Gestão Ambiental - Introdução á Gestão de Resíduos Sólidos- Chefias
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GESTÃO AMBIENTAL
Resíduos Sólidos
Introdução
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Henrique Barros
INDICE 1
1. O QUE SÃO RESÍDUOS SÓLIDOS ? 3CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS RESÍDUOS 42. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS 8CONCEITOS 8ORIGEM 9PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS RESÍDUOS URBANOS 9TRATAMENTO DE RESÍDUOS 103. OS RESÍDUOS ORGÂNICOS 13COMPOSTAGEM 154. O PAPEL E O CARTÃO 17DADOS DO CONSUMO E DESPERDÍCIO DE PAPEL 17RECICLAGEM DO PAPEL 18CARTÃO CANELADO 195. METAIS FERROSOS E NÃO FERROSOS 20RECICLAGEM DOS METAIS 20RECICLAGEM DE EMBALAGENS DE AÇO 21RECICLAGEM DE ALUMÍNIO 23PROCESSO DE RECICLAGEM DO ALUMÍNIO 24VANTAGENS DA RECICLAGEM DOS METAIS 25ESCÓRIAS DE FUNDIÇÕES E METALURGIAS 266. OS PLÁSTICOS 28O QUE SÃO OS PLÁSTICOS? 28RECICLAGEM DO PLÁSTICO 29BORRACHA 31RECICLAGEM DE PNEUS 31TÊXTEIS 337. O VIDRO 34RECICLAGEM DO VIDRO 358. PILHAS 36EFEITOS GERAIS DAS PILHAS NO AMBIENTE 379. ÓLEOS USADOS 38CONSEQUÊNCIAS PARA O AMBIENTE 3810. LAMAS DE ETAR 40LAMAS CELULÓSICAS 4011. RESÍDUOS DE EMBALAGENS 4112. RESÍDUOS INDUSTRIAIS 42O QUE SÃO ? 42RESÍDUOS PERIGOSOS 42DECRETO LEI Nº 239/97 – GESTÃO DE RESÍDUOS 4413. REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM 48OS CONCEITOS 48COMO TRATAR OS RESÍDUOS 49REDUZIR OS RESÍDUOS NA ORIGEM 52
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GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
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1. O QUE SÃO RESÍDUOS SÓLIDOS ?
Todos os seres vivos quando morrem degradam-se decompõem-se e são destruídos por
larvas, bactérias e fungos e reabsorvidos pela terra, pela água, pelo ar. Por outro lado , a
actividade do homem origina uma quantidade de resíduos ou de resíduo que na maior parte
dos casos não se decompõe facilmente, como a matéria orgânica e passa a constituir um
problema Ambiental .
Plásticos, latas e vidros demoram muitos anos para se decomporem e em consequência
poluem o meio-ambiente onde são depositados , o que determina a grande importância da
reciclagem do resíduo fabricado pela sociedade actual.
Em geral, consideramos "Resíduos " tudo o que se considera não utilizável , porém este
conceito é extremamente subjectivo, pois o que é resíduo para uma dada utilização , pode ser
reaproveitável noutra aplicação .
A partir do momento em que a economia de escala dominou o mercado, a quantidade de
material residual e resíduo , criou um problema a ser resolvido pelos órgãos governamentais
dos diferentes países.
Economicamente, há um desperdício de material e de
energia na produção exagerada de bens de consumo ,
associada ao facto de os produtos terem um período de
utilização cada vez mais curto , apesar da sua maior
qualidade de fabricação média que actualmente se
verifica.
Por razões estéticas ou de rápida evolução
tecnológica ,muitos produtos e equipamentos tornam-se
obsoletos ou desactualizados , determinando a sua
rápida substituição , gerando mais resíduo, cuja
disposição final , sem critério ou condições , representa
mais prejuízo social, económico e ambiental
consideráveis , prejudicando igualmente a qualidade de
vida e a saúde da população.
A título e referencia , poder-se-á referir que uma cidade de 1 milhão de habitantes pode gerar
um volume anual de resíduo e resíduos equivalente a uma área de 80 ha com profundidade
média de 5 m . Esta projecção permite avaliar o volume de resíduos e a dificuldade inerente a
sua gestão (recolha , tratamento e armazenamento) dos resíduos gerados.
O reaproveitamento destes resíduos, observando critérios sanitários e sendo economicamente
viável, representa novas oportunidades de trabalho e de rendimento para milhares de pessoas,
bem como a redução do impacto ambiental que é gerado pelo armazenamento e tratamento
dos resíduos sólidos.
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CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS RESÍDUOS
Os resíduos sólidos produzidos pelo homem , têm variadas fontes , que podem ser
identificadas da seguinte forma :
resíduos sólidos agrícolas;
resíduos sólidos industriais;
resíduos sólidos de pesticidas;
resíduos sólidos residenciais;
resíduos sólidos comerciais;
resíduos sólidos municipais - considerados como resíduos residenciais e
comerciais gerados pela comunidade (do município).
Em geral, as classificações do resíduo não diferem muito entre os profissionais que actuam na
área e entre os órgãos de fiscalização e controle. Entretanto, convém assinalar que um resíduo
pode ser enquadrado em mais que uma classificação.
Além de se classificar a procedência do resíduo, para a sua Gestão é preciso que seja feita a
sua caracterização e são várias as formas possíveis de caracterizar resíduos sólidos , como
por exemplo:
Por sua natureza física: seco ou molhado;
Por sua composição química: orgânico ou inorgânico;
Por seu grau de aproveitamento: reciclável, reutilizável
Pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos, não inertes e inertes
Uma das características que mais preocupam os responsáveis pela Gestão dos Resíduos é o
seu potencial de risco da saúde e/ou do meio ambiente. Em relação aos resíduos perigosos a
sua identificação relaciona-se com a existência de pelo menos uma das seguintes
características:
inflamabilidade,
corrosibilidade,
reactividade,
toxicidade
patogenicidade.
Para além da produção de resíduos industrias de tipo e proveniências muito distintas , ocorre
hoje em dia a produção de enormes quantidades de resíduo urbano , que é formado muitas
vezes por resíduos sólidos não biodegradáveis devido ao aumento da população das grandes
cidades e com ao aumento do consumo de produtos per capita .
A acumulação de resíduo é um dos principais problemas nas grandes cidades , com a
agravante de muitos materiais rejeitados terem boas possibilidades de reciclagem , podendo
ser reaproveitados e reutilizados.
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Podem definir-se três categorias simples de separação de resíduos sólidos entre :
MATERIAL ORGÂNICO:
Tudo o que é restos de comida, de plantas e frutas é considerado resíduo, orgânico ,
devendo ser acondicionados num único recipiente. Essa material é recolhido pelos
serviços camarários de recolha de lixo e levado para aterros sanitários onde vão sofrer a
decomposição natural.
MATERIAL RECICLÁVEL:
É praticamente tudo o que é fabricado pelo homem: material plástico, latas de alumínio e
ferro, garrafas de refrigerante de vidro e PET, caixas de papel e papelão, jornais,
revistas, livros, aparas de papel, etc.
MATERIAL NÃO RECICLÁVEL
Corresponde ao conjunto de todos os resíduos sólidos que não oferecem condições
técnicas de segurança para o seu de tratamento ou reciclagem.
TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO DE ALGUNS MATERIAIS
Lenço de papel 3 meses
Palito de fósforo 6 meses
Caroço de maçã 6 a 12 meses
Ponta de cigarro 1 a 2 anos
Chiclete 5 anos
Lata de aço 10 anos
Garrafa de plástico 100 anos
Garrafa de vidro Mais de 1.000 anos
Lata de alumínio Não se corrói nunca
Plástico rígido:
Leve, resistente e prático é o material que compõe cerca de 60% das embalagens
plásticas , como garrafas de refrigerantes, recipientes para produtos de limpeza e higiene
e potes de alimentos, é também matéria-prima básica de fibras têxteis, tubos e
acessórios , calçados, electrodomésticos, além de baldes , utensílios domésticos e
outros produtos. Ele pode ser reprocessado , gerando novos artefactos plásticos e
energia.
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Papel canelado:
É usado em caixas para transporte de produtos para fábricas, depósitos, escritórios e
residências. Normalmente chamado de papelão, este material tem uma camada
intermediária de papel entre suas partes exteriores, disposta em ondulações, na forma
de uma sanfona. O material é de fácil colecta em grandes volumes comerciais, sendo
facilmente identificadas quando misturadas com outros tipos de papel, por isso seu susto
de processamento é relativamente baixo.
Embalagens TetraPak:
São compostas de várias camadas de material: polietileno e alumínio. As embalagens
cartonadas precisam ser lavadas após o consumo porque os restos de alimentos
contidos nelas dificultam o reprocessamento do material. Para aproveitar melhor o
espaço, as embalagens podem ser amassadas.
O papel
Existente nas embalagens cartonadas pode ser compostado para a produção de húmus
utilizado em hortas e jardins
Pneus:
A borracha e sua reciclagem é capaz de devolver ao processo de produção matéria
prima regenerada por menos da metade do custo da borracha natural ou sintética, para
além da economia de energia.
Latas de alumínio:
Além de reduzir o resíduo que vai para os aterros a sua reciclagem proporciona
significativo ganho energético. Para reciclar uma tonelada de latas gasta-se 5% da
energia necessária para produzir a mesma quantidade de alumínio pelo processo
primário. Isto significa que cada latinha reciclada equivale ao consumo de um aparelho
de Televisão durante 3 horas. A reciclagem evita a extracção da bauxite, o mineral
beneficiado para a fabricação da alumina, que é transformada em liga de alumínio.
Vidro:
Cerca de metade dos recipientes de vidro fabricado é reciclável com a grande vantagem
de o material ser de fácil reciclagem térmica (fornos de Fusão) , podendo voltar á
produção de novas embalagens substituindo o produto virgem sem perda da qualidade
do vidro assim produzido .
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Pet (polietileno tereftalato):
As garrafas recicladas são transformadas em cordas e fios de costura, carpetes,
bandejas de frutas e até mesmo novas garrafas. Sua reciclagem, além de desviar
resíduo plástico dos aterros utiliza apenas 30% da energia necessária para a produção
da resina virgem, e tem a vantagem de poder ser reciclado várias vezes sem prejudicar a
qualidade do produto final.
Latas de aço:
Quando reciclado, o aço volta ao mercado em forma de automóveis, ferramentas, vigas
para construção civil, arames, utensílios domésticos e inclusive novas latas.
Plástico filme:
É uma película plástica normalmente usada como sacos de supermercados, sacos de
resíduo, embalagens de leite, lonas agrícolas e protecção de alimentos congelados ou
micro- ondas. Cerca de 44% é papel e 4% é folha de alumínio
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2. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS
CONCEITOS
Resíduos são os materiais ou objectos de que o detentor tem intenção ou a obrigação de se
desfazer, incluída na Decisão n.º 94/3/CE, da comissão, de 20 de Dezembro de 1993, que
aprova o Catálogo europeu de Resíduos (CER), e identificados na Portaria 818/98. Resíduos
Sólidos Urbanos são todos os resíduos que forem:
Domésticos (proveniente de habitações ou similares);
Proveniente de um único estabelecimento comercial, escritório ou similar;
Outros resíduos que pela sua composição sejam semelhantes aos resíduos
domésticos.
De acordo com a sua origem consideram-se Resíduos Sólidos Urbanos (em abreviatura RSU)
os resíduos produzidos em qualquer espaço urbano e que são gerados pela actividade humana
nas tarefas do seu dia-a-dia.
Durante séculos as sociedades produziram basicamente produtos de fácil assimilação e
decomposição, e bens duradouros à base de matérias-primas naturais (madeira, couro, lã,
algodão) ou muito pouco transformados (cerâmica, aproveitando a energia em quantidades
reduzidas. Os resíduos eram inertes ou facilmente degradáveis, podendo apenas representar
problemas em termos das quantidades produzidas.
Porém, actualmente, pela dispersão populacional e pela
diversidade de actividades que ao longo dos tempos se
foram instalando nos espaços urbanos, passaram-se a
produzir resíduos de características muito diferenciadas,
apresentando nomeadamente constituintes que lhe
conferiam perigosidade acentuada em termos
ambientais e de saúde, quando incorrectamente
geridos.
A diversificação das tarefas nos actuais espaços
urbanos aliada ao progresso tecnológico, veio
multiplicar a variedade de serviços postos à disposição
dos seus habitantes e aumentar os tipos de resíduos
produzidos e os seus fluxos e fileiras constituintes.
De acordo com a composição actual dos resíduos, podem individualizar-se as seguintes fileiras
mais significativas: fileira dos vidros, fileira dos plásticos, fileira da matéria orgânica, fileira do
papel e cartão.
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ORIGEM
Dentro de qualquer espaço urbano podem considerar-se como fontes principais de resíduos o
sector doméstico (habitações), o comércio e serviços (hotéis, lojas, escritórios) e a indústria
(verifica-se uma tendência de afastamento deste sector para a periferia dos espaços urbanos).
Outros resíduos com origem definida são os provenientes da limpeza pública originados, quer
pela actividade humana (mercados, derrames de veículos ou contentores e objecto rejeitados
directamente para a via pública), quer por causas naturais (folhas de árvores, excrementos de
animais). Podem ainda ser considerados como resíduos da limpeza pública os resultantes do
tratamento de jardins públicos e outras áreas verdes
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS RESÍDUOS URBANOS
Os resíduos urbanos são característicos do padrão de consumo e dos hábitos e costumes das populações que os produzem. Além disso, recebem também influência do clima, da estação do ano e das actividades económicas locais.
No Quadro 2.1 é apresentado um perfil de comportamento dos tipos mais frequentes de resíduos produzidos em meios urbanos .
QUADRO 2.1 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS COMPONENTES DOS RESÍDUOS URBANOS
Componentes Putrescível Reciclável CombustívelBorracha x x
Couro X X
Madeira X X X
Matéria orgânica x X
Metais ferrosos x
Metais não ferrosos X
Papel X X X
Cartão X X X
Plástico duro X X
Plástico mole X X
Trapos X X
Vidro X X
Muitos destes resíduos são recolhidos de forma desorganizada e misturados , o que dificulta muitas vezes o seu tratamento posterior e criando mesmo condições de inviabilização dos processos de reaproveitamento e reciclagem .
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Em termos de risco potenciais , convirá referir os casos de resíduos sólidos como os seguintes :
Quadro 2.1 – Resíduos Sólidos de risco PotencialTipo Produtos
Material para pintura Tintas;Solventes;Pigmentos;
Vernizes
Produtos para jardinagem e animais Pesticidas;Insecticidas;Repelentes;Herbicidas
Produtos para motores Óleos lubrificantes;Fluidos de freio e transmissão;
BateriasMaterial de Limpeza Ácidos e bases; Produtos químicos em geralProdutos hospitalares utilizados em casa e estabelecimentos comerciais tais como farmácias, consultórios médicos, etc.
Agulhas e seringas descartáveis;Restos de curativos, como:
gases, algodão, etc...Outros itens Frascos de aerossóis em geral;
Lâmpadas fluorescentes;Pilhas e baterias em geral
TRATAMENTO DE RESÍDUOS
Quando falamos em tratamento de resíduos, várias opções de tratamento podem ser
consideradas. Uma delas é a sua valorização , processo que engloba várias alternativas,
sistematizadas no seguinte quadro (quadro 2.5):
VALORIZAÇÃO
Reciclagem Multimaterial
Orgânica
Valorização
Energética
Incineração
Biometanização
Quadro 2.5 – Valorização de resíduos
Por valorização entende-se qualquer das operações que permitam o reaproveitamento dos
resíduos e que se englobam em duas categorias:
1. Reciclagem – forma de valorização dos resíduos na qual se recuperam e, ou regeneram
diferentes matérias constituintes de forma a darem origem a novos produtos e pode ser:
Multimaterial – reciclagem dos materiais constituintes dos resíduos (vidro,
papel, plásticos, metais) e sua reentrada no circuito produtivo;
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Orgânica (ou compostagem) – degradação biológica aeróbia dos resíduos
orgânicos até à sua estabilização, produzindo uma substância húmica
(composto) utilizada como corrector dos solos.
2. Valorização energética – utilização dos resíduos apropriados para a produção de energia
mediante dois processos distintos:
Incineração – queima directa com recuperação de calor;
Biometanização – produção de metano a partir da degradação biológica
anaeróbia dos resíduos orgânicos, sujeito posteriormente a aproveitamento
energético.
Porém existem resíduos não passíveis de valorização. Neste caso os resíduos poderão ter
como destino final:
LIXEIRA OU VAZADOURO – modalidade indesejável de deposição no solo, em
que os resíduos são lançados de forma indiscriminada e não existe qualquer
controlo posterior;
ATERRO – modalidade de deposição no solo em que: 1.º) os resíduos são
lançados ordenadamente e cobertos com terra ou material similar, 2.º)existe
controlo sistemático das águas lixiviantes e dos gases produzidos, bem como 3.º)
monitorização do impacto ambiental durante a operação e após o seu
encerramento;
ARMAZENAGEM SUBTERRÂNEA – Instalação de confinamento numa cavidade
geológica profunda;
A nível da gestão dos resíduos, os Municípios são os responsáveis pela gestão dos RSU.
Qualquer entidade, seja pública ou privada, que pretenda realizar a gestão dos RSU deverá
apresentar soluções integradas que visem a reutilização, a reciclagem de materiais (incluindo
os tratamentos biológicos como a compostagem) e o eventual aproveitamento energético dos
resíduos valorizáveis complementados pela deposição em aterro, tendo em conta a adequação
de cada solução a cada fluxo de resíduos.
A identificação por origem é importante, dado que apenas conhecendo a produção e os tipos
de resíduos por sector será possível determinar qual o conjunto de medidas de prevenção,
reutilização ou valorização que poderá ser mais facilmente aplicável.
Plano Estratégico dos Resíduos Sólidos urbanos (PERSU), que aponta as seguintes linhas de
acção:
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Encerramento e recuperação de lixeiras, com vista à total erradicação destas do país;
Realização de novas obras e operações para permitir a construção de infra-estruturas
de tratamento de RSU e similares;
Apoio à recolha selectiva e à reciclagem.
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3. OS RESÍDUOS ORGÂNICOS
Os resíduos orgânicos constituem uma grande parte dos resíduos sólidos urbanos
(aproximadamente 30%).
Na cidade de Lisboa, por exemplo, encontra-se 30 a 50% (em peso) de matéria orgânica
proveniente, sobretudo, de restos de alimentos, acrescentados a resíduos vegetais
provenientes dos jardins. Todos estes resíduos são facilmente fermentáveis, isto é, podem
ser transformados em composto.
Assim como existem diversos tipos de matéria orgânica, existem também condições variadas
em que se processa a decomposição da mesma. Por isso resultam diferentes tipos de húmus
com características diferentes de acordo com sua origem, material e condições de produção,
temperatura e humidade do ambiente, etc.
Alguns materiais orgânicos , após processos de degradação biológica , estão entre os
fertilizantes orgânicos mais conhecidos e mais facilmente disponíveis , como é o caso de :
matéria orgânica animal
chorume
excrementos
resíduos de algodão
borras de vinho
bagaço de cana
lixo orgânico urbano
adubos verdes
casca de café
palha de arroz ,trigo, milho,
restos vegetais
lodos orgânicos industriais
lamas de tratamento de esgotos
Estes detritos orgânicos podem ser tratados graças ao processo natural de biodegradação,
durante o qual bactérias, fungos e outros micróbios se alimentam da matéria orgânica do lixo,
transformando-a em compostos mais simples, que são devolvidos ao ambiente.
A matéria orgânica é formada de extensas cadeias de carbono na qual se combinam outros
elementos químicos , formando um conjunto muito extenso de moléculas diferentes ,
constituindo-se em ácidos , álcoois , lípidos , açúcares , proteínas , etc . Os microorganismos
quebram a cadeia junto ao carbono e aproveitam a energia existente na ligação química
tendendo a quebrar o maior número de ligações e arrancar do composto original a maior
quantidade de energia possível.
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Devido a esse processo , no final do ciclo de degradação restam quase sempre materiais muito
mais simples que os iniciais . Contudo o percurso da degradação biológica depende do tipo de
degradação que se realiza : Aérobia ou Anaérobia
Quando a fermentação é aeróbia o processo é muito eficiente e os produtos residuais são
constituídos por elementos como o Azoto e o enxofre, anteriormente ligados ás cadeias de
carbono. Neste tipo de fermentação , os diferentes resíduos têm necessidades de oxigénio
(COD) diferentes , conforme pode ser visualizado no quadro seguinte :
Tipo de resíduo Percentagem
de COD
A - papel e têxteis 40
B - resíduos de jardim, parques e outros orgânicos putrescíveis (não alimentos) 17
C - resíduos de alimentos 15
D - resíduos de madeira e palha 30
Num resíduo urbano com participação destes componentes orgânicos , a % de COD necessária á sua degradação seria calculada através da seguinte equação,
Percentagem de COD (por peso) = 0,40 * (A) + 0,17 * (B) + 0,15 * (C) + 0,30 * (D)
Na decomposição anaeróbia ou sem oxigénio , o processo é menos eficiente, o que
determina geralmente que os restos obtidos sejam mais complexos, como o gás metano e
sulfídrico .
O processo de degradação biológica dos materiais pode demorar algum tempo a completar-se
tempo esse que depende de vários factores. O calor e a humidade do solo ou do local , por
exemplo, estimulam o crescimento e a actividade de microorganismos aeróbios. Assim, quanto
mais quente e húmido for o local, mais rápida será a decomposição.
Por outro lado, as águas e os terrenos ácidos limitam a capacidade de desenvolvimento de
microorganismos. Os ácidos, metais pesados e substâncias tóxicas prejudicam as bactérias,
podendo mesmo chegar a matá-las.
Outro problema consiste na especialidade de alguns dos microorganismos. Certas colónias de
bactérias de um determinado terreno não são capazes de decompor resíduos - facilmente
devorados por outro tipo de micróbio. Por exemplo, se o terreno não dispuser de uma
quantidade razoável de oxigénio, diversas substâncias, como o azeite e alguns pesticidas, não
sofrem degradação.
É difícil determinar as preferências e localizações das incontáveis espécies de bactérias. As
mais conhecidas são as anaeróbias e entre estas as mais comuns pertencem a um grande
grupo chamado de metanogénico, pois produzem metano.
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COMPOSTAGEM
Nas últimas décadas, a gestão e tratamento dos resíduos sólidos urbanos (RSU) tem vindo a
assumir uma importância crescente. A contaminação do solo, do ar, da água e a ocupação de
grandes áreas são alguns dos pontos negativos do destino final mais vulgar dos RSU.
Consequentemente nem as lixeiras nem os aterros podem ser considerados como métodos
para "eliminar" os RSU, já que há meios quer económica quer ambientalmente mais eficientes.
A compostagem é uma forma de atenuar o problema dos RSU, dando um destino útil aos
resíduos orgânicos. É um processo natural de decomposição biológica. Evita assim a
acumulação de RSU em aterro e devolve à terra os nutrientes de que necessita, transformando
um problema numa solução
A compostagem pode ser definida como uma decomposição aeróbia controlada de substratos
orgânicos em condições que permitem atingir temperaturas suficientemente elevadas para o
crescimento de microorganismos termofílicos . O aumento de temperatura surge como
resultado da libertação de calor na degradação microbiológica dos substratos. O resultado
deste processo é um produto, a que se dá o nome de composto, suficientemente estabilizado
para ser aplicado no solo com vantagens relativamente a fertilizantes de síntese.
A decomposição de resíduos pode também ser conseguida na ausência de oxigénio, sendo por
vezes denominada de compostagem anaeróbia. O produto resultante deste processo de
digestão anaeróbia apresenta características muito diferentes do composto produzido na
compostagem. A estabilização da matéria orgânica dá-se de forma lenta, não sendo atingidas
temperaturas muito elevadas. O resíduo obtido necessita de um tratamento posterior antes de
ser considerado um aditivo orgânico de qualidade aceitável.
Processo Industrial
Como já foi referido , a Compostagem é uma transformação de resíduos orgânicos através de
processos físicos, químicos e biológicos. Como resultado deste processo, obtém-se um
condicionador orgânico, normalmente conhecido como composto a partir de um processo
aeróbio controlado e desenvolvido por uma colónia mista de microrganismos.
Classificação dos Processos de Compostagem
Tipos Características
Quanto à biologia
aeróbiofermentação na presença de ar; alta temperatura da massa em decomposição;libertação de CO2 e vapor de água
anaeróbiofermentação na ausência de ar; baixa temperatura da massa em decomposição;libertação de gases (CH4, H2S)
misto
Combinação dos dois anteriores. O2 presente inicialmente no meio permite aerobiose;à medida que é consumido, desenvolve-se o processo anaeróbio
Quanto à temperatura
criofílico baixa temperatura de digestão: próxima ou inferior à temperatura ambiente
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mesofílico
40° C < T < 55° C: quanto maior a população de microrganismos, maior a temperatura. Transformação de matéria orgânica em ácidos inorgânicos, redução de pH
termofílico
55° C < T < 70° C (proporcional à intensidade da actividade microbiológica e a determinadas condições de ecótomo), reduz condições de sobrevivência de formas vegetativas patogénicas (algumas bastante termo-resistentes)
Quanto ao Ambiente
aberto a céu aberto (pátio de maturação)
fechadoem dispositivos especiais: digestores, bioestabilizadores, torres, células. Fácil controlo
Quanto ao Processamento
estático/natural
Revolvimento esporádico da massa em fermentação
dinâmico/acelerado
massa em digestão revolvida continuamente, favorecendo arejamento , actividade e controle biológico
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4. O PAPEL E O CARTÃO
O papel é fabricado a partir de fibras celulósicas virgens, encontradas em muitas espécies de
árvores (eucaliptos, pinheiros, acácias, etc..) ou, em alternativa, a partir de papel velho. A
civilização tem levado a um progressivo aumento da procura de papel para utilização, quer nos
meios de comunicação, quer nas embalagens. Este material tem condições para ser um
produto aceitável do ponto de vista ecológico (apesar de problemas como a desflorestação e
poluição das águas), visto ser produzido a partir de uma matéria-prima renovável, reciclável, e
biodegradável.
DADOS DO CONSUMO E DESPERDÍCIO DE PAPEL
Apesar da crescente informatização de muitos serviços , o Papel é ainda hoje uma das principais ferramentas da comunicação e informação das sociedades , tendo devido a esse facto uma importância económica muito grande .
O consumo mundial de papel cifra-se nas 630 mil toneladas por dia, dos quais 500 mil são rejeitadas .
A produção de papel reciclado consome duas a três vezes menos de energia que o papel fabricado à base de fibra virgem
A reciclagem não é um processo infinito, pois as fibras só podem ser recicladas em média 3 a 5 vezes? ...
uma tonelada de papel reciclado poupa 15 a 20 árvores
Para produzir uma tonelada de papel são precisos entre 3,8 e 5,3 ha de floresta, entre 280 e 440 mil litros de água e entre 4750 e 7600 kW.h de energia
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RECICLAGEM DO PAPEL
Apresenta um dado curioso que é o facto de que, em
muitos casos, o papel reciclado custar mais caro do que o
obtido da celulose . É um material biodegradável, mas em
casos de aterros com ausência de humidade o processo
de degradação torna-se lento , facto potencialmente
agravado pelas tintas de impressão que dificultam a
degradação, pois causam contaminação por metais (Pb e
Cr por exemplo) .
O papel é de fácil combustão e pode gerar até 7500 KJ por quilograma.
Existem diversos tipos de papel e a comercialização é feita em aparas - nome genérico dado
ao papel destinado a reciclagem – e estas por sua vez são classificadas de acordo com o maior
valor comercial, onde as aparas brancas isentas de tintas de impressão e os papéis de
computador são os que possuem maior valor comercial. Os papéis vegetais, parafinados,
carbono, plastificados e metalizados não são reciclados.
Outro tipo de papel de fácil reciclagem e circulação rápida é o cartão canelado , destinado
principalmente as embalagens. Este papel é de fácil biodegradação quando cortado de forma
correcta e é uma importante fonte de Azoto para microorganismos.
Reciclar o papel consiste em aproveitar as fibras de celulose (ou fibras secundárias) existentes
nos papeis usados. A desagregação e separação das fibras recuperadas nos papeis usados,
são processos mais simples do que as utilizadas para extrair fibras da madeira.
Depois de usados, os papeis velhos são introduzidos no processo, permitindo reduzir a
quantidade de pasta de papel necessária para a produção de papel novo (menos árvores
"sacrificadas"), assim como poupar água , energia e possibilitar a diminuição da poluição
decorrente do processo. Contudo a reciclagem não é um processo ilimitado, pois as fibras
só podem ser recicladas em média, 3 a 5 vezes.
Papel Reciclável Papel não ReciclávelPapel(computador, embrulho, fotocópias ,etc.) Pacotes de sumo e de leiteCadernos, Blocos, Livros Papel plastificado ou metalizadoJornais, Revistas, Brochuras Papel de higienePosters, Envelopes não almofadados Papel autocolante, vegetal, químicoCaixas e Embalagens de cartão Fotografias
Janelas de Envelopes ,Fita-cola
Assim, haverá sempre necessidade de adicionar as fibras virgens para substituir as
degradadas. Por outro lado, em certos papeis, aparecem substâncias que não permitem a sua
utilização para fabricação de papel (contaminação com produtos orgânicos, metais, têxteis,
madeira, pedras, etc. ), assim como materiais que impossibilitam a reciclagem (papeis
sulfurizados , papeis e cartões encerados, parafinados, oleados, papeis de fax, autocolantes,
papeis e cartões revestidos ou laminados com filme plástico ou alumínio, etc.)
19 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
A reciclagem industrial de papel pode fácilmente recuperar 30% dos papéis enviados para RSU , com grandes vantagens para o ambiente. Cada tonelada de papel reciclada poupa, em média:
60 eucaliptos adultos (conforme o processo industrial usado);
2,5 barris de petróleo;
50% da água usada na fabricação normal (ou 30.000 litros);
O volume de cerca de 3 metros cúbicos em aterros.
A reciclagem do papel também gera menos poluição da água (65%) e do ar (26%) do que a fabricação a partir da celulose virgem (World Watch)
CARTÃO CANELADO
A reciclagem de fibras secundárias é tão antiga quanto a própria descoberta do papel, no ano
105 D.C.. Desde aquela época, papéis usados podem ser reconvertidos em polpa para gerar
produtos de qualidade menos refinada, como os miolos das caixas de papelão, cartões de
papéis de embalagens.
O cartão canelado, é usado basicamente em caixas para transporte de produtos para fábricas,
depósitos, escritórios e residências
Este material de cor acastanhada e constituído por papel Kraft , tem uma camada intermediária
de papel entre suas partes exteriores, disposta em ondulações, e é produzido para ser utilizado
em embalagens .
20 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
5. METAIS FERROSOS E NÃO FERROSOS
Os metais contidos nos RSU são constituídos, na sua maioria, por embalagens podendo dividir-
se em ferrosos e não ferrosos:
Tipo de metais Composição Utilização Toxicidade
Ferrosos
Folha de açoestanhada tem origem
essencialmenteminérios de Ferro o
(pirites, hematites,etc.)com propriedadeselectromagnéticas.
Fabrico de latas deconserva, refrigerantes
tintas, vernizes ,etc.ELEVADA
Não-Ferrosos
Essencialmentealumínio (obtido a
partir de um minério dabauxite)
Fabrico de latas decerveja, refrigerantes
com gás, refeições, précozinhadas, produtos
de higiene, etc.
BASTANTEELEVADA
A folha de aço estanhado é um dos materiais de aplicação mais vulgar. E é usado em
conjugação com uma fina camada de revestimento orgânico, no interior das embalagens, que
impede o contacto do produto com o metal.
O outro material, o alumínio, é um metal muito leve, resistente à oxidação e pouco permeável
aos gases - características que o tornam adequado para a embalagem. No entanto, a sua
extracção a partir da bauxite é uma indústria de elevado consumo energético e que corre o
risco de esgotar as reservas existente deste minério.
É um dos materiais reciclados mais valiosos. O preço da
tonelada varia de US$ 500,00 a US$ 750,00. (Cerca de
100 000$ / ton) . Um quilo de latas - cerca de 62
latinhas - vale 10 vezes mais do que o do papel.
Para reciclar uma tonelada de latas de alumínio gasta-
se 5% menos de energia do que para produzir a mesma
quantidade a partir da Bauxita. O alumínio pode ser
reciclado infinitas vezes sem perda de qualidade.
RECICLAGEM DOS METAIS
Todos os materiais metálicos podem ser recuperados e novamente fundidos. As embalagens
metálicas ferrosas podem, por exemplo, ser recicladas para depois serem usadas nas
siderurgias para o fabrico de vigas da construção civil. No caso do alumínio, este pode servir
para fabricar perfis, para serem utilizados, na construção de janelas, etc.
Os resíduos de metal são separados por electromagnetismo em duas categorias: aço e Alumínio.
21 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
São depois prensados e entregues às unidade de reciclagem.Estes resíduos são integrados no sector metalúrgico, juntamente com matéria-prima virgem.
Quer os resíduos de aço quer os de alumínio são então refundidos em fornos convencionais, dando origem a lingotes de metal de alta qualidade, utilizados no fabrico de um grande leque de objectos que utilizamos diariamente.
A produção de 1 tonelada de aço a partir de sucata economiza 1,5 barris de petróleo, e a de 1 tonelada de alumínio 29 barris, quando comparadas caso a caso, com a produção da mesma quantidade a partir de minério. Deste modo assegura-se uma poupança dos recursos naturais (minérios) e uma redução dos gastos energéticos muito significativas.
Em certos casos, há tecnologias aplicadas às embalagens de alumínio, que permitem fazer
embalagens novas utilizando unicamente embalagens usadas. Em termos de produção, o
alumínio assim obtido consome apenas 5% ! da energia necessária para o produzir a partir das
matérias primas. Este é mais um motivo para a reciclagem das embalagens.
RECICLAGEM DE EMBALAGENS DE AÇO
O aço é um dos mais antigos materiais recicláveis. Na antiguidade, os soldados recolhiam as
espadas, facas e escudos abandonados nos campos de batalha e os encaminhavam para a
fabricação de novas armas. Conta-se que a lata teria sido inventada a pedido de Napoleão
Bonaparte , para que seus soldados pudessem levar alimentos para as guerras, sem
problemas de conservação
As latas de aço produzidas com chapas metálicas conhecidas como folhas de flandres, têm
como principais características a resistência, inviolabilidade e opacidade.
São compostas por ferro e uma pequena parte de estanho (0,20%) ou cromio (0,007%) -
materiais que protegem contra oxidação e evitam por mais de 2 anos a decomposição de
alimentos . Quando reciclado, o aço reciclado pode ser usado no fabrico de automóveis,
ferramentas, vigas para construção civil, arames, vergalhões, utensílios domésticos e inclusive
novas latas.
As latas de aço , que têm muitas vezes o nome de latas de conservas , podem corresponder a cerca de 3% do lixo urbano , tendo como composição média um valor de 1,3% em peso dos resíduos urbanos.
Depois de separadas dos restantes resíduos, as latas de aço têm de passar por um processo de limpeza em peneiros para a remoção de terra e de outros contaminantes sólidos , como por exemplo outros metais.
Em seguida, são prensadas em fardos para facilitar o transporte em camiões até as indústrias recicladoras , nomeadamente fundições de aço. Ao chegar ás Fundições , a sucata vai para fornos eléctricos ou térmicos , aquecidos a 1550 graus centígrados , onde após atingir o ponto de fusão e chegar ao estado de líquido fumegante, o material é moldado em tarugos e placas metálicas, que serão cortados na forma de chapas de aço.
A sucata demora somente um dia para ser reprocessada e transformada novamente em lâminas de aço usadas por vários sectores industriais que podem ir das metalomecânicas de
22 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
montagem de automóveis até às fábricas de latas em conserva. O processo de reciclagem pode ocorrer infinitas vezes, sem causar grandes perdas ou prejudicar qualidade do aço obtido.
Importância da Reciclagem do aço
Como no caso de muitos Países , Portugal não é auto suficiente na produção de Aço , vendo-
se portanto a importar minério de Ferro ou Aço acabado , para o seu .
Por outro lado , uma parte importante do aço é usado no fabrico de embalagens de diferentes
produtos , como sejam alimentos de conserva , Frutas , Salsichas , Tintas , Vernizes , Produtos
químicos , Corantes , etc. , nomeadamente com o emprego das latas de folha de flandres que
representam cerca de 20% das embalagens existentes . De referir que o alumínio usado em
embalagens de bebidas carbogaseíficadas é mais caro que a folha de flandres , sendo
também muito mais fina e leve que a fabricada com aço.
Nos Estados Unidos em 1993, 48% das embalagens de folha-de-flandres retornaram à
produção de aço em 1993 , sendo essa taxa no Japão cerca de 61%. Se a reciclagem das
embalagens de aço fosse levada a cabo de forma mais eficiente , seria possível reduzir uma
parte da prospecção de minério de Ferro, prolongando a vida útil das reservas minerais. Além
disso deixaria de ocupar espaços em aterros todos os anos e proporcionaria economia de 240
milhões de Kwh de energia eléctrica - equivalente ao consumo de quatro biliões de lâmpadas
de 60Watts , representando igualmente o salvamento de cerca de 45 milhões de árvores -
nativas e de reflorestamento comercial - que deixariam de ser cortadas para a produção de
carvão vegetal usado como redutor do minério de ferro.
Limitações de Reciclagem
As latas devem estar livres de impurezas contidas no lixo, principalmente terra e outros
materiais metálicos, como alumínio. A presença de matéria orgânica gera mais escória.
O estanho em concentração elevada também pode dificultar a reciclagem , sobretudo se o seu
teor for superior a 22%. A sucata pode ser misturada com a carga na produção do aço,
mediante a remoção do estanho por processos metalúrgicos.
Nos Estados Unidos, a lata é hoje 40% mais leve que em 1970, graças a avanços tecnológicos
de solda e dobra do metal. A quantidade de estanho caiu de 50 para seis quilos por tonelada
de folhas-de-flandres depois da Segunda Guerra Mundial.
Em geral e de acordo com o tipo de utilização final , são produzidas latas com espessuras que
variam de 0,14 à 0,38 milímetro.
Em processo de Compostagem , o Aço dificulta a degradação do lixo para a produção de adubo orgânico sendo contudo considerado biodegradável , uma vez que misturado com os demais resíduos domésticos, sofre lento processo de oxidação.
Se incineradas em temperatura acima de 1500° centígrados, as latas sobrem intensa oxidação e voltam ao estágio natural de minério de ferro.
23 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
RECICLAGEM DE ALUMÍNIO
As latas de alumínio surgiram no mercado norte-americano em 1963. Mas os programas de
reciclagem começaram em 1968 nos EUA, fazendo retornar à produção cerca de meia
tonelada de alumínio por ano. Quinze anos depois, esse mesmo volume era reciclado por dia.
Os avanços tecnológicos ajudaram a desenvolver o mercado: há 25 anos, com um quilo de
alumínio reciclado era possível fazer 42 latas de 350ml. Hoje, a indústria consegue produzir 62
latas com a mesma quantidade de material, aumentando a produtividade em 47%. As
campanhas de recolha multiplicaram-se e actualmente, 10 milhões de americanos participam
activamente dos programas de reciclagem .
Depois de recolhidas e segregadas de outros resíduos , as latas de alumínio podem ser
recuperadas através de instalações onde são enviadas para uma prensa para serem
compactadas. Estas latas podem facilmente ser separadas das de aço ou ferro , pela
colocação de ímanes na tela transportadora e que assim só deixa passar latas de alumínio,
ficando as de aço ficam presas durante o trajecto. Esta importante operação , garante a pureza
do material depois do processo de fusão a que irá ser
sujeito .
Já prensadas, elas são transportadas para unidades de
fundição especificas , onde é feita a refusão do material ,
onde os blocos prensados são cortados e colocados num
forno a 700 graus centígrados. A esta temperatura o
alumínio entra em estado líquido e a tinta da lata (se tiver)
é vaporizada em torno dos 150 graus. O alumínio derretido
é colocado em moldes de lingotes , sendo estes
posteriormente transformados em lâminas , barras ou
folhas de alumínio.
Consumo de Energia
A Energia sempre foi o principal custo das indústrias de alumínio e alumina , pois o processo
de transformação da alumina em alumínio consome muita energia.
Por cada tonelada de alumínio produzido precisa-se, além de cinco toneladas de bauxita,
17.600 kw/h de energia. Para reciclar uma tonelada de latas, necessita-se apenas 750 kw/h,
ou seja, cinco por cento da energia inicial.
Em termos médios ,pode-se dizer que uma lata reciclada economiza energia equivalente á
energia necessária para manter uma televisão ligada durante três horas. Nos Estados Unidos,
em 1990 foram economizadas com a reciclagem de latas 16 biliões de kwh, ou seja, energia
suficiente para manter 173 mil casas com energia por todo o ano, considerando uma família de
quatro pessoas.
24 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
As latas misturadas com o restante do lixo podem estar contaminadas com matéria orgânica,
excesso de humidade, plástico, vidro, areia e outros metais, dificultando sua recuperação para
usos mais nobres. As tintas da embalagem são destruídas nos fornos de fundição durante o
reprocessamento do alumínio e por isso não afectam sua reciclagem.
A sucata e os resíduos de Alumínio não podem conter ferro , sendo a triagem por imanes a
melhor técnica para certificar a ausência desse metal. Também é possível fazer a selecção
mais segura por meio de parâmetros como cores, peso e testes químicos.
PROCESSO DE RECICLAGEM DO ALUMÍNIO
O processo convencional usado pela grande maioria dos processadores secundários para a
reciclagem do alumínio é baseado no aquecimento dos fornos de recuperação por meio de
combustão ar/Fuel.
Para aumentar o rendimento metalúrgico desse processo, faz-se a adição de sais (NaCl e KCl)
à carga numa razão entre 10 e 40 kg para cada 100 kg de resíduo processado. Esses sais que
irão incorporar uma grande parte das escórias do processo , são facilmente lixiviáveis pela
água e, por este motivo, são agressivos para o meio ambiente, requerendo a disposição do
resíduo do processo (borra preta) em aterros industriais. Também, a presença de vapores de
sais nos gases de exaustão constitui uma preocupação adicional.
Tecnologias emergentes para a reciclagem do alumínio sem o uso de sais incluem:
(i) aquecimento por combustão oxigénio/gás;
(ii) aquecimento por arco eléctrico.
No primeiro caso, o produto de combustão é formado por óxidos (CO, CO2, H2O), menos estáveis que o óxido de alumínio (Al2O3) e, portanto, o uso de sais para prevenção da oxidação não pode ser totalmente evitado se se pretender um elevado rendimento de aproveitamento do metal.
No segundo caso, não havendo restrições à atmosfera de processo, usa-se preferencialmente um gás inerte, alimentado em caudal reduzido .
O processo empregado correntemente para recuperação do alumínio baseia-se no emprego de
fornos rotativos. A prática comum envolve o aquecimento desses fornos pelo uso de
queimadores ar/óleo. Para melhoria do rendimento metálico pela prevenção da oxidação do
alumínio livre, empregam-se nesse processo grandes quantidades de sais (10 a 40 % da carga
de sucata), formado geralmente por 40% de cloreto de potássio (KCl) e 60 % de cloreto de
sódio (NaCl).
O emprego de sais destina-se principalmente a promover a protecção do banho metálico contra
a oxidação pela chama e oxigénio atmosférico - em geral, esses fornos são abertos e permitem
a entrada de grandes volumes de ar ambiente.
Uma mesma carga de sais é usada para processar 2 ou 3 partidas, após o que esse material
deve ser descarregados na forma de escória.
25 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Assim, o processo de recuperação do alumínio gera um produto formado principalmente por óxido de alumínio e sal, que recebe a denominação de “salt cake” ou borra preta. Dependendo da natureza e procedência da carga além do alumínio livre aprisionado, esse resíduo pode também conter em menores teores óxidos de outros metais componentes de liga e nitretos.
Os sais contidos nesse resíduo são facilmente lixiviáveis pela água e portanto são causa de
crescente preocupação ambientalista, face ao risco de contaminação de solos, rios e lençóis
freáticos. A legislação ambiental exige que resíduos dessa natureza sejam dispostos em
aterros industriais, a um custo considerável .
Novas tecnologias visando a reciclagem do alumínio sem o uso de sais incluem o aquecimento dos fornos recuperadores por oxi-combustão e pelo plasma em atmosfera inerte.
VANTAGENS DA RECICLAGEM DOS METAIS
As vantagens da reciclagem dos metais são basicamente as seguintes :
Conservação dos Recursos Naturais;
Diminuição da poluição;
Elevado valor económico (economiza energia e matéria prima virgem)
A produção de 1 tonelada de aço a partir de sucata economiza cerca de 1,5 barris de petróleo,
enquanto que uma tonelada de alumínio permite economizar 29 barris, quando comparadas
caso a caso, com a produção da mesma quantidade a partir de minério
Em termos industriais , uma vez que estes metais reciclados não perdem qualidades
tecnológicas durante o processo de reciclagem , é possível baixar sensível mente o custo de
produção dos artigos metálicos , quando incorporam uma dada percentagem de material
reciclado .
Em termos ambientais , a sua recuperação também permitirá diminuir o esforço de mineração ,
que tem por vezes desastrosos efeitos ambientais nos locais de exploração .
26 Henrique Barros
M e t a l L í q u i d o
F l u x o S a l i n o C h a m aA r - C o m b u s t ã o
F o r n o R o t a t i v o
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
ESCÓRIAS DE FUNDIÇÕES E METALURGIAS
Caracterização do material
A escória da obtida em fundições é um subproduto da produção do aço. Este material é
portanto resultado da agregação de diversos elementos que são eliminados da composição do
aço , durante os processos da sua formação .
Têm como características marcantes o facto de ser composta de muitos óxidos, como CaO e
MgO e ser expansível, devido às reacções químicas desses óxidos. As limitações
características das escórias metálicas são basicamente:
heterogeneidade;
alto teor de cal livre
a ausência de actividade hidráulica.
As escórias de Fundição são compostas basicamente por óxidos básicos. A composição
química da escória é função da matéria-prima, a tecnologia de produção do aço e até mesmo o
revestimento do alto forno.
As tecnologias de produção de aço mais difundidas são as de escória LD e a produzida por
fornos de arco elétrico (HEA). A composição destas duas escórias é mostrada na tabela
abaixo:
Comparação das escórias produzidas por vários tipos de fornos
Tipo Composição (%)
SiO2 CaO Al2O3 FeT MgO S MnO TiO2
Escória de
convertedor (LD)
13.8 44.3 B1.5 17.5 6.4 0.07 5.3 1.5
Escória
de
Forno
eléctrico
Esc.
Oxidada
19.0 38.0 7.0 15.2 6.0 0.38 6.0 0.7
Esc.
Reduzida
27.0 51.0 9.0 1.5 7.0 0.50 1.0 0.7
A escória de fundição apresenta seus componentes em vários estados diferentes. Por
exemplo, podemos encontrar óxido de magnésio de três formas: estado combinado, estado
livre e solução sólida. Geralmente encontramos solução sólida de MgO-FeO-MnO pequenas
porções de CaO em solução sólida. A escória de fundição tem sua formação nos processos de
oxidação do aço. Este processo elimina carbono e fósforo, por exemplo, que entram na
composição da escória, juntamente com fundente (CaO).
Geralmente encontramos escória de fundições próximo à grandes indústrias siderúrgicas,
formando "montanhas" de material, que é deixado ao tempo. Com o contacto directo de
intempéries, a escória expande.
Reciclagem
27 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
A reciclagem de escória de fundição tem grande interesse na construção civil, pois, pode ser
usada na produção de cimento, como substituto parcial de clínquer Portland. Usa-se também a
escória como base para pavimentos e como agregados. O problema da escória resulta na
expansibilidade de seus óxidos, o que limita seu uso. É por esta razão que muita pesquisa é
feita para controlar a expansibilidade.
Produção de Cimento Portland
A escória de fundição do aço é quimicamente parecida com o clínquer Portland, pois contém
uma quantidade considerável de silicato dicálcico e por vezes silicato tricálcico.
A substituição parcial do calcário por escória de fundição do aço tem como vantagens uma
economia de energia devido à redução do calor de formação do clínquer e a diminuição da
formação de gases, especialmente o CO2, nocivo à atmosfera
Uso em Pavimentos
O emprego da escória de fundição , de escória de alto-forno arrefecida lentamente ou mistura
dos dois tipos de escórias como agregado em cimento asfáltico a quente já é normalizado no
Japão desde 1979. , onde a produção de escórias para pavimentação através de diferentes
formas de estabilização e com diferentes granulometrias, para aplicações em leito superior,
leito inferior de estradas, asfaltos misturados a quente etc
Esta prática prevê que se a expansibilidade da escória for inferior a 2,5%, não existe perda na
resistência do pavimento.
Uso Como Agregado em Cimentos
Nos trabalhos lidos e pesquisados praticamente não se fala em usar escória como agregado,
pelo menos não sozinha, pois, esta tem um problema de desintegração (ela tende a
desintegrar-se com o tempo de uso, devido aos esforços a compressão).
Uma utilização possível da escória é como substituta parcial de cal livre para agregado,
aproveitando a alta resistência a compressão e durabilidade à abrasão provenientes da
escória. Existem limitações do uso como agregado do cimento , se este puder ficar sujeito ao
fogo ou o calor intenso , pois a escória tende a desintegrar-se nessas condições ,
comprometendo o a resistência do Betão.
28 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
6. OS PLÁSTICOS
Em 1862, o inglês Alexandre Parkes produziu o primeiro plástico. Durável e leve, o material
tornou-se um dos maiores fenómenos da era industrial, No entanto, como não é bio
degradável, o plástico passou a sofrer críticas de sectores ambientalistas mais radicais.
A reciclagem, que começou a ser feita pelas próprias indústrias para reaproveitamento das
suas próprias perdas de produção, tem contribuído para reduzir o impacto dos plásticos em
aterros de lixo embora de uma forma bastante reduzida . Além da questão ambiental, em
termos económicos o desperdício não se justifica pois a reciclagem de plástico permite
economizar até 50% de energia.
Os plásticos surgiram como uma necessidade de inventar materiais sintéticos, capazes de
substituir ou imitar os materiais naturais.
As suas vantagens de utilização são muito grandes em largos domínios e passam peo facto de
a maioria possuir propriedades notáveis :
Boa resistência mecânica ,
Leveza
Grande capacidade de isolamento,
Baixo preço de fabrico,
Quimicamente inertes
Devido a estas propriedades e ao facto de em fabrico se poderem conferir outras ainda quase
por medida , tem ocorrido a substituição progressiva em relação a materiais naturais.
O QUE SÃO OS PLÁSTICOS?
O primeiro plástico foi sintetizado em 1862 pelo inglês Alexander Parkes. Desde então constitui um grande problema para o ambiente, pois não é biodegradável.
Existem sete diferentes famílias de plásticos, que muitas vezes não são compatíveis
quimicamente entre si. Ou seja, a mistura de alguns tipos pode resultar em materiais
defeituosos, de baixa qualidade, sem as especificações técnicas necessárias para poderem
voltar a serem usados como matéria prima.
São os seguintes os plásticos rígidos mais comuns no mercado:
POLIETILENO TEREFTALATO (PET) usado em garrafas de refrigerantes
[ - CH2 - CH ( - CH2 - CH2 -) - CH2 - CH2 - ] n
POLIETILENO DE ALTA DENSIDADE
Grades de bebidas, baldes garrafas
para álcool, garrafas para produtos
químicos domésticos, bidões, tubos
29 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
(PEAD)
( - CH2 - CH2 - ) n
POLIETILENO DE BAIXA
DENSIDADE
(PEBD)
Embalagens de alimentos, sacos
industriais, sacos para lixo, filmes
para estufas, telas
( - CH2 - CH2 - ) n
CLORETO DE POLIVINILO (PVC) Tubos e acessórios para água,
garrafas para água mineral e
detergentes líquidos, lonas,
calçados
( - CH2 - CH (Cl) - CH2 - ) n
POLIPROPILENO (PP), Embalagens para massas e
biscoitos, seringas descartáveis,
fibras e fios têxteis, Componentes
de automóveis
( - CH ( CH3 ) - CH2 - ) n
POLIESTIRENO (PS)
Caixa de aparelhos de TV e som,
copos descartáveis para água e
café, embalagens alimentícias
embalagens em geral
( - CH2 - CH ( C6H5) - ) n
Os Plásticos são assim , polímeros sintéticos, obtidos através de reacções químicas, utilizando
principalmente o petróleo e o gás natural. Na sua forma básica, os plásticos apresentam-se na
forma de grânulos, que por acção do calor, fundem e são moldados.
Principais tipos de plásticos:
Termoplásticos: amolecem quando aquecidos e endurecem de novo quando
arrefecidos permitindo moldá-los várias vezes. Mais de 80% dos plásticos vulgarmente
utilizados são deste tipo.
Termoestáveis ou Termoendurecíveis: ganham forma de produtos rígidos por acção
do calor e reacções químicas não sendo moldáveis de novo pelo calor.
30 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
RECICLAGEM DO PLÁSTICO
Os materiais plásticos representam entre 7 e 10% do peso total dos RSU sendo a maior parte
deles proveniente de embalagens.
Conhecer os tipos de plásticos permite participar correctamente nas recolhas selectivas e saber
portanto o seu destino final. Assim, os principais tipos de plásticos são:
Símbolo e Identificação
DESIGNAÇÃO ALGUMAS APLICAÇÕES
PET Politereftalato de etileno Garrafas de refrigerantes e sumos
PEADPolietileno de alto
densidadealguns socos e frascos, brinquedos, etc.
PVC Policloreto de vinilo Algumas garrafas de água e de óleo
PEBDPolietileno de baixa
densidadeFrascos paro detergentes, sacos, grades,
PP Polipropileno Frascos, películas de embalagens, etc.
PS PoliestirenoCopos de iogurte, esferovites, material escolar, etc.
Todos os materiais plásticos são recicláveis dando origem a novos materiais:
embalagens, caixas de cassetes, brinquedos, etc. - reciclagem mecânica.
No entanto, já se descobriram processos que permitem transformar plásticos usados
em combustíveis semelhantes aos do quotidiano ou matérias-primas - reciclagem
química.
A reciclagem de materiais provenientes do uso doméstico, sobretudo embalagens, está a iniciar
-se já que na indústria já é uma realidade.
Processo de Reciclagem
Depois de separados, os resíduos de Plástico podem ser enfardados e Armazenados para
numa fase posterior, o plástico ser moído por um moinho de facas e reenviado aos diferentes
processos industriais.
Após a secagem, o material é transferido para o aglutinador, que tem a forma de um cilindro,
contendo hélices que giram em alta rotação e aquecem o material por fricção, transformando-o
numa pasta plástica. Em seguida, é aplicada água em pequena quantidade para provocar
arrefecimento rápido , que faz com que as moléculas dos polímeros se contraiam e aumentem
a sua densidade .
31 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Desta forma o plástico adquire a forma de
grãos e entra na extrusora, máquina que
funde e dá aspecto homogéneo ao material
que é aí transformado em tiras . Na última
etapa as tiras de material derretido passam
por um banho de arrefecimento , que
solidificam o Plástico reciclado.
Findo o processo da estrusora são
fragmentados em pequenos grãos e vendidos
para fábricas de artigos plásticos, que podem
misturar em proporções variáveis com a
qualidade do produto a obter , o material reciclado com plástico virgem para produzir novas
embalagens, peças e utensílios. Em alguns casos é possível usar 100% de material reciclado. BORRACHA
A borracha sintética é hoje um dos principais produtos derivados do Petróleo , nomeadamente com a generalizada utilização no fabrico de Pneus ou da sua utilização na Industria de componentes e Têxteis .
Os principais problemas relativos aos resíduos da Borracha podem ser descriminados no seguinte :
O tempo de decomposição, estimado em 150 anos;
A sua composição química que cria problemas ambientais quando depositados em
lixeiras ou queimados a céu aberto;
Ocupação volumosa em aterros, são pouco compressíveis;
São meios óptimos para o desenvolvimento e proliferação de vectores de doenças.
Os pneus podem ser valorizados através de:
Recauchutagem;
Aplicações físicas (ex.: recifes artificiais, materiais de construção);
Utilizações químicas (ex.: regeneração de borracha, pirólise);
Incineração, para obtenção de energia.
RECICLAGEM DE PNEUS
Caracterização do material
O pneu é composto basicamente pela banda de rodagem e aro de aço
32 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
No século XIX, o norte americano Charles Goodyear descobriu o processo de vulcanização,
deixando cair borracha e enxofre casualmente no fogão. Mais tarde, a Alemanha começou a
industrializar borracha sintética a partir do petróleo.
A composição química correspondente á borracha vulcanizada é :
Carbono
Hidrogénio
Oxigénio
Enxofre
Cinzas
83%
7%
2,5%
0,3%
6%
Em termos ambientais , o Pneu é considerado um produto não biodegradável.
Produção de Resíduos de Borracha e Pneus
Ao fim de um certo tempo , os pneus são enviados para reciclagem, quando estão desgastados
pelo uso ou as suas características não oferecem segurança . Quando os pneus têm meia vida
de uso ou as carcaças são passíveis de recauchutagem , eles têm algum valor económico,
mas, quando não são passíveis de recuperação ou não encontram mercado , têm de ser
entregues em depósitos ou aterros .
O seu Armazenamento ao Ar livre pode acarretar graves
problemas , pois, os pneus ocupam muito espaço e são de difícil
compactação , tornando o ambiente adequado para reprodução
de insectos e roedores, e obstruindo os canais dos rios, e linhas
de água .
A sua queima a céu aberto também é totalmente indesejável ,
pois produz um fumo negro de forte odor ( dióxido de enxofre) ,
acção que é proibida em diversos países e na totalidade da UE ,
sendo a sua combustão de difícil controle.
Processos de Reciclagem da Borracha
O pneu pode ser reciclado inteiro ou picado. Quando picado, apenas a banda de rodagem é
reciclada e quando inteiro, há inclusão do aro de aço.
Os diferentes processos de reciclagem da borracha dos pneus pode ser resumido no seguinte :
Pavimentos para estradas - Pó gerado pela recauchutagem e os restos de pneus
moídos podem ser misturados ao asfalto aumentando sua elasticidade e durabilidade.
Contenção de erosão do solo - Pneus inteiros associados a plantas de raízes
grandes ,podem serem utilizados para ajudar na contenção da erosão do solo.
33 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Combustível de forno para produção de cimento, cal, papel e celulose - O pneu é
muito combustível, um grande gerador de energia, seu poder calorífico é de 12000 a
16000 KJ por quilo, , portanto superior ao do carvão.
Pisos industriais, Sola de Sapato, Tapetes de automóveis, Tapetes para banheiras
e Borracha de vedação - Depois do processo de desvulcanização e adição de óleos
aromáticos resulta uma pasta, a qual pode ser usada para produzir estes produtos entre
outros.
Desporto - Usado em corridas de cavalo, ou eventos que necessitem de uma limitação
do território á percorrer.
Recauchutagem ou fabricação de novos pneus - Reciclado ou reutilizado na
fabricação de novos pneus. A recauchutagem dos pneus é frequente, atingindo
frequentemente Percentagens significativas (15 a 20%) dos pneus comercializados .
TÊXTEIS
Estes resíduos podem hoje ser incluídos na classe dos Plásticos , uma vez que muitos têm
composições baseadas parcial ou totalmente em compostos de síntese Petroquímica (Nylon ,
Poliester , etc) .
Os têxteis representam cerca de 3,7% dos resíduos urbanos não havendo nenhuma recolha
selectiva organizada para este material. Contudo , faz parte dos hábitos e cultura da população
portuguesa doar roupas em 2ª mão , criando-se desse modo algum reaproveitamento dests
materiais .
Na região norte do país, onde a indústria têxtil tem a maior representação já existem algumas
indústrias que se fazem reciclagem de têxteis transformando-os em desperdícios (farrapos de
pano utilizados pelos mecânicos nas oficinas).
34 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
7. O VIDRO
O vidro é uma substância inorgânica, amorfa e fisicamente homogénea, obtida por
arrefecimento de uma massa em fusão que endurece pelo aumento contínuo de viscosidade
até atingir a condição de rigidez, mas sem sofrer cristalização .
Industrialmente pode-se restringir o conceito de vidro aos produtos resultantes da fusão, pelo
calor, de óxidos ou de seus derivados e misturas, tendo em geral como constituinte principal a
sílica ou o óxido de silício (SiO2), que, pelo arrefecimento, endurecem sem cristalizar.
A fusão das respectivas matérias primas é feita em fornos especificos, num processo que requer muita energia.A tabela abaixo dá uma noção das possíveis variações na composição deste material, levando em conta os tipos mais comuns de vidro.
Composição química de diferentes tipos de vidros
Tipo Componentes Principais % Propriedades
SiO2 Al2O3 CaO Na2O B2O3 MgO
Sílica fundida
99 Dilatação térmica muito baixa, viscosidade muito
alta
Borosilicato (pyrex)
81 2 4 12 Baixa expansão térmica, pequena troca de íões
Vasilhames74 1 5 15 4 Fácil trabalhabilidade,
grande durabilidade
As embalagens de vidro são muito apreciadas pela sua transparência e brilho tendo ainda a
vantagem de não contaminar o produto que contém (material inerte). Nos últimos anos,
contudo, o plástico tem vindo a substituir o vidro em múltiplos equipamentos e objectos,
impondo-se no mercado e consumo.
O aperfeiçoamento das técnicas de produção de vidro
permitiu a redução do seu peso, e, consequentemente,
a quantidade de matéria prima. Esta circunstância
levou ao aparecimento de muitas garrafas de tara
perdida (vidro depois de utilizado uma vez é deitado
fora).
Se não for conduzido a reciclagem o material não tem
qualquer valorização além de criar problemas no tratamento de resíduos , como sejam :
Na compostagem o vidro fragmenta-se em partículas muito finas difíceis de
remover diminuindo a qualidade do composto;
Na incineração diminui o rendimento do composto;
Quando conduzido a aterro sanitário não se degrada ocupando o espaço durante
milhares de anos!)
35 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
É importante salientar que são necessárias 1,4 toneladas de matérias-primas para produzir 1
tonelada de embalagens de vidro e que por cada tonelada de "vidro velho" incluída na fusão,
poupam-se 400kg de matérias-primas .
RECICLAGEM DO VIDRO
O processo de reciclagem do vidro é muito simples: basta juntar o vidro velho com uma
pequena percentagem de matéria-prima de base, ou não, e fundir, para que se obtenha vidro
novo.
A reciclagem do vidro começa nos consumidores. Em vez de se deitarem garrafas vazias no
resíduo deve deitar-se no vidrão. As câmaras municipais ocupam-se da recolha deste e de o
vender às indústrias que o irão reciclar. Desta forma e por comparação com o processo base
de fabrico do vidro, consome-se menos matéria-prima , com economias directas e indirectas
como as que a seguir se descrevem :
Para obter uma tonelada de vidro é suficiente uma tonelada de casco, em vez de
1.2t,ou seja uma economia de 20% em peso),
Economiza-se cerca de 32% da energia eléctrica (cerca de 32%)
Poupa-se cerca de 50% da água
Reduzem-se as emissões atmosféricas em cerca de 20%
Reduz-se o volume total de resíduos sólidos a tratar (cerca de 10%)
Em Portugal a percentagem de vidro reciclado cifra-se nos 30%, podendo este valor aumentar
pelo esforço combinado dos utilizadores e das entidades envolvidas na participação nos
processos de recolha selectiva.
Resumindo , as vantagens da reciclagem do vidro podem ser identificadas como :
A reciclagem de 1 ton. de vidro permite :
Protecção Ambiental Redução em 1 tonelada da massa armazenada em Aterro
Poupança Energética Equivale a poupar cerca de 130 Kg Fúel
Matérias-primas Permite poupar até 1200 Kg de matéria-prima original
36 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
8. PILHAS
As pilhas são objectos de grande utilidade pois possuem aplicação em vários domínios. De um
modo geral, as pilhas são classificadas segundo o quadro:
Tipos de Pilhas
Aplicação Características ToxicidadeIMPACTO
AMBIENTAL
Pilhastradicionais
Brinquedos, aparelhos de som, lanternas,
etc.
Contém metaispesados como o
mercúrio, cádmio,níquel e chumbo.
Tóxicas Elevado
Pilhas-botão
Relógios. máq. Decalcular e fotográficas,aparelhos auditivos e
instrumentos de precisão
Chega a ter 35% demercúrio, óxido de
prata e lítio.
Altamentetóxicas
Bastante elevado
Pilhasrecarregáveis
Podem ser aplicadas na grande maioria dos
casos.
Não contémmercúrio mas
cádmio que tambémse transforma num
resíduo
Tóxicas
Não tão elevado pois as pilhas
podem serrecarregadas
As pilhas gastas são poluentes uma vez que uma boa parte delas contém metais pesados.
Estes são poluentes tóxicos para a saúde humana e contaminantes do meio natural. Quando
abandonadas na natureza, ou nas lixeiras, as pilhas, devido à corrosão, rompem os seus
invólucros e derramam o conteúdo tóxico que é arrastado pelas chuvas para os rios, mares e
lençóis de água subterrâneos que abastecem os poços e nascentes.
Se as pilhas forem queimadas, os seus fumos altamente tóxicos e os vapores de mercúrio,
precipitam-se com a chuva sobre os campos e culturas, contaminando, de igual forma, o
ambiente e os alimentos.
Actualmente já se pretende evitar que as pilhas usadas sejam abandonadas
indiscriminadamente, ou conduzidas com os restantes resíduos sólidos, provocando impactos
negativos no ambiente e saúde pública.
È contudo importante desenvolver algumas acções que podem minorar os problemas
causados pelas pilhas , como sejam :
Quem tiver pilhas usadas não as deve deitar ao resíduo, devendo ser guardadas num
recipiente que não permita a libertação do mercúrio (ex:garrafas de plástico, garrafões -
visto que são resistentes à corrosão e são facilmente vedáveis)
Como as pilhas são bastante perigosas e caras, é preferível a utilização de fontes de
energia alternativa como por exemplo máquinas de calcular, rádios e relógios que
funcionam com energia solar ou com a energia do movimento.
37 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Muitos dos aparelhos que utilizam pilhas podem recorrer à energia eléctrica mediante a
utilização de um transformador que além de ser menos perigosa é bastante mais
barata! (ex:"walkmans")
Se ainda restarem aparelhos que necessitem de pilhas, devem-se utilizar as pilhas
recarregáveis que, apesar de terem metais pesados, são reutilizadas muitas vezes,
pelo que os seus efeitos são menores devido à redução do consumo das pilhas
normais . Mais uma vez esta solução é mais vantajosa financeiramente pois apesar do
custo inicial ser maior, pois sendo possível recarregar estas pilhas até mil vezes, o
investimento é rapidamente compensado!
EFEITOS GERAIS DAS PILHAS NO AMBIENTE
As Pilhas , devido á sua composição , têm um potencial de risco Ambiental considerável , eu
pode ser descrito da seguinte forma :
Uma única pilha pode contaminar mais água do que uma pessoa bebe em toda a sua
vida!
Uma pilha-botão contém mercúrio suficiente para contaminar 20000 litros de água
residuais ou 200000 de águas continentais ou marítimas!
Em países como a Áustria, Suécia, Suiça, Dinamarca, Holanda e Itália já se procede a
uma recolha de todos os tipos de pilhas.
38 Henrique Barros
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9. ÓLEOS USADOS
De acordo com a directiva do Conselho n.º 87/101/CE, de 22 de Dezembro de 1986, os óleos
usados são quaisquer óleos lubrificantes de base mineral ou sintética, tornados impróprios para
o uso a que estavam inicialmente destinados e, nomeadamente, os óleos usados de motores
de combustão e dos sistemas de transmissão e os óleos minerais para máquinas, turbinas e
sistemas hidráulicos.
Os óleos usados podem ser classificados nos seguintes tipos:
Tipo A : óleos de motor;
Tipo B : óleos industriais;
Tipo C : outros óleos.
CONSEQUÊNCIAS PARA O AMBIENTE
Os óleos quando lançados directamente no ambiente provocam graves problemas de poluição
do solo e das águas. Nos solos os óleos infiltram-se conjuntamente com a chuva destruindo a
terra que atravessam e, ao atingir toalhas freáticas
subterrâneas, poluem também a água das fontes e
poços.
Quando lançados nos esgotos poluem os meios
receptores hídricos e provocam estragos
importantes nas estações de Tratamento de Águas
Residuais (ETAR).
Os óleos usados contém elevados níveis de
hidrocarbonetos e de metais pesados, sendo os
mais representativos o Chumbo (Pb), o Zinco (Zn),
o Cobre (Cu), o Crómio (Cr), o Níquel (Ni) e o
Cádmio (Cd).
Para além destes elementos, há ainda a considerar a presença de Cloro (Cl) e bromo (Br), que
se deve em parte à utilização de gasolinas com chumbo. A queima destes provoca a libertação
para a atmosfera de uma quantidade de chumbo suficiente para poluir o ar em doses
perigosas.
O óleo usado é um resíduos muito perigoso na medida em que :
1 litro de óleo usado pode poluir 1 milhão de litros de água;
A queima de 5 litros de óleo polui a mesma quantidade de ar que uma pessoa
respira durante 3 anos;
1 litro de óleo pode formar uma película de 4000 m2.
Sobre o óleo usado deve-se considerar o seguinte:
39 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Pode ser reciclado indefinidamente;
Deve ter uma recolha selectiva para permitir a sua regeneração;
Não o queimar, pois estamos a queimar um recurso não renovável;
Garantir que o óleo usado produzido tem um destino adequado;
O uso de óleo regenerado reduz a emissão do CO2, SO3 e NOx;
A partir de 3 litros de óleo usado podemos obter 2 litros de óleo novo.
Um óleo perde qualidades devido a um gradual processo de contaminação , que pode ser
externa ou interna. A contaminação externa do óleo é feita por papel, desperdícios, terra, água,
e outros. Outros líquidos que podem entrar no sistema (corrosivos e/ou não corrosivos) são os
fluidos de refrigeração, produtos de limpeza, ácidos, solventes, tinta, mistura com outros óleos.
A queima destes óleos provoca a libertação para a atmosfera de uma quantidade de chumbo
suficiente para poluir o ar em doses perigosas.
É importante evitar o lançamento indiscriminado dos óleos usados nos meios hídricos, nas
redes de esgotos, no solo e ainda a queima não controlada desses óleos, dados os graves
prejuízos ambientais e de saúde pública que daí advêm.
As consequências mais graves da contaminação ambiental por descargas de óleos no
Amabiente podem ser resumidas no seguinte :
Os óleos usados quando directamente lançados para o ambiente geram graves
problemas de poluição do solo e da água;
Quando lançados no solo, infiltram-se conjuntamente com a chuva destruindo o solo
que atravessam e poluem as águas subterrâneas;
Quando lançados nos esgotos poluem os meios receptores hídricos e provocam
estragos nas estações de tratamento de águas residuais;
Quando queimados provocam a libertação de substâncias tóxicas - solventes
clorinados (ex.: PCB's, TCE), metais pesados (ex.: arsénio, cádmio, chumbo),
compostos orgânicos (ex.: benzeno, naftaleno);
Quanto aos possíveis processos de valorização dos óleos , eles poderão ser objecto de :
Tratamento prévio;
Regeneração;
Recuperação;
Utilização como combustível;
Incineração, visando maximizar a poupança energética e os recursos naturais.
10.LAMAS DE ETAR
40 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Lamas são os resíduos produzidos pelo tratamento de águas residuais urbanas em ETAR
(Estação de Tratamento de Águas Residuais), constituindo um fluxo específico que são as
lamas de ETAR.
Como uma primeira abordagem a uma estratégia de gestão deste fluxo de resíduos destaca-se
a necessidade de se proceder a uma inventariação dos quantitativos actualmente produzidos
(em colaboração com a entidade competente para o licenciamento de ETAR) e análise das
condições de funcionamento, incluindo a produção de lamas, métodos de tratamento a que são
sujeitas e tipos de escoamento.
O problema tem uma magnitude que justifica uma análise preliminar, baseada numa estimativa
das quantidades envolvidas, numa base regional, tendo em conta inclusivamente as conexões
possíveis (em termos de tratamento e destino) com os resíduos urbanos convencionais,
nomeadamente se sujeitos a compostagem.
É também necessário que sejam aplicadas as portarias 176/96 e 177/96 de Outubro (II série),
de modo a ser conhecida a composição das lamas e dos solos onde são aplicadas, o que
permitirá efectuar o seu enquadramento em termos de aplicação agrícola e a sua relação com o
composto produzido em instalações de compostagem.
Considera-se ainda importante que seja analisada a potencialidade de utilização destes
resíduos para recuperação de taludes, encerramento de pedreiras e reparação de cicatrizes no
terreno, e eventualmente novos materiais de construção civil.
A construção das infraestruturas de tratamento de águas residuais urbanas prevista para os
próximos anos vai conferir a este fluxo de resíduos um relevo excepcional, pelo que é de iniciar
desde já acções enérgicas de planeamento, projecto, obra e exploração, sob a égide conjunta
dos Institutos da Água (INAG) e dos Resíduos (INS).
LAMAS CELULÓSICAS
A floresta portuguesa ocupa cerca de 34% do território, estendendo-se por uma área
aproximada de 3 milhões de hectares, o que representa 58% da superfície agrícola nacional.
Não será por isso estranho o facto de se observar um considerável desenvolvimento no sector
da indústria da pasta de papel, constituindo hoje um importante sector exportador .
As lamas celulósicas são a parte sólida proveniente do tratamento dos efluentes resultantes
da indústria da pasta de papel. A produção dessas lamas atinge cerca de 50000 t/ano de
matéria seca, o que equivale a 150 000 t/ano de lamas húmidas . Esta tão grande produção
pode ser uma ameaça, em termos de poluição ambiental, já que como não existe ainda destino
para as lamas, em geral, é perto das instalações fabris que se acumulam estes resíduos
41 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
11.RESÍDUOS DE EMBALAGENS
Modificações no padrão de vida e hábitos alimentares da
população portuguesa determinaram um peso
progressivamente crescente dos resíduos de embalagens
produzidos: em 1980 os resíduos de embalagens de vidro
, papel e cartão e plástico representavam, em conjunto,
cerca de 20% do conteúdo de um saco de "resíduo"; no
início desta década, esses três materiais traduziam uma
fatia de cerca de 45% do "resíduo" doméstico.
As embalagens desempenham um papel importante, tanto do ponto de vista económico como
social, nomeadamente na:
Segurança do transporte de produtos;
Conservação das mercadorias
Informação do consumidor quanto à natureza dos produtos;
Marcação do produto de forma a garantir a sua rápida identificação pelo
consumidor;
Garantia de um manuseamento e transporte higiénicos do produto, evitando a
sua contaminação e a propagação de doenças.
Sendo inquestionáveis as vantagens derivadas da
embalagem de produtos é igualmente inquestionável que
esta prática se traduz na produção de um acréscimo de
resíduos, os quais constituem o reverso da medalha, isto
é, são a fonte de implicações de natureza negativa no
Ambiente.
Calcula-se em cerca de 50 milhões de toneladas a
quantidade de resíduos de embalagens produzidas
actualmente no espaço da União Europeia.
42 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
12.RESÍDUOS INDUSTRIAIS
O QUE SÃO ?
Consideram-se resíduos industriais os resultantes de actividades industriais transformadores
ou de mineração , bem como os que resultem das actividades de produção e distribuição de
electricidade, gás e água.
A dimensão e gravidade que assume no nosso país o problema dos resíduos industriais, em
particular no que respeita às consequências ambientais de ausência de tratamento adequado,
impõe a necessidade urgente de definir uma estratégia capaz de conduzir a uma gestão
eficiente, moderna e adequada deste tipo de resíduos, clarificando regras e identificando as
responsabilidades dos diversos intervenientes.
Neste sentido, procede-se, através da publicação da Resolução do Conselho de Ministros nº
98/97, em 25 de Junho, à definição da estratégia de gestão dos resíduos industriais.
A estratégia delineada, na referida resolução, para os resíduos industriais é extensiva, com as
devidas adaptações, a resíduos que possam ter outras origens, entre os quais se contam os
óleos usados, os veículos em fim de vida e outras sucatas, os pneus usados, as lamas das
estações de tratamento de águas residuais, os acumuladores e pilhas usadas, os resíduos de
equipamentos eléctricos e electrónicos, os bifenilos policlorados e os clorofluorcarbonetos.
RESÍDUOS PERIGOSOS
Os resíduos que apresentem características de perigosidade para a saúde ou para o ambiente,
nomeadamente os definidos na Portaria nº 818/97, de 5 de Setembro, em conformidade com a
Lista de Resíduos Perigosos, constante da Decisão do Conselho da União Europeia nº
94/904/CE.
Em 1997, face aos dados reais de produção de resíduos e a ter havido alteração da
classificação dos resíduos perigosos na sequência da publicação da Decisão nº 94/904/CE, e
face à necessidade de se adoptar as medidas para a correcta eliminação dos resíduos
industriais, foi, a pedido do Ministério do Ambiente, efectuada pela TECNINVEST, uma
actualização dos inventários de resíduos perigosos produzidos a nível nacional.
43 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Dessa actualização, concluiu-se que se produzem cerca de 123 900 toneladas de resíduos
perigosos, que se distribuem por tipo de destino requerido de acordo com a figura seguinte:
A Portaria nº 792/98, de 22 de Setembro, que aprova o modelo do mapa de registo de resíduos
industriais e que revoga a Portaria nº 189/95, de 20 de Junho, determina que cada produtor de
resíduos industriais deve obrigatoriamente preencher o mapa de registo, identificando os
registos de acordo com o Catálogo Europeu de Resíduos (CER).
Relativamente ao ano de 1998, notou-se um aumento
significativo do preenchimento desses mapas, no
entanto, o número de empresas declarantes encontra-
se ainda longe do universo dos estabelecimentos
existentes.
Apesar destas limitações, constata-se que a grande
maioria dos registos declarados representam uma parte
significativa dos resíduos produzidos no país,
nomeadamente no capítulo dos resíduos perigosos.
Para o universo declarado, obteve-se uma produção total de resíduos industriais de pouco mais
de 20 milhões de toneladas anuais, repartidas do seguinte modo:
Resíduos industriais não perigosos: 20 283 039 toneladas
Resíduos industriais perigosos: 262 875 toneladas
Total produzido declarado: 20 545 914 toneladas
Tabela - Produção de Resíduos Industriais em Portugal (1995, 1997 e 1998)
1995 (INE) * 1997 (INE) * 1998 (DRA)
Total de resíduos industriais (ton) 29.926.287 26.411.416 20.545.914
Resíduos Industriais não perigosos (ton) 29.258.225 25.816.259 20.283.039
Resíduos Industriais perigosos (ton) 668.062 (2,2%) 595.156 (2,3%) 262.875 (1,3%)
* estimativas
As diferenças observadas entre os quantitativos para os três anos apresentados poderão ser
devidas a diferenças nas metodologias utilizadas, nas fontes de informação e a variações na
proporção de declaração por parte dos produtores. Não são prováveis oscilações desta ordem
de grandeza e em tão curto espaço de tempo.
Os resíduos para os quais o tratamento térmico é actualmente a solução mais indicada são,
muito especialmente, os sólidos e lamas orgânicas provenientes de um conjunto diverso de
actividades tais como:
Resíduos de limpeza de reservatórios de refinarias de petróleos e de certas
actividades de comércio e de serviços
lamas de tintas e resinas da fabricação de produtos metálicos,
44 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
resíduos oleosos, asfaltos e resíduos de fabrico oriundos de actividades de
química orgânica de base,
lamas da produção de resinas e de fibras sintéticas e das indústrias de tintas,
vernizes e lacas,
pesticidas que ultrapassaram o prazo de validade e resíduos da mesma indústria,
lubrificantes e emulsionantes e lamas da indústria de sabões e perfumaria,
resíduos de tintas e corantes da indústria de artes gráficas.
Embora não seja ainda possível quantificar com exactidão os resíduos industriais perigosos
com indicação para tratamento por queima, devido à margem de incerteza na computação dos
quantitativos de cada resíduo em particular e das respectivas condições de aceitabilidade para
este processo, as estimativas dos quantitativos de RIP a queimar revelam que o problema da
co-incineração é apenas uma pequena parte da resolução dos destinos a dar aos resíduos
industriais, que ascendem a mais de vinte milhões de toneladas por ano .
DECRETO LEI Nº 239/97 – GESTÃO DE RESÍDUOS
O quadro jurídico da gestão de resíduos foi pela primeira vez definido entre nós pelo Decreto-
Lei nº 488/85, de 25 de Novembro, que seria revogado, 10 anos depois, pelo Decreto-Lei nº
310/95, de 20 de Novembro, o qual transpôs as Directivas nºs 91/156/CEE, de 18 de Março e
91/689/CEE, de 12 de Dezembro.
A nova lei dos resíduos reafirma o princípio da responsabilidade do produtor pelos resíduos
que produza e introduz um mecanismo autónomo de autorização prévia das operações de
gestão de resíduos, que não se confunde com o licenciamento das actividades em que por
vezes tais operações se integram, como sucede, no caso dos resíduos industriais, com o
licenciamento industrial.
O Decreto-Lei nº 239/97 estabelece as regras a que fica sujeita a gestão de resíduos,
nomeadamente a sua recolha, transporte, armazenagem, tratamento, valorização e eliminação,
por forma a não constituir perigo ou causar prejuízo para a saúde humana ou para o ambiente.
Ficam excluídos do âmbito de aplicação deste diploma, quando sujeitos a legislação especial:
a) os resíduos radioactivos;
b) os resíduos resultantes da prospecção, extracção, tratamento e armazenagem de
recursos minerais, bem como da exploração de pedreiras;
c) os cadaveres de animais e os resíduos agrícolas que sejam matérias fecais ou
outras substâncias naturais não perigosas aproveitadas nas explorações agrícolas;
45 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
d) as águas residuais, com excepção dos resíduos em estado líquido;
e) os explosivos abatidos à carga ou em fim de vida;
f) os efluentes gasosos emitidos para a atmosfera.
A gestão de resíduos visa, preferencialmente, a prevenção ou redução da produção ou
nocividade dos resíduos, nomeadamente através da reutilização e da alteração dos processos
produtivos, por via da adopção de tecnologias mais limpas, bem como da sensibilização dos
agentes económicos e dos consumidores.
Subsidiariamente, a gestão de resíduos visa assegurar a sua valorização, nomeadamente
através de reciclagem, ou a sua eliminação adequada.
As orientações fundamentais da política de gestão de resíduos constam do plano nacional de
gestão de resíduos, elaborado pelo Instituto dos Resíduos e aprovado por despacho conjunto
dos Ministros da Economia, da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, da Saúde
e do Ambiente.
A execução do plano nacional de gestão de resíduos é apoiada por planos estratégicos
sectoriais, cuja elaboração compete ao Instituto de Resíduos e às demais entidades
competentes em razão da matéria, nomeadamente:
a) a Direcção-Geral da Indústria e a Direcção-Geral da Energia, no caso dos resíduos
industriais;
b) a Direcção-Geral da Saúde, no caso dos resíduos hospitalares;
c) os municípios ou as associações de municípios, no caso dos resíduos urbanos;
d) os serviços competentes do Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e
das Pescas, no caso de outros tipos de resíduos com origem em actividades agrícolas,
florestais, agro-industriais ou pecuárias.
Responsabilidade pela gestão
A responsabilidade pelo destino final dos resíduos é de quem os produz, sem prejuízo da
responsabilidade de cada um dos operadores na medida da sua intervenção no circuito de
gestão.
Para efeitos do número anterior, consideram-se responsáveis pelo destino final a dar aos
resíduos, nomeadamente:
a) os municípios ou as associações de municípios, no caso dos resíduos urbanos;
b) os industriais, no caso dos resíduos industriais;
c) as unidades de saúde, no caso dos resíduos hospitalares.
Os custos de gestão dos resíduos são suportados pelo respectivo produtor.
46 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Quando o produtor seja desconhecido ou indeterminado, a responsabilidade pelo destino final a
dar aos resíduos e pelos custos da respectiva gestão cabe ao respectivo detentor.
Quando os resíduos sejam provenientes de países terceiros, a responsabilidade pelo destino
final a dar aos resíduos e pelos custos da respectiva gestão cabe ao responsável pela sua
introdução em território nacional.
Proibições
É proibido:
o abandono de resíduos, bem como a sua emissão, transporte, armazenagem,
tratamento, valorização ou eliminação por entidades ou em instalações não
autorizadas;
a descarga de resíduos, salvo em locais e nos termos determinados por autorização
prévia; as operações de gestão de resíduos em desrespeito das regras legais ou das normas
técnicas imperativas aprovadas nos termos da lei; a incineração de resíduos no mar e a sua injecção no solo.
Autorização prévia
As operações de armazenagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos estão
sujeitas a autorização prévia excepto quanto à armazenagem de resíduos industriais efectuada
no próprio local de produção.
Registo de resíduos
Quem efectue qualquer operação de gestão de resíduos deve, obrigatoriamente, possuir um
registo actualizado do qual conste:
a) a quantidade e tipo de resíduos recolhidos, armazenados, transportados,
tratados, valorizados ou eliminados;
b) a origem e destino dos resíduos;
c) a identificação da operação efectuada.
Os destinatários desta obrigação têm o dever de guardar o registo durante os cinco anos
subsequentes à respectiva actualização e de o disponibilizar a solicitação das entidades
competentes para a fiscalização do cumprimento do disposto no presente diploma.
47 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Envio de registo
Os produtores de resíduos, salvo os gerados em resultado das operações a seguir referidas,
têm o dever de enviar anualmente às autoridades competentes um registo dos resíduos que
produzam.
Os operadores que exerçam actividade de armazenagem em local diferente do local de
produção, tratamento, valorização ou eliminação de resíduos devem enviar anualmente às
autoridades competentes um registo dos resíduos armazenados, tratados, valorizados ou
eliminados, bem como das operações que efectuem.
Contra-ordenações
O incumprimento do dever de assegurar um destino final adequado para os resíduos, pelo
respectivo responsável, constituem contra-ordenação punível com coimas que poderão ir até
750.000$00 no caso de pessoas singulares, e até 9.000.000$00, no caso de pessoas
colectivas.
48 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
13.REDUÇÃO, REUTILIZAÇÃO E RECICLAGEM
OS CONCEITOS
A gestão dos resíduos sólidos urbanos tornou-se uma tarefa difícil
para as entidades competentes (câmaras municipais). Contudo, a
resposta mais eficaz ao problema passa pela colaboração dos
cidadãos e dos agentes económicos. A política dos 3R´s
corresponde assim a um conjunto de princípios de orientação da
gestão dos RSU.
Reduzir
A redução é a primeira forma de minorar o problema da gestão dos resíduos e consiste em
diminuir a produção:
As indústrias podem através do design, da utilização de novos materiais ou da adopção
de tecnologias mais limpas, fabricar embalagens com menos peso, menor gasto de
energia e recursos naturais - a empresa faz valer o produto por si e não pela
embalagem que o contém.
Os consumidores também podem contribuir para a redução do peso e do volume das
embalagens ao optar por produtos com pouca embalagem ou embalagem reutilizável.
Devem evitar os consumos desnecessários que geram desperdício e rejeitar os
excessos de embalagem exprimindo a sua opinião junto das entidades responsáveis.
A redução é particularmente importante no caso dos resíduos sólidos especiais (resíduos
tóxicos perigosos), como são exemplo: medicamentos, baterias de automóveis, derivados do
mercúrio (pilhas e tubos fluorescentes), seringas usadas, sprays aerossóis,etc.
Reutilizar
A reutilização consiste em utilizar um produto mais de uma vez para o mesmo fim ou para
outro, conforme a nossa imaginação (ex:garrafas de vidro com tara). Existem materiais que são
feitos para serem usados várias vezes, em vez de serem deitados fora após a primeira
utilização. A opção por materiais reutilizáveis diminui a curto prazo a quantidade de resíduos
domésticos por eliminar, visto que, só após um certo número de utilizações serem
considerados resíduos.
Por exemplo, alguns produtos tem embalagens reutilizáveis, enquanto outros são vendidos em
"recargas", que permitem usar a embalagem de origem várias vezes. A reutilização de
materiais para fins diferentes daqueles para que foram concebidos depende de nós (ex: usar as
caixas de bolachas para armazenar objectos pequenos ou outros alimentos ,etc.)
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GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Reciclar
Reciclar é uma forma de valorizar um material que já foi utilizado, transformando-o em matéria
útil. Consiste em recolher e transformar, através de um dado processo, um resíduo, podendo
este ser novamente reutilizado, quer para o mesmo fim ou para outro qualquer (ex: reciclagem
do vidro para vidro, de uma garrafa de plástico para um novo brinquedo, etc.)
Este método permite diminuir a quantidade de resíduos, poupando recursos naturais e
energéticos. Para que os materiais possam ser reciclados (tanto a nível individual como
industrial), é necessário que não se misturem outros materiais de modo a não comprometer o
processo de reciclagem. É de realçar que os resíduos podem ser uma fonte de matéria prima
prestes a ser valorizada. Este processo está cada vez mais difundido, principalmente devido à
sua viabilidade económica.
COMO TRATAR OS RESÍDUOS
Quando se trata um problema de controlo de resíduos é necessário que essa abordagem siga
uma hierarquia:
i) Em primeiro lugar é necessário verificar se não será possível evitar a produção
do resíduo, por exemplo utilizando produtos fabricados de forma diferente, ou
prolongando o tempo de vida útil do produto.
ii) Em segundo lugar é necessário verificar se não é possível encontrar uma nova
serventia para esse produto, em que grande parte das suas propriedades ainda
possam ser rentabilizadas, caso por exemplo de um pneu que seja
recauchutado; grande parte dos materiais usados para o seu fabrico e toda a
tecnologia vão ser aproveitados, apenas se acrescentando a borracha gasta
durante o seu primeiro ciclo de vida.
iii) Finalmente quando não é possível aproveitar grande parte do valor do produto
podemos tentar a terceira alternativa, ou seja aproveitar a matéria prima que o
constitui, em alguns casos para fabricar produtos idênticos, como no caso do
usos de sucatas de aço para produzir perfis e chapas com características
similares ao do produto original. Neste caso estamos perante uma operação que
actualmente se denomina reciclagem.
Os três princípios constituem a conhecida sigla dos 3 Rs: REDUZIR, REUTILIZAR E RECICLAR.
Dada a grande perda de trabalho e tecnologia incorporada na maioria dos produtos quando
passamos da segunda para a terceira opção, importa aqui questionar-nos se os esforços
necessários à implementação das duas primeiras hipóteses estão ser encarados de forma igual
à actualmente dedicada à reciclagem. Só partindo desta análise será correcto que esta avaliar
a produção e tratamento dos resíduos , uma vez que a grande quantidade de resíduos actuais
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GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
é o resultado de um processo de industrialização, sendo portanto a produção industrial a causa
primeira de aparecimento de Resíduos Sólidos.
O uso das melhores tecnologias actualmente disponíveis em condições economicamente
aceitáveis, permite fabricar produtos com elevada longevidade. Não corresponde portanto ao
avanço tecnológico o slogan implícito da nossa sociedade: "deite fora e compre novo".
Em relação à sigla dos 3Rs, só para o terceiro R existem políticas concretas, planos e
incentivos. Para a implementação do princípio da redução e para o da reutilização pouco mais
se tem feito do que uma vaga campanha moral, com efeitos muito reduzidos.
Por exemplo a criação de incentivos para o aparecimento de veículos de construção modular,
sem alterações estéticas num período pré-definido, acompanhada de um incentivo a uma
verdadeira indústria de reacondicionamento como existe para a aviação e para a reparação
naval, seria uma boa oportunidade de efectivamente reduzir a produção de resíduos, baixar
drasticamente o consumo de matérias primas e outros recursos não renováveis, conseguindo
criar novas actividades económicas bem mais compatíveis com o desenvolvimento sustentado
do que a actual espiral da produção intensiva.
Enquanto tal não acontece teremos de continuar na parte mais baixa da hierarquia dos 3Rs,
continuando a tentar a reciclagem como forma de minimizar os problemas referidos.
Os vocábulos reciclar e reciclagem, ou os correspondentes em francês e inglês, são palavras
bastante recentes. Todavia o aproveitamento de materiais usados deve ser quase tão antigo
quanto a humanidade. O termo corresponde obviamente ao desenvolvimento de uma
actividade industrial nova, que se distingue do processo de aproveitamento tradicional de
objectos ou materiais usados.
51 Henrique Barros
GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
Quando encontramos num pacote de plástico de iogurte o símbolo com as setas apontando
para um percurso circular, sugerindo um regresso ao princípio, imaginamos que os materiais
que constituem a embalagem podem ser reaproveitados para fazer uma nova embalagem,
idêntica à anterior. Contudo, para isso seria necessário
Em primeiro lugar que o consumidor colocasse essa embalagem num recipiente
de recolha reservado aos plásticos;
Em segundo lugar seria necessário que a empresa de reciclagem separasse este
tipo de embalagem de outras, por exemplo das garrafas de refrigerantes: existem
cinco tipos principais de termoplásticos que têm de ser separados para permitir
uma reciclagem em boas condições técnicas.
Em terceiro lugar seria necessário remover toda a sujidade.
Apesar destes cuidados, o polímero reprocessado não serviria para fazer uma embalagem
idêntica, mas sim para produzir um objecto com menores exigências, por exemplo um vaso ou
um cabide. O facto do plástico reciclado não servir para fazer uma nova embalagem idêntica à
anterior, significa que novas matérias-primas obtidas a partir do petróleo, ou seja polímero
novo, vão ser gastas para alimentar esta indústria de produção crescente.
Em Portugal, em 1980, os resíduos de embalagens de vidro, papel, cartão e plásticos
representavam cerca de 20% do conteúdo dos resíduos urbanos. No início da década de 90 os
mesmos materiais representavam já cerca de 45% do resíduo doméstico (SPV, 2000). Este
crescimento enorme verifica-se também noutros países, nomeadamente nos EUA. O aumento
da produção de resíduos cresceu igualmente para outros tipos de materiais.
Portugal produz actualmente 3,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos e as
estimativas apontam para um acréscimo de 1,15 milhões de toneladas na próxima década.
Destes resíduos 628 mil toneladas correspondem a embalagens não recuperáveis declaradas à
Sociedade Ponto Verde. Apenas 3,1% das embalagens plásticas foram recicladas em
Portugal, em 1998.
Embora Portugal esteja ainda muito longe de outros países, onde a actividade de reciclagem se
desenvolveu há muito tempo, a verdade é que mesmo com grandes progressos, (por exemplo
se atingíssemos resultados dez vezes superiores aos actuais), dificilmente conseguiremos,
ultrapassar os 40% dos EUA. Significa isto que mais de 360 mil toneladas de matérias primas
vão ser perdidas anualmente, e que as restantes só serão realmente aplicadas para fazer
novos produtos, idênticos aos originais, no caso dos metais e do vidro.
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GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
A actividade de reciclagem, embora útil, não resolve portanto o problema da nossa sociedade
de consumo: muitos dos materiais reciclados não substituem as matérias primas virgens
necessárias ao fabrico de novos produtos, nem mesmo das simples embalagens descartáveis,
que exigem um elevado nível de qualidade das matérias primas. Contudo, as campanhas de
reciclagem têm tido um papel pedagógico atraindo a atenção das populações para o assunto.
Ao apelar à triagem dos resíduos deu-se um primeiro passo para iniciar um processo de
consciencialização da sociedade, que tem de ser continuado subindo na hierarquia prevista
pela legislação comunitária.
A análise do que se passa nos EUA onde as politicas de reciclagem se encontram muito
avançadas permite constatar que a evolução do consumo é superior aos ganhos conseguidos
pelo avanço da reciclagem, conforme se pode inferir da observação dos dois gráficos
seguintes. Isto significa que todos os anos é necessário utilizar matérias primas virgens em
quantidades crescentes.
REDUZIR OS RESÍDUOS NA ORIGEM
A lógica do mercado consumista, promotora de novos consumos, tem recorrido à publicidade
para incentivar a criação de novos hábitos e valores
O recurso a conceitos que apenas servem uma lógica de expansão de mercado, é uma das
causas para o contínuo crescimento do consumo e de uma verdadeira inversão da política dos
3Rs: diminui-se o tempo de vida útil dos produtos promovendo a sua substituição precoce, e
simultaneamente apresenta-se a reciclagem como a forma amigável de recuperar o déficit
ambiental gerado pela onda consumista.
Combater a publicidade que conduz à espiral do consumo é uma das formas de evitar a
delapidação de recursos e diminuir os subprodutos industriais, que vão destruindo o nosso
equilíbrio ecológico.
Os benefícios da reciclagem só podem verdadeiramente ter efeitos práticos se ao mesmo
tempo se travar a actual tendência de diminuição da vida útil dos produtos e se encontrar uma
forma industrializada de os podermos reutilizar.
Impõe-se que os Estados dêem alguns passos para inverter a actual situação, agindo de forma
pioneira, como já foram capazes de o fazer quando incentivaram a substituição dos CFC, numa
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GESTÃO AMBIENTAL – RESÍDUOS SÓLIDOS
altura em que a indústria dizia não haver tecnologia para o fazer, ou promovendo motores de
combustão mais limpa, substituindo a gasolina com chumbo.
Sem empresas de recauchutagem a reutilização dos pneus não passaria duma utopia. Sem
empresas de recondicionamento e campanhas incentivando a substituição dos objectos que "já
passaram de moda", a política dos 3 Rs reduz-se ao actual "r", o mais pequeno.
É imperioso subir na hierarquia de prioridades e reduzir a produção de resíduos, incentivando
politicamente a reutilização e o recondicionamento dos produtos de forma eficiente, e não com
os actuais processos artesanais.
Impõem-se uma política de incentivo à criação de bens duradouros, nomeadamente pelo
emprego das melhores tecnologias na concepção de produtos em que seja possível a
substituição fácil das partes constituintes gastas ou danificadas, em alternativa a duvidosas
soluções do tipo destruição/reciclagem.
Só com indústrias de recondicionamento será possível inverter o ritmo crescente da
delapidação de recursos, e atingir um desenvolvimento sustentado.
Transferir para os resíduos, (os produtos últimos da cadeia do consumo), os problemas que
têm de ser atacados na sua origem, traduz-se na prática numa operação de diversão, em que
todos estamos a ser prejudicados.
Resolver os problemas dos resíduos industriais, encontrando uma forma de tratamento
adequada, é apenas uma pequena parte dum problema mais grave: o de estarmos a seguir
cegamente a lógica da sociedade industrial, sem conseguirmos impor uma inversão do
processo de delapidação acelerada dos recursos do planeta, e simultaneamente desequilibrar
todo o seu frágil ecossistema.
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