GEORGE FRANCISCO SANTIAGO MARTIN² - Operação de ... · a obrigação de conhecer o que ......
Transcript of GEORGE FRANCISCO SANTIAGO MARTIN² - Operação de ... · a obrigação de conhecer o que ......
_____________________________________________________________________________ ¹Professora PDE da Escola Estadual Dr. João da Rocha Chueiri ² Prof. Me. Universidade Estadual do Norte Pioneiro
GEOMETRIA E LUDICIDADE: ESTABELECENDO NOVAS RELAÇÕES NO
PROCESSO DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM
ANA IVONE CONSULIN DE BARROS¹
GEORGE FRANCISCO SANTIAGO MARTIN²
RESUMO A Matemática tem se mostrado uma disciplina sem atrativos para os discentes, pois muitos costumam vê-la com repulsa e não raro fracassam em suas avaliações. Este trabalho pretende mostrar a necessidade de se mudar esse quadro. Para tal, o professor precisa conhecer bem a disciplina com a qual trabalha e planejar bem suas aulas para conquistar o interesse dos alunos. Quanto à Geometria, o que comumente se vê nas escolas é que não lhe é dada o devido valor, não recebendo do professor a necessária atenção, tornando o ensino sem atrativos, meramente de abstrações, onde os alunos têm que aprender na base da decoreba. Assim, se propõe que o professor modifique sua atuação. As aulas deverão ser atrativas para que o aluno goste daquilo que faz e sinta prazer em aprender. Nas abordagens metodológicas, o professor utilizou o trabalho em grupos e as atividades lúdicas através de jogos e brincadeiras, pois estes fazem parte da vida das crianças e adolescentes. O professor, através de suas ações pedagógicas planejadas procurará transformar suas aulas em algo que prenda a atenção, cative e ensine, ao gosto dos alunos e de acordo com a vida de hoje, reconhecendo a utilidade, o emprego e a necessidade da Geometria na vida prática.
Palavras-chaves: Geometria. Ludicidade. Aprendizagem.
INTRODUÇÃO
Sabe-se que um dos grandes desafios da educação é despertar o
gosto pela Matemática, afinal, diversos alunos a consideram uma disciplina
“chata”, de difícil compreensão e que só reprova, cabendo, então, ao professor,
mostrar a sua real importância, uma vez que os indivíduos estão em contato
com a ela constantemente, dentro e fora da sala de aula.
Este trabalho é o resultado da Implementação da Unidade Didática
direcionada para o estudo da Geometria Lúdica, tendo como público alvo
alunos do 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Dr. João da
Rocha Chueiri – EF.
Os conteúdos das aulas foram direcionados para Geometria por meio
de jogos e brincadeiras como abordagem metodológica que tem se destacado
nas atividades lúdicas e na aprendizagem da Matemática, pois trará subsídios
para os professores na Geometria e com certeza, uma aprendizagem
significativa.
O ensino dos diversos conteúdos geométricos ficou bastante esquecido
e ainda hoje continua ausente em muitas salas de aula. Muitos professores,
talvez por falta de conhecimentos específicos, deixam para ensinar a
Geometria no final do ano e acabam não trabalhando os conteúdos, ficando
estes para o ano seguinte. No próximo ano continuam deixando para o final e,
por não dar tempo novamente, acabam por ser pouco desenvolvido, o que faz
com que os alunos apresentem dificuldades e um frágil conhecimento do
assunto.
De um modo geral, a Geometria é apresentada aos discentes como
uma coletânea de nomes, teoremas e propriedades, fazendo com que eles se
esqueçam de como podem relacioná-la com o seu cotidiano. Isto é fato.
Inadmissível porque as pessoas estão mergulhadas num mundo geométrico.
Assim, o trabalho durante a Implementação foi direcionado para buscar
uma solução eficiente para o seguinte questionamento: Por que os alunos dos
anos finais do ensino fundamental apresentam dificuldades em relacionar os
conteúdos de Geometria com as situações práticas do seu dia a dia?
O educador precisa deixar de ser um mero repetidor, que só repassa
conteúdos, para transformar a sala de aula em um ambiente agradável e
atraente, onde o ensino deve tornar a aprendizagem mais interessante,
prazerosa e dinâmica, por meio de materiais didáticos manipuláveis como
jogos e brincadeiras.
Portanto, o objetivo principal a ser atingido foi o de melhorar a
qualidade da aprendizagem, propondo ações pedagógicas para levar o aluno a
relacionar os conteúdos geométricos com as situações do seu cotidiano, por
meio de atividades alternativas, onde o lúdico serviu de estratégia para
preencher essa lacuna, ocasionando uma aprendizagem efetiva.
DESENVOLVIMENTO
Ao sair do Magistério ou Universidade aqueles que optam pelo mister
de ensinar se deparam com uma grande expectativa sobre a nova profissão.
Muitos se frustram logo no início e acabam abandonando sua carreira,
outros se contentam apenas com o alcance do diploma e outros se realizam ao
entrar em uma sala de aula.
De acordo com Baccon (2011, p.35-36):
A formação do professor, tanto inicial quanto em serviço, não se completa apenas com a conquista do diploma de licenciatura. Este é apenas o primeiro passo para que o professor comece a construir sua identidade profissional. Essa identidade só se constrói no próprio contexto escolar. Portanto, a sala de aula é um espaço privilegiado na construção dos saberes docentes e na construção da identidade do professor.
Muitos dos conhecimentos adquiridos pelo professor se encontram em
livros, especializações, em cursos de formação continuada, entre outros, mas a
riqueza maior de seus conhecimentos está na sua própria e exclusiva prática
pedagógica.
Segundo Lorenzato (2010, p.9): “A sabedoria construída pela
experiência de magistério, além de insubstituível, é também necessária para
aqueles que desejam aprender, de modo significativo, a arte de ensinar”.
Cabe ao professor se manter em constante atualização, procurando
boas leituras, pesquisas, informações, cursos de formação continuada, fazendo
reflexões críticas sobre suas aulas e métodos utilizados para melhoria de sua
prática pedagógica e obter uma boa postura profissional.
Freire (2011, p.40) traz em seu texto: “É pensando criticamente a
prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”.
Refletindo sobre a citação de Freire é que se busca um ensino onde o
professor deve mostrar a beleza e o gosto pela Matemática.
Mas, a Matemática é considerada uma vilã, uma das maiores
responsáveis pelo abandono, repetência, exclusão escolar e até sentimento de
fracasso. Muitos carregam esse sentimento e passam a vida tentando escapar
da mesma e se esquecem que ela está diariamente presente nos mais
variados contextos, como a compra e venda de produtos numa feira, o cálculo
da velocidade de um automóvel numa estrada, a porcentagem do aumento do
salário, o desconto à vista, os juros cobrados num empréstimo bancário, entre
outros.
Do ponto de vista de Lorenzato (2010, p.1):
O sucesso ou o fracasso dos alunos diante da matemática depende de uma relação estabelecida desde os primeiros dias escolares entre a matemática e o aluno. Por isso, o papel que o professor desempenha é fundamental na aprendizagem dessa disciplina, e a metodologia de ensino por ele empregada é determinante para o comportamento dos alunos.
A atuação do professor é fundamental para uma aprendizagem
significativa, compreensiva e prazerosa. É preciso tirar esse tabu de que a
Matemática é chata, difícil e que somente reprova, pois a falta de compreensão
é que torna essa disciplina complicada e traz danos maléficos.
De acordo com Paraná (2008, p.48):
Pela Educação Matemática, almeja-se um ensino que possibilite aos estudantes análises, discussões, conjecturas, apropriação de conceitos e formulação de ideias. Aprende-se Matemática não somente por sua beleza ou pela consistência de suas teorias, mas para que a partir dela, o homem amplie seu conhecimento e, por conseguinte, contribua para o desenvolvimento da sociedade.
O professor é quem conduz esse caminho de aprendizagem e ele tem
a obrigação de conhecer o que vai ensinar.
Na visão de Lorenzato (2010, p.5):
[…] o professor que ensina com conhecimento conquista respeito, confiança e admiração dos alunos. Na verdade, “ensinar com conhecimento” aqui tem a conotação de que “quem não conhece não consegue ensinar”, ou então de que “ninguém ensina o que não conhece”.
O educador deve ministrar suas aulas com clareza, entusiasmo e ter
total domínio dos conteúdos (matemática) e da sua maneira de ensinar
(didática) para que seus alunos alcancem um bom rendimento escolar e essa
deverá ser a sua preocupação, pois é ele quem repassa o conhecimento e só
há ensino quando houver uma aprendizagem satisfatória.
Segundo D' Ambrosio (2010, p.84):
Ninguém poderá ser um bom professor sem dedicação, preocupação com o próximo, sem amor num sentido amplo. O professor passa para o próximo aquilo que ninguém pode tirar de alguém, que é conhecimento. Conhecimento só pode ser passado adiante por meio de uma doação. O verdadeiro professor passa o que sabe não em troca de um salário (pois, se assim fosse, melhor seria ficar calado 49 minutos!), mas somente porque quer ensinar, quer mostrar os truques e os macetes que conhece.
Às vezes, o docente não menciona informações básicas porque
desconhece o assunto a ser ensinado, fica inseguro e acaba transmitindo
somente o conteúdo encontrado no livro didático. Ele não tem o dever de saber
tudo, mas deve ir buscar o conhecimento e aperfeiçoar-se no assunto.
Ao referir-se ao conhecimento docente Lorenzato (2010, p.5) faz um
questionamento: “[...] qual matemática o professor deve conhecer? A resposta
óbvia seria: no mínimo, aquela que o professor terá que ensinar”.
Assim sendo, na busca de conhecimento, aperfeiçoamento e
atualização, o educador deve refletir sobre sua prática docente fazendo uma
retrospectiva de suas aulas, procurando verificar o que pode ser melhorado,
acrescentado ou até retirado para uma aprendizagem inovadora e construir um
ambiente onde os alunos sintam prazer e motivação por participarem.
Uma possibilidade para esta mudança é o trabalho em grupo, que traz
grandes resultados para o processo de ensino e de aprendizagem, pois a
adoção deste método de trabalho pode conciliar os mais diversos conteúdos. O
trabalho em grupo e com o grupo aprimora as relações interpessoais, pois,
segundo Alves (2001, p.97): “Grande parte das nossas vidas passamos em
interação com o outro, pois essa é uma tendência forte, natural, espontânea e
satisfatória da atividade humana”.
O trabalho em grupo melhora o ambiente dentro da sala de aula e
colabora no desenvolvimento do espírito cooperativo entre os alunos, que vão
aprendendo a produzir em equipes, deixando-os mais responsáveis para
resolverem conflitos entre seus próprios integrantes em benefício do resultado
comum.
Se os alunos começarem a ter atividades lúdicas, mas ainda se
sentirem isolados e não incluídos entre eles e não tiverem construído uma
relação de amizade e afinidades entre os colegas, bem como o envolvimento
com as atividades, tornam-se mais egocêntricos e distantes do outro. A
reciprocidade faz parte do cotidiano, ainda que de maneira imperceptível,
portanto, a troca de favores, gentilezas e conhecimentos pode ser e é muito
enriquecedora.
Assim como o viver em grupo, a Geometria faz parte da humanidade
desde quando nossos antepassados pré-históricos pintaram nas paredes das
cavernas os acontecimentos do seu cotidiano e os animais que caçavam. Eram
atos significantes para eles. A partir daí, o homem começou analisar certas
formas geométricas ao seu redor e no mundo e iniciou-se uma exploração para
seu beneficiamento próprio.
Nesse contexto, em Paraná (2008, p.55) encontramos que: “As ideias
geométricas abstraídas das formas da natureza, que aparecem tanto na vida
inanimada como na vida orgânica e nos objetos produzidos pelas diversas
culturas, influenciaram muito o desenvolvimento humano”.
O princípio da Geometria e sua aprendizagem estão na visão e no tato.
Os olhos veem, focalizam, admiram, observam e as mãos pegam, sentem,
manipulam e constroem. O par olhos/mãos se ajusta para a formação da
composição e decomposição, profundidade, medição e perspectiva e, através
deles, fazemos a leitura e o registro das formas, com isso manipulamos a
natureza ao nosso redor.
Lorenzato (2009, p.3) reconhece que: “Muitos foram os educadores
famosos que, nos últimos séculos, ressaltaram a importância do apoio visual ou
do visual-tátil como facilitador para a aprendizagem”.
A Geometria ficou muito tempo esquecida e ainda hoje o que se
observa é que continua sendo pouco desenvolvida em muitas escolas. Muitos
professores, na sua trajetória escolar, deixam seu ensino pouco enfocado,
optando para explorar seus conteúdos geométricos no final do ano letivo e
acabam não trabalhando, às vezes por falta de tempo e outras vezes porque
seu domínio é deficiente, causando nos alunos dificuldades e danos para sua
aprendizagem.
Quase sempre é apresentada de maneira abstrata, como um conjunto
de conceitos, definições, teoremas e propriedades onde os alunos precisam
memorizar e decorar formulações e se esquecem de um fator importante
dentro do estudo da Geometria que é relacioná-la com o cotidiano.
O professor deve proporcionar estratégias e fazer mudanças nos seus
conceitos geométricos para tentar suprir essa lacuna e deixar suas aulas mais
atraentes. É certo que toda mudança traz incertezas, dificuldades, pelo seu
próprio caráter de ser mudança, já que o novo traz em si certa resistência, a
preocupação e a ansiedade por ser desconhecido. Só que aqui se encaixa o
papel do professor que deseja inovar e por isso reflete e assume novas
posições.
A melhor maneira de aprender Geometria é fazendo um elo entre os
conhecimentos já absorvidos, trazidos pelos alunos, com aqueles que o
professor passará a ensinar, criando situações desafiadoras para ampliá-los e
avançá-los para novos conceitos e descobertas.
Quando a criança entra na escola, ela já vivenciou muitas situações
relacionadas à Matemática e à Geometria. Como caracteriza Lorenzato (2010,
p.24):
Felizmente, antes de atingir a idade escolar, as crianças naturalmente vivem situações de contar, juntar, tirar, medir, distribuir, repartir e lidam com diferentes formas geométricas (planas e espaciais); o
brincar, especialmente o jogo, oferece às crianças situações de convivência com números, contagem e operações aritméticas, tanto verbais como escritas; no lar, os consumos, as contas e a culinária são excelentes fontes matemáticas; a profissão dos pais, também; e, mais ainda, o exercício profissional das crianças que trabalham.
O professor deve reconhecer, explorar e aproveitar a vivência dos
alunos, pois o seu cotidiano é essencial para sua aprendizagem geométrica.
Esse aspecto é muito bem apresentado na seguinte proposição de Lorenzato
(2010, p.24):
Assim sendo, toda criança chega à escola com um saber não só matemático, um saber vivenciado e diferente do saber elaborado pela escola. Quanto a este, para que seja aprendido, deve se apoiar no saber vivenciado, pois sabemos que é adaptando os novos conhecimentos aos já adquiridos que o aluno aprende. O “aproveitar a vivência do aluno” não deve ser restrito ao início do aprendizado escolar, pois ele é válido para todo o processo de ensino.
Outro aspecto a ser aproveitado pelo professor, para tornar mais
valiosas e proveitosas suas aulas de Geometria, é introduzir o uso do lúdico
através de materiais didáticos manipuláveis como jogos e brincadeiras, para
conseguir que seus alunos participem de suas aulas com prazer, interesse e
motivação, pois eles têm muitos atrativos no mundo fora da escola e para
vencer esses obstáculos, nada melhor do que a ludicidade como instrumento
no auxílio da realização de suas inovações.
De acordo com Santos (2010, p.7):
Ensinar através do lúdico é ver como o brincar na escola pode ser diferenciado dependendo dos contextos e situações; é buscar novas formas de trabalhar as informações; é ter novos paradigmas para a educação; é deixar de lado o modismo; é atribuir sentido e significado às ações educacionais; é contextualizar as brincadeiras com a vida e com o espaço no qual os alunos se inserem. Portanto, o brincar é uma ferramenta a mais que o educador pode lançar mão para favorecer o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos, proporcionando um ambiente escolar planejado e enriquecido, que possibilite a vivência das emoções, os processos de descoberta, a curiosidade e o encantamento, os quais favorecem as bases para a construção do conhecimento.
No olhar de alguns educadores e muitos pais, as atividades lúdicas são
apenas momentos de recreação, distração e até futilidade. Há educadores que
consideram essas atividades úteis, mas não necessárias. Alguns a utilizam
quando restam alguns minutos para o término da aula, outros julgam não fazer
parte do processo de ensino e de aprendizagem e outros deixam para segundo
plano.
Nesse sentido, Santos e Cruz (2010, p.12) relatam a importância do
lúdico:
A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento.
Santos (2010) afirma que as crianças e adolescentes gostam de
brincar. Brincar é uma atividade que dá alegria e prazer e também colabora no
desenvolvimento humano. Seria impensável há anos atrás, utilizar jogos e
brincadeiras na escola, com objetivos de ensinar conteúdos e colaborar na
formação integral dos educandos. Atualmente, há novas visões a esse respeito.
Ao utilizar o lúdico, o professor proporciona além de distração e divertimento,
desperta emoções e constrói o conhecimento. Os alunos também têm prazer
na aprendizagem e mudam a opinião que possuem da escola, pois as aulas se
tornam prazerosas e atrativas. Os jogos, brinquedos e brincadeiras dão um
novo sentido ao processo de aprendizagem porque efetivam a aquisição de
conhecimento, contribuem para formar conceitos, proporcionam o domínio de
habilidades e dão um novo sentido ao processo de aprendizagem,
transformando as metodologias do ensino.
Para Dohme (2003, p.121): “Despertar o interesse no aluno requer
mais do que artifícios e argumentos. Requer uma atitude presente no
verdadeiro educador, requer amor”.
Aulas prazerosas e criativas têm uma grande aceitabilidade por parte
dos alunos, pois tudo que é novidade traz muito interesse e participação.
Kraemer (2007, p.6) menciona:
[…] as crianças e os adolescentes passam a maior parte do dia envolvidos em brincadeiras, é fácil concluir que as atividades lúdicas educativas são muito bem aceitas por eles. Esse é um dos motivos que tornam as atividades lúdicas educativas um processo de fácil aceitação e compreensão pelos alunos, transformando o ensino-aprendizagem em um ato de participação num ambiente agradável, descontraído e criativo. Nele, o senso crítico, a iniciativa e o espírito de busca são valorizados, bem como a disciplina, a cooperação e o respeito mútuo.
O educador quando faz uso do lúdico na sua proposta pedagógica
deve também fazer cuidadosamente o seu planejamento. Não deve empregar o
jogo apenas com técnica, mas com uma apropriação de conhecimento, uma
abordagem metodológica onde determina objetivos, organiza desafios e regras,
e uma forma de reflexão sobre as ações dos alunos é pedir que façam algum
relato após as brincadeiras, assim o professor poderá analisar se atingiu os
propósitos desejados. Portanto, sua organização é essencial para a conquista
de seus objetivos. Santos (2010) esclarece que não basta apenas o professor
utilizar o jogo em suas aulas simplesmente porque as crianças e adolescentes
gostam dessa atividade. Há necessidade de que seja bem planejado, dentro da
sistematização do ensino e com respaldo nas teorias contemporâneas que
existem sobre ele. Se não houver uma boa escolha e um bom planejamento
pelo professor, ele não estará realizando o seu objetivo educativo e
transformar-se-á numa simples brincadeira como as crianças e adolescentes
têm oportunidade de participar fora da escola.
Diante do exposto, pode-se afirmar que o lúdico como alternativa
metodológica é um modo facilitador de aprendizagem. O educador deve
sempre ir à busca de novos meios para tornar suas aulas mais significativas,
manter um ambiente favorável à aprendizagem e conseguir um ensino de
melhor qualidade de maneira simples e eficiente.
ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Para contemplar os objetivos propostos no início do Programa de
Desenvolvimento Educacional PDE, uma das etapas foi a Implementação
Pedagógica na Escola, que teve como objetivo melhorar a compreensão dos
alunos acerca do ensino e utilização da Geometria.
A metodologia adotada foi o trabalho em grupo, pela facilidade de
condução, pela participação e fortalecimento das relações entre os alunos, com
a utilização de materiais concretos para todas as atividades antes de sua
transcrição para o caderno na resolução de alguns problemas, realizando-se
tudo isto através de atividades lúdicas.
Esta forma de trabalho foi adotada, pois segundo Lorenzato (2009),
pesquisadores da área de Educação Matemática ressaltam que o apoio visual
e tátil tem maior propensão para facilitar a aprendizagem como um todo.
O trabalho em grupo vem de encontro aos dizeres de Vygotsky (1989)
apud Damiani (2008, p.215), “ele argumenta que as atividades realizadas em
grupo, de forma conjunta, oferecem enormes vantagens, que não estão
disponíveis em ambientes de aprendizagem individualizada”.
Em relação ao lúdico pode-se afirmar ser indispensável no processo de
ensino e de aprendizagem, pois segundo vários autores como: Santos (2010);
Dohme (2003); Alves (2001), as atividades lúdicas estão presentes na vida do
ser humano desde o início da humanidade, através do lúdico se aprende, daí
sua importância no desenvolvimento dos alunos. “O brincar por si só é um
instrumento de alegria, de diversão, de entretenimento, de práticas das
emoções e de construção do conhecimento”. (SANTOS, 2010 p.12)
Assim sendo é importante que o lúdico, o trabalho em grupo e a
utilização de materiais concretos estejam presentes na sala de aula, em
especial nas aulas de Matemática, com o conteúdo de Geometria, onde muitos
alunos têm dificuldades de assimilá-los, pois não conseguem compreender
seus princípios básicos.
O trabalho foi dividido em oito momentos, sendo que em cada
momento foram desenvolvidas várias atividades.
No primeiro momento, foi apresentado o Projeto com seus objetivos
aos alunos e estes se mostraram entusiasmados e interessados. Iniciou-se
com algumas indagações sobre os conhecimentos geométricos já adquiridos
pelos alunos das séries anteriores para avaliação dos pré-requisitos dos alunos
e da turma como um todo. Após, apresentou-se o filme “Donald no país da
Matemágica” para demonstrar que a Matemática se faz presente nas mais
variadas situações. Os alunos, em duplas, trocaram ideias e registraram o
entendimento do filme por meio de texto ou história em quadrinhos. Em
seguida, eles realizaram a leitura do texto “A Geometria” para reflexão sobre
sua origem e importância.
No segundo momento, foi utilizado texto que enfatizou a relação das
formas geométricas com o cotidiano. Os alunos demonstraram curiosidade à
medida que o assunto foi sendo apresentado.
Quando nos referimos que a Geometria se faz presente em nosso
cotidiano, pode-se inferir que sua importância em nossa vida é um fator
essencial, como exprime Lorenzato (1995, p.5), “ ‘a Geometria está em toda
parte’, desde antes de Cristo, mas é preciso conseguir enxergá-la... mesmo
não querendo, lidamos em nosso cotidiano com as ideias de paralelismo,
perpendicularismo, congruência, semelhança, proporcionalidade, medição
(comprimento, área, volume), simetria: seja pelo apoio visual (formas), seja
pelo uso no lazer, na profissão, na comunicação oral, cotidianamente estamos
envolvidos com a Geometria”.
Foram desenvolvidas também, no segundo momento, atividades com
embalagens através de brincadeiras onde os alunos tiveram a oportunidade de
relembrarem as características e classificações dos sólidos geométricos. Na
sequência, os alunos visualizaram, observaram e manipularam os sólidos
geométricos de acrílico enviados da SEED para as escolas públicas do Paraná.
Quanto ao terceiro momento, foi realizada uma gincana com
embalagens com formatos de sólidos geométricos com pontuação para cada
sólido. Em seguida, foi explicado o que é planificação e os alunos pintaram,
recortaram, montaram sólidos geométricos e identificaram vértices, faces e
arestas onde observaram a Relação de Euller. Também foram resolvidas
atividades escritas para melhor compreensão e fixação.
No quarto momento, de posse dos sólidos geométricos construídos
anteriormente, foi possível diferenciar prismas e pirâmides e para fixação foi
realizado um jogo previamente elaborado, onde os alunos se mostraram
participativos e com domínio do conteúdo. Construíram um tetraedro com
canudos e massa de modelar. A receptividade para a realização da atividade
foi excelente e os alunos demonstraram criatividade em construir outros
modelos de sólidos.
Assim, fica evidente que a exploração da Geometria contextualizada
com o cotidiano para os alunos do 8º ano é muito adequada, pois segundo
Lorenzato (1995, p.10) “[...] para os quais devem ser oferecidas oportunidades
de comparação, classificação, mediação, representação, construção,
transformação. O apoio do material didático, visual ou manipulável, ainda é
fundamental”.
No quinto momento, foram realizadas atividades com o Tangram:
leitura da lenda do Tangram, composições com o Tangram de madeira, pintura,
recorte e montagem/jogo com o Tangram tridimensional e montagem de um
painel sobre o meio ambiente. As composições foram bastante criativas e o
resultado muito satisfatório.
No sexto momento, usou-se o paralelepípedo de acrílico para
relembrar comprimento, largura e altura, e obter a noção de perímetro e área
com a sobreposição de papel quadriculado. Para melhor compreensão do
assunto foi realizada a atividade de ladrilhamento com diferentes moldes para
preenchimento de uma superfície. Utilizando elásticos, barbantes, geoplano e
papel quadriculado, criaram figuras e estimaram sua superfície por meio de
jogo. Os alunos mostraram-se atraídos pela possibilidade de construir,
movimentar e desfazer as figuras.
No sétimo e oitavo momentos, houve um grande envolvimento,
participação e apreciação dos alunos pelas atividades. Confeccionaram as
peças do pentaminó, montaram retângulo onde calcularam as áreas e os
perímetros e registraram as soluções em papel quadriculado. Foi viável a
confecção do metro quadrado utilizando-se jornal, pois os alunos puderam
visualizar 1m² em tamanho real e a partir dele verificaram medidas.
Conversaram com um engenheiro civil que lhes falou da importância da
Geometria e do uso de medidas em seu trabalho. A conversa foi bastante
produtiva e a participação satisfatória. Após, resolveram problemas
relacionados ao nosso dia a dia utilizando fórmulas para o cálculo de área para
melhor compreensão e fixação.
Ao término do trabalho foi possível observar o envolvimento dos alunos
em todas as atividades praticadas, pois foi visível a satisfação que tiveram em
construir cada material e vê-los expostos nas dependências da instituição de
ensino. Constatou-se também, a validade da inserção de um trabalho em grupo
para a realização de todas as atividades.
É possível identificar o prazer e a aprendizagem dos alunos através de
suas falas durante as atividades:
“As aulas de geometria para mim está sendo muito legal, porque
através dos jogos e das brincadeiras consigo aprender muito mais”.
“A aula de geometria traz conhecimento, aprendiz. Através das
brincadeiras a matéria fica mais gostosa de aprender, nós nos descontraímos e
aprendemos, com a aula de geometria é gostoso de aprender e não ficamos só
na aula normal”.
“Através das atividades realizadas em geometria, aprendi muitas coisas
legais, que está sendo importante, pois pode ser que quando crescer me
interesse por alguma coisa relacionada a geometria”.
Considerando as frases dos alunos é possível concordar com as
afirmações de Dohme (2003, p.82) “os jogos podem provocar o
desenvolvimento intelectual de forma direta [...]”. “[...] jogos que utilizam o
raciocínio lógico, o pensamento abstrato, rapidez de raciocínio, normalmente
são jogos onde se encontram cálculos, charadas, etc. este tipo de objetivo
pode ser combinado com atividades que requeiram ação, o que entusiasmará
mais as crianças que normalmente tem maior interesse pelas atividades
agitadas”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Perante o que foi pesquisado na fundamentação teórica, para alicerçar
este trabalho e na produção dos alunos em sala de aula, foi possível perceber
que na construção do conhecimento dos alunos em relação à Geometria o
professor deve nortear seu trabalho em atividades que sejam interessantes aos
alunos e compreensíveis para eles, por meio de jogos e brincadeiras, ou seja,
atividades que permitam aos alunos absorver os conteúdos e estarem
entusiasmados para as próximas aulas.
Diante disto, Alves (2001) citando o filósofo Jonh Dewey, apresenta
uma aprendizagem através de atividades individuais de cada aluno, onde o
jogo é o elemento iniciador do ambiente de aprendizagem, diferenciando-se
das atividades abstratas usualmente trabalhadas.
Outro ponto de grande importância é o trabalho coletivo entre os alunos
que refletem e se expressam sobre o já vivenciado, buscando soluções e
formulando novas definições que farão parte de seu cotidiano, pois conseguem
compreender os conceitos matemáticos e geométricos e a sua utilização.
Em contato com as atividades lúdicas que ensinam Geometria, os
alunos a percebem como real, presente, próxima a eles, de maneira concreta,
obtendo-se resultados positivos, que é o que vai de encontro com o raciocínio
de Hiratsuka (2006, p.59) quando expressa que “essa forma de trabalho é, no
nosso entender, a essência, o fundamento de qualquer ensino contextualizado,
já que o aspecto disciplinar deve ser destacado do mundo percebido”.
Assim, com as atividades que envolvem o lúdico, o trabalho em grupo e
os conceitos concretos, é possivelmente a maneira mais propícia para a
realização de um processo de ensino e de aprendizagem na Matemática a fim
de que os alunos possam apropriar-se dos conceitos necessários para a
compreensão de seu uso no cotidiano e não passem simplesmente por estes
conteúdos como se fossem meramente trabalhados e não aprendidos, em
razão da sua importância para todos os setores em nossa sociedade.
REFERÊNCIAS
ALVES, Eva Maria Siqueira. A ludicidade e o ensino de matemática. Papirus, Campinas, SP, 2001. BACCON, Ana Lúcia Pereira. O professor como um lugar: um modelo para análise da regência de classe. 1. ed. Curitiba: Honoris Causa, 2011. D'AMBROSIO, Ubiratan. Educação matemática: Da teoria à prática. 20. ed. Campinas: Papirus, 2010. DAMIANI, Magda Floriana. Entendendo o trabalho colaborativo em educação e revelando seus benefícios. Educar, nº 31, p. 213/230, ed. UFPR, Curitiba, 2008. Disponível em: www.scielo.br Acesso em: 07/09/2013. DOHME, Vania. Atividades lúdicas na educação: o caminho de tijolos amarelos do aprendizado. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2003.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2011. HIRATSUKA, Paulo Isamo. O lúdico na superação de dificuldades no ensino da geometria. Educação em Revista, v.7, nº1/2, p. 55-66, Marilia, 2006. KRAEMER, Maria Luiza. Lendo, brincando e aprendendo. Campinas: Autores Associados, 2007. LORENZATO, Sérgio. Por que não ensinar Geometria? A Educação Matemática em Revista – Sociedade Brasileira de Educação Matemática – SBEM, n. 4 p. 3 – 13, 1º sem. 1995.
______, Sérgio. Para aprender matemática. 3. ed. rev. Campinas: Autores Associados, 2010.
______, Sérgio. Laboratório de ensino de matemática e materiais manipuláveis. In: LORENZATO, Sérgio (org.). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. 2. ed. rev. Campinas: Autores associados, 2009. MORI, Iracema; ONAGA, Dulce Satiko. Matemática: ideias e desafios, 5ª série. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.p. 03-37. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação do. Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Matemática. Curitiba: SEED, 2008.
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O brincar na escola: Metodologia Lúdico-vivencial, coletânea de jogos, brinquedos e dinâmicas. Petrópolis: Vozes, 2010. P. 11-17.
SANTOS, Santa Marli Pires dos; CRUZ, Dulce Regina Mesquita da. O lúdico na formação do educador. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos (org.). O lúdico na formação do educador. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.