Gerenciamento de Crises (1)

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Curso Gerenciamento de crises Por que é importante conhecer e usar técnicas de Gerenciamento de Crises na atuação policial? Todos nós, profissionais de Segurança Pública, sabemos que nossa função não consiste única e exclusivamente em realizar policiamento ou investigação, evitando ou reprimindo crimes. Cabe aos órgãos de Segurança Pública a Preservação da Ordem, que não pode ser obtida sem que haja tranqüilidade pública. Porém, tranqüilidade exige confiança. Não basta mais aumentar o número de policiais nas ruas para que as pessoas fiquem tranqüilas. É preciso aumentar nas ruas a quantidade de bons policiais. Bons em intenção e em preparo técnico profissional. Para que o policial tenha também a tranqüilidade e a autoconfiança de agir com maior probabilidade de acerto, é preciso que ele tenha à disposição um leque tão amplo quanto possível de alternativas táticas para resolução das ocorrências com as quais irá se deparar. É preciso também que saiba utilizar os recursos disponíveis, por mais simples que pareçam. Como primeiro recurso a ser usado por qualquer policial, na maioria das ocorrências em que se envolverá, é a Mediação de Conflitos, a grande maioria das polícias do Brasil (para não dizer todas) vem se preocupando em criar e treinar grupos táticos e tropas de choque, treinando seus policiais para atuar sempre nas situações mais complexas, o que é muito bom. Também temos tido preocupação em treinar nossos policiais, em geral, no uso de armas de fogo, o que também é muito importante. No entanto, até bem pouco tempo atrás, pouco se treinava e discutia o gerenciamento de crises policiais. Este curso vem justamente para completar esta lacuna no treinamento policial, ou seja, criar condições para que o policial que não é um gerente de

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Breve estudo sendo a base do curso do senasp

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Curso Gerenciamento de crises

Por que importante conhecer e usar tcnicas de Gerenciamento de Crises na atuao policial?Todos ns, profissionais de Segurana Pblica, sabemos que nossa funo no consiste nica e exclusivamente em realizar policiamento ou investigao, evitando ou reprimindo crimes.Cabe aos rgos de Segurana Pblica a Preservao da Ordem, que no pode ser obtida sem que haja tranqilidade pblica. Porm, tranqilidade exige confiana.No basta mais aumentar o nmero de policiais nas ruas para que as pessoas fiquem tranqilas. preciso aumentar nas ruas a quantidade de bons policiais. Bons em inteno e em preparo tcnico profissional.Para que o policial tenha tambm a tranqilidade e a autoconfiana de agir com maior probabilidade de acerto, preciso que ele tenha disposio um leque to amplo quanto possvel de alternativas tticas para resoluo das ocorrncias com as quais ir se deparar. preciso tambm que saiba utilizar os recursos disponveis, por mais simples que paream.Como primeiro recurso a ser usado por qualquer policial, na maioria das ocorrncias em que se envolver, a Mediao de Conflitos, a grande maioria das polcias do Brasil (para no dizer todas) vem se preocupando em criar e treinar grupos tticos e tropas de choque, treinando seus policiais para atuar sempre nas situaes mais complexas, o que muito bom. Tambm temos tido preocupao em treinar nossos policiais, em geral, no uso de armas de fogo, o que tambm muito importante. No entanto, at bem pouco tempo atrs, pouco se treinava e discutia o gerenciamento de crises policiais.Este curso vem justamente para completar esta lacuna no treinamento policial, ou seja, criar condies para que o policial que no um gerente de crises treinado, a fazer uso de conhecimentos bsicos, que possam auxili-lo na primeira resposta em ocorrncias que, mesmo complexas, possam ser solucionadas sem o uso da fora fsica. O policial dotado de tais conhecimentos, oferecendo uma primeira resposta de qualidade, facilitar a atuao do grupo responsvel pela gerncia da crise.Aula 1 - A criseO xito da vida no se mede pelo caminho que voc conquistou, mas sim pelas dificuldades que superou no caminho.Abraham LincolnCrisePodemos falar que a crise, no contexto policial, tambm conhecida como evento crtico (decisivo). Existem muitas definies para crise, porm, em nossa atividade podemos defini-la como:Uma manifestao violenta e inesperada de rompimento do equilbrio, da normalidade, podendo ser observada em qualquer atividade humana (neste caso, abordaremos somente no campo da Segurana Pblica).Pode ser uma tenso ou conflito.Situao grave em que os fatos da vida em sociedade, rompendo modelos tradicionais, perturbam a organizao de alguns ou de todos os grupos integrados na coletividade.Monteiro (1994, p. 5), e De Souza (1995, p. 19), em suas respectivas obras, citam o conceito de crise adotado pela Academia Nacional do FBI (Federal Bureau of Investigation) dos Estados Unidos da Amrica, sendo, ento, definido como:"Um evento ou situao crucial que exige uma resposta especial da Polcia, a fim de assegurar uma soluo aceitvel".Nesse contexto, voc ver alguns exemplos de crises, em que a polcia tem de dar essa resposta especial: Assalto com tomada de refns. Seqestro de pessoas. Rebelio em presdios. Assalto a banco com refns. Ameaa de bombas. Atos terroristas. Seqestro de aeronaves. Captura de fugitivos em zona rural. Outras.Questo para reflexo:Pense em exemplos de modalidades de crises. Escreva-os aqui:Agora, confira se algumas dessas modalidades foram citadas em seus exemplos:Assalto com tomada de refns, seqestro de pessoas, rebelio em presdios, assalto a banco com refns, ameaa de bombas, atos terroristas, seqestro de aeronaves, captura de fugitivos em zona rural e outras, aps anlise do escalo superior.Questo para reflexo:Voc sabe a diferena entre refm tomado e refm seqestrado? Escreva aquiConfira a resposta:O refm tomado aquele que alvo de criminosos, cujo objetivo primeiro no era o ter algum em suas mos. Geralmente ele alvo do criminoso comum, definio que ser feita posteriormente. O refm seqestrado aquele que alvo do crime de seqestro, onde criminosos se prepararam para executar essa modalidade especfica de delito, ou seja, existe um planejamento antecipado.Aula 2 - O Gerenciamento de CrisesGerenciamento de CrisesVoc ver que o gerenciamento de crises tambm pode ser descrito como uma metodologia que se utiliza, muitas vezes, de uma seqncia lgica para resolver problemas que so fundamentados em possibilidades. Devemos observar que o gerenciamento de crises no uma cincia exata, pois cada crise apresenta caractersticas exclusivas, demandando solues particulares, que exigem uma cuidadosa anlise e reflexo.Trata-se de um saber que deve ser utilizado em um tempo restrito e no calculado, pois vidas esto em jogo, diante dos mais diversos problemas sociais, econmicos, polticos e ideolgicos da humanidade.Gerenciamento de CrisesNovamente, fazemos meno a alguns dos primeiros estudiosos do gerenciamento de crises - Monteiro (1994, p. 6), e De Souza (1995, p. 23), - que tambm explicitam em seus trabalhos o conceito de gerenciamento de crise utilizado pela Academia Nacional do FBI dos Estados Unidos da Amrica:"... o processo de identificar, obter e aplicar recursos necessrios antecipao, preveno e resoluo de uma crise". importante voc lembrar que:As ocorrncias que envolvem crises policiais, por suas caractersticas, geram e criam, no cenrio da Segurana Pblica, sempre situaes decisivas, onde o gerente das crises deve estar preparado para ser o administrador de todo um cenrio.Aula 3 - Caractersticas da criseCaractersticas da criseMonteiro (1994), ao estudar o gerenciamento das situaes de crise, com base na doutrina emanada da Academia Nacional do FBI (EUA), que estuda basicamente as ocorrncias com refns, enumera trs caractersticas principais desta modalidade de ocorrncia:Imprevisibilidade - A crise no-seletiva e inesperada, isto , qualquer pessoa ou instituio pode ser atingida a qualquer instante, em qualquer local, a qualquer hora. Sabemos que ela vai acontecer, mas no podemos prever quando. Portanto, devemos estar preparados para enfrentar qualquer crise. Ela pode ocorrer assim que voc acabar de ler este texto.Compresso do tempo - Embora as crises possam durar vrios dias, os processos decisrios que envolvem discusses para a adoo de posturas no ambiente operacional devem ser realizados, em um curto espao de tempo. As ocorrncias de alta complexidade impem s autoridades policiais responsveis pelo seu gerenciamento: urgncia, agilidade e rapidez nas decises.Ameaa vida - Sempre se configura como elemento de um evento crtico (decisivo), mesmo quando a vida em risco a do prprio causador da crise.Necessidade de:Postura organizacional no-rotineira;A necessidade de uma postura organizacional no-rotineira de todas as caractersticas essenciais, aquela que talvez cause maiores transtornos ao processo de gerenciamento. Contudo, a nica que os efeitos podem ser minimizados, graas a um preparo e a um treinamento prvio da organizao para o enfrentamento de eventos crticos.Planejamento analtico especial e capacidade de implementao;Sobre a necessidade de um planejamento analtico especial importante observar que a anlise e o planejamento, durante o desenrolar de uma crise, so consideravelmente prejudicados por fatores, como a insuficincia de informaes sobre o evento crtico, a interveno da mdia e o tumulto de massa geralmente causado por situaes dessa natureza.Consideraes legais especiais.Finalmente, com relao s consideraes legais especiais exigidas pelos eventos crticos, cabe ressaltar que, alm de reflexes sobre temas, como: estado de necessidade, legtima defesa, estrito cumprimento do dever legal, responsabilidade civil, etc., o aspecto da competncia para atuar aquele que primeiro vem cabea, ao se ter notcia do desencadeamento de uma crise.Caro aluno, dessas caractersticas, importante frisar que, de acordo com a doutrina do FBI, a ameaa de vida deve ser observada como um componente essencial do evento crtico, mesmo quando a vida em risco a do prprio indivduo causador da crise. Assim, por exemplo, se algum ameaa se jogar do alto de um prdio, buscando suicidar-se, essa situao caracterizada como uma crise, ainda que inexistam outras vidas em perigo."Quem ficar encarregado do gerenciamento?" Este o primeiro e mais urgente questionamento a ser feito, sendo muito importante na sua soluo um perfeito entrosamento entre as autoridades responsveis pelas organizaes policiais envolvidas.Caractersticas da criseAlm dessas caractersticas essenciais, uma crise poder ainda apresentar outras caractersticas peculiares como: A necessidade de muitos recursos para sua soluo. Ser um evento de baixa probabilidade de ocorrncia e de graves conseqncias. Ser desordenada. Ter um acompanhamento prximo e detalhado, tanto pelas autoridades como pela comunidade e pela mdia.Mdulo 2 - Doutrina de Gerenciamento de Crises: aspectos conceituaisEste mdulo dividido em 4 aulas: Objetivos Critrios de ao Classificao dos graus de risco Nveis de resposta Tipologia dos causadores de eventos crticos (CEC)Ao final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de: Apontar os objetivos do gerenciamento de crises; Relacionar os objetivos do gerenciamento de crises doutrina; Identificar os critrios que orientam as decises e aes; Classificar os graus de risco e ameaa dos eventos crticos; Estabelecer a relao existente entre graus de risco e nveis de resposta; Caracterizar, de acordo com a tipologia, os causadores de eventos crticos.Aula 1 - ObjetivosObjetivosQualquer tarefa de gerenciamento de crises tem duplo objetivo:Preservar vidas Aplicar a leiEsses objetivos seguem uma hierarquia rigorosa quanto ao seu grau de importncia e prioridade. Isto quer dizer que a preservao de vidas deve estar, para os responsveis pelo gerenciamento de uma crise, acima da prpria aplicao da lei.A crnica policial tem demonstrado que, em muitos casos, optando pr preservar vidas inocentes, mesmo quando isso contribua para uma momentnea fuga ou vitria dos elementos causadores da crise, os responsveis pelo gerenciamento da crise adotaram a linha de conduta mais adequada, em virtude de uma ulterior captura dos meliantes. A aplicao da lei pode esperar pr alguns meses at que sejam presos os desencadeadores da crise, enquanto que as perdas de vidas so irreversveis (DE SOUZA, p. 17, 1995).O gerenciamento de crises possui esses pilares como escopo, pois assim pode conduzir suas tcnicas para a resoluo dos incidentes, com sucesso, com o mnimo de perda de vidas, segurana dos envolvidos e garantia do cumprimento da legislao.Doutrina de Gerenciamento de CrisesPortanto, o gerente de uma situao de crise deve ter sempre em mente esses objetivos, observando os aspectos que deles se derivam, de acordo com:1. dos refns

PRESERVAO DE VIDAS2. do pblico em geral

3. dos policiais

4. dos criminosos

1. priso dos infratores protagonistas da crise

APLICAO DA LEI2. proteo do patrimnio pblico privado

3. garantir o estado de direito

Aula 2 - Critrios de aoCritrios de aoNa busca da execuo dos objetivos que apresentamos no tpico anterior, o administrador de uma ocorrncia de alta complexidade, ainda segundo DE SOUZA (1995), "o comandante da cena de ao (tambm chamado de comandante do teatro de operaes)" est, durante todo o desenrolar do evento, tomando decises pertinentes aos campos de gerenciamento aqui abordados.Nessas ocasies existe um constante processo decisrio para o gerente da crise. O comandante se v diante do dilema do tipo "fao ou no fao?". Decises, desde as mais simples s mais complexas, vo sendo tomadas a todo o momento. Elas envolvem assuntos variados, como o fornecimento de gua ou alimentao para os refns e para os delinqentes, atendimento mdico de urgncia a uma vtima no interior do ponto crtico, o corte de linha telefnica e fornecimento de eletricidade, at mesmo o emprego de fora.As expectativas do pblico em relao reao dos rgos de segurana em incidentes de alto risco so previsveis, porm nem sempre realistas. Quase sempre, a sociedade conduzida a aceitar, principalmente pela mdia, que o incidente deva ser resolvido desta ou daquela maneira, no entanto, desconhecem as estratgias, tcnicas e tticas utilizadas pela polcia, bem como as limitaes jurdicas enfrentadas.Voc deve estar se perguntando: Como eu vou tomar as decises numa situao de crise?Assim, com o intuito de balizar o processo decisrio na ambincia operacional, atendendo os preceitos dos objetivos do Gerenciamento de Crises, segundo Monteiro (1994), a doutrina do FBI preconiza trs critrios para tomada de decises. Critrios para tomada de decisesNecessidade

Validade do risco

Aceitabilidade

NecessidadeO critrio de necessidade indica que toda e qualquer ao somente deve ser implementada quando for indispensvel. Se no houver necessidade de se tomar determinadas decises, no se justifica a sua adoo.A ao que pretendemos fazer estritamente necessria?Validade do riscoO critrio da validade do risco estabelece que toda e qualquer ao, tem que levar em conta, se os riscos dela advindos so compensados pelos resultados. A pergunta que deve ser feita :Vale pena correr esse risco?Este critrio muito difcil de ser avaliado, pois envolve fatores de ordem subjetiva (j que o que arriscado para um no para outro) e de ordem objetiva (o que foi proveitoso em uma crise poder no s-lo em outra).AceitabilidadeO terceiro critrio, aceitabilidade, implica em que toda deciso deve ter respaldo legal, moral e tico.A aceitabilidade legal significa que toda deciso deve ser tomada com base nos princpios ditados pelas leis. Uma crise, por mais sria que seja no d organizao policial a prerrogativa de violar leis.A aceitabilidade moral implica que toda deciso para ser tomada deve levar em considerao aspectos de moralidade e bons costumes.A aceitabilidade tica est consubstanciada no princpio de que o responsvel pelo gerenciamento da crise, ao tomar uma deciso, deve faz-lo lembrando que o resultado da mesma no pode exigir de seus comandados a prtica de aes que causem constrangimentos "internas corporis".Nesse sentido clssico o exemplo do policial que se oferece como voluntrio para ser trocado por algum refm. Essa troca, se autorizada, acarreta questionamentos ticos de natureza bastante complicada, que podem provocar srios transtornos no gerenciamento da crise.Aula 3 - Classificao dos graus de riscoClassificao dos graus de risco"As lies mais difceis so aquelas que valem realmente a pena aprender."John TaylorVoc estudou no tpico anterior quais os critrios de ao na tomada de decises numa situao de crise. Neste, estudar a classificao do grau de risco ou ameaa dos eventos crticos. Desta classificao, voc poder dimensionar os recursos humanos e materiais a serem empregados na ocorrncia de forma que no fiquem super ou subdimensionados.A avaliao da classificao do grau de risco deve ser uma das primeiras aes a ser mentalizada pelo gerente da crise. Segundo Monteiro (1994), a doutrina do FBI estabelece uma escala de risco ou ameaa que serve de padro para a classificao da crise, a exemplo do que ocorre com a Escala Richter, em relao aos terremotos.Essa classificao obedece a um escalonamento de quatro graus:1 Grau - ALTO RISCO 2 Grau - ALTSSIMO RISCO 3 Grau - AMEAA EXTRAORDINRIA 4 Grau - AMEAA EXTICA

Classificao dos graus de risco

Para exemplificar construmos uma tabela, de acordo o FBI (apud MONTEIRO, 1994), com exemplos de ocorrncias citadas pelo prprio FBI. Veja o quadro abaixo:CLASSIFICAOTIPOSEXEMPLOS (FBI)

1o GRAU

2o 2 GRAUALTO RISCOAssalto a banco promovido por uma ou duas pessoas armadas de pistola ou revlver, sem refns.

ALTSSIMO RISCOUm assalto a banco por dois elementos armados mantendo trs ou quatro pessoas como refns.

3o 3 GRAUAMEAA EXTRAORDINRIATerroristas armados de metralhadoras ou outras armas automticas, mantendo oitenta refns a bordo de uma aeronave.

4 4 GRAUAMEAA EXTICAUm indivduo de posse de um recipiente, afirmando que seu contedo radioativo e de alto poder destrutivo ou letal, por um motivo qualquer, ameaa uma populao.

Tendo estes exemplos como base, voc poder classificar as situaes de crise com mais segurana.Saiba mais...Comumente, no Brasil, vemos a ocorrncia de situaes de alto risco classificada no segundo grau, altssimo risco, como foi recentemente o assalto de uma loja em Campinas/SP, que culminou na tomada como refns de uma senhora e seus trs filhos, dentro de sua casa, durante a fuga de um dos assaltantes. A ocorrncia durou at que o assaltante se entregou, aps cinqenta e seis horas de negociaes com o GATE/SP. Ver http://www.tudolink.com/?p=281.

Aula 4 - Nveis de respostaNveis de respostaOs nveis de resposta correlacionam-se com o grau de risco do evento crtico, ou seja, o nvel de resposta sobe gradativamente na escala hierrquica da entidade, na medida em que cresce o vulto da crise.Como voc viu anteriormente de extrema importncia o dimensionamento dos recursos a serem utilizados.Os nveis de resposta adequados a cada grau de risco ou ameaa so quatro. Podemos visualiz-los melhor no quadro abaixo:NVELRECURSOSRESPOSTA LOCAL

UMLOCAISAs guarnies normais de rea podero atender a ocorrncia.

DOISLOCAISESPECIALIZADOSAs guarnies normais com apoio de guarnies especiais da Unidade de rea.

TRSTODOS DO NVEL DOIS+COMANDO GERAL As guarnies especiais de rea no conseguiram solucionar, pede-se apoio da equipe especial da maior autoridade.

QUATROTODOS DO NVEL TRS+RECURSOS EXGENOSA equipe especial empregada com auxlio de equipe de profissionais de reas especficas.

Nveis de respostaUma correta avaliao do grau de risco ou ameaa, representado por uma crise, concorre favoravelmente, para a soluo do evento, possibilitando, desde o incio, o oferecimento de um nvel de resposta adequado situao, evitando-se, destarte, perdas de tempo desnecessrias (DE SOUZA, 1995, p.34).O grau de risco de uma crise pode ser mudado no seu decorrer, pois a primeira autoridade policial que chega ao local faz uma avaliao precoce da situao com bases em informaes precrias e de difcil confirmao. Dados de grande importncia, como: nmero de refns, nmero de bandidos e nmeros de armas, s vezes, s vm a ser confirmados no transcorrer da crise.Assim, o gerente da crise deve estar atento a qualquer elemento que possa lhe dar informaes, como: um refm liberado, atirador de elite, moradores e/ou funcionrios do local tomado e, at mesmo, um dos prprios perpetradores que se entrega, quando no caso forem mais de um.Aula 5 - Tipologia dos causadores de eventos crticos (cec)Na tentativa de auxiliar os gestores policiais nessa difcil tarefa de coleta de dados acerca dos tomadores de refns, os estudiosos da disciplina Gerenciamento de Crises tm procurado desenvolver uma tipologia dos causadores de eventos crticos. O Capito Frank Bolz Junior, do Departamento de Polcia de Nova Iorque, EUA, na sua obra Como ser um refm e sobreviver, classifica-os em trs tipos fundamentais.O 1 Tipo- Criminoso comum: tambm conhecido como contumaz, ou criminalmente motivado- o indivduo que se mantm atravs de repetidos furtos e roubos e de uma vida dedicada ao crime. Essa espcie de criminoso, geralmente, provoca uma crise por acidente, devido a um confronto inesperado com a Polcia, na flagrncia de alguma atividade ilcita. Com a chegada da Polcia, o indivduo agarra a primeira pessoa ao seu alcance como refm, e passa a utiliz-la como garantia para a fuga, neutralizando, assim, a ao dos policiais. O grande perigo desse tipo de causador de evento crtico certamente est nos momentos iniciais da crise. Em mdia, os primeiros quarenta minutos so os mais perigosos. Esse tipo de causador de crise representa a maioria dos casos ocorridos no Brasil.2 Tipo - O emocionalmente perturbado - Pode ser um indivduo com alguma psicopatia ou simplesmente algum que no conseguiu lidar com seus problemas de trabalho ou de famlia, ou que esteja completamente divorciado da realidade. Algumas doutrinas chamam este ltimo como incidente domstico, j que normalmente envolve as relaes familiares. Estatisticamente, nos Estados Unidos, esse o tipo de indivduo que causa a maioria dos eventos crticos. Brigas domsticas, problemas referentes custdia de menores, empregados revoltados ou alguma mgoa com relao a uma autoridade podem ser o estopim para a prtica de atos que redundem em crises. No h no Brasil dados estatsticos confiveis que possam indicar, com exatido, o percentual representado por esse tipo de causadores de eventos crticos no universo de crises registradas no pas, verificando-se nos noticirios que algumas dessas situaes se vinculam prtica de crimes chamados passionais.O 3 tipo - O terrorista por motivao poltica - Apesar de no ostentar uma liderana estatstica, essa espcie de causadores de eventos crticos , de longe, a que causa maior estardalhao. Basta uma olhada nos jornais para se verificar as repercusses causadas por esse tipo de evento, ao redor do mundo. que pela prpria essncia desses eventos, geralmente cuidadosamente planejados por grupos com motivao poltica ou ideolgica, a repercusso e a divulgao constituem, na maioria das vezes, o principal objetivo da crise, que se revela como uma oportunidade valiosa para crticas a autoridades constitudas e para revelao dos propsitos ou programas do grupo.Um subtipo dessa categoria de causadores de eventos crticos o terrorista por motivao religiosa. muito difcil lidar com esse tipo de elemento, porque no pode haver nenhuma racionalizao atravs do dilogo, o que praticamente inviabiliza as negociaes. Ele no aceita barganhar as suas convices e crenas. Quase sempre, o campo de manobra da negociao fica reduzido a tentar convencer o elemento de que, ao invs de morrer pela causa, naquele evento crtico, seria muito mais proveitoso sair vivo para continuar a luta. Para esse tipo de causador de crise pode parecer, em dado momento, ser mais conveniente sair da crise carregado nos braos dos seus seguidores como um heri.Importante!Seja qual for o tipo do causador do evento crtico, deve-se evitar, no curso da negociao, a adoo de posturas estereotipadas com relao tipologia e motivao.A classificao aqui apresentada, a par de suas imperfeies, deve servir apenas como um ponto de orientao na diagnose dos tomadores de refns, dado o papel primordial que eles desempenham no processo de negociao.Mdulo 3 - Doutrina de Gerenciamento de Crises: aspectos operacionaisEste mdulo dividido em 5 aulas: Alternativas tticas Permetros tticos Organizao do cenrio Operao e organizao do posto de comando Dificuldades no teatro de operaesAo final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de: Listar as alternativas tticas existentes na doutrina de gerenciamento de crises; Descrever cada uma das alternativas tticas existentes na doutrina de gerenciamento de crises estabelecendo o escalonamento existente entre elas; Definir e enumerar os permetros tticos; Definir a localizao e o grau de risco do ponto crtico a partir da organizao do cenrio; Justificar a importncia do posto de comando apontando seus princpios fundamentais; Listar os requisitos essenciais, os elementos, as tarefas e as funes de um posto de comando; Apontar as dificuldades encontradas no teatro de operaes.Aula 1 - Alternativas tticasAlternativas TticasAs alternativas tticas existentes na Doutrina de Gerenciamento de Crises so: Negociao; Tcnicas no-letais; Tiro de comprometimento; Invaso ttica.Essas alternativas sero apresentadas nas pginas seguintes.NegociaoVoc deve lembrar que, as primeiras medidas a serem adotadas por qualquer autoridade policial, ao tomar conhecimento de uma crise, so resumidas nos verbos CONTER, ISOLAR e NEGOCIAR.Essas primeiras medidas ou aes-resposta so tomadas quase que, ao mesmo tempo, no havendo, na maioria das vezes, uma perfeita distino cronolgica entre elas.Na medida em que a ameaa contida e feito o isolamento do ponto crtico, a autoridade policial j procura estabelecer os primeiros contatos com os elementos causadores da crise, objetivando o incio da negociao.Segundo Monteiro (1994), a negociao quase tudo no gerenciamento de crises. Ressalta tambm que: "gerenciar crises negociar, negociar e negociar. E quando ocorre de se esgotarem todas as chances de negociaes, deve-se ainda tentar negociar mais um pouquinho . . .".Tipos de NegociaoA negociao pode ser real ou ttica.De acordo com o DPF ROBERTO DAS CHAGAS MONTEIRO, em seu Manual, a negociao REAL tambm pode ser chamada de TCNICA. A negociao real o processo de convencimento de rendio dos criminosos por meios pacficos, trabalhando a equipe de negociao com tcnicas de psicologia, barganha ou atendimento de reivindicaes razoveis. J a negociao ttica o processo de coleta e anlise de informaes para suprir as demais alternativas tticas, caso sejam necessrios os seus empregos, ou mesmo para preparar o ambiente, refns e criminosos para este emprego.NegociaoA tarefa de negociao, dada a sua prioridade, no pode ser confiada a qualquer um. Dela ficar encarregado um policial com treinamento especfico, denominado de negociador.O negociador tem um papel de grande responsabilidade no processo de gerenciamento de crises, sendo muitas as suas atribuies. Assim sendo, no pode a sua funo ser desempenhada por qualquer outra pessoa, influente ou no, como j ocorreram e ocorrem em diversas ocasies.Monteiro (1994, p. 45), e De Souza (1995, p. 56), citam em suas obras que:Faz parte da histria policial recente, no Brasil, a utilizao de religiosos, psiclogos, polticos e at secretrios de Segurana Pblica como negociadores. Tal prtica tem-se revelado inteiramente condenvel, com resultados prejudiciais para um eficiente gerenciamento dos eventos crticos, e a sua reincidncia somente encontra explicao razovel, no fato de a grande maioria das organizaes policiais do pas no ser dotada de uma equipe de negociadores constantemente treinada para essa misso.Na falta de algum capacitado para negociar, comum que muitas organizaes policiais aceitem qualquer um que voluntariamente se apresente para ser negociador.NegociaoO papel mais especfico do negociador o de ser intermedirio entre os causadores da crise e o comandante do teatro de operaes.Ele o canal de conversao que se desenvolve entre, as exigncias dos causadores do evento crtico e a postura das autoridades, na busca de uma soluo aceitvel.Voc sabia que:Tradicionalmente, costumava-se estereotipar a figura do negociador como a de algum que simplesmente utilizava todos os meios dissuasrios ao seu alcance, para conseguir a rendio dos elementos causadores da crise? Quando esse objetivo era atingido, a tarefa do negociador estava encerrada e a soluo da crise ficaria a cargo do grupo ttico ("SWAT"). Era como se as negociaes e o grupo ttico tivessem duas misses distintas e excludentes entre si. (MONTEIRO, 1994, p. 46)Por este motivo, a "Special Operations and Research Unit", da Academia Nacional do FBI, realizou estudos que mostram que essa concepo revelou-se errnea, uma vez que os dois grupos tm, de fato, a mesma misso, isto , resgatar pessoas tomadas como refns e que tal misso permanece a mesma ao longo de todo o evento crtico.NegociaoCaso se decida pelo uso de fora letal, os negociadores no devem ser afastados. Eles devem utilizar todos os seus recursos, no sentido de apoiar uma ao ttica coordenada. Em outras palavras, o negociador tem um papel ttico de suma importncia no curso da crise.Voc sabia que esse papel ttico, segundo Dwayne Fuselier (apud MONTEIRO, 1994, p.46), da Academia do FBI, pode ser desempenhado de trs maneiras?I. Atravs da coleta de informaes, durante as negociaes;2. Atravs da utilizao de tcnicas de negociao que otimizem a efetividade do risco ("risk effectiveness") de uma ao ttica;3. Pelo uso de tcnicas de negociao especficas, como parte de uma ao ttica coordenada.Voc sabe o que Sndrome de Estocolmo uma perturbao de ordem psicolgica, detectada em inmeras vtimas de seqestro, algumas das quais sofreram at mesmo violncias durante a permanncia no cativeiro, por parte dos seus algozes, e que, no obstando a isso, passaram a olh- los com simpatia e at mesmo com amor. Explica-se esta reao pelo fato de as vtimas, por haverem se submetido a uma forte tenso emocional, vivendo momentos extremamente difceis, imaginando a proximidade da morte, costumam apegar-se a qualquer coisa que lhe indique a possibilidade de sobrevivncia, que possa ser a tbua de salvao.O estabelecimento da sndrome produzir informaes importantes para a conduo da negociao.Leia mais em: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%ADndrome de EstocolmoTcnicas no-letaisEssa alternativa ttica, com o passar do tempo e seu emprego, tem mostrado que os equipamentos tidos como no-letais, se forem mal empregados, podem ocasionar a morte, alm de no produzir o efeito desejado. Podemos citar como exemplo, a utilizao do cartucho plstico calibre 12, modelo AM 403, da marca Condor, possuindo um formato cilndrico, alm de ser feito de uma espcie de borracha, conhecida como elastmero, que, se for utilizado numa distncia inferior a 20 metros, pode produzir ferimentos graves ou at mesmo letais. O fabricante recomenda a utilizao em distncias de 20 metros, fazendo com que, se tal agente no-letal for usado numa distncia acima do recomendado, no produzir as fortes dores que se deseja produzir para alcanar a intimidao psicolgica e o efeito dissuasivo de manifestantes.Segundo De Souza e Riani (2007, p. 04),No-letal o conceito que rege toda a produo, utilizao e aplicao de tcnicas, tecnologias, armas, munies e equipamentos no-letais em atuaes policiais. Tcnicas no-letais - Conjunto de mtodos utilizados para resolver um determinado litgio ou realizar uma diligncia policial, de modo a preservar as vidas das pessoas envolvidas na situao (...) somente utilizando a arma de fogo aps esgotarem tais recursos.Tecnologias no-letais - Conjunto de conhecimentos e princpios cientficos utilizados na produo e emprego de equipamentos no-letais.Armas no-letais so as projetadas e empregadas especificamente para incapacitar pessoal ou material, minimizando mortes, ferimentos permanentes no pessoal, danos indesejveis propriedade e comprometimento do meio ambiente.Munies no letais - So as munies desenvolvidas com objetivo de causar a reduo da capacidade operativa e/ou combativa do agressor ou oponente. Podem ser empregadas em armas convencionais ou especficas para atuaes no-letais.Equipamentos no-letais - Todos os artefatos, inclusive os no classificados como armas, desenvolvidos com finalidade de preservar vidas, durante atuao policial ou militar, e os equipamentos de proteo individual (EPI's).Tcnicas no-letaisPodemos, ento, afirmar que as terminologias "no-letal", "menos letal" e "menos que letal" podem ser usadas, pois, referem-se ao objetivo a ser alcanado, e no do resultado incondicional do uso de tais tecnologias ou equipamentos.As armas no-letais atuam atravs de rudo, irritao da pele, mucosas e sistema respiratrio, privao visual por ao de fumaa e luz, limitao de movimentos, atravs de choque eltrico, e impacto controlado. Essas armas objetivam inibir ou neutralizar, temporariamente, a agressividade do indivduo atravs de debilitao ou incapacitao. (DE SOUZA E RIANI, 2007, p. 7).No momento em que as alternativas no-letais forem usadas corretamente, obedecendo aos princpios da legalidade, necessidade, proporcionalidade e convenincia, no podemos dar garantias de que o causador da crise estar livre de sentir dor, desconforto ou mesmo de sofrer uma leso.Lembre-se: O principal objetivo das armas no-letais reduzir os efeitos sobre o infrator, no elimin-los. o time ttico que faz a conjugao do uso de armas no-letais, com outra alternativa ttica, a invaso ttica, que ser abordada posteriormente. Granadas com gs lacrimognio, alm de outros artefatos, esto dentre os utilizados em situaes de crise. Para maiores conhecimentos sobre tcnicas no-letais, acesse o respectivo curso pelo SEAT.Tiro de comprometimentoSegundo Lucca (2002, p. 4),O tiro de comprometimento constitui tambm uma alternativa ttica de fundamental importncia para resoluo de crises envolvendo refns localizados. No entanto, a aplicao dessa alternativa ttica necessita de uma avaliao minuciosa de todo o contexto, sobretudo, do polgono formado pelo treinamento, armamento, munio e equipamento, que so os elementos fundamentais para que o objetivo idealizado seja alcanado. Ser um sniper (atirador de elite) transcende ter uma arma qualquer e uma luneta de pontaria, para acertar um tiro na cabea.Acrescenta ainda o Coronel da Polcia Militar de So Paulo, Giraldi (apud LUCCA, 2002, p. 99), sintetizando a responsabilidade e a expectativa gerada pelo emprego dessa alternativa ttica, como: "O atirador de elite exerce grande fascnio na imprensa e no povo, que vem nele uma figura mstica, um heri cinematogrfico, infalvel, sempre pronto para derrotar o mal e restabelecer a ordem".Um fato curioso que, por diversas razes, grandes estragos tm sido feitos pelos snipers, em crises com refns localizados, sendo, portanto, o ponto mais sensvel de todos os grupos de elite do mundo.A deciso de um gerente de crises em fazer o uso de tal alternativa ttica de grande responsabilidade e deve ser efetuada, quando todas as outras forem inadequadas e quando o cenrio para tal fato seja favorvel.Tiro de comprometimentoPode parecer que a atuao do atirador de elite simples. Observe que, na realidade, tais atuaes so difceis, complexas, quase impossveis de serem exercidas como um todo e, quando existe mais de um seqestrador, ficam muito mais complicadas. Por isso, existe a polmica na utilizao do atirador de elite, muito criticada em situaes de seqestros, mesmo que o atirador no entre em ao.Em situaes de crises policiais, o atirador de elite fica posicionado, sem ser visto, ao mesmo tempo em que possuidor de uma ampla viso do cenrio em que se desenrola a ao.Ele est sempre em contato com o gerente da crise, atravs de sistema de rdio, e este repassa tais informaes aos negociadores e para o grupo de inteligncia, visando o bom andamento da ocorrncia.

Lucca (2002, p. 104) relata que:(...) A escolha do policial, seu treinamento e a oferta de equipamento necessrio, devem ser regidos por critrios altamente tcnicos e profissionais. Todos esses requisitos tero como fim salvar pessoas que se encontrem em situaes aflitivas, com suas vidas em jogo. As autoridades devem investir em tecnologia de ponta nesse segmento das foras policiais, para que desempenhem, com habilidade e eficincia, sua rdua tarefa. Afinal, qual o preo de uma vida?Invaso tticaA invaso ttica representa, em geral, a ltima alternativa a ser empregada em uma ocorrncia com refns localizados. Isso ocorre porque o emprego da invaso ttica acentua o risco da operao, aumentando, como conseqncia, o risco de vida para o refm, para o policial e para o transgressor da lei. Isso por si s, vai de encontro com um dos objetivos principais do gerenciamento de crises que a preservao da vida.Dessa forma, s se admite a aplicao dessa alternativa ttica quando, no momento da ocorrncia, o risco em relao aos refns se torna um risco ameaador integridade fsica dos mesmos ou ainda quando, na situao em andamento, houver uma grande possibilidade de sucesso do time ttico.Em qualquer equipe ttica, a invaso a alternativa mais treinada, porm, em contrapartida, a menos utilizada e isso acontece pelo simples fato de, por mais cenrios que sejam criados e montados nos treinamentos, o cenrio de uma crise real ter a sua prpria caracterstica mantendo assim o risco elevado para todos os atores. O treinamento incessante e diversificado de invases tticas, em cenrios diferentes, aumenta somente a chance de acerto sem, no entanto, eliminar o risco.O uso da fora letal no deve ultrapassar o limite do estrito cumprimento do dever legal e da legtima defesa que, sendo excludentes de ilicitude, tornam legtima a ao policial, ainda que o resultado seja a morte do transgressor da lei.Cada policial de um grupo de invaso ttica deve ter esses parmetros bem massificados.Alternativas tticas

Aula 2 - Permetros tticosPermetros tticosOs permetros tticos, tambm chamados permetros de segurana, so um assunto de relativa simplicidade, mas que, devido sua enorme importncia para a disciplina de Gerenciamento de Crises, merecem e precisam ser destacados num captulo especial deste curso.Conforme se estudou anteriormente, a autoridade policial, ao tomar conhecimento de uma crise, deve adotar aquelas trs medidas preliminares e essenciais, sintetizadas nos verbos CONTER, ISOLAR e NEGOCIAR.O isolamento do ponto crtico executa-se atravs dos chamados permetros tticos. to fundamental o estabelecido dos permetros tticos que praticamente impossvel uma crise ser gerenciada sem eles.A interveno da mdia, a ao de curiosos e o tumulto de massa que so geralmente verificados em torno do local onde se desenrola a crise tornam absolutamente indispensvel o estabelecimento desses permetros.A experincia tem demonstrado que quanto melhor for o isolamento do ponto crtico, mais fcil se torna o trabalho do gerenciamento da crise.Permetros tticosVerifica-se que, na realidade, so muitos os casos de isolamentos mal feitos e ineficientes, que transformam o ponto crtico num autntico mercado persa, caracterstico do nosso comportamento latino-americano.Os permetros tticos so em nmero de dois:InternoO permetro ttico interno um cordo de isolamento que circula no ponto crtico, formando o que se denomina de zona estril. No seu interior, somente devem permanecer os perpetradores, os refns (se houver) e os policiais especialmente designados e ningum mais. At mesmo aqueles policiais curiosos, que sempre aparecem nos local de crises para prestarem alguma colaborao, ou por simples bisbilhotice de quem no tm o que fazer, devem ser, sumariamente, expulsos da zona estril.Esse permetro interno deve ser patrulhado por policiais uniformizados, que tenham, de preferncia, um temperamento alerta e agressivo, para afastar e afugentar os intrusos. bom lembrar que esse patrulhamento no deve, em hiptese alguma, ser feito pelo time ttico, cuja misso outra, j estudada anteriormente.ExternoO permetro ttico externo destinado a formar uma zona tampo entre o permetro interno e o pblico. Nele ficam instalados o posto de comando (PC) do gerente da crise e o posto de comando ttico (PCT) do comandante do grupo ttico. No interior desse permetro admitem-se o trnsito e a permanncia de policiais que no estejam diretamente envolvidos com o gerenciamento do evento crtico, pessoal mdico, pessoal de apoio operacional (corpo de bombeiros, peritos criminais, motoristas de ambulncias, etc.) e a mdia (to somente quando da realizao de "briefings" ou entrevistas).O patrulhamento desse permetro deve tambm ser confiado a policiais uniformizados, mas, j no se faz necessrio que sejam do tipo agressivo, bastando apenas que sejam, suficientemente alerta, para no permitir o ingresso de pessoas no-autorizadas na zona tampo. Os dois permetros so imprescindveis. Entretanto, importa lembrar que o seu tamanho, forma e abrangncia vo variar de caso a caso, a critrio do comandante da cena de ao, sendo isso, uma funo cuja principal varivel o ponto crtico.Organizao do cenrioEvidentemente, a conformao e a abrangncia dos permetros tticos vo depender da natureza, da localizao e do grau de risco do ponto crtico.

Saiba mais . . .Nessas condies, de se esperar que o isolamento de uma agncia bancria, onde se desenrola um assalto, no ter as mesmas caractersticas e o mesmo grau de dificuldade, se essa agncia bancria estiver localizada numa cidadezinha do interior ou em plena Avenida Paulista, na capital de So Paulo. O mesmo se diga de um apoderamento ilcito de uma aeronave, se tal evento ocorreu num aeroporto internacional, das dimenses do Aeroporto do Galeo ou de Guarulhos, ou se tem como lugar o aeroporto de uma pequena capital do Nordeste.Contudo, uma coisa deve ser sempre lembrada: no importam quais as dificuldades, o isolamento do ponto crtico deve ser realizado, a todo custo, sob pena de comprometer o xito da misso de gerenciamento da crise.Organizao do cenrioUma regra valiosa no deve ser esquecida ao se estabelecer o contorno dos permetros tticos:Quanto mais amplos forem os permetros, mais difcil se torna a sua manuteno, por exigir um maior nmero de policiais e causar mais transtornos na rotina das pessoas que vivem nas proximidades do ponto crtico ou dele se utilizam.So tantos os problemas que ocorrem nesses permetros (especialmente no permetro ttico externo), que o gerente da crise, ao defini-los, deve encarregar um auxiliar para especificamente resolver os impasses e rusgas que porventura surjam.O isolamento do ponto crtico no deve se limitar apenas ao estabelecimento dos permetros tticos. De nada adiantar a implantao de permetros tticos, se os causadores do evento crtico continuarem a dispor de telefones e outrosequipamentos com que possam, a qualquer momento, se comunicar com o mundo exterior.Dentro dessa ordem de idias, uma das primeiras preocupaes do gerente da crise, nas suas tarefas preliminares de isolamento do ponto crtico, deve ser a de cortar a comunicao dos perpetradores com o mundo exterior. Nesses casos, a colaborao da companhia telefnica da localidade providencial. No somente os telefones aptos a ligaes externas devem ser cortados, tambm os equipamentos de telex e, at rdios e televisores devem ser inutilizados, por meio de um oportuno corte da energia eltrica.Organizao do cenrioDiscute-se o fornecimento de energia eltrica ao ponto crtico, se deve ou no ser interrompido, principalmente quando se sabe da existncia de rdios e televisores naquele local.H quem argumente que a existncia de um televisor em funcionamento no interior do ponto crtico serve para relaxar as tenses emocionais, tanto dos refns quanto dos bandidos, mantendo estes ltimos menos alerta quanto ao fator tempo, que a televiso ajuda a passar.Outrossim, entendem os defensores desse ponto de vista, que a desativao do televisor, pelo fato de somente ser conseguida pelo corte do fornecimento de energia eltrica, pode trazer perigo para os refns, principalmente noite, quando o ponto crtico ficar s escuras. Isso sem falar nas dificuldades

e riscos a serem enfrentados pelo grupo ttico, caso necessite ingressar no interior daquele local onde a visibilidade estar prejudicada.Os que defendem o corte da energia eltrica entendem que os riscos advindos dessa medida so compensados pelos benefcios, pois alm de evitar o uso de aparelhos que possam ensejar um contato dos perpetradores com o mundo externo, colocam-nos (e tambm os refns, claro) numa situao de inferioridade e desconforto, o que pode ser um fator decisivo para abreviar uma soluo da crise.Alm do mais, o gerente da crise poder, sempre que julgar necessrio, retomar o fornecimento de energia eltrica, mediante a negociao de alguma concesso por parte dos causadores do evento.De qualquer forma, a discusso ainda permanece em aberto, sendo aconselhvel que o gerente da crise, no seu encargo de isolar o ponto crtico, adote a soluo mais adequada situao.O que de fundamental deve ser feito para evitar que os perpetradores saibam o que se passa fora do ponto crtico estabelecer uma linha de conduta correta no trato com a mdia, centralizando o fornecimento de informaes e procedendo a uma seleo criteriosa de tudo aquilo que deve ser liberado para os rgos de notcia e para os profissionais de informao."O pessimista queixa-se do vento. O otimista espera que ele mude. O realista ajusta as velas."Willian George WardAula 4 - Operao e organizao do posto de comandoOperao e organizao do posto de comandoO Posto de Comando tem fundamental importncia no curso do gerenciamento de uma crise. De sua organizao e operacionalidade dependem o fluxo de decises e o prprio xito da ao policial durante o evento crtico.Em seguida, apresentado um esboo de princpios fundamentais de operao e organizao de um Posto de Comando, baseado em pressupostos doutrinrios estabelecidos pelo Instrutor Donald A. Basset (1983), da Academia Nacional do FBI, consolidados atravs do manual denominado "Command Post Organization and Operation".Nas pginas seguintes sero apresentados os princpios fundamentais do "Command Post Organization and Operation".Posto de comando - princpios fundamentaisPosto de Comando - PC o quartel-general de campo do comandante da cena de ao.Centro de Operaes Tticas o quartel-general de campo do comandante do grupo ttico - "SWAT".O Centro de Operaes Tticas, tambm chamado de Posto de Comando Ttico - PCT, deve ser localizado no interior do permetro externo ou junto com o prprio PC.Posto de comando - princpios fundamentaisO que vem a ser um Posto de Comando? uma organizao de pessoas com cadeia de comando baseada na diviso de trabalhos e tarefas pr-determinados.Funes desempenhadas: Colher informaes; Processar informaes (coleta, anlise e difuso); Aplicar informaes, mediante o planejamento e o auxlio tomada de decises; Agir e reagir, mediante a implementao de planos e decises e a coordenao de aes; e Apoiar todas as funes acima, por intermdio de um trabalho de logstica e de administrao. a sede de autoridade para as operaes de campo. Nessa condio, o PC centraliza a autoridade e o controle na cena de ao. Tambm serve como ponto de tomada de deciso para os subordinados.Posto de comando - princpios fundamentaisQuando necessrio instalar um PC ?Quando o nmero de pessoas envolvidas numa operao de campo exceda a capacidade de controle ("span of control") do gerente da crise. Por capacidade de controle entende-se o nmero mximo de pessoas que um indivduo pode pessoalmente dirigir e controlar de uma maneira eficiente e eficaz. Importa lembrar que essa capacidade pode ser reduzida pelo efeito do estresse.Numa operao de campo que requeira coordenao entre vrias unidades de uma mesma entidade policial ou entre organizaes policiais diferentes.Numa operao de campo que exija atividades mltiplas.Posto de comando - princpios fundamentaisRequisitos essenciais de um PC:ComunicaesRdio (da prpria organizao policial, das demais organizaes participantes e rdio comercial).Telefones (externo, com o ponto crtico, e interno para ligaes internas do PC). Televiso (comercial e de circuito fechado, quando necessrio).Quadros de situao ou "flip charts".Computadores.Teletipos (quando necessrio).Intercomunicadores.Mensageiros (para o caso de falha ou interrupo dos sistemas eletrnicos de comunicao).Gravadores para registro das conversas telefnicas com os perpetradores.Segurana (isolamento)De pessoas hostis.Da mdia.Do pblico.De policiais curiosos, no participantes do evento.Acomodaes e infra-estruturaPessoal de operao. Para esse pessoal faz-se necessrio um local onde possam realizar as comunicaes; outro espao onde os negociadores possam se reunir e tambm uma sala reservada e calma, para onde o pessoal de deciso possa ir, a fim de refletir e analisar as decises a serem tomadas.reas onde possam ser realizadas reunies com todo o pessoal empenhado no evento.rea para estacionamento de veculos.rea para guarda e entrega de material utilizado no decorrer da crise.Toaletes.rea para atendimento de emergncias mdicas.Heliporto (para os casos em que a organizao policial dispuser de helicpteros e estes se faam necessrios).Local para reunio com a mdia.Proximidade do ponto crticoO PC deve ficar prximo ao ponto crtico, porque isso facilita muito o processo de gerenciamento. Essa proximidade proporciona facilidade de deciso, dando ao gerente da crise uma viso imediata do local e tambm condies de rpido e direto acesso ao pessoal empenhado na cena de ao.Por outro lado, quando o PC fica instalado em local muito distante do ponto crtico, isso faz com que as comunicaes dependam de rdio, o que pode ser prejudicial e comprometer o sigilo das decises.AcessoO acesso ao PC deve ser fcil para o pessoal participante do evento, Deve tambm ser seguro, para evitar que o pessoal necessite percorrer reas perigosas ou arriscadas, nos seus deslocamentos.TranqilidadeO PC, sempre que possvel, deve ser instalado em ambiente com pouco rudo e sem aglomerao de pessoas.IsolamentoO local de instalao do PC deve expor os tomadores de deciso a um mnimo de rudos, de atividades desnecessrias e acesso a dados suprfluos.Distribuio de tarefasO plano organizacional para eventos crticos deve especificar as tarefas de cada participante. Somente os policiais e funcionrios cujas tarefas necessitem acesso ao gerente da crise devem ter seu ingresso admitido no PC.Posto de comando - princpios fundamentaisOs elementos essenciais que integram a organizao de um posto de comando so:Elemento de comando: O comandante da cena de ao ou gerente da crise.Elementos operacionais: O Grupo de Negociadores, o Grupo Ttico Especial ("SWAT") e o Grupo de Vigilncia Tcnica.Elementos operacionaisEsses elementos operacionais costumam receber a denominao geral de Grupo de Ao Direta (GAD) e, enquanto participarem do evento crtico ficam sob a superviso direta do gerente da crise, por dois motivos: suas atividades geralmente tm um impacto imediato, de vida ou morte, no ponto crtico; e no interesse de comunicaes mais rpidas e coerentes entre eles e o gerente da crise, evitando-se a existncia de intermedirios de outras autoridades.Elementos de apoio.Elementos de assessoria.Posto de comando - princpios fundamentaisAs tarefas e funes sugeridas para os elementos essenciais de um posto de comando so:Elemento de ComandoO elemento de comando, como se disse, o comandante da cena de ao. Ele tem as seguintes tarefas: a autoridade mxima para todas as aes no local da crise. ele quem determina a estratgia. ele quem rev e d a ltima palavra em todos os planos que tero impacto sobre a rea da crise, obedecendo aos trs critrios de ao (necessidade, aceitabilidade e efetividade do risco). ele quem estabelece a cadeia de comando mantendo todo o pessoal cientificado sobre a mesma. ele quem autoriza todas as aes tticas, com exceo das chamadas reaes de emergncia (ocorridas quando de um sbito e inesperado ataque dos perpetradores contra os policiais ou os refns). Nesse mister, o uso de agentes qumicos - granadas de efeito moral e de explosivos - somente pode ocorrer com a sua autorizao. ele quem supervisiona e coordena as atividades do GAD. ele quem assegura uma coordenao com o seu substituto (o comandante da cena de ao substituto ou gerente da crise substituto), na execuo das tarefas deste, quando necessrio.Conforme se viu mais acima, o gerente da crise necessita indicar um substituto que poder ter, dentre outras, as seguintes funes: Coordenar e dirigir os elementos de apoio. Assegurar ao gerente da crise e a outros usurios do PC, informaes pertinentes e oportunas. Assegurar uma comunicao e uma coordenao eficientes entre o pessoal de inteligncia e o GAD. Substituir o gerente da crise em suas ausncias. Assegurar a manuteno de relaes adequadas com a mdia.Elementos Operacionais Comandante da "SWAT"Na cena de ao, o grupo "SWAT" est sempre sob as ordens do seu comandante, umhomem com as seguintes responsabilidades dentro do PC: Tem controle direto sobre todo o pessoal da "SWAT" no local da crise. Tem controle direto sobre a rea do permetro interno, em torno do ponto crtico. Determina as opes tticas viveis e as recomenda ao gerente da crise. Formula planos tticos especficos visando apoiar as estratgias concebidas pelo gerente da crise. Explica para o pessoal da "SWAT" a misso a ser executada e o plano a ser implementado, de acordo com a orientao do gerente da crise. Supervisiona o ensaio do plano. Supervisiona a inspeo do pessoal a ser empregado na ao. Dirige pessoalmente a implementao dos planos tticos autorizados pelo gerente da crise. Assegura a rpida difuso das informaes obtidas pelos franco-atiradores ("snipers") para os encarregados do processamento da inteligncia. Assegura a coordenao de aes tticas com os demais integrantes do GAD. Ordena a aplicao do plano de emergncia, durante a resposta imediata, antes da chegada de autorizao superior, em casos de extrema necessidade.Chefe do Grupo de NegociadoresAo chefe do Grupo de Negociadores, incumbe, dentre outras, as seguintes tarefas: Tem controle direto sobre todos os negociadores. Determina as opes viveis de negociao e as recomenda ao gerente da crise. Assegura o cumprimento, por parte dos negociadores, das estratgias do gerente da crise. Formula tticas de negociao especficas e as apresenta ao gerente da crise para aprovao. Envida esforos para que as informaes obtidas por meio da negociao cheguem com rapidez e preciso ao pessoal de inteligncia. Assegura a coordenao de iniciativas tticas com os demais integrantes do GAD. Faz um levantamento peridico da situao psicolgica dos perpetradores.Chefe do Grupo de Vigilncia TcnicaA esse especialista competem as seguintes tarefas: Determina as opes de vigilncia tcnica e as recomenda ao gerente da crise. Formula planos especficos de vigilncia tcnica para apoio da estratgia do gerente da crise e os apresenta, para aprovao. Dirige e coordena a instalao de equipamentos de vigilncia tcnica na rea da crise. Assegura a coordenao de iniciativas de vigilncia tcnica com os demais integrantes do GAD. Envida esforos para que as informaes obtidas por meio da vigilncia tcnica sejam difundidas aos usurios, especialmente, ao pessoal de inteligncia.Chefe da Equipe de IntelignciaA Equipe de Inteligncia presente no PC chefiada por um funcionrio que tem, dentre outras, as seguintes funes: Coleta, processa, analisa e difunde inteligncia atual e oportuna para todos os usurios. Desenvolve e assegura a consecuo de diretrizes investigatrias, com vistas coleta de inteligncia. Mantm um quadro atualizado da situao da crise. Prov resumos de situao para o gerente da crise e, quando necessrio, para os escales superiores da organizao policial.Elementos de ApoioOs elementos de apoio consistem basicamente em um coordenador de apoio administrativo e um auxiliar, com essas funes: Coordenao de atividades de apoio com objetivo de assegurar recursos financeiros, administrativos e logsticos para um adequado gerenciamento da crise. Provimento de funcionrios de apoio, destinados a funes de datilografia, estenografia, rdio-transmisso, etc. Provimento de refeies e o pagamento de bens e de servios porventura utilizados no local da crise. Manuteno do fluxo normal de papis ou de burocracia necessrios ao gerenciamento da crise.Entre esses elementos de apoio, cuja variedade e natureza dependem de cada caso, pode-se mencionar o rdio-telegrafista e o controlador de pagamentos, este ltimo responsvel pelos trmites burocrticos necessrios ao pagamento de indenizaes de propriedades danificadas ou destrudas, em razo da ao policial durante a crise.Tambm no deve ser esquecido o fato de que importante que um determinado policial ou funcionrio seja encarregado da logstica. A esse funcionrio caberia, dentre outras, as seguintes funes: Prover e coordenar o sistema de transporte entre o local da crise e a repartio policial. Prover e coordenar os servios de manuteno. Providenciar comida e alojamento para os integrantes do GAD. Providenciar a aquisio de materiais e equipamentos necessrios operao. Prover apoio mdico e de enfermagem. Manter um completo inventrio dos equipamentos e demais insumos utilizados no local da crise.Elementos de Assessorias vezes, a complexidade e o grau de risco da crise exigem que o gerente da crise seja assessorado por especialistas que possam responder s suas dvidas sobre assuntos de vital importncia para o gerenciamento do evento.Essa assessoria pode ser dada por especialistas nas seguintes reas: "SWAT". Negociao. Vigilncia tcnica. Mdia. Legal. E quaisquer outras especialidades estranhas atividade policial, como: medicina, epidemiologia, meio ambiente, energia nuclear, etc.A escolha do comandante da cena de ao, esses elementos de assessoria podem ou no ser includos na cadeia de comando.Operao e organizao do posto de comandoComo se v, a organizao de um PC complexa e esse grau de complexidade varia de caso a caso. Crises mais complexas exigem um PC de maior complexidade, com mais detalhada distribuio de tarefas.O abordado anteriormente destina-se ao gerenciamento de uma crise de grande complexidade.Em crises mais simples, a estrutura do PC dever ser proporcionalmente reduzida.Contudo, uma regra essencial no deve ser esquecida: a de que o gerente da crise no pode, de modo algum, prescindir de um local onde goze de um mnimo de privacidade para reunio com os seus subordinados e para o atendimento de necessidades higinicas bsicas, no curso de uma crise de longa durao.Aula 5 - Dificuldades no teatro de operaesDificuldades no teatro de operaesEm uma crise, a tenso mxima, especialmente quando ela eclode composta pelos fatores delinqentes e refns. Instala-se uma balbrdia generalizada e a ocorrncia atrai curiosos, a imprensa e autoridades polticas para o local, porque de grande destaque. Em razo disso, surgem muitas dificuldades no Teatro de operaes.Outras dificuldades que se apresentam no local da crise tm relao com preparaes prvias da polcia referentes aquisio de equipamento e ao conhecimento tcnico de comportamento a serem adotados para a soluo do evento crtico. A eliminao desses problemas deveria ocorrer em um perodo da organizao das polcias, chamado de pr-confrontao, que veremos adiante.As dificuldades que podem existir no teatro de operaes so mostradas nas pginas seguintes.Manuteno do isolamentoA soluo satisfatria de uma crise comea por um bom isolamento da ocorrncia, por isso, o estabelecimento e a preservao dos permetros, interno e externo, devem ser preocupao constante do comandante do Teatro de operaes ou do profissional incumbido dessa responsabilidade. comum pessoas ou representantes da imprensa tentarem romper os limites dos permetros para melhor visualizao da cena do crime.Tambm sob a tica do isolamento, algumas medidas complementares devem ser tomadas, no sentido de que haja um "link" apenas entre o tomador e o negociador. Dentre elas, a mais importante tomar nula qualquer possibilidade de comunicao entre os envolvidos na ocorrncia e o mundo exterior, especialmente o uso da mensagem verbal que, em via de regra, feita por telefone ou viva voz.Saiba mais . . .A comunicao por gestos mais difcil de ser evitada, conforme o local onde se passa a crise, porque os locais de homizio de tomadores de refns so salas ou lojas, geralmente, com janelas envidraadas que permitem, sob determinados ngulos, a visualizao interna, embora parcial.Com relao ao suicida, em geral, a crise se desenrola em locais abertos: uma sacada de edifcio ou uma praa pblica, o que dificulta qualquer tentativa de isolamento visual da cena.Contudo, apesar das dificuldades serem imensas para se conseguir um perfeito isolamento, o comandante do Teatro de operaes deve estar imbudo desse objetivo. Como est explicitado, quanto mais isolado do mundo exterior, o responsvel pela instalao da crise tende a aceitar uma soluo negociada mais rapidamente e sem maiores traumas.Manuteno do isolamentoUma ocorrncia no municpio de So Mateus - ES teve a participao de presos que seriam ouvidos em audincia. Eles estavam armados e fizeram o juiz de refm; a interferncia policial no contou com um cerco propcio e o isolamento da crise simplesmente no houve. Alguns indivduos da sociedade e outros curiosos chegaram at o local e tiveram contato direto com os infratores, ou transitaram livremente na rea que deveria ter sido definida como permetro e, assim, isolada. A ao policial contrastou com a expectativa da populao local e com a atividade de profissionais da imprensa que acompanhavam bem de perto o desenrolar dos fatos. A falta dessas medidas preliminares deu o indicativo do trgico desfecho que teria a ocorrncia.No ano de 2000, o pas inteiro assistiu ao vivo s cenas de uma ocorrncia no interior de um nibus municipal, quando um meliante fez vrios passageiros de refns na cidade do Rio de Janeiro. Cinegrafistas, reprteres e curiosos se misturavam com policiais que tentavam solucionar o problema. Sem entrar no mago da questo e dos motivos impeditivos do isolamento da rea, pode-se afirmar que ele inexistiu, e isso pode ter contribudo para o resultado no satisfatrio da crise.

Uma ocorrncia, seja ela com participao de refns ou suicida, requer um preparo tcnico da polcia. So necessrios indivduos especialmente treinados para lidar com essas situaes, que detenham conhecimentos de psicologia, de neurolingstica e os prprios da atividade policial. Alm dessa gama de conhecimentos, imperioso que haja equipamentos bsicos especiais, indispensveis para a consecuo dos objetivos pretendidos.

Tais equipamentos devem estar diuturnamente disponibilizados para que se possa conhec-los em mincias, manej-los exausto, durante os treinamentos, de modo que, quando a necessidade de empreg-los se apresentar, no existam dvidas capazes de comprometer o sucesso da operao, pois, nesse campo, no h lugar para aes vacilantes.EquipamentosA realidade que se apresenta s polcias do Brasil, mais ou menos cruel, a falta de determinados equipamentos. O argumento utilizado o alto preo ou o nmero de vezes de seu emprego no justificar sua aquisio.Vidas no tm preos e a imprevisibilidade uma das caractersticas das crises, por isso, os equipamentos devem estar disponveis, independentemente de quando, onde ou quantas vezes sero usados, para preservao do ciclo vital, em momentos de perigo. Sobre esse item, afora outras consideraes de ordem estratgica no planejamento e condies tcnicas e psicolgicas da tropa empregada, o caso ocorrido em abril de 1996, em El Dourado dos Carajs - PA, demonstra, com nitidez, que a falta de equipamentos adequados para o cumprimento de um encargo de desobstruo de uma rodovia produziu um resultado com vrias mortes e feridos.Alguns equipamentos especiais e bsicos para solucionar uma crise so de uso geral. Outros, de uso especfico de um determinado grupo ou indivduo. Localizao de autoridadesDurante um processo de negociao, diversos componentes podem ser colocados como moeda de troca para a liberao dos refns e dar um ponto final crise. Por exemplo, possvel e muito comum, meliantes exigirem a presena de determinada autoridade para se entregarem polcia. Isso ocorre porque, na concepo do infrator, a presena de uma autoridade que no seja policial, geralmente um juiz, um advogado ou um promotor, garantir sua integridade fsica e, naquele momento da crise, ele j percebeu que no h outra sada seno liberar os refns e entregar-se. Porm, o medo o impede de assim proceder.O comandante do Teatro de operaes, por intermdio de seu negociador, entende que o desfecho da crise est perto e, logicamente, quanto mais rpido ocorrer, melhor para todos. Contudo, uma nova dificuldade se apresenta. Apesar de ele, desde um primeiro momento, ter sido a preocupao de colocar algumas autoridades de sobreaviso, no fcil localiz-las.J vimos que a crise surge de modo imprevisvel. Pode ocorrer a qualquer hora do dia ou da noite e em qualquer lugar. Assim, nem sempre a autoridade exigida no processo de negociao se encontra disponvel e, diante disso, deve ocorrer um novo entendimento, no sentido de substitu-la o que, como conseqncia, demandar mais tempo para a concluso da ocorrncia, mais desgaste e novas incertezas de xito.Ingerncias externasSmbolo de oportunismo, vedetismo ou ignorncia, as ingerncias externas, em via de regra, contrastam com a aplicao de tcnicas previstas nos manuais e livros, produzidos por estudiosos do assunto.Em ocorrncias com refns, a convergncia de holofotes total para a cena do crime. Polticos inescrupulosos ou autoridades sedentas por notoriedade vem naquele fato uma oportunidade para alcanar seus propsitos de projeo. Comeam, ento, a interferir com opinies ou ordens, sem qualquer sustentao profissional, mas que tm enorme repercusso, seja no cenrio da populao sobre a atuao da polcia, seja no prprio Teatro de operaes.Existem tambm os bices criados pela presena de algumas autoridades superiores ao comandante do Teatro de operaes que, apesar de no terem o domnio pleno do gerenciamento de crises, se valem de suas patentes superiores para exigirem o cumprimento de suas ordens ou o menosprezo s determinaes existentes, especialmente quanto aos limites impostos pelos permetros. Muitas vezes, as ordens que so ignoradas no o so por arrogncia, mas por displicncia, pois seu desconhecimento impede a percepo da importncia daquelas medidas.Exemplo 1Em negociao, sabido que o tempo aliado da polcia. Durante uma ocorrncia de assalto a banco, que se transformou em uma situao de crise, com vrios refns, em outubro de 2001, em Vitria - ES, as negociaes, do incio ao desfecho, totalmente favorvel, durante cerca de seis horas. Porm, uma autoridade do Comando Geral da Polcia Militar recebeu telefonemas de uma expressiva figura do palcio Anchieta, com questionamentos sobre a demora para fechar a ocorrncia, e isso, quando os acordos ainda no indicavam o seu final. Havia se passado trs horas de negociaes da instalao da crise e do momento do primeiro telefonema. Ainda neste exemplo, em um determinado instante da ocorrncia, e quando j se vislumbrava o seu final, uma certa autoridade militar que se encontrava paisana e superior hierrquico do comandante do Teatro de operaes, inadvertidamente, e sem consultar ningum, rompeu o isolamento e dirigiu-se ao local onde se encontravam os negociadores e ps-se a participar do processo de negociao. De imediato houve um retrocesso nos acordos, a autoridade intrusa se retirou e a ocorrncia acabou por se prolongar.Exemplo 2No famoso e fatdico episdio do nibus da linha 174, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro, a Polcia Militar daquele Estado, especialmente seu Batalho de Operaes Especiais, suportou em silncio toda sorte de crticas e absorveu a responsabilidade pelo infeliz desfecho. Crticas pelo inadequado ou inexistente isolamento, pela ausncia, segundo um certo jornal, de sniper, ou pela falta de uma ao estratgica. Mas, durante um curso de negociao, realizado naquela entidade, pde-se ouvir o depoimento de um oficial que participou da operao cujo relato clareou alguns tpicos, alvos de crticas. Em um deles, relatou que o comandante do Teatro de operaes recebeu ordens expressas do palcio Guanabara para que, em nenhuma hiptese, houvesse mortes. Aquele oficial deixou clara a existncia de sniper, j havia razes para seu emprego e a televiso mostrou oportunidades tcnicas para utilizar essa alternativa ttica. No entanto, a ordem era para que no ocorressem mortes.Observa-se, com absoluta clareza, que as ingerncias podem atrapalhar a conduo da crise. Existem vrios outros casos que evidenciam, de forma cristalina, com o conflito entre a deciso tcnica e a poltica, ou a inobservncia dos limites impostos para os permetros, tm relao direta com a durao da crise ou com o resultado alcanado.Falta de autonomia da polciaApesar de ser o rgo mais qualificado para tomar providncias e desenvolver aes em momentos de crise, a polcia, por vezes, se v impossibilitada de atuar para resolver o conflito por ordens de pessoas no qualificadas.Em 1990, os detentos da Casa de Deteno de Vila Velha - ES, insatisfeitos com as condies sociais e econmicas a que eram submetidos, resolveram reivindicar melhorias. Para tanto, se rebelaram e comearam por quebrar o presdio e ameaar de morte outros detentos desafetos.O Secretrio Estadual de Justia compareceu ao local e, sem levar em conta as orientaes do comandante do Teatro de operaes, penetrou no presdio e levou consigo vrios profissionais da imprensa capixaba. J dentro do crcere, alm de no conseguir mudar o intento dos presos quanto rebelio, o secretrio e os que o acompanhavam foram feitos refns dos presidirios amotinados. A situao s foi resolvida aps um grupo de detentos, insatisfeitos e contrrios rebelio, terem matado a liderana rebelde.O caso em apreciao um exemplo da falta de autonomia da polcia para ditar as regras a serem seguidas nos momentos de crise. Mesmo com a existncia de legislao e princpios administrativos controladores do servio pblico, o policial brasileiro se v envolvido em desmandos de pessoas que agem por ingenuidade poltica ou porque almejam simplesmente destaque na mdia.A ImprensaO papel da imprensa, nos dias atuais, informar a populao de todos os problemas que afligem a sociedade. Instrumento de utilidade pblica, ela cumpre relevante papel social: torna o cidado consciente de seus direitos voltados para a consolidao de sua cidadania. Providncias que deveriam ser tomadas to logo fossem requeridas, so levadas a efeitos pelas autoridades governamentais somente ao se sentirem amedrontadas com o desgaste possvel de acontecer em relao as suas imagens polticas, em razo de denncias veiculadas pela imprensa.Devido ao carter informativo da atividade dos profissionais de imprensa, torna-se importante que a polcia, diante de uma ocorrncia com refns, busque uma maior aproximao com os reprteres, com informaes detalhadas sobre suas atividades, sua organizao e suas dificuldades. Essa aproximao permitir que os jornalistas vejam as aes dos policiais, sem a atitude premeditada de s criticar negativamente, com total nfase das falhas.A mdia, no Brasil, na busca de ganhar pblico, valoriza demais as ocorrncias com refns, com criao de mitos, como o protagonista de uma das mais longas crises, em que o criminoso Leonardo Pareja foi destacado por diversos jornais e revistas brasileiras, por ser uma pessoa inteligente e possuidor de um nvel de raciocnio muito acima da capacidade dos policiais.Em uma ocorrncia, em 1996, no Centro Penitencirio Agroindustrial de Gois, com envolvimento do mesmo criminoso, uma revista, talvez o informativo de maior vendagem no Brasil, publicou em sua capa o seguinte ttulo: "Os otrios", em uma linha, e "Como Leonardo Pareja fez a Polcia de Boba", em outra linha. Essa explorao inadequada por parte da mdia denigre a imagem do rgo policial e superprojeta o infrator, motivao, inclusive, para outros seguirem o mesmo caminho, rumo criminalidade.A ImprensaEm relao imprensa, tambm se deve considerar que a exposio das imagens negativas perante a opinio pblica abala, profundamente, a credibilidade do rgo policial. Isso refora a idia de que as polcias no podem se eximir do processo de aprimorar o conhecimento das tcnicas de gesto das ocorrncias com refns.Nesse tipo de situao, a polcia no pode e no deve proibir os reprteres do exerccio de suas atividades. Entretanto, deve trabalhar no sentido de limitar o campo de atuao desses profissionais. Tal comportamento necessrio, pois existe ocomprometimento da integridade fsica dos mesmos, bem como imagens e assunto que devem ser mantidos em absoluto sigilo, para no haver qualquer suspeita quanto ao da polcia. Conseguir estabelecer esse limite uma dificuldade existente no Teatro de operaes, visto que no so raros os profissionais de imprensa que, no af de obter uma melhor imagem, tentam burlar os limites estabelecidos.Cabe ao comandante do Teatro de operaes disponibilizar as informaes necessrias imprensa, atravs de seu representante previamente designado, com indicao de um local adequado para o desenvolvimento de suas atividades, em perfeita segurana.Saiba mais . . .As aes da polcia so acompanhadas bem de perto pela mdia, que poder potencializar de maneira bastante importante um desfecho desastroso ou deixar dvidas quanto atuao do grupo destacado para soluo dos problemas de transgresses da lei, por isso, deve-se agir com habilidade, sem mentiras e restries de informaes.Os policiais precisam ser instrudos no sentido de eliminar conflito com os profissionais da imprensa, porque estes se fazem presentes para cobertura do evento e repasse do desenrolar dos fatos sociedade. necessria a orientao de que a polcia e a imprensa devem trabalhar em comum acordo. Cada um integrante de ambos os lados no pode desconhecer a funo do outro, de modo que os interesses profissionais no sobrepujem e no prejudiquem os interesses sociais.

Mdulo 4 - As fases do Gerenciamento de Crises"O maior erro que se pode cometer na vida o medo constante de cometer erros."Elbert G. HubbardNesse mdulo voc ver como a doutrina do gerenciamento de crises se dispe para oferecer subsdios organizacionais s policias, pois, conforme o seu prprio conceito indica, gerenciamento um processo que visa o modo de aplicao de recursos na antecipao, preveno e resoluo de uma crise.Segundo Nugoli (2002), um sistema de administrao de incidentes que proporciona ao gerente responsvel, um mtodo lgico e eficaz para a preparao e emprego de seus recursos numa confrontao.Voc deve se lembrar que ele pode ser descrito, tambm, como uma metodologia, que se utiliza, muitas vezes, de uma seqncia lgica para resolver problemas que so fundamentados em possibilidades. Deve-se observar que o gerenciamento de crises no uma cincia exata, pois cada crise apresenta caractersticas exclusivas, exigindo solues particulares, que demandam uma cuidadosa anlise e reflexo.Ao final do estudo deste mdulo, voc ser capaz de: Enumerar as fases do gerenciamento de crise; Caracterizar cada uma das fases.BASSET (apud MONTEIRO, 1994, p.22), da Academia Nacional do FBI, visualiza o fenmeno da crise em quatro fases cronologicamente distintas, as quais ele denomina de fases de confrontao.Essas fases so as seguintes:I Pr-confrontaoII Resposta imediataIII Plano especficoIV ResoluoRecentemente, alguns estudiosos do gerenciamento de crises esto entendendo que as aes tomadas, aps o trmino de um evento crtico, que funcionam como feedback para substanciar o reincio do ciclo, denominam-se:V Ps-confrontao

Aula 1 - A pr-confrontao e a resposta imediata

Fase 1 - Pr-confrontao ou preparo a fase que antecede ecloso de um evento crtico. Durante essa fase, a instituio policial se prepara, administrativamente, em relao logstica, operacionalmente atravs de instrues e operaes simuladas, planejando-se para que possa atender qualquer crise que vier acontecer na sua esfera de competncia.No planejamento devem ser considerados como pontos mais importantes: a aquisio de material especializado; seleo de efetivo; treinamento de todos os elementos envolvidos cabendo tambm a difuso doutrinria; elaborao de estudos de casos; e roteiros de gerenciamento.Saiba mais...A pr-confrontao, contudo, no se resume apenas ao preparo e ao aprestamento da organizao policial para o enfrentamento das crises. Ela engloba tambm um trabalho preventivo. Esse trabalho compreende aes de antecipao e de preveno. A antecipao consiste na identificao de situaes especficas que apresentem potencial de crise e a subseqente adoo de contramedidas que visem neutralizar, conter ou abortar tais processos.J a preveno um trabalho mais genrico, realizado com o objetivo de evitar ou dificultar a ocorrncia de um evento crtico ainda no identificado, mas que se apresenta de uma forma puramente potencial. (MONTEIRO, 1994, p. 24).

Fase 1 - Pr-confrontao ou preparoA fase da pr-confrontao foi dividida em tpicos para uma melhor compreenso de sua dimenso, mas eles no se apresentam em ordem cronolgica e so aes que devem ser adotadas concomitantemente, formando a fase da pr-confrontao.Aquisio de equipamentos/materiaisA aquisio de viaturas especializadas para ocorrncias de alta complexidade, de equipamentos de comunicao - neste caso at de escuta telefnica - equipamentos de proteo individual para os policiais e outros agentes envolvidos, enquadram-se neste tpico. Os profissionais diretamente responsveis pela gerncia de crise, em determinada organizao policial, devero nesta fase de pr-confrontao procurar novos equipamentos e materiais que possam auxili-los na reduo de tempo para resoluo da crise e, at mesmo, que possam fundament-los no processo de tomada de deciso com escopo de observar os princpios do uso progressivo da fora.Seleo de efetivoMonteiro (1994), define que as organizaes policiais costumam responder mediante duas abordagens bsicas de gerenciamento:a. Abordagem ad hoc ou casusticaA abordagem ad hoc ou casustica consiste em reagir aos eventos crticos mediante uma mobilizao de caso a caso, enquanto que a abordagem permanente ou de comisso adota a praxe de manter um grupo de pessoas previamente designado, o qual acionado to logo se verifique uma crise.Nesta abordagem corre-se o risco de haver problemas de entrosamento e eficincia, da no localizao de autoridades, bem como da falta de estabelecimento de uma unidade de comando.b. Abordagem permanente ou de comissoNa abordagem permanente, alm de possibilitar o entrosamento entre os participantes, mostra-se eficiente na definio do papel de cada um dos componentes do grupo de gerenciamento. Nessa abordagem que se torna necessria a seleo criteriosa do efetivo policial, da definio de quais autoridades pblicas devero operar, em conjunto, com o rgo policial, bem como os seus papis.Sendo assim, recomenda-se que todas as instituies policiais disponham de uma entidade ou grupo colegiado designado para uma resposta a crises, o qual ser acionado to logo ocorra um evento crtico, como tambm tenham uma unidade com policiais especialmente treinados para responder a crises (MONTEIRO, 1994). So exemplos desses grupos o GATE-PMESP, BOE-BMRS, BOPE-PMDF, BOPE-PMERJ, BME- PMES, GATE-PMMG, COT-DPF.TreinamentoOutro fator crucial na fase da pr-confrontao a regularidade do treinamento que deve ser realizado, em conjunto, com todas as pessoas com responsabilidades afins ao gerenciamento de crises participando com o escopo de garantir a aquisio de uma boa inter-operacionalidade quando da ocorrncia de crise.Esse preparo ou aprestamento deve abranger todos os escales da organizao policial, atravs de uma sistemtica de difuso e ensinamento dos princpios doutrinrios do gerenciamento de crises, seguidos de treinamento e ensaios que possibilitem o desenvolvimento de habilidades e aptides em trs nveis distintos, a saber, o individual, o de grupo e o de sistema. (MONTEIRO, 1994, p. 23).O trabalho de treinamento de pessoal consiste na realizao de cursos de especializao, capacitao nas funes que so relativas a uma ocorrncia de alta complexidade, tais como: negociao, entradas tticas, uso de armas menos que letais. No entanto, alm do j citado, obrigatoriamente, a organizao policial deve "incluir a realizao de ensaios e exerccios simulados que sejam, tanto quanto possvel, aproximados da realidade, proporcionando aos participantes o desenvolvimento da capacidade de decidir e de agir sob presso" (MONTEIRO, 1994, p. 24). Essas simulaes devem ser realizadas numa periodicidade proporcional sua probabilidade de ocorrer, ou seja, quanto maiores as chances de ocorrer determinada crise maior dever ser o nmero de simulaes.Estudo de casosOs estudos de caso so documentos com formato especfico que tm como objetivo relatar o fato ocorrido, as medidas adotadas pelo organismo policial, bem como a participao de elementos favorveis e os no favorveis, incluso de filmagens das ocorrncias.O estudo de caso uma ferramenta que visa manter a reciclagem, que segundo Monteiro (1994, p. 24) o "processo atravs do qual so re-estudados e atualizados os princpios gerais da doutrina, adaptando-os, quando necessrio, conjuntura vigente".Estudo de caso em Palmeira dos ndios:- apresentao de um estudo de casos: http://www.timetatico.com.br/oc.htm

Roteiro de gerenciamentoA pr-confrontao cuida tambm da elaborao de roteiro de gerenciamento, igualmente conhecido na literatura afim como "planos de segurana" ou "planos de contingncia".Neste roteiro, a organizao policial estabelece procedimentos e normas com o objetivo de proporcionar um rol padronizado de reaes aplicveis a problemas encontrados ou previstos freqentemente. A importncia da elaborao de um roteiro que todos os elementos participantes de uma crise sabero precisamente o que se espera deles quando ocorrer um incidente. Neste roteiro deve conter: Os deveres dos primeiros que se depararem com o incidente; A cadeia de comando e Unidade de comando; Notificao e reunio de pessoal; Comunicaes; Atribuies de deveres e responsabilidades; Tticas padronizadas; Como cuidar dos suspeitos e refns; e Relaes com a imprensa.Cada crise possui sua peculiaridade especfica, como exemplo, uma ocorrncia com refns localizados aps um assalto frustrado diferente de uma rebelio em presdio, portanto, para cada tipo de situao de complexidade h a necessidade de elaborao de um roteiro especfico. Embora, em carter geral, as linhas a serem seguidas j tenham sido acima citadas, devido a especificidade de cada tipo de situao, Monteiro (1994), usa o termo "sinopses de rotinas", que tm como objetivo dar a cada policial, em tpicos claros e objetivos, um resumo das tarefas que lhe couber de imediato executar, na eventualidade de uma crise. Portanto, a identificao dos problemas potenciais, tais como: rebelio em presdio, situaes que envolvam refns, instalaes ou pessoas suscetveis a aes criminosas, bem como os provveis locais em que elas acontecero, so essenciais para a elaborao dos roteiros de gerenciamento. Aps a identificao dos problemas, todas as informaes relativas a eles devem ser observadas: planta das edificaes, mapas topogrficos, rede pblica de telefonia e eltrica e dados biogrficos de refns potenciais. "Quanto mais abundantes forem as informaes, maiores as possibilidades de resolver com sucesso o problema, caso este venha a acontecer" (NUGOLI, 2002, p. 9).Fase 2 - Resposta imediata ou aoEsse tpico trata das primeiras aes a serem tomadas, imediatamente aps o incio de um incidente de alta complexidade. Os policiais de rua, nesta fase, so de extrema importncia, porque em quase cem por cento dos casos so eles que sero os primeiros a se depararem com tais ocorrncias. claro que todos os elementos participantes de uma crise estaro j participando dela, sendo convocados para comparecer. No entanto, vale ressaltar que segundo Monteiro Monteiro (1994, p. 26) "... de uma Resposta Imediata eficiente depende quase que 60% do xito da misso policial no gerenciamento de uma crise".Neste contexto, o policial de rua deve conhecer o gerenciamento de crises e saber qual sua importncia para tomar as medidas iniciais da maneira mais apropriada, de forma que possa preparar o local do teatro de operao para os responsveis diretos pelo gerenciamento. As medidas imediatas mais importantes a serem tomadas so:conter; solicitar apoio; isolar e manter contato sem concesses ou promessas.

Fase 2 - Resposta imediata ou aoAs medidas imediatas mais importantes a serem tomadas so:ConterA conteno de uma crise consiste em evitar que ela se alastre, isto , impedindo que os seqestradores aumentem o nmero de refns, ampliem a rea sob seu controle, conquistem posies mais seguras, ou melhor, guarnecidas, tenham acesso a mais armamento, vias de escape, ou seja, a conteno o impedimento do deslocamento do ponto crtico. Um exemplo de conteno foi a manuteno do perpetrador dentro do nibus por toda a ocorrncia no caso do nibus 174, acontecido no Rio de Janeiro, em 2001.Solicitar apoioSimultaneamente conteno, o primeiro policial a se deparar como uma crise deve informar a central de operaes o acontecido. Dentro do possvel ele deve informar qual o ato criminoso cometido, a quantidade de perpetradores, quantidade de armas, de refns, local exato onde se encontram melhores via de acesso ao local.IsolarA ao de isolar o ponto crtico, que se desenvolve praticamente ao mesmo tempo em que a de conter a crise, consiste em delimitar o local da ocorrncia interrompendo todo e qualquer contato dos seqestradores e dos refns (se houver) com o exterior. Limitando a entrada de alimentos, energia eltrica e contato telefnico. Os perpetradores devem ser isolados de forma que se imponha a eles a sensao de estarem completamente sozinhos. Essa ao tem como principal objetivo obter o total controle da situao pela polcia, que passa a ser o nico veculo de comunicao entre os protagonistas do evento e o mundo exterior. Tambm dentro do isolamento ser feito a evacuao das pessoas que no so envolvidas com a ocorrncia, como: transeuntes e trabalhadores do local. Aps a evacuao sero determinados os permetros interno e externo.Manter contato sem concesses e promessasEsse primeiro contato, aqui no foi chamado negociao porque necessrio que no haja concesses e promessas, pelo menos, nos primeiros contatos, e existem concesso e promessa na negociao. Isso no quer dizer que, necessariamente, a negociao ser tomada por um negociador treinado. Embora seja o indicado, ela pode ser conduzida pelo prprio policial que foi o primeiro a chegar assessorado pelo negociador ou equipe de negociao - o mais indicado. O primeiro contato o mais tenso e, pelo menos, nos quarenta e cinco primeiros minutos h uma maior probabilidade dos perpetradores ofenderem verbalmente, efetuarem disparos contra os policiais e agredirem os refns. O objetivo deste primeiro contato tentar acalmar o perpetrador, colocando-o num nvel de racionalidade considerado normal. importante que o policial de rua tenha noo de negociao policial, porque nestas situaes ele saber o que poder ou no ser concedido.Aula 2 - O plano especfico e a resoluoAnlise da situaoDada a resposta imediata, com a conteno e o isolamento da ameaa e o incio das negociaes, principia-se a fase do Plano Especfico, que aquela em que o comandante da cena de ao procura encontrar a soluo do evento crtico.Nesta fase, o papel das informaes (inteligncia) preponderante. As informaes colhidas e devidamente analisadas que vo indicar qual a soluo para a crise.Estratgias a aplicarDentro dessa classificao, aqui adaptada s contingncias de natureza legal da polcia brasileira, as aes do comandante da cena de ao durante a Resoluo estariam assim agrupadas. Dentro desse grupo estariam tarefas para a manuteno do controle da rea crtica, como: Conservar e reforar os permetros tticos, ampliando-os e adaptando-os, se necessrio, ao ttica escolhida; Alertar os elementos da patrulha dos permetros tticos para protegerem, no caso de previso de tiroteio; Providenciar, antes do incio da Resoluo, o posicionamento de ambulncias, helicpteros, pessoal mdico e paramdicos para socorro de eventuais feridos; e Providenciar, no caso de resistncia em soluo negociada, mediante fuga dos bandidos, a desobstruo do caminho, rua ou artria escolhida para a evaso do ponto crtico, a fim de evitar que algum curioso ou circunstante mais exaltado agrida os bandidos.Resoluo O plano de rendio ou resoluoO Plano de Rendio ou Resoluo a ltima fase do gerenciamento de uma crise. Nele se executa e implementa o que ficou decidido durante a fase do Plano Especfico. Vrias podem ser as solues encontradas para um evento crtico. A rendio pura e simples dos bandidos, a sada negociada, a resilincia das foras policiais, o uso de fora letal ou, at mesmo, a transferncia da crise para um outro local so alguns exemplos dessas solues. No importa qual seja a soluo adotada, ela h de ser executada ou implementada atravs de um esforo organizado que se denomina Resoluo.A resoluo se impe como uma imperiosa necessidade para que a soluo da crise ocorra exatamente como foi planejado durante a fase do Plano Especfico e sem que haja uma perda do controle da situao por parte da polcia.A crise, como evento crucial, costuma apresentar, durante todo o seu desenrolar, ciclos de perigo de maior ou menor intensidade, que variam em funo dos acontecimentos que se sucedem e, principalmente, do estado emocional das pessoas envolvidas.Caso fosse possvel traar um grfico do nvel de perigo de cada evento crtico que ocorre, verificar-se-ia que, a par da imensa variedade que existiria de caso a caso, todos eles, sem exceo, apresentariam em comum dois momentos onde o nvel de perigo atinge a gradao mais elevada: o incio da crise (os primeiros 15 e 45 minutos) e o seu final.

Mesmo nos casos em que o eplogo da crise ocorre de uma forma mais branda (como na soluo negociada, por exemplo), o nvel de perigo e tenso nos momentos finais do evento sumamente elevado. Um passo em falso, um gesto mais brusco, um rudo inesperado ou um contratempo qualquer pode ser interpretado erradamente pelos policiais ou pelos bandidos e desencadear um incidente de conseqncias imprevisveis e at fatais.Por tudo isso, a Resoluo assume um papel de suprema importncia no gerenciamento de crises, assegurando o bom xito da soluo escolhida.Durante a Resoluo, a figura do comandante da cena de ao assume um papel de vital importncia. ele o maestro responsvel pela harmnica execuo do ato final dessa complexa e trgica pera que a crise. Aes tomadas no curso da resoluo; Em casos de rendioQuando for usada a fora fetalNa volta normalidade ou fase de ps-eventoEm casos de rendio Usar de cautela. A rendio tem que ser bem orquestrada para evitar surpresas. Um movimento inesperado pode ser mal interpretado tanto pelos policiais quanto pelos bandidos e resultar numa catastrfica reao em cadeia; O Plano Especfico h de ser formulado, ensaiado e executado pelo grupo ttico.Quando for usada a fora letalIncapacitar e controlar os bandidos;Controlar os refns (se houver);Manter o ponto crtico sob controle, evitando invases de estranhos;Socorrer os refns, mantendo-os sempre escoltados;Evacuar os refns e os bandidos, mantendo esses ltimos algemados e em local seguro;Identificar com segurana todos os refns, mantendo o controle da situao at que todas as verdadeiras identidades sejam confirmadas e cuidando para que os bandidos no se faam passar por refns.Na volta normalidade ou fase de ps-evento Reunir os policiais para avaliar a situao e dar incio desmobilizao; Providenciar a remoo de armas, explosivos, munies e quaisquer outros equipamentos de segurana utilizados na operao; Realizar um ltimo "briefing" com a mdia;Desativar o PC. Sugesto de organograma do gabinete de gerenciamento de crises

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APOIO POLICIAL Concluso "A vida normalmente comparada a uma maratona, mas acho que mais como um sprint: longos perodos de trabalho rduo, pontuados por breves momentos em que temos a oportunidade de dar o nosso melhor." Michael Johnson Muito do que foi falado neste curso deve ser adaptado realidade de cada Estado e Corporao Policial. Estude, pe