Gerações - A Mensagem do Provedor - Misericórdia de ... · O Santo Padre, nesta homilia, ......

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Gerações Edição da Santa Casa da Misericórdia de Nordeste nº 36 |Maio/Junho de 2014 | Ano 12 www.misericordiadonordeste.com Misericórdia celebra 102º Aniversário I Simpósio da Misericórdia pág. 08 pág. 18 pág. 06 Encenação Quaresmal Desfile de Carnaval

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GeraçõesEdição da Santa Casa da Misericórdia de Nordestenº 36 |Maio/Junho de 2014 | Ano 12 www.misericordiadonordeste.com

Misericórdia celebra102º Aniversário

I Simpósio da Misericórdia pág. 08pág. 18

pág. 06

Encenação Quaresmal

Desfile de Carnaval

03 Os caminhos que escolhemos

04 Peça de Museu?

05 1º Congresso das IPSS e Misericórdias da Madeira

08 I Simpósio da Misericórdia de Nordeste

12 Entrevista ao Utente

09 Deliberações da Mesa Administrativa

14 Contra a Solidão

13 Dia Mundial da Árvore e da Floresta

18 Encenação Quaresmal

06 Desfile de Carnaval

10 Adolescência, um verdadeiro desafio

16 Misericórdia celebra 102.º Aniversário

19 Tarde intergeracional

Gerações - Edição da Santa Casa da Misericórdia de Nordeste

Ano:12Edição nº: 36 Maio/Junho de 2014Direção: Dr. Eduardo de Medeiros

Colaboradores

- Eduardo de Medeiros- Agostinho Lima- Sara Nunes- Patrícia Cambóia- Tânia Arruda- Leonilda Vigário

Morada: Rua dos Clérigos, nº2, 9630 Nordeste

Telefone: 296 480 050

Fax: 296 480 059

Email: [email protected]

Design Gráfico: Milton Furtado, André Correia

Impressão: Gráfica Açoreana, Lda.

http://misericordiadonordeste.com/

www.facebook.com/MisericordiaDeNordeste

ÍNDICE

02 Gerações 36

Dr. Eduardo de MedeirosProvedor

AO NOSSO RITMO

Os caminhos que escolhemos

Na vida todos nós temos referências. Na família, na escola, nos amigos, na sociedade, no trabalho e até mesmo na televisão. Mesmo que não sejam as mais aconselháveis e duradouras, facilmente nos espelhamos e nos defrontamos e depois, mesmo sem nos apercebermos, parece que estamos a imitar, ou a repetir ou então a sonhar. A vida é também um sonho e, às vezes, também pode ser um pesadelo. Todos carregamos com um fardo, uns mais pesados, outros mais leves, uns até acabam por ficar derreados, outros infelizmente até se esfolam, se magoam, se mirram… Não sei se há destino, neste mundo em que vivemos, o certo é que cada um trilha o seu próprio caminho, pisa os seus próprios espinhos, realiza os seus sonhos ou fica apenas pelo sonho e pela ilusão. Ou então move-se pela simplicidade de coração, ou pela ambição desmedida; ou se esvai na emotividade momentânea ou então corre para a meta mais certeira. A vida é um dilema permanente. Estas divagações vêm a propósito de uma das mais recentes e interessantes intervenções do Papa Francisco, ainda antes da Páscoa, daquelas que nos ajudam a refletir, a pensar, a escutar e a parar. Para, a seguir, podermos avançar

com maior ânimo. O Papa diz que os nossos comportamentos vêm do coração; que eles podem ser verdadeiros ou falsos, que podem ser honestos ou virados para o roubo e para a corrupção, que podem ser eivados de violência e de gritaria. E, às vezes, de vingança. O Santo Padre, nesta homilia, destacou a importância de ser «manso, magnânimo e pronto para o perdão».

Parece que o perdão ainda está longe. Neste nosso mundo a tendência (a nossa tendência) é, muitas vezes, marchar, marchar e explodir enquanto mansos e humildes que deveríamos ser quase sempre prontos para a retaliação e para nos levantarmos irados e ruborizados, ameaçando em gritaria: vais pagar-me aquilo que fizeste! Parece que o perdão ainda está longe. A Páscoa é também isto. Nós, soltos, apagando atrocidades ou afagando emotividades, vamos a caminho dos calvários que aparentemente fomos escolhendo.

Gerações 36 03

O que o Papa acima refere

aplica-se não só à Igreja mas a tantas instituições...

“Este obscuro mundanismo manifesta-se em muitas atitudes, aparentemente opostas mas com a mesma pretensão de «dominar o espaço da Igreja». Em alguns, há um cuidado exibicionista da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja, mas não se preocupam que o Evangelho adquira uma real inserção no povo fiel de Deus e nas necessidades concretas da história. Assim, a vida da Igreja transforma-se numa peça de museu ou numa possessão de poucos. Noutros, o próprio mundanismo espiritual esconde-se por detrás do fascínio de poder mostrar conquistas sociais e políticas, ou numa vanglória ligada à gestão de assuntos práticos, ou numa atração pelas dinâmicas de autoestima e de realização autorreferencial.” Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do Papa Francisco,nº95Aí temos uma passagem desta estrondosa exortação do Papa Francisco. O Evangelho da Alegria. Há que lê-la, meditá-la e …agir! Nem mais! Falar do atual Papa sem conhecer o seu pensamento… não será muito curial! O que o Papa acima refere aplica-se não só à Igreja mas a tantas instituições muitas vezes dirigidas por obscuros mundanismos e com a pretensão de

dominar, como se lê no texto Papal. Mutatis mutandis, mudando o que deve ser mudado, esta exortação não deixa ninguém tranquilo! Mexe com todos, até com aqueles que julgavam estar no caminho certo. E, por este andar, todos temos de corrigir a rota. É que este Papa é uma inquietação. Podem crer!

Peça de Museu?!Pe. Agostinho Lima

OPINIÃO

Gerações 3604

Realizou-se no Funchal, a 21 e 22 de Fevereiro, o 1.º Congresso das IPSS e Misericórdias da Madeira, que contou também com a participação de Misericórdias do Continente e dos Açores incluindo a do Nordeste que esteve representada pelo Provedor Dr. Eduardo de Medeiros e pela Secretária Geral Dr.ª Sara Sousa. Naquele interessante encontro falou o conhecido docente universitário Alfredo Bruto da Costa, abordando a temática da Pobreza e suas implicações na sociedade atual. O docente universitário Jacinto Jardim para além de focar a raiz do “Pensar” e da sua envolvência, referiu na sua intervenção os seguintes aspetos:- A cultura empreendedora; - O voluntariado;- A informação e a comunicação;- O turismo social; - O trabalho em equipa;- O trabalho em rede; Outro aspeto importante abordado por aquele orador foi a questão do stress dos próprios funcionários e a sua desmotivação e a necessidade de criar espaços de “desabafo” e momentos de espiritualidade. Outro destacado orador foi o Professor Marcelo Rebelo de Sousa que prendeu a vasta assistência, realçando-se da sua intervenção:- O papel da comunicação social e a presença das Instituições;

- O papel das Escolas e da Opinião Pública;- A necessidade de se empreender a “luta contra o desperdício” Foi sugerido pelo Presidente da União das IPSS, Pe. Lino Maia, a criação de uma “ Lei de Bases da Cooperação” OS congressistas, no decorrer do fórum tiveram oportunidade de se inteirar de ações e experiências de outras Instituições e Misericórdias, na linha da inovação e do empreendedorismo e na melhoria da qualidade dos Serviços.

1.º Congresso das IPSS e Misericórdias da Madeira

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Desfile de Carnaval Na tarde do passado dia 27 de Fevereiro, os utentes da Misericórdia de Nordeste provenientes de todo o concelho e os alunos da Escola Profissional de Nordeste integraram o Desfile de Carnaval que este ano contou também com a participação da Escola Básica e Secundária de Nordeste e da Câmara Municipal com indumentária própria do tempo em que o concelho foi elevado a Vila, em 1514. Os participantes trajados de forma apropriada a assinalar os 500 anos do concelho, incluindo utentes das várias valências e alguns em cadeira de rodas, percorreram as ruas daquela Vila em ambiente de descontração e folia,

com adereços e figuras apropriadas à época, acompanhados pela Orquestra Ligeira de Nordeste que animou o cortejo com música apropriada para a época. E à boa maneira dos aniversários foi partido o bolo de aniversário do concelho, frente à Câmara, pelo Provedor da Misericórdia na presença da representação de autoridades integradas na folia do Desfile. Terminado o corso, os utentes das valências da Santa Casa de Nordeste, concentraram-se na Escola Básica e Secundária onde desfilaram e dançaram ao som de música própria do Entrudo e saborearam as tradicionais malassadas.

Gerações 3606

Gerações 36 07

A Misericórdia de Nordeste promoveu o I Simpósio “Demência de Alzheimer - A arte de cuidar”. O Simpósio contou com a participação e colaboração da Presidente da Associação Alzheimer Açores, Dr.ª Berta Couto e com destacados oradores, como o Dr. João Vasconcelos, neurologista nordestense, Diretor do Serviço de Neurologia do HDES, o neuropsicólogo, Dr. João Ribeira e a Dr.ª Isabel Condessa ambos docentes da Universidade dos Açores. Após as intervenções dos oradores, em três painéis, seguiu-se uma mesa redonda que contou com testemunhos emotivos de cuidadores familiares e profissionais que prenderam a atenção da plateia e de um debate muito participado com questões e comentários relacionados com o tema do simpósio, de grande atualidade e premência. O momento de animação do dia ficou a cargo do “Grupo Coral Vozes ao Entardecer” do Programa Aprendizagem ao Longo da Vida da Universidade dos Açores, que de forma

graciosa aceitaram integrar o programa do Simpósio. O evento terminou com a Sessão de Encerramento, presidida pelo Provedor da Misericórdia de Nordeste, Dr. Eduardo de Medeiros, que na sua intervenção se congratulou pela iniciativa que trouxe ao Nordeste cerca de 200 participantes oriundos de toda a ilha, tendo realçado o trabalho de grande mérito realizado pela equipa técnica da Instituição.

I Simpósio da Misericórdia de Nordeste

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- Tomou conhecimento do documento datado de onze de Fevereiro do corrente ano, do ISSA, relativo à homologação dos Corpos Gerentes da Santa Casa da Misericórdia de Nordeste para o triénio 2014-2016.

- Tomou conhecimemto da reunião, entre a Enfermeira Ana Rita Diogo, representante do ISSA, a Equipa de Enfermagem desta Santa Casa e a Dr.ª Ana Duarte, solicitada pela coordenadora da Estrutura da missão de Rede de Cuidados Continuados Integrados da Região Autónoma dos Açores, Dra. Margarida Moura, com o intuito de proceder à avaliação da capacidade instalada da Rede de Cuidados Continuados na mesma região e articular com esta Santa Casa, enquanto entidade com competência na área dos cuidados continuados, solicitando, para o efeito, dados aos Técnicos acima referidos. - A Mesa Administrativa deliberou, por uanimidade, autorizar a prestação dos

serviços da PESTKIL, nas instalações da Casa de Trabalho.

- Tomou conhecimento do oficio datado a vinte e dois de Abril do corrente ano no qual o Presidente da Junta de Freguesia de Salga, Sr. Armando Vicente, informa que aquela entidade irá proceder à compra de um aparelho para medir a tensão arterial dos idosos e oferece-lo à Santa Casa da Misericórdia de Nordeste. A Mesa Administrativa deliberou, por unanimidade, agradecer ,muito reconhecida aquela colaboração.

- A Mesa Administrativa deliberou, autorizar a reparação de camas articuladas e elétricas do Lar de Idosos desta Santa Casa, pelo valor do orçamento apresentado pela empresa AçorMédica.

-A Mesa Administrativa tomou conhecimento e deliberou homologar as notações dos funcionários dos diversos setores da Misericórdia.

Deliberações da Mesa Administrativa

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Dr.ª Patrícia CambóiaTéc. Sup. de Animação Socioeducativa

A adolescência é o período de transição entre a infância e a idade adulta, caraterizada por impulsos do desenvolvimento físico, mental, emocional, sexual e social e por esforços do indivíduo para alcançar os objetivos relacionados com as expectativas culturais da sociedade em que está inserido. A adolescência inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e termina quando o indivíduo a consolidar o seu crescimento e a sua personalidade, obtendo, progressivamente, a sua independência económica, além da integração no seu grupo social. Este período normalmente carateriza-se como sendo uma fase do desenvolvimento humano significativamente difícil, quer para o adolescente, quer para os progenitores, que na maioria das vezes revelam uma certa incapacidade para compreenderem e lidarem com as alterações de comportamento dos seus filhos. Esta é uma fase em que os adolescentes procuram a sua própria identidade e que muitas vezes questionam as regras e limites impostos pelos adultos. Tudo isto, porque existe uma grande instabilidade a nível emocional e também porque a vontade que os adolescentes sentem em crescer de forma rápida impõe-se. Para os progenitores esta fase que os

filhos atravessam, torna-se um desafio dia após dia para lidarem com esta agitação de emoções e comportamentos. Ainda ontem eram crianças e entretanto cresceram e apesentam um espírito crítico acentuado, em que basicamente colocam tudo em questão. Efetivamente, a adolescência é a fase do secretismo, dos namoricos, dos diários, do isolamento, do fruto proibido, da intimidade e também dos heróis e heroínas. Para além dos referidos heróis, também os progenitores têm um papel muito significativo na construção da identidade dos seus filhos. Contudo, deve ter-se em atenção que nesta fase da adolescência a criança em nada se identifica com os modelos parentais, sendo mais habitual revoltar-se contra os mesmos, negando e rejeitando por completo o seu domínio. Realço, que embora os progenitores tenham dificuldade em lidar com esta rejeição, a mesma é necessária para que seja possível a separação da sua identidade da dos progenitores e da necessidade de começarem a sentir-se como parte integrante de um grupo social de referência. Muitas vezes a diferença de gerações também é um entrave à saudável relação entre pais e filhos. A maneira de visualizar o mundo difere, a tolerância escasseia e a diferença de pretensões entre filhos e pais leva

Adolescência, um verdadeiro desafio…

OPINIÃO

Gerações 3610

Patrícia Cambóia

a que existam mais conflitos na relação o que faz com que os comportamentos de rebeldia e oposição aumentem. Nesta fase a criança concentra-se cada vez mais em si mesma, desviando o interesse de tudo o que o rodeia. Consequentemente procura diferenciar-se de tudo, o que o leva a romper com a autoridade, seja ela exercida pelos próprios pais e até pelos seus professores. A adolescência é também muitas vezes dominada com a idade dos “porquês”, isto porque os adolescentes começam a questionar e comparar todas as tomadas de decisão dos pais. Consequentemente crescem as dificuldades de aceitar a sua autoridade e estes apresentam dificuldades em lidar com tanta instabilidade. Assim, para que haja um equilíbrio familiar os pais devem procurar respeitar o momento dos seus filhos sem impor os seus ideais. Pois, por mais que os adultos tenham ideia de como é, agora é a vez deles e é impossível impedir o seu sofrimento, para além de que a sua experiência de certeza que difere da dos progenitores. Os adolescentes consideram-se já adultos e não gostam de

dar satisfações. Mas necessitam. Então o ideal será tornar que isso surja de forma natural, sem a necessidade de pedir explicações. O importante é dar espaço para que a criança desabafe, partilhe, sem que sinta receio de ser julgado. Muitas vezes os pais tendem a aplicar castigos sem darem qualquer tipo de justificação. No entanto, o ideal será explicar as razões que os levaram a proibir determinados comportamentos, mas com ameaças, o jovem apenas obedece para não perder um benefício. Para além disso, deve também interessar-se pelo que cativa o seu filho: a linguagem que usa, as músicas e ídolos, quem são os amigos, mas sem invadir a sua privacidade. Esta individualidade deve ser respeitada. Deve estar sempre disponível para dialogarem sobre qualquer assunto, incluindo drogas, tabaco, álcool, sexo, sem qualquer tipo de constrangimento. Lembre-se que o seu filho não vai estar eternamente dentro de uma redoma, precisa de crescer e o crescimento é feito com altos e baixos. Aos pais cabe três coisas muito simples: afeto, independência e diálogo.

Mudança do Centro de Convívio da Vila

Gerações 36 11

Entrevista ao Utente

Há quanto tempo frequenta esta Instituição?Desde Agosto (9 meses).

Qual a razão de entrar para o Lar da Santa Casa?Porque estava doente e encontrava-me sozinha. Tinha uma mulher que me lavava e limpava a casa. Mas não fazia comida. E eu percebi que era melhor vir para aqui.

Que profissão exercia?Fazia trabalhos para fora, como flores de escama e de fazenda, bandeiras e quadros do Senhor Santo Cristo.

Como eram os seus dias antes de entrar para o Lar?Terminava a minha vida e depois, às 14h, ia para o convívio e estava para lá. Não fazia nada, estava muito caída.

Como se sentiu em saber que foi admitida no Lar?Senti-me bem-disposta e com vontade de vir para aqui. Acho-me feliz com este convívio. São boas para mim e eu também sou para elas.

Sentiu-se bem recebida na Instituição?Muito bem recebida. Gostei muito. As pessoas são muito alegres e boas para mim. Gosto delas. Até que nunca mais tive vontade de ir a minha casa.

Pode dizer-nos como é a rotina do seu dia-a-dia aqui no Lar?Acordo, lavo-me e depois é comer. Vou para o Centro de Dia e às vezes vou à Capela.

O que costuma fazer nos seus tempos livres?Gosto de me rir, brincar e fazer trabalhos. Faço florinhas de escama, malha, jogo às cartas e converso. Também corto e pinto e ajudo naquilo que me pedem.

Que familiares costuma receber?O meu filho, as minhas sobrinhas e algumas primas e vizinhas.

Como se sente atualmente?Sinto-me bem. Agora tenho mais energia e vontade de trabalhar.

Na sua opinião, qual o principal problema dos idosos?É não ter saúde. É porque são as nossas doenças e as dos outros, pois há pessoas que se aborrecem muito e aborrecem os outros.

Nome: Leonilda Pacheco Vigário

Idade: 91 anos

Freguesia de Origem: Salga

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Dia Mundial da Árvore e da Floresta

No 2.º dia de Primavera, a Misericórdia de Nordeste assinalou o Dia Mundial da Árvore e da Floresta. A atividade teve lugar no jardim do Lar da Instituição, onde foram proferidas algumas palavras sobre a importância da árvore e das plantas no mundo, realçando a necessidade de as conservar e cuidar para que as gerações futuras possam disfrutar de tal bem. A árvore plantada foi um “Folhado”, uma endémica, encontrada pelos primeiros povoadores da ilha e que, conjuntamente com o azevinho, o pau branco, a uva da serra, o cedro do mato e a ginja são exemplares da Floresta Laurissilva que predomina nas áreas florestais do Nordeste.

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Contra a SolidãoDr.ª Sara NunesTéc. Sup. de Psicologia

A população portuguesa, à semelhança do que se tem vindo a observar a nível mundial, encontra-se cada vez mais envelhecida. Tal é motivado, por um lado, pela tendência para o decréscimo da taxa de natalidade e, por outro, pelo aumento da esperança média de vida, devido à melhoria nas condições de vida e ao desenvolvimento das diferentes ciências, entre as quais se destacam as ciências que se ocupam da saúde. Logo, se anteriormente o objetivo consistia em aumentar a esperança média de vida, atualmente este prende-se em melhorar a qualidade de vida desta população envelhecida. A solidão, a par do declínio da saúde, tem-se revelado uma das principais problemáticas da população idosa. Quando prolongada, torna-se muito debilitante, podendo traduzir-se em sentimentos de abandono e rejeição, depressão e ressentimento, baixa autoestima, inutilidade e insignificância, ansiedade e desesperança. Não obstante, ao contrário de muitos dos problemas de saúde que caracterizam esta etapa do desenvolvimento humano, muitas vezes denominada de entardecer, a solidão tem cura e cabe à sociedade combatê-la. Até porque a integração numa rede de suporte e a socialização são medidas válidas para a preservação do seu estado de saúde, pois muitas vezes são os outros que

estimulam o idoso a cuidar da sua saúde. Para além disso, estudos têm demonstrado que os idosos aparentam adaptar-se melhor às alterações associadas ao envelhecimento quando possuem pessoas afetivamente significativas. Porém, o envelhecimento é usualmente marcado pelo estreitamento do círculo de amigos e, não raras vezes, estes são deixados ao abandono quer por familiares quer por amigos. Atualmente já existem um conjunto de respostas formais que permitem contrariar esta problemática. Os lares, quando têm em atenção todas as necessidades dos indivíduos, que incluem a realização de atividades do seu interesse e a socialização, tornam-se mais-valias no combate à solidão. No entanto, a maioria dos idosos resiste à ideia de deixar a sua casa, mesmo quando deparados com a incapacidade de realizarem as atividades de vida diárias que os permitem viver autonomamente. Assim sendo, outra medida que se tem demonstrado muito eficaz é a criação de centros de dia e de convívio, que permitem, àqueles que ainda se encontram autónomos, o convívio com os que partilham a sua geração, não implicando a sensação de perda de identidade que a integração em lares acarreta. E esta cumplicidade geracional é muito positiva, uma vez que lhes

OPINIÃO

Gerações 3614

Exmo. Sr. Director, Irmãs, e empregados:

Estamos muito gratos como sempre

cuidaram da nossa mãe. Agradecemos a

vossa comparência e as flores do funeral.

Reconhecimento, a familia de Francelina

da Estrela Sousa.

NOTA DE AGRADECIMENTO

Sara Nunes

permite identificarem-se e partilharem valores, dificuldades, receios e dúvidas e proporciona um sentimento de independência. Todavia, esta batalha não se pode cingir às respostas formais, cabe a toda a sociedade, coletivos e particulares, dar o seu contributo. O voluntariado também pode ser uma arma poderosa na extinção desta problemática. Contudo, a sociedade moderna negligencia a transmissão dos valores que habilitem o zelo dos nossos anciãos. Este é um estrato social muitas vezes olhado de cima. Deste modo, há que trabalhar na desmistificação deste paradigma. Os idosos são um recurso útil para a comunidade, há que ter em consideração a sua experiência de vida associada ao seu saber acumulado num mundo com uma realidade diferente da atual. Assim, é necessário investir na promoção do voluntariado junto desta população. Um voluntariado com duplo sentido, para o idoso e com o idoso. Cabe à comunidade prestar--se ao voluntariado junto destes, o que se

pode desvendar numa experiência muito enriquecedora, proporcionadora de bem-estar e desenvolvimento pessoal. Seja este um voluntariado formal, como a interação com uma instituição, ou informal, através de um simples bom dia acompanhado de uma conversa profunda, pois a solidão não se caracteriza pela quantidade de contatos mas sim pela qualidade dos mesmos. Conquanto, mais importante é a necessidade de se abrir espaço para os idosos fazerem voluntariado, usufruindo, assim, do seu tempo e sabedoria e contribuindo para que se sintam úteis.

Posto isto, é essencial reinserir os idosos

na sociedade e contribuir para o sentimento de

comunidade, isto é, o sentimento de pertença

a um grupo. E isto implica um contato sincero

e com qualidade entre as diferentes gerações,

pois a solidão não implica a ausência de

indivíduos, mas sim a ausência de indivíduos

com os quais se consiga estabelecer uma

relação, seja por opção dos outros ou por falta

de identificação com estes.

(Natural de Achada, Faleceu em 17/01/2014)

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Misericórdia celebra 102.º Aniversário

A Misericórdia de Nordeste comemorou em Maio o seu 102.º aniversário. O programa do Aniversário teve início com uma conferência intitulada “Humanitude”, proferida pela Doutora Amélia Martins, no Centro Municipal de Atividades Culturais a que seguiu a atuação do Grupo de Cantares de Nordeste, que animou o serão. As festividades continuaram com a celebração de uma Eucaristia Solene e Coroação, presidida pelo Reitor do Santuário do Senhor Santo Cristo dos Milagres, Mons. Augusto Cabral e concelebrada por Frei Pedro Cabral, que está a substituir o Prior da Igreja Matriz da Vila de Nordeste, pelo Pe. José Agostinho Barreiro, pároco da Achada e pelo Diácono do concelho, Dr. António Rocha. Após a Eucaristia, que foi muito participada e cantada por um coral e instrumental sob a direção da Ir. Lucília Rocha, a vasta assistência seguiu em cortejo para a sede da Misericórdia acompanha pela Orquestra Ligeira de

Nordeste, onde decorreu um almoço convívio em que foram degustadas as tradicionais sopas do Espirito Santo e o arroz doce e massa sovada típicos da época. Registou-se a presença do Vice Presidente da Câmara Municipal de Nordeste, Milton Mendonça, da representante da Junta de Freguesia local, Ana Rosa Bairos, de Irmãos da Misericórdia, Equipa Técnica e de colaboradores e amigos da Instituição.

O Provedor, Dr. Eduardo de Medeiros, na

sua intervenção, congratulou-se pela forma

elevada como decorreram as festividades,

pela alegria manifestada pelos utentes,

agradeceu a presença dos convidados, dos

sacerdotes e o empenho de todos os que

colaboraram na realização do evento.

A atividade terminou com um momento de

animação musical dinamizado por funcionários

e amigos da Instituição.

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Conferência Humanitude - Dr.ª Amélia Martins Atuação do Grupo de Cantares de Nordeste

Animação Musical

Desfile de regresso à Santa Casa

Coroação

Encenação Quaresmal A Misericórdia de Nordeste promoveu a Tarde Quaresma no Centro Municipal de Atividades Culturais, na Vila de Nordeste. Cerca de cem utentes de todo o concelho participaram no evento, que encheu por completo o auditório, que se iniciou com acolhimento, cânticos e algumas leituras apropriadas. Seguiu-se a intervenção do Padre Norberto Brum, Pároco de Santa Clara, que falou sobre os caminhos da Quaresma e o verdadeiro significado da Páscoa, com algumas exemplificações práticas alusivas ao tema e à mensagem.

A Tarde Quaresmal terminou com um momento de grande beleza, com a encenação “O Espírito do Senhor está sobre mim”, no qual participaram utentes, técnicos, funcionários e alunos da Escola Básica e Secundária de Nordeste, com narração pelo Dr. Francisco Monteiro. Com um artístico cenário e com a ternura e encanto da representação de vários figurantes que se reportavam ao tempo de Jesus, a encenação foi muito apreciada e aplaudida pelos participantes do evento.

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Tarde intergeracional No âmbito das comemorações da Semana da Criança, a Misericórdia promoveu no passado dia 4 de Junho, uma Tarde Intergeracional que juntou no Centro Cultural Pe. Manuel Raposo, em Sto António de Nordestinho, cerca de 200 utentes das diversas valências da Misericórdia. A atividade foi dinamizada pelos CATL’S,

pelo Lar de Crianças e Jovens e pelo Jardim de Infância da Instituição, que durante a tarde divertiram os idosos com canções animadas, danças e peças de teatro que possibilitaram a proximidade entre as gerações. No final da tarde foi distribuído um lanche e uma pequena lembrança preparada pelos idosos para as crianças.

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