Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil: Situação ... · ... cerca de 80% aplicam menos...
Transcript of Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil: Situação ... · ... cerca de 80% aplicam menos...
Gestão dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil: Situação, Problemas e Soluções
Palestra proferida por Eduardo Castagnari, Presidente da ABRELPE – Associação Brasileira das Empresas de LIMPEZA Urbana e Resíduos Especiais. Buenos Aires, novembro de 2005
Sumário
1. SITUAÇÃO E PROBLEMAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
1.1. Resíduos Domiciliares e Públicos
1.1.1 Quantidade de Municípios com Serviços de Coleta de Resíduos
1.1.2 Abrangência dos Serviços de Coleta
1.1.3 Quantidade Coletada de Resíduos Sólidos por Macrorregião
1.1.4 Crescimento da Quantidade Coletada de Resíduos Sólidos por Macrorregião
2000 / 2004
1.1.5 Destinação Final dos Resíduos Coletados
1.1.6 Adequação da Destinação Final Por Macrorregiões
1.1.7 Recursos Financeiros Disponibilizados pelos Municípios Brasileiros
1.1.8 Municípios com Cobrança Específica pelos Serviços de Coleta ou Limpeza
Urbana
1.1.9 Dados Referenciais do Setor (2004)
1.1.10 Participação da Iniciativa Privada
1.1.11 Concessões de Serviços Públicos de Limpeza Urbana e Destino Final de RSU à
Iniciativa Privada
1.1.12 Síntese dos Principais Problemas dos Resíduos Domiciliares e Públicos a serem
Resolvidos
1.2. Resíduos de Serviços de Saúde
1.2.1 Quantidade de Resíduos de Serviços de Saúde por Macrorregião
1.2.2 Percentual de Tratamento de RSS por Macrorregião
1.2.3 Geração e tratamento de RSS versus Capacidade Instalada de Tratamento
1.2.4 Síntese dos Principais Problemas dos Resíduos de Serviços de Saúde a serem
Resolvidos
1.3. Reciclagem e Coleta Seletiva
1.3.1 Evolução do Índice dos Principais Materiais Recicláveis no Brasil
1.3.2 Evolução do índice de Reciclagem de Alumínio no Brasil e Comparação com
outros Países
1.3.3 Evolução dos Índices De Reciclagem de Latas de Aço, Embalagens de PET,
Papéis e Vidro
1.3.4 Evolução da Quantidade dos Municípios com Coleta Seletiva e Composição
Média dos Materiais Coletados
1.3.5 Amostragem da Evolução da Coleta Seletiva em 16 Municípios e Comparação
da Participação do Material Coletado em Peso e Receita
1.3.6 Síntese dos Principais Problemas de Reciclagem e Coleta Seletiva a serem
Resolvidos
2.CENÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS SOLUÇÕES
2.1. Cenário Legal
2.1.1 Lei Federal Nº 11.079 / 2004 – Parcerias Público-Privadas
2.1.2 Lei Federal Nº 11.107 / 2005 – Consórcios Públicos
2.2. Cenário Político e Social
2.2.1 Novas Gestões Municipais
2.2.2 Órgãos de Controle Ambiental e de Saúde Pública
2.2.3 Organizações Não Governamentais, Imprensa e Sociedade em Geral
2.3. Cenário Mercadológico
2.3.1 Iniciativa Privada
2.3.2 Instituições Financeiras
2.3.3 Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL
3.SOLUÇÕES E CAMINHOS PROGNOSTICADOS
3.1. Resíduos Domiciliares e Públicos
3.2. Resíduos de Serviços de Saúde
3.3. Reciclagem e Coleta Seletiva
3.4. Resíduos Sólidos Urbanos em Geral
1. SITUAÇÃO E PROBLEMAS DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
1.1 Resíduos Domiciliares e Públicos
Tratando-se de serviços públicos de responsabilidade dos Municípios apresentam-se
seqüencialmente um elenco de dados que permitem um entendimento claro e abrangente do
estágio alcançado na gestão dos resíduos sólidos urbanos de origem domiciliar e pública.
1.1.1 Quantidade de Municípios com Serviços de Coleta de Resíduos
A Figura 1 mostra que a quase totalidade dos municípios brasileiros conta com serviços
públicos de coleta de resíduos sólidos urbanos, o que representa um ponto bastante
positivo. Porém este aspecto quantitativo não caracteriza que a universalização destes
serviços está próxima de ser atingida, conforme poderá ser observado no item 1.1.2
seguinte.
1.1.2 Abrangência dos Serviços de Coleta
De fato, 2.204 municípios disponibilizam serviços de coleta para menos de 80% de seus
domicílios. Nas regiões norte e nordeste, como indica a Figura 2, a maioria dos municípios,
ou seja, 1325 estão nestas condições. Todavia, mesmo nas regiões sul e sudeste, ainda 802
99,40% 0,60%
BBrraassiill:: 55550077 mmuunniiccííppiiooss
Com Coleta
Sem Coleta
Figura 1 – Quantidade de Municípios com Serviços de Coleta de Resíduos
municípios se encontram neste patamar de serviços. A região centro-oeste, a menos
povoada do país, apresenta apenas 77 municípios neste estágio.
Há que se considerar, também, outros fatores qualitativos importantes a serem ampliados
nos serviços prestados tais como, ampliação e aumento da freqüência das áreas com
serviços de varrição, aumento da coleta conteinerizada e substituição de equipamentos em
mau estado de conservação.
1.1.3 Quantidade Coletada de Resíduos Sólidos por Macrorregião
No Brasil é coletadas diariamente a expressiva quantidade de 162.232 toneladas de resíduos
sólidos urbanos e as regiões sudeste e nordeste juntas respondem por três quartos deste
todo. A Figura 3 mostra a distribuição completa por macrorregiões.
72%
28%
NORTE 449 Municípios
56%
44%
NORDESTE 1787
83%
17%
CENTRO-OESTE
79%
21%
SUDESTE 1666
39%
61%
SUL1159
Com (+) de 80% de Domicílios com Coleta
Com (-) de 80% de Domicílios com Coleta
12.209 t/d (7,53%)
41.136 t/d (25,36%)
79.950 t/d (49,28%)
19.381 t/d (11,95%)
9.557 t/d (5,89%)
Sudeste
Sul
Centro-oeste
Norte
Nordeste
Figura 2 – Abrangência dos Serviços de Coleta
Figura 3 – Quantidade Coletada de Resíduos Sólidos por Macrorregião (ton/dia)
1.1.4 Crescimento da Quantidade Coletada de Resíduos Sólidos por Macrorregião
2000 / 2004
Nos últimos quatro anos o crescimento médio da quantidade de resíduos coletados no país
foi de 8,22 %, com distribuição por macrorregiões segundo a Figura 4. A região sudeste
com 8,16% de crescimento se aproxima da média nacional e a região centro-oeste é a que
registrou o maior crescimento com um índice de 12,74%. Provavelmente porque as cidades
desta região, que se caracteriza como a nova fronteira agrícola brasileira, experimentaram
no período um expressivo aumento de renda.
1.1.5 Destinação Final dos Resíduos Coletados
Aqui se encontra indubitavelmente o maior problema a ser resolvido na gestão dos resíduos
sólidos urbanos no Brasil. São 96.550 toneladas por dia de resíduos sólidos urbanos
lançados a céu aberto em lixões ou em meios hídricos. Para agravar o problema, cerca da
metade das quase 65.700 toneladas diárias dispostas em condições consideradas
oficialmente como adequadas, o são de fato dispostas em aterros controlados e não
sanitários e, alem disso, uma quantidade muito significativa dos aterros sanitários existentes
está no final de sua vida útil.
10,62
6,97
8,15
7,62
12,74
8,22
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00
1
Mac
rorr
egiã
o
Crescimento no Período (%)
Brasil
Sul Centro-oeste
Norte Nordeste Sudeste
Figura 4 – Crescimento da Quantidade Coletada de Resíduos Sólidos por Macrorregião 2000/2004 (%)
A Figura 5 indica a condição geral qualitativa da destinação final dos resíduos coletados e
fornece outro dado igualmente impactante. As universalizações da destinação finais,
adotando-se aterros sanitários por solução, exigirão investimentos pré-operacionais globais
da ordem de US$ 550 milhões e consumirá anualmente outros US$ 420 milhões na
operação ambientalmente adequada destes aterros. O que mostra que um fator
extremamente relevante da solução será o estabelecimento de sustentabilidade econômico-
financeira por longo prazo.
1.1.6 Adequação da Destinação Final Por Macrorregiões
Observando-se o problema da destinação final por macrorregiões vemos na Figura 6, que
em termos absolutos, as regiões sudeste e nordeste são as que apresentam as maiores
quantidades de resíduos a serem adequadamente dispostos, embora estas mesmas regiões
registrem os indicadores mais expressivos de destinação correta.
59,51% 40,49%
Sem Destinação Adequada
Com Destinação Adequada
Pré Operacionais: US$ 550 milhões Operacionais: US$ 420 milhões / ano
Investimentos necessários para Universalização e Reposição de existentes em final de vida útil
* Aterros Sanitários como solução básica
Figura 5 – Destinação Final dos Resíduos Coletados
1.1.7 Recursos Financeiros Disponibilizados pelos Municípios Brasileiros
Ponto importante para o entendimento do problema e equacionamento de soluções
sustentáveis, verifica-se na Tabela 1 que entre 5475 municípios pesquisados, cerca de 80%
aplicam menos de 5% do orçamento na gestão dos resíduos sólidos urbanos e outros 16%
aplicam entre 5 e 10% do orçamento, valores todos igualmente insuficientes. Apenas 4%
dos municípios aplicam valores superiores a 10% do orçamento.
Percentual do Orçamento aplicado na
Gestão de Resíduos
Menos
de 5%
5% a
10%
10% a
20%
15% a
20%
Mais de
20%
Total de
Municípios
Quantidade de Municípios 4338 872 123 33 31 5475
1.1.8 Municípios com Cobrança Específica pelos Serviços de Coleta ou Limpeza
Urbana
Também é baixas, menos de 50% conforme a Figura 7, a quantidade de municípios com
fontes de recursos específicos para a gestão dos resíduos sólidos urbanos, o que certamente
ajuda a entender o porque de tão poucos municípios disponibilizarem recursos
orçamentários em correspondência as necessidades impostas pelos serviços.
Nor
te
Nor
dest
e
Sude
ste
Sul
Cen
tro-O
este
Bras
il
Com DestinaçãoAdequada (t/dia)
Total (t/dia)020000400006000080000
100000120000140000160000180000
Grandes Regiões
Sem Destinação Adequada (t/dia) Com Destinação Adequada (t/dia)
Volu
me
(t/di
a)
Figura 6 – Adequação da Destinação Final por Macrorregiões
Tabela 1 – Recursos Financeiros Disponibilizados pelos Municípios Brasileiros
1.1.9 Dados Referenciais do Setor (2004)
Há despeito de haver muito ainda por fazer, os dados referenciais do setor de gestão de
resíduos sólidos urbanos no Brasil revelam-se bastante significativos, como mostra as
Tabelas 2, 3 e 4 seguintes.
Geração de Empregos Diretos
Item Empregos
Serviços Limpeza Urbana 360.000
Serviços Complementares 80.000
Total de Empregos Diretos
440.000
46%
54%
Com Cobrança
Sem Cobrança
Figura 7 – Municípios com Cobrança Específica pelos Serviços de Coleta ou Limpeza Urbana
Movimentação Econômica do Setor
Item Valor Anual (US$ milhões / ano)
Receita Total 2.200
Recolhimento de Encargos Sociais e Trabalhistas 650
Tributos Federais 170
Investimento em Frotas de Caminhões Compactadores 120
Manutenção das Frotas 230
Frota de Caminhões Compactadores
Origem QuantidadeFrota Privada 5.600 Frota Pública 4.000 Frota Total 9.600
Tabela 2 – Geração de Empregos Diretos
Tabela 3 – Frota de Caminhões Compactadores Tabela 4 – Movimentação Econômica do Setor
1.1.10 Participação da Iniciativa Privada
A participação de empresas privadas especializadas em atividades de gestão dos resíduos
sólidos urbanos, que se implantou, cresceu e consolidou ao longo dos últimos 30 anos,
mostra-se muito significativa e responde pelo atendimento a 66,5% da população urbana do
país.
Serviços de Coleta de RSU
Prestador População Atendida (hab) %
Empresa Privada 94.600.000 66,5
Órgão Público 47.800.000 33,5
Total 142.400.000 100,0
Forma de Participação Privada
Tipo de Contrato Prazo Médio
(anos) População Atendida
(hab) %
Terceirização 5 70.200.000 74,2
Concessão 20 24.400.000 25,8
Total - 94.600.000 100,0
As Tabelas 5 e 6 indicam, respectivamente, a participação da iniciativa privada e dentro
dela o expressivo papel representado pelos contratos de concessão destes serviços públicos.
1.1.11 Concessões de Serviços Públicos de Limpeza Urbana e Destino Final de RSU à
Iniciativa Privada
O conjunto destes contratos de concessão firmados até 2004, a grande maioria deles nos
últimos cinco anos e que atendem a 17% da população urbana brasileira, apresenta
distribuição geográfica e uma composição bastante diversificada e interessante conforme
mostrada na Tabela 7.
Tabelas 6 – Forma de Participação Privada
Tabelas 5 – Serviços de Coleta de RSU
Municípios Quantidade por tipo de Serviço
Estado Quantidade
População Atendida Limpeza Urbana
+ Destino Final Limpeza Urbana
Destino Final
R.G. do Sul 4 508.369,00 3 - 1
Santa Catarina 9 943.384,00 9 - -
Paraná 1 291.356,00 1 - -
São Paulo 3 10.420.087,00 3 - -
Rio de Janeiro 3 7.023.260,00 1 - 2
Minas Gerais 1 227.415,00 1 - -
Bahia 1 2.630.778,00 - - 1
R.G. Norte 1 766.081,00 - - 1
Amazonas 1 1.582.203,00 - 1 -
TOTAL 24 24.392.933,00 18 1 5
Alguns fatos significativos merecem ser destacados dentre estes contratos de concessão,
pois demonstram que a solução “concessão” se aplica genericamente aos mais diversos
tipos de municípios:
• Menor Município: 10.487 habitantes;
• Maior Município: 10.192.602 habitantes;
• Municípios com atividade turística importante: 6
• Municípios capitais de Estado: 5
• Municípios litorâneos: 7
• Municípios do interior: 17
Todavia, o fato mais significativo a ser destacado é que este conjunto de contratos de
concessão reúnem investimentos privados comprometidos num total de US$ 1.2 bilhões.
1.1.12 Síntese dos Principais Problemas dos Resíduos Domiciliares e Públicos a serem
Resolvidos
A Tabela 8 apresenta síntese dos principais problemas a serem resolvidos relativamente aos
resíduos domiciliares e públicos.
Tabela 7 – Concessões de Serviços Públicos de Limpeza Urbana e Destino Final de RSU à Iniciativa Privada
1.2 Resíduos de Serviços de Saúde
A legislação federal brasileira atribui aos geradores a responsabilidade pelo tratamento e
destinação final dos resíduos de serviços de saúde, fato que tem significativa influência na
situação destes resíduos constatada no país.
1.2.1 Quantidade de Resíduos de Serviços de Saúde por Macrorregião
Para um entendimento geral sobre a situação dos resíduos de serviços de saúde no Brasil, a
Tabela 9 mostra por macrorregiões do país as quantidades geradas destes resíduos e se são
tratados ou não.
Quantidade de R.S.S. (t/dia) Macrorregião
Gerada Tratada Não-tratada Região Norte 56,33 0,00 56,33
Região Nordeste 261,40 40,07 221,33
São Paulo 210,90 166,67 44,23
Região Sudeste 435,13 176,83 258,30
Região Sul 161,94 32,00 129,94
Região Centro-Oeste 110,03 38,33 71,70
Brasil 1.024,84 287,23 737,61
Implementar a conteinerização progressivamente.
Melhorar abrangência e a qualidade dos serviços – Instituir padrão uniforme;
Universalizar os serviços para todos os domicílios;
Serviços de Coleta
Implementar a conteinerização progressivamente.
Melhorar abrangência e a qualidade dos serviços – Instituir padrão uniforme;
Universalizar os serviços para todos os domicílios;
Serviços de Coleta
ProblemasProblemasItemItem ProblemasProblemasItemItem
Substituir aterros em final de vida útil.
Universalizar a destinação ambientalmente correta;Destinação Final (maior problema) Substituir aterros em final de vida útil.
Universalizar a destinação ambientalmente correta;Destinação Final (maior problema)
Implementar soluções de longo prazo e com sustentabilidade ambiental e econômica-financeira.Geral Implementar soluções de longo prazo e com sustentabilidade ambiental e econômica-financeira.Geral
Tabela 8 – Síntese dos Principais Problemas a serem Resolvidos
Tabela 9 – Quantidade de RSS por Macrorregião (ton/dia)
1.2.2 Percentual Tratado de RSS por Macrorregião
Uma visualização mais clara da situação brasileira destes resíduos pode ser apreciada na
Figura 8.
O fato da região sudeste apresentar uma situação relativamente melhor do que outras
regiões está diretamente relacionada com o Estado de São Paulo, único estado com gráfico
situacional em destaque, possuir legislação mais restritiva do que a federal. Destaque-se
ainda que o Município de São Paulo, o maior gerador destes resíduos no país, é o único a
ter transformado tais serviços em públicos.
1.2.3 Geração e tratamento de RSS versus Capacidade Instalada de Tratamento
Completando o conjunto de informações gerais, porém bem claras deste segmento, a Figura
9 compara as quantidades de resíduos de serviços de saúde geradas e coletadas com as
capacidades de tratamento regionalmente instaladas no país.
Região Norte
0,0%
100,0%Tratada Não-Tratada
Região Nordeste
15,3%
84,7%
Tratada Não-Tratada
Região Sudeste
59,4%
40,6%
Tratada Não-Tratada
São Paulo
79,0%
21,0%
Tratada Não-Tratada
Região Sul
19,8%
80,2%
Tratada Não-Tratada
Região Centro-Oeste
65,2%
34,8%
Tratada Não-Tratada
Brasil
72,0%
28,0%
Tratada Não-Tratada
Região Norte
0,0%
100,0%Tratada Não-Tratada
Região Nordeste
15,3%
84,7%
Tratada Não-Tratada
Região Sudeste
59,4%
40,6%
Tratada Não-Tratada
São Paulo
79,0%
21,0%
Tratada Não-Tratada
Região Sul
19,8%
80,2%
Tratada Não-Tratada
Região Centro-Oeste
65,2%
34,8%
Tratada Não-Tratada
Brasil
72,0%
28,0%
Tratada Não-Tratada
Figura 8 – Percentual de Tratamento de RSS por Macrorregião
1.2.4 Síntese dos Principais Problemas dos Resíduos de Serviços de Saúde a serem
Resolvidos
A Tabela 10 apresenta síntese dos principais problemas a serem resolvidos relativamente
aos resíduos de serviços de saúde.
56,3
261,4
435,1
161,9
110
1024
,8
0,0 40
,1
176,
8
32 38,3
287,
2
0,051
,5
325
46,4
48
470,9
0 25 0 11 0 360,0
200,0
400,0
600,0
800,0
1000,0
1200,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Qua
ntid
ade
(t/di
a)
Macrorregião
Gerada Tratada Instalada Em implantação
56,3
261,4
435,1
161,9
110
1024
,8
0,0 40
,1
176,
8
32 38,3
287,
2
0,051
,5
325
46,4
48
470,9
0 25 0 11 0 360,0
200,0
400,0
600,0
800,0
1000,0
1200,0
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste Brasil
Qua
ntid
ade
(t/di
a)
Macrorregião
Gerada Tratada Instalada Em implantaçãoGerada Tratada Instalada Em implantação
Figura 9 – Geração e Tratamento de RSS versus Capacidade Instalada de Tratamento
Universalização, porém legalmente a responsabilidade é dos geradores.Tratamento dos RSS Universalização, porém legalmente a responsabilidade é dos geradores.Tratamento dos RSS
ProblemasProblemasItemItem ProblemasProblemasItemItem
Maioria dos Municípios, a exceção dos pertencentes ao Estado de São Paulo, não assumem responsabilidade pela gestão dos RSS.
GestãoMaioria dos Municípios, a exceção dos pertencentes ao Estado de São Paulo, não assumem responsabilidade pela gestão dos RSS.
Gestão
Legislação federal incompleta ensejando legislações e ações estaduais e municipais inadequadas.Legislação Legislação federal incompleta ensejando legislações e ações estaduais e municipais inadequadas.Legislação
Tabela 10 – Síntese dos Principais Problemas a serem Resolvidos
1.3 Reciclagem e Coleta Seletiva
Propositadamente foi invertida a ordem lógica destas atividades, colocando a coleta seletiva
em segundo lugar, porque a maior parte das atividades de reciclagem realizadas no Brasil
tem caráter informal e os expressivos índices verificados para alguns dos materiais
recicláveis não decorrem de programas estruturados.
1.3.1 Evolução do Índice dos Principais Materiais Recicláveis no Brasil
Quatro materiais – alumínio, papéis, vidro e PET – se destacam como os mais reciclados no
Brasil e a evolução de seus respectivos índices pode ser vista na Figura 10.
1.3.2 Evolução do índice de Reciclagem de Alumínio no Brasil e Comparação com
outros Países
Por ser absolutamente expressivo o índice de reciclagem de alumínio no Brasil a Figura 11
estabelece comparação com os índices de outros países.
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Papéis recicláveis Latas de alumínio Embalagens de PET Vidro
Índi
ce d
e R
ecic
lage
m (%
)
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 20040,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Papéis recicláveis Latas de alumínio Embalagens de PET Vidro
Índi
ce d
e R
ecic
lage
m (%
)
1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004
Figura 10 – Evolução do Índice dos Principais Materiais Recicláveis no Brasil
1.3.3 Evolução dos Índices De Reciclagem de Latas de Aço, Embalagens PET, Papéis
e Vidro
As Figuras 12, 13, 14 e 15 apresentam, respectivamente, a evolução dos índices de
reciclagem destes materiais.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6
Argentina Brasil Europa Estados Unidos Japão
Ano 1992 Ano 1994 Ano 1996 Ano 1998 Ano 2000 Ano 2002
Índi
ce (%
)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6
Argentina Brasil Europa Estados Unidos Japão
Ano 1992 Ano 1994 Ano 1996 Ano 1998 Ano 2000 Ano 20020
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
1 2 3 4 5 6
Argentina Brasil Europa Estados Unidos Japão
Ano 1992 Ano 1994 Ano 1996 Ano 1998 Ano 2000 Ano 2002
Índi
ce (%
)
Figura 11 – Evolução do Índice de Reciclagem de Alumínio no Brasil e Comparação com outros países
Latas de AçoLatas de Aço Embalagem PETEmbalagem PET
Figuras 12 e 13 – Evolução dos Índices de Reciclagem de Latas de Aço e de Embalagens PET
1.3.4 Evolução da Quantidade dos Municípios com Coleta Seletiva e Composição
Média dos Materiais Coletados
A evolução da coleta seletiva nos municípios brasileiras, nos últimos dez anos, pode ser
vista na Figura 16. Embora o gráfico mostre que a quantidade de municípios quadruplicou
no período, o fato destes representarem apenas cerca de 4,5% do total de municípios do
país revela o quanto há por fazer.
Papéis RecicláveisPapéis Recicláveis VidroVidro
Figuras 14 e 15 – Evolução dos Índices de Reciclagem de Papéis e Vidro
Municípios com Coleta SeletivaMunicípios com Coleta Seletiva
Figura 16 – Evolução da Quantidade dos Municípios Brasileiros com Coleta Seletiva e Composição Média dos Materiais
Complementarmente a Figura 17 a composição média em peso dos materiais recicláveis
oriundos da coleta seletiva.
1.3.5 Amostragem da Evolução da Coleta Seletiva em 16 Municípios e Comparação
da Participação do Material Coletado em Peso e Receita
Recente amostragem feita em 16 municípios bastante expressivos, pois somam 31 milhões
de habitantes e correspondem a 17% da população brasileira, revelou (vide Tabela 10) que
neste conjunto de municípios a evolução anual da tonelagem de materiais recicláveis
coletados foi bem apreciável nos últimos dez anos.
Ano Coleta Seletiva
1994 1999 2002 2004 Quantidade Coletada (t) 18.456 75.864 103.800 130.212
A participação em peso e recita dos materiais recicláveis coletados é vista na Figura 18.
Composição Média em PesoComposição Média em Peso
Figura 17 – Evolução da Quantidade dos Municípios Brasileiros com Coleta Seletiva e Composição Média dos Materiais
Tabela 10 – Evolução da Coleta em 16 Municípios
1.3.6 Síntese dos Principais Problemas de Reciclagem e Coleta Seletiva a serem
Resolvidos
A tabela 11 apresenta síntese dos principais problemas a serem resolvidos relativamente às
atividades de reciclagem e coleta seletiva.
Participação em Peso e na ReceitaParticipação em Peso e na Receita
Figura 18 – Amostragem da Evolução da Coleta Seletiva em 16 Municípios Brasileiros e Respectiva Comparação de Participação em peso e na Receita
Falta legislação que dê sustentabilidade a estas atividades;
A legislação tributária não privilegia os materiais recicláveis.
LegislaçãoFalta legislação que dê sustentabilidade a estas atividades;
A legislação tributária não privilegia os materiais recicláveis.
Legislação
Demanda restrita para muitos materiais potencialmente recicláveis.
A maior parte das atividades de reciclagem possuem caráter informal. Conseqüentemente carecem de gestão;
ReciclagemDemanda restrita para muitos materiais potencialmente recicláveis.
A maior parte das atividades de reciclagem possuem caráter informal. Conseqüentemente carecem de gestão;
Reciclagem
ProblemasProblemasItemItem ProblemasProblemasItemItem
Municípios não dispõe ou dispõe de poucos recursos para a atividade.
Baixa quantidade de municípios com programas de coleta seletiva e baixo índice de coleta na maioria destes;
Coleta SeletivaMunicípios não dispõe ou dispõe de poucos recursos para a atividade.
Baixa quantidade de municípios com programas de coleta seletiva e baixo índice de coleta na maioria destes;
Coleta Seletiva
Tabela 11 – Síntese dos Principais Problemas a serem Resolvidos
2 CENÁRIOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS SOLUÇÕES
2.1 Cenário Legal
Nos últimos doze meses este cenário apresentou uma evolução notável, pois duas novas
legislações de caráter federal – a Lei das Parcerias Público-Privadas e a Lei dos Consórcios
Públicos – foram promulgadas trazendo interessantes perspectivas para a gestão dos
resíduos sólidos urbanos.
2.1.1 Lei Federal Nº 11.079 / 2004 – Parcerias Público-Privadas
Os pontos principais a destacar nesta lei, relativamente a sua aplicablidade para o segmento
em apreço, são as seguintes:
• Parceria público-privada é o contrato de concessão, onde uma das modalidades é a
concessão administrativa.
• Concessão administrativa é o contrato de prestação de serviços onde a
Administração Pública é a usuária direta ou indireta dos mesmos.
• São diretrizes na contratação de parcerias público-privadas:
Respeito aos interesses e direitos dos destinatários dos serviços e dos entes
privados incumbidos de sua execução;
Responsabilidade fiscal na celebração e execução das parcerias;
Transparência dos procedimentos e das decisões;
Repartição objetiva dos riscos entre as partes;
Sustentabilidade financeira e vantagens socioeconômicas dos projetos de
parceria.
• Contratos de Parceria Público-Privada deverão ter:
Valor superior a R$ 20 milhões;
Prazos de prestação dos serviços de 5 a 35 anos.
• Possibilidade de estabelecimento de garantias objetivas, como:
Vinculação de receitas;
Instituição, ou utilização de fundos especiais previstos em leis.
Comentário: A contribuição potencialmente mais positiva, trazida por esta lei, foi a
ratificação do conceito do município atuar como “usuário único”, fato este bastante
demandado pelo segmento na modelagem das concessões. A prestação dos serviços
públicos relativos a gestão dos resíduos sólidos urbanos não pode ser prestada diretamente
aos domicílios porque tais serviços são essenciais não podendo ser interrompidos e,
cumulativamente, também não podem ser cortados por falta de pagamento.
2.1.2 Lei Federal Nº 11.107 / 2005 – Consórcios Públicos
Os pontos principais a destacar nesta lei são as seguintes:
• O Consórcio pode:
Firmar convênios, contratos e acordos;
Receber auxílios, contribuições e subvenções sociais e econômicas; Promover desapropriações e instituir servidões; Emitir documentos de cobrança e arrecadar tarifas e outros preços públicos; Outorgar concessões.
• Fortalece a união entre os entes federados e facilita a solução de problemas comuns. • Cria direitos e deveres recíprocos entre os entes federados. • Permite o ganho de economia de escala através de soluções compartilhadas. • Não tem fins econômicos, visa a melhoria dos serviços.
Comentário: Soluções para a gestão dos resíduos sólidos urbanos muitas vezes dependem de economia de escala para expressarem viabilidade econômico-financeira. Esta lei possibilita que Municípios se unam entre si e, também, com Estados e com a Federação, em condições jurídico-legais de comprometimento a permitir a estruturação de concessões à iniciativa privada com segurança e garantias para o investidor. Igualmente combina com a lei das parcerias público-privadas.
2.2 Cenário Político e Social Uma conjunção adequada de fatores, a seguir detalhados, estabelecem um cenário favorável para a implementação de soluções.
2.2.1 Novas Gestões Municipais
• Os mandatos foram iniciados em 2005 o que temporalmente permite a
implementação de soluções consistentes;
• Quantidade significativa dos novos prefeitos vem demonstrando consciência da
necessidade de implementar soluções completas para os RSU.
2.2.2 Órgãos de Controle Ambiental e de Saúde Pública
• Pressão exercida sobre as administrações municipais estão se intensificando
continuamente.
2.2.3 Organizações Não Governamentais, Imprensa e Sociedade em Geral
• Denúncias sobre a gestão inadequada dos RSU são constantes;
• Congressos e seminários promovidos por ONG´s setoriais debatem freqüentemente
a questão dos RSU.
2.3 Cenário Mercadológico
Assim como reconhecido para o cenário político e social, o cenário de mercado é positivo
para implementação de soluções calcadas em investimentos privados, conforme a seguir
indicado.
2.3.1 Iniciativa Privada
• Frente ao prognóstico de modelos de negócios mais consistentes e seguros,
empresas do setor demonstram entusiasmo em realizar maiores investimentos com
prazo de retorno alongado.
2.3.2 Instituições Financeiras
• Caixa Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) disponibilizam linhas de financiamento em condições especiais
para projetos a favor do meio ambiente;
• Banco Mundial e IFC e outras instituições estrangeiras igualmente acenam com
financiamentos em condições atraentes.
2.3.3 Mecanismos de Desenvolvimento Limpo – MDL
• Venda de créditos de carbono decorrente do Protocolo de Kyoto, significa receita
extra e importante para a viabilização de projetos de disposição final de RSU.
3 SOLUÇÕES E CAMINHOS PROGNOSTICADOS
3.1 Resíduos Domiciliares e Públicos
Frente aos problemas principais identificados e aos cenários existentes para implementação
de soluções sustentáveis para a gestão dos resíduos de origem domiciliar e pública, se
prognosticam as seguintes soluções:
3.2 Resíduos de Serviços de Saúde
Em função das características setoriais determinadas pelos ditames da legislação federal se
prognosticam, para a desejada universalização, as seguintes soluções e caminhos:
A Concessão de serviços à iniciativa Privada deverá se impor como solução principal para resolver os problemas de maior abrangência e qualidade dos serviços gerais de limpeza urbana e para a universalização da destinação final adequada dos resíduos.
Participações Público-Privadas ocuparão parte significativa destas concessões.
Consórcio Público entre Municípios contribuirão para viabilizar soluções com
melhor economia de escala.
Legislações similares a já existente no Estado de São Paulo, a qual está sendo reforçada pela Política Estadual de Resíduos Sólidos em aprovação na Assembléia Legislativa, deverão ser promulgadas por outros estados da federação obrigando o efetivo tratamento dos RSS.
Paulatinamente Município de diversos estados vem assumindo total ou
parcialmente, a gestão dos RSS. A tendência é a intensificação destes procedimentos.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, em fase de elaboração, deverá conter
dispositivos de gestão dos RSS inspirados na Política Estadual de Resíduos Sólidos de São Paulo.
3.3 Reciclagem e Coleta Seletiva
O reconhecimento de que nas atividades de reciclagem predominam as iniciativas de
caráter informal, as quais por si mesmas apresentam estreitas limitações. Ao mesmo tempo,
que sem recursos específicos, a tão necessária atividade da coleta seletiva promovida pelos
municípios não avançará. Para o desejado incremento destas atividades se prognosticam as
seguintes soluções e caminhos:
3.4 Resíduos Sólidos Urbanos em Geral
O conceito de adoção de soluções integradas vem ganhando espaço a cada dia entre os
gestores públicos e privados e, assim, é perfeitamente válido se prognosticar o seguinte
caminho para os resíduos sólidos urbanos em geral:
Políticas adotadas por cidades referência, como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, indicam que a reciclagem promovida e gerida pelo Poder Público ganha espaço sobre a ainda predominante cadeia informal.
Novas legislações em elaboração apresentam forte tendência a instituir dispositivos
alicerçados no princípio poluidor-pagador, o que dará origem a receitas para suportar crescentemente as atividades de coleta seletiva.
Alterações na Política Tributária visando reduzir os impostos incidentes sobre os
materiais recicláveis, fruto de cobranças cada vez mais intensas pela sociedade organizada, aumentarão a demanda pela utilização de maior quantidade e maior diversidade destes materiais.
Soluções já adotadas ou em fase de adoção por diversos Municípios indicam a tendência clara do emprego crescente de modelo de concessão contemplando a gestão total dos resíduos sólidos urbanos, incluindo os resíduos domiciliares e públicos, os resíduos de serviços de saúde e a coleta seletiva e a reciclagem.
www.abrelpe.com.br
Av. Paulista no 807 - 2o andar - conj. 207 - São Paulo - SP
Tel.: (11) 3284-3211 / [email protected]