Geoprocessamento e Logística: Potencializando Resultados com o uso da Tecnologia SIG
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GEOPROCESSAMENTO APLICADO À LOGÍSTICA: POTENCIALIZA NDO RESULTADOS COM O USO DA TECNOLOGIA SIG
RAMON LEAL PESSÔA
Tecnólogo em Geoprocessamento – Graduando em Sistemas para Internet Analista SIG da Empresa Tecgeo [email protected]
THATYANA C. DIAS GUERRA Bacharel em Ciências da Computação - Mestre em Geoprocessamento
Diretora Técnica da Empresa Tecgeo [email protected]
RESUMO – Ao se observar a competitividade do mercado atual, chega-se a conclusão de que o investimento em tecnologia oferece benefícios consideráveis para a obtenção de sucesso por uma empresa. Nesse ambiente, as informações geográficas estão cada vez mais presentes. Assim, por tratar-se de uma tecnologia que surge com objetivos de produzir e analisar esse tipo de informação, o Geoprocessamento passa a ter considerável relevância para gestores de diversas áreas de empreendimentos, como por exemplo, a Logística. Dessa forma, esse texto visa discorrer sobre como o Geoprocessamento pode contribuir para a potencialização de resultados para a área de Logística. Para isso, são expostos conceitos básicos e, posteriormente, são abordadas algumas particularidades envolvidas em um projeto de Geoprocessamento aplicado à Logística.
1. INTRODUÇÃO
Com o crescimento da competitividade empresarial, torna-se cada vez mais necessário o investimento em ferramentas que propiciem melhores condições de disputa mercadológica. Além disso, ao observar a era da informação em que se vive, tem-se a conclusão de que as empresas que investem pouco em tecnologia, provavelmente serão superadas pela concorrência.
Dessa forma, os empreendimentos que priorizam a geração de informação através de tecnologia, conseguem embasar suas análises e oferecer confiabilidade para suas decisões. Nesse ambiente, o Geoprocessamento surge como uma tecnologia que objetiva prover informações importantes como suporte à gestão, essencialmente quando estas abordam o espaço geográfico.
O que é Geoprocessamento?
De acordo com Câmara ET AL (1996, p. 01) “o termo Geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento
que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento da informação geográfica”. Assim, tem-se no Geoprocessamento uma tecnologia que reúne diversas técnicas de coleta, armazenamento, processamento e análise de dados geográficos.
Nesse cenário, é importante considerar o fato de que, rotineira e inconscientemente, trabalha-se com a análise de dados geográficos, ainda que seja em uma simples consulta para localização de um endereço. Dessa maneira, várias áreas de atuação podem ser beneficiadas com o uso do Geoprocessamento, como, por exemplo, a Logística.
O que é Logística?
Segundo a Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP), principal associação mundial de
profissionais de gestão da cadeia de abastecimento, a Logística corresponde ao “Processo de planejamento, implementação e controle de procedimentos para o transporte e armazenamento de bens e serviços de maneira eficiente e efetiva, relacionando informações do ponto de origem até o de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes”.
Para se visualizar a real importância da Logística, Ballou (2001) menciona que ela é responsável por oferecer os bens e serviços certos, nos locais apropriados e nos prazos desejados, objetivando suprir as necessidades dos clientes, proporcionando o máximo de retorno financeiro para empresa.
Dessa forma, são grandes as exigências para se obter um gerenciamento logístico eficaz. Tais exigências estão basicamente relacionadas com a diminuição e cumprimento de prazos de entrega, e com a busca por metodologias que culminem na redução de custos operacionais. Entretanto, modelar todos os fatores que interferem direta e/ou indiretamente para o cumprimento de prazos e para redução de custos, tem se tornado um processo cada vez mais complexo.
Assim sendo, o desafio do gerenciamento logístico provoca uma maior necessidade de investimento em tecnologias que ofereçam um suporte confiável à gestão. Além de tudo, a utilização constante da variável espacial (localização) nas análises de logística, faz vislumbrar o imenso potencial que área possui para aplicações de Geoprocessamento. Portanto, pode-se ter a utilização do Geoprocessamento em todas as fases do Gerenciamento Logístico: Planejamento, Implementação e Gestão dos Processos de Armazenagem e Transporte.
2. GEOPROCESSAMENTO E LOGÍSTICA
Para o desenvolvimento de aplicações na área de Geoprocessamento, é encontrada uma ferramenta muito importante, responsável pelo processo de integração de vários componentes de um projeto. Tal ferramenta é conhecida como Sistema de Informações Geográficas (SIG), e se caracteriza como a grande ferramenta do Geoprocessamento.
De forma simplificada, podem-se conceber os SIG´s como sistemas automatizados usados para coletar, armazenar, analisar e manipular dados geográficos, ou seja, dados que representam objetos e fenômenos em que a localização geográfica é uma característica indispensável para as análises. (ARONOFF, 1989). Ainda, é atribuída ao SIG a responsabilidade de integração de cinco componentes básicos: Hardwares. Softwares, Metodologias, Dados Geográficos e Recursos Humanos. Portanto, é baseada na integração proporcionada pelo SIG, que estão os potenciais benefícios do Geoprocessamento para a Logística.
A Figura 1 a seguir exibe o fluxo de processos envolvidos em uma aplicação com Sistema de Informações Geográficas que culminam em informações importantes para auxiliar a tomada de decisão.
Figura 1 – Processos em uma Aplicação SIG.
2.1. POTENCIAIS APLICAÇÕES
Como citado anteriormente, pode-se utilizar o Geoprocessamento em diversas áreas e fases de um Gerenciamento Logístico. Sendo assim, cabe elencar de maneira objetiva, as potenciais aplicações propiciadas pela utilização de um SIG. Dessa forma, estão descritas no Quadro 1 abaixo, alguma das principais aplicações do SIG especificamente voltadas para Logística. Quadro 1 – Aplicações para o Gerenciamento Logístico
APLICAÇÕES PARA O GERENCIAMENTO LOGÍSTICO
Aplicações no Planejamento Logístico Aplicações no Transporte e Distribuição
o Identificação e localização de Clientes
o Identificação e localização de Centros de Distribuição
o Estudo para implementação de Novos Centros de Distribuição
o Suporte Completo ao Planejamento com Informações Geográficas
o Distribuição de Combustíveis, Bebidas e Alimentos;
o Distribuição de produtos diretamente ao consumidor (ex.: Eletrodomésticos, Móveis, etc);
o Entregas de encomendas expressas;
Além de aplicações específicas para um Gerenciamento Logístico, várias outras abordagens podem ser desenvolvidas como contribuição indireta para a Logística a partir da implementação de um SIG. Neste sentido, o Quadro 2 expõe algumas das possibilidades mais gerais.
Quadro 2 – Aplicações Gerais de SIG para Logística
APLICAÇÕES GERAIS
Controle e Manutenção de Produtos e Serviços
Aplicações Comerciais Aplicações Para Instituições Públicas
o Suporte para Identificação e Localização de Inspeções técnicas;
o Suporte para Definição de Visitas Regulares de Manutenção de Produtos.
o Delimitação de Áreas de Interesse Comercial;
o Geração de Rotas de Atendimento Comercial.
o Suporte para Definição de Rotas de Transporte Público
o Gestão da Coleta de Resíduos Sólidos
2.2. PRODUTOS E SOLUÇÕES
Para a obtenção de sucesso nas aplicações, faz-se necessária a utilização de softwares que proporcionem qualidade e segurança na manipulação e análise das informações geográficas. Neste sentido, visualiza-se no ArcGIS Desktop uma família de aplicativos que permite, qualificadamente, criar, importar, editar, analisar e publicar informações geográficas em forma de mapas.
2.2.1. ArcGIS Desktop
Produzido pela ESRI, líder mundial do mercado de Geotecnologias, o ArcGIS Desktop corresponde ao software de SIG mais completo da atualidade. Com a particularidade marcante de aliar procedimentos complexos de criação, edição e análise de dados geográficos à uma interface bastante intuitiva, o ArcGIS oferece facilidade e praticidade em sua utilização, proporcionando uma adaptação rápida dos analistas ao seu fluxo de trabalho.
Especificamente para Logística, o software ArcGIS oferece a possibilidade de criação, edição e gerenciamento de uma base de dados geográficos direcionada para o Planejamento Logístico, que permitirá a realização de várias análises que envolvem a localização geográfica. Com uma base gerada, processos como a Geocodificação de Endereços são facilmente executados. Tal Geocodificação, possibilita a identificação automática de pontos a partir da inserção dos Endereços, tornando uma ferramenta bastante útil para localização de Clientes e Centros de Distribuição.
A Figura 2 a seguir exibe algumas camadas de dados dentro do aplicativo. Nela, tem-se um conjunto de lojas identificadas e simbolizadas sobre a base viária, resultante de um processo de Geocodificação.
Além da amplitude de análises ofertadas pelo ArcGIS, tem-se ainda a possibilidade de se adicionar novas funções através de uma série de extensões, que podem ser produzidas tanto pela ESRI, como por outras organizações e/ou usuários. Extensões permitem a realização de tarefas mais específicas, como no caso da Análise de Rede Viária, possibilitada pela Extensão Network Analyst.
2.2.2. Extensão Network Analyst O ArcGIS Network Analyst é uma extensão que permite ao usuário criar, editar e analisar dados com topologia
de rede, como por exemplo, dados que representam a rede viária. A extensão oferece um amplo conteúdo de parâmetros para a modelagem da realidade viária no ambiente computacional. Dessa forma, os resultados oferecidos pelas análises realizadas dentro software, se tornam extremamente precisos e realísticos.
Poderosa ferramenta para análises de rede, a Network Analyst pode ser utilizada na execução de análises como:
Figura 2 – Localização de Lojas por Geocodificação.
• Escolha do melhor ponto (Ideal para localização de novos Centros de Distribuição); • Análise de tempo de deslocamento; • Geração de rotas ponto a ponto e ponto-multiponto; • Geração da Menor Rota; • Geração do Roteiro Mais Veloz; • Obtenção automática de roteiros para navegação; • Cálculo de Áreas de Alcance de Serviços; • Identificar o Centro de Distribuição mais próximo do Cliente; • Gerar matriz de Origem-Destino.
A Figura 3 a seguir exibe o resultado para o cálculo das Áreas de Alcance de Serviços para um conjunto de
seis armazéns. As áreas exibidas possuem um alcance de três, cinco e dez minutos de viagem sobre a rede viária.
Já a Figura 4 a seguir exibe o resultado para o cálculo da menor rota entre cinco pontos sobre uma rede viária. Além da visualização espacial da rota a ser seguida, também é exibido automaticamente o roteiro para navegação, contendo a descrição das direções a serem seguidas.
Figura 3 – Áreas de Alcance de Serviços.
2.2.3. ArcLogistics Route
Para aperfeiçoar as funcionalidades oferecidas pelo ArcGIS Desktop e a extensão Network Analyst, tem-se no ArcLogistics Route uma solução completa, específica e pronta para utilização em Logística. Seguindo o mesmo padrão do ArcGIS, o ArcLogistics também apresenta uma interface intuitiva aliada a uma utilização bastante simplificada para possibilitar a execução de análises complexas para Logística.
Resumidamente, o ArcLogistics possibilita uma gestão eficiente do sistema de distribuição logístico, modelando várias características da rede (restrições de manobra, peso, altura e etc.) para buscar a otimização de percursos a serem seguidos pela frota disponível para o atendimento dos pedidos.
Além dos atributos da rede viária, outras questões também exercem influência nas análises, e por isso também são consideradas. Questões como velocidade para realização das análises e a modelagem de um cenário mais realístico quanto possível, faz com que o programa ofereça suporte a:
• Importação e Geocodificação de Informações de Clientes
o Importação dos dados de qualquer sistema compatível com ODBC1; o Localização; o Dados da carga a ser entregue; o Janela de tempo.
1 Open Data Base Connectivity (ODBC) é um padrão para acesso a sistemas gerenciadores de bancos de dados.
Figura 4 - Rota e Roteiro Para Navegação
• Configuração Individual da Frota o Volume / Peso do Veículo; o Custo Fixo do Veículo (Aluguel); o Custo Por km Rodado; o Custo Por Entrega; o Veículo Especialista (Capacidade de Carga Especial); o Definição de Regiões de Atuação; o Limite de Tempo de Entrega Para o Veículo; o Dados do motorista.
• Distribuição de Cargas nos Veículos o Personalização dos veículos; o Especialidades (frigorifico, carga especial); o Calibração de Custos e Capacidade de Carga.
• Geração e Otimização de Rotas
o Consideração e Flexibilização de Janelas de tempo; o Capacidade dos veículos; o Restrições de trânsito e do sistema viário; o Redução de Distância; o Redução de Tempo; o Redução de Custos.
• Geração de Relatórios
o Relatórios com Roteiros para Navegação e Planilha de Entrega; o Relatório de Custos.
A Figura 5 a seguir exibe o resultado de análises executadas dentro do ArcLogistics Route.
Figura 5 – Resultado de Análises no ArcLogistics Route
3. BENEFÍCIOS DA TECNOLOGIA
Com a utilização da tecnologia apresentada, tem-se como o grande atrativo, a possibilidade da redução dos custos operacionais envolvidos nos serviços de distribuição. Com a modelagem dos aspectos envolvidos nos processos logísticos, é diretamente possibilitada a redução: das distâncias percorridas; do tempo de entrega; da frota necessária para o atendimento dos pedidos. De forma indireta, tais reduções passarão a diminuir consideravelmente os gastos com combustível e manutenção da frota, dado que estes fatores estão diretamente ligados com a distância percorrida.
Resumidamente, a otimização dos percursos de entrega, pode reduzir de 10 a 40% dos custos associados aos processos de distribuição. Além de tudo, a otimizações dos roteiros tendem a resultar em um aumento substancial na produtividade do serviço, aumentando o número de entregas por veículo.
Dessa forma, a tecnologia contribui para o aumento da qualidade dos serviços. E, ao efetuar entregas pontualmente e com qualidade, a empresa estará agregando valor ao seu produto, o que lhe dará maior competitividade em um mercado tão disputado. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o crescimento da competitividade empresarial do mundo globalizado, é notória a necessidade de se
organizar estratégias para o aumento da competitividade do empreendimento. Dessa forma, o Planejamento Logístico representa um processo essencial para o sucesso de uma empresa no mercado.
Neste sentido, percebe-se que muitas são as variáveis a serem consideradas para o gerenciamento Logístico, o que torna o processo bastante complexo e demorado, quando não se dispõe de equipamentos e tecnologias que ofereçam um suporte para a análise.
Assim, torna-se imprescindível que os gestores estejam atualizados sobre como as tecnologias podem contribuir para Planejamento Logístico, fazendo com que as empresas consigam reduzir custos e aumentar a produtividade e qualidade dos serviços, resultando na agregação de valor aos seus produtos e possibilitando melhores condições de disputa de mercado.
REFERÊNCIAS
ARONOFF, S. Geographic Information Systems. WDL Publications, Canadá, 1989.
BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, Organização e Logística Empresarial. 4ª ed. Porto Alegre: Bookmann, 2001.
CÂMARA, Gilberto. et al, Anatomia de Sistemas de Informação Geográfica. Campinas-SP: SBC, 1996.
ESRI – Environment Systems Research Institute. ArcGIS Network Analyst Tutorial. Redlands, CA - USA. 2006
MONTEIRO, Antônio Miguel; MEDEIROS, José Simeão de. Introdução a Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: INPE.
NOVAES, Antônio, G. Logística e gerenciamento da cadeia de distribuição: estratégia, operação e avaliação. Rio de Janeiro: Campus, 2001. CSCMP - Council of Supply Chain Management Professionals. Supply Chain Management Glossary and Terms. 2009. Disponível em: [http://cscmp.org/digital/glossary/glossary.asp]. Acesso em: 06 de Novembro de 2009.