Gestão de Mudanças Organizacionais em Projetos de ERP em Empresas de Grande Porte.pdf

download Gestão de Mudanças Organizacionais em Projetos de ERP em Empresas de Grande Porte.pdf

of 73

Transcript of Gestão de Mudanças Organizacionais em Projetos de ERP em Empresas de Grande Porte.pdf

  • ANA CAROLINA VALOIS LEITE

    HANDY BORGES SCHIAVON

    MAURCIO QUOOS HOEHNE

    RONALDO SANTOS SAPATEIRO

    GESTO DE MUDANAS

    ORGANIZACIONAIS EM PROJETOS DE ERP EM EMPRESAS DE

    GRANDE PORTE

    CURITIBA

    2013

  • ANA CAROLINA VALOIS LEITE

    HANDY BORGES SCHIAVON

    MAURCIO QUOOS HOEHNE

    RONALDO SANTOS SAPATEIRO

    GESTO DE MUDANAS

    ORGANIZACIONAIS EM PROJETOS DE ERP EM EMPRESAS DE

    GRANDE PORTE

    Projeto apresentado como requisito para

    aprovao na disciplina de Pesquisa e

    Projeto de Curso do curso de Ps-

    Graduao da FAE Business School

    Orientador: Prof. MS. Dori Luiz Tibre

    Santos

    CURITIBA

    2013

  • ANA CAROLINA VALOIS LEITE

    HANDY BORGES SCHIAVON

    MAURCIO QUOOS HOEHNE

    RONALDO SANTOS SAPATEIRO

    GESTO DE MUDANAS

    ORGANIZACIONAIS EM PROJETOS DE ERP EM EMPRESAS DE

    GRANDE PORTE

    Este trabalho foi julgado adequado para a obteno de Especialista em Gesto de

    Projetos e Especialista em Gesto da Tecnologia da Informao, e aprovado na

    sua forma final pela Banca Examinadora da FAE Centro Universitrio.

    Curitiba, 02 de dezembro de 2013 .

    BANCA EXAMINADORA

    Prof. MS. Dori Luiz Tibre Santos

    Professor Avaliador

  • Agradecimentos

    Um agradecimento especial aos nossos familiares, que nos apoiaram e

    incentivaram realizao das atividades necessrias para este projeto,

    compreendendo os momentos em que a ausncia foi necessria.

    Gostaramos de agradecer tambm ao nosso orientador, Prof. MS. Dori Luiz

    Tibre Santos, pelo seu auxlio e disponibilidade, e por aportar seu

    conhecimento e experincia, contribuindo construtivamente para um maior

    aprofundamento e aproveitamento do trabalho realizado.

    Agradecemos tambm aos profissionais que se disponibilizaram a participar da

    pesquisa, compartilhando suas experincias, as quais foram essenciais para a

    concluso deste projeto de pesquisa.

    Finalmente, no poderamos deixar de agradecer s empresas em que

    trabalhamos, por nos permitir dedicar tempo e energia para a concluso de

    mais esta etapa.

  • RESUMO

    LEITE, Ana Carolina Valois; SCHIAVON, Handy Borges; HOEHNE, Maurcio Quoos;

    SAPATEIRO, Ronaldo Santos. Gesto de Mudanas Organizacionais em Projetos

    de ERP em Empresas de Grande Porte. 73 p. Projeto de Pesquisa de Curso FAE

    Business School. Curitiba, 2013.

    Em um ambiente dinmico, as organizaes precisam se reinventar constantemente e,

    neste contexto, so crescentes os investimentos em projetos de Tecnologia da

    Informao (TI), nos quais esto compreendidos os projetos de Sistemas Integrados de

    Gesto ou Enterprise Resource Planning (ERP). Como em outras iniciativas que

    introduzem mudanas nas organizaes, o fator humano comumente negligenciado

    nestes projetos. A resistncia mudana no tratada adequadamente, pois se acaba por

    privilegiar a gesto do projeto propriamente dita e aes pontuais para tratar mudanas,

    sem trabalhar a Gesto da Mudana Organizacional de forma consistente. Neste

    contexto, o principal objetivo deste projeto de pesquisa de ps-graduao foi de estudar

    e compreender mtodos para a Gesto de Mudana Organizacional (GMO) em

    empresas de grande porte no contexto de projetos ERP realizados no Brasil, buscando

    trabalhar simultaneamente mudanas em processos, pessoas e sistemas de informao.

    A abordagem do problema utilizou instrumento de pesquisa com caractersticas

    quantitativas e qualitativas, pesquisa bibliogrfica e de levantamento.

    Palavras-chave: Gesto de Mudana Organizacional. Gesto de Projetos. Sistemas ERP.

    Tecnologia da Informao. Grandes Empresas.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    FIGURA 1 - REAES A MUDANAS ................................................................ 22

    FIGURA 2 - PRAZO, CUSTO E QUALIDADE E SUCESSO DO PROJETO ....... 27

    FIGURA 3 - APOIO DA ALTA ADMINISTRAO AO GERENCIAMENTO DE

    PROJETOS ............................................................................................. 31

    FIGURA 4 - PERCEPO DOS BENEFCIOS DECORRENTES DO

    GERENCIAMENTO DE PROJETOS ................................................... 32

    FIGURA 5 - RELAO DA GESTO DA MUDANA E O LADO HUMANO

    DO PROJETO ......................................................................................... 34

    QUADRO 1 - FORAS ATUANTES NO PROCESSO DE MUDANA................. 34

    QUADRO 2 - FONTE DE RESISTNCIA MUDANA. ...................................... 37

    QUADRO 3 - CRONOGRAMA DO PROJETO ........................................................ 46

    - NACIONALIDADE E SETOR DE ATUAO ................................. 47 GRFICO 1

    - RAMO DE ATUAO DAS EMPRESAS ......................................... 48 GRFICO 2

    - EXISTNCIA DE METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE GRFICO 3

    PROJETOS ............................................................................................. 48

    - EXISTNCIA DE UM ESCRITRIO DE PROJETOS ...................... 49 GRFICO 4

    - ATUAO DOS PARTICIPANTES NO PROJETO ......................... 50 GRFICO 5

    - OBJETIVO PRINCIPAL DO PROJETO............................................. 50 GRFICO 6

    - PERODO DOS PROJETOS................................................................ 51 GRFICO 7

    - QUANTIDADE DE SETORES AFETADOS PELO PROJETO ........ 52 GRFICO 8

    - PERCEPO DO NDICE DE SUCESSO ......................................... 52 GRFICO 9

    QUADRO 4 - AVALIAO DOS ITENS RELACIONADOS GESTO DA

    MUDANA NO PROJETO ................................................................... 54

    - TIPO DE MUDANA COM MAIOR RESISTNCIA ...................... 56 GRFICO 10

    - PRINCIPAL ELEMENTO QUE CONTRIBUI PARA A GRFICO 11

    RESISTNCIA ....................................................................................... 57

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CPM - Critical Path Method

    EAP - Estrutura Analtica do Projeto

    ERP - Enterprise Resource Planning

    GM - Gesto da Mudana

    GMO - Gesto de Mudanas Organizacionais

    GP - Gerente de projeto

    PERT - Program Evaluation and Review Technique

    PIB - Produto Interno Bruto

    PMBOK - Project Management Body of Knowledge

    PMI - Project Management Institute

    PMO - Project Management Office

    TI - Tecnologia da Informao

    WBS - Work Breakdown Structure

  • SUMRIO

    1 INTRODUO .......................................................................................................... 9

    1.1 OBJETIVOS ............................................................................................................ 13

    1.1.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 13

    1.1.2 Objetivos Especficos ............................................................................................ 14

    1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 14

    1.3 PROBLEMA ........................................................................................................... 15

    1.4 HIPTESES ............................................................................................................ 15

    2 FUNDAMENTAO TERICA .......................................................................... 16

    2.1 AMBIENTE DINMICO E MUDANAS ORGANIZACIONAIS ..................... 16

    2.2 MUDANAS ORGANIZACIONAIS .................................................................... 17

    2.3 O IMPACTO DAS MUDANAS ORGANIZACIONAIS .................................... 20

    2.4 MUDANAS ORGANIZACIONAIS E A TECNOLOGIA DA INFORMAO 23

    2.5 SISTEMAS ERP COMO AGENTES DA MUDANA ORGANIZACIONAL .... 24

    2.6 HISTRICO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NAS ORGANIZAES

    ................................................................................................................. 29

    2.7 GESTO DE MUDANA ORGANIZACIONAL EM PROJETOS ..................... 32

    2.8 TCNICAS DE IMPLEMENTAO DE MUDANAS ORGANIZACIONAIS 36

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................ 40

    3.1 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA ..................................................................... 40

    3.2 INSTRUMENTO E TCNICAS DE COLETA DE DADOS ................................ 41

    3.3 POPULAO E CRITRIOS DE ELEIO DA AMOSTRA ............................ 44

    3.4 CRONOGRAMA .................................................................................................... 45

    4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS ...................................... 47

    4.1 PERFIL DAS EMPRESAS ..................................................................................... 47

    4.2 PERFIL DOS PROFISSIONAIS ............................................................................ 49

    4.3 CARACTERSTICAS DOS PROJETOS ............................................................... 50

    4.4 A GESTO DA MUDANA ORGANIZACIONAL ............................................ 53

    5 CONSIDERAES FINAIS .................................................................................. 59

    REFERNCIAS ........................................................................................................... 63

    APNDICE QUESTIONRIO REALIZADO ....................................................... 67

  • 9

    1 INTRODUO

    Apesar da ambio da humanidade pela evoluo e melhoria de suas

    condies, o desconforto frente s mudanas e a resistncia a estas so

    comportamentos igualmente naturais para os seres humanos.

    Sobre este aspecto, Doucet (2005, p. 55) afirma que [...] si tout le

    monde veut des amliorations, rares sont ceux qui acceptent le changement1. Tal

    afirmao representa o paradoxo que tem permeado a vida dos seres humanos

    constantemente, desde a antiguidade, nos diversos aspectos de suas vidas.

    A mudana um atributo inerente natureza humana e s relaes do

    homem em sociedade (FISCHER, 2002, p. 147), porm, conforme afirma Miller

    (2012), mudanas geralmente nos fazem sentir como se estivssemos perdendo o

    controle e essa sensao nos faz, instintivamente, resistir ao que percebemos que

    esteja nos acontecendo.

    No contexto das organizaes no diferente. Sendo estas seres

    humanos em relao, e no somente processos, tcnicas (CHANLAT, 2010, p.

    9), tambm no mbito organizacional, no s est presente a mudana, mas

    igualmente a resistncia a esta originada pelo fator humano.

    Alm disso, ainda que mudanas tenham sempre sido provocadas nas

    organizaes em menor grau para enfrentar urgncia da realidade, atualmente,

    devido ao grau dos avanos tecnolgicos, globalizao e necessidade de

    antecipao, mudanas passaram a ser introduzidas nas organizaes

    incessantemente, em maior quantidade e velocidade, e com diferentes objetivos,

    como adaptar produtos e servios s novas exigncias do mercado, cumprir leis e

    regulamentaes e aperfeioar processos. Oliveira (2006, p. 332) vai ao encontro

    desta ideia ao afirmar que as organizaes precisam modificar-se no mais de

    tempos em tempos, mas o tempo todo.

    1 [...] se todos anseiam por melhorias, so raros aqueles que aceitam a mudana (traduo nossa).

  • 10

    evidente que, neste novo ambiente mais dinmico, no qual as

    organizaes esto atualmente inseridas, foras externas e internas provocam a

    necessidade de rpida reao frente s ameaas e oportunidades que se moldam.

    Torna-se imperativo para as empresas privilegiar a adaptao e no a manuteno

    de seu status quo, pois, como corrobora Robbins (2005, p. 424) para que uma

    organizao sobreviva, ela tem de responder s mudanas em seu ambiente.

    Neste contexto, para enfrentar as presses deste novo modelo de

    competio trazido pela economia globalizada e o dinamismo do ambiente, as

    organizaes tem incorporado novas tecnologias, entre as quais se destacam os

    sistemas integrados de gesto.

    Tais sistemas, tambm conhecidos como Enterprise Resource Planning

    (ERP), comearam a ser adotados por organizaes de grande porte nos anos 90,

    exatamente para apoiar a busca destas por vantagem competitiva. Anos aps a

    popularizao deste tipo de tecnologia, os sistemas ERP continuam sendo um

    tema relevante. Desde a segunda metade dos anos 90, a implementao destes

    aparece como um dos principais focos de investimento relacionados utilizao

    de tecnologia de informao nas empresas (BRESCIANI FILHO; GAMBA;

    CAPUTO, 2004, p. 47), havendo ainda um grande potencial nas organizaes

    para evolues destes sistemas.

    Uma vez implementado, um sistema ERP deve evoluir para acompanhar

    no s os novos desenvolvimentos em tecnologia, mas, principalmente, as

    mudanas nos processos e demais sistemas da organizao e de seus parceiros de

    negcio. De fato, o ERP um sistema em constante evoluo, pois a sua

    principal funo a viabilizao dos processos de negcios de empresas em

    contnua mudana (BRESCIANI FILHO; GAMBA; CAPUTO, 2004, p. 46).

    Este aspecto evolutivo dos ERP pode ser constatado pela grande

    quantidade de projetos destes sistemas ainda realizados nas organizaes. No

    entanto, mesmo que as grandes empresas tenham uma experincia significativa

    nestes projetos e que estes sistemas estejam presentes a mais de 20 anos na

    realidade destas, segundo Bergamaschi e Reinhard (2000, apud BRESCIANI

    FILHO; GAMBA; CAPUTO, 2004, p. 46), os projetos ERP so considerados

  • 11

    caros, demorados e complexos, o que os torna naturalmente projetos arriscados,

    sendo alta a taxa de fracasso nestas implementaes.

    Segundo Souza e Zwicker (2000, p. 55), uma das principais

    dificuldades da implementao de ERP o fato dela tratar um

    processo de mudana organizacional, envolvendo simultaneamente

    mudanas nas tarefas e responsabilidades de indivduos e

    departamentos, assim como mudanas nas relaes

    interdepartamentais.

    A gesto de uma organizao baseada em pessoas, processos e

    tecnologia. Como uma parte do trabalho da organizao consiste em gerenciar

    projetos, tambm neste contexto precisamos dessas dimenses. (BARCAUI

    2012, p. 395). No entanto, conforme explica VILLA et al. (2008, p. 159):

    Os aspectos que envolvem os seres humanos, os impactos dos mesmos

    dentro da organizao, a aceitao das pessoas e a utilizao do novo

    processo proposto pelo projeto, so relegados a um segundo plano,

    apesar de alguns estudos indicarem que so fatores crticos de sucesso

    na implantao de projetos.

    De fato, se os referenciais de boas prticas em projetos amplamente

    difundidos, como o Project Management Body of Knowledge (PMBOK2

    ) tm

    sido aplicados para otimizar o gerenciamento dos projetos, estes no tratam

    explicitamente da Gesto de Mudana Organizacional (GMO). Conforme afirma

    Villa et al.(2008) o assunto est fragmentado no gerenciamento de riscos, nos

    recursos humanos, na comunicao, no planejamento, entre outros, mas no h

    um tpico ou processo especfico e, mesmo se considerando a literatura geral, em

    comparao ao contedo disponvel que trata de questes tcnicas inerentes a

    projetos, escassa a disponibilidade de estudos referentes aos processos de

    mudana.

    A principal barreira conduo bem-sucedida das mudanas sendo a

    prpria resistncia mudana, ou seja, a adoo de comportamentos pelos

    indivduos e grupos que tem por objetivo a manuteno do status quo por meio

    2 PMBOK

    : sigla destinada o conjunto de boas prticas em gerenciamento de projetos,

    elaborado pelo Instituto de Gerenciamento de Projetos (PMI), tambm conhecido como Project

    Management Body of Knowledge (PMI, 2008).

  • 12

    do enfrentamento das presses para transform-lo. Assim, ao conferir

    visibilidade s questes relacionadas ao fator humano nos projetos de ERP,

    conduzindo alm da gesto do projeto em si, um processo de gesto das

    mudanas organizacionais por estes aportadas, visando mitigara resistncia

    mudana, poder-se-ia contribuir para o alcance dos objetivos traados nestes

    projetos.

    Na parte terica deste projeto de pesquisa, realizou-se um estudo da

    literatura em autores que auxiliassem o entendimento dos conceitos relacionados

    ao tema da pesquisa e a realizao de paralelos que suportassem a posterior

    anlise e delineamento de concluses.

    Desta forma, apresenta-se inicialmente a relao entre o ambiente

    dinmico no qual as organizaes esto inseridas atualmente e a ocorrncia de

    mudanas organizacionais. Posteriormente, so tratados os conceitos

    relacionados s mudanas organizacionais, incluindo a relao dos indivduos

    com a mudana e tipos de mudanas, sendo abordados na sequncia os impactos

    destas nas organizaes.

    A relao da Tecnologia da Informao (TI) com as mudanas

    organizacionais analisada na sequncia, introduzindo o levantamento sobre os

    sistemas ERP como agentes de mudana organizacional. Neste tpico,

    abordado o conceito de ERP, a evoluo deste com nfase no contexto brasileiro,

    e as vantagens que estes sistemas podem proporcionar s organizaes. A relao

    dos sistemas ERP e projetos nas organizaes ento analisada, e questes como

    o ndice de sucesso destes projetos e como estes afetam as empresas so

    avaliadas.

    Tendo em vista o foco do projeto na prtica da GMO no contexto de

    projetos, e que alteraes em sistemas ERP so tratadas comumente como

    projetos nas organizaes, um breve histrico do gerenciamento de projetos

    apresentado visando suprir a necessidade de contextualizao e esclarecimento

    de conceitos sobre este tema.

    A fundamentao terica trata, por fim, dos fundamentos relacionados

    GMO, inserindo-os no mbito do gerenciamento de projetos de ERP. Assim, so

  • 13

    apresentadas diferentes estratgias e tcnicas para implementao de mudanas

    nas empresas e possveis fontes de resistncia mudana que devem ser

    consideradas.

    Neste trabalho, alm da pesquisa bibliogrfica, realizou-se a pesquisa de

    levantamento por meio de questionrio eletrnico aplicado junto a gerentes de

    projeto, usurios, membros de escritrios de projetos, entre outros atores com

    experincia profissional em projetos de ERP no Brasil em empresas privadas de

    grande porte, conforme critrios de eleio da amostra detalhados na

    metodologia de pesquisa.

    Este questionrio focou a coleta de dados sobre a utilizao ou no de

    metodologias para gerenciamento das mudanas organizacionais no contexto de

    projetos de ERP no Brasil, sua qualidade, nvel de maturidade, bem como seus

    fatores crticos de sucesso e a interferncia destas para o alcance dos objetivos do

    projeto em questo.

    Os resultados obtidos com o questionrio foram analisados, incluindo os

    perfis dos profissionais participantes e suas empresas, alm das caractersticas

    dos projetos e da GMO nestes. Algumas das anlises especficas tambm

    apresentadas, so os tipos de mudana que sofreram maior resistncia durante a

    realizao do projeto e os principais elementos que contriburam para a

    resistncia s mudanas, alm das tcnicas e ferramentas relacionadas GMO

    mais presentes nestes projetos.

    1.1 OBJETIVOS

    Apresentam-se a seguir os objetivos geral e especficos, que orientam

    este projeto de pesquisa.

    1.1.1 Objetivo Geral

    O objetivo geral desta pesquisa estudar e compreender mtodos para

    conduzir a GMO no contexto de projetos de ERP realizados em empresas

    brasileiras privadas de grande porte.

  • 14

    1.1.2 Objetivos Especficos

    Os objetivos especficos so:

    Compreender mtodos para gerir mudanas causadas por projetos de

    ERP.

    Compreender mtodos para trabalhar simultaneamente mudanas em

    processos, pessoas e sistemas de informao no contexto de projetos

    ERP.

    1.2 JUSTIFICATIVA

    A relevncia da elaborao de um projeto de pesquisa que trata de

    projetos de ERP nas organizaes justifica-se, primeiramente, pelo ambiente

    dinmico presenciado atualmente, no qual a utilizao da TI cada vez mais

    importante para viabilizar e gerar novas oportunidades de negcio, podendo a TI

    ser decisiva para a competitividade, agilidade e flexibilidade das organizaes, e

    em que as demandas de novas funcionalidades de processos de negcio para as

    reas de TI surgem principalmente na forma de projetos (BRODBECK;

    DOTTORI; HOPPEN, 2011, p. 277).

    Neste contexto, a principal motivao para abordar o aspecto

    comportamental relacionado s mudanas aportadas por tais projetos, vem da

    constatao de que, na realidade das organizaes, conforme afirma Villa et al.

    (2008):

    Os aspectos que envolvem os seres humanos, os impactos dos mesmos

    dentro da organizao, a aceitao das pessoas e a utilizao do novos

    processos propostos por projetos, so relegados a um segundo plano

    apesar de alguns estudos indicarem que so fatores crticos de sucesso

    na implantao de projetos.

    O foco especfico nos sistemas ERP, por sua vez, justifica-se tanto pela

    importncia competitiva que estes representam para as empresas, quanto pela

    perspectiva de continuidade de desenvolvimento destes projetos e da

    transversalidade destes. Um dos principais focos de investimento em TI nas

    empresas desde a segunda metade dos anos 90, os sistemas ERP continuam em

  • 15

    constante evoluo, pois a sua principal funo a viabilizao dos processos de

    negcios de empresas em contnua mudana e envolvendo mudanas nas

    relaes interdepartamentais (BRESCIANI FILHO; GAMBA; CAPUTO,

    2004; SOUZA; ZWICKER, 2000).

    A relevncia acadmica, por sua vez, motivada pela pouca quantidade

    de trabalhos publicados sobre GMO nos projetos de ERP, assim como no foco

    insuficiente das metodologias de gerenciamento de projetos neste tema. Por isso,

    ainda que no pretenda resolver o problema em questo, este trabalho pode ser

    muito til para estimular discusses sobre a GMO para alinhar estratgias,

    processos, pessoas e tecnologia em projetos de ERP.

    1.3 PROBLEMA

    Com o objetivo de orientar este trabalho de pesquisa, foi definida a

    seguinte questo norteadora:

    Quais mtodos podem ser aplicados em grandes empresas para gerir a

    mudana organizacional em projetos de ERP?

    1.4 HIPTESES

    A partir das questes norteadoras listadas no item anterior, definiram-se

    as seguintes hipteses para este projeto de pesquisa:

    Realizar aes para a GMO em projetos de ERP aumenta a

    possibilidade de impactos positivos das mudanas para a organizao.

    Aplicar mtodos utilizados em metodologias de projetos para a gesto

    da comunicao, gesto dos recursos humanos, gesto das partes

    interessadas e gesto da integrao pode contribuir para a GMO em

    projetos de ERP.

    Diferenciar abordagens especficas para gerir as mudanas em

    processos de negcios e as mudanas em sistemas de informao

    contribui para a possibilidade de sucesso do projeto que as introduz.

  • 16

    2 FUNDAMENTAO TERICA

    A seguir, ser apresentada a fundamentao terica, a qual aborda os

    principais conceitos da mudana organizacional e de sistemas ERP, alm do

    histrico da gesto de projetos, e se faz necessria a fim de contextualizar o

    projeto de pesquisa em questo e nivelar conhecimentos nestes temas.

    2.1 AMBIENTE DINMICO E MUDANAS ORGANIZACIONAIS

    Atualmente, as empresas esto inseridas em um ambiente globalizado de

    alta competitividade, o qual proporciona um alto nvel de mudanas

    organizacionais impulsionado por fatores externos e internos, no qual os fatos

    histricos no so mais capazes de predizer os acontecimentos futuros.

    Para Harrison (2005, p. 139), as expectativas dos clientes e as aes e

    aptides dos concorrentes mudam constantemente, o que cria o ambiente

    dinmico no qual as estratgias so formuladas. Por este motivo as empresas

    devem estar preparadas para enfrentar as necessidades do meio em que estiverem

    inseridas.

    Vivemos em uma era de descontinuidade, como afirmado por Robbins

    (2005, p. 423) e, para estar adaptada s exigncias desta era, uma empresa

    precisa apresentar agilidade tanto na definio, quanto na execuo de suas

    estratgias de negcio.

    Para o desdobramento da estratgia possvel utilizar ferramentas de

    gesto, tal como o Balanced Score Card (BSC), que possibilitam o mapeamento

    dos objetivos em perspectivas integradas e a correlao de indicadores de

    tendncia e de resultado, para que esses objetivos sejam refinados nos diversos

    nveis hierrquicos e nos processos dos negcios, de forma a se determinar

    projetos para a concretizao das escolhas estratgicas da organizao.

    Segundo Kerzner (2001, p. 205), em um cenrio de negcios cada vez

    mais competitivos, toda organizao sabe da importncia de possuir

    boas estratgias para alavancar seu crescimento ou proteger a situao

  • 17

    existente. Sabe tambm que atravs de projetos que tais estratgias

    se materializam.

    Entretanto, quando observamos as formas de gesto de muitas empresas,

    percebemos que saber desta necessidade no necessariamente quer dizer que as

    empresas saibam elaborar, e principalmente aplicar, de forma adequada estas

    estratgias. Kaplan e Norton (2004) contribuem para este ponto de vista de que

    h uma crena enganosa de que a estratgia certa condio necessria e

    suficiente para o sucesso: os autores estimam que em 70% dos casos de

    insucesso, o verdadeiro problema no a m estratgia, mas sim a m execuo.

    Conforme Matos (2007, p. 271), mudana implica ruptura,

    transformao, perturbao e interrupo. O mundo atual se

    caracteriza por um ambiente dinmico em constante mudana o que

    exige das organizaes uma elevada capacidade de adaptao, como

    condio bsica de sobrevivncia.

    Observamos ento, que a consolidao dos planos estratgicos por meio

    de projetos implica em uma nova ordem do trabalho, adaptao de processos,

    introduo de novas tecnologias, reorganizao da estrutura organizacional, entre

    outras mudanas que cobram das empresas flexibilidade, capacidade de

    adaptao e, acima de tudo, entendimento sobre estas mudanas e seus impactos,

    alm de competncia para geri-las de forma a contribuir para a boa execuo de

    seus projetos.

    2.2 MUDANAS ORGANIZACIONAIS

    Como indivduos, passamos por constantes mudanas, as quais exigem

    que nos adaptemos. Nas organizaes no diferente, conforme afirma Robbins

    (2005), o dinamismo que as empresas vivem hoje exige que as empresas estejam

    preparadas para a constante adaptao s solicitaes de clientes e obrigaes

    que so originadas pelas legislaes. Assim, quando uma mudana envolve uma

    estrutura como uma organizao, independente da quantidade de funcionrios,

    estas mudanas devem ser corretamente avaliadas, para melhor insero destas

    na organizao.

  • 18

    Como mudana em uma organizao, podemos entender, desde uma

    alterao de posio de mercado em que se est inserida, mudana em

    sua funo social, modificao em seu direcionamento estratgico,

    com uma possvel alterao em sua misso, ou mudana na cultura,

    com reavaliao de seus valores e prticas em diferentes nveis de

    autoridade e responsabilidade (LOPES; STADLER; KOVALESKI,

    2003, p. 52).

    Desta maneira, refora-se o fato de que, tambm as organizaes, devem

    estar sempre preparadas para enfrentar as mudanas que o mercado, e seu meio

    impem, a fim de se adaptar e sobreviver.

    Para que as organizaes consigam enfrentar este desafio, necessrio

    primeiramente que estas sejam capazes de identificar e compreender os diferentes

    tipos de mudanas que podem se apresentar. Assim, so identificados a seguir

    seis principais tipos de mudanas organizacionais, so eles:

    1. Mudanas Estratgicas: conforme afirma Correia (2006), a mudana

    estratgica envolve a abertura no sistema de comunicaes internas e externas,

    nova forma de se pensar a organizao, e o aperfeioamento do processo

    decisrio.

    2. Mudanas Estruturais: estas mudanas ocorrem principal, mas no

    exclusivamente, quando necessria uma alterao nos mtodos de gesto

    utilizados pela organizao, normalmente mexendo com reas de autoridade de

    responsabilidade de cada departamento ou seo (LOPES; STADLER;

    KOVALESKI, 2003, p. 55).

    3. Mudanas Tecnolgicas: constantemente relacionadas com a troca, ou

    incluso de uma nova tecnologia que pode afetar tanto uma parte da organizao,

    como ela como um todo. Uma mudana tecnolgica foca a racionalidade do

    processo produtivo, principalmente com espao, tempo, movimento, custo,

    qualidade e valor agregado ao cliente (CORREIA, 2006).

    4. Mudanas Humanas: este tipo de mudana est vinculado s pessoas, e

    envolve aspectos como habilidade, comportamentos e atitudes. Conforme afirma

    Correia (2006, apud MOTTA, 2001), para mudar uma organizao necessrio

    alterar atitudes, comportamentos e a forma de participao dos indivduos.

  • 19

    5. Mudanas Polticas: tratam-se das mudanas de influncias e de

    acesso s informaes, de forma direta e/ou indireta, e na maneira como se pode

    opinar sobre as escolhas e decises dentro da organizao.

    6. Perspectivas culturais: ao contrrio da perspectiva humana que foca os

    indivduos, a problemtica nas questes culturais criar um ponto de vista

    cultural coletivo, ou seja, valores, crenas, hbitos, ritos, mitos, smbolos,

    linguagem e interesses comuns (CORREIA, 2006).

    Os tipos de mudanas organizacionais citados mostram que so variados

    os critrios e reas onde as mudanas ocorrem na empresa, tornando ainda mais

    complexa e crtica a gesto de mudanas, j que as organizaes que possuem a

    inteno de se manterem competitivas dentro do contexto em que esto inseridas

    devem saber trabalhar concomitantemente todos estes aspectos.

    Contudo, classificar e entender os possveis tipos de mudanas no

    suficiente, pois no altera o fato de que organizaes e seus membros resistem

    s mudanas (ROBBINS, 2005, p. 425).

    Em certo sentido, isso positivo, pois oferece um grau de estabilidade

    previsibilidade ao comportamento. Se no houvesse alguma

    resistncia, o comportamento organizacional teria uma aleatoriedade

    catica. (...) Mas existe uma inequvoca desvantagem na resistncia.

    Ela dificulta a adaptao e o progresso (ROBBINS, 2005, p. 425).

    Apesar da presso dos indivduos para a manuteno do status quo tenha

    o benefcio de impedir que mudanas ocorram de forma descontrolada nas

    organizaes, esta tambm acaba por dificultar, ou mesmo impedir, a aplicao

    de mudanas estratgias e benficas para a empresa. Desta forma, necessrio

    agira sobre a resistncia.

    De acordo com Oliveira (2006), para que um processo de mudana tenha

    menor chance de falhar, cinco itens devem ser assegurados. So eles:

    Ideias;

    Necessidade;

    Adoo;

    Implementao e

    Recurso.

  • 20

    Levando em conta estes itens, deve ser observado que algumas mudanas

    so motivadas pelas ideias, ou seja, iniciativas voluntrias da prpria

    organizao; enquanto outras pela necessidade de reagir s presses advindas de

    fatores internos e/ou externos. Independentemente da origem da mudana, suas

    motivaes e contexto devem ser bem compreendidos pelas organizaes para

    que esta tenha maiores chances de sucesso.

    Estando a mudana clara e aceita pela organizao, esta deve passar por

    um processo estruturado de implementao, sendo garantidos todos os recursos

    necessrios para este fim, bem como para atender s novas necessidades da

    empresa uma vez a mudana implementada.

    Finalmente, como toda organizao formada por pessoas, o fator chave

    para que qualquer mudana seja benfica para a empresa, saber gerir os

    impactos que a mesma gerar sobre seus processos, tecnologia e, por

    consequncia, em seus colaboradores.

    2.3 O IMPACTO DAS MUDANAS ORGANIZACIONAIS

    As mudanas podem trazer impactos positivos para os indivduos,

    quando bem administradas, porm, as pessoas tendem a se preocupar com estas e

    apresentar resistncia.

    Entretanto, como comenta Miller (2012), na dcada de 90, com o

    aumento das mudanas, vrios foram os palestrantes que reforavam a ideia de

    que no h motivos para demasiada preocupao, pois os seres humanos foram

    projetados para elas. De fato, esta afirmao pode ser comprovada pela vasta

    literatura que aborda as mudanas com as quais um ser humano lida no decorrer

    de toda a sua vida pessoal e profissional.

    Neste contexto, Miller (2012, p. 35) menciona os trs estgios bsicos

    para o processo de mudana pessoal, levantado pelo psiclogo Kurt Lewin (1890

    1947), nos anos 1940. Segundo Lewin, os estgios seriam:

    Descongelamento

    Mudana

  • 21

    Recongelamento

    Estas etapas descreveriam o fluxo em que o indivduo entende a

    necessidade da mudana. Posteriormente a estes, uma vez compreendia a

    motivao da mudana, ocorreria a experincia das mudanas propriamente ditas

    no cotidiano do indivduo e, por ltimo, a mudana j estaria internalizada e

    todas as necessidades no seriam mais novidades.

    Miller (2012, p. 36) ressalta que Lewin via os trs estgios como um

    processo contnuo de congelamento, mudana e recongelamento, em que cada

    conjunto de mudanas constante e seguido por outro conjunto.

    Em 1969, Elisabeth Kbler-Ross (1926-2004), uma psiquiatra sua,

    publicou o livro On Death and Dying3, onde props um modelo no qual descreve

    os cinco estgios pela qual uma pessoal passa ao lidar com uma perda, um luto

    ou uma tragdia. Este modelo chamado de os cinco estgios de luto e

    composto pelas fases de negao e isolamento, raiva, negociao e dilogo,

    depresso e por fim a aceitao.

    Originalmente, a psiquiatra sua considerou os estgios para qualquer

    perda pessoal marcante, desde a morte de um ente querido e at o divrcio e,

    apesar de observar que os estgios no aconteciam necessariamente na ordem

    indicada, e de que nem sempre todos os estgios eram experimentados, Kbler-

    Ross defendia a opinio de que um indivduo, sempre que passasse por uma

    situao de perda, enfrentaria pelo menos dois destes estgios.

    Porm, ao observar um quadro de mudana qualquer, independentemente

    do motivador, percebemos que as mudanas levam, realmente a, pelo menos dois

    dos estgios dados por Kbler-Ross. Esta informao corroborada quando

    observamos que psiclogos organizacionais tambm utilizam os cinco estgios

    de luto como base para descrever os estgios que as pessoas passam quando

    confrontadas com mudanas. Porm, no ponto de vista destes psiclogos,

    segundo Miller (2012, p. 38), so adicionados dois estgios: o choque e o teste.

    3On Death and Dying: Sobre a Morte e o Morrer.

  • 22

    Constantemente, ao ser confrontado por uma mudana, por menor que

    esta seja, os indivduos tendem a diminuir o comprometimento e a produtividade

    no trabalho. Este fato corroborado por Miller (2012, p. 38) e pode ser

    visualizado na FIGURA 1, na qual o estgio de adaptao considerado o de

    maior durao e com menor comprometimento e/ou produtividade por parte do

    indivduo.

    FIGURA 1 - Reaes a mudanas

    FONTE: Miller (2012, p. 38)

    A figura tambm contextualiza os estgios adicionais propostos pelos

    psiclogos organizacionais. Percebe-se que o choque apresentado com a

    primeira reao mudana, sendo seguido pelos quatro primeiros estgios

    propostos tradicionalmente. Neste momento, acontece a fase de teste,

    correspondente a fase de experimentao da mudana j implementada e que,

    culmina, por fim, na aceitao da mudana introduzida.

    Por fim, preciso ressaltar que, no contexto de mudanas

    organizacionais, faz-se necessrio pensar e gerir a forma como o grupo afetado

    pelas mudanas ir reagir, e no apenas as reaes individuais de cada

    profissional envolvido. Isto porque, em situaes em que um grupo de pessoas

    afetado pelas mudanas, podem surgir interesses grupais, interesses individuais e,

    em um cenrio mais complexo, interesses grupais e individuais contraditrios.

    Por este fato, necessrio compreender o meio em que a mudana esta inserida,

    para que se possa elaborar uma gesto adequada da mudana.

  • 23

    2.4 MUDANAS ORGANIZACIONAIS E A TECNOLOGIA DA

    INFORMAO

    Entre os diferentes tipos de mudanas nas organizaes, aquelas

    envolvendo a TI e os processos por ela suportados tem tomado uma funo de

    destaque pelas possibilidades de criao de vantagem competitiva que oferecem,

    as quais, por sua vez, contribuem para a sobrevivncia das organizaes num

    ambiente dinmico. De fato, conforme afirma Bresciani Filho, Gamba e Caputo

    (2004, p. 51), em um ambiente caracterizado por mudanas, a TI assume um

    papel de vital importncia para melhoria da competitividade nas organizaes.

    As contribuies da TI para os negcios podem incluir uma maior

    integrao interdeparmental, com parceiros de negcio e com clientes, facilitando

    o fluxo de informaes; conferindo maior eficincia operacional;

    disponibilizando dados em tempo real para facilitar a tomada de deciso e

    aumentando a segurana de operaes.

    Dentre os potenciais benefcios propiciados pela TI podem ser citados:

    o rpido acesso a informaes para a tomada de deciso (FREITAS;

    BECKER; HOPPEN, 1997apud BRODBECK; DOTTORI; HOPPEN,

    2011, p. 277); a adaptao, integrao, redesenho e criao de

    processos empresariais; o aumento da produtividade no ambiente de

    trabalho; e a integrao interorganizacional (GONALVES, 2000

    apud BRODBECK; DOTTORI; HOPPEN, 2011, p. 277)

    Desta forma, a TI impacta diretamente as relaes organizacionais e cria

    novas formas de trabalho e, assim, projetos envolvendo direta ou indiretamente

    sistemas de informao so responsveis por mudanas de alto impacto nas

    organizaes, seus processos e pessoas, muito alm da mudana da prpria

    tecnologia.

    Um causador de mudanas nas organizaes diz respeito ao uso das

    tecnologias de informao (TI) que, ao serem implementadas, causam

    transformaes nas mais diversas esferas. Mais do que uma mudana

    tecnolgica a implementao e uso de TI pode resultar em um

    processo de transformao na organizao de maneira geral (GOZZI

    et al., 2006, apud NBREGA, 2009, p. 14).

    Inevitavelmente, devido a ampla utilizao de tecnologias dentro das

    organizaes, as empresas tem se tornado cada vez mais dependentes de sistemas

  • 24

    de informao em suas atividades cotidianas. Desta forma, alteraes nestes

    sistemas, quase sempre representam mudanas organizacionais significativas e

    devem ser muito bem planejadas de forma a minimizar problemas decorrentes da

    implementao destas mudanas.

    Assim, essencial que, na gesto de projetos de sistemas de informao,

    se considere tambm esforos dedicados GMO, e que estes contemplem os

    diversos aspectos por eles impactados, e no somente a introduo e uso de

    novas tecnologias. Conforme abordado a seguir, este aspecto especialmente

    importante para projetos de ERP em grandes empresas.

    2.5 SISTEMAS ERP COMO AGENTES DA MUDANA

    ORGANIZACIONAL

    A presso competitiva imposta pelo ambiente e as novas formas de

    administrar empresas globalizadas e mais integradas causaram mudanas

    tambm na prpria tecnologia disponvel, j que os sistemas de informao

    existentes no eram mais capazes de atender satisfatoriamente as necessidades

    das organizaes e precisaram evoluir. Conforme afirma Bottazzini; Calado

    (2012, p. 16), os sistemas de informao evoluram com a administrao: os

    novos modelos de gesto necessitavam de informaes mais geis e completas.

    Assim, nos anos 90, os sistemas de planejamento de recursos de

    manufatura (Manufacturing Resource Planning - MRPII), uma evoluo dos

    sistemas de planejamento de requisies de materiais (Material Requirements

    Planning - MRP) que atendia a necessidade de planejamento da produo e

    controle do processo produtivo, evoluram, por sua vez, para o ERP, passando a

    contemplar tambm outros processos das organizaes, como controladoria,

    compras e recursos humanos.

    Isto o que explicam Bresciani Filho, Gamba, Caputo (2004, p. 47): a

    partir da segunda metade dos anos 90, os sistemas ERP surgiram como uma

    soluo para ajudar as empresas a melhorar sua produtividade e obter vantagem

    competitiva atravs do uso da TI.

  • 25

    No Brasil, tambm a j citada necessidade de aumento da capacidade

    competitiva das empresas frente globalizao foi o fator mais importante para

    adoo de sistemas ERP, porm outros dois fatores tambm a permitiram e

    impulsionaram: a flexibilizao da Lei de Informtica e o efeito ano 2000

    (Y2K4). O primeiro permitiu o acesso das grandes empresas brasileiras

    tecnologia de ponta, e o segundo, por sua vez, instigou as empresas a

    vislumbrarem a possibilidade de substituir seus sistemas e no somente atualizar

    aqueles j existentes (NORRIS; HURLEY, 2001, p. XIII).

    O grande avano da tecnologia dos ERP em relao aos sistemas

    anteriores exatamente o conceito de no serem apenas um sistema de gesto

    empresarial, mas sim um sistema integrado. Desta forma, conforme afirma Villa

    et al. (2007, p. 22), o ERP permite uma anlise e observao de todo o

    funcionamento de uma empresa, evita erros na comunicao de um sistema para

    outro e reduz custos, evitando retrabalho.

    Em nosso pas, contudo, o potencial de transformao que os ERP

    ofereciam para as empresas no foi aproveitado de imediato em sua totalidade.

    Conforme explicam Norris e Hurley (2001, p. XIII):

    Os primeiros projetos de implementao de sistemas ERP no Brasil

    focavam quase que exclusivamente na atualizao tecnolgica e

    melhoria da produtividade interna da empresa. medida que os

    conceitos de integrao funcional e conectividade interna foram sendo

    mais bem compreendidos, passamos a ter projetos que passaram a

    vislumbrar aspectos de integrao com parceiros de negcio e clientes.

    De forma geral, contando com maior capacidade de reao e

    flexibilidade, os ERP apoiam os processos produtivos com o intuito final de

    suportar o aproveitamento de oportunidades estratgicas e o enfrentamento de

    ameaas trazidas por um ambiente em constante mudana.

    importante ressaltar que, alm da prpria integrao, os sistemas ERP

    tm ainda por vantagens a atualizao permanente da base tecnolgica e

    4 Y2K: acrnimo anglo-saxo para o efeito ano 2000 ou bug do milnio que faz referncia aos

    erros esperados nos sistemas de TI na realizao de clculos utilizando datas, aps a chegada do

    novo milnio.

  • 26

    benefcios relacionados com a terceirizao do desenvolvimento de aplicaes

    (SOUZA; ZWICKER, 2000, p. 46).

    Tais vantagens aportadas para as empresas traduzem-se na continuidade

    dos investimentos sem projetos de ERP e da relevncia destes nos mbitos

    empresarial e acadmico, mesmo anos aps as primeiras implementaes nas

    grandes empresas na dcada de 90. Como corroboram Bresciani Filho, Gamba e

    Caputo (2004, p. 47), o ERP continua sendo um dos principais focos de

    investimento na rea de TI, e ainda permanece como sistema crtico para a

    maioria das grandes organizaes ao redor do mundo (RAZMI et al., 2009apud

    SACCOL; SOUZA, 2010, p. 2).

    Tratando-se de investimentos crticos para as organizaes, capazes de

    contribuir com a estratgia empresarial de diferentes maneiras, implementaes

    ou alteraes em sistemas ERP tem sido tratadas como projetos nas empresas,

    tendo ento seu planejamento, execuo e controle suportados pelas tcnicas e

    mtodos da Gesto de Projetos.

    Atualmente, a forma mais comum de introduo de mudanas

    significativas nas organizaes inseri-las no contexto de projetos, e

    os sistemas ERP no se diferenciam neste aspecto. Desde seu

    surgimento, a implementao de sistemas ERP tem sido tratada com

    um projeto na maioria das empresas (DAVENPORT, 1999 apud

    SOUZA; ZWICKER, 2000, p. 49).

    Cabe reflexionar que, a presena contnua de projetos em ERP seria

    resultante, em parte, exatamente dos esforos das grandes organizaes em

    acompanhar os desenvolvimentos na tecnologia dos ERP e as novas vantagens

    ofertadas.

    Os fornecedores de sistemas ERP continuam expandindo seus

    sistemas com novos desenvolvimentos, aquisies de sistemas

    especializados em determinadas funcionalidades e parcerias com

    fornecedores de solues complementares (CHAUDHRY, 1998 apud

    BIANCOLINO, 2010, P. 49).

    Contudo, percebe-se na realidade das organizaes que a quantidade

    expressiva de mudanas relacionadas a sistemas ERP nas grandes empresas

    advm, principalmente, da necessidade de adaptao dos sistemas integrados de

    gesto s mudanas nos processos e demais sistemas da organizao e de seus

  • 27

    parceiros de negcio, assim como, especialmente no Brasil, s obrigaes legais.

    Como explica Bresciani Filho, Gamba e Caputo (2004, p. 46), deve-se

    considerar que este sistema, por estar to intimamente ligado s operaes

    centrais das empresas, no pode ser considerado um software esttico.

    O Brasil, notoriamente, configura-se como um dos pases de maior

    complexidade tributria e legislativa do mundo. A constante

    necessidade de atualizao dos sistemas ERPs face s obrigaes legais (requerimentos e funcionalidade legais so diferentes at entre

    municpios) obriga as empresas a gerenciarem seus sistemas ERPs com base em uma dinmica prpria e especfica (BIANCOLINO,

    2010, p. 25).

    Entretanto, mesmo que os ERP sejam um tema presente h mais de 20

    anos nas empresas de grande porte, sigam relevantes e de alta importncia ao

    contriburem para uma maior eficincia operacional e, finalmente, para a prpria

    sobrevivncia das organizaes, importante o elevado ndice de insucesso

    nestes projetos. A empresa de consultoria Boston Consulting Group (2000 apud

    BRESCIANI FILHO; GAMBA; CAPUTO, 2004, p. 46) fez um estudo com

    cem executivos de empresas lderes em seu segmento, onde foi apontado que

    somente um em cada trs projetos de ERP so considerados um sucesso.

    importante aclarar que o sucesso aqui compreendido pela

    manuteno do equilbrio entre prazo, custo e qualidade do projeto durante a sua

    execuo, conforme mostra a FIGURA 2.

    FIGURA 2 - Prazo, Custo e Qualidade e sucesso do projeto

    FONTE: NORRIS; HURLEY (2001, p. 165)

  • 28

    O sucesso vai muito alm de ter como fim a implementao do ERP em

    questo, para envolver tambm o alcance de verdadeiras melhorias nos processos

    organizacionais, nas suas relaes e nas formas de trabalho empregadas.

    Ao adotar um ERP, o objetivo bsico no colocar o software em

    produo, mas melhorar os processos de negcios usando tecnologia

    da informao. Mais do que uma mudana de tecnologia, a adoo

    desses sistemas implica um processo de mudana organizacional

    (ESCRIVO FILHO; MENDES, 2002, p. 278).

    Como visto anteriormente, os projetos ERP so provocados e afetados

    pelas mudanas internas da organizao e de seu ambiente externo. No se

    limitando a isto, estes tambm representam verdadeiros agentes da mudana

    organizacional, uma vez que, sendo integradores de diferentes departamentos,

    causam e requerem transformaes em distintos atores e processos, inclusive em

    aspectos comportamentais e culturais, de forma mais significativa que o conjunto

    geral de projetos de TI abordado previamente. O sucesso dos projetos ERP,

    portanto, passa a estar intimamente ligado ao gerenciamento das mudanas

    organizacionais que aportam.

    Para Lima et al. (2000, apud ESCRIVO FILHO; MENDES, 2002, p.

    278), a adoo de um ERP afeta a empresa em todas as suas dimenses, culturais,

    organizacionais ou tecnolgicas. A barreira mais importante para conduzir

    projetos destes sistemas, entretanto, reside em alinhar tais dimenses e trabalhar

    o fator humano e questes comportamentais que acabam por no sobressair

    frente aos aspectos tecnolgicos.

    Segundo Souza e Zwicker (2000), uma das principais dificuldades da

    implementao de ERP o fato dela tratar um processo de mudana

    organizacional, envolvendo simultaneamente mudanas nas tarefas e

    responsabilidades de indivduos e departamentos, assim como

    mudanas nas relaes interdepartamentais.

    A questo comportamental impe barreiras principalmente na forma da

    resistncia mudana, a qual impacta a aceitao de novos processos, funes e,

    inclusive, introduo de novos sistemas ERP ou alteraes naqueles j

    existentes.

  • 29

    A implementao do ERP requer mudanas importantes dos processos

    organizacionais, culturais e de negcio. Quase sempre, o software de

    ERP era e ainda visto unicamente como uma forma de reduzir custos. Como resultado, a resistncia organizacional implementao

    do ERP tem sido frequentemente alta, e nem todos os programas de

    implementao do ERP atingiram as melhorias empresariais

    prometidas (NORRIS; HURLEY, 2001, p. 5).

    Desta maneira, considerando-se o nvel de permeabilidade destes

    sistemas nas grandes organizaes e sua importncia estratgica, mais alm da

    necessidade de outros projetos de TI, a gesto das mudanas organizacionais

    aportadas pelos projetos ERP deve ser especialmente realizada paralelamente ao

    gerenciamento de projeto, aumentando os impactos positivos das mudanas e

    reduzindo os esforos necessrios para o efetivo alcance dos objetivos propostos.

    2.6 HISTRICO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS NAS

    ORGANIZAES

    Como visto anteriormente, por sua complexidade, criticidade e potencial

    estratgico, mudanas relacionadas a sistemas ERP tem sido tratadas como

    projetos nas organizaes, sendo assim inseridas no contexto do Gerenciamento

    de Projetos.

    Desta maneira, para uma boa compreenso de como a gesto de

    mudanas aparece no contexto de projetos de sistemas ERP, faz-se necessrio

    apresentar, ao menos em linhas gerais, a evoluo do Gerenciamento de Projetos

    e o estado atual deste nas grandes organizaes.

    No tocante a sua origem histrica, de acordo com Barcaui (2012), a

    gerncia de projeto evoluiu a partir de diversos campos de aplicao diferentes,

    incluindo a construo civil, a engenharia mecnica e projetos militares.

    Nos Estados Unidos, o "pai" da gerncia de projeto Henry Gantt,

    chamado o pai de tcnicas do planejamento e do controle, que conhecido pelo

    uso do grfico de barras como uma ferramenta de gerncia de projeto. Seu

    trabalho o precursor de muitas ferramentas modernas de gesto de projeto, tais

    como a Work Breakdown Structure (WBS) ou Estrutura Analtica do Projeto

  • 30

    (EAP), as quais subdividem as entregas e trabalho do projeto em partes menores

    e subsidiam a definio do escopo.

    Novamente nos Estados Unidos, os anos 1950 marcaram o comeo da

    era moderna da gerncia de projeto. Neste momento, os projetos eram

    controlados basicamente utilizando-se os grficos de Gantt, alm de tcnicas e

    ferramentas informais, porm dois modelos de projeto matemtico foram

    desenvolvidos, e espalharam-se rapidamente em muitas empresas.

    Program Evaluation and Review Technique (PERT), desenvolvido

    como a parte programa do mssil do submarino Polaris da marinha dos

    Estados Unidos (conjuntamente com Lockheed Corporation);

    Critical Path Method (CPM) desenvolvido em conjunto pela Du Pont

    Corporation e Remington Rand Corporation para projetos da

    manuteno de planta. Estas tcnicas matemticas espalharam-se

    rapidamente em muitas empresas.

    Em 1969, deu-se forma ao Project Management Institute (PMI) para

    servir ao interesse da indstria da gerncia de projeto. A premissa do PMI que

    as ferramentas e as tcnicas da gerncia de projeto no deve ter diferena de

    aplicao entre diferentes tipos de projetos, da indstria do software indstria

    de construo.

    Em 1981, os diretores do PMI autorizaram o desenvolvimento do que se

    transformou em um guia de projetos. Conhecido como PMBOK

    , contendo os

    padres e as linhas mestras das prticas que so usados extensamente nas

    indstrias.

    Atualmente, a adoo desta e outras de metodologias de gerenciamento

    de projetos por empresas no Brasil e no mundo crescente. O PMI estima que

    US$ 10 trilhes so gastos anualmente ao redor do mundo em projetos (o

    equivalente a 25% do Produto Interno Bruto - PIB Mundial) e 16,5 milhes de

    profissionais esto diretamente ligados com o gerenciamento de projetos.

    Em recente pesquisa no mercado brasileiro realizada pelo instituto

    PMSURVEY (2012) com cerca de 730 das maiores empresas brasileiras do

  • 31

    Brasil, Argentina e Uruguai, so apresentados diversos indicadores do panorama

    atual da adoo de gerenciamento de projetos dentro destas organizaes.

    Entre estes indicadores, destaca-se principalmente o que diz respeito ao

    apoio da alta gerncia junto adoo do gerenciamento de projetos, conforme

    mostra a FIGURA 3.

    FIGURA 3 - Apoio da Alta administrao ao Gerenciamento de projetos

    FONTE: PMSURVEY (2012)

    Observa-se que a maioria das empresas apoia/incentiva a adoo de

    metodologias de gerenciamento de projetos, e que baixssimo o percentual de

    empresas onde a falta de apoio completa, confirmando uma forte tendncia na

    adoo destas metodologias.

    Outro indicador relevante da pesquisa mencionada, so os percentuais de

    percepo dos benefcios do gerenciamento de projetos pelas organizaes,

    exibidos na FIGURA 4.

  • 32

    FIGURA 4 - Percepo dos benefcios decorrentes do Gerenciamento de Projetos

    FONTE: PMSURVEY (2012)

    Pode-se observar neste grfico que, na maior parte das empresas, a

    percepo dos benefcios da prtica de Gesto de Projetos ocorre sempre ou na

    maioria das vezes.

    Percebidas as vantagens e retornos da adoo de metodologias para

    apoiar a gesto de projetos, as organizaes tornam-se patrocinadoras destas

    prticas, investindo na aquisio de conhecimentos neste tema e confiando

    Gesto de Projetos a implementao de mudanas que as afetam

    significativamente, a exemplo das alteraes de ERP.

    2.7 GESTO DE MUDANA ORGANIZACIONAL EM PROJETOS

    Conforme abordado, as mudanas organizacionais e a resistncia a estas

    tm ntima relao e implicncia em projetos de ERP em grandes empresas, de

    forma que a GMO surge como um fator crtico de sucesso para estes projetos.

    Em busca de uma melhor compreenso da importncia da gesto da mudana

    organizacional neste contexto, faz-se necessrio revisar a evoluo deste tema e

    como este se apresenta atualmente nas organizaes.

    De forma geral, toda mudana leva a um fator de insegurana nas

    pessoas envolvidas. O processo de mudana uma curva de aprendizado,

    adaptabilidade e aceitao que vai se moldando com o tempo e de acordo com o

    andamento e maturidade do projeto.

  • 33

    Gesto da mudana organizacional ou, simplesmente, gesto da

    mudana (GM) um processo estruturado de aplicao de

    conhecimentos, tcnicas e instrumentos; bem como de exerccio de

    atitudes para gerenciar o processo de mudana interior de cada pessoa

    que precisa mudar sua forma de trabalhar, de modo a produzir os

    resultados desejados de um projeto ou iniciativa de mudana

    (KOKITSU,2012, p. 34).

    Isto significa que o sucesso na gesto de mudanas organizacionais em

    projetos ERP ou outros projetos, pode ser o diferencial entre o xito ou o fracasso

    de um projeto. Se as demandas internas da equipe e os anseios pessoais de cada

    membro envolvido nas etapas do projeto no forem bem compreendidos e

    corretamente gerenciados e equalizados, existe a forte probabilidade do

    andamento do projeto no ter o rendimento esperado pelos patrocinadores e

    demais pessoas envolvidas no mesmo.

    A mudana um programa intensivo de aes que deve ser precedido

    de um planejamento que defende a transformao proposta e

    demonstra sua necessidade e vantagens. Preparar a organizao para o

    que vir justamente construir o contexto da mudana. A figura do

    agente de mudana surge, ento, como lder ou guia da nova situao

    organizacional, interagindo e alimentando novos valores, atitudes e

    comportamentos por meio da identificao e internalizao das aes

    inerentes ao processo de mudana (XAVIER; DORNELAS, 2013, p.

    12 e 13).

    O lder do projeto, ou gestor responsvel pela implementao do projeto,

    deve estar atento para o impacto que a mudana pode causar dentro da

    organizao. Os fatores comportamentais e a reao nos membros da equipe no

    pode ser um item esquecido ou considerado de menor importncia. Desta forma,

    um planejamento efetivo do gerenciamento dos impactos e aes preventivas ou

    mitigatrias deve ser considerado dentro do planejamento da gesto do projeto.

    O planejamento da gesto da mudana organizacional abrange todas

    as atividades que uma organizao precisa executar para com sucesso

    fazer com que as pessoas, que utilizaro o produto de um projeto,

    aceitem e adotem novos modelos de trabalho e novas tecnologias.

    (KOKITSU, 2012, p. 34).

    Ainda segundo Kokitsu, a gesto da mudana organizacional envolve o

    uso de um modelo, processos e metodologia para gerenciar o processo de

    mudana de cada indivduo (transio) que precisa mudar sua forma de trabalhar

    (FIGURA 5).

  • 34

    FIGURA 5 - Relao da gesto da mudana e o lado humano do projeto

    FONTE: Kokitsu (2012, p. 34)

    Lewin chamava o comportamento das resultantes das foras

    impulsionadoras e restritivas a uma mudana como campos de foras. Segundo

    Oliveira (2006, p. 350), este campo deve estar em equilbrio, pois um aumento,

    em qualquer uma das foras afetaria a outra, ou seja, um aumento na fora

    impulsionadora, que a principio seria boa, pode causar um aumento na fora

    restritiva.

    As foras impulsionadoras e restritivas podem ser compreendidas para

    um indivduo, um grupo, e at mesmo para uma organizao. Os exemplos

    propostos podem ser visualizados no QUADRO 1.

    QUADRO 1 - Foras atuantes no processo de mudana

    FONTE: OLIVEIRA (2006, p. 350)

    Compreender as foras impulsionadoras e restritivas, auxiliam o gerente

    da mudana a melhor elaborar as tcnicas para a implementao da mudana.

  • 35

    Os agentes de mudana podem aumentar a motivao em uma

    organizao, fazendo uso dos trs estgios do processo de comprometimento,

    descritos por: preparao, aceitao e comprometimento.

    Dentro deste conceito, a gesto de mudanas organizacionais vital para

    o sucesso do projeto. Existem muitas dificuldades na gesto destas mudanas,

    nos impactos que ela pode causar na organizao e nas pessoas diretamente ou

    indiretamente envolvidas neste projeto. Um planejamento para isto deve ser bem

    realizado e os alertas de desvios de comportamento, ou clima dentro da

    organizao, bem avaliados. A ao corretiva deve ser rpida e eficiente. Existem

    dificuldades, porm elas so contornveis e, com um bom plano de ao,

    ajustveis e corrigidas para o sucesso do projeto.

    A criao de plano de aes, relacionadas s mudanas organizacionais,

    precisa levar em conta vrios fatores, porm, como corroborado por Robbins

    (2005, p. 437) todos estes fatores so motivados por questes culturais. Um bom

    exemplo deste fato que, empresas com grande apego s tradies, como as

    japonesas, tendem a possuir maior resistncia s mudanas.

    No caminho para a definio de um plano de ao para a mudana, deve-

    se identificar a melhor estratgia, para cada empresa e/ou situao. Estas

    estratgias, segundo Oliveira (2006, p. 335), podem ser trs, conforme descritas

    na sequncia:

    Evolucionria: a mudana pequena, ou substitutiva, e no altera o

    status quo. Esta mudana lenta e suave;

    Revolucionria: a mudana contradiz, rompe ou destri os arranjos

    do status quo (OLIVEIRA, 2006, p. 335). rpida, intensa, brutal e

    transgride as antigas expectativas, e;

    Sistemtica: descrita por Oliveira como uma mudana feita de acordo

    com um estudo dos modelos da organizao, comparando qual a

    situao atual, o que deveria ser e o que fazer para chegar situao

    desejada. Esta estratgia tende a traduzir maior apoio e compromisso

    dos envolvidos.

  • 36

    Dentro das trs estratgias acima, levando em conta a cultura

    organizacional que a empresa possui, tais como valores, viso e misso, cada

    empresa precisa definir quais metodologias e estratgias utilizar nos processos de

    gerenciamento de mudana.

    A partir desta definio, a organizao dever empreender um

    planejamento estratgico da gesto desta mudana e um plano de ao para

    gerenciar os impactos nos indivduos envolvidos neste processo.

    Para ajudar a definir seu planejamento para a GMO, algumas questes

    podem ser levantadas, tais como: Como as pessoas reagiro s mudanas?,

    Quais so as expectativas individuais em relao ao projeto? e Qual plano de

    ao se pode adotar para gerir o processo de mudana e as expectativas das

    pessoas?.

    Com estas questes respondidas, o planejamento para a GMO poder ser

    mais bem embasado e ganhar um nvel estratgico no planejamento do projeto

    junto alta direo da empresa.

    2.8 TCNICAS DE IMPLEMENTAO DE MUDANAS

    ORGANIZACIONAIS

    Conforme citado anteriormente, definir a melhor forma para implementar

    uma mudana, depende de diversos fatores, como o tipo de mudana e a cultura

    da organizao.

    Inevitavelmente, toda a mudana organizacional provoca resistncia, seja

    em maior ou menor grau. Por isso, importante que a organizao esteja

    preparada para enfrentar estas resistncias de forma que as estas no sejam

    impeditivas mudana planejada e a seus respectivos benefcios.

    Neste sentido, existem algumas tcnicas que podem ser utilizadas para

    implementar as mudanas com maior chance de sucesso (OLIVEIRA, 2006, p.

    352):

    1. Identificar uma necessidade verdadeira de mudana;

    2. Obter apoio da alta administrao;

  • 37

    3. Projetar a mudana para implementao incremental;

    4. Criar equipes de mudana;

    5. Fomentar os campees de ideias e

    6. Desenvolver planos para superar as resistncias.

    Como podemos observar no nosso dia, e Oliveira (2006, p353) corrobora

    esta informao, muitas boas ideias deixam de ser utilizadas porque os gerentes

    no conseguem prever ou se preparar para a resistncia mudana. Por isso a

    importncia da definio de planos para superar as resistncias.

    Entre as principais fontes de resistncia mudana, esto as dificuldades

    de mudana da rotina adquirida, tanto nos indivduos, como nas organizaes,

    descritas por Robbins (2005, p. 426) como Hbitos e como Inrcia

    Estrutural, respectivamente. Esta informao confirmada no QUADRO 2, no

    qual Robbins (2005, p. 426) fornece algumas das fontes de resistncia

    mudana, que podem ser pensadas, para criar o desenvolvimento de planos para

    superar as resistncias.

    QUADRO 2 - Fonte de resistncia mudana.

    FONTE: ROBBINS (2005, p. 426)

  • 38

    Cada uma das tticas para enfrentar a resistncia mudana deve ser

    avaliada pelo gerente de mudanas, a fim de identificar a que melhor se enquadra

    tanto para o estilo da organizao, assim como para a situao que ser

    enfrentada. Robbins sugere outras seis tticas que podem ser utilizadas para

    enfrentar estas resistncias. So elas:

    1. Educao e Comunicao: quando a falta de informao o agente

    causador da resistncia, pode-se bem informar os indivduos

    envolvidos e trabalhar aes de comunicao para mitigar a

    resistncia.

    2. Participao: neste caso se tem por base que, uma pessoa que

    participa do quadro de deciso, tem baixa, ou nenhuma resistncia

    mudana.

    3. Facilitao e Apoio: o agente de mudanas pode oferecer apoio e

    facilitar o processo de mudana para os envolvidos. Dependendo do

    quadro em que se encontra a resistncia, para ser efetiva, esta ao

    pode ter que ser realizada por terceiros externos empresa,

    envolvendo tcnicas como terapias, treinamentos e outros.

    4. Negociao: ao oferecer algo em troca, pela diminuio, ou at

    mesmo extino da resistncia, as pessoas tendem a ser mais

    favorveis s mudanas.

    5. Manipulao e Cooptao: nesta ttica, a inteno fazer uso da

    influncia, ocultando, ou at mesmo mudando a apresentao dos

    pontos, para que os agentes resistentes se sintam atrados pela

    mudana. Ao incumbir, por exemplo, funes-chave aos lderes dos

    grupos, estes costumam passar a possuir uma viso favorvel das

    mudanas.

    6. Coero: em ltimo caso, considerando que nenhuma das tticas

    acima tenha funcionado, utiliza-se de ameaas diretas, de forma a

    alcanar o desejado. Contudo, necessrio considerar que no se

    estar eliminando a resistncia, apenas a suspendendo.

  • 39

    Percebe-se que as tticas acima descritas esto organizadas de forma

    cronolgica de aplicao, na qual se espera que as tticas de comunicao e

    participao antecedam qualquer nvel de negociao ou ttica de influncia.

    Contudo, qualquer uma destas tticas pode ser escolhida de acordo com

    o tipo de situao que se esteja enfrentando, visando que cada uma tem um custo

    e/ou prejuzo a ser considerado.

  • 40

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA

    De acordo com Thiollent (1994, apud COSTA 2006), o papel da

    metodologia o de conduzir a pesquisa de acordo com as exigncias acadmicas,

    garantindo a confiabilidade e repetibilidade dos procedimentos que levaram

    busca da soluo do problema de pesquisa. Esta pesquisa, por sua vez, conforme

    afirma Gil (2009, p. 17), desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos

    disponveis e a utilizao cuidadosa de mtodos, tcnicas e outros procedimentos

    cientficos.

    Assim, neste tpico, apresentada a metodologia de pesquisa utilizada

    para possibilitar a elaborao deste projeto de pesquisa, e so detalhados os

    procedimentos de pesquisa, os instrumentos e tcnicas de coletas de dados e a

    definio da populao e critrios de eleio da amostra utilizada.

    3.1 PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

    Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 157, p. 44), a pesquisa pode ser

    considerada como um procedimento formal com mtodo de pensamento

    reflexivo que requer um tratamento cientfico e se constitui no caminho para se

    conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Gil (1999, p. 42), por

    sua vez, corrobora esta linha de pensamento ao afirmar que o objetivo

    fundamental da pesquisa descobrir respostas para problemas mediante o

    emprego de procedimentos cientficos.

    Com o intuito de possibilitar a escolha do procedimento de pesquisa mais

    assertivo para o atingimento dos objetivos especficos traados neste projeto de

    pesquisa e, assim, de seu objetivo geral, tais objetivos foram analisados e

    comparados com as possibilidades dos procedimentos de pesquisa disponveis.

    Como neste projeto prope-se o estudo e compreenso de mtodos, fez-

    se necessria a aplicao de procedimentos de pesquisa que se adequassem a

    explorao de conceitos e abordagens. Foram selecionadas, ento, do ponto de

    vista de seus objetivos, a pesquisa exploratria e a pesquisa descritiva.

  • 41

    A pesquisa exploratria prope-se a aumentar a familiaridade do

    pesquisador com o tema , segundo Gil (2009, p. 41), esta tem por objetivo

    principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuies.

    A pesquisa descritiva, por sua vez, tem como objetivo primordial a

    descrio das caractersticas de determinada populao ou fenmeno ou, ento, o

    estabelecimento de relaes entre as variveis (GIL, 2009, p. 42).

    Cabe ressaltar, ainda, que apesar da anlise se restringir s mudanas

    introduzidas por projetos de ERP, uma vez que foram analisados tais impactos

    para toda empresa, o nvel de anlise neste projeto de pesquisa organizacional.

    3.2 INSTRUMENTO E TCNICAS DE COLETA DE DADOS

    Conforme afirma Sales (2009, p. 17), os procedimentos tcnicos se

    referem concretizao da pesquisa e tem por finalidade tratar o assunto de

    forma mais restrita e menos abstrata. Desta maneira, podemos compreender os

    procedimentos tcnicos como meios do campo prtico para alcanar os objetivos

    e levantar respostas aos problemas de pesquisa definidos no mbito terico.

    No que tange operacionalizao da pesquisa, ou seja, os procedimentos

    tcnicos utilizados para a coleta e anlise dos dados, pode-se classificar esta

    pesquisa em bibliogrfica e de levantamento.

    A pesquisa bibliogrfica desenvolvida com base em material j

    elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos

    (...). A principal vantagem da pesquisa bibliogrfica reside no fato de

    permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenmenos muito

    mais ampla do que aquela que poderia pesquisa diretamente (GIL,

    2009, p. 44-45).

    Realizou-se a pesquisa bibliogrfica em livros, artigos cientficos e

    publicaes peridicas, incluindo referncias virtuais, que dissertam sobre a

    temtica central deste projeto e temas correlacionados, e julgados confiveis e

    capazes de prover dados atuais e de relevncia para esta pesquisa.

    Para complementar a pesquisa bibliogrfica e atender de forma mais

    especfica ao objetivo de conhecer a prtica do tema na realidade das

  • 42

    organizaes, como em muitos outros casos, a pesquisa descritiva neste projeto

    de pesquisa assumiu a forma de levantamento.

    Levantamento (survey): esse tipo de pesquisa ocorre quando envolve a

    interrogao direta das pessoas cujo comportamento desejamos

    conhecer atravs de algum tipo de questionrio. Em geral, procedemos

    solicitao de informaes a um grupo significativo de pessoas

    acerca do problema estudado para, em seguida, mediante anlise

    quantitativa, obtermos as concluses correspondentes aos dados

    coletados (GIL, 2010 apud PRODANOV; FREITAS, 2013 p. 57).

    A pesquisa de levantamento foi realizada por meio de questionrio

    eletrnico, elaborado na ferramenta Drive, disponibilizada pelo Google, e

    aplicado junto a gerentes de projeto, usurios, membros de escritrios de

    projetos, entre outros atores com experincia profissional em projetos de ERP no

    Brasil em empresas privadas de grande porte, conforme definies de critrio

    para eleio da amostra detalhados no tpico seguinte.

    O objetivo principal deste questionrio foi o de avaliar a utilizao ou

    no de uma metodologia para a GMO no contexto de projetos de ERP, sua

    qualidade, nvel de maturidade, ferramentas e mtodos utilizados, bem como seus

    fatores crticos de sucesso e a interferncia desta para o alcance dos objetivos do

    projeto. Este questionrio ficou disponvel para recebimento de respostas entre

    24/10/2013 a 12/11/2013, tendo sido obtidas 69 respostas ao total.

    Aps encerramento do questionrio, os dados obtidos foram

    primeiramente analisados visando identificar as respostas vlidas de acordo com

    os critrios definidos para a pesquisa, sendo considerados apenas respondentes

    com experincia em projetos em empresas privadas de grande porte, conforme

    respostas s questes 1, 2, 3 e 5 do questionrio. Assim, a amostra final avaliada

    para anlise e levantamento de concluses foi de 35 respostas.

    Em seguida, realizou-se a anlise e interpretao dos dados, a etapa do

    trabalho que corresponde apresentao dos resultados obtidos na pesquisa e sua

    anlise relacionada aos objetivos e hipteses do trabalho (RAUEN, 1999, apud

    SALES, 2009). Nesta etapa, os dados obtidos com as respostas s perguntas do

    questionrio foram preparados para possibilitar uma melhor anlise.

  • 43

    Assim, os dados referentes ao ramo de atividade foram agrupados por

    similaridade e, a partir destes, as empresas foram tambm classificadas segundo

    seu setor de atuao em Indstria ou Comrcio e Servios.

    J os impactos mencionados da no existncia de uma metodologia

    formal de gerenciamento de projetos na poca da realizao do projeto, assim

    como da inexistncia de um Escritrio de Projetos, ou Project Management

    Office (PMO), foram classificados por seu tipo em Gerenciamento de Tempo,

    Gerenciamento de Mudanas Organizacionais, Gerenciamento de Custo,

    Gerenciamento de Recursos Humanos, Gerenciamento da Comunicao,

    Gerenciamento da Integrao, No Houve Impacto Negativo e No

    Respondeu.

    A forma de participao dos respondentes no projeto foi agrupada nos

    seguintes papis: Consultor Externo, Gerente de PMO, Gerente de Projeto,

    Membro da Equipe Tcnica do Projeto, Membro PMO, Usurio Final,

    Usurio-Chave, e Outros.

    As respostas referentes ao objetivo do projeto analisado na pesquisa

    foram agrupadas conforme alternativas disponibilizadas originalmente no

    questionrio, conforme APNDICE, eliminando-se a classificao Outros.

    Em relao ao ERP ou componente implementado ou alterado no

    projeto, aps anlise do conjunto de respostas recebidas, estas foram

    classificadas em SAP e Outros.

    A quantidade de setores impactados pelo projeto em questo foi

    agrupada, por sua vez, nas seguintes alternativas: Toda a Empresa, De 2 a 4

    Setores, e De 5 a 8 Setores.

    As respostas referentes mudana que recebeu maior resistncia durante

    a execuo do projeto foram agrupadas de acordo com as alternativas

    disponibilizadas originalmente no questionrio, conforme APNDICE,

    eliminando-se a classificao Outros. Os tipos de mudana propostos nesta

    questo foram utilizados para classificar a forma como os respondentes

    afirmaram terem sido afetados pelo projeto.

  • 44

    Em relao ao principal elemento que contribuiu para a resistncia

    mudana, as respostas foram agrupadas conforme originalmente disponibilizado

    no questionrio (APNDICE), adicionando-se as classificaes Outros e No

    Aplicvel.

    Aps a preparao dos dados, durante a fase de interpretao, estes

    foram confrontados com os objetivos e problema deste projeto de pesquisa, bem

    como com os resultados obtidos na pesquisa bibliogrfica.

    Por fim, na ltima fase, foi preparada a apresentao dos resultados

    contidos neste projeto, incluindo a formatao dos dados em tabelas e grficos, e

    a redao das concluses obtidas na fase de interpretao, estas confrontadas

    tambm com a vivncia dos autores.

    3.3 POPULAO E CRITRIOS DE ELEIO DA AMOSTRA

    Como na maioria dos levantamentos, o universo a ser estudado neste

    projeto de pesquisa abrange um nmero elevado de elementos, impossibilitando

    apreci-los em sua totalidade. Conforme afirma Gil (2009, p. 121) sobre os

    levantamentos, o mais frequente trabalhar com uma amostra, ou seja, com uma

    pequena parte dos elementos que compe o universo. Assim, tambm neste

    projeto, no foram pesquisados todos os integrantes desta populao e uma

    amostra foi selecionada.

    A eleio da amostra para aplicao do questionrio eletrnico se

    realizou pelo mtodo no probabilstico.

    Existem dois mtodos, basicamente, para composio de uma

    amostra: o mtodo probabilstico e o no probabilstico. O mtodo de amostragem probabilstica exige que cada elemento da populao

    possua determinada probabilidade de ser selecionado. (...) Os mtodos no probabilsticos, so amostragens em que h uma escolha deliberada dos elementos da amostra (MARTINS, 2000, p. 38-40 apud CUNHA; RIBEIRO, 2004, p. 11).

    A opo pelo mtodo no probabilstico foi realizada pela compreenso

    da importncia de analisar a maior quantidade possvel das amostras disponveis,

  • 45

    e de no excluir da anlise experincias que pudessem ser significativas para o

    estudo.

    Desta forma, a amostra foi obtida principalmente pelos contatos

    profissionais dos autores desta pesquisa, estes tendo sido selecionados de acordo

    com os seguintes critrios:

    Funcionrios ou ex-funcionrios de grandes empresas privadas, tendo

    participado da pesquisa profissionais dos segmentos de Bens de

    Consumo, Telecomunicaes, Automotivo, Servios, Qumica,

    Metalurgia e Siderurgia, Alimentos e Bebidas, e outras indstrias.

    Envolvimento prvio, nestas empresas, em ao menos um projeto de

    ERP realizado no Brasil, como gerente de projeto, usurio, membro de

    escritrio de projetos, entre outros papis que resultaram em

    participao em projeto com as caractersticas mencionadas.

    Para a classificao do porte das empresas, observou-se o critrio por

    nmero de empregados definido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica (IBGE). Neste, para as indstrias, so consideradas grandes aquelas

    com 500 ou mais empregados, enquanto no Comrcio e Servios, so grandes as

    empresas com 100 ou mais funcionrios (SEBRAE5).

    3.4 CRONOGRAMA

    Foi desenvolvido um cronograma do projeto, com todos os elementos do

    projeto e com a definio da durao de cada etapa. O QUADRO 3 mostra este

    cronograma.

    5 Disponvel em: , acessado em: 20 out.

    2013.

  • 46

    QUADRO 3 - Cronograma do projeto

    FONTE: Autores (2013)

  • 47

    4 APRESENTAO E ANLISE DOS RESULTADOS

    A realizao do questionrio fez parte do desenvolvimento da estratgia

    de pesquisa escolhida para este projeto, tendo este sido elaborado a partir da

    consolidao de conceitos apresentados da fundamentao terica e aplicado por

    meio eletrnico, resultando num total de 69 respostas, das quais 35 vlidas de

    acordo com os critrios estabelecidos para eleio da amostra. Desta forma,

    quando mencionado o total de respostas, durante a apresentao e anlise deste

    trabalho, refere-se amostra j selecionada (35). O formulrio utilizado para o

    questionrio mostrado no APNDICE.

    Neste tpico, os dados obtidos so primeiramente analisados de forma a

    contextualizar as caractersticas dos respondentes, suas empresas e projetos e,

    assim, embasar as anlises mais aprofundadas referentes Gesto da Mudana

    Organizacional.

    4.1 PERFIL DAS EMPRESAS

    A maior parte das respostas foi proveniente de profissionais de empresas

    de origem brasileira e no setor industrial, como pode ser observado no

    GRFICO 1.

    - Nacionalidade e setor de atuao GRFICO 1

    FONTE: Autores (2013)

  • 48

    Do total de empresas, 22,86% atua em indstrias variadas, j 20% no

    mercado de Bens de Consumo, e 11,43% no setor de Telecomunicaes, como

    pode ser observado no GRFICO 2.

    - Ramo de atuao das empresas GRFICO 2

    FONTE: Autores (2013)

    A predominncia de indstrias pode se justificar pela forma de

    divulgao do questionrio, predominantemente direcionada aos contatos

    profissionais dos autores, os quais possuem experincia profissional neste setor.

    Sobre a maturidade da Gesto de Projetos, de acordo com 74,14% dos

    profissionais, suas empresas possuam uma metodologia de gerenciamento de

    projetos formalmente estabelecida na poca da realizao do projeto (GRFICO

    3). J a existncia de um PMO se mostrou menor, sendo 65,71%o total de

    profissionais que afirmou que este estava implantado quando o projeto foi

    realizado (GRFICO 4).

    - Existncia de metodologia de gerenciamento de projetos GRFICO 3

    FONTE: Autores (2013)

  • 49

    - Existncia de um Escritrio de Projetos GRFICO 4

    FONTE: Autores (2013)

    De acordo com 62,5% dos participantes de empresas que no contavam

    com uma metodologia formal de projetos, este fator causou impactou

    relacionados ao Gerenciamento do Tempo do projeto, principalmente

    contribuindo para gerar atrasos em relao ao cronograma inicialmente previsto.

    Outros 50% destacaram impactos no Gerenciamento de Recursos

    Humanos, relatando um mau aproveitamento das pessoas envolvidas,

    representado por perda de produtividade, desgastes aos profissionais e retrabalho.

    Na percepo da metade dos profissionais de empresas que no possuam

    um PMO, este fator no impactou negativamente o sucesso do projeto. No

    entanto, 40% dos respondentes relataram impactos negativos ligados ao

    Gerenciamento de Integrao do Projeto, o qual tem por objetivo coordenar os

    diferentes elementos do projeto, incluindo a documentao de abertura, plano e

    encerramento do projeto, a orientao e gerenciamento da execuo,

    monitoramento e controle do trabalho e o controle integrado de mudanas.

    4.2 PERFIL DOS PROFISSIONAIS

    Do total de respostas obtidas, a maioria dos profissionais (31,43%)

    participou do projeto objeto da pesquisa exercendo a funo de gerente de

    projetos, j 17,14%teve o papel de usurio final, e 14,29% de consultor externo,

    como demonstra o GRFICO 5.

  • 50

    - Atuao dos participantes no projeto GRFICO 5

    FONTE: Autores (2013)

    4.3 CARACTERSTICAS DOS PROJETOS

    A maior parte dos projetos, no total de 65,71%, envolveu o sistema SAP

    ERP comercializado pela empresa homnima de origem alem. J o objetivo

    principal dos projetos foi apontado por 45,71% dos respondentes como a

    implementao integral de um novo sistema ERP, por 28,57% como melhorias

    em um sistema ERP e seus componentes j existentes na empresa, e por 17,14%

    como a implementao de um novo componente ou mdulo para um ERP j

    utilizado pela empresa (GRFICO 6).

    - Objetivo principal do projeto GRFICO 6

    FONTE: Autores (2013)

  • 51

    Conforme apontado pela pesquisa bibliogrfica e de acordo com vivncia

    dos autores, o SAP ERP amplamente utilizado por grandes empresas brasileiras

    do setor privado, objeto desta pesquisa, sendo a SAP a lder mundial em solues

    de negcio, fatores que explicam a grande quantidade de projetos relacionados a

    este sistema apontados na pesquisa de levantamento.

    O principal objetivo dos projetos ter sido a implementao integral de

    um novo sistema ERP, corrobora tambm o que foi estudado na pesquisa

    bibliogrfica, confirmando a tendncia esperada que as empresas continuem

    investindo em sistemas ERP para acompanhar evolues oferecidas pelos

    fornecedores e adaptar a tecnologia empregada a novos processos de negcio.

    Pode-se afirmar ainda que 40% destes projetos foram realizados em um

    perodo de 6 meses a 1 ano, enquanto 25,71% tiveram durao compreendida

    entre 1 ano e 1 ano e meio, e um total de 17,14% teve durao superior a 2 anos

    (GRFICO 7).

    - Perodo dos projetos GRFICO 7

    FONTE: Autores (2013)

    J no tocante a quantidade de setores impactados pelo projeto, a maioria

    (71,43%) implicou em mudanas para toda a organizao, enquanto 20% dos

    projetos atingiram de 2 a 4 setores e 8,57% de 5 a 8 setores (GRFICO 8).

  • 52

    - Quantidade de setores afetados pelo projeto GRFICO 8

    FONTE: Autores (2013)

    Cabe aqui reflexionar que projetos realizados com menor tempo de

    execuo e maior impacto global para as organizaes so reflexo do dinamismo

    do ambiente experimentado atualmente pelas organizaes.

    Um pouco mais da maioria dos projetos (51,43%) teve ndice de sucesso

    percebido como Bom, com atingimento da maioria dos objetivos estabelecidos.

    Os projetos com sucesso avaliado como timo com atendimento de todos os

    objetivos, e Regular com atendimento parcial dos objetivos, somam, cada um,

    14,29% do total (GRFICO 9).

    - Percepo do ndice de sucesso GRFICO 9

    FONTE: Autores (2013)

  • 53

    Este dado, no entanto, pode ter um desvio para cima devido a maior

    concentrao de respondentes com o papel de Gerente de Projetos e anlise de

    que estes, em comparao aos outros atores, reportaram uma melhor percepo

    do sucesso dos projetos: 54,55% consideraram este ndice como Bom e

    36,36% como timo. Por sua vez, isto pode ser explicado pela carga de

    responsabilidade pelo alcance dos objetivos que os Gerentes de Projetos acabam

    por receber.

    4.4 A GESTO DA MUDANA ORGANIZACIONAL

    Em relao gesto de mudana organizacional em projetos, 71,43% dos

    entrevistados mencionou que houve, junto ao projeto, um processo formal de

    gerenciamento de mudanas organizacionais aportadas.

    Este um nmero expressivo que pode corroborar a crescente

    preocupao das empresas em relao ao impacto que o fator humano pode

    causar no sucesso dos projetos, assim como uma maior maturidade destas neste

    tema. Por outro lado, necessrio cautela na anlise isolada deste percentual,

    uma vez que, a falta de conhecimento sobre o que compreende a elaborao,

    execuo e controle de um processo formal para gerir mudanas pode ter causado

    um desvio para cima da quantidade de respostas afirmativas.

    Procurou-se levantar tambm, os itens relacionados gesto de

    mudanas que teriam ou no sido aplicados nos projetos. O QUADRO 4 mostra a

    descrio dos itens que foram avaliados e o percentual de respostas positivas que

    cada um obteve. Ressalta-se que os percentuais no somam 100% por ter sido

    permitida a escolha de mais de um item por participante.

  • 54

    QUADRO 4 - Avaliao dos itens relacionados Gesto da Mudana no projeto

    Item Avaliado Respostas

    afirmativas (%)

    Houve apoio da alta administrao 80,00%

    As reas impactadas foram adequadamente envolvidas 68,57%

    Houve comunicao clara dos objetivos do projeto 60,00%

    A Cultura Organizacional foi considerada 57,14%

    Foi elaborada documentao para o projeto 54,29%