que os profissionais de Recursos Humanos se dedicam ao exercício de
funções mais operacionais e imediatas, conforme mostra a pontuação registrada nas
87
alternativas 2, 6, 10, 14, 18, 22, 26, 30 34 e 38, que somadas totalizam 518 pontos.
O segundo fator com maior pontuação, ainda dentro de uma pontuação
aceitável, é defensores dos empregados que corresponde a pontuação registrada nas
alternativas 3, 7, 11, 14, 18, 22, 26, 30, 34, 38, totalizando 415 pontos, indicando que o
papel do profissional de Recursos Humanos é atuar como intermediário dos interesses dos
empregados seja verbalizado a direção da empresa.
O terceiro fator com 326 pontos, que corresponde às alternativas 1, 5, 9, 13,
17, 21, 25, 29, 33 e 37, que aponta o profissional de Recursos Humanos como um parceiro
estratégico da empresa, atinge um pontuação insuficiente, indicando que a ajuda da área de
Recursos Humanos no cumprimento das metas das empresas, a contribuição para
transformar as metas em ação não é o ideal, sua participação está abaixo do desejável.
O quarto fator agente de mudança, que corresponde às alternativas 4, 8, 12,
16, 20, 24, 28, 36, e 40, atinge a menor pontuação, 312, mostrando o que poderia ser a
principal função do profissional de Recursos Humanos, equilibrar o passado e o futuro, ou
seja, as culturas ultrapassadas embasando as culturas modernas, não se tornando
impedimento à mudança, tem sido pouco explorado pelo papel atual do profissional de
Recursos Humanos.
5.5 Formação ideal do profissional de Recursos Humanos
1. Qual a formação ideal para um profissional de Recursos Humanos
Tabela 22 - Melhor formação para o profissional de Recursos Humanos.
Melhor formação para o profissional de Recursos Humanos f %
Administração 7 58,33
Profissional de todas as áreas podem ocupar a função 4 33,33
Assistente Social 1 8,34
Total 12 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor
88
Os controladores das empresas pesquisadas indicam que a melhor graduação
para o profissional de Recursos Humanos é Administração. Quatro indicaram que a
formação é indiferente, que profissionais de todas as áreas podem ocupar o cargo muito
bem. Um controlador entende que a melhor formação é em Serviço Social.
2. Em quantos % os cursos superiores atendem, estimativamente, às necessidades de
qualificação/capacitação dos profissionais no sentido de obterem informações para
bem atender as necessidades humanas nas organizações?
Tabela 23 - Estimativa de eficiência dos cursos superiores às necessidades da empresa.
Empresas (%) Empresa 5 80 Empresa 8 80 Empresa 12 80 Empresa 1 70 Empresa 2 60 Empresa 4 50 Empresa 7 50 Empresa 10 50 Empresa 3 40 Empresa 6 20 Empresa 11 20 Empresa 9 10
Fonte: Dados coletados pelo autor
Existe uma diversidade grande de respostas por parte dos controladores.
Três acreditam que os cursos superiores são 80% eficientes na formação dos profissionais,
também três acreditam que os cursos superiores contribuem com 50% e menos.
Entre os empresários entrevistados, cinco acreditam que os cursos superiores
podem contribuir com a formação dos empregados, atendendo assim às necessidades de sua
empresa, porque tem uma expectativa acima de 60%. Sete empresários em uma expectativa
menor que 50%, da contribuição que os cursos superiores dão a formação de seus
empregados para contribuir com sua empresa.
89
3. De que maneira as Faculdades/Universidades devem mudar para melhor formação
dos profissionais?
Tabela 24 - De que maneira as Faculdades/Universidades devem mudar para melhor
formação dos profissionais.
Sugestões f %
Embasar seus cursos mais na realidade empresarial 5 35,72
Dar mais ênfase na política de RH 3 21,44
Prática sobre o sob e desce da economia 1 7,14
Diferença entre a empresa nacional e multinacional 1 7,14
Liberdade de expressão 1 7,14
Economia refional 1 7,14
Esclarecer o papel do administrador na função da empresa 1 7,14
Não Opinou 1 7,14
Total 14 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma
resposta por empresa.
Tabela 25 - Pontos fortes das Faculdades/Universidades.
Pontos Fortes f %
Conteúdo teórico 4 21,05
Boa qualidade de ensino 3 15,78
Qualidade do corpo docente 2 10,53
Boas instalações 2 10,53
Bom centro para pesquisa 2 10,53
Projetos para a comunidade 1 5,26
Não opinou 5 26,32
Total 19 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma
resposta por empresa.
90
Tabela 26 - Pontos fracos das Faculdades/Universidades Pontos Francos f %
Matérias sem necessidade. Distância entre teoria e prática 5 35,72
Visão muito generalista 1 7,14
Mais trabalhos de pesquisa científica 1 7,14
Mais presentes nas comunidades 1 7,14
Pouca orientação voltada para relações humanas 1 7,14
Não Opinou 5 35,72
Total 14 100,00 Fonte: Dados coletados pelo autor O número de respostas excede o número total da população porque houve oportunidade de mais de uma
resposta por empresa.
A resposta com maior incidência foi que os cursos superiores devem
trabalhar as disciplinas dando mais ênfase a realidade empresarial. Os empresários que
deram está opinião acreditam que os cursos superiores são muito teóricos.
A segunda opinião mais votada foi que as disciplinas devem dar mais ênfase
em Recursos Humanos
Analisando a visão do empresário, percebe-se que ele deseja que os cursos
superiores tenham um currículo mais voltado a realidade empresarial, mas sem esquecer os
conceitos. Ele sugere que os cursos sejam mais embasados na realidade empresarial, mas
cita a teoria como um ponto forte dos cursos superiores, dando um destaque como ponto
fraco a distância entre teoria e prática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo deste trabalho foi conhecer a Gestão de Recursos Humanos de
empresas familiares de Ribeirão Preto através das respostas oferecidas por seus
empresários.
Foram enfocadas às políticas de Recursos Humanos que as empresas
pesquisadas disponibilizam para seus empregados. Vimos a movimentação dos
empregados, em que foi possível constatar a rotatividade, como admissão e demissão de
empregados e suas promoções de cargo.
A pesquisa oferece uma sugestão da importância que os empresários
pesquisados dispensam à área de Recursos Humanos nas empresas pesquisadas e como
esta atenção contribui para o clima da organização.
A paixão pelo negócio ficou bem evidente nas observações e nas falas
informais durante as entrevistas que realizamos com os controladores das empresas
pesquisadas. Eles sentem orgulho em contar como começaram e como desenvolveram o
seu empreendimento. Mas, esta dedicação ao negócio leva o controlador a centralizar a
administração de sua empresa, como o pai, que gosta de olhar e chamar a atenção em tudo,
e até dar umas palmadas nos filhos de vez em quando. É com este estilo doméstico que os
empreendedores administram “profissionalmente” suas empresas e seus Recursos
Humanos. Em depoimento espontâneo, fazendo parte do caderno de pesquisa de campo,
um empreendedor disse: “Minha avó chutava cachorro e era muito brava, é assim que fui
educado, esse povo que reclama do meu jeito de ser é muito ‘fresco’”.
Os princípios taylor-fordistas, adotados pelas empresas familiares,
imprimiram às empresas uma estrutura piramidal com uma ampla base operária e níveis
hierárquicos cada vez mais prestigiosos, e menos numerosos. Essas empresas eram
compostas predominantemente por operários, freqüentemente semi-analfabetos, e por
empregados executivos dedicados a tarefas repetitivas. O critério principal para administrar
92
o pessoal era o controle.
O estudo que realizamos, situando o início das empresas familiares, pode ser
usado para descrever as empresas pesquisadas hoje, duzentos/cem anos depois. O efeito
desta administração sobre as pessoas foi catastrófico; educamos os indivíduos para a
maneira correta de agir dentro dessas empresas, ou seja, agradar o patrão é o ponto
principal, e as empresas que sempre se preocuparam muito pouco com a formação e
educação de sua mão-de-obra, acreditam que hoje ainda é a melhor política, ou seja, o
estado resolve esta questão.
Um dado significativo encontrado é que o investimento em treinamento é
quase nulo, o clima organizacional não oferece motivação para o auto-desenvolvimento do
empregado e não existe uma política definida e conhecida de todos dentro da empresa para
subsídio ao empregado que deseja estudar.
Conhecemos a empresa da família Zanini, em Sertãozinho, 21 km de
Ribeirão Preto, durante vinte anos manteve e formou mais de cinco mil pessoas para
trabalhar nas mais diversas áreas dentro da indústria. Sua escola, dentro da empresa
formava jovens de 14 a 18 anos para as profissões de telefonista, soldador, caldeireiro,
torneiro etc. Quando a empresa passou para o controle de outra família, porque o grupo foi
se dedicar a outro segmento, a escola foi fechada e como resultado a mão-de-obra
especializada na cidade ficou mais escassa.
Os controladores devem compreender que as tarefas executivas do tipo
repetitivo são progressivamente delegadas às máquinas automáticas e eletrônicas, enquanto
aos trabalhadores, sempre mais intelectualizados e escolarizados, devem ser reservadas
tarefas flexíveis em certos casos e críticas em outros. Nesta situação atual aquilo que deve
interessar ao empreendedor não é a fidelidade e a quantidade de horas que o empregado
fica na empresa fazendo companhia para o seu chefe, mas sim a quantidade e a qualidade
das idéias produzidas.
As empresas, que realizam pesquisas junto ao seu público consumidor
precisam ter coragem e aprender a perguntar para seus empregados o que os mantém
trabalhando naquela empresa, precisam descobrir o que desejam seus empregados. O
empreendedor vai se surpreender ao descobrir que para manter a motivação de sua equipe
93
não é necessário gastar dinheiro, que é sempre o que lhe vem à cabeça, mas exige apenas
uma mudança de atitude, única e exclusivamente sua. A alta administração da empresa tem
que ser exemplo e tomar a iniciativa desse processo, porque na seqüência toda sua equipe
se sente atraída pelas suas ações.
Um outro aspecto a ser destacado é que os empregados, como qualquer ser
humano normal, dão muito valor à família. Em todas as conversas citam invariavelmente a
família. As empresas pesquisadas podem desenvolver mais projetos que envolvam as
famílias de seus empregados. Nenhuma das empresas citou a visita de familiares à
empresa, o que estreitaria os laços de relacionamento, valorizando, o que seria muito útil, o
trabalho que seus empregados exercem, mostrando às famílias onde eles passam a maior
parte do tempo e levam o sustento para casa. As empresas citaram festas de
confraternização como políticas de integração. Esta integração não é estendida aos
familiares, portanto mais uma oportunidade que deixam passar de encontrar e conhecer a
extensão de seus empregados.
Pudemos constatar que os empregados das empresas pesquisadas,
reconhecem aspectos positivos de seus patrões, como: inteligente, oportunista, sabe fazer
negócio, conhece bem o ramo que atua e o homem exigente é encarado como positivo para
o crescimento e desenvolvimento da empresa. Portanto, os empregados reconhecem uma
capacidade extraordinária de realização no dono da empresa.
Este potencial, criativo, ágil, oportunista para o negócio, deve ser utilizado
pelo empresário para ser um mentor da sua equipe. Provocar momentos de integração onde
possa transmitir, com admiração, suas técnicas e sua garra empreendedora. Esta
comunicação estimula a carreira e encoraja as idéias de seus empregados o que
acreditamos resultar em muito mais sugestão e desenvolvimento. O resultado positivo
desta troca surtirá efeitos benéficos para ambos, porque quando o relacionamento, seja por
qualquer razão, de mercado, tecnologia, concorrente novo, impedir que, mesmo contra a
vontade de ambos, permaneçam juntos, o empregado com certeza vai estar mais preparado
para a sua nova jornada, e não encontrará muitas dificuldades para se recolocar em outra
empresa, porque a escola prática, somando com a teoria, lhe dará sustentação suficiente no
mercado de trabalho.
o papel do profissional de Recursos Humanos foi destacado. Na visão dos
94
empresários o profissional ideal para gerir seus negócios é o administrador de empresas;
eles fazem sugestões sobre como as escolas de nível superior podem contribuir para a
adequação das disciplinas estudadas pelos futuros administradores.
As universidades, as escolas, os teatros, até mesmo as igrejas se apoderaram
do organismo industrial taylor-fordista: os princípios da administração científica,
correspondentes às exigências crescentes de padronizar, sincronizar e especializar o
trabalho, incrementar a produtividade e centralizar o poder.
Este trabalho pode vir a oferecer para os profissionais de Recursos Humanos
uma visão atual e futura de seu papel, o passado, através da origem destas empresas, para
entendimento do presente, e conjugando estas duas variáveis, contribuir com o
planejamento das futuras políticas administrativas.
As instituições de ensino poderão ser beneficiadas por conhecerem o
pensamento dos empresários sobre o que é ensinado, e qual sua expectativa para futuros
administradores, podendo adequar seu currículo das disciplinas. As
Faculdades/Universidades também poderão ganhar subsídios para planejar um sistema de
aproximação entre empresas e escolas, por conhecem a teoria, e agora ficou apontado o
quanto desta teoria é aplicado na prática dentro das empresas. Evidente, e ficou
comprovado, que os empresários valorizam a teoria, que não deve ser deixada de lado, mas
poderão ser criados programas para a conjugação destes dois fatores.
As empresas, criadas por famílias, foram por dois séculos os motores da
sociedade industrial, elas fizeram todo o sistema econômico e serviram de exemplo para
todas as outras instituições.
A empresa familiar precisa utilizar a sua força para apoiar o
desenvolvimento de sua comunidade, que será para o seu próprio benefício.
Como vimos anteriormente, a arquidiocese de Ribeirão Preto realizou uma
pesquisa para traçar o perfil do desempregado na cidade e um número que nos deixou
muito preocupado foi no segmento idade/escolaridade, ou seja, a população entre 18 a 25
anos com primeiro grau incompleto forma um grupo de 52% de desempregados. Podemos
concluir que estes jovens dificilmente vão trabalhar em alguma dessas empresas devido às
exigências atuais. Fica fácil concluir que as únicas organizações que irão contratá-los e
95
acima de tudo satisfazer seus egos de status e auto-realização são as ilícitas.
As empresas familiares de Ribeirão Preto, como pudemos perceber na
quantidade de pessoas que empregam e o volume de faturamento que somam juntas são
muito representativas para a cidade e região e não há interesse que essas empresas sejam
controladas por grupo empresarial externo da cidade e muitas vezes do país, que não
acreditam no potencial da população trabalhadora nativa. Os exemplos tem sidos muitos
onde se dispensam os trabalhadores locais e trazem empregados de outras regiões. A
empresa familiar é sempre mais bairrista, mas precisa se modernizar no relacionamento
para não ser prejudicada e como conseqüência prejudicar toda sua gente. Ela precisa
acreditar no seu empregado, apoiar seu crescimento e deixar de perdê-lo. Precisa sustentar
sua postura implantada de Recursos Humanos, na hora que a crise se aproxima, nas
oscilações da economia. Precisa acreditar mais no seu produto e em seus empregados,
deixando de demiti-los e contratando outros para o lugar dois meses depois. Ou então,
como presenciamos em algumas empresas, um departamento demitindo por falta
momentânea de trabalho e outro departamento da mesma empresa contratando para
sustentar o volume localizado de trabalho. São essas atitudes que deixam em muitas dessas
empresas o clima negativo de participação, porque deixam bem transparente a falta de
política de carreira. Para ilustrar, anotamos em nosso caderno um empregado que nos
relatou que seu ex-colega de seção foi demitido na véspera do seu casamento por um
motivo fútil: por não concordar com uma ordem absurda de seu chefe. Portanto, fica
evidenciada, neste caso, a falta de respeito. Respeito é necessário em todo ambiente
positivo. As empresas pesquisadas precisam adotar uma política de enriquecimento da
carreira, tornar o trabalho de seus empregados mais desafiante.
BIBLIOGRAFIA
AQUINO, Cleber. História empresarial vivida. São Paulo: Atlas, 1986.
ARQUIDIOCESE de Ribeirão Preto. Pesquisa Amostral de Emprego e Desemprego. Campanha da Fraternidade: Sem trabalho...Por quê?, 1999.
BARROS, Betania Tanure de & PRATES, Marco Antonio S. O estilo brasileiro de administrar. São Paulo: Atlas, 1996.
BERNHOEFT, Renato. Empresa familiar – sucessão profissionalizada ou sobrevivência comprometida. São Paulo: Nobel, 1995.
___________. Manual de sobrevivência para sócios e herdeiros. São Paulo: Negócio Editora, 1997.
___________. Empresas familiares brasileiras: perfil e perspectiva. São Paulo: Negócio Editora, 1999.
BERNHOEFT, Renato; FRANCO, Simon. As dores e as delícias da empresa familiar. Jornal Valor Econômico. 18 jul. 2000.
BETHELM, Agricola De Souza. A empresa familiar, oportunidades de pesquisa. Revista de Administração. USP. v. 29, n. 4, out-dez., 1994.
BOOG, Gustavo G. Manual de treinamento e desenvolvimento. São Paulo: Makron Books, 1999.
CALDAS, Miguel P. Demissão, efeitos e alternativas para as empresas e o indivíduo. São Paulo: Atlas, 2000.
CERVO, Amado Luiz & BERIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica. 4. ed. São Paulo: Kakron Books, 1996.
CHIAVENATO, Idalberto. Como transformar RH (de um centro de despesas) em um centro de lucro. São Paulo: Makron Books, 1996.
___________. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1998.
DRUCKER, Peter F. Inovação e espirito empreendedor – práticas e princípios. São Paulo: Pioneira, 1994.
EVANS, Ron e SPITZER, Quinn. Conquistando cabeças. Rio de Janeiro: Campus, 1999.
97
FRITZ, Roger. A empresa familiar: uma visão empreendedora. São Paulo: Makron Books, 1998.
GALBRAITH, Jay R. Organizando para competir no futuro. São Paulo: Makrom Books, 1995.
GALLO, Miguel & LACUEVA, Fernando. A crise estrutural nas empresas familiares, uma observação internacional do fenômeno. Revista de Administração de Empresas, v. 23, n. 3 p. 15-21, jul-set.1983.
GAUDÊNCIO, Paulo. Men at Work: como o ser humano se torna e se mantém produtivo. São Paulo: Gente, 1999.
GIGLIOTI, Francisco. Sistemas de remuneração praticados por empresas no município de Bauru: enfoque para remuneração por habilidades e competências. Franca, 2001. 112 p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e Contábeis de Franca. FACEF.
GIL, Antonio Carlos. Administração de Recursos Humanos: um enfoque profissional. São Paulo: Atlas, 1994.
GUITIERREZ, Luiz Homero Silva. O clima organizacional em uma empresa familiar. Revista de Administração de Empresas. v. 22, p. 36-43, abr./jun. 1987.
HESSELBEIN, Frances. O líder do futuro. São Paulo: Futura, 1996.
HIPERCOMPETIÇÃO no trabalho: funciona? Revista Exame, 729 ed., dez. 2000.
HIRIGOYEM, Hirigoyen. Assédio moral violência perversa no cotidiano. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.
KAY, John. Fundamentos do sucesso empresarial. Rio de Janeiro: Campus, 1996.
KURTZMAN, Joel. Lideres de idéias: reflexões sobre o futuro da administração. São Paulo: Futura, 1998.
LODI, João Bosco. A ética na empresa familiar. São Paulo: Pioneira, 1994.
MILKOVICH, Georg T. Administração de Recursos Humanos. São Paulo, Atlas, 2000.
PEREIRA, H. J. & SANTOS. Criando seu próprio negócio – como desenvolver o potencial empreendedor. São Paulo: SEBRAE, 1995.
PEREIRA, Luiz Carlos Bresser. Origens étnicas dos dirigentes das empresas paulistas. Revista de Administração de Empresas, v. 13, n. 1, p. 57-56, jan-mar. 1973.
PORRAS, Jerry; COLLINS, James. Feitas para durar – Práticas bem sucedidas de empresas visionárias. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.
SILVA, Glenio Luiz Rosa e. Controle de Turnover: como prevenir e demitir com responsabilidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.
98
SUA VIDA uma pressão mortal. Revista Exame, 21/maio/1997.
SUZIGAN, Wilson. Indústria brasileira origem e desenvolvimento.São Paulo: UNICAMP, 2000.
ULRICH, David. Os campeões de Recursos Humanos: inovando para obter os melhores resultados. São Paulo: Futura, 1998.
_____________ Recursos Humanos estratégicos. São Paulo: Futura, 2000.
VERGARA, Silvia Constant. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2000.
VOCÊ suporta tanta pressão? Revista Melhor, ed. 162, nov./2000, p. 12-14.
WERTHER, Willian B. Administração de Pessoal e Recursos Humanos. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983.
ANEXOS
ANEXO I
Formulário para Entrevista A. Caracterização das empresas
Razão social _____________________________________________________________
Endereço completo ________________________________________________________
Ano de fundação _____________ fone ________ fax ______ e-mail ________________
Ramo de atividade _______________________________________________________
Média salarial dos gerentes__________________________________________________
Se comparada com o mercado esta média está abaixo ( ) média ( ) acima ( ).
Média salarial dos demais cargos______________________________________________
Se comparada com o mercado esta média está abaixo ( ) média ( ) acima ( ).
% de lucro distribuído para diretores e gerentes __________________________________
% de lucro distribuído para os demais cargos ____________________________________
B. Perfil dos Funcionários
Número de funcionários Horas de treinamento por funcionário em 2000 - diretores e gerentes Horas de treinamento por funcionário demais cargos da empresa Número de funcionários admitidos em 2000 Número de diretores e gerentes admitidos em 2000 Número de trainee admitidos em 2000 Número de funcionários que deixaram a empresa voluntariamente em 2000 Número de funcionários que deixaram a empresa involuntariamente em 2000 Número de mulheres que ocupam cargo de direção Número de funcionários promovidos, ou mudaram de função por plano de recrutamento em 2000
Tempo de serviço na empresa Há menos de dois anos Entre 2 e 5 anos Entre 6 e 10 anos Entre 11 e 15 anos Entre 16 e 20 anos Há mais de 20 anos
Quantidade de funcionários que trabalham nesta empresa por idade Abaixo de 20 anos Entre 20 e 25 anos Entre 26 e 35 anos Entre 36 e 45 anos Entre 46 e 55 anos Acima de 55 anos Quantidade de funcionários que trabalham nesta empresa que possuem Primeiro grau ou menos Segundo grau ou menos Universitário incompleto Universitário completo Pós-graduação Quantidade dos funcionários que trabalham nesta empresa por sexo Feminino Masculino C. Atividades de Recursos Humanos
Atividade Não existe
Ampla Eventual Restrita
Adm. de pessoal Recr./seleção Programa de admissão de talentos Contratação de estagiário Programa de trainee Treinamento e desenvolvimento Desenvolvimento gerencial Planos de carreira Plano de sucessão Cargos e salários Sistema de avaliação e desempenho – base em metas
Serviço social Higiene e Segurança do trabalho Serviço médico ambulatorial Medicina ocupacional Programa de qualidade de vida Restaurante para empregados Recreação e lazer Transporte para empregado Sistema de comunicação com empregados Pesquisa de clima
D. Área de Recursos Humanos
D1. Importância que a empresa dá à área de Recursos Humanos
1.1 Quais são as formas pelas quais a alta administração, gerência ou direção, compartilha
as informações com ou funcionários ou se torna mais acessível a eles?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.2 Quais métodos sua empresa emprega para garantir que os funcionários sejam
envolvidos em decisões que afetam seus empregos ou seu ambiente de trabalho?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.3 Quantos métodos existem para um funcionário apelar, ou se fazer ouvir quando se
sentir maltratado ou injustiçado?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.4 Sua empresa possui uma política de demissões? Se sim descreva-a Ela promoveu
alguma demissão em massa nos últimos três anos? Se sim explique como foi.
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.5 De que forma sua empresa demonstra respeito pelos indivíduos como pessoas e não
somente como funcionário?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.6 De que formas específicas sua empresa demostra agradecimentos ou reconhecimento
pelo bom trabalho ou esforço extra de seus funcionários ?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.7 Que oportunidades diferenciadas de desenvolvimento profissional ou pessoal existem
para os funcionários de sua empresa?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.8 Por quais razões específicas os funcionários se sentem satisfeitos de trabalhar nesta
empresa?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.9 De que forma a empresa estimula o relacionamento interpessoal entre os empregados
Existem programas formais de integração na admissão ou mudança de área?
________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
1.10 Existe algo que seja exclusivo ou inusitado em sua empresa que a torne com um bom
clima para se trabalhar?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
D2. Gestão de Recursos Humanos
2.1 Como a alta administração dessa empresa considera a melhor denominação para a área
de atuação que cuida de questões ligadas a pessoas e relações de trabalho?
( ) Recursos Humanos
( ) Relações Trabalhistas
( ) Relações Humanas
( ) Pessoal
( ) _________________________
( ) _________________________
2.2 Que ferramentas e padrões de medidas são utilizados para avaliar resultados da área de
RH.?
( ) avaliação pelo cliente interno
( ) resultados de metas
( ) pesquisa de clima organizacional
( ) nenhum
2.3 Que valores acredita que a área de RH tem agregado à empresa?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2.4 Estágio de evolução de R.H.
Como considera ser o estágio de R.H. nesta empresa?
( ) RH. De ponta, evoluído e atualizado em todas as atividades e sistemas
( ) RH. Evoluído em parte de atividades e tradicional em outras
( ) RH. Completo mas com modelos e padrões tradicionais
( ) RH. Dispõe de atividades/sistemas parciais e tradicionais
( ) RH. Dispõe de poucas atividades e sistemas, funcionando de forma rudimentar
( ) Outro
E. Formação ideal do Profissional de Recursos Humanos
1. Qual a formação ideal para um profissional de RH?
( ) administração
( ) psicologia
( ) direito
( ) pedagogia
( ) a formação é indiferente, profissionais de todas as áreas podem ocupar o cargo muito
bem
( ) não sei
( ) ______________________________________________________________________
( ) ______________________________________________________________________
2. Em quantos % os cursos superiores atendem, estimativamente, às necessidades de
qualificação/capacitação dos profissionais no sentido de obterem informações para bem
atender as necessidades humanas nas organizações? _______________________%
3. De que maneira as faculdades/universidades devem mudar/melhorar os programas dos
cursos de administração voltados para formar profissionais mais preparados em Recursos
Humanos? _______________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
4. Quais são os pontos fortes e fracos de nossas entidades de ensino superior?
Fortes:___________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Fracos:___________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Anexo II
D3. Avaliação dos Papéis em Recursos Humanos Dave Ulrich e Jill Conner (apud Ulrich, 1998) Utilizar uma escala de cinco ponto (1 para baixa; 5 para alta) O RH ajuda a organização a ... 1. Alcançar metas empresarias ( ) 2. Melhorar a eficiência operacional ( ) 3. Cuidar das necessidades operacionais dos empregados ( ) 4. Adaptar-se a mudança ( ) O RH participa no (a) 5. Processo de definição das estratégias empresarias ( ) 6. No desenvolvimento dos processos do Departamento de Pessoal ( ) 7. Aumento da dedicação dos funcionários ( ) 8. Modelagem de mudança de cultura para renovação e transformação ( ) O RH garante que... 9. As estratégias de RH estejam ajustadas à estratégia empresarial ( ) 10. Processo de Departamento de Pessoal sejam administrados com
eficiência. ( ) 11. As políticas e programas de RH respondam às necessidades pessoais dos empregados. ( ) 12. Os processos e programas de RH aumentam a capacidade de
mudanças da organização. ( ) A eficácia da área de RH. é medida por sua capacidade de ... 13. Ajudar a fazer com que a estratégia aconteça ( ) 14. Liberar com eficiência os processos de Departamento de Pessoal ( ) 15. Ajudar os empregados a satisfazer suas necessidades pessoais ( ) 16. Ajudar uma organização a antecipar-se e adaptar-se a questões
futuras. ( ) O RH é visto como... 17. Parceiro estratégico ( ) 18. Especialista administrativo ( ) 19. Cuida dos interesses dos empregados ( ) 20. Agente de mudança ( ) O RH dedica tempo a ... 21. Questões estratégicas ( ) 22. Questões operacionais ( ) 23. Ouvir e responder aos empregados ( ) 24. Apoiar novos comportamentos para manter a empresa competitiva ( )
O RH participa ativamente em... 25. Planejamento empresarial ( ) 26. Formar e facilitar a execução dos processo do Departamento de
Pessoal ( ) 27. Atender aos empregados ( ) 28. Renovação mudança ou transformação da empresa ( ) O RH trabalha para... 29. Ajustar as estratégicas de RH. à estratégia empresarial ( ) 30. Acompanhar e executar processos administrativos ( ) 31. Oferecer assistência para ajudar os empregados a satisfazer
necessidades familiares e pessoais ( ) 32. remodelar comportamento para mudança organizacional ( ) O RH desenvolve processos e programas para... 33. Encadear estratégias de RH para realizar a estratégia empresarial ( ) 34. Processar eficientemente documentos, pagamentos e transações ( ) 35. Cuidar da necessidades pessoais dos empregados ( ) 36. Ajudar a organização a se transformar ( ) A credibilidade da área de RH provém de... 37. Ajudar a cumprir metas estratégicas ( ) 38. Ser eficaz na rotina do Departamento de Pessoal ( ) 39. Ajudar os empregados a atender suas necessidades pessoais ( ) 40. Fazer com que a mudança aconteça ( )