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Gestão de Ecossistemas e Biodiversidade Dr.Alexandre Bastos Ornellas [email protected]

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Gestão de Ecossistemas e Biodiversidade

Dr.Alexandre Bastos Ornellas

[email protected]

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“O fato mais incompreensível da natureza

é que a natureza é compreensível”.

Albert Einstein

Sistemas Biológicos

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ECOLOGIA GERAL

1. CONCEITOS ECOLÓGICOS

A palavra ecologia vem do grego oikos, que significa "casa", nosso meio

ambiente mais próximo.

O zoólogo alemão Ernst Haeckel em 1870 deu a esta palavra um

significado mais abrangente: definiu Ecologia como o estudo do meio

ambiente natural e das relações dos organismos entre si e com seus

arredores.

Assim, Ecologia é a ciência através da qual estudamos como os

organismos (animais, plantas e microorganismos) interagem dentro do e no

mundo natural.

Com as duplas crises de um desenvolvimento populacional muito rápido e

uma aceleração da deterioração do meio ambiente terrestre, a ecologia

assumiu uma importância extrema.

A administração dos recursos bióticos, de uma forma que sustente uma

razoável qualidade de vida humana, depende da sábia aplicação de

princípios ecológicos, não meramente para resolver ou prevenir problemas

ambientais, mas também para instruir nossos pensamentos e práticas

econômicas, políticas e sociais.

A ecologia proporciona uma estrutura para interpretar a devastadora

abundância de informações que nos é colocada disponível todos os dias. E

também nos fornece a compreensão que precisamos para prever as

consequências de nossas interações com os sistemas naturais.

A analogia de Haeckel da economia da natureza enfatiza que tudo na

superfície da terra está inter-relacionado, do mesmo modo que os

empreendimentos humanos estão interligados e definidos pelos princípios

econômicos.

Nós e nossos empreendimentos afetamos diretamente o resultado dos

processos naturais. Assim a própria espécie humana é uma parte

importante da economia da natureza.

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1.1. Níveis de Organização Ecológica

Organismo: é a unidade mais fundamental da ecologia. Nenhuma unidade

menor em biologia tais como o órgão, a célula, a molécula tem uma vida

separada no meio ambiente (alguns casos especiais existem).

Todo o organismo é limitado por uma membrana ou outro tipo de envoltório

através do qual ele troca energia e matéria com os seus arredores.

O seu sucesso como entidade ecológica depende dele Ter um balanço

positivo de energia e matéria que sustentem sua manutenção, crescimento

e reprodução.

Os organismos modificam as condições do ambiente e a quantidade de

recursos disponíveis para os outros organismos; contribuem para os fluxos

de energia e para a reciclagem de materiais.

Os organismos e os seus ambientes físicos e químicos formam um

ecossistema.

Podemos falar de um ecossistema de recife de coral, floresta, savana como

unidades distintas, pois relativamente pouca quantidade de energia e de

substância é trocada entre estas unidades.

Contudo, em última instância, todos os ecossistemas estão ligados juntos

numa única biosfera, a qual inclui todos os meios ambientes e organismos

na superfície da Terra.

A importância do movimento de matéria entre os ecossistemas dentro da

biosfera é realçada pelas consequências globais das atividades humanas.

Os rejeitos industriais e da agricultura dispersam-se para longe dos seus

pontos de origem, causando danos em todas as regiões do planeta.

Muitos organismos da mesma espécie juntos constituem uma população.

As populações diferem dos organismos no sentido de que elas são

potencialmente imortais, sendo seus tamanhos mantidos pelo nascimento

de novos indivíduos que repõem aqueles que morrem.

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As populações têm também propriedades coletivas, tais como barreiras

geográficas, densidade; e propriedades dinâmicas (respostas evolutivas às

mudanças ambientais) que não são exibidas por organismo individuais.

Muitas populações de diferentes espécies vivendo no mesmo lugar

constituem uma comunidade (interações ecológicas).

Hábitat é o lugar ou posicionamento físico, no qual o organismo vive. Os

ecólogos identificam os hábitats por suas características físicas mais

visíveis, frequentemente incluindo flora predominante, ou mesmo fauna.

1.2. Escala de Tempo e Espaço

O mundo natural varia no tempo e no espaço (dia e noite; sazonalmente).

1.3. Alguns Princípios Gerais da Ecologia

Todos os sistemas ecológicos são governados por um pequeno conjunto de

princípios gerais. Entre os mais importantes estão:

1) Sistemas ecológicos funcionam de acordo com as leis da

termodinâmica (governam as transformações fisico-químicas

nos sistemas biológicos)

2) O meio ambiente físico exerce uma influência controladora na

produtividade dos sistemas ecológicos.

3) A estrutura e a dinâmica das comunidades ecológicas são

reguladas pelos processos populacionais.

4) Através das gerações, os organismos respondem às

mudanças no meio ambiente através da evolução dentro das

populações.

1.4. Seleção Natural e Evolução

Todos os sistemas ecológicos estão sujeitos à mudança evolutiva, a qual

resulta do diferencial de sobrevivência e reprodução, dentro das

populações, de indivíduos que apresentam atributos determinados

geneticamente diferentes.

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Devido à seleção natural maximizar o processo evolutivo individual, os

sistemas ecológicos evoluem para funcionar em níveis próximos aos limites

impostos pelas considerações físicas e termodinâmicas.

1.5. Diversidade Ecológica

A diversidade dos sistemas ecológicos é gerada pela proliferação de

espécies em um meio ambiente heterogêneo (complexidade estrutural do

hábitat). A variação espacial nas condições promove diferenças entre as

espécies que vivem em hábitats diferentes. As interações entre populações

dentro do mesmo hábitat também promove diversificação local das

espécies.

1.6. O Estudo da Ecologia

Os ecólogos estudam os sistemas naturais com diversas técnicas. As mais

importantes destas são a observação e o teste de hipótese. No caso dos

sistemas naturais se prestarem prontamente para experimentação, os

ecólogos podem trabalhar com microcosmos ou modelos matemáticos dos

sistemas.

1.7. Ecologia Humana

Os humanos são elementos importantes da biosfera, e nossas atividades

criaram uma crise ambiental de proporções globais. A solução dos nossos

problemas ambientais agudos necessita da aplicação de princípios gerais

da ecologia dentro do quadro das considerações sociais, políticas e

econômicas.

2. ENERGIA NO ECOSSISTEMA

Durante o século passado, vários conceitos novos que emergiram levaram

o estudo da ecologia para novas direções.

A percepção de que as relações de alimentação ligam os organismos numa

entidade funcional única, a comunidade biológica. (Charles Elton, 1920).

As relações de alimentação definiam uma unidade ecológica (idéia nova).

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2.1 Visão Termodinâmica do Ecossistema

Lotka desenvolveu conceitos de ecossistema a partir das considerações

energéticas.

Ele classificou as populações e as comunidades como sistemas

termodinâmicos.

Cada sistema deve ser representado por um conjunto de equações que

governam as transformações de massa entre seus componentes.

Tais transformações incluem a assimilação de dióxido de carbono em

compostos orgânicos de carbono pelas plantas verdes e o consumo de

plantas pelos herbívoros e de animais pelos carnívoros.

Nem toda a energia da luz do sol penetra nas vias biológicas das

transformações. A maior parte dela dirige os ventos, as correntes oceânicas

e a evaporação da água, os quais juntos formam um grande sistema físico

termodinâmico.

Entretanto à parte da energia do sol que as plantas realmente assimilam

pela fotossíntese, alimenta todos os processos biológicos, e assim

estabelece a taxa global das transformações dentro do ecossistema.

A cadeia alimentar tem muitos elos - produtor primário, herbívoro, carnívoro

- os quais Lindeman denominou níveis tróficos.

Além disso, Lindeman visualizou uma pirâmide de energia dentro do

ecossistema.

Uma quantidade menor de energia atinge cada nível trófico acima

sucessivamente devido ao trabalho executado e também a ineficiência das

transformações de energia biológica no próximo nível trófico inferior.

A razão da produção de um nível trófico em relação ao nível abaixo dele

constitui a eficiência ecológica daquele elo da cadeia alimentar.

Diferente da energia, que em última instância vem da luz do sol, e deixa o

ecossistema como calor, os nutrientes são reciclados e mantidos dentro do

sistema.

O carbono, em particular, possui uma relação forte com o conteúdo

energético devido a sua íntima associação com a assimilação de energia

via fotossíntese.

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Uma segunda razão para a importância do ciclo de nutrientes é o fato de

que os níveis de certos nutrientes regulam a produção primária (Ex:

desertos e oceanos).

Compreender como os elementos circulam entre os componentes do

sistema parece crucial para entender a regulação da estrutura e

funcionamento do ecossistema.

2.2. Produção Primária

As plantas capturam a energia luminosa e transformam em energia química

de ligação nos carboidratos.

O balanço químico total da fotossíntese é:

6 CO2 + 6 H2 O = C6 H12 O6 + O2

A fotossíntese transforma o carbono de um estado oxidado no CO2 (baixa

energia) num estado reduzido no carboidrato (alta energia).

A fotossíntese supre os blocos de construção dos carboidratos a e a

energia que a planta precisa para sintetizar os tecidos e crescer.

Reorganizadas e montadas, as moléculas de glicose tornam-se gordura,

óleos e celulose. Combinadas com nitrogênio, fósforo, enxofre e magnésio,

carboidratos simples, derivados em última instância da glicose, produzem

um conjunto de proteínas, ácidos nucléicos e pigmentos.

Os ecólogos distinguem duas medidas de energia assimilada: produção

bruta, a energia total assimilada pela fotossíntese, e produção líquida, a

energia acumulada na biomassa (incluindo o crescimento e reprodução da

planta).

Devido às plantas ocuparem a primeira posição na cadeia alimentar, os

ecólogos referem-se a estas medidas como produção primária bruta e

líquida.

A diferença entre a produção bruta e líquida é a energia da respiração, a

quantidade usada para manutenção e biosíntese.

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3. CICLAGEM DE NUTRIENTES

● Diferente da energia, os nutrientes são retidos dentro do ecossistema e

circulam entre seus componentes físicos e bióticos.

● O ciclo de cada elemento pode ser pensado como um movimento entre

compartimentos do ecossistema, sendo os grandes compartimentos os

organismos vivos, detritos orgânicos, formas inorgânicas imediatamente

disponíveis e formas inorgânicas e orgânicas indisponíveis, geralmente em

sedimentos.

● Nutrientes, como o fósforo e o nitrogênio frequentemente limitam a

produção primária e secundária.

● Dessa forma, os ecossistemas podem ser melhores compreendidos através

dos ciclos de nutrientes (ciclos biogeoquímicos).

● Os ciclos dos nutrientes podem ser divididos em dois tipos:

Ciclos locais, tal como o ciclo do fósforo, que envolve elementos que

não apresentam mecanismos de transferência à longa distância.

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Ciclos globais, o qual envolve trocas entre a atmosfera e o ecossistema

e são particularmente aplicáveis aos elementos tais como nitrogênio,

carbono, oxigênio, e água. Ocorrem no nível da biosfera.

3.1 Ciclo do Fósforo :

● É um ciclo relativamente simples, devido ao fósforo não apresentar

um componente atmosférico.

● Portanto o fósforo não é transportado pela chuva ou vento. A

ciclagem do fósforo tende a ser local e por um curto espaço de tempo.

● A crosta terrestre é a principal reserva desse mineral.

● Todos os organismos vivos necessitam de fósforo para o seu

metabolismo, absorvido principalmente na forma iônica (fosfato).

● Eutroficação ("bloom" de algas) causado antropicamente.

● As perdas do sistema terrestre são balanceadas pelas reservas nas

rochas. Nos ecossistemas aquáticos é grande à parte do fósforo que

torna indisponível para os organismos devido à precipitação.

3.2. Ciclo da Água:

● Embora a água esteja quimicamente envolvida na fotossíntese, a

maior parte do fluxo de água através do ecossistema acontece pelos

processos físicos de evaporação, transpiração e precipitação.

● A energia luminosa absorvida pela água executa o trabalho da

evaporação. A condensação do vapor de água atmosférico ao formar

nuvens libera a energia potencial da água em forma de calor.

● Desta forma, a evaporação e a condensação assemelham-se à

fotossíntese e à respiração (na visão termodinâmica).

● Mais de 90% de toda a água está presa nas rochas, no núcleo da

Terra e em depósitos sedimentares próximos à superficie.

● A maior parte da água da superfície da Terra originou-se dessa forma,

embora as taxas de contribuição dos grandes depósitos subterrâneos

para os atuais fluxos de água sejam bastante baixas.

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3.3. Ciclo do Carbono:

● Três grandes classes de processos causam a reciclagem do carbono

nos sistemas aquáticos e terrestres.

● O primeiro inclui as reações assimilativas e desassimilativas de

carbono na fotossíntese e na respiração.

● A segunda classe inclui a troca física de dióxido de carbono entre a

atmosfera e os oceanos, lagos e águas correntes. O dióxido de

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carbono dissolve-se rapidamente na água; de fato os oceanos contêm

cerca de 50 vezes mais CO2 do que a atmosfera.

● O terceiro tipo de processo que dirige o ciclo do carbono consiste na

dissolução e precipitação (deposição) de compostos de carbonato

como sedimentos, particularmente calcário e dolomita.

3.4 . Ciclo do Nitrogênio:

● Em última instância a fonte de nitrogênio para o ecossistema é o

nitrogênio molecular (N2) da atmosfera.

● Esta forma de nitrogênio dissolve-se razoavelmente na água, mas não se

encontra nitrogênio em qualquer forma em rochas nativas.

● Não fosse pelos processos biológicos, sob as condições oxidantes

presentes na superfície da Terra, e virtualmente todo o nitrogênio

ocorreria na sua forma molecular.

● O nitrogênio molecular entra nos caminhos biológicos do ciclo do

nitrogênio através da sua assimilação por certos organismos.

● Fixação do Nitrogênio: Ex: transformação do N2 atmosférico em amônia

por bactérias no solo.

● Nitrificação: envolve a oxidação do nitrogênio, primeiro da amônia para

o nitrito, e então do nitrito para o nitrato, durante as quais o átomo de

nitrogênio libera muito da sua energia química, potencial. Ambos os

passos são executados somente por bactérias especializadas.

● Assimilação: O nitrato é absorvido pelas raízes das plantas nos

ecossistemas terrestres e pelo o fitoplâncton nos aquáticos.

● Amonificação: hidrólise de proteínas e a oxidação de aminoácidos,

resultando na produção de amônia (NH3), que é realizada por todos os

organismos (decomposição das plantas e produção de excrementos

pelos animais).

● Desnitrificação: é a redução de nitrato à nitrogênio gasoso. Ocorre em

solos carentes de oxigênio e é efetuada por bactérias tais como a

Pseudomonas denitricans.

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ECOLOGIA TERRESTRE

4. ESTRUTURA DO ECOSSISTEMA TERRESTRE

(PRINCIPAIS TIPOS DE COMUNIDADES):

O conceito de comunidade é válido em uma ampla variação de escalas.

Comunidades de larga escala são chamadas biomas, e incluem as

florestas tropicais, florestas temperadas, savanas, desertos e tundras.

Cada bioma possui sua comunidade característica.

(Ex: Distribuição vertical dos organismos na floresta tropical).

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A diversidade animal, em termos de número de espécies aumenta com a

complexidade estrutural da vegetação.

Dependendo da localização geográfica (latitude e longitude) as

comunidades podem variar devido a sazonalidade no clima.

Será que as comunidades que vivem nos trópicos são realmente sazonais?

As plantas terrestres enfrentam variados problemas. Estão sujeitas à

secas periódicas e a rápidas oscilações de temperatura ao longo do dia,

e nas diferentes épocas do ano.

As áreas na superfície terrestre mostram-se descontínuas, e essa

descontinuidade tem um importante efeito sobre a distribuição dos

organismos (Ao contrário do ocorre no ambiente marinho).

4.1. Modificações do Clima

Na terra, todas as espécies e consequentemente as comunidades animais e

vegetais variam em diversidade e abundância, de acordo com os fatores

abióticos e bióticos.

Ex: a temperatura atmosférica média diminui de cerca de 0.5ºC a cada

grau de latitude. E o aumento da altitude produz um efeito semelhante.

4.2. Biomas Terrestres

Um bioma é definido como um grupo de plantas e animais distribuídos

em uma ampla área geográfica, que possuem um passado co-evolutivo que

possibilitou uma adaptação às condições ambientais.

Os biomas terrestres podem ser classificados de várias maneiras, mas as

principais categorias podem ser aqui reconhecidas e fornecem a base para

uma pequena análise da vegetação que ocorre em todo o mundo.

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4.3. Floresta Tropical

Estas florestas são encontradas nas regiões equatoriais onde o índice

pluviométrico excede 240 cm3 / ano, e a temperatura média é maior do

que 17ºC.

Na floresta pluvial tropical vive um maior número de espécies de plantas

e animais do que em todos os outros biomas do mundo reunidos.

As comunidades mais complexas e diversas da Terra encontram-se nestas

florestas úmidas (Erwin 1983).

Nem a água, nem a temperatura consistem fatores limitantes durante todo o

decorrer do ano.

Não existe uma camada rica de húmus como em florestas temperadas, pois

pouca luz solar penetra até o solo da floresta, ocorre pouco metabolismo, e

dessa forma pouca acumulação de restos orgânicos.

As folhas que caem das árvores são rapidamente decompostas, e os

nutrientes retornam para a vegetação.

Nesta floresta as espécies não necessitam desenvolver mecanismos para a

sobrevivência durante épocas desfavoráveis, como nos períodos de seca

ou frio (Ex: hibernação).

Quase todas as plantas são lenhosas, e as plantas trepadeiras lenhosas

são abundantes. Existe também um grande número de epífitas que

crescem sobre os ramos de outras plantas na zona iluminada, bem acima

do solo (no extrato arbóreo).

A floresta pluvial ocorre em quatro principais áreas no mundo. A maior delas

é encontrada na Bacia Amazônica da América do Sul. Os outros locais

são América Central, África e Austrália.

Surpreendentemente, os solos nestas áreas são bastante pobres, e mesmo

assim suportam uma vegetação luxuriante.

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Consequentemente, as áreas de floresta tropical não sustentam práticas

agrícolas.

4.4. Floresta Temperada

A floresta decídua temperada está quase ausente no Hemisfério Sul, mas é

representada em todas as grandes massas continentais do norte.

Este tipo de floresta é bem desenvolvido em áreas com verão quente e

invernos brandos e chuvosos.

As plantas destas regiões, muitas vezes árvores e arbustos decíduos no

verão ou permanentemente verdes, possuem períodos relativamente curtos

de crescimento no outono e na primavera, sendo limitados pelas baixas

temperaturas do inverno e pela seca do verão.

É o tipo de floresta que ocorre principalmente nos EUA e na Europa.

Possui uma influência marcante da sazonalidade, apresentando estações bem

definidas, com temperaturas abaixo de zero durante o inverno.

O índice pluviométrico varia entre 75 e 200 cm3 / ano.

A diversidade de espécies é bem menor do que nos trópicos.

(Possui poucas espécies dominantes).

Os solos são ricos devido à baixa taxa de decomposição da matéria

orgânica. Portanto excelente para a prática da agricultura.

Assim como as plantas, os animais são bem adaptados ao clima rigoroso, e

muitos mamíferos hibernam durante os meses frios.

4.5. Desertos

Os desertos são biomas que tem na água seu principal fator limitante.

São encontrados normalmente em torno das latitudes 30ºN e 30ºS, entre

latitudes das florestas tropicais e temperadas.

Mais que 1/3 da superfície do planeta é ocupado por este bioma.

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Uma das razões para a localização dos desertos é o regime de movimento

dos ventos na atmosfera da Terra.

São caracterizados por duas condições principais; altas temperaturas

durante o dia e a falta de água (menos de 30 cm3 / ano).

Três formas de plantas são adaptadas ao deserto:

As anuais (crescem apenas quando chove)

As suculentas (cactos que armazenam água)

Os arbustos (que tem caule pequeno; numerosas ramificações e

pequenas folhas que retraem em períodos secos).

4.6. SAVANA

As savanas são áreas de transição entre a floresta pluvial tropical sempre

verde e os desertos.

Em geral a pluviosidade é bem mais baixa que na floresta tropical.

Verifica-se também, uma flutuação mais ampla nas temperaturas médias

mensais, devido à época da seca e à escassez de vegetação.

Muitas comunidades vegetais nos trópicos se caracterizam por um período

bem determinado de seca anual. Uma das comunidades vegetais tropicais

mais amplamente distribuída é o campo (“grassland”), com árvores muito

esparsas, e que são geralmente decíduas (perdem as folhas na estação

seca).

4.7. Floresta Boreal de Coníferas (Taiga)

Caracteriza-se por invernos rigorosos e por uma capa de neve persistente

no curso do inverno. Os climas que produzem estes biomas são

encontrados apenas no interior de grandes massas continentais em altas

latitudes, portanto ausente no Hemisfério Sul.

Na taiga a maior parte da precipitação se dá no verão; o ar frio do inverno

nestas regiões possui um teor muito baixo de umidade.

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A taxa de evaporação apresenta-se baixa, sendo frequentes: lagos,

pântanos e brejos.

4.8. Tundra

Esta região constitui um enorme bioma ocupando um quinto da superfície

da terra. É desprovida de árvores, e se estende até os locais mais

afastados em que ocorre algum crescimento de algum vegetal.

É mais desenvolvida no Hemisfério Norte, sendo principalmente

encontrada ao norte do Círculo Ártico.

Em geral, o gelo permanente forma uma camada de menos de 1 metro, e

como a água é incapaz de infiltrar-se através do gelo, as condições do solo

na tundra são normalmente úmidas.

Para que ocorra crescimento de plantas, a temperatura média deve situar-

se acima do ponto de congelamento durante pelo menos 1 mês do ano.

As grandes plantas lenhosas estão ausentes, provavelmente devido à

baixa temperatura e à presença de gelo permanente, que permite apenas o

desenvolvimento de um sistema radicular pouco profundo.

4.9. Fatores que Limitam a Distribuição das Plantas

FATORES CLIMÁTICOS

A distribuição das plantas é primariamente controlada pela distribuição dos

fatores climáticos, tais como umidade, luz e temperatura.

As plantas que ocorrem ao longo de um gradiente ambiental variam

também quanto a sua genética e fisiologia, e embora possam pertencer à

mesma espécie, podem responder de modo muito diferente a um dado grau

de tensão ambiental.

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FATORES EDÁFICOS

As diferenças nos solos – que se denominam diferenças edáficas – são

muito importantes no controle da distribuição das plantas.

Os conteúdos de minerais dos solos constituem fatores fundamentais

na determinação dos padrões de crescimento vegetal.

Os tipos de solo podem diferir mesmo em áreas próximas. O que leva a

variação na diversidade e abundância de espécies vegetais em cada

ambiente.

Em contraste com os fatores de crescimento, tais como luz solar e água,

que afetam geralmente grandes áreas de vida vegetal; as diferenças no

solo, devido a diferença na “rocha-mãe”, podem ser extremamente

localizadas, com linhas de demarcações bem definidas.

FATORES BIÓTICOS

As distribuições biogeográficas são limitadas e determinadas pela

variabilidade fisiológica potencial e pela amplitude do nicho realizado

por cada espécie.

BIODIVERSIDADE QUÍMICO-BIOLÓGICA:

O cidadão moderno raramente percebe que temos o dever moral de

zelar por nosso planeta e de passá-lo em boas condições às gerações futuras.

O administrador sente como obrigação apenas tratar do bem-estar das

populações atuais e o empresário discute tudo com base em lucro financeiro

imediato. Nem um nem outro foram treinados para entender a relação

fundamental entre diversidade e estabilidade de uma comunidade biológica

(May, 1992).

Não é o conceito da diversidade que é compreendido pelos habitantes de uma

região, mas o sentido da utilidade.

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Por isso é mais importante a quantificação do potencial da diversidade

químico-botânica ou químico biológica de uma região, do que a simples

medição quantitativa de sua diversidade em organismos.

Quantas espécies de seres vivos existem ? (5 ou 50 milhões!?)

Por mais espantosas que essas cifras podem parecer, elas

simplesmente se esvanecem ao considerar-se que perfazem apenas 0,1% do

número de espécies que já habitaram a Terra em todas as épocas (Raup,

1991).

Tabela 5 – Correlação do tempo geológico, em milhões de anos, com o teor

de oxigênio calculado em porcentagem dos 21% que existem no presente

(Budyko et al., 1987) e a diversidade em números de espécies fósseis

avaliados com base em dados publicados (Niklas et al., 1983), para quatro

grupos de plantas vasculares que sucessivamente dominaram a flora

terrestre.

Tempo Oxigênio Espéci

es

Plantas

Primitivas

Pteridófita

s

Gimnosperm

as

Angiosperma

s

550 60 ---- ---- ---- ---- ----

500 30 ---- ---- ---- ---- ----

440 80 ---- ---- ---- ---- ----

390 25 15 15 ---- ---- ----

320 130 205 ---- 160 45 ----

215 20 170 ---- 50 120 ----

115 180 290 ---- 40 250 ----

45 70 470 ---- 50 160 260

0 100 700 ---- 50 110 540

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Tabela 6 – Número de espécies identificadas e estudadas como

porcentagem do número total estimado de espécies existentes (adaptado

de Wilson, 1988).

Espécies

registradas

% do total % do total

(em dúvida)

Metabolismo

especial

Microorganismo

s

5700 3-27 24 Abundante

Invertebrados 1.020.561 3-27 24 Abundante

Plantas 322.311 67-100 33 Abundante

Peixes 19.056 83-100 17 Pobre

Anfíbios,

Répteis

11.757 90-95 5 Pobre

Pássaros 9.040 94-100 6 Pobre

Mamíferos 4.000 90-95 5 Pobre

a) Plano de ação mundial em prol da sobrevivência:

- Levantamento da fauna e da flora do mundo;

- Criação de riqueza de produtos biológicos (fármacos, alimentos, etc.);

- Promoção de desenvolvimento sustentado;

- Salvação da diversidade biológica remanescente;

- Restauração da natureza selvagem em regiões que foram exauridas e

abandonadas.

É óbvio que sem o conhecimento do conteúdo biológico do mundo

nunca se chegará a compreensão do funcionamento da natureza, condição

sem a qual o “desenvolvimento sustentado” permanecerá o que é hoje: um

apelo político sem retribuição social.

O que falta? Faltam métodos e técnicas para se avaliar o potencial de

riqueza morfológica e química da vegetação natural.

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É importante sanar essa situação com o objetivo de orientar zoneamentos,

estabelecendo prioridades entre áreas destinadas à conservação, ao estudo, à

indústria extrativista ou às atividades imediatistas e utilitárias diversas como

mineração, agricultura, pecuária, formação de barragens e cidades.

Um método de quantificação de riqueza natural até permitiria o cálculo

de multas condizentes com o valor das coberturas vegetais submetidas a

destruição ilegal. Propõe-se dessa forma alcançar o objetivo com base no

conceito de biodiversidade.

b) Diversidade em espécies Segundo Wilson (1992) “o mais importante

indício do gradiente de diversidade latitudinal é o aumento de espécies (ou

qualquer outra categoria taxonômica) encontrada ao viajar dos pólos para o

equador. O maior número de espécies encontra-se nas regiões equatoriais da

América do Sul, da África e da Ásia.

Ex: Plantas vasculares. De 250.000 espécies conhecidas, 170.000 ocorrem

nos trópicos e subtrópicos, especialmente nas florestas úmidas.

Teoria de energia-estabilidade-área da biodiversidade Quanto mais

energia solar, quanto mais estável o clima e quanto mais extensa a área, tanto

maior a diversidade.

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(Só menciona os fatores externos, ignorando tendências endógenas,

genéticas e evolutivas)