Geraldo de Barros: jogo de dados + sobras Ana Mae Barbosa - 2013 -
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Geraldo de Barros: jogo de dados + sobras
Ana Mae Barbosa- 2013 -
O Sesc Vila Mariana/SP abrigou em 2013 uma exposição dedicada aos trabalhos do artista,
fotógrafo e designer paulista Geraldo de Barros (1923-1998), um dos expoentes do concretismo e da arte experimental no Brasil, com duas séries
distintas, Jogos de Dados e Sobras.
Idealizada pelo Grupo de Estudos Curatoriais na Obra de Geraldo de Barros, a exposição
pretende proporcionar o encontro do público com especialistas em sua obra, considerada uma das
mais importantes do movimento concretista brasileiro, por meio das obras apresentadas e um
ciclo de palestras.
Geraldo de Barros foi um artista versátil e de ideias pioneiras.
Entre 1946 e 1951, criou a série ‘Fotoformas’: intervenções em negativos fotográficos, os quais cortava, pintava e
perfurava, além de sobrepor imagens, explorando a abstração e a geometria.
Também nos anos 1950, foi um dos fundadores do Grupo Ruptura, marco inicial do concretismo no Brasil, movimento
que explorou a geometria, entre outras características.
Nos anos 1960, junto a outros cinco artistas, formou em São Paulo (SP) o grupo de vanguarda Rex, marcado pela
irreverência, humor e crítica ao sistema de arte. O grupo teve curta duração, mas foi de importância fundamental
para a história da arte brasileira.
A série Jogo de Dados traz 55 peças criadas seguindo os conceitos da proporção áurea, razão matemática
existente na natureza.
Têm formas geométricas variadas e são produzidas em fórmica e faz referência a processos industriais,
com uma peça principal chamada de “Pai de Todos” e outras 54 derivadas dela.
Compõem uma obra concebida nos anos 1980 no laboratório da empresa de mobiliário Hobjeto,
fundada por Barros e uma das pioneiras na produção em série de móveis com design.
Jogos de Dados presta homenagem ao concretista francês Stéphane Mallarmé (1842-1898), autor de um
famoso poema homônimo, feito em versos livres e tipografia ousada.
Com o uso de figuras geométricas e de cores, são criados efeitos de tridimensionalidade no suporte
bidimensional: o suporte é plano, mas a composição sugere profundidade e, assim, vemos cubos, os
‘dados’ do título da série.
Três painéis dessa série, datados de 1991, ficam expostos permanentemente na estação Clínicas do Metrô. Atualmente, a série pertence ao acervo do
Departamento de Artes da Unicamp.
Sobras é resultado dos experimentos fotográficos realizados na década de 1990 e criados com base em manipulações e
técnicas como recortes, montagens e colagens de negativos.
Para compor as obras, o artista utilizou acervo fotográfico pessoal, tanto artístico como familiar.
Fotomontagens resultantes da manipulação que Geraldo fez de fotos antigas. O processo consistia em riscar, pintar,
remontar, sobrepor, reinventar.
As quase 300 peças que constituem essa série serão exibidas por meio de projeções: uma delas com o conjunto completo e
a outra, em tom documental, narrando o processo de elaboração dos experimentos.