Gestão de Sistemas Educacionais

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    MDULO DE:

    GESTO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS

    AUTORIA:

    ANA MARIA FURTADO

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    Mdulo de: GESTO DE SISTEMAS EDUCACIONAIS Autoria: Ana Maria Furtado

    Primeira edio: 2008

    Todos os direitos desta edio reservados ESAB ESCOLA SUPERIOR ABERTA DO BRASIL LTDA http://www.esab.edu.br Av. Santa Leopoldina, n 840/07 Bairro Itaparica Vila Velha, ES CEP: 29102-040 Copyright 2008, ESAB Escola Superior Aberta do Brasil

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    Apresentao Uma mudana fundamental est ocorrendo no meio ambiente e no mbito interno das organizaes empresariais e educacionais. Esta mudana est provocando a renovao do modelo de gesto dessas organizaes em face da necessidade de sua sobrevivncia no ambiente em que atuam. Novos acontecimentos nos surpreendem a cada momento no contexto social e educacional.

    Os modelos que direcionam a administrao do ensino das escolas pblicas e particulares dos ensinos fundamental e mdio parecem caminhar para a sua inviabilizao.

    Este mdulo apresenta de forma clara as especificidades da gesto educacional eficaz. Ns, como educadores e gestores deste processo, devemos ainda em tempo, rever a nossa postura que, de agora em diante no pode ser a mesma.

    A nossa viso deve ser executiva, tcnica e muito mais humana uma vez que estamos dentro da formao da rea das Cincias Humanas. Nossos ideais devem ser de uma misso no s individual, mas direcionar o nosso olhar para as prticas e necessidades coletivas. As questes sociais e ambientais esto muito alm do acadmico que temos ensinado dentro do corao da escola a sala de aula. A tica e a cidadania no podem ser simplesmente um projeto interdisciplinar que permeia parte do tempo de uma escola. Muito menos uma utopia. So vivncias que devem ser ensinadas com exemplo, em todos os momentos.

    A eficincia de nossos movimentos como gestores simplesmente parte de nosso compromisso. Buscar a eficcia nosso maior objetivo, em todos os momentos de nosso trabalho mesmo que no seja imediato, mas que acontea e jamais se perca.

    Ana Maria Furtado

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    Objetivo Possibilitar aos profissionais a aquisio de conhecimentos que possam ser aplicados na gesto escolar e disponibilizar informaes para que o gestor escolar, da educao bsica infantil, fundamental e mdio, possa desenvolver uma gesto democrtica tornando eficaz no seu dia a dia, alm de fornecer elementos que os levem a compreender e analisar a gesto da educao; propiciar uma formao relacional mais humana entre gestores e corpo docente e pessoal administrativo

    Ementa A gesto administrativa na educao; autonomia; enturmao; classes especiais; evaso, abandono e trabalho infantil; liderana; seleo de professores; superviso; PDE; calendrio escolar; regimento interno; plano anual de trabalho e proposta pedaggica.

    Sobre o Autor Mestre em Teologia com especializao em divindade pela Shalom Bble College and Semnary e FAETESP- Toronto Canad

    Licenciada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas de So Jos dos Campos e Faculdade de Cincias Humanas

    Experincia em superviso pedaggica e docncia de ensino superior

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    SUMRIO UNIDADE 1 ........................................................................................................ 8

    Administrao Da Educao Escolar ............................................................... 8UNIDADE 2 ...................................................................................................... 14

    A Distino Que Faz A Escola Eficaz ............................................................ 14UNIDADE 3 ...................................................................................................... 22

    A Questo Da Autonomia .............................................................................. 22UNIDADE 4 ...................................................................................................... 27

    O Desempenho Dos Alunos .......................................................................... 27UNIDADE 5 ...................................................................................................... 35

    As Formas De Enturmao ............................................................................ 35UNIDADE 6 ...................................................................................................... 40

    Limitaes E Desvantagens Do Sistema Seriado .......................................... 40UNIDADE 7 ...................................................................................................... 45

    Classes Especiais Para Circunstncias Especiais ......................................... 45UNIDADE 8 ...................................................................................................... 51

    Recuperao Paralela ................................................................................... 51UNIDADE 9 ...................................................................................................... 56

    Medidas Corretivas Na Gesto Educacional .................................................. 56UNIDADE 10 .................................................................................................... 60

    Contra Turno ................................................................................................. 60UNIDADE 11 .................................................................................................... 66

    Evaso, Abandono Escolar E Trabalho Infantil .............................................. 66UNIDADE 12 .................................................................................................... 71

    Delegao De Autoridade .............................................................................. 71UNIDADE 13 .................................................................................................... 76

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    Liderana: Poder, Autoridade, Comando Ou Apoio? ..................................... 76UNIDADE 14 .................................................................................................... 80

    Liderana Exige Gentileza ............................................................................. 80UNIDADE 15 .................................................................................................... 84

    O Exerccio Da Liderana .............................................................................. 84UNIDADE 16 .................................................................................................... 87

    Promovendo O Protagonismo Dos Alunos ..................................................... 87UNIDADE 17 .................................................................................................... 92

    Seleo De Professores ................................................................................ 92UNIDADE 18 .................................................................................................... 96

    Superviso .................................................................................................... 96UNIDADE 19 .................................................................................................. 101

    Superviso Educacional No Brasil ............................................................... 101UNIDADE 20 .................................................................................................. 105

    Elaborao De PDE ..................................................................................... 105UNIDADE 21 .................................................................................................. 110

    Calendrio Escolar ...................................................................................... 110UNIDADE 22 .................................................................................................. 113

    Falando Ainda De Aes Semestrais .......................................................... 113UNIDADE 23 .................................................................................................. 117

    Regimento Interno ....................................................................................... 117UNIDADE 24 .................................................................................................. 120

    Os Captulos Do Regimento Escolar ........................................................... 120UNIDADE 25 .................................................................................................. 125

    Plano Anual De Trabalho ............................................................................. 125UNIDADE 26 .................................................................................................. 129

    Avaliao Dos Profissionais ......................................................................... 129UNIDADE 27 .................................................................................................. 132

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    Proposta Pedaggica Base Para A Qualidade Do Ensino ........................ 132UNIDADE 28 .................................................................................................. 135

    As Etapas Para Elaborao De Uma Primeira Proposta Pedaggica. ......... 135UNIDADE 29 .................................................................................................. 139

    Ainda Sobre As Etapas Da Proposta Pedaggica ....................................... 139UNIDADE 30 .................................................................................................. 143

    Reunies Eficazes ....................................................................................... 143GLOSSRIO .................................................................................................. 147BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 148

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    UNIDADE 1 Objetivo: Conhecer a funo social da Escola como uma instituio que se preocupa com as questes cognitivas, mas tambm que se envolve amplamente na construo e na instituio da cidadania de um pas.

    Administrao da Educao Escolar

    Gesto Escolar: Funo Social e Poltica

    A escola eficaz aquela onde os alunos aprendem. Quando os alunos no aprendem, a escola no boa. Quando refletimos sobre a funo social da escola, seria possvel comear pela pergunta: que articulaes existem entre escola e cidadania? Se toda comunidade poltica se caracteriza pela coexistncia de vrias tradies, a escolaridade tem significado particular. A escola, de fato, institui a cidadania. ela o lugar onde as crianas deixem de pertencer exclusivamente famlia para integrarem-se numa comunidade mais ampla em que os indivduos esto reunidos no por vnculos de parentesco ou de afinidade, mas pela obrigao de viver em comum. A escola institui, em outras palavras, a coabitao de seres diferentes sob a autoridade de uma mesma regra.

    H uma estreita articulao entre as relaes de convivncia social instituda pela escola e a cidadania. Ou seja, no exerccio da vivncia entre os seres diferentes que se aprendem normas, sem as quais no sobrevive a sociedade. Mas, por certo, no apenas para a convivncia social e para a socializao que existe a escola. Ela surge da necessidade que se tem de

    transmitir de forma sistematizada o saber acumulado pela humanidade. Na chamada sociedade do conhecimento este papel tende a assumir uma importncia sem precedentes. Outro aspecto a assinalar que a escola uma instituio datada historicamente. Ou seja, cada sociedade, cada tempo forja um modelo escolar que lhe prprio. Este, por sua vez atravessado por marcas e interesses diferenciados. Sobre o assunto oportuno observar que: A prtica escolar consiste na concretizao das condies que asseguram a realizao

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    do trabalho docente. Tais condies no se reduzem ao estritamente pedaggico, j que a escola cumpre funes que lhe so dadas pela sociedade concreta que, por sua vez, apresenta-se como constituda por classes sociais com interesses antagnicos. A prtica escolar, assim, tem atrs de si condicionantes sociopolticos que configuram diferentes concepes de homem e de sociedade e, consequentemente diferentes pressupostos sobre o papel da escola, aprendizagem, relaes professor-aluno, tcnicas pedaggicas, etc. (Libneo, 1986:19).

    As funes polticas e sociais da escola so tambm atravessadas pelos interesses das classes sociais. Nessa perspectiva interessante situar a contribuio de tendncias, que resultaram em diferentes concepes do papel da escola e, consequentemente, de sua funo poltica e social na construo da cidadania. Este foi um tema predominante do debate sobre a educao no Brasil, nos anos oitenta que permitiu, atravs de diferentes tipificaes, compreenderem o papel da escola, segundo demandas que surgem em distintos contextos.

    Atravs da anlise dos principais documentos de poltica educacional produzido entre 1985 e 1995 possvel perceber que, contrariamente ao que uma interpretao superficial permitiria supor, no o governo Fernando Henrique Cardoso o autor da descoberta da escola pela poltica educacional (Vieira, 1998). aos poucos, e j no incio da dcada de 90, que a escola comea a aparecer. Momento chave na emergncia de uma ateno sobre o tema no debate da poltica educacional o Seminrio sobre Qualidade, Eficincia e Equidade na Educao Bsica, promovido pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada IPEA, realizado em novembro de 1991, em Pirenpolis, ainda durante o governo Collor.

    Torna-se cada vez mais importante que cada uma dessas instncias e segmentos assuma compromissos pblicos com a melhoria do ensino, fazendo da escola um centro de qualidade e cidadania, com professores e

    dirigentes devidamente valorizados, ajudando o Pas a edificar um eficiente sistema pblico de educao bsica. (Brasil. MEC. 1993).

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    Antes, porm de prosseguirmos devemos nos perguntar com simplicidade: O que uma escola? A escola o primeiro lugar de atuao pblica da criana. o lugar onde a criana deixa de manejar coisas particulares para manejar elementos coletivos; deixa de manejar linguagens privadas para manejar linguagens coletivas; de manejar smbolos familiares para manejar smbolos coletivos, smbolos que pertenceram e pertencem a outras geraes. (Toro, 1999)

    Durante algum tempo, no Brasil e em outros pases, alegava-se que a escola no era boa porque os alunos eram pobres, subnutridos, doentes porque faltava merenda ou porque os pais eram desinteressados. Falava-se tambm, que no havia nada que a escola pudesse fazer para ensinar melhor, tudo estava pr-determinado pelas condies econmicas dos alunos. Consequncia: afirmava-se que o aluno no aprendia por culpa dele ou da famlia. O problema era do aluno, da famlia ou da economia. Nunca era um problema da escola. Muita gente ainda acredita nisso, inclusive dentro de escolas pblicas.

    As pesquisas sobre escolas eficazes desmentiram essas idias. Qualquer escola, mesmo nos ambientes mais pobres e difceis, pode se tornar uma escola eficaz. Essas pesquisas indicam que para criar uma escola eficaz preciso:

    Ter clareza sobre o que e para que sirva a escola;

    Reconhecer a responsabilidade da escola pela aprendizagem dos alunos;

    Reconhecer e admitir que a eficcia da escola depende do que acontece dentro dela, e no do que acontece ou deixa de acontecer nas secretarias de Educao. O problema e a soluo para aprendizagem dos alunos esto na escola.

    A forma como a escola se organiza e funciona influencia na forma como os alunos aprendem.

    As Caractersticas De Uma Escola Eficaz

    s vezes nos perguntamos: Como saber se uma escola eficaz?

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    Na prtica, as pessoas sabem. Nas cidades maiores, comum observarem-se filas na porta de algumas escolas pblicas e particulares quando poca de matrcula. Isso se explica porque um nmero considervel de pais procura de uma vaga na melhor escola. nessas escolas que as filas so grandes.

    Como os Pais Sabem que uma Escola Melhor que Outra?

    A verdade que eles sabem, basta perguntar. Frequentemente, o que eles dizem coincide com os estudos sobre escolas eficazes, que apontam as seguintes caractersticas:

    1. Bons Professores

    Esta a primeira resposta que vem a cabea de qualquer pessoa e que confirmada pelas pesquisas. A escola boa aquela que atrai, mantm e desenvolve bons professores.

    2. Senso de Misso

    A escola tem que ter senso de misso. Precisa definir com clareza sua proposta de ensino. Todos sabem os valores que so ensinados e praticados nessa escola.

    3. nfase na aprendizagem

    A nfase deve ser na aprendizagem e do desempenho acadmico dos alunos. Outras atividades podem at ser importantes, mas o principal a aprendizagem, o domnio dos elementos, linguagens e smbolos coletivos de que fala Bernardo Toro.

    4. Expectativa elevadas

    Todos na escola professores, diretores, funcionrios acreditam nos alunos e esperam muito deles. A equipe educacional incluindo todos os funcionrios no se conformam com a ideia de que alguns alunos no tm jeito, no desprezando os alunos que demonstram maior dificuldade.

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    5. Consistncia

    A escola faz o que promete fazer no seu PDE e na sua proposta pedaggica. Os planos e metas so para valer.

    6. Avaliao

    A avaliao usada com frequncia e serve, sobretudo, para melhorar o ensino no para reprovar ou punir os alunos.

    7. Ambiente agradvel

    A escola limpa, organizada, tem um clima fsico agradvel, sempre mantm uma boa aparncia, mesmo quando pobre.

    8. Ambiente ordeiro

    A escola tem regras e todos cumprem. O que combinado para valer. Professores comparecem todos os dias, ministram suas aulas. Os alunos tambm comparecem de maneira prazerosa, os pais cumprem os compromissos que assumiram. As regras valem para todos, no h favoritos ou privilegiados.

    9. Abertura para a Comunidade

    A escola eficaz aberta para a comunidade. Voluntrios e parceiros colaboram com a escola para que a sociedade como um todo receba os benefcios da educao.

    10. Tempo, presena e exemplo

    O diretor dedica tempo, tem presena e d exemplo dentro da escola. D notcia do que se passa na escola com alunos, professores e com os demais funcionrios. As notcias do programa de ensino tambm so partilhadas. Os professores tambm dedicam seu tempo e demonstram bons exemplos. tica cidadania e compromisso so palavras comuns em seu vivenciar dirio.

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    EFICINCIA : fazer certo; o meio para se atingir um resultado; a atividade, ou, aquilo que se faz.

    EFICCIA : a coisa certa; o resultado; o objetivo: aquilo para que se faz, isto , a sua Misso!

    Estes so dois conceitos muito antigos, mas implacavelmente atuais. Principalmente nos dias de hoje no compreend-los ou, o que muito pior, confundi-los provoca, sem dvida, grandes danos performance e aos resultados.

    As diferenas entre esses dois conceitos podem at parecer sutis, mas realmente so extremamente importantes. Peter Drucker, que dispensa apresentaes, enftico em afirmar: eficincia fazer certas as coisas, eficcia so as coisas certas. E complementa: o resultado depende de fazer certo as coisas certas.

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    UNIDADE 2 Objetivo: Conhecer e se aprimorar no funcionamento de uma escola eficaz abstraindo o novo foco gestor que exige adequao e seleo de novas estratgias.

    A Distino que Faz a Escola Eficaz

    A escola eficaz convive em um mesmo ambiente de outras escolas que no alcanam os mesmos resultados, ou seja, a escola eficaz funciona face aos problemas, dificuldades e adversidades iguais s de outras escolas que no so eficazes.

    O que faz a diferena em uma escola eficaz :

    As coisas funcionam na escola eficaz. No s uma campanha passageira, uma sala bonita com computadores, uma caixa escolar ativa ou um mtodo de ensino diferenciado. Tudo nela esta sempre melhorando e tende a dar certo.

    A escola eficaz ou recebe os mesmos recursos que as demais, ou se particular, se diferencia pela sua gesto financeira mesmo dentro de uma sociedade onde a inadimplncia ainda considervel.

    A escola eficaz acompanha, vai atrs e se orgulha de seus ex-alunos. Eles so os cartes de visita da escola. Ela os utiliza como exemplos, como modelos para incentivar e inspirar os seus alunos atuais.

    Como Tornar Uma Escola Eficaz?

    Apresentaremos alguns ingredientes que, de acordo com as pesquisas sobre o assunto, caracterizam a vida de uma escola eficaz.

    1. Liderana

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    As pesquisas so unnimes em apontar o diretor como a pea-chave no sucesso de qualquer escola. Muitos dizem at que a escola tem a cara do seu diretor. A influncia da pessoa do diretor decisiva. ele (ela) quem traa o rumo e assume a liderana. Ao entrar em uma escola onde o diretor bom, percebe-se, no primeiro instante que, h uma diferena no ar. Igualmente, o diretor fraco puxa toda a escola para baixo. Portanto, de tudo que se pode fazer para tornar uma escola eficaz, o mais decisivo, de impacto mais imediato e mais determinante escolher bem seu diretor.

    2. Expectativas

    As escolas eficazes mantm altas expectativas a respeito de seus alunos. Expectativas elevadas, mas realistas. E a escola trabalha para alcanar e superar essas expectativas. Elas so definidas na viso que a escola tem de si mesma e detalhadas nos objetivos e metas prioritrios de ao. A escola eficaz aquela que aposta no sucesso do aluno. a escola que se compromete a fazer todo aluno dar certo. Nisso, elas so muito diferentes daquelas escolas que adotam uma atitude fatalista, que acreditam que o aluno no aprende porque so pobres, ou porque tm QI abaixo da mdia, ou porque seus pais no se interessam por eles. A escola ineficaz adota a pedagogia do fracasso. A escola ineficaz acha que reprovar alunos normal, a escola que adota a pedagogia da repetncia. A escola eficaz abraa a pedagogia do sucesso.

    3. Atmosfera

    As escolas eficazes tm e mantm um clima de trabalho, o ritmo do trabalho escolar. O ambiente propcio aprendizagem. As regras e seu funcionamento, os calendrios e horrios, os programas de ensino e atividades curriculares e extracurriculares, at mesmo as festas e solenidades giram em torno do objetivo central da escola: fazer o aluno aprender. H presso para ensinar, para aprender e para que todo aluno logre sucesso acadmico. A escola eficaz no faz concesses para o fracasso, nem perde tempo buscando desculpas. Ela se organiza para propiciar

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    e promover a aprendizagem e no apenas para manter a sala do diretor limpa ou os registros em ordem. Isso tambm acontece, mas no o objetivo central da escola.

    4. Autonomia pedaggica

    Na escola eficaz, os professores e dirigentes se sentem responsveis e se responsabilizam pelas decises pedaggicas: o que ensinar, quando ensinar, como ensinar. Existe um senso comum de misso no apenas cada professor ministrando a sua matria. A escola possui uma proposta, um programa que compartilhado por todos e implementado atravs das atividades que acontecem dentro e fora da sala de aula. Tudo na escola eficaz educativo, tudo contribui para os objetivos educacionais. A autonomia pedaggica da escola eficaz tambm caracteriza uma elevada ambio: a escola no se contenta com objetivos genricos, medocres. Ela estabelece altos padres de desempenho e se compromete a obt-los.

    5. Uso do tempo

    O tempo o recurso mais precioso da escola. O tempo dos professores o insumo mais caro representa mais de 60% dos custos totais da escola. O tempo dos alunos tambm valiosssimo: passa depressa e se o aluno no aprende na hora devida ter muito mais dificuldades depois. Alm disso, custa dinheiro: um ano de reprovao custa o mesmo valor de um ano de aprovao s que tem de ser repetido e desestimula o aluno. O tempo da escola eficaz se reflete no calendrio, no ritmo das atividades, no rigoroso cumprimento do ano letivo e das horas-aula. O tempo da aula dedicado principalmente as atividades acadmicas. Na escola eficaz no se perde tempo. As tarefas de casa, atividades de contra turno e atividades extracurriculares so consideradas uma extenso necessria do tempo escolar.

    6. Acompanhamento de progresso do aluno

    Na escola eficaz professores e dirigentes sempre sabem em que ponto est o aluno: se est aprendendo, o que est aprendendo, que progresso est fazendo. O acompanhamento permanente, h sesses regulares para avaliar cada aluno. Na

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    escola eficaz, a avaliao serve, principalmente, para que professores e dirigentes acionem as medidas preventivas e corretivas de forma que todos os alunos tenham condies de avanar acompanhando o programa de ensino.

    7. Profissionalismo

    Na escola eficaz, dirigentes e professores so escolhidos por critrios de competncia e trabalham de maneira profissional. Todos assumem compromissos em seus planos de trabalho. Os planos individuais de trabalho so integrados ao PDE Plano de Desenvolvimento da Escola e incluem as atividades a serem realizados pelos professores e dirigentes, os resultados a serem alcanados e tambm as estratgias de capacitao e desenvolvimento pessoal e profissional. Essas estratgias so focalizadas no programa de ensino dos alunos. Na escola eficaz, essas estratgias de capacitao no so decididas na Secretaria de Educao: Elas fazem parte das tarefas da escola e so responsabilidade dos profissionais e do diretor.

    8. Apoio e Participao dos pais

    Na escola eficaz, os pais compartilham a viso e as expectativas da escola a respeito do sucesso dos filhos. Os pais acreditam nos filhos e na capacidade da escola em assegurar-lhes o sucesso; participam ativamente da vida escolar dos filhos em casa e tambm da vida da escola seja como voluntrios ou membros das organizaes escolares. Atravs dos pais, a escola tambm envolve a comunidade, atraindo voluntrios e parceiros para colaborar na obteno de seus resultados.

    Na concepo de Paulo Freire, no h mais o chefe que manda, porque tudo sabe, e este saber lhe d poder, mas o colega de equipe, que coopera, que apia que coordena. E cada um da equipe, tem, a partir de metas construdas em funo de um objetivo comum, um conjunto possvel e variado de tarefas e funes a desempenhar.

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    Atividade Dissertativa

    A escola eficaz convive em um mesmo ambiente de outras escolas que no alcanam os mesmos resultados, ou seja, a escola eficaz funciona face aos problemas, dificuldades e adversidades iguais s de outras escolas que no so eficazes.

    Apresente, em (01) uma pgina, os pontos que tornam uma escola eficaz e se quiser ousar exemplifique.

    Profissionalismo e Educao

    no amplo contexto educacional que se constroi a cidadania. Algumas questes ainda persistem em emperrar a educao e uma delas a burocracia estatal onde as muitas exigncias tornam morosas as aes e os servios prestados tanto na educao pblica quanto na particular.

    As regras do mercado ainda seguem o pai da economia moderna, que considerado o mais importante terico do liberalismo econmico, Adam Smith.

    Uma de suas obras mais conhecidas, ainda referncia para as geraes de economistas. Smith procurou demonstrar que as naes enriqueceriam se a atuao dos indivduos movesse por seus prprios interesses. Esta atuao promoveria o crescimento econmico e inovaes tecnolgicas.

    No a benevolncia do padeiro, do aougueiro ou do cervejeiro que eu espero que saia o meu jantar, mas sim do empenho deles em promover seu auto-interesse. Adam Smith.

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    Este pensamento autointeresse - gerou durante anos e ainda persiste em um olhar individualista onde as questes sociais acabaram esquecidas em nome do sucesso pessoal.

    Um exemplo sobre o discurso da qualidade na educao onde se confunde formao do cidado com satisfao do cliente. E ao estudarmos planejamento educacional tememos reduzi-lo a um mero projeto empresarial onde o objeto principal o lucro expressivo.

    O lucro que se busca na educao no pode ser somente individual, ou todo o processo educacional fica descaracterizado. Onde se estabeleceria o processo social se no no mbito educacional?

    A construo da sociedade prev muito mais do que sucesso individual e pessoal, ento deve caminhar na construo de pessoas competentes que sejam conscientes de sua influncia social. A aprendizagem de hbitos que constroem o carter tanto pessoal como social no se encontra na realizao de grandes leituras, quando ainda se jovem. Ela retirada da observao do comportamento daqueles que vivem no mesmo entorno sejam estes presenciais ou virtuais.

    Influenciar pessoas com valores positivos o principio de todos os profissionais da educao, sem desconsiderar os demais.

    Sabe-se que profisso uma atividade especializada dentro da sociedade e exercida por um profissional que desenvolveu certas habilidades especficas adquirindo experincia em uma determinada rea. Alm das habilidades especficas, a profisso deve ser exercida na sociedade com autonomia relativa sob as bases dos padres de auto-regulao da comunidade praticante.

    Apresenta sempre um compromisso pblico e um comprometimento pessoal de cada praticante nas atividades sociais onde a atuao gera o bem comum.

    O profissional deve estar ciente e se contrapor tanto a prtica mercenria quanto a amadora.

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    O sentido etimolgico da palavra professor vem de professar, aquele que declara a sua competncia e, com base nela proclama a sua relativa independncia que at em suas aes mais corriqueiras lhe so exigidas um profundo senso de profissionalismo.

    O comprometimento e o sentimento em contribuir para as questes do bem comum devem estar inseridas no reconhecimento social, na auto-regulao de suas atividades que lhe favoream tanto a dignidade quanto o orgulho em exercer atividades que influenciam diretamente a sociedade na qual se inserem.

    Se os profissionais da educao professam a sua competncia, o mesmo deve ocorrer com a sade e com a justia. Estas profisses esto na base da formao de uma sociedade equilibrada e que procura justia em suas aes e os profissionais se comprometem com seus atos pblicos renunciando muitas vezes os interesses pessoais, utilizando amplamente a capacidade de doao que nem sempre se apresentam em outras profisses.

    O profissional da educao age diretamente nas aes da cidadania e desempenha um papel decisivo no que se refere articulao entre o individual e o coletivo e no se conforma com a mera insero social. No basta inserir o excludo no sistema social sem que lhe d as devidas condies de prosseguir e construir o que lhe devido.

    O que se pretende com estas aes a insero de pessoas em uma comunidade economicamente ativa e melhor provida de condies ambientais, culturais e sociais, nas causas comunitrias mais emergentes.

    As aes da insero social tm seu inicio na famlia, mas so amplamente experimentadas nos anos de vida escolar. aqui que os profissionais da educao entram e preparam cada pessoa para viver os atos de cidadania mostrando-lhes os limites de suas aes e estimulando-os a agir dentro das regras de tica e princpios que equilibram uma sociedade saudvel e comprometida com o seu prprio crescimento.

    No h hbitos de educao, sade ou justia social que no precise ser demonstrada ou ensinada nos limites escolares. E somente aquele que professa realmente o seu

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    compromisso como educador pode fazer florescer novas atitudes comprometendo-se com a sociedade na qual est estabelecido.

    Diagrama - Princpios da profisso

    Arquitetura de Princpios

    Equilbrio

    Integridade

    Tolerncia

    Cidadania

    Profissionalismo

    Personalidade

    Elaborao: Professora Ana Maria Furtado/ESAB

    Cidadania formao de pessoas capazes de partilhar a sociedade, suprindo suas necessidades vitais, culturais, sociais e polticas e, assim construindo uma nova ordem social. A conquista da qualidade de vida, a preservao da dignidade humana bem como da natureza e do meio ambiente so aes de cidadania.

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    UNIDADE 3 Objetivo: Desenvolver habilidades para romper com antigos paradigmas, construindo estratgias de resoluo que favoream a autonomia administrativa.

    A Questo da Autonomia

    A escola eficaz tem autonomia financeira, administrativa e pedaggica. A extenso e os limites dessa autonomia so em grande parte, decididos pelas secretrias de Educao, mas podem ser conquistados e ampliados pelo trabalho da prpria escola.

    Autonomia Percebida e Desejada

    Em qualquer situao e qualquer que seja o grau de autonomia e eficcia da escola requer o apoio das autoridades de ensino. No Brasil, as escolas privadas so as que tm mais autonomia. Controlados todos os outros fatores, inclusive a origem social de seus alunos, seu desempenho mdio consistentemente superior mdia das escolas pblicas: os alunos alcanam resultados de 20% a 25% superiores no Sistema de Avaliao de ensino Bsico e concluem o ensino fundamental com 8,4 anos de escolaridade contra 12 anos da escola pblica.

    Essas evidncias no sugerem que o ensino deva ser privatizado, nem to pouco que todas as escolas privadas so melhores que as escolas pblicas. Mas confirmam os dados da literatura a respeito da importncia da autonomia para a eficcia escolar.

    Diferentes pases atribuem diferentes graus de autonomia s escolas pblicas. Os resultados tambm variam mas no so comparveis, pois as condies de funcionamento tambm no o so. Um pas pequeno, com muitos recursos e excelentes professores, pode lograr excelentes resultados mesmo de forma centralizada.

    Pases diferentes centralizam aspectos diferentes: currculo, material didtico, decises sobre enturmao, critrios de promoo, avaliao de alunos, entre outros. Portanto, no h

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    uma regra bsica e universal que comprove que total descentralizao melhor que total centralizao.

    A experincia das escolas eficazes demonstra que os melhores resultados ocorrem quando as Secretarias da Educao atuam como instncias normativas, facilitadoras e estimuladoras da autonomia da escola, e no quando tomam o lugar da escola na definio de suas propostas ou na soluo direta de seus problemas.

    Cabe tambm, a estas instncias assegurar s escolas os insumos mnimos necessrios para seu funcionamento: pessoal, professores qualificados, recursos financeiros e outros recursos bsicos para o funcionamento de qualquer escola.

    O Ensino Eficaz

    At aqui tratamos da escola eficaz. Mas muito do sucesso da escola eficaz depende do ensino eficaz, ou seja, do que acontece na sala de aula. Como o diretor pode assegurar que o ensino est sendo eficaz?

    Em escolas eficazes, h pelo menos, seis instrumentos que so elaborados, escolhidos e utilizados de forma consistente no dia a dia da escola:

    1. O Plano de Desenvolvimento da Escola

    Em que esto explicitados a misso educacional, compromissos e principais metas da escola.

    2. A Proposta Pedaggica

    Na qual est explicita, de maneira clara e objetiva, as pretenses de ensino, os contedos e as orientaes gerais da escola a respeito de como vai atingir os seus objetivos.

    3. O Plano de Curso

    De cada professor, em que se detalha o que ser feito ao longo do ano letivo;

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    4. O Plano de Aula

    Em que cada professor especifica o que vai realizar em cada aula, unidade ou projeto.

    5. Os Materiais de Ensino

    Particularmente livros didticos, livros de referncia, biblioteca e demais materiais necessrios para programar os planos de cursos e a proposta pedaggica.

    6. Os Instrumentos de Avaliao

    Atravs dos quais professores, especialistas e dirigentes da escola acompanham, avaliam e tomam decises preventivas e corretivas sobre cada aluno.

    Podemos ento resumir:

    Ensino Eficaz Plano de Desenvolvimento da Escola

    Proposta Pedaggica Plano de Aula

    Materiais de Ensino Instrumento de Avaliao

    A Sala De Aula Eficaz

    A sala de aula o corao da escola. l que acontece, ou deixa de acontecer; tudo o que a escola se prope a fazer. dentro dela que o aluno aprende ou deixa de aprender; que adquire hbitos adequados e saudveis de estudo. na sala de aula que ou ele aprende a aprender ou aprende a ficar eternamente dependente dos professores e das instrues.

    Caracteriza uma sala de aula eficaz:

    O professor planeja e executa de maneira pontual e dirigente o seu plano de trabalho;

    Os alunos passam a maior parte do tempo, envolvidos em atividades importantes, que conduzem a aprendizagens relevantes;

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    O professor de cada disciplina estabelece relaes entre os contedos e objetivos aprendidos e os contedos e objetivos de outras disciplinas e atividades extraclasse, consistentes com a proposta pedaggica da escola;

    H uma variedade de mtodos e tcnicas de estudo;

    Os objetivos, contedos e mtodos de ensino so adequados ao nvel de competncia do professor e as caractersticas dos alunos.

    A Controvrsia Sobre as Teorias e os Mtodos Didticos

    H muita controvrsia, quase sempre fruto de mal entendido ou de posies precipitadas a respeito do que sejam teorias, mtodos tcnicas de ensino. Em algumas escolas, e em certos ambientes educacionais, discusses a respeito desses assuntos por vezes adquirem o aspecto de uma verdadeira batalha campal.

    As evidncias cientficas nessa rea so bastante precrias. Algumas delas, no entanto, tendem a corroborar o senso comum. As mais importantes, do ponto de vista prtico so:

    As teorias no so verdadeiras nem falsas. Elas so frteis ou estreis. Ou seja: se a teoria frtil, d frutos, se no descartada. Por definio, as teorias passam, so suplantadas por novas teorias que explicam melhor os fenmenos no caso, os fenmenos da aprendizagem;

    Existem, basicamente, trs grandes mtodos de ensino. O mtodo didtico, mtodo tutorial e o mtodo socrtico.

    No mtodo didtico, o ensino estruturado, em maior ou menor grau. No mtodo tutorial, tpico das situaes de mestre e aprendiz, o mestre vai guiando o aprendiz atravs de situaes concretas, atravs da imitao. Do exemplo, da correo e, muitas vezes, a partir da prpria situao de trabalho. No mtodo socrtico, o mestre (Scrates, ou algum com este tipo de preparo) induz o conhecimento, retirando o conhecimento do aluno, atravs de perguntas bem arquitetadas.

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    Na prtica escolar, o que existem so variaes do mtodo didtico, com vrias ocorrncias dos outros mtodos. Os demais mtodos, embora sejam excepcionalmente robustos, requerem professores com nvel e grau de preparao extremamente sofisticada. A grande variao dentro do mtodo didtico est no grau da estruturao dos contedos, da atividade do professor e das atividades do aluno. H mtodos didticos mais ou menos dirigidos, mais ou menos interativos, mais ou menos reflexos. Cada mtodo didtico mais adequado para certos objetivos. Alguns enfatizam mais raciocnio, outros, a criatividade, a aquisio de conceitos, e assim por diante.

    As evidncias indicam que a maioria dos alunos aprende com algum mtodo, e que a maioria dos mtodos, se usados adequadamente, promove a aprendizagem.

    As evidncias tambm indicam que mtodos mais estruturados so eficazes que mtodos menos estruturados, sobretudo nas situaes em que os professores possuem menos preparo e menor domnio do contedo.

    A prtica indica que os professores mais experientes so os que usam uma variedade maior de mtodos, de acordo com a necessidade dos seus alunos.

    O importante na escola eficaz, no a virtude de escolher o melhor mtodo. O que importa so os resultados. As teorias, processos pedaggicos, mtodos e tcnicas so variados e variveis, dependendo dos objetivos a serem atingidos. O importante que o aluno aprenda de forma consistente com a proposta da escola mtodo e a forma de ensinar devem variar para tornarem-se adequados ao aluno.

    SUGESTO DE LEITURA:

    Gesto educacional no contexto da Territorializao - Isabel Bravo

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    UNIDADE 4 Objetivo: Aprimorar-se nas questes especficas do desempenho cognitivo dos alunos de forma abrangente, de modo que o progresso dos mesmos reflita em uma sociedade mais capacitada e preparada para se autosuperar.

    O Desempenho dos Alunos

    A escola eficaz estabelece expectativas elevadas, refletidas na viso, nos objetivos, nas metas e, mais do que tudo, no desempenho dos alunos. Normalmente, a escola eficaz espera que todos os alunos de uma determinada turma obtenham um nvel mnimo de desempenho pr-estabelecido e este nvel vai sendo progressivamente elevado, a cada ano. Algumas escolas vo alm; estabelecem que a maioria dos alunos 80%, 90% ou mais dever atingir nveis progressivamente mais altos. Ou seja, nestas escolas, no a maioria apenas a mdia dos alunos, interessa conseguir que a maioria dos alunos atinja resultados elevados pr-estabelecidos e, que a meta seja sempre de autosuperao.

    O problema prtico: a limitao do tempo. As pesquisas mostram que quando o tempo de aprendizagem fixo (200 dias, 4 horas de aula por dia) o desempenho dos alunos varivel, ou seja, uns aprendem mais, outro menos. Por outro lado, estudos sobre aprendizagem para o domnio mostram que quando o tempo varivel e o ensino adequado todos os alunos podem atingir um objetivo pr-determinado.

    Todos os alunos podem atingir nveis aproximadamente equivalentes de desempenho, mas para isto necessrio respeitar o ritmo individual.

    H vrias formas de assegurar elevados nveis de desempenho. Uma delas formar turmas de acordo com suas capacidades. A outra estabelecer contedos, currculos ou mesmo nveis diferentes de desempenho para alunos de uma mesma turma. Desta forma, cada aluno atinge o nvel considerado adequado para a sua situao. Uma terceira estabelecer mecanismos e tempos adicionais ou compensatrios: aula extra, contraurno, tempo extra,

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    recuperao, entre outros, como forma a assegurar os objetivos propostos de forma mais eficaz.

    Como Criar uma Escola Eficaz?

    Como j lhes disse no h milagres, segredos ou frmulas mgicas. Vou indicar agora os ingredientes que tornam uma escola eficaz. Vou lhes apresentar os conceitos e os instrumentos essenciais para tornar uma escola eficaz.

    No Brasil, existem centenas de escolas que podem ser chamadas de escolas eficazes. Cada uma delas tem uma origem diferente, uma histria diferente, uma diferente trajetria de mudana. Cada uma comeou num ponto, enfatizando diferentes aspectos da gesto escolar.

    O que as escolas eficazes tm em comum: uma liderana forte, capaz de mobilizar a comunidade escolar em torno de objetivos comuns, estabelecerem objetivos claros, manter o foco nas prioridades e assegurar os meios e o clima para atingir seus objetivos.

    Existem algumas sugestes para que possamos comear:

    Identifique um problema acadmico importante: repetncia, evaso, alunos no alfabetizados, baixo nvel de leitura ou matemtica.

    Identifique as pessoas que esto dispostas a colaborar na soluo (professores, pais, alunos, voluntrios);

    Identifique, com o grupo de pessoas, uma soluo que j deu certo em outra escola e que tem condies de dar certo na sua. Aja com criatividade, mas com segurana;

    Estabelea metas para resolver o problema. Programe a soluo. Acompanhe os resultados, corrija os rumos, se necessrio. Envolva outros membros da comunidade escolar;

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    Utilize o sucesso para traar novos planos. Incorpore estas idias no PDE. Estabelea o colegiado. Transforme esta primeira iniciativa num processo permanente de melhoria.

    O Que os Especialistas Recomendam:

    Dez especialistas renomados foram convidados para analisar as pesquisas existentes e dizer quais seriam as intervenes mais eficazes:

    Designar os melhores professores para a 1 Srie;

    Cumprir o ano letivo de 200 dias e a carga horria mnima;

    Assegurar que o mesmo professor fique com os alunos durante todo o ano;

    Usar avaliao externa e discutir os resultados com os professores;

    Estimular os pais a estimularem os filhos desde pequeninos, sobretudo no manuseio e uso de livros.

    Graus de Autonomia Escolar

    Como a autonomia sempre relativa, foram criados 3 nveis para refletir os diferentes estgios em que se encontra uma escola ou rede de ensino:

    Autonomia Plena

    Parcial

    Mnima

    Cada dirigente saber identificar a real situao de sua escola hoje e qual o nvel de autonomia desejvel.

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    Administrativa

    Item Autonomia Plena Autonomia Parcial Autonomia Mnima

    Tamanho

    Da Escola

    Escola decide

    Nmero de alunos, turmas, turnos.

    Estado define tamanho da Escola e esta decide o tamanho das turmas.

    Estado decide tamanho e nmero de turmas e turnos.

    Enquadramento de novos alunos

    Escola decide srie para novos alunos.

    Estado estabelece parmetros e a escola os aplica.

    Estado decide, por regra, para onde o aluno ir.

    Critrios para admisso de alunos.

    Escola estabelece critrios para aceitar/ou no alunos

    Estado estabelece regras gerais e a escola faz as suas prprias regras.

    Estado estabelece regras aplicveis escola.

    Seriao Escola decide sobre sries e ciclos

    Escola possui alguma flexibilidade para enturmao dentro de regras do Estado.

    Estado determina sries e/ou ciclos.

    Admisso/seleo de professores

    Escola estabelece e aplica critrios de seleo de professores.

    Estado estabelece critrios gerais; escola escolhe seus professores dentro dos critrios.

    Estado estabelece e aplica critrios para indicar que professores lecionem e, em que escolas.

    Demisso /Aposentadoria de professores

    Escola demite funcionrios de acordo com seus critrios.

    Estado estabelece critrios e a escola os aplica.

    Estado estabelece e aplica critrios de remoo de professores.

    Carreira/incentiv Escola estabelece Estado estabelece critrios Estado estabelece e aplica

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    o (professores) polticas prprias. gerais e a escola os aplica. polticas de carreiras e incentivos.

    Capacitao de professores

    Escola define e implanta planos de capacitao.

    Estado define poltica de capacitao e a escola a aplica.

    Estado opera atividades de capacitao diretamente.

    Autoridade do dirigente (gesto)

    Direo com ampla margem de autoridade.

    Direo com Margem de autoridade relativamente limitada pelo Estado e a determinados assuntos.

    Margem de autoridade e gama de assuntos fortemente limitada.

    Autoridade interna (gesto)

    Funo bsica dos colegiados apoiar o dirigente.

    Funo bsica dos colegiados controlar, observar o dirigente.

    Escola no possui colegiado ou quando o possui no tem papel relevante.

    Escolha de dirigentes (gesto)

    Responsveis pela escola escolhem seus prprios dirigentes.

    Estado estabelece regras para escolha de dirigentes com alguma sano de instncias intermedirias.

    Estado escolhe dirigentes mediante concurso, nomeao ou outra forma, sem consulta comunidade escolar.

    Processo decisrio/colegiado (gesto)

    Diretor tem ampla margem de autonomia, dentro de parmetros estabelecidos por conselhos e colegiados.

    Diretor tem margem de autonomia limitada por decises dos conselhos ou colegiados.

    Autonomia do diretor mnima perante o Estado e/ou perante colegiado.

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    Pedaggica

    Item Autonomia Plena Autonomia Parcial Autonomia Mnima

    Filosofia Educacional Escola determina sua filosofia de atuao e concepo educativa.

    Estado determina limites gerais e escola escolhe dentro deles.

    Estado impe orientao ou probe de definir ou determina orientao.

    O que ensinar Escolas definem contedos

    Estado define diretrizes curriculares e parmetros para avaliao do ensino.

    Estado prescreve o que deve ser ensinado e delimita o que ser avaliado.

    Como ensinar Escola escolhe mtodo. Estado define ou condiciona opes e preferncias de mtodos.

    Estado prescreve mtodos.

    Avaliao Escola escolhe e aplica critrios prprios para avaliar seus alunos.

    Estado define regras para avaliao; escola e professores aplicam.

    Estado define regras e as aplica a cada escola/aluno.

    Promoo Escola decide sobre promoo de alunos.

    Estado determina critrios gerais para admisso e promoo; escola os aplica.

    Estado determina critrios de promoo (automtica dependncia de alunos etc.).

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    Financeira

    Item Autonomia Plena Autonomia Parcial Autonomia Mnima

    Captao de recursos

    Escola capta seus prprios recursos atravs dos alunos ou repasse de recursos (bolsas, per capita, etc.).

    Estado aloca recursos escola, mas a escola possui certa autonomia para buscar recursos adicionais.

    Estado praticamente no possui autonomia nem condies para captar recursos.

    Alocao de recursos Escola capta recursos dos alunos ou recebe seus recursos

    pontualmente do financiador.

    Estado aloca recursos de critrios objetivos e de forma pontual.

    Recursos no so alocados escola ou o so de forma intempestiva.

    Uso de recursos Escola mobiliza e usa recursos.

    Estado transfere recursos por critrio per capta. Direo tem ampla margem para aloc-los.

    Escola possui ou recebe pouco ou nenhum recurso e quando recebe no tem flexibilidade para seu uso.

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    SUGESTO DE LEITURA:

    O Lder do Futuro John Naisbitt, Editora Sextante (Captulo 9 Modelo Mental)

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    UNIDADE 5 Objetivo: Conhecer as alternativas de enturmao para que possa fazer opo frente gesto de uma escola, ajustando a teoria e a prtica para um desempenho eficaz.

    As Formas de Enturmao

    Muito dos desafios dos gestores escolares encontra-se na busca da forma de enturmao de alunos, onde haja coerncia. Ento como agrupar alunos? Por idade? Sexo? Conhecimento? Maturidade? Sries? Ciclos? Ou quem sabe interesses?

    Grande parte dos problemas de aprendizagem, da necessidade de recuperao e da reprovao de alunos, decorre de desajustes entre a forma de enturmao dos alunos usada pela escola e forma de enturmao que seria mais adequada para cada aluno.

    Na prtica, a escola dificilmente pode fazer aquilo que seria ideal, embora seja muito difcil definir uma forma ideal de enturmao. Portanto, necessrio conhecer as alternativas de enturmao, as vantagens e as desvantagens de cada uma delas e as formas de compensar as suas limitaes e deficincias.

    Teoricamente, as escolas e as redes de ensino possuem flexibilidade para enturmar seus alunos de acordo com seus prprios critrios. Na prtica, algumas alternativas so mais viveis do que outras, embora no sejam as melhores ou as ideais, de acordo com algumas teorias ou hipteses a respeito de como as escolas deveriam funcionar. E as que seriam consideradas melhores nem sempre so viveis.

    Os critrios para avaliar os efeitos da enturmao relacionam-se fundamentalmente com a aprendizagem dos alunos e o seu fluxo, ou seja, com as polticas de reteno, aprovao e reprovao dos alunos: o quanto os alunos aprendem em um determinado tempo; qual a variao do nvel de aprendizagem entre os alunos de uma mesma turma; como e em quanto tempo os alunos progridem ao longo dos anos de sua escolaridade.

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    Vamos examinar agora os quatro meios mais usuais de formarem-se as turmas dos alunos:

    1. Enturmao por srie

    a forma mais utilizada na maioria dos pases do mundo e na maioria das escolas do Brasil. A escolarizao se divide em nveis ou graus de ensino (fundamental, mdio etc.) e os nveis e graus se dividem em sries.

    Normalmente, uma srie corresponde a um ano letivo, Alm disso, existe uma expectativa de correspondncia entre idade e srie, ou seja; entrando aos 6 anos na escola espera-se que os alunos de uma determinada idade estejam na srie correspondente por exemplo; alunos de 10 anos na quarta srie e alunos de 14 anos na oitava srie.

    2. Enturmao por ciclos

    O conceito de ciclos, como entendido no Brasil, refere-se a uma unidade que menor que o nvel de ensino e maior que uma srie.

    Em algumas redes de ensino, por exemplo, o ensino fundamental subdividido em ciclos que duram de 2 a 4 anos. O conceito de ciclos empregado no lugar do conceito de sries escolares, tanto para efeitos de planejamento de atividades didticas (o currculo), quanto para efeitos de avaliar os alunos para fins de promoo.

    o que se denomina de regime de progresso continuada. Enquanto esto dentro de um ciclo, os alunos no so aprovados nem reprovados. Decises quanto mudana de ciclos s ocorrem ao final de cada ciclo.

    No entanto, mesmo em redes e escolas onde se utiliza este conceito de ciclos, muito usual a prtica de continuar seriando os alunos dentro de um ciclo, mesmo porque os alunos progridem como uma turma, ao longo do ciclo.

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    3. Classes multisseriadas

    Classes multisseriadas existem em todo o mundo, inclusive em pases desenvolvidos e ricos. Geralmente, so utilizadas em zonas rurais, de baixa densidade populacional. Nestas classes, geralmente com 20 pessoas ou menos, os alunos so agrupados de acordo com a srie e fazem atividades diferentes, embora sejam ensinados por um mesmo professor.

    4. Classes especiais

    H vrios tipos de classes especiais. Por exemplo, classes para alunos mais atrasados ou mais adiantados, de uma mesma srie; ou classes especiais de acelerao, entre outras.

    Tanto a teoria pedaggica quanto a legislao brasileira so muitos frteis em propor e prever diversas possibilidades de enturmao, alm destes quatro tipos mais usuais descritos acima.

    Outras formas possveis de formar turmas de alunos

    Estudos interdisciplinares.

    Estudos por Projetos.

    Agrupamentos por reas de interesse.

    Agrupamento por nvel de desenvolvimento cognitivo.

    Agrupamento pelo tipo de inteligncia.

    Oferta semestral de cursos.

    Matrcula por disciplina.

    Matrcula por dependncia.

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    Existe sempre a possibilidade, raramente utilizada, do ensino individual, tutorial ou por mdulos entre outras que podem ser introduzidas por responsabilidade neste rol.

    Embora existam inmeras formas de enturmao, a forma mais usual a de enturmao por srie. Isto no significa que seja melhor que as outras, mas o fato de ser mais usual significa que enturmar por srie oferece inmeras vantagens prticas.

    Ao mesmo tempo, significa que as outras formas de enturmao, inclusive enturmao por ciclos, oferecem, alm de vantagens, desafios no triviais que nem sempre as escolas esto capacitadas para superar.

    As Questes Tericas e as Questes Prticas

    Em tempos remotos, os alunos eram ensinados, individualmente, pela famlia ou por preceptores. S mais tarde surgiram escolas comunitrias, religiosas e depois pblicas. O surgimento das escolas exigiu critrios para agrupamento dos alunos. Esses critrios, milenares, surgiram numa poca em que o volume de conhecimento existente o conhecimento sobre o que aprendemos e as prprias tecnologias de ensino eram muito diferentes dos de hoje. No entanto, apesar de todos os avanos no conhecimento, nas tecnologias e nas formas de organizao, perduram e predominam nas escolas as formas tradicionais de enturmao.

    A seriao constitui-se no critrio mais usual do mundo e, se d em funo de um conjunto de conhecimentos e objetivos que se pretende ministrar num determinado perodo de tempo o ano letivo.

    O critrio de enturmar o aluno por srie em funo de sua idade se baseia no pressuposto de que os alunos de idade semelhante possuem nveis de maturidade semelhantes o que significaria interesses mais ou menos prximos e, consequentemente, facilitaria os processos de socializao. Ao adotar este critrio, as escolas buscam um mnimo de homogeneidade, sejam homogeneidade de contedos os contedos de Geografia da 5 srie, por exemplo seja homogeneidade dos alunos conhecimento pr-requisitos, maturidade, etc.

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    Na prtica, qualquer turma sempre heterognea. E isto no necessariamente mau. Por mais que os contedos a serem ensinados sejam os mesmos e as idades prximas, os alunos sempre tero desempenho diferenciado em relao ao seu domnio. Uns vo terminar o ano sabendo mais, outros menos.

    O mesmo se d em relao ao nvel de maturidade, que no corresponde a uma idade cronolgica precisa. Os pressupostos de que alunos de idade semelhante tm nveis de maturidade parecidos, ou que nveis de maturidade parecidos implicam interesses comuns, no se verifica.

    Na prtica, verificam-se efeitos benficos no contato entre pessoas de idades diferentes, inclusive dentro de escolas e salas de aula. Mas isso no tem levado as escolas, em todo o mundo, a praticar formas diferenciadas de enturmao. O problema terico de definir a forma ideal de agrupamento insolvel. Testa ao diretor saber como enfrentar os problemas prticos de enturmao e compensar as desvantagens do modelo escolhido.

    SUGESTO DE LEITURA:

    Gesto Educacional: Planejamento Estratgico e Marketing Marcos Amncio P. Martins

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    UNIDADE 6 Objetivos: Conhecer e conceituar com preciso as vantagens e as desvantagens do sistema seriado, bem como conhecer o uso do ciclo para que se possa na prtica buscar alternativas coerentes na gesto educacional.

    Limitaes e Desvantagens do Sistema Seriado

    Apesar das vantagens, sobretudo de natureza prtica, a seriao apresenta fortes limitaes e desvantagens, que precisam ser conhecidas para serem compensadas de outras formas.

    Ritmo Diferenciado

    Uma das maiores diferenas de aprendizagem entre as pessoas refere-se ao ritmo: embora alunos possam chegar a aprender aproximadamente as mesmas coisas, o ritmo com que fazem bastante diferenciado.

    H alunos mais rpidos e h outros mais lentos. H alunos que progridem mais rapidamente em algumas disciplinas ou atividades do que em outras. Quando todos os alunos so colocados em uma turma, que deve seguir o mesmo ritmo, em funo de qualquer critrio, os resultados tendero a ser muito variados. Isto vale para enturmao por idade, srie ou ciclo.

    A falta de estratgias para lidar com o ritmo diferenciado dos alunos nos sistemas seriados uma das causas mais importantes da baixa aprendizagem dos alunos e dos elevados nveis de reprovao.

    Alunos Defasados Aprendem Menos Que Alunos Com Idade-Srie Ajustada

    No sistema de sries, os dados do ESAEB indicam que quanto maior a distoro idade-srie pior o desempenho. Ou seja; nos sistemas de sries os alunos mais velhos sistematicamente obtm notas piores que os alunos que esto na srie ajustada sua idade. Isto pode significar vrias coisas.

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    Uma hiptese: os alunos mais velhos so menos inteligentes, possuem mais dificuldades de aprendizagem ou so mais lentos para aprender. Pesquisas realizadas pela Fundao Carlos Chagas sobre alunos do programa Acelera, Brasil invalidam esta hiptese.

    A hiptese mais plausvel que o sistema seriado e as prticas usadas pelo professores favorecem os alunos com idade adequada e punem os alunos defasados.

    Essas prticas, inclusive, deixam de se beneficiar da presumida maturidade associada idade mais avanada. Concluso: o simples fato de colocar alunos de idade e nveis de conhecimento diferentes numa mesma turma no assegura melhores resultados para todos.

    A falta de estratgias diferenciadas para lidar com a heterogeneidade prejudica certos grupos de alunos. A aprendizagem colaborativa descrita abaixo se constitui numa dessas estratgias.

    Estratgia de aprendizagem colaborativa desenvolvidas por Robert Slavin nos USA, e aplicadas em diversos pases comprovam as vantagens de agrupar alunos com idades e nveis de conhecimentos diferentes.

    Essas estratgias, no entanto, s funcionam adequadamente quando outros componentes do processo de ensino esto presentes.

    De dentro da sala de aula, a metodologia usada, sobretudo, para colocar junto alunos de nveis de conhecimento diferentes e que so submetidos a tarefas fortemente estruturadas para maximizar a colaborao e os ganhos mtuos.

    Freqentemente, essas estratgias so usadas complementarmente ao sistema de enturmao seriada - por exemplo, atravs de atividades de contra turno em que os alunos mais velhos ajudam os alunos mais novos.

    (Slavin, 1983)

    Os alunos de uma mesma turma tm nveis de conhecimento e desempenho muitos diferentes, e qualquer professor sabe disto. Em qualquer grupo de 30 alunos, numa mesma

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    escola, as diferenas de conhecimento entre os alunos costumam ser bastante grandes. Comparando-se os alunos de diferentes escolas, as diferenas podem ser ainda maiores.

    Em certas regies brasileiras, um aluno que cursa a 8 srie numa escola possui conhecimentos equivalentes ao aluno de 4 srie de outra escola.

    Isso demonstra, entre outras coisas, que estar numa srie no significa que o aluno ir receber conhecimentos de determinado nvel e, muito menos, de que ele ser capaz de aprend-los. Demonstra tambm que a transferncia de alunos entre escolas sempre evidencia que o fato do aluno ter concludo uma determinada srie no garante que ele tenha um determinado nvel de conhecimento.

    Ciclos

    Muitas redes de ensino e escolas pblicas tentam superar os problemas apresentados pela seriao criando ciclos de estudos. Em princpio, os ciclos superariam alguns problemas mencionados acima, porque os alunos teriam mais tempo para aprender.

    Na prtica, a experincia de muitos estados, municpios e escolas que adotam os sistemas de ciclos revelam que:

    Muitas escolas continuam com sistemas de seriao interna, de forma ostensiva ou velada. Os ciclos so apenas uma fico burocrtica;

    Dentro do ciclo, os alunos so tratados de maneira uniforme, como no sistema regular de seriao. Os programas so os mesmos para todos os alunos de forma mais acelerada ou lenta;

    Algumas poucas pesquisas realizadas sobre o tema indicam que o resultado da aprovao dos alunos, no final do ciclo, to desastroso quanto nos sistemas de seriao anual. Isto sugere que houve apenas um adiamento do problema e no da aprendizagem e que durante o ciclo aluno no recebeu um atendimento mais adequado ao seu ritmo ou nvel de compreenso.

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    Estas distores no significam que o sistema de ciclos seja indesejvel ou invivel. possvel que o sistema de ciclos tenha sido implementado com sucesso em diversos casos. Possivelmente, seus efeitos globais no sero piores que o da seriao. A falta de avaliao no permite dizer quais so os seus benefcios. Sabe-se muito pouco a respeito do que ocorre com o ensino e com os alunos durante um ciclo. So tratados da mesma forma que no regime de seriao? H subgrupos? Como os professores lidam com os alunos mais lentos? E com os mais rpidos? Apenas sabemos que o assunto complexo e que solues aparentemente interessantes, como os ciclos, so mais difceis de programar com eficcia do que parece primeira vista.

    O Conceito de Ciclos em Pases Desenvolvidos

    Alguns pases desenvolvidos adotam um conceito de ciclos semelhantes ao que existe em certas redes de ensino no Brasil. A grande maioria dos pases adota o sistema de sries. Nos dois casos o conceito de ciclos bem mais restrito do que no Brasil. Na verdade, o ano letivo subdividido em unidades ou ciclos e, ao final de cada unidade, h mecanismos de recuperao para permitir aos alunos manterem-se no ritmo da turma. Independentemente da promoo estar vinculada ao final de uma srie ou de um ciclo, ao alunos recebem atendimento imediato, de maneira a evitar que acumulem um atraso significativo em relao aos seus colegas. O objetivo, na maioria dos pases, exceto nos USA, obter um desempenho mais uniforme dos alunos, atravs de estratgias de atendimento diferenciado. Nos Estados Unidos, a situao um pouco diferente e muito mais diversificada. Existe o conceito de srie e de conhecimentos e habilidades referentes a cada srie. Mas dentro de cada uma, os alunos podem ser agrupados em salas de nvel diferente. E mesmo dentro de cada sala, os alunos podem ser agrupados em subgrupos diferentes.

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    SUGESTO DE LEITURA:

    Slavin, R.F. Cooperative Learning. New York Longman, 1983

    Demo, Pedro Promoo automtica e capitulao da escola (ensaio, avaliao de polticas pblicas em educao) - RJ.

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    UNIDADE 7 Objetivo: Conhecer outras formas de enturmao e suas estratgias para que se possam gerenciar melhor os programas educacionais, adequando-se a teoria prtica.

    Classes Especiais para Circunstncias Especiais

    Classes multisseriadas Programas como o Escuela Nueva, da Colmbia, inspirados no mtodo de Lancaster. Provam-se adequados para lidar com classes rurais multisseriadas. Esses programas incluem materiais pedaggicos especiais, estratgias para lidar simultaneamente com grupos de alunos em diferentes sries e mecanismos adequados de capacitao e superviso de professores.

    O Modelo Da Escuela Nueva Foi Adaptado Para O Brasil, Sob O Nome De Escola Ativa.

    Em todo o mundo, as classes multisseriadas so uma soluo. Soluo para o problema de populaes isoladas e falta de densidade que justifique a instalao de uma escola com classes seriadas. Foram desenvolvidas inicialmente na Inglaterra (mtodo Lancaster) e, posteriormente implementadas no resto do mundo. No Brasil, por uma srie de razes histricas, as classes seriadas so, normalmente, consideradas um problema. Ademais, quase sempre as nossas escolas rurais e classes multisseriadas so dirigidas por professores sem formao bsica, ou formao especializada. Por isso que essas classes so consideradas problemas. Mas isto no tem que ser necessariamente assim.

    Na dcada de 60, comeou a ser desenvolvido na Colmbia um novo modelo de classes multisseriadas. Esse modelo adotou o nome de Escuela Nueva. Destinava-se aos alunos das zonas rurais, que na poca se encontravam em escolas to deficientes quanto as nossas. O modelo da Colmbia inclui o que de positivo havia nas experincias de outros pases e nos conhecimentos disponveis na poca sobre envolvimento comunitrio, mtodos de ensino estruturado e ensino por projetos. O modelo inclui uma estrutura pedaggica

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    uniforme, materiais de ensino comuns, materiais de ensino adaptados pelo professor s circunstncias locais, participao ativa dos alunos, uso intensivo de pequenos grupos e envolvimento dos pais e comunidades locais. E envolve naturalmente, a participao de professores capacitados. As avaliaes do projeto, ao longo de mais de 30 anos, demonstram seu sucesso: alunos de zona rurais obtm mdias semelhantes s de alunos das periferias urbanas o que, no contexto da Colmbia, como seria no Brasil, j significa um extraordinrio avano.

    Classes de Acelerao

    Programas de acelerao de estudos como comprovado no caso do programa Acelera Brasil, vm demonstrado consistentemente, que alunos defasados e com maior idade podem lograr resultados superiores aos de seus colegas de igual escolaridade, mas com menor idade, desde que colocados em programas adequados de ensino.

    A adequao do programa ao tipo de aluno no idade ideal que o aluno deveria ter pode constituir um fator determinante do aproveitamento escolar. Essas evidncias tambm sugerem que o ritmo implicado pelo regime de seriao pode ser superado com sucesso, dependendo de se prover ensino adequado ao nvel dos alunos. Esses resultados tambm sugerem, indiretamente, que as escolas e os professores no esto capacitados ou no dispem de instrumentos e materiais adequados para lidar com certas formas de heterogeneidade.

    Classes Especiais: As Classes de Acelerao

    Quem trabalha com educao h muitos anos j passou por diversas inovaes e mudanas. Mais do que verdadeiras inovaes, muitas delas poderiam ser chamadas de modas. Outras que ficam muito tempo como as classes para alunos que apresentam atraso em seu desempenho melhores seriam chamadas de tumores.

    Nos ltimos anos, vm se desenvolvendo, em todo o pas, iniciativas diversas com o nome de classes de acelerao. Essas classes normalmente se destinam a alunos do turno diurno e seu objetivo permitir a eles acelerar os seus estudos. A teoria simples: o aluno

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    defasado pode recuperar o tempo perdido se lhe for oferecida uma oportunidade adequada de aprender.

    Na prtica, as coisas funcionam de diversas formas. Dar o nome de acelerao para uma classe e juntar alunos com determinada caracterstica no bastam para assegurar que os alunos vo aprender e reajustar-se ao ciclo normal das escolas. Recentemente publicao de MEC/INEP, intitulada Programas de Correo Escolar ilustra como isso vem ocorrendo na maioria dos programas que leva este nome.

    Existem, no entanto, algumas experincias cujos resultados vm sendo comprovado atravs de avaliao externa. A nica que j publicou dados deste tipo, o Programa Acelera Brasil, vem sendo avaliada anualmente pela Fundao Carlos Chagas.

    As avaliaes deste Programa indicam que essas classes funcionam adequadamente quando:

    Fazem parte de uma estratgia de mudar a cultura da repetncia e adotar uma cultura de escola eficaz, a cultura do sucesso;

    Fazem parte de uma estratgia de correo do fluxo escolar e no apenas de acelerar alunos;

    Dispem de materiais adequados que chegam sala de aula no prazo adequado;

    Dispem de mecanismos adequados para selecionar, capacitar, supervisionar e acompanhar os professores;

    Dispem de mecanismos adequados de acompanhamento, controle e avaliao;

    Dispem de mecanismos de avaliao externa para assegurar a comprovao de resultados;

    Dispem de um prazo determinado de durao, de maneira a desaparecer das escolas e municpios to logo o problema seja resolvido;

    So implementadas para alunos j alfabetizados;

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    So implementadas em escolas que adotem, simultaneamente, programas adequados de alfabetizao;

    Dispem de mecanismos para compartilhar a experincia por toda a escola e, sobretudo

    Contam com o apoio decisivo e a liderana do diretor.

    O desafio de qualquer escola assegurar que os alunos desenvolvam ao mximo seu potencial e, dentro do possvel, dominem, num nvel e dentro de um tempo razoveis, um conjunto de conhecimentos e competncias definido como desejvel nas propostas pedaggicas das escolas e redes de ensino.

    No existem sadas fceis. A promoo automtica, por exemplo, associada ou no ao mecanismo de ciclos, no resolve o problema da aprendizagem. Apenas adia e cria outros problemas de enturmao.

    A reprovao macia de alunos tambm no se comprovou adequada: a reprovao no aumenta as chances de aprovao do aluno nos anos posteriores. A defasagem decorrente de mltiplas reprovaes, ao contrrio, reduz o desempenho dos alunos.

    Pesquisas realizadas em diversos municpios do pas e legitimadas com estudos em 45 municpios da Bahia confirmam que a grande maioria das escolas adota a prtica de reprovar 15% a 25% dos alunos, mas ao mesmo tempo aprova alunos no alfabetizados: cerca de 30% a 40% dos alunos multidefasados de 1 a 3 srie so analfabetos.

    Isso sugere, que mesmo escolas que reprovam maciamente seus alunos, acabam criando mecanismos de aprovao automtica para aqueles que ela no consegue, definitivamente, ensinar. O Pesquisador Pedro Demo denominou estas prticas de capitulao da escola.

    Os Problemas Prticos de Lidar com a Heterogeneidade na Sala de Aula.

    Leis, decretos e princpios gerais no ajudam muito a escola e o professor a resolverem o problema prtico de lidar com turmas heterogneas, nas quais os alunos possuem nveis de

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    conhecimento, interesse e maturidade diferentes. Isto acrescido pelas seguintes limitaes adicionais.

    A esmagadora maioria dos professores no est preparada para lidar com mais de um grupo de alunos ao mesmo tempo.

    Os professores, em sua grande maioria no Brasil e tambm na maior parte do mundo so formados para utilizar mtodos didticos baseados em:

    Um programa fixo de ensino para todos os alunos;

    Aulas expositivas ou voltadas para a turma como um todo. Raramente o professor capacitado para;

    Lidar com dois ou mais subgrupos de alunos, fazendo um mesmo currculo;

    Lidar com dois ou mais subgrupos de alunos, fazendo currculos ou captulos diferentes;

    Lidar com diferenas e peculiaridades individuais;

    Lidar, adequadamente, com classes multisseriadas.

    Ou seja: bem ou mal, os professores so treinados para lidar com um grupo de alunos como que homogneo. Na prtica, isto conduz aos elevados nveis de reprovao, baixa aprendizagem e desvantagem adicional para alunos defasados.

    Mas esta a realidade prtica da maioria dos professores. Isto pode explicar por que as tentativas de agrupar alunos por ciclos no vm produzindo os resultados positivos que seriam de se espera.

    Na prtica, a maioria dos professores no Brasil e na maioria dos pases do mundo acaba se dedicando aos alunos que no criam problemas de disciplina, ou aos alunos de desempenho mdio, deixando os mais adiantados e os mais atrasados sem maior ateno.

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    Os materiais e recursos didticos disponveis raramente contemplam a possibilidade de se lidar com programas e nveis diferentes de alunos numa mesma sala de aula.

    A maioria dos materiais didticos existentes ou disponveis destina-se a estudos seriados e se baseia na hiptese de que as turmas progridem no mesmo ritmo. Mesmo quando professores so colocados diante de novos desafios como algumas chamadas classes de acelerao ou regime de ciclos os materiais de que dispem no lhes permitem implementar qualquer diferenciao.

    As Formas Alternativas de Enturmao No So bvias, Nem Viveis.

    Alm dos dois problemas levantados acima, a outra dificuldade prtica refere-se aos critrios que poderiam ser usados para substituir a enturmao por ciclos ou sries. As opes so inmeras: formar grupos por interesse, maturidade, inteligncias mltiplas, projetos especiais, atividades multidisciplinares etc. Mas na prtica, dentro das limitaes concretas dos diretores e das escolas, muito difcil conciliar os interesses e os nveis de alunos em agrupamentos muito variados. Isto no significa que no faam sentidos ou possam ser desejados apenas que no so fceis de lidar de um ponto de vista prtico.

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    UNIDADE 8 Objetivo: Compreender a necessidade da Recuperao Paralela dentro do sistema educacional, possibilitando conhecimentos que a tornem mais eficazes sem coloc-la como um processo de normalidade da atividade escolar.

    Recuperao Paralela

    Nas organizaes modernas, o termo retrabalho usado no sentido de refazer um trabalho que foi feito de maneira inadequada, incorreta ou imperfeita. Os custos do retrabalho, em organizaes competitivas determinam o seu sucesso ou a sua falncia. Nas instituies educacionais, exemplos de retrabalho seriam as atividades de recuperao paralela, que se faz necessria tendo em vista deficincias do processo educacional. Cabe, portanto, analisar as causas que tornam necessria a recuperao paralela, as possibilidades de evitar que ela seja necessria e as formas mais eficazes de implementar medidas preventivas e corretivas.

    A necessidade da recuperao paralela deve-se ao fato de que os alunos no aprenderam tudo o que deveriam aprender ou ainda no aprenderam corretamente o que deveriam aprender.

    Por que os Alunos No Aprenderam?

    1. Os alunos no estavam preparados

    Frequentemente, os alunos so colocados em turmas cujo nvel de exigncia superior sua capacidade, nos limites de tempo e nas condies de ensino oferecidos. Estudos realizados em outubro de 2003, junto a mais de 500 escolas em municpios do Estado da Bahia, Alagoas e Sergipe revelaram que cerca de 20% dos alunos das trs primeiras sries eram analfabetos. Obviamente, esses alunos no teriam qualquer condio de acompanhar suas turmas.

    2. Os alunos no tm base

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    3. Esta outra forma de dizer a mesma coisa. Os alunos foram enquadrados na turma correspondente sua idade ou a sua promoo anterior. Mas no tm base. No consegue ler direito. No conseguem lidar com instrues. No dominam as operaes bsicas. No possuem mtodos e hbitos de estudo;

    4. Os alunos no possuem pr-requisitos

    Esta uma forma mais sutil de analisar esta questo. Neste caso, o que se esta querendo dizer que os alunos possuem a base mais geral, mas nos assuntos especficos, tratados num determinado perodo o ltimo bimestre, por exemplo no dominavam algumas informaes e conhecimentos especficos que seriam necessrios para sarem bem;

    5. Os alunos aprendem, mas o ritmo diferente

    Esta uma realidade em todas as escolas onde o programa de ensino mais ou menos estruturado. A escola possui um plano de trabalho. Os professores tm currculo a ensinar. O ano letivo tem um determinado nmero de dias. O professor vai dando o contedo. Alguns alunos acompanham, outros no porque no conseguem seguir o ritmo de aprendizagem ou seja: precisam de mais tempo para assimilar os mesmos contedos. Esses alunos no tm problemas graves de aprendizagem, apenas possuem ritmos mais lentos para absorver, assimilar e internalizar os conhecimentos;

    6. Os alunos possuem dificuldades de aprendizagem

    Efetivamente, em algumas situaes, alguns alunos possuem dificuldades de aprendizagem que tm a ver com o seu potencial intelectual, com eventuais dificuldades mais graves ou mesmo deficincias de carter estrutural ou funcional;

    7. Os alunos no estudaram

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    Isto tambm um fenmeno que ocorre para alguns alunos de maneira mais habitual; para outros como uma casualidade, devido a problemas momentneos ou a outras presses e motivaes.

    A existncia de tipos diferentes de problemas sugere a necessidade de buscar solues diferenciadas para recuperar esses alunos. O que funciona para uns no vai funcionar para outros. frente, apresentamos algumas medidas preventivas e corretivas que so utilizadas com sucesso por diversas escolas.

    Medidas Preventivas

    Uma forma de evitar a necessidade de recuperao paralela assegurar que os alunos sejam enturmados em classes mais compatveis com seu nvel de conhecimento e com o seu potencial.

    Quatro casos merecem ateno especial:

    Classes de alfabetizao

    A elevada incidncia de alunos multi- repetentes analfabetos nas trs primeiras sries do ensino fundamental sugere que mais eficaz estabelecer classes especiais de leitura e alfabetizao, que permitam a esses alunos dominar as ferramentas bsicas da escolarizao. Aps esse processo, os alunos podem ser reenturmados em outras turmas classes de acelerao ou turmas mais avanadas de acordo com o seu nvel de desenvolvimento e motivao. Dada sua maturidade e experincia escolar anterior, esses alunos no precisam voltar obrigatoriamente para a segunda srie;

    Classes de acelerao

    Este assunto objeto de um documento especfico. Existem estratgias adequadas para lidar com a reenturmao de alunos multi- repetentes. Essas estratgias, se corretamente implementadas, podem permitir que o aluno volte a ser reenturmado, posteriormente, em sries mais adequadas ao seu nvel de desenvolvimento. Normalmente, em sries mais avanadas.

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    Reenturmao

    Nem sempre o aluno est pronto para ir para a srie indicada em seu histrico escolar. Em outros casos, o aluno pode saltar de srie. A legislao permite que a direo da escola efetue essa reenturmao, no incio ou mesmo durante o ano letivo. Uma variante a reenturmao no sistema de disciplina isoladas ou dependncias o aluno segue na srie regular e acumula uma ou mais disciplinas. Ou simplesmente, matricula-se em disciplinas isoladas de uma mesma srie ou sries diferentes dependendo da flexibilidade que a escola conseguir oferecer.

    Enturmao por nvel

    Srie adiantada e atrasada. Este um problema delicado. Muitas escolas costumam criar classes especiais, sobretudo para alunos atrasados. Os resultados destas classes so sempre desastrosos a evidncia mostra que mesmo alunos mais fracos podem se beneficiar do contato com alunos mais fortes.

    Ensino Adequado

    muito complexo dizer o que um ensino adequado. mais fcil mostrar. Em muitas escolas, existem classes e professores onde as coisas andam bem: o professor tem entusiasmo, os alunos tambm; o professor se esfora, os alunos tambm. O professor cumpre o programa, normalmente vo alm, os alunos tambm. Os resultados so satisfatrios para a totalidade dos alunos. Normalmente, quando o ensino adequado, diminuem ou desaparecem os problemas que causam a necessidade de recuperao, mesmo onde se usa seriao e programas mais estruturados de ensino.

    Formao De Bons Hbitos

    Promover e incutir hbitos e tcnicas de estudo, participao em aula, leitura e aprendizagem colaborativa, entre outros se constituem em objetivo primordial da escola. afinal, a escola deve ensinar o aluno a aprender a aprender.

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    Estas prticas normalmente devem ser feitas de forma sistemtica, atravs das atividades rotineiras de ensino. assim que o professor vai ensinando e habituando o aluno a acompanhar as aulas, a participar ativamente das atividades individuais e de grupo, a trabalhar em projetos com metas e durao determinadas, a adquirir mtodos de consulta a dicionrios, enciclopdias e fontes de informao. A prtica de resumir e sintetizar informaes, fazer trabalhos de casa de forma independente, a estudar sozinho e, sobretudo, a desenvolver o gosto e o hbito pela leitura so prticas que devem ser desenvolvidas tanto na escola como nas famlias. Os gestores das escolas devem promover programas especiais para desenvolver esses hbitos e para ajudar os pais a apoiarem os filhos, constituindo-se em medidas preventivas e eficazes.

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    UNIDADE 9 Objetivo: Compreender e reconhecer as medidas preventivas para que como gestor educacional possa conduzir o processo utilizando as medidas corretivas, equacionando possveis problemas.

    Medidas Corretivas na Gesto Educacional

    Recuperao paralela diria

    Todo professor deve estar convencido de que o primeiro e mais eficiente momento da recuperao paralela se d durante a sua prpria aula. Em outros termos, cabe a ele perceber, diariamente, as dificuldades apresentadas pelos alunos, dando especial ateno ao esclarecimento das suas dvidas e, quando for o caso, revendo um ou outro contedo anterior necessrio compreenso do que se est estudando naquele dia.

    A avaliao contnua, diagnstica, revela aqui sua importncia. A reviso diria de determinados contedos, as explicaes complementares, utilizando novas abordagens e novos exemplos, os execcios de fixao, as atividades ldicas, as tarefas de casa, cuja correo tem por objetivo, tambm, detectar a origem das dvidas. Voltar atrs, rever aquilo que o aluno deveria saber, mas no sabe ou no se lembra bem, comear um contedo novo recordando seus pr-requisitos so atitudes que podem ser mais eficientes do que qualquer outra forma de recupero, porque atuam de forma preventiva.

    Como o atendimento individualizado em sala de aula muitas vezes, difcil, o professor pode planejar atividades, como trabalhos em equipe, organizando os grupos de forma tal que alunos com melhor desempenho, nvel de conhecimento e maturidade possam auxiliar aqueles que apresentam maiores dificuldades.

    Um programa contnuo e permanente de reforo escolar pode constituir uma nova estratgia preventiva, na medida em que atue desde o incio do processo ensino aprendizagem, ancorando, paulatinamente, o desenvolvimento do aluno. Diversas

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    escolas utilizam professores, especialistas, voluntrios, estagirios ou mesmo alunos-monitores, escolhidos dentro de cada turma e funcionando em horrio extraturno.

    Recuperao ao final do bimestre

    Aps as avaliaoes mensais ou bimestrais, muitas escolas promovem aulas extras, dias ou mesmos semanas de recuperao dos alunos que no atingiram o nvel adequado de desempenho. Em algumas escolas, isto feito no lugar das aulas regulares. Em outras, como estratgia suplementar. Uma verso alternativa desta estratgia consiste em promover aulas de reviso e recuperao imediatamente antes da avaliao. Se bem implementadas, estas medidas podem ter um impacto significativo e permitir que a maioria dos alunos siga com a turma.

    Recuperao ao final do semestre ou ao final do ano.

    Estas recuperaes tm a mesma finalidade. A recuperao, ao final do ano, normalmente se destina a permitir uma nova avaliao, com vistas reenturmao do aluno no ano seguinte, ou seja, est mais voltada para a questo da promoo do que para assegurar que o aluno acompanhe o ritmo mdio da turma.

    Quanto mais tarde a recuperao, menor efeito ter sobre a aprendizagem e sobre a formao de bons hbitos de ensino pela escola, e de estudo e aprendizagem pelo aluno. Mas vale o ditado; antes tarde do que nunca.

    Uma outra alternativa de avaliao ao final do semestre consiste em devolver ao aluno a responsabilidade, na forma de estudos autnomos. Escolas que adotam este mecanismo elaboram um plano de trabalho que o alun