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  • O DESENVOLVIMENTO TECNOLGICO COMO FATOR CRTICO DE SUCESSO

    NA FORMAO DE ESTRUTURAS POLICNTRICAS: A INCIDNCIA DESSA PERSPECTIVA NAS UNIDADES DE REDES GESTORAS DE POLTICAS

    PBLICAS.

    Jos Pereira MASCARENHAS BISNETO1 Rodrigo Jos Lima ALMEIDA2

    RESUMO: Este artigo realiza uma discusso terica sobre o emprego de estruturas policntricas na gesto pblica, tendo em vista a perspectiva de desenvolvimento tecnolgico na formao de redes de polticas pblicas. Considera-se que os modelos de gesto so a base para a transformao e/ou manuteno de uma determinada organizao; desse modo, procura-se, neste trabalho, apontar as principais ideias que norteiam essa concepo e como o processo de gesto em estruturas policntricas associa-se ao desenvolvimento tecnolgico, gesto de redes e formao de polticas pblicas capazes de atender aos anseios sociais. A metodologia utilizada reporta-se a uma reviso bibliogrfica atravs da constatao e comparao de artigos de revistas cientficas, textos e livros sobre a temtica. A pesquisa norteia-se pela anlise descritiva, incluindo, como alternativa de compreenso, estudos de situaes cotidianas, divulgadas em documento sobre o tema.

    PALAVRAS-CHAVE: Redes. Desenvolvimento tecnolgico. Polticas pblicas.

    Introduo

    Com o advento da globalizao3, aumentaram as necessidades das organizaes se

    modernizarem. Decorrncia disso o fenmeno da concorrncia, que est frequentemente nos

    mais diversos ambientes sociais. Uma ferramenta que emergiu nesse ambiente e que vem se

    solidificando em uma alternativa vivel para a competitividade, a formao de estruturas

    policntricas ou em redes. Esses arcabouos organizacionais envolvem distintos atores,

    ndulos e organizaes que, vinculadas entre si, estabelecem objetivos comuns, buscando

    manterem-se slidas no mercado.

    1 UFRB - Universidade Federal do Recncavo da Bahia. Centro de Artes, Humanidades e Letras. Cachoeira BA Brasil. 44300 - 000 - [email protected] 2 Mestrando em Gesto de Polticas Pblicas e Segurana Social. UFRB - Universidade Federal do Recncavo da Bahia Ps-Graduao em Gesto de Polticas Pblicas e Segurana Social. Cachoeira BA Brasil. 44300 000 - [email protected] 3 [...] processos que promovem a interconexo internacional [...] aumentando os fluxos de comrcio, investimento e comunicao entre as naes. (HIRST; THOMPSOM, 2002, p.247). [...] um processo (ou uma gama de processos) que incorporam uma transformao na organizao espacial das relaes sociais e das transaes. (HELD et al., 1999, p.16).

  • Esse novo mecanismo de gesto cristaliza-se por atingir diferentes segmentos

    gerenciais, na medida em que conseguem estruturar-se de forma a compor redes de natureza

    gerencial, poltica, de movimentos sociais, de polticas pblicas, dentre outros. A proliferao

    desse organismo interfere em diversos segmentos que incidem no papel gerencial das

    organizaes, uma vez que as formaes dessas estruturas impactam no processo de

    desenvolvimento tecnolgico, na inovao e na gesto das organizaes.

    Relacionada com os diversos paradigmas de gesto existentes, o uso das linhas

    gerencias, sob a perspectiva da formao de unidades de redes organizacionais, transcendem a

    um novo vis para a administrao pblica, de modo que essa utilizao possibilita uma

    reestruturao das atividades pblicas, sobretudo dos servios pblicos, configurando-se, em

    tese, em um novo paradigma da administrao pblica.

    O modelo de gesto de polticas pblicas subjaz de diversas metodologias e tcnicas

    alinhadas que caminhem para a transformao do cenrio existente, uma vez que as distintas

    aes realizadas mostram uma ausncia significativa de eficincia, eficcia e efetividade por

    parte do governo na administrao das polticas pblicas. A mudana do direcionamento da

    administrao pblica, em relao ao aspecto da formao de polticas pblicas, perpassa o

    emprego de novas ferramentas de gesto e desenvolvimento tecnolgico, alternativa possvel

    com a estruturao em redes.

    Conceituando estruturas policntricas

    Muitas so as ferramentas adotadas por uma organizao durante o processo de sua

    gesto e as metodologias empregadas visam, sobretudo, alcanar um funcionamento que

    permita a sustentabilidade organizacional. A competio, fortalecida pela globalizao,

    desenvolvimento tecnolgico e diversidade cultural dos povos, imbuiu as organizaes de

    proverem constantemente novos mtodos e solues para problemas destinados a sua

    administrao. Essa nova filosofia de atuao, em que a competitividade argi as instituies

    a inovarem-se nas mais distintas concepes, colaborou para a formao de estruturas

    centradas em redes.

    A concepo de estruturas em redes apresentada por Castells (2005, p.225), como

    sendo [...] componentes fundamentais das organizaes [...] capazes de formar-se e expandir-

    se por todas as avenidas e becos da economia global porque contam com o poder da

    informao propiciado pelo novo paradigma tecnolgico. Segundo Goldsmith e Eggers

  • (2006), a inteno de um governo atuar em rede permite uma elevao na amplitude de aes,

    como tambm uma diminuio da dependncia de servidores pblicos em papis tradicionais.

    A configurao de um paradigma em que predomina a associao de diversas

    organizaes, destinada satisfao de objetivos comuns, algo presente na

    contemporaneidade e defendida por diversos pensadores. Para Fleury e Ouverney (2007) a

    etapa que amplia as redes na administrao pblica brasileira tem como marco inicial o ano de

    1990; todavia, a literatura internacional j mencionava alguns estudos sobre o emprego da

    gesto em rede pelo Estado, anterior a esse perodo.

    Para distintos autores, o desenvolvimento tecnolgico fator crtico de sucesso no

    processo de formao de estruturas policntricas. Segundo Jacobi (2000), as redes de gesto

    inserem-se numa lgica que demanda articulaes e solidariedade entre pessoas/organizaes,

    reduo de conflitos e atritos, definio de objetivos comuns e articulao de demandas por

    meio de modernas tecnologias para disseminar seus posicionamentos.

    O relacionamento entre desenvolvimento tecnolgico e estruturas policntricas algo

    indissocivel, sendo, portanto, um elemento essencial na formao de modelos de gesto. Para

    Marando e Florestano (1990), a ideia de gesto intergovernamental, na perspectiva de

    estruturas em rede, entendida como um tpico emergente de juno de disciplinas da

    poltica e da administrao. Em Brasil (2007, p.17), as Redes so entendidas como:

    Iniciativas voltadas para o desenvolvimento da cultura associativa e participativa muitas vezes j existente na comunidade, embora nem sempre percebida. Seu maior desafio fortalecer a capacidade de relacionamento do ser humano com seus semelhantes [...] o trabalho em Rede constitui um poderoso recurso, capaz de gerar resultados positivos em resposta aos esforos empreendidos pelos diversos protagonistas envolvidos nas etapas do processo de regionalizao.

    Do ponto de vista epistemolgico h uma convergncia para a definio do termo

    estruturas policntricas. Em geral, o termo entendido como:

    Um sistema aberto altamente dinmico suscetvel de inovao sem ameaas ao seu equilbrio. Redes so instrumentos apropriados para a economia capitalista baseada na inovao, globalizao e concentrao descentralizada; para o trabalho, trabalhadores e empresas voltadas para a flexibilidade e a adaptabilidade; para uma cultura de desconstruo e reconstruo contnuas; para uma poltica destinada ao processamento instantneo de novos valores e humores pblicos; e para uma organizao social que vise suplantao do espao e a invalidao do tempo. (CASTELLS, 1999, p.497).

  • Para Storper e Harrison (1991), as organizaes em rede configuram-se em: Redes

    Simtricas ou Flexveis, Levemente Assimtricas em Coordenao, Redes Assimtricas com

    Empresa Lder e Hierrquicas. E essas so conceituadas da seguinte maneira:

    Redes Simtricas ou Flexveis: igualitrias na relao entre os integrantes, sem qualquer espcie de hierarquia entre eles.

    Redes Levemente Assimtricas com Coordenao: apresentam leve grau de hierarquia devido relativa influncia da empresa coordenadora, porm limitada e no

    determinante da sobrevivncia das empresas participantes do sistema.

    Redes Assimtricas com Empresa Lder: apresentam forte assimetria hierrquica entre a empresa lder e os integrantes, cuja sobrevivncia condiciona-se estratgia da lder.

    Redes Hierrquicas: estruturadas por meio da plena formalidade entre a empresa lder e as demais integrantes.

    Apesar da existncia de variedade em definies, as estruturas em rede ou

    policntricas explicada sucintamente em Brasil (2007) que considera as estruturas

    policntricas como um modo de organizao, com a caracterstica de ser autnomo e que de

    forma horizontal cooperam entre si. Todavia, o desenvolvimento tecnolgico um elemento

    indispensvel no processo de cooperao.

    O desenvolvimento tecnolgico e a configurao das redes

    O surgimento de uma nova tcnica de gesto permite a consumao de algumas

    interpretaes, sejam positivas e/ou negativas. Trabalhar a perspectiva de rede ou de forma

    policntrica o que existe de mais emergente na administrao pblica. Nesse contexto,

    alguns autores configuraram o estabelecimento dessas redes, objetivando apresentar uma

    concepo identificvel, clara e de fcil entendimento.

    A forma das estruturas policntricas, sejam estas simtricas, assimtricas ou definidas

    com outro formato, tiveram sua proliferao a partir do desenvolvimento tecnolgico. A

    transformao das tcnicas perpassa pelo processo de inovao, sendo esta uma ferramenta

    inerente ao desenvolvimento de novas tecnologias. Segundo Freeman (1995), a inovao um

    processo interativo em que a organizao adquire conhecimentos a partir de sua prpria

    experincia nas etapas de desenho, desenvolvimento, produo e comercializao, como

  • tambm est em processo permanente de aprendizagem em funo de suas relaes com

    diversas fontes externas como fornecedores, clientes, concorrentes, consultores, universidades

    e centros de pesquisa.

    A inovao como parte integrante do desenvolvimento das tecnologias permitiu a

    elaborao de diversas ferramentas que interconectaram os povos de modo instantneo e

    preciso. Damanpour (1991) sustenta a ideia de inovao tecnolgica como aquela relativa aos

    produtos, servios e tecnologia dos processos de produo, sendo relacionada com

    atividades bsicas do trabalho. Nesse sentido, a processo de inovao emergiu como o pilar de

    sustentao para diversas ferramentas, inclusive a gesto em redes. Para Lopes e Judice

    (2010), a crescente utilizao da tecnologia possibilitou a interao entre diversos grupos,

    aumentando o processo de formao para a colaborao entre parceiros.

    Um dos principais aspectos na formao e manuteno de organizaes em rede a

    comunicao entre os distintos ns que a compem. Essa conectividade s possvel graas

    aos mecanismos tecnolgicos existentes. Matheus e Silva (2006) informam que os integrantes

    de uma rede de cooperao estabelecem laos de conexo entre si, responsveis pela forma e

    configurao da rede; alm disso, esses laos estabelecidos so fundamentais ao fluxo do

    conhecimento e aprendizado ao longo da rede de cooperao.

    Para Castells (1999), as estruturas policntricas possuem formao aberta capaz de

    expandir de forma ilimitada, integrando novos ns desde que consigam comunicar-se dentro

    da rede, ou seja, compartilhem os mesmos cdigos de comunicao. Observa-se que a relao

    existente entre os diversos segmentos de uma estrutura policntrica deve-se a interligao

    existente entre pontos, estes dependentes das ferramentas tecnolgicas.

    O emprego dessa metodologia de gesto decorre, consubstancialmente, do processo

    proveniente do desenvolvimento tecnolgico. Segundo Furtado (2003), a tecnologia

    incorporada nos bens de capital se relacionava com uma pequena parcela da sociedade que

    detinha a possibilidade de usufruir da modernidade, formando um cenrio de heterogeneidade

    tecnolgica.

    Atravs da globalizao, as fronteiras mercadolgicas se expandiram rapidamente,

    permitindo que o desenvolvimento tecnolgico ganhasse perspectivas a longo alcance. Para

    Del Claro (2009), a transformao tecnolgica permitiu o surgimento de novas melhorias

    econmicas sociedade. O desenvolvimento tecnolgico trouxe tona a internet, acompanhada de um avano dos sistemas informatizados onde se criou um mercado global, que

  • realiza atividades econmicas virtualmente. Essas atividades econmicas englobam desde pagamentos efetuados pela internet at da comercializao de produtos entre seus usufruturios, variando de simples usurios a grandes negociadores. (DEL CLARO, 2009, p.2).

    Como o crescimento tecnolgico popularizou-se dinamicamente, atingindo todos os

    mercados econmicos, as organizaes tiveram que se adequar a novas prticas exigidas pela

    sociedade. Nessa perspectiva, a administrao pblica foi condicionada a estabelecer novas

    estratgias de gesto que permitissem uma nova dinmica gerencial, cuja linha de base

    formada pela aplicao de um mtodo de redes de gesto, embasada nas ferramentas

    provenientes do desenvolvimento tecnolgico.

    A associao entre a implantao de uma metodologia estratgica de organizao em

    rede e o desenvolvimento das tecnologias so resultantes de uma dinmica social,

    demandadas pelos diversos segmentos da sociedade que, no af das necessidades e escassez

    de recursos, requerem das instituies aes mais volteis, dinmicas e eficazes.

    Fundamentais em um momento de escassez de recursos, estas tcnicas oramentrias deram

    impulso implementao das outras reformas administrativas. (CAIDEN, 1991, p.85). Com

    base nessa dinmica social, Abrcio (1997) contemporiza sua percepo sobre essa

    transformao requisitada administrao pblica, afirmando que:

    Diante da atual realidade do Estado contemporneo, pressionado pela globalizao e pelas mudanas tecnolgicas, com menos poder e recursos, de fato a eficincia adaptativa um valor mais importante para a administrao pblica, capaz de dot-la da flexibilidade necessria para responder melhor s demandas internas e externas. (ABRCIO, 1997, p.18).

    Na viso de Abrcio (1997, p.22) [...] a descentralizao, no entanto, no basta para

    aumentar o poder do consumidor. preciso que haja opes caso determinado equipamento

    social no esteja funcionando a contento. Nessa perspectiva que surge metodologia das

    redes policntricas, sendo, portanto, uma ferramenta que utiliza do desenvolvimento

    promovido pelas tecnologias para aplicar uma nova forma de gesto, capaz de permitir a

    eficincia, eficcia e efetividade na formulao das polticas pblicas.

    Redes gestoras de polticas pblicas

    A administrao pblica brasileira fundamenta-se na configurao de alguns cenrios,

    vistos como paradigmas. Desde a concepo do modelo patrimonialista at a ideologia

  • gerencial, presente na modernidade, diversas aes foram criadas visando efetividade das

    polticas pblicas. Obviamente que o avano na ltima dcada foi substancial, j que a era

    patrimonial e burocrtica da gesto pblica no deixou sinais valorativos de efetividade para a

    sociedade. Na lgica patrimonialista [...] todos os cargos de governo que constituem suas

    estruturas administrativas esto sob o domnio pessoal (comunidade domstica) de um

    soberano. (JUNQUILHO, 2010, p.47). J a percepo burocrtica [...] compara-se s outras

    organizaes exatamente da mesma forma pela qual a mquina se compara aos modos no

    mecnicos de produo. (WEBER, 1982, p.249). Nesse aspecto, a Administrao Gerencial

    caracterizada por ser um contraponto entre essas duas acepes, patrimonial e burocrtica,

    idealizada e consumada.

    Segundo Jos Murilo Carvalho (2004), a estrutura da sociedade brasileira 1500-1930,

    possua, como aspecto principal, uma hierarquia bastante definida e simples e em cuja parte

    elevada da pirmide estavam os grandes proprietrios rurais e os grandes comerciantes das

    cidades do litoral; ao centro localizavam-se os pequenos proprietrios rurais e urbanos,

    mineradores, comerciantes, alm de funcionrios pblicos; logo abaixo ficavam os artesos,

    capangas, agregados e povos indgenas e na base mourejavam os escravos. Iglsias (1989)

    acrescenta que havia poucas possibilidades de grupos mdios com especializao em servios,

    manufaturas e comrcio, j que a sociedade convencionalmente formava-se pela relao de

    senhores e escravos. Aps o ano de 1930, j na era burocrtica, a gesto pblica evolua, mas

    surgiam outros percalos. Para Secchi (2009), o axioma fundamental do paradigma

    burocrtico est no seu aspecto formal, impessoal e profissional, fatores estes que

    possibilitaram a supremacia sobre a tcnica patrimonial de gesto.

    A transformao do paradigma burocrtico para o gerencial introduziu diversas

    modificaes na gesto pblica do pas. Atrelado s necessidades sociais e ao

    desenvolvimento tecnolgico, a administrao pblica viu-se inserida no contexto de

    realizao e fomentao de polticas pblicas que requeriam maior rapidez e abrangncia.

    Nessa perspectiva, Rhodes (1986), informa que a implantao da estrutura policntrica um

    elemento-chave do processo poltico, pois os objetivos iniciais podem ser substancialmente

    transformados quando levados prtica. Avanando nesse sentido, pode-se propor um novo

    arcabouo para a articulao entre o Estado e suas ferramentas de gesto. Esquematicamente,

    como representado na Figura 1, a engrenagem da nova administrao pblica perpassa pela

    interconexo entre o paradigma de gesto Gerencial e as Estruturas Policntricas.

  • Figura 1 - Nova engrenagem da Administrao Pblica

    Fonte: Adaptao de Rhodes (1986).

    Migueletto (2001) corrobora que as redes so caracterizadas pela condio de

    autonomia das organizaes e pelas relaes de interdependncia que estabelecem entre si,

    sendo um espao no qual se produz uma viso compartilhada da realidade, articulada por

    diferentes tipos de recursos que conduzem aes de forma cooperada. Dessa forma, possvel

    identificar o grau de importncia das redes tendo como parmetro o papel das organizaes

    pblicas; isso porque o uso de um modelo de gesto caracterizado pela associao de diversos

    rgos pblicos, sobretudo daqueles destinados aplicao das polticas pblicas, permite

    uma maior abrangncia e efetividade na formao destas polticas. Se o mundo tornou-se global isto , mundializou-se categoricamente e viu suas reas especficas integrarem-se sempre mais, no temos como apreend-lo sem trat-lo como um complexo, um todo que tecido junto. Precisamos de uma perspectiva que integre, organize e totalize. (NOGUEIRA, 2004, p.37).

    A nova gesto pblica4 protagonizou-se em se transformar, no apenas pela evoluo

    dos tempos, mas, sobretudo, pelas mudanas sociais, polticas, econmicas e culturais.

    4A Nova Administrao Pblica prevalece [...] valores vinculados qualidade, eficincia e eficcia dos servios pblicos e busca pelo estabelecimento de uma cultura gerencial em distino cultura burocrtica nas organizaes pblicas. (JUNQUILHO, 2010, p.141).

  • Diversas so as organizaes que propem a realizao de polticas voltadas ao pblico;

    entretanto, na esfera pblica, devido volatilidade da modernizao, h a necessidade de

    adequao a contemporaneidade.

    O desenvolvimento tecnolgico, as estruturas policntricas e as redes de gesto

    A maturao de atividades relacionadas ao desenvolvimento tecnolgico decorre de

    uma estreita relao entre cincia e tecnologia. Marlia Gomes Carvalho (1997) informa que,

    a partir da revoluo industrial, os conhecimentos tecnolgicos e a estrutura social foram

    modificados de forma acelerada. A ideia defendida por Miranda (2002) associa a relao

    existente entre tecnologia e cincia, de modo que a tecnologia fruto da aliana entre cincia

    e tcnica, a qual produziu a razo instrumental. Nessa perspectiva, produzir ou idealizar o

    desenvolvimento tecnolgico subjaz experimentar, reinventar e testar tcnicas ou

    procedimentos j existentes.

    Assim como compreender a derivao do desenvolvimento tecnolgico requer o

    entendimento de outras nomenclaturas, a terminologia estruturas policntricas remete a

    opinies de alguns conceitos para o seu adequado entendimento. Segundo Mandell (1990),

    algumas variveis so necessrias para ajudar a anlise dos tipos de redes. De acordo com o

    referido autor, fatores como compatibilidade dos membros, ambiente em que se d a

    mobilizao de recursos e ambiente social e poltico em que opera so exigncias que a

    utilizao desse mecanismo requer para melhor anlise e compreenso.

    Para Britto (2002), o exame morfolgico das redes deve ser feito com base em quatro

    indicadores, definidos como:

    Ns: podem ser descritos como um conjunto de agentes, objetos ou eventos presentes na rede em questo. Existem duas perspectivas para o estabelecimento dos ns da

    rede: a primeira tem as empresas como unidade bsica de anlise e a segunda

    considera as atividades como os pontos focais do arranjo.

    Posies: definem as localizaes das empresas ou atividades (os ns) no interior da estrutura. A posio est diretamente associada diviso do trabalho dos diferentes

    agentes.

  • Ligaes: determinam o grau de difuso ou densidade dos atores de uma rede. Britto (2002), destaca que nas redes de empresas necessrio um detalhamento dos

    relacionamentos organizacionais, produtivos e tecnolgicos entre os membros da rede.

    Fluxos: podem ser classificados em tangveis (insumos e produtos) e intangveis (informaes).

    Essa subdiviso representa uma esquematizao da composio principal das

    estruturas policntricas e a derivao desses fatores, sendo possvel associar a percepo da

    estrutura formal de uma rede e o direcionamento com o arcabouo necessrio na

    fundamentao da gesto de polticas pblicas. Caminhando nessa vertente, constata-se que

    os indicadores do processo morfolgico de formao das redes possuem interao com alguns

    elementos que so essenciais no processo de gesto de uma organizao, a saber: articulao

    entre ns, empresas e atividades (ver Figura 2). Nesse vis, as associaes desempenhadas

    pelas partes envolvidas na construo das ramificaes so pacotes indispensveis na etapa de

    modernizao da administrao pblica.

    Figura 2 Elementos morfolgicos das redes

    Fonte: Britto (2002).

    Atualmente, o cenrio mercadolgico requer dos entes pblicos aes cada vez mais

    eficazes. O emprego de um novo modelo de gesto visa contemplao de alternativas para o

    aumento da efetividade nas aes desempenhadas pelos organismos pblicos, de modo a

    produzir, eficientemente, polticas pblicas que amparem os anseios sociais.

    Considerando a necessidade do atendimento as demandas eminentes e emergentes, a

    gesto pblica detm alguns mecanismos capazes de amenizar os apelos da sociedade. Desse

    modo, a estruturao de organismos em estruturas policntricas faz parte do rol de

    ferramentas capazes de melhorar os servios e polticas pblicas produzidas e realizadas pelos

    entes pblicos. Sendo assim, Rodrigues (2003) menciona algumas novas formaes

    provenientes da cooperao entre organizaes (ver Quadro 1).

    NS

    Atividades

    POSIES LIGAES FLUXOS

    Empresas Diviso do Trabalho Bens Informao

  • Quadro 1 Formas de cooperao entre empresas

    Denominao Tipologia Exemplo Caracterstica Principal

    Clusters Aglomerados

    Mrmores de Carrara (Itlia), Vale do Silcio

    (EUA), Calados do Vale dos Sinos RGS

    (Brasil)

    Empresas que cooperam tendo como base a localizao das plantas.

    Organizaes Virtuais

    Redes dinmicas de cooperao

    Projeto IMMPAC Mxico.

    Combinao temporria atravs da telemtica de competncias essenciais de empresas

    independentes que cooperam entre si.

    Incubadora de Empresas

    - Cooperao

    universidade-empresas

    Cooperao inter-institucional com o objetivo de criar um ambiente propcio para o

    nascimento e desenvolvimento de empresas.

    Parques Tecnolgicos

    - Parqtec So Carlos Destina-se a acelerar a transformao do

    resultado de pesquisas em produtos e processos, envolvendo PMEs.

    Fonte: Rodrigues (2003).

    Ainda nessa perspectiva, o Quadro 1 apresenta que a concepo de estruturas

    policntricas adquire novos arranjos de gesto, permitindo a proliferao de seus conceitos e a

    disseminao de novas ideologias sobre a metodologia de gesto pblica com base em redes

    de administrao. Infere-se tambm para a presena de quatro denominaes ligadas ao

    mtodo de estruturas policntricas que fazem parte do processo de surgimento de novas

    tcnicas, sob a tica da inovao, do desenvolvimento tecnolgico e da formao de novas

    estratgias para a administrao pblica: clusters, organizaes virtuais, incubadora de

    empresas e parques tecnolgicos.

    A associao do desenvolvimento tecnolgico como um fator crtico de sucesso na

    formao de estruturas em redes, capaz de prover a transformao da gesto de polticas

    pblicas, j perceptvel nas categorias inerentes esfera pblica. A derivao gerada pelas

    estruturas em rede permite a interconcatenao entre distintos ambientes da sociedade, o que

    possibilita a gesto pblica dinamizar suas aes, garantindo assim maior efetividade no

    desempenho de suas atividades. Malmegrin (2010) apresenta um quadro que demonstra os

    aspectos estratgicos das redes estatais, tendo como parmetro a categoria dos servios

    pblicos (ver Quadro 2).

  • Quadro 2 - Redes estatais: servios pblicos, composio e tipologias.

    Aspectos Estratgicos das redes Estatais

    Tipologia Categorias de Servios Pblicos Organizaes

    Participantes Autonomia Variedade de

    Componentes

    Execuo de

    Atendimento

    Interveno Administrao

    Direta e Autarquias Tuteladas Homogneas Verticais

    Interveno legal

    Regulao Administrao

    Direta e Autarquias Tuteladas Homogneas Verticais

    Fsica Qualquer

    organizao estatal Tuteladas Heterogneas Horizontais

    Cincia e

    Tecnologia

    Qualquer

    organizao estatal Subordinadas Heterogneas Horizontais

    Disponibilizao

    de Infraestrutura

    Fomento

    Financeiro

    Qualquer

    organizao estatal Subordinadas Heterogneas

    Horizontais e

    Verticais

    Sistmico Qualquer

    organizao estatal Tuteladas Heterogneas Horizontais

    Atendimento

    direto No

    Sistmico

    Qualquer

    organizao estatal Autnomas Heterogneas Horizontais

    Fonte: Malmegrin (2010).

    Nos indicadores levantados por Malmegrin (2010), identifica-se, sob a tica

    estratgica, a presena de resultados gerenciais capazes de colaborar com a gesto pblica na

    etapa de tomada de deciso. Conforme preconiza o Quadro 2, as categorias de servios

    pblicos, do ponto de vista estratgico, esto embasadas em trs vertentes: Interveno Legal,

    Disponibilizao de Infraestrutura e Atendimento Direto; todas elas mostram singularidades

    que permitem a administrao pblica vislumbrar as diversas tipologias utilizadas, bem como

    as organizaes que participam do processo. Avanando nesse direcionamento, a gesto

    pblica, de forma estratgica, pode observar, com base nas caractersticas dos servios

    pblicos, as melhores prticas na aplicao dos servios pblicos que utilizam o mecanismo

    de redes de gesto.

    Considerando tambm a compreenso de uma gama de autores, destaca-se a coeso de

    afirmativas direcionadas para a integrao existente entre: Desenvolvimento Tecnolgico,

    Estruturas Policntricas e Redes de Gesto. O quadro apresentado por Malmegrin (2010)

  • aponta para uma tendncia das instituies pblicas de fomentar a prtica por aes com vis

    estratgico, cujo emprego das ferramentas emergidas com o desenvolvimento tecnolgico e a

    prtica da gesto em forma de estruturas policntricas sero inevitavelmente fatores crticos

    para o sucesso da administrao pblica. Destaca-se, portanto, que essa trilogia, associada s

    inmeras transformaes nas organizaes, forma um diferencial competitivo, sendo, desse

    modo, uma estratgia necessria para o atual contexto mercadolgico.

    Consideraes finais

    O emprego de mecanismos que possibilite gesto pblica melhorar seus processos de

    formao de polticas pblicas substancial na atual conjuntura social, dada a grande

    volatilidade das transformaes no contexto econmico, poltico e social. A percepo de que

    devam ser aceitos e adotados novos caminhos estratgicos determina a formao de um

    ambiente pautado na associao direta e/ou indiretamente de entes pblicos e/ou privados, de

    modo que essa cadeia produza elementos capazes de transformar a realidade existente.

    Com base nesse entendimento, o desenvolvimento de novas tecnologias torna-se um

    fator crtico de sucesso para as organizaes pblicas, haja vista a diversidade e abrangncia

    de suas aes. Assim como desenvolver tcnicas e metodologias rpidas e seguras, insere-se a

    necessidade de adotar novas ferramentas de gesto que viabilizem a mudana organizacional

    sob a perspectiva de atingir as demandas sociais com base nos princpios da eficincia,

    eficcia e efetividade.

    Emerge-se, portanto, um grande paralelo na associao entre as tcnicas de

    administrao e o desenvolvimento tecnolgico, j que esto diretamente ligados entre si.

    Diante disso, identifica-se a necessidade de transformar ou reorganizar o paradigma utilizado

    pela Gesto Pblica na formao das polticas pblicas. No h como desenvolver novas

    estratgias sociais, sem a percepo de que a sociedade est fundamentada com base em uma

    estrutura de rede, ou seja, interconectada e que o desenvolvimento tecnolgico pea chave

    nesse processo.

    Por fim, constata-se tambm que o novo modelo organizacional pblico, cuja essncia

    estratgica consiste na formao de estruturas policntricas, o vis que faltava no

    incremento da rotina de formao de polticas pblicas. A utilizao dessa ferramenta,

    associada s prticas do desenvolvimento tecnolgico e inovao, impactar positivamente na

    mudana do cenrio administrativo e social dos rgos pblicos, de modo a possibilit-los

  • melhor efetividade na produo e realizao de seus servios. No entanto, a implantao desse

    paradigma perpassa, dentre outros fatores, pelo processo de transformao cultural dos

    gestores pblicos, o que por si s no algo fcil.

    THE TECHNOLOGICAL DEVELOPMENT AS CRITICAL SUCCESS FACTOR IN THE FORMATION OF STRUCTURES POLYCENTRIC: A PERSPECTIVE OF THEIR IMPACT

    IN UNITS OF NETWORK MANAGEMENT OF PUBLIC POLICY.

    ABSTRACT: This article presents a theoretical discussion about the use of polycentric structures in public administration, in view of the prospect of technological development in the formation of policy networks. It is considered that the management models are the basis for the transformation and / or maintenance of a particular organization, thus demand, in this work, pointing out the main ideas that guide this process as the design and management structures in polycentric associated with technological development, network management and formation of public policies to meet social expectations. The methodology refers to a literature review through observation and comparison of scientific journal articles, texts and books on the subject. The research is guided by the descriptive analysis, including as an alternative understanding, studies of everyday situations, disclosed in a document on the subject. KEYWORD: Networks. Technology development. Public policy.

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