Geografia | Livro 2s3-sa-east-1.amazonaws.com/sae.digital/wordpress/downloads/demon… · a Livro 2...

22
2017 Extensivo Mega Livro 2 Livro do Professor A estátua começou a ser construída pela dinastia Tang em 713, com o objetivo de que Buda ajudasse a acalmar as águas dos rios. O Grande Buda de Leshan, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1996, é uma estátua localizada nas proximidades da cidade de Leshan, no centro-sul da China. Com 71 metros de altura, é a maior estátua de Buda do mundo. Depois de alguns anos de interrupção, a construção foi retomada pelos governantes locais e finalizada em 803. Inicialmente, a estátua era protegida do sol e da chuva por uma estrutura de madeira de 13 andares, que foi destruída e saqueada pelos mongóis no final da dinastia Yuan. Geografia

Transcript of Geografia | Livro 2s3-sa-east-1.amazonaws.com/sae.digital/wordpress/downloads/demon… · a Livro 2...

A educação, em todos os sentidos, é instrumento de formação e transformação de vidas; é a ponte entre a cultura e a construção do futuro. Já nos primeiros anos a escola tem a importante missão de orientar os alunos a fazer dos sonhos a realidade, sendo o local onde eles começarão a ter consciência sobre suas

escolhas, seus talentos e sua identidade.

Por meio do aprendizado adquirido em sala de aula, o estudante constrói crenças e valores que definem e norteiam a própria vida. Ele é estimulado a descobrir o mundo, a aprofundar entendimentos e a compreender situações,

alguns dos requisitos para transformar a realidade.

A educação transformadora precisa oferecer mais do que conhecimento deve prover aos alunos autonomia para que constantemente adquiram novos saberes e façam deles competências para as vidas pessoal e profissional. Além disso, deve ensinar os jovens a viver em sociedade, respeitar a diversidade, quebrar

paradigmas e assumir responsabilidades.

O SAE Digital se compromete em contribuir na formação das pessoas para que, com os fundamentos necessários, elas sejam capazes de agir criticamente no mundo, tendo a possibilidade de se adaptar ao sistema e também transformá-lo.

2017

ExtensivoExtensivoExtensivoMega Livro 2MegaMegaLivro do Professor

A estátua começou a ser construída pela dinastia Tang em 713, com o objetivo de que Buda ajudasse a

acalmar as águas dos rios.

O Grande Buda de Leshan, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco em 1996, é uma estátua

localizada nas proximidades da cidade de Leshan, no centro-sul da China. Com 71 metros de altura, é a maior

estátua de Buda do mundo.

Depois de alguns anos de interrupção, a construção foi retomada pelos governantes locais e finalizada em 803. Inicialmente, a

estátua era protegida do sol e da chuva por uma estrutura de madeira de 13 andares, que foi destruída e saqueada pelos mongóis no

final da dinastia Yuan.

Fundação Biblioteca NacionalISBN 978-85-9505-479-0

9 7 8 8 5 9 5 0 5 4 7 9 0

Código logístico

52201 Geografi aSAE

2017

| E

xten

sivo

Meg

a |

Livr

o do

Pro

fess

or

Geog

rafia

| L

ivro

2

52201_CAPA_PVE17_2_GEO_LP.indd 1 11/01/2017 10:35:55

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

Pakhnyushchy/Shutterstock

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

606

As grandes paisagens naturais I

Florestas equatoriais e tropicais | Florestas temperadas | Florestas boreais ou de coníferas | Savanas | Campos limpos | Floresta mediterrânea

As paisagens naturais resultam de um longo processo de formação da flora e fauna ocorrida sem a intervenção humana. Essas paisagens são formadas a partir da ação conjunta e equili-brada entre localização geográfica, clima, relevo, tipos de solos e vegetação. Os produtos mais visíveis dessas inter-relações de fatores são as grandes formações vegetais existentes no planeta. No entanto, essas não são compostas apenas por algumas espé-cies de árvores e determinado tipo de vegetação, pelo contrá-rio, é possível perceber a grande biodiversidade de fauna e flora quando avaliadas detalhadamente.

A maior parte das paisagens naturais do globo terrestre já fo-ram alteradas diretamente ou indiretamente pelas ações antrópi-cas, como desmatamento para extração de madeira ou abertura de áreas agricultáveis, queimadas, instalação de áreas urbanas,

entre outras. Essas alterações afetam a paisagem como um todo e estendem os efeitos para o restante do planeta. Mudanças no ciclo de chuvas e nas temperaturas das diversas regiões do globo são algumas das consequências dessas alterações.

O clima é um dos fatores determinantes para a distribuição das paisagens naturais pelo planeta, especialmente em relação à umidade do ar, aos índices pluviométricos e à temperatura. Nesse sentido, pode-se afirmar que a temperatura e a umidade agem conjuntamente ao determinar se uma região é úmida ou seca, fria ou quente. Portanto, a variação da intensidade solar e da umidade no globo reflete na distribuição dos tipos de vegeta-ção pela superfície e da formação de grandes domínios vegetais. Observe, na comparação entre os mapas de clima e vegetação, a relação entre ambos.

SAE

DIG

ITA

L S/

A.

0 2 320 4 640 km

Escala aproximadaProjeção de Robinson

MUNDO – BIOMAS

Floresta temperada

Floresta mediterrânea

Floresta pluvial subtropicalFloresta pluvial tropical

Alta montanha

Floresta de coníferasSavanaFormações semiáridasDeserto

Estepes e pradarias

Gelo

Tundra 1:232 000 000

45º

45º

180º 135º 90º 0º 45º 135º 180º

66º32'30" Círculo Polar Antártico

66º32'30" Círculo Polar Ártico

23º27'30" Trópico de Câncer

23º27'30" Trópico de Capricórnio

OCEANOPACÍFICO

OCEANOPACÍFICO

OCEANOATLÂNTICO

OCEANOÍNDICO

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

0º Equador

Gre

enw

ich

45º 90º

¬N

S

O L

1: 83 000 0000 830 1660

SAE

DIG

ITA

L S/

A.

0° Equador

OCEANOPACÍFICO

OCEANO GLACIAL ÁRTICO

OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO

OCEANOÍNDICOOCEANO

ATLÂNTICO

23° 27' 30" Trópico de Câncer

23° 27' 30" Trópico de Capricórnio

66° 32' 30" Círculo Polar Ártico

66° 32' 30" Círculo Polar Antártico

60°

60°

30°

30°

150°120°90°60°30°150° 120° 90° 60° 30° 0°

OCEANOPACÍFICO

MUNDO – CLIMAS

0 2 500 5 000 km

Escala aproximadaProjeção de Robinson

1 : 250 000 000

Tipos de clima (adaptado da classificação de Köpen)Equatorial Mediterrâneo

Tropical Temperado

Subtropical Frio

Desértico Polar

Semiárido Frio de montanha

1: 83 000 0000 830 1660

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 606 11/01/2017 10:13:38

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

607

Como a paisagem é dinâmica e cíclica, cabe ressaltar que a vegetação também influencia nos tipos de clima, pois tem a capacidade de regular a temperatura e a umidade do local. Esse fator é importante para explicar como os casos de des-matamento influenciam nas alterações climáticas do globo.

Mesmo sendo possível identificar as grandes paisagens na-turais conforme as zonas climáticas, é importante destacar que há uma grande diversidade de espécies de flora, que va-riam de acordo com os tipos de solos, de formas de relevo e de localização. O grau de acidez, a fertilidade dos solos, a altitude do local, a posição da encosta em relação à exposição solar são alguns dos exemplos que influenciam na diversidade da flora local.

Florestas equatoriais e tropicais

As florestas equatoriais e tropicais estão situadas entre os trópicos de Câncer e Capricórnio e caracterizam-se de acor-do com a distribuição anual de pluviosidade e temperatura. Geralmente essas florestas encontram-se em áreas quentes e úmidas, como as florestas: Amazônica (América do Sul), Mata Atlântica (Brasil), do Congo (África Central).

As florestas localizadas próximas à linha equatorial são in-fluenciadas pelos elevados índices pluviométricos, bem distri-buídos ao longo do ano e por temperaturas elevadas. Devido a isso são comumente chamadas de florestas equatoriais.

Essas formações são densas, hidrófilas, com folhas verdes em todos os períodos do ano, e adaptadas às altas temperatu-ras e locais úmidos. É uma floresta muito fechada, com gran-des e largas folhas, formando uma densidade vegetal que se estende desde 80 metros de altura até vegetações arbustivas de pequeno porte.

Am

mit

Jack

/Shu

tter

stoc

k

Floresta Amazônica, exemplo de formação vegetal florestal equatorial.

Devido à densidade da floresta, torna-se uma região de difícil deslocamento, impedindo a presença de animais de grande porte. Apesar disso, apresenta uma fauna riquíssima.

Contudo, sob essa imensa formação encontra-se um solo profundo e argiloso, decorrente da decomposição química do material argiloso com uma intensa lixiviação (lavagem do solo pela água das chuvas). A exuberância da floresta é mantida graças à camada superficial do solo, onde temos um intenso processo de decomposição das plantas e dos animais mortos, formando uma camada de solo rica em matéria orgânica que

dá suporte para automanutenção da floresta. A cobertura ve-getal protege os solos das intempéries. Em locais desmatados, o processo de erosão é intensificado, tornando esse solo cada vez mais ácido e pobre.

Ainda na região intertropical do globo, são encontradas florestas que não estão tão próximas à linha do Equador, mas apresentam índices pluviométricos elevados. A Mata Atlântica é um exemplo que se estende por praticamente toda a costa leste brasileira e sofre a influência da brisa marítima, rece-bendo umidade vinda do mar. Nessas situações, esse tipo de formação vegetal é denominado de floresta tropical pluvial. Na terminologia internacional, essas formações são denomi-nadas de tropical rainforest.

Mod

fos/

Shut

ters

tock

Floresta tropical com características de evapotranspiração em Queensland, Austrália.

Florestas temperadasAs florestas temperadas são encontradas em regiões com

latitudes médias e elevadas. Desenvolvem-se sob o clima tem-perado com estações do ano bem definidas, na qual os inver-nos são intensos e os verões quentes.

Devido a fatores como latitude e continentalidade, exis-tem diferenças no interior da região temperada, principal-mente climáticas e, consequentemente, botânicas. Essas dife-rentes manifestações se enquadram em dois grandes domínios naturais florestais: as florestas decíduas temperadas e flores-tas temperadas pluviais. A seguir veremos as suas principais características.

Florestas decíduas temperadasSão florestas características de áreas de média latitude,

situadas após os trópicos de Câncer e Capricórnio. São co-mumente encontradas na porção leste da América do Norte, Oeste da Europa e em partes da Ásia e da Austrália.

Essas florestas são conhecidas como decíduas ou caduci-fólia, pois há a perda das folhas entre o outono e o inverno. Uma característica marcante desse tipo de vegetação é a mu-dança das cores das folhas durante o outono, uma forma de adaptação para enfrentar o inverno intenso. Decorrente desse processo, as folhas se decompõem e enriquecem o solo com nutrientes e matéria orgânica. Com a retenção de nutrientes nos galhos e folhas durante o inverno e com a absorção dos minerais e nutrientes dos solos, as florestas decíduas flores-cem novamente na primavera.

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 607 11/01/2017 10:13:41

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

608

Mus

koka

Sto

ck P

hoto

s/Sh

utte

rsto

c

Paisagem típica de Lookout Trail Algonquin Park, em Ontário, Canadá. Nas flo-restas decíduas temperadas, as folhas mudam de cor durante o outono devido à diminuição de energia solar e ao processo de armazenamento de nutrientes das plantas.

O clima caracteriza-se por invernos frios, verões modera-dos e chuvas bem distribuídas ao longo do ano. A proximidade do oceano e a influência de correntes marítimas são dois fato-res que contribuem para as temperaturas serem mais amenas durante o verão.

Cabe ressaltar que as florestas decíduas apresentam uma vegetação mesotérmica com formações florestais de poucas espécies arbóreas, que se agrupam com uma baixa densida-de. Nessas florestas abertas, os raios solares atingem o solo, possibilitando a formação de uma cobertura de gramíneas no andar de baixo da vegetação, ocasionando a formação de bos-que ou parque. Esse domínio natural é o mais alterado pela ação humana. De toda a mata original que recobria grande parte da Europa, dos Estados Unidos e do Canadá, o que resta são pequenas manchas preservadas.

Florestas temperadas pluviaisHá algumas florestas que estão localizadas nas regiões

temperadas e estão submetidas a elevados índices pluvio-métricos por ano, sendo, portanto, denominadas de florestas temperadas pluviais. Nessas florestas predominam as conífe-ras com folhas verdes perenes. São comumente encontradas nas áreas costeiras ao Oeste do Canadá e dos Estados Unidos, no Chile, Japão e sudeste da Austrália.

N. F

. Pho

togr

aphy

/Shu

tter

stoc

k

Florestas temperadas pluviais caracterizam-se pelas folhas largas, sempre verdes e perenes.

Florestas boreais ou de coníferasAs florestas boreais desenvolvem-se nas áreas com latitu-

des superiores a 50º Norte. Essa formação limita-se com ou-tra formação denominada Tundra. Abrange grande parte do Canadá, do Alaska (EUA), do extremo norte dos continentes da Europa e da Ásia.

Nessa região de clima frio e úmido, a vegetação é compos-ta por uma floresta uniforme que não renova suas folhagens anualmente, que são adaptadas à frequente precipitação de neve, como os pinheiros. Seu formato de cone é uma adap-tação para que a neve não se acumule nos galhos, com isso evitando que eles se quebrem.

Popo

va V

aler

iya/

Shut

ters

tock

Florestas boreais no norte da Finlândia. Essas formações vegetais se desen-volvem em regiões de altas latitudes, normalmente entre 50º e 60º Norte. São formadas por coníferas com folhas perenes e resistentes ao inverno longo e rigoroso da região.

A madeira dessas árvores é considerada mole, tendo um valor de mercado muito alto, o que ocasiona a devastação dessas florestas. Porém, podemos perceber que grandes áreas florestais são exploradas de maneira racional, com substitui-ção das árvores derrubadas por meio de reflorestamento.

A grande umidade associada às baixas temperaturas oca-siona a formação de um solo de cor clara, congelado, com profundidade média de 50 centímetros, sendo pouco favorável à agricultura.

SavanasEstão localizadas em áreas que apresentam climas com duas

estações bem definidas: uma seca e outra úmida. Em decorrên-cia disso, há meses do ano em que a quantidade de precipitação é muito baixa para sustentar uma formação florestal.

A vegetação é campestre, formada por ervas e gramíneas verdes no verão, e que ressecam no inverno devido ao pe-ríodo seco. Esparsamente encontram-se arbustos e árvores, que apresentam como características o xeromorfismo, isto é, folhas pequenas, cascas grossas, folhagens reduzidas e galhos retorcidos. Entre as árvores, destacam-se a acácia, a corticei-ra e o baobá.

A forma mais típica de savana encontra-se na África, nas zonas intermediárias entre as florestas tropicais e os desertos subtropicais. Esse ambiente aberto, com vegetação esparsa, propicia o aparecimento de animais de grande porte, como elefantes e girafas.

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 608 11/01/2017 10:13:45

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

609

JayS

i/Shu

tter

stoc

k

Paisagem da savana africana na Namíbia, no sul da África.

No entanto, há outras partes do globo cuja paisagem é definida como savana. Aproximadamente 25% do território da Austrália é coberto por savanas tropicais e temperadas. A vege-tação típica caracteriza-se por arbustos, com poucas árvores, e o clima alterna-se entre um período chuvoso e outro seco.

Nos períodos de estiagem, que ocorrem entre os meses de maio e outubro, as temperaturas são menores, o ar mais seco, e a probabilidade de incêndios florestais são maiores. O fogo é um dos fatores que limitam o crescimento e o desenvolvi-mento de árvores e vegetação na região. Nos períodos chuvo-sos, as temperaturas são mais elevadas, variando entre 30ºC e 50ºC e há a ocorrência de fortes tempestades e alagamentos.

Na América Latina, as savanas estão situadas em partes da Venezuela, da Colômbia e da Bolívia. No Brasil, temos o Cerrado brasileiro que está situado predominantemente na porção central do país, porém é possível encontrar núcleos de vegetação tipicamente do Cerrado nos domínios da Mata Atlântica e Amazônica.

Embora as condições climáticas do Cerrado brasileiro si-gam o mesmo princípio que as savanas de outras partes do mundo, principalmente em relação à alternância entre esta-ções secas e úmidas, as demais características como a varia-ção de temperatura, as condições de formação da paisagem, a biodiversidade e as características da fauna e da flora bra-sileira são diferentes. No caso brasileiro, o que limita o cres-cimento e o desenvolvimento das árvores e da vegetação é a acidez do solo. Os incêndios florestais também são frequentes e naturais nesse domínio nos períodos de estiagem, e servem para renovar a vegetação.

Campos limposEstão presentes nas zonas temperadas semiúmidas, as

quais apresentam uma estação desfavorável, ou muito seca ou muito fria. Constituem-se em uma vegetação rasteira, composta por gramíneas, por isso a denominação de campos.

A primeira grande região de campos é encontrada nas pla-nícies centrais dos Estados Unidos e no centro-sul do Canadá, onde existe uma estação do ano com baixa pluviosidade. Um solo com reduzida lixiviação e com presença de húmus favore-ce o desenvolvimento de culturas de cereais na região.

Mod

fos/

Shut

ters

tock

Vegetação de campos no Canadá, distrito de Fraser Valley.

Outra formação dos campos localiza-se na região dos pam-pas platinos, que recobre a porção central da Argentina, do Uruguai e do Brasil (parte do Rio Grande do Sul). Já na Europa Oriental, o inverno extremamente rigoroso caracteriza uma vegetação campestre chamada de estepe, vegetação herbá-cea, típica de planícies, que floresce na primavera.

A J

elle

ma/

Shut

ters

tock

A região dos pampas na Argentina é muito utilizada para o desenvolvimento da pecuária.

Nessa região, a estação quente e chuvosa favorece a ati-vidade dos microrganismos decompositores sobre o capim morto durante o inverno, formando um solo de cor escura, chamado de tchernozion, que significa “terra negra”.

Floresta mediterrâneaEssa formação vegetal é comum em regiões com verões

quentes e secos e com invernos amenos e chuvosos. Ocorre na Califórnia (Estados Unidos), parte do México, sul da Austrália, nas costas do mar mediterrâneo (sul da Europa e norte da África) e no Chile. A vegetação é composta por plantas com folhas grossas e por árvores de porte médio. Com o verão quente e seco, as plantas reduzem a evapotranspiração para manter a umidade interna e para sobreviver até o próximo período chuvoso. Além disso, essas florestas sofrem com os incêndios decorrentes da baixa umidade do ar, fazendo com que as espécies mais fracas permaneçam sempre em estágio de regeneração.

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 609 11/01/2017 10:13:49

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

610

Flor

in S

tana

/Shu

tter

stoc

k

Vegetação mediterrânea na costa do mar mediterrâneo ao sul da Europa.

Desvendado mistério das árvores que resistem a incêndios florestais

Os cientistas espanhóis Bernabé e José Moya não podiam acreditar no que estavam vendo quando se depararam

com ciprestes de pé e intactos após um incêndio que devastou 20 mil hectares de floresta

Quando o fogo destruiu uma plantação experimental em An-dilla, na província de Valência, em 2012, os pesquisadores se propuseram a desvendar o “mistério” dos ciprestes.[...]

“Assim que chegamos, percebemos que toda a vegetação ao redor, formada por carvalhos e vários tipos de pinheiros, esta-va completamente queimada. Mas apenas 1,27% dos ciprestes mediterrâneos havia queimado”, disse.

Testes de inflamabilidadeO novo estudo demonstra a resistência do cipreste-medi-

terrânico (Cupressus sempervirens) ao fogo e sugere o uso potencial dele como barreira para os incêndios devastadores que afetam a região mediterrânea. [...]

Os testes foram realizados em dois laboratórios considera-dos centros de referência em incêndio e estudo do cipreste: o do Departamento de Florestas e Gestão de Sistemas Florestais de INIA-CIFOR na Espanha, e o do Instituto para a Proteção Sustentável das Plantas, em Florença, na Itália (CNR-IPSP). [...]

UmidadeOs testes em folhas e ramos de ciprestes vivos revelaram

um elemento-chave: seu alto teor de umidade (que variou de 84% a 96%) durante o período de verão, o que faz com que eles resistam mais a uma queimada.

“O fato de essas plantas terem mais água faz com que elas apresentem uma resistência maior às chamas”, explicou Ber-nabé Moya. [...]

Resinas[...] Em espécies altamente resinosas, como os pinhos, es-

sas substâncias são cruciais para acelerar a combustão. [...]

“No caso dos ciprestes, talvez os compostos inflamáveis se-jam gaseificados gradualmente durante a fase de aumento de temperatura que precede a queima e, por isso, não partici-pam do processo de combustão.”

Da Patagônia à Califórnia[...] “É uma espécie que não tem dificuldades para crescer

em zonas de clima mediterrâneo ou temperado, como na Ca-lifórnia, no Chile ou na Argentina.”

“A primeira coisa que seria preciso fazer era terminar os estudos para determinar o grau de adaptação e de adequação dos diferentes tipos de cipreste-mediterrânico às condições locais, e depois disso, prosseguir estabelecendo parcelas ex-perimentais.”[...]

Gerações futurasA resiliência do cipreste-mediterrânico mostra para Moya

que “a natureza tem a resposta para muitos dos problemas que enfrentamos”.

Mas o estudo também aponta a necessidade de tomar me-didas urgentes. [...]

“A luta contra os incêndios é um esforço de todos. Devemos isso às florestas e às gerações futuras.”

(Disponível em: <www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/09/150901_ciprestes_misterio_incendio_rm>. Acesso em: 26 set. 2016.)

1. (UFJF) “Estende-se entre 55º e 70º de latitude norte, formando um cinturão contínuo, interrompido apenas pelos oceanos [...]. O clima rude, com verão extremamente curto de apenas 1 a 3 me-ses, durante o qual deve desenvolver-se todo o ciclo biológico, é responsável pela seleção de espécies resistentes a estas condições; assim, predominam poucas, geralmente aciculiformes, formando florestas homogêneas.”

(TROPPMAIR, H. Biogeografia e meio ambiente. Rio Claro: Grafssete, 1989. p. 118-119.)

O trecho anterior refere-se à:

a) floresta de tundras.

b) vegetação de estepes.

c) floresta de coníferas.

d) vegetação de savanas.

e) floresta pluvial de encosta.

Resposta: C

A vegetação é o reflexo das condições naturais do solo e do clima. Por esse motivo, os tipos de vegetação estão dispostos pelos continentes quanto ao modelo climático predominante, salvo algumas exceções. Na faixa compreendida pelo clima subpolar, caracterizado por baixas temperaturas, encontramos floresta aciculifoliadas, florestas que pos-suem árvores com folhas em forma de agulhas, tendo menor superfície de contato para diminuir a transpiração. Exemplo de uma floresta desse gênero pode ser a floresta de coníferas, formada por pinheiros.

2. (UFSM) Observe a figura:

40 mnível superior

30 m

20 m

10 m

0 m

nível médio

nível herbáceo

(LUCCI, E.A; MENDONÇA, C; BRANCO, A. L. Geografia geral e do Brasil: ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2005 p. 326.)

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 610 11/01/2017 10:13:50

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

611

Em relação ao perfil da vegetação mostrado na figura, é correto afirmar que caracteriza o bioma de formação vegetal do tipo:a) floresta equatorial com o dossel superior formado por árvores

de grande porte e, no nível médio, por espécies arbóreas de médio porte e epífitas.

b) savana composta por dois extratos, o arbóreo-arbustivo de caráter lenhoso e o herbáceo subarbustivo, formado pelas gramíneas e outras ervas.

c) tundra com cobertura vegetal de pequeno porte, constituída de musgos, liquens e gramíneas de ciclo vegetativo curto.

d) floresta boreal, caracterizada por uma vegetação de grande porte, relativamente homogênea, representada pela taiga.

e) vegetação mediterrânea bastante variada, com predominância de arbustos.

Resposta: AOs dosséis elevados e sua grande biodiversidade estão entre as princi-pais características das florestas equatoriais. Suas enormes copas de árvores servem de abrigo para inúmeras espécies de aves e insetos.

3. Sabe-se que a inter-relação entre as características climáticas, a localização geográfica, os tipos de solos e a vegetação resultam em grandes paisagens que carregam esses elementos embutidos em suas diversas características. Considerando essa relação, assinale a alternativa que apresenta corretamente as principais características de uma paisagem natural.a) As florestas tropicais pluviais caracterizam-se por tipos de vege-

tações caducifólias, adaptadas aos longos períodos de estiagem durante o inverno.

b) As florestas tropicais encontram-se em áreas quentes e úmidas, mas é possível encontrar vegetações adaptadas a alternância entre os períodos chuvosos com períodos de secas, como os casos dos cerrados e savanas.

c) A Mata Atlântica é um exemplo que se estende por praticamente toda a porção central do Brasil e leste da África e sofre a influência da brisa marítima do Pacífico.

d) A lixiviação é o acumulo de minerais nos solos decorrente da decomposição das folhas das árvores caducifólias das florestas boreais.

e) As savanas estão localizadas em áreas que apresentam climas com chuvas regulares e abundantes durante o ano inteiro, sem presença de períodos de estiagem.

Resposta: BOs cerrados e as savanas são tipos de vegetação comum em áreas tropicais. São formados a partir da forte relação entre relevo, clima, solos e localização geográfica.

1. (UPE – adap.) Na Europa Central e Ocidental, nas porções oriental e ocidental do Canadá e dos Estados Unidos assim como no Extremo Oriente, ocorrem paisagens fitogeográficas, que se constituem, quase sempre, por árvores caducifólias e apresentam uma baixa densidade botânica e certa homogeneidade de espécies. A qual formação vegetal estamos nos referindo?a) Savanas.

b) Florestas Tropicais.

c) Florestas Boreais.

d) Florestas Decíduas Temperadas.

e) Estepes.

Anotações:

2. (Unifor) De modo geral, pode-se considerar que no continente afri-cano, as paisagens se apresentam relativamente simétricas, ou seja, as mesmas paisagens climatobotânicas são encontradas ao norte e ao sul do Equador. Observe o esquema:

z

y

x

y

z

As letras X, Y e Z, no mapa, podem ser substituídas, respectivamente, por:a) floresta tropical – estepes – garrigues.

b) florestas decídua – savana – estepes.

c) floresta equatorial – garrigues – estepes.

d) floresta decídua – floresta tropical – maquis.

e) floresta equatorial – savana – deserto.

Anotações:

3. Observe a foto de uma paisagem natural e observe as informações do mapa a seguir:

Der

ek R

. Aud

ette

/Shu

tter

stoc

k

1

1

2

3

34

2

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 611 11/01/2017 10:13:53

GEOGRAFIA A GEOGRAFIA AGEOGRAFIA A GEOGRAFIA A

PVE1

7_3_

GEO

_A_1

0

612

A paisagem apresentada na fotografia pode ser encontrada na localidade de número:a) 1 e 4 onde há o domínio de tipos de vegetações típicas de

floresta tropical.

b) 3 e 2 onde há o predomínio de regiões extremamente áridas, com índices pluviométricos anuais nulos.

c) 2 onde há o domínio de florestas temperadas, com vegetação caducifólia.

d) 3 onde há o predomínio de Tundras.

e) onde há o predomínio de florestas mediterrâneas.

Anotações:

4. (UDESC – adap.) Numere as colunas relacionando a vegetação à sua característica.( 1 ) Floresta de Coníferas

( 2 ) Vegetação Mediterrânea

( 3 ) Savana

( ) Formação florestal típica das áreas com latitudes superiores a 50o norte. É conhecida como Taiga e predominam os pinheiros.

( ) Vegetação esparsa que possui três estratos. Um arbóreo, um arbustivo e um herbáceo. Predomina em regiões de clima mediterrâneo.

( ) Vegetação complexa que surge por influência do clima tropical, alternadamente úmido e seco. Ocorre na África e abriga animais de grande porte como leões, elefantes e girafas.

Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo.a) 2, 3, 1.

b) 1, 3, 2.

c) 1, 2, 3.

d) 3, 2, 1.

e) 3, 1, 2.

Anotações:

1. (UEPB-2011) A paisagem da foto mostra um dos biomas caracte-rizados pela presença de uma fauna de grande porte quase que dizimada pela caça esportiva praticada por milionários do primeiro mundo. Hoje, embora a matança de animais selvagens não seja mais permitida, a caça ilegal ainda é praticada na clandestinidade. Diante da postura preservacionista que se difunde por todo o mundo, este bioma se volta na atualidade para o turismo ecológico com os safáris organizados para observar os animais em seus hábitats naturais.

(Disponível em: <www.webventure.com.br/multimidia/fotos/foto_41672_2007-05-02_grande.jpg>)

Com base no texto e na ilustração é possível afirmar que esse bioma é:a) A Floresta amazônica.

b) A Savana africana.

c) A Caatinga nordestina.

d) A Taiga siberiana.

e) As Pradarias canadenses.

2. (Unicamp-2012) O mapa a seguir mostra a distribuição global do fluxo de carbono. As regiões indicadas pelos números I, II e III são, respectivamente, regiões de alta, média e baixa absorção de carbono.

(Extraído de Beer et al. Sciense, 329:834-838, 200.)

Considerando-se as referidas regiões, pode-se afirmar que os res-pectivos tipos de vegetação predominante são: a) I – Floresta Amazônica; II – Plantações; III – Floresta Temperada.

b) I – Floresta Tropical; II – Deserto; III – Floresta Temperada.

c) I – FlorestaTropical; II – Savana; III – Tundra e Taiga.

d) I – Floresta Temperada; II – Savana; III – Tundra e Taiga.

3. (CEDERJ-2015) Analise a imagem a seguir.

(Disponível em: <www.escolakids.com/public/upload/image/mapa.jpg>. Acesso em: 7 maio 2015.)

Na imagem, está assinalada de verde a área de ocorrência da se-guinte formação vegetal: a) Mata de cocais.

b) Floresta equatorial.

c) Floresta de coníferas.

d) Bosque de manguezal.

4. (Fatec-2011) Analise a seguinte descrição geral de um tipo de vegetação.Ocorre em climas estacionais com períodos frios e quentes bem marcados. As temperaturas de inverno podem chegar abaixo do ponto de congelamento. As plantas são úmidas, com estrutura e composição distintas conforme a área de ocorrência. A queda das folhas nas estações secas equilibra as plantas para que elas, transpirando menos, consigam atravessar os períodos de escassez de água. As árvores têm em geral 40-50 m de altura e possuem folhas delgadas e largas, como os plátanos. É vegetação das mais destruídas do mundo.

(CONTI, J. B. e FURLAN, S.A. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. São Paulo: Edusp, 1999. Adaptado.)

Assinale o nome do tipo de vegetação correspondente à descrição.a) Floresta tropical semiúmida.

b) Vegetação mediterrânea.

c) Floresta temperada.

d) Savana tropical.

e) Floresta boreal.

52201_MIOLO_PVE17_2_GEO_LP.indb 612 11/01/2017 10:13:53

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

imtmphoto/Shutterstock

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

8

As palavras se classificamMorfologia e classes gramaticais | Substantivo | Mesma coisa, nomes diferentes |

Flexões do substantivo | Sintagma nominal

Morfologia e classes gramaticais

Tal qual ocorre com as demais áreas do conhecimento, a linguística apresenta algumas classificações, o que facilita seu estudo e as descrições de algumas propriedades da nossa língua.

A morfologia ocupa-se do estudo estrutural e descritivo da palavra. Divide-se tradicionalmente em: morfologia le-xical e morfologia taxionômica. A morfologia lexical trata do estudo dos elementos e dos processos de formação das palavras, já estudados por você no módulo “Palavras e suas (trans)formações”. A morfologia taxionômica, cujo estudo inicia-se neste módulo, preocupa-se com a categorização das palavras, isto é, sua organização em classes, conforme algu-mas características.

Tradicionalmente, são dez as classes gramaticais.

Relembre-as.

Classes gramaticais Exemplos

Substantivo nome, coisas, risada

Artigo o, a, um

Adjetivo simples, conhecidíssima, pontuda

Numeral um, oito

Pronome daqueles, eu, essa

Verbo escuta, estou falando, saber, desenha

Advérbio mão, infelizmente, francamente

Preposição por, de, em

Conjunção mas, e, nem

Interjeição Pomba! Ah!

A classe gramatical depende do contexto. Por exemplo, amar pode ser verbo, mas, na frase “O amar é um sentimento forte”, essa palavra é substantivo.

No quadro acima, por exemplo, foi apresentada a clas-sificação tradicional das classes de palavras e os exemplos foram retirados da crônica Comunicação, transcrita a seguir. Seguimos a nomenclatura tradicional, mas ressaltamos que há vários linguistas propondo outras formas de classificação. O professor Marcos Bagno, por exemplo, resume algumas das principais discordâncias teóricas a esse respeito, observe:

Castilho, por exemplo, desde 1993 vem propondo uma classe de mostrativos que inclui palavras como o artigo o, o pronome ele e os demonstrativos tradicionais. Rodolfo Ilari e colaboradores (1991) propuseram uma classe de pro-nomes adverbiais. Azeredo (2008) não reconhece o “artigo indefinido” nem uma classe específica para os “numerais”. Já em 1985, Cunha e Cintra contestaram a existência de uma “classe de interjeições [...] em vários de seus traba-lhos, Perini (2006) argumenta que a separação entre subs-tantivos e adjetivos é problemática, preferindo incluir as duas classes numa só, a dos nominais.

(BAGNO, Marcos. Gramática Pedagógica do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola Editorial, 2012. p. 503.)

Substantivo

Para iniciar seus estudos dessa classe gramatical e reconhe-cer sua importância, leia a crônica do escritor Luis Fernando Veríssimo.

Comunicação

É importante saber o nome das coisas. Ou, pelo menos, saber comunicar o que você quer. Imagine-se entrando numa loja para comprar um... um... como é mesmo o nome?

“Posso ajudá-lo, cavalheiro?”

“Pode. Eu quero um daqueles, daqueles...”

“Pois não?”

“Um... como é mesmo o nome?”

“Sim?”

“Pomba! Um... um... Que cabeça a minha. A palavra me escapou por completo. É uma coisa simples, conhecidíssi-ma.”

“Sim senhor.”

“O senhor vai dar risada quando souber.”

“Sim senhor.”

“Olha, é pontuda, certo?”

“O que, cavalheiro?”

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 8 11/01/2017 10:58:25

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

9

(VERISSIMO, Luis. Fernando. Comunicação. In: NOVAES, Carlos Eduardo et al. Para gostar de ler: crônicas. São Paulo: Ática, 1994. v. 7. p. 35-37.)

A crônica é um gênero em que o autor traz uma refle-xão sobre alguma questão observável no cotidiano. A questão posta em discussão nesta crônica aparece na primeira frase do texto: “É importante saber o nome das coisas”. Isso é de-monstrado pela dificuldade de o cliente lembrar o nome do produto que procura.

Relacionando a questão em discussão na crônica com o título, podemos entender que não saber o nome das coisas gera problema de comunicação.

Considerando as classes gramaticais, o que nomeia as coi-sas – o que o personagem precisava lembrar para atingir o objetivo de comprar – é o substantivo. Mas ele não nomeia apenas os seres, pode também nomear uma característica do ser (substantivo abstrato).

Por exemplo na passagem “Eu não sei desenhar nem ca-sinha com fumaça saindo da chaminé. Sou uma negação em desenho”. O termo em destaque nomeia uma qualidade refe-rente ao personagem.

Substantivo é a palavra que designa os seres, coisas, lu-gares, sentimentos e ações.

O cronista chama a atenção do leitor para a necessidade de utilizarmos corretamente os nomes das coisas (ironicamen-te, os personagens não têm nomes), pois isso ajuda a dar iden-tidade a tudo o que existe. Esse nome pode ter um sentido amplo, como o substantivo “coisa” utilizado pelo cliente na falta de um substantivo com sentido mais restrito, no caso, o alfinete.

Hiperônimos e hipônimos

Hiperônimo é um termo geral que abrange e engloba o sen-tido de termos menores. Hipônimo, por sua vez, é o termo englobado, como se fizesse parte de um subconjunto do hi-perônimo. Desse modo, os hiperônimos funcionam de modo abrangente, enquanto os hipônimos funcionam como restri-ção. Em um texto, o uso da hiperonímia ou hiponímia ajuda a evitar repetições desnecessárias. Na crônica Comunicação, o personagem-cliente recorre a um hiperônimo (coisa) por não se recordar do nome do objeto que deseja. Veja, na notícia a

“Isso que eu quero. Tem uma ponta assim, entende? De-pois vem assim, assim, faz uma volta, aí vem reto de novo, e na outra ponta tem uma espécie de encaixe, entende? Na ponta tem outra volta, só que esta é mais fechada. E tem um, um... Uma espécie de, como é que se diz? De sulco. Um sulco onde encaixa a outra ponta, a pontuda, de sorte que o, a, o negócio, entende, fica fechado. É isso. Uma coisa pontuda que fecha. Entende?”

“Infelizmente, cavalheiro...”

“Ora, você sabe do que eu estou falando.”

“Estou me esforçando, mas...”

“Escuta. Acho que não podia ser mais claro. Pontudo numa ponta, certo?”

“Se o senhor diz, cavalheiro.”

“Como, se eu digo? Isso já é má vontade. Eu sei que é pontudo numa ponta. Posso não saber o nome da coisa, isso é um detalhe. Mas sei exatamente o que eu quero.”

“Sim senhor. Pontudo numa ponta.”

“Isso. Eu sabia que você compreenderia. Tem?”

“Bom, eu preciso saber mais sobre, o, a, essa coisa. Tente descrevê-la outra vez. Quem sabe o senhor desenha para nós?”

“Não. Eu não sei desenhar nem casinha com fumaça sain-do da chaminé. Sou uma negação em desenho.

“Sinto muito.”

“Não precisa sentir. Sou técnico em contabilidade, estou muito bem de vida. Não sou um débil mental. Não sei dese-nhar, só isso. E hoje, por acaso, me esqueci do nome desse raio. Mas fora isso, tudo bem. O desenho não me faz falta. Lido com números. Tenho algum problema com os números mais complicados, claro. O oito, por exemplo. Tenho que fazer um rascunho antes. Mas não sou um débil mental, como você está pensando.”

“Eu não estou pensando nada, cavalheiro.”

“Chame o gerente.”

“Não será preciso, cavalheiro. Tenho certeza de que che-garemos a um acordo. Essa coisa que o senhor quer, é feito de quê?”

“É de, sei lá. De metal.”

“Muito bem. De metal. Ela se move?”

“Bem... É mais ou menos assim. Presta atenção nas mi-nhas mãos. É assim, assim, dobra aqui e encaixa na ponta, assim.”

“Tem mais de uma peça? Já vem montado?”

“É inteiriço. Tenho quase certeza de que é inteiriço.”

“Francamente...”

“Mas é simples! Uma coisa simples. Olha: assim, assim, uma volta aqui, vem vindo, vem vindo, outra volta e cli-que, encaixa.”

“Ah, tem clique. É elétrico.”

“Não! Clique, que eu digo, é o barulho de encaixar.”

“Já sei!”

“Ótimo!”

“O senhor quer uma antena externa de televisão.”

“Não! Escuta aqui. Vamos tentar de novo...”

“Tentemos por outro lado. Para o que serve?”

“Serve assim para prender. Entende? Uma coisa pontuda que prende. Você enfia a ponta pontuda por aqui, encaixa a ponta no sulco e prende as duas partes de uma coisa.”

“Certo. Esse instrumento que o senhor procura funciona mais ou menos como um gigantesco alfinete de segurança e...”

“Mas é isso! É isso! Um alfinete de segurança!”

“Mas do jeito que o senhor descrevia parecia uma coisa enorme, cavalheiro!”

“É que eu sou meio expansivo. Me vê aí um... um... Como é mesmo o nome?”

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 9 11/01/2017 10:58:25

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

10

seguir, o emprego de hiperônimos para evitar repetição e dar mais fluidez ao texto.

Facebook ativa check-in de segurança para franceses em Nice

[...] A medida surge após um atentado com um caminhão ter deixado ao menos 30 mortos e dezenas de feridos na cidade francesa.

O “Safety Check” já foi usado pela rede social em ou-tros casos, como nos ataques de Paris (França), de Bruxelas (Bélgica) e de Istambul (Turquia).

(UOL. Facebook ativa check-in de segurança para franceses em Nice. Disponível em: <http://tecnologia.uol.com.br/noticias/

redacao/2016/07/14/facebook-ativa-check-in-de-seguranca--para-franceses-em-nice.htm>. Acesso em 17 jul. 2016.)

Para evitar a repetição de Nice, que aparece no título, o au-tor do texto utiliza o hiperônimo cidade. Facebook, também presente no título, é substituído por rede social; atentado, no primeiro parágrafo, é substituído pelo hiperônimo casos e pelo sinônimo ataques.

Mesma coisa, nomes diferentesObserve a figura a seguir e, depois, responda: que nome

damos a este alimento?

Sant

hosh

Var

ghes

e/Sh

utte

rsto

ck

Se na sua turma houver pessoas de diferentes regiões do país, é muito provável que respostas diferentes tenham sur-gido, como: mandioca, aipim, macaxeira, castelinha, maniva. Nesse caso, as palavras citadas se referem ao mesmo alimento, representado na imagem. Trata-se, portanto, de mais um caso de sinonímia relacionada a uma variação linguística lexical. Nessa situação, quando o falante emprega a palavra macaxeira, por exemplo, revela pistas sobre sua origem geográfica.

Classificação do substantivoOs substantivos podem ser classificados de acordo com

seus usos e formas, em subgrupos.

I. Comuns ou próprios

Comuns Próprios

Designam os seres de maneira geral: estado, mulher, cachorro, santo, monte.

Designam um ser individual de uma espécie: Piauí, Maria, Rex, Sebastião, Everest.

Entre os substantivos comuns, há um grupo particular de substantivos, chamados coletivos, que designam uma coleção de seres da mesma espécie.

O arquipélago japonês é ameaçado por terremotos.

(conjunto de ilhas)O céu tem oitenta e oito constelações.

(conjuntos de estrelas)A banda terminou de tocar.

(conjunto de músicos)

II. Concretos ou abstratos

Concretos Abstratos

Referem-se a seres reais ou fictí-cios, cujo significado se define em si: casa, cadeira, homem, Pedro, Deus, alma, fada, gnomo.

Referem-se a ações ou qualida-des, cujo significado deve ser associado a um ser concreto: be-leza, esperança, verdade, justiça, bondade, nudez, vontade.

III. Primitivos ou derivados

Primitivos Derivados

São aqueles que não sofreram derivação: chuva, livro, pedra, banana.

São aqueles que sofreram deriva-ção: chuveiro, livraria, pedrinha, bananeira.

IV. Simples ou compostos

Simples Compostos

São formados por um só radical: chuva, banana, prata, água.

Sofreram o processo de composi-ção: guarda-chuva, banana-prata, água-viva.

Flexões do substantivoOs substantivos podem sofrer flexões de gênero e número.

A flexão consiste na alteração de uma palavra com a inclusão de desinências (de maneira geral, desinência –a para obter a forma feminina; desinência –s, para obter a forma plural).

Flexões de gêneroQuanto ao gênero, os substantivos podem ser uniformes ou

biformes, isto é, podem ter uma forma para os dois gêneros ou uma forma para cada gênero.

Convém, antes de iniciarmos este estudo, diferenciarmos gênero gramatical de biológico (sexo). Há substantivos que não trazem em si a noção biológica de gênero. Nesse caso, o gênero é indicado pelos termos que se referem ao substanti-vo, como o artigo: a verdade, a vida, o livro, o vírus.

Substantivos biformesApresentam uma forma para cada gênero. O feminino é

formado ora pela desinência, ora por um sufixo.

menino menina

cantor cantora

papa papisa

imperador imperatriz

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 10 11/01/2017 10:58:28

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

11

HeteronímiaEm alguns casos, o substantivo feminino e o masculino

apresentam radicais diferentes, não havendo flexão, mas, sim, heteronímia: homem e mulher; genro e nora; boi e vaca; carneiro e ovelha.

Substantivos uniformesApresentam uma única forma para o feminino e para o

masculino. São tradicionalmente divididos em comuns de dois gêneros, epicenos e sobrecomuns.

Substantivo comum de dois gêneros apresenta uma única forma para os dois gêneros, distinguindo cada um deles pela presença de um determinante, como o artigo.

o/a estudante o/a jornalista

o/a chefe o/a sem-terra

o/a atleta o/a jovem

Substantivos epicenos nomeiam bichos e apresentam uma mesma forma para o masculino e para o feminino. Nesse caso, o gênero pode ser diferenciado pela presença das pala-vras macho e fêmea.

o jacaré macho o jacaré fêmea

a cobra macho a cobra fêmea

a onça macho a onça fêmea

Substantivos sobrecomuns nomeiam pessoas e apresen-tam uma mesma forma para o masculino e para o feminino.

a criança a testemunha

o algoz o cônjuge

1. Há casos em que os substantivos têm significados dife-rentes de acordo com o gênero. Observe os contextos.

A cabeça lhe doía. (parte do corpo)O cabeça do grupo foi preso. (líder, chefe)A capital estava em chamas. (cidade principal)O capital não foi suficiente. (dinheiro)A caixa estava aberta. (recipiente)O caixa estava atendendo. (atendente, cobrador)

2. Há casos de substantivos cujo gênero costuma oscilar, sobretudo na linguagem coloquial. É interessante consultar a gramática em caso de necessidade de uso da variedade pa-drão.

Alguns deles são:

Masculinos

o champanha o dó

o guaraná o lança-perfume

o soprano o gengibre

Femininos

a alface a omoplata*

a agravante a dinamite

a sentinela a cal

*escápula é um osso em formato de triângulo localizado na parte superior do tórax.

Flexões de númeroA flexão de número serve para nos indicar se o substantivo

é contado como único (singular) ou como mais de um ser (plu-ral). Geralmente o plural se faz com acréscimo da desinência de número, mas há casos de variações.

Singular Plural

ponte pontes

cidadão cidadãos

flor flores

matriz matrizes

jovem jovens

hífen hifens ou hífenes

Também são notáveis os substantivos que, por seu próprio sentido, não são empregados no singular, apenas no plural.

as férias (recesso) os confins

as fezes os óculos

as costas (corpo) os anais

as cócegas os afazeres

as olheiras os pêsames

as núpcias os arredores

Para o caso dos substantivos compostos, existe uma regra geral, em que flexiona-se apenas o elemento que, isolada-mente, admite a flexão: boas-vidas (tanto boa quanto vida admitem flexão no plural, então ambas são flexionadas no substantivo composto); sempre-vivas (o advérbio sempre é invariável, portanto não sofre flexão)

Veja outros casos de flexão dos substantivos compostos:

1. Quando o segundo elemento indica finalidade ou qua-lidade do primeiro, flexiona-se apenas o primeiro ele-mento: navios-escola, trens-bala, salários-família.

2. Quando um dos elementos for verbo, este fica invariá-vel: guarda-roupas, marca-textos.

3. Quando houver palavras repetidas (mesmo sendo ver-bos) ou formadas por onomatopeias, a segunda palavra vai para o plural: corre-corres, tique-taques.

4. Quando nos compostos houver uma preposição interca-lada, apenas a primeira palavra vai para o plural: mu-las-sem-cabeça, copos-de leite.

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 11 11/01/2017 10:58:28

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

12

Graus dos substantivosO substantivo terá grau normal, grau aumentativo ou grau

diminutivo, quando indicar normalidade, no aumento ou na diminuição do tamanho ou do valor do substantivo. Quanto à estrutura, o grau pode ser analítico (formado por mais de uma palavra) ou sintético (ideia sintetizada na palavra).

Você sabia que o grau do substantivo não é estudado como uma flexão, pois não há a alteração na forma de uma palavra por meio da desinência? Os graus aumentativos e diminutivos são obtidos por meio de derivação sufixal.

Grau da palavra

casa

Normal casa

AumentativoAnalítico casa grande

Sintético casarão

DiminutivoAnalítico casa pequena

Sintético casinha, casebre

Os graus aumentativo e diminutivo podem representar va-lores afetivos (apreciativo) e pejorativos (depreciativo).

Ele tem um narigão. (valor depreciativo)Mora num casebre. (valor depreciativo)Vi um filmeco. (valor depreciativo)Vi um filmaço. (valor apreciativo)E aí, Carlão, tudo bem? (valor apreciativo)Meu benzinho, não fique aí. (valor apreciativo)

Sintagma nominalA morfologia estuda a formação das palavras e a sua cons-

tituição isolada, de acordo com a classe gramatical a que per-tence, como é o caso da classe substantivos. Já a sintaxe estuda a relação das palavras em uma oração e entre orações.

Você já sabe o que é um substantivo. Mas qual é a sua função em uma frase? Para responder a isso, é preciso sa-ber que as orações são formadas por unidades significativas. Por exemplo: “uma coisa simples”, trecho da crônica, é uma unidade significativa; já “desenhar nem” não forma uma uni-dade, não obstante fazer parte de uma frase: “Eu não sei de-senhar nem casinha com fumaça”.

Todo sintagma organiza-se em torno de um núcleo. O sin-tagma nominal organiza-se em torno do substantivo. Retome uma frase da crônica: “Uma coisa pontuda que fecha”. O sin-tagma nominal é “uma coisa pontuda”. Observe como é for-mado o sintagma:

Determinante Núcleo (substantivo) Complemento (ou modificador)

uma coisa pontuda

Tipos de sintagmasDependendo do elemento que constitui o núcleo do sin-

tagma, surge a seguinte classificação: sintagma nominal (o núcleo é um substantivo), sintagma verbal (verbo), sintagma adjetival (adjetivo) e sintagma adverbial (advérbio).

No exemplo dado, é em torno do substantivo coisa que as demais palavras orbitam, por isso é uma palavra nuclear. Perceba que, por ser uma palavra feminina determina que as outras palavras (uma e pontuda) também estejam flexionadas no feminino singular.

Agora, respondamos à pergunta inicial: qual é a função do substantivo? O substantivo desempenha, na oração, as fun-ções do sintagma nominal: sujeito e complemento verbal (ob-jeto direto e objeto indireto).

Texto para a próxima questão.

Os diferentesDescobriu-se na Oceania, mais precisamente na ilha de Osse-

vaolep, um povo primitivo, que anda de cabeça para baixo e tem vida organizada.

É aparentemente um povo feliz, de cabeça muito sólida e mãos reforçadas. Vendo tudo ao contrário, não perde tempo, entretanto, em refutar a visão normal do mundo. E o que eles dizem com os pés dá a impressão de serem coisas aladas, cheias de sabedoria.

Uma comissão de cientistas europeus e americanos estuda a linguagem desses homens e mulheres, não tendo chegado ainda a conclusões publicáveis. Alguns professores tentaram imitar esses nativos e foram recolhidos ao hospital da ilha. Os cabecences-pa-ra-baixo, como foram denominados à falta de melhor classificação, têm vida longa e desconhecem a gripe e a depressão.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Prosa Seleta. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. p. 150)

1. (UFRJ-2009 - adap.) No texto, há diversos sintagmas nominais – cons-truções com núcleo substantivo acompanhado ou não de termos com função adjetiva – que caracterizam o “povo primitivo”.a) Retire do texto doi s desses sintagmas.

b) A caracterização normalmente atribuída a um povo primitivo como não evoluído não se confirma no texto. Justifique essa afirmativa, utilizando os sintagmas escolhidos no item a.

Respostas:

a) Os sintagmas nominais têm como núcleo um substantivo que pode estar antecedido por um determinante e/ou seguido por um qualificador. São sintagmas nominais que caracterizam “povo primitivo”: “vida organizada”, “povo feliz”, “mãos reforçadas”, “coisas aladas”, “vida longa”.

b) Os sintagmas nominais identificados na resposta anterior ca-racterizam positivamente o povo primitivo, opondo-se à ideia de não evoluído.

Texto para a próxima questão.

Fechava a fila das primeiras lavadeiras, o Albino, um sujeito afe-minado, fraco, cor de espargo cozido e com um cabelinho castanho, deslavado e pobre, que lhe caía, numa só linha, até ao pescocinho mole e fino. Era lavadeiro e vivia sempre entre as mulheres, com quem já estava tão familiarizado que elas o tratavam como a uma pessoa do mesmo sexo; em presença dele falavam de coisas que não

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 12 11/01/2017 10:58:29

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

13

exporiam em presença de outro homem; faziam-no até confidente dos seus amores e das suas infidelidades, com uma franqueza que o não revoltava, nem comovia. Quando um casal brigava ou duas amigas se disputavam, era sempre Albino quem tratava de recon-ciliá-los, exortando as mulheres à concórdia. Dantes encarregava-se de cobrar o rol das colegas, por amabilidade; mas uma vez, indo a uma república de estudantes, deram-lhe lá, ninguém sabia por quê, uma dúzia de bolos, e o pobre-diabo jurou então, entre lágrimas e soluços, que nunca mais se incumbiria de receber os róis.

E daí em diante, com efeito, não arredava os pezinhos do corti-ço, a não ser nos dias de carnaval, em que ia, vestido de dançarina, passear à tarde pelas ruas e à noite dançar nos bailes dos teatros. [...]

Naquela manhã levantara-se ainda um pouco mais lânguido que do costume, porque passara mal a noite. A velha Isabel, que lhe ficava ao lado esquerdo, ouvindo-o suspirar com insistência, perguntou-lhe o que tinha.

Ah! muita moleza de corpo e uma pontada do vazio que o não deixava!

A velha receitou diversos remédios, e ficaram os dois, no meio de toda aquela vida, a falar tristemente sobre moléstias.

E, enquanto, no resto da fileira, a Machona, a Augusta, a Leo-cádia, a Bruxa, a Marciana e sua filha conversavam de tina a tina, berrando e quase sem se ouvirem, a voz um tanto cansada já pelo serviço, defronte delas, separado pelos jiraus, formava-se um novo renque de lavadeiras, que acudiam de fora, carregadas de trouxas, e iam ruidosamente tomando lugar ao lado umas das outras, entre uma agitação sem tréguas, onde se não distinguia o que era galhofa e o que era briga. Uma a uma ocupavam-se todas as tinas. E de todos os casulos do cortiço saíam homens para as suas obrigações. [...]

(AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Ática, 1999. p. 40-41. Edição Especial.)

2. (UFBA–2009) Considerando o fragmento transcrito e a obra de onde foi retirado,

• identifique os efeitos de sentido que a repetição do sufixo “inho” – cabelinho; pescocinho; pezinhos – produz no entendimento da caracterização de Albino;

• justifique, do ponto de vista da escolha do vocabulário, a utili-zação do substantivo “casulos” no texto.

Respostas:

A leitura completa do romance pode auxiliar o aluno a contextualizar a descrição do personagem, contudo, mesmo sem a leitura integral é possível perceber que o uso do diminutivo na caracterização do per-sonagem reforça a ideia que se pretende transmitir de fragilidade do personagem tanto fisicamente quanto socialmente, devido à aparência e orientação sexual. Para responder à segunda pergunta, é necessário conhecimentos pré-vios de literatura, considerando que, nessa obra de Aluísio Azevedo, as pessoas são metaforicamente comparadas a animais, por isso o uso do substantivo casulos para se referir às habitações.

3. (UERJ) Flexão é o processo de fazer variar um vocábulo, em sua estrutura interna, para nele expressar dadas categorias gramaticais como gênero e número. A partir desse conceito, a palavra sublinhada que admite flexão de gênero é:a) “Fez-se de triste o que se fez amante” (Vinícius de Moraes).

b) “Paisagens da minha terra,/ Onde o rouxinol não canta.” (Manuel Bandeira).

c) “Sou um homem comum/ de carne e de memória/ de osso e de esquecimento” (Ferreira Gullar).

d) “Meu amigo, vamos cantar,/ vamos chorar de mansinho/ e ouvir muita vitrola” (Carlos Drummond de Andrade).

Resposta: DAmigo admite a flexão de gênero, por meio da desinência –a (amiga). Na alternativa C, homem não admite flexão de gênero, o feminino mulher é um caso de heteronímia, pois é uma palavra com radical diferente.

Texto para a próxima questão.

E Jerônimo via e escutava, sentindo ir-se-lhe toda a alma pelos olhos enamorados.

Naquela mulata estava o grande mistério, a síntese das im-pressões que ele recebeu chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasi-leiras; era a palmeira virginal e esquiva que se não torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era o açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com o seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em torno do corpo dele, assanhando-lhe os desejos, acordando-lhe as fibras em-bambecidas pela saudade da terra, picando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca.

(Aluísio Azevedo, O cortiço.)

1. (Fuvest-2015) O conceito de hiperônimo (vocábulo de sentido mais genérico em relação a outro) aplica-se à palavra “planta” em relação a “palmeira”, “trevos”, “baunilha” etc., todas presentes no texto. Tendo em vista a relação que estabelece com outras palavras do texto, constitui também um hiperônimo a palavraa) “alma”.

b) “impressões”.

c) “fazenda”.

d) “cobra”.

e) “saudade”.

2. (Fuvest) “O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem. Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos para desarmar certas palavras que, por sua forma original, são ameaçadoras demais.”

(Luís Fernando Veríssimo, Diminutivos)

A alternativa inteiramente de acordo com a definição do autor de diminutivo é:a) O iogurtinho que vale por um bifinho.

b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente das mulheres.

c) Gosto muito de te ver, Leãozinho.

d) Essa menininha é terrível.

e) Vamos bater um papinho.

Textos para a próxima questão.

Prezado candidato, o texto 1 desta prova foi extraído de uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna, cronista e poeta mineiro. Professor universitário e jornalista, escreveu para os maiores jornais do País. “Com uma produção diversificada e consistente, pensa o Brasil e a cultura do seu tempo, e se destaca como teórico, como poeta, como cronista, como professor, como administrador cultural e como jornalista.”

Texto I Passando pela porta de um colégio, me veio a sensação nítida

de que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a sen-sação era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa.

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 13 11/01/2017 10:58:29

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

14

Primeiro há uma diferença de clima entre aquele bando de ado-lescentes espalhados pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade. É toda uma atmos-fera, como se estivessem ainda dentro de uma redoma ou aquário, numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já sofreram a pancada da separação dos pais. Aprenderam que a vida é também um exercício de separação. Um ou outro já transou droga, e com isso deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação de pureza angelical misturada com palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes.

Onde estarão esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos?

Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esporte, vai se interessar pela informática ou economia; aquela de cabelos louros e crespos vai ser dona de boutique; aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata. Algumas estudarão Letras, se casa-rão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. [...]

Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-lhes as últimas histórias da carochinha antes que o lobo feroz as assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aproveitem enquanto estão no aquário e na redoma, enquanto estão na porta da vida e do colégio. O destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo.

(SANT’ANNA, Affonso Romano de. Affonso Romano de Sant’Anna: seleção e prefácio de Letícia Malard. Coleção Melhores Crônicas. p. 64-66.)

3. (UECE–2014) Assinale a opção em que há uma expressão incorreta sobre o emprego que o cronista faz dos vocábulos redoma, aquário e bolha (linhas 9-10). a) O texto sugere que o traço de significação comum às três expres-

sões é o material de que os objetos são feitos: vidro.

b) As três expressões funcionam, no texto, como uma série si-nonímica.

c) As três expressões são usadas como metáforas de lugares e ambientes que oferecem segurança ao adolescente.

d) A ordem em que o cronista dispõe as três expressões no texto é aleatória.

Texto para a próxima questão.

A Ciência do palavrãoPor que diabos m... é palavrão? Aliás, por que a palavra diabos,

indizível décadas atrás, deixou de ser um? Outra: você já deve ter tropeçado numa pedra e, para revidar, xingou-a de algo como filha da ..., mesmo sabendo que a dita nem mãe tem.

Pois é: há mais mistérios no universo dos palavrões do que o senso comum imagina. Mas a ciência ajuda a desvendá-los. Pesquisas recentes mostram que as palavras sujas nascem em um mundo à parte dentro do cérebro. Enquanto a linguagem comum e o pensa-mento consciente ficam a cargo da parte mais sofisticada da massa cinzenta, o neocórtex, os palavrões moram nos porões da cabeça. Mais exatamente no sistema límbico. Nossa parte animal fica lá. E sai de vez em quando, na forma de palavrões. A medicina ajuda a entender isso. Veja o caso da síndrome de Tourette. Essa doença acomete pessoas que sofreram danos no gânglio basal, a parte do cérebro cuja função é manter o sistema límbico comportado. E os pa-lavrões saem como se fossem tiques nervosos na forma de palavras.

5

10

15

20

25

30

Mas você não precisa ter lesão nenhuma para se descontrolar de vez em quando, claro. Justamente por não pensar, quando essa parte animal do cérebro fala, ela consegue traduzir certas emoções com uma intensidade inigualável.

Os palavrões, por esse ponto de vista, são poesia no sentido mais profundo da palavra. Duvida? Então pense em uma palavra forte. Paixão, por exemplo. Ela tem substância, sim, mas está longe de transmitir toda a carga emocional da paixão propriamente dita. Mas com um grande e gordo p.q.p. a história é outra. Ele vai direto ao ponto, transmite a emoção do sistema límbico de quem fala direta-mente para o de quem ouve. Por isso mesmo, alguns pesquisadores consideram o palavrão até mais sofisticado que a linguagem comum.

(www.super.abril.com.br/revista/. Adaptado.)

1. C7:H21 (Unifesp-2009) No texto, o substantivo “palavrão”, ainda que se mostre flexionado em grau, não reporta a ideia de tamanho. Tal emprego também se verifica em:a) Durante a pesquisa, foi colocada uma gotícula do ácido para

se definir a reação.

b) Na casa dos sete anões, Branca de Neve encontrou sete minús-culas “caminhas”.

c) Para cortar gastos, resolveu confeccionar livrinhos que cabem nos bolsos.

d) Não estava satisfeita com aquele empreguinho sem graça e sem perspectivas.

e) Teve um carrinho de dois lugares, depois um carro de cinco e, hoje, um de sete.

Texto para a próxima questão.

Quando eu tinha seis anos Ganhei um porquinho-da-índia. Que dor de coração me dava Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão! Levava ele pra sala Pra os lugares mais bonitos, mais limpinhos Ele não gostava: Queria era estar debaixo do fogão. Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas… — O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada.

(BANDEIRA, Manuel. Disponível em: <www.revistabula.com/564-os-10-melhores-poemas-demanuel-bandeira/>. Acesso em: 16 jul. 2014.)

2. C7:H21 (UFC–2014) Assinale a alternativa em que o nome composto faz o plural como porquinho-da-índia.a) Chapéu-de-frade.

b) Segunda-feira.

c) Sempre-viva.

d) Obra-prima.

Texto para a próxima questão.

O texto I é um excerto de Baú de Ossos (volume 1), do médico e escritor mineiro Pedro Nava. Inclui-se essa obra no gênero me-morialístico, que é predominantemente narrativo. Nesse gênero, são contados episódios verídicos ou baseadas em fatos reais, que ficaram na memória do autor. Isso o distingue da biografia, que se propõe contar a história de uma pessoa específica.

Texto IO meu amigo Rodrigo Melo Franco de Andrade é autor do conto

“Quando minha avó morreu”. Sei por ele que é uma história auto-biográfica. Aí Rodrigo confessa ter passado, aos 11 anos, por fase da vida em que se sentia profundamente corrupto. Violava as promessas

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 14 11/01/2017 10:58:29

LÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESALÍNGUA PORTUGUESA LÍNGUA PORTUGUESA

PVE1

7_3_

POR_

A_0

9

15

feitas de noite a Nossa Senhora; mentia desabridamente; faltava às aulas para tomar banho no rio e pescar na Barroca com companhei-ros vadios; furtava pratinhas de dois mil-réis... Ai! de mim que mais cedo que o amigo também abracei a senda do crime e enveredei pela do furto... Amante das artes plásticas desde cedo, educado no culto do belo, eu não pude me conter. Eram duas coleções de postais pertencentes a minha prima Maria Luísa Palleta. Numa, toda a vida de Paulo e Virgínia – do idílio infantil ao navio desmantelado na procela. Pobre Virgínia, dos cabelos esvoaçantes! Noutra, a de Joana d’Arc, desde os tempos de pastora e das vozes ao da morte. Pobre Joana dos cabelos em chama! Não resisti. Furtei, escondi e depois de longos êxtases, com medo, joguei tudo fora. Terceiro roubo, terceira coleção de postais – a que um carcamano, chamado Adriano Merlo, escrevia a uma de minhas tias. Os cartões eram fabulosos. Novas contemplações solitárias e piquei tudo de latrina abaixo. Mas o mais grave foi o roubo de uma nota de cinco mil-réis, do patrimônio da própria Inhá Luísa. De posse dessa fortuna nababesca, comprei um livro e uma lâmpada elétrica de tamanho desmedido. Fui para o parque Halfeld com o butim de minha pirataria. Joguei o troco num bueiro. Como ainda não soubesse ler, rasguei o livro e atirei seus restos em um tanque. A lâmpada, enorme, esfregada, não fez aparecer nenhum gênio. Fui me desfazer de mais esse cadáver na escada da Igreja de São Sebastião. Lá a estourei, tendo a impressão de ouvir os trovões e o morro do Imperador desabando nas minhas costas. Depois dessa série de atos gratuitos e delitos inúteis, voltei para casa. Raskólnikov. O mais estranho é que houve crime, e não castigo. Crime perfeito. Ninguém desconfiou. Minha avó não deu por falta de sua cédula. Eu fiquei por conta das Fúrias de um remorso, que me perseguiu toda a infância, veio comigo pela vida afora, com a terrível impressão de que eu poderia reincidir.

3. C7:H21 (UECE-2016) Sinônimo é um vocábulo que, em determinado texto, apresenta significado semelhante ao de outro e que pode, em alguns contextos, ser usado no lugar desse outro sem alterar o sentido da sentença. Hiperônimo é um vocábulo ou um sintagma de sentido mais genérico em relação a outro. Ele abarca vocábulos de sentidos menos genéricos ou mais específicos. Hipônimo é um vocábulo menos geral ou mais específico, cujo sentido é abarcado pelo sentido do hiperônimo. Considere a ordem em que foram distribuídos os vocábulos do excerto transcrito a seguir e assinale a opção correta: “abracei a senda do crime e enveredei pela do furto...” (linhas 8-9). a) Os vocábulos roubo e furto são sinônimos e um pode substituir

o outro, indistintamente, em qualquer contexto.

b) Crime é hiperônimo de furto. Isso significa que o sentido do vocá-bulo crime é mais genérico do que o sentido do vocábulo furto.

c) Nesse contexto, a inversão da posição dos vocábulos crime e furto seria aceitável: “abracei a senda do furto e enveredei pela do crime”.

d) Sendo vereda um caminho estreito e enveredar, seguir por uma vereda, seria lógico dizer “abracei a vereda do crime e enveredei pelo caminho do furto”.

Texto para as questões 4 e 5.

As questões 4 e 5 referem-se ao texto seguinte, extraído do livro Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, cuja primeira edição é de 1936.

Com o declínio da velha lavoura e a quase concomitante ascen-são dos centros urbanos, precipitada grandemente pela vinda, em 1808, da Corte Portuguesa e depois pela Independência, os senho-rios rurais principiam a perder muito de sua posição privilegiada e singular. Outras ocupações reclamam agora igual eminência, ocupa-ções nitidamente citadinas, como a atividade política, a burocracia, as profissões liberais.

5

10

15

20

25

30

5

É bem compreensível que semelhantes ocupações venham a caber, em primeiro lugar, à gente principal do país, toda ela cons-tituída de lavradores e donos de engenhos. E que, transportada de súbito para as cidades, essa gente carregue consigo a mentalidade, os preconceitos e, tanto quanto possível, o teor de vida que tinham sido atributos específicos de sua primitiva condição.

Não parece absurdo relacionar à tal circunstância um traço constante de nossa vida social: a posição suprema que nela detêm, de ordinário, certas qualidades de imaginação e “inteligência”, em prejuízo das manifestações do espírito prático ou positivo. O prestígio universal do “talento”, com o timbre particular que recebe essa palavra nas regiões, sobretudo, onde deixou vinco mais forte a lavoura colonial e escravocrata, como o são eminentemente as do Nordeste do Brasil, provém sem dúvida do maior decoro que parece conferir a qualquer indivíduo o simples exercício da inteligência, em contraste com as atividades que requerem algum esforço físico.

O trabalho mental, que não suja as mãos e não fatiga o corpo, pode constituir, com efeito, ocupação em todos os sentidos digna de antigos senhores de escravos e dos seus herdeiros. Não significa forçosamente, neste caso, amor ao pensamento especulativo, – a ver-dade é que, embora presumindo o contrário, dedicamos, de modo geral, pouca estima às especulações intelectuais – mas amor à frase sonora, ao verbo espontâneo e abundante, à erudição ostentosa, à expressão rara. E que para bem corresponder ao papel que, mesmo sem o saber, lhe conferimos, inteligência há de ser ornamento e prenda, não instrumento de conhecimento e de ação.

Numa sociedade como a nossa, em que certas virtudes senhoriais ainda merecem largo crédito, as qualidades do espírito substituem, não raro, os títulos honoríficos, e alguns dos seus dis-tintivos materiais, como o anel de grau e a carta de bacharel, podem equivaler a autênticos brasões de nobreza. Aliás, o exercício dessas qualidades que ocupam a inteligência sem ocupar os braços, tinha sido expressamente considerado, já em outras épocas, como perti-nente aos homens nobres e livres, de onde, segundo parece, o nome de liberais dado a determinadas artes, em oposição às mecânicas que pertencem às classes servis.

(Sérgio Buarque de Holanda. Raízes do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984, p. 50-51)

4. C6:H18 (ITA) No texto, há predominância do tom a) saudosista.

b) crítico.

c) sarcástico.

d) cômico.

e) revoltado.

5. C7:H22 (ITA) O emprego das aspas em “inteligência” (linha 16) e “talento” (linha 18) tem a função de I. realçar ironicamente essas palavras.

II. retomar uma explicação dada anteriormente.

III. destacar que essas palavras não são peculiares ao estilo do autor. Está(ão) correta(s) apenas: a) I.

b) I e II.

c) I e III.

d) II.

e) II e III.

Texto para a próxima questão.

IdeologiaMeu partido É um coração partido E as ilusões estão todas perdidas Os meus sonhos foram todos vendidos Tão barato que eu nem acredito

10

15

20

25

30

35

40

52223_MIOLO_PVE17_2_POR_LP.indb 15 11/01/2017 10:58:29

QUÍMICA A QUÍMICA AQUÍMICA A QUÍMICA A

Andrey_Kuzmin/Shutterstock

PVE1

7_3_

QU

I_A

_09

310

Teoria do octetoNa metade do século XIX, os cientistas já haviam perce-

bido que o átomo de hidrogênio (H) nunca se liga a mais de um outro átomo. Por exemplo, o átomo de oxigênio (O) pode ligar-se a dois átomos de hidrogênio (H), o átomo de nitrogênio (N) a três átomos de hidrogênio (H), e o átomo de carbono (C) a quatro átomos de hidrogênio (H).

Assim surgiu uma explicação lógica para as uniões entre os átomos, criando a Teoria Eletrônica da Valência, baseada na Regra do Octeto, que diz:

Um átomo adquire estabilidade quando possui oito (8) elétrons na camada eletrônica mais externa, ou dois (2) elétrons quando possui apenas a camada K.

Quando dois átomos se ligam, eles “trocam elétrons entre si” ou “usam elétrons em parceria”, procurando atingir a con-figuração eletrônica de um gás nobre. Surgem daí três tipos de ligações químicas: iônica, covalente e metálica.

Ligação iônica ou eletrovalenteLigação iônica é a que se forma por transferência de um

ou mais elétrons, desde o nível de valência de um átomo até o nível de valência de outro.

O átomo que perde elétrons converte-se num cátion, e o que os ganha converte-se num ânion.

A ligação iônica ocorre pela atração eletrostática entre íons de cargas opostas.

Segundo Linus Pauling, o composto será iônico toda vez que a diferença unitária entre as eletronegatividades dos átomos ligantes for maior ou igual a 1,7.

Quando os átomos reagem para formar ligações, atuam ape-nas os elétrons do nível mais externo, denomi nado nível de va-lência. Para representar os elétrons do nível de valência usa-se a notação de Lewis, assim chamada em honra ao físico ameri-cano Lewis (1875-1946). A notação consiste em representar na forma de pontos os elétrons da camada de valência em torno dos símbolos atômicos.

Formação de uma ligação iônicaA camada eletrônica mais externa do cloro, que nesse caso é

a terceira camada, tem sete elétrons. Pelo fato de o terceiro ní-vel desse átomo poder carregar oito elétrons, sua forma estável é atingida com oito elétrons. Assim sendo, pode-se dizer que um átomo de cloro com sete elétrons é deficiente em um elétron. De fato, o cloro geralmente tenta atrair um elétron a mais.

O sódio, ao contrário, tem apenas um elétron na camada eletrônica mais externa que, por acaso, também é a terceira camada. É muito mais fácil para um átomo de sódio livrar-se de um elétron que preencher o terceiro nível, ganhando ou-tros sete elétrons.

11Na: 1s2 2s2 2p6 3s1

K L M

2 8 1

17C: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

K L M

2 8 7

Terceira camada eletrônica

Sódio (Na)Número atômico = 11Número de massa = 23

Cloro (C)Número atômico = 17Número de massa = 35,5

C

Na

● Observe a figura a seguir:

Átomo de sódio (Na)

Átomo de cloro (C)

C

Na +

Na C

+

Íon sódio (Na+)

Íon cloreto (C

-)

Cloreto de sódio (NaC)

Ligações químicas ITeoria do octeto | Ligação iônica ou eletrovalente |

Propriedades dos compostos iônicos | Ligações metálicas

52256_MIOLO_PVE17_2_QUI_LP.indb 310 11/01/2017 11:51:15

QUÍMICA A QUÍMICA AQUÍMICA A QUÍMICA A

PVE1

7_3_

QU

I_A

_09

311

Note que:

a) Um átomo de sódio se estabiliza por meio da doação de um único elétron para um receptor de elétrons. A perda desse único elétron resulta na formação de um íon sódio (Na+).

b) Um átomo de cloro se estabiliza com a obtenção de um único elétron de um doador de elétrons. O ganho desse único elétron resulta na formação do íon cloreto (C –).

c) Quando Na+ e C – se combinam, eles são mantidos uni-dos pela atração de cargas opostas, que é conhecida como ligação iônica. Com isso, o composto iônico clo-reto de sódio (NaC) é formado.

● Agora veja o esquema a seguir:

Na C [Na]+ [ C ]- C C C C [ C [ C [ C(Fórmula eletrônica)

Fórmula iônica: Na+C

-

Fórmula molecular: NaC

De maneira análoga, pode-se observar a ligação entre o flúor (9F) e o alumínio (13A). O alumínio perde os três elétrons de sua última camada, pois a penúltima já possui os oito elé-trons necessários. Como o átomo de flúor possui sete elétrons na última camada, precisa de apenas mais um elétron. São ne-cessários três átomos de flúor para acomodar os três elétrons cedidos pelo alumínio.

A

F

F

F

[A]3+ [ F ]-3

[ F [ F [ F [ F(Fórmula eletrônica)

Devido à quebra do equilíbrio entre as quantidades de prótons e elétrons nos átomos ocorre formação de íons po-sitivo e negativo. O alumínio passa a ser um íon de carga 3+ e o flúor 1–.

Fórmula iônica: A

3+F3-.

Fórmula molecular: AF3.

Sódio (Na)Cloro (C)

Ligação iônica no cloreto de sódio (NaC)

–+

+ –––

+ +– SA

E D

IGIT

AL

S/A

A estabilidade das substâncias iônicas deve-se à liberação de grande quantidade de energia, denominada energia reti-cular, ao formar-se o sólido iônico.

Fórmulas de compostos iônicosTodos os compostos iônicos são formados por íons (cátions

ou ânions). Sendo assim, a soma das cargas positivas e negati-vas é sempre igual a zero.

Exemplo:

O alumínio tem três elétrons na camada de valência e vai doá-los formando um cátion A

3+. O oxigênio tem seis elétrons na camada de valência e vai receber dois elétrons formando um ânion O 2-.

A

3+ O 2-

A2O3

O

ConclusãoNa fórmula de um composto iônico XY qualquer, formado

pelos íons Xa+ e Y b-, o índice de X é igual à carga de Y, e o índice de Y é igual à carga de X. Não se considera o sinal das cargas.

Xab+ Y ba–

Propriedades dos compostos iônicos

Devido à forte atração entre os íons positivos e negativos, os compostos iônicos são sólidos cristalinos duros, mas friáveis.

Possuem elevada temperatura de fusão e, em estado sóli-do, não conduzem corrente elétrica.

Podem ser solúveis em água ou não. Compostos iônicos com energia reticular (energia do cristal) muito alta não se dissolvem em solução aquosa. Com baixa energia, dissolvem--se mais facilmente, conduzindo corrente elétrica. Também a conduzem em estado líquido, ou seja, fundidos, por apresen-tarem mobilidade das cargas.

Ligações metálicasAs ligações metálicas, diferentemente das iônicas e cova-

lentes, não têm representação eletrônica e sua representação estrutural depende de um conhecimento mais profundo dos retículos cristalinos.

Os metais, em geral, são representados por seus símbo-los, sem indicação da quantidade de átomos envolvidos, que é muito grande e indeterminada.

SAE

DIG

ITA

L S/

A

Representação artística da estrutura do ouro.

52256_MIOLO_PVE17_2_QUI_LP.indb 311 11/01/2017 11:51:16

QUÍMICA A QUÍMICA AQUÍMICA A QUÍMICA A

PVE1

7_3_

QU

I_A

_09

312

No caso da estrutura de um metal, todos os átomos são iguais.

A ligação entre átomos é de natureza metálica, e correspon-de à grande deslocalização dos elétrons envolvidos na ligação.

Elétrons livres

+ + + + + +

+ + + + + +

+ + + + + +

+ + + + + +

- -- - - - -

- -- - - - -

-- - - -

- -- - - - -

Representação artística da nuvem de elétrons do sódio metálico.

SAE

DIG

ITA

L S/

A

Propriedades dos metaisNos retículos cristalinos dos metais, cada átomo está circun-

dado por 8 ou 12 outros átomos, isto é, apresenta elevado núme-ro de coordenação. Como o conjunto é formado por átomos do mesmo elemento, as atrações são iguais em todas as direções.

Cristalização nos sistemas

Cúbico de corpo centrado (CCC)

Cúbico de faces centradas (CFC)

Hexagonalcompacto (HC)

Lâmina, barra ou fio de cobre são constituídos por inúme-ros cátions de cobre cercados por um “mar” de elétrons, sen-do o agregado representado apenas por Cu, que é o símbolo do elemento, e assim sucessivamente.

Além disso, os metais apresentam certas propriedades, como a capacidade de se transformarem em fios, chamada ductibilidade, e a capacidade de se transformarem em lâmi-nas, maleabilidade.

Ligas metálicasFormadas pela união de dois ou mais metais, ou de me-

tais com não metais, mas com predominância dos elementos metálicos.

Algumas ligas:

Aço → Fe + C

Aço inoxidável → Fe + C + Ni + Cr

Bronze → Cu + Sn

Latão → Cu + Zn

Ouro 18 quilates → 75% Au + 25% Ag ou 75% Au + 25% Cu

Duralumínio → Al + Cu + Mg

Sapato feminino usa materiais inteligentes para ergonomia perfeita

Memória de formaEngenheiros de universidades e empresas da Espanha e da

França criaram aquele que pode ser considerado o sapato de mais alta tecnologia já feito.

O material aparente do sapato pode ser couro natural ou sintético.

Mas seu “esqueleto” interno é totalmente construído com os chamados materiais inteligentes, ou materiais com memó-ria de forma.

Materiais metálicos com memória de forma têm uma pro-priedade incomum: eles podem ser esticados, dobrados e torcidos, mas, quando aquecidos acima de uma temperatura limite, eles revertem para o formato original no qual foram fabricados.

A memória de forma geralmente é obtida em ligas metálicas especiais, algumas delas conhecidas como músculos artificiais.

[...]

(Disponível em: <www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=sapato-feminino-inteligentes-ergonomia-

perfeita#.VR_xHPnF91Y>. Acesso em: 2 set. 2016.)

1. (IFCE) Um elemento “A”, de número atômico 20, e outro “B”, de número atômico 17, ao reagirem entre si, originarão um composto

a) molecular de fórmula AB2.

b) molecular de fórmula A2B.

c) iônico de fórmula AB.

d) iônico de fórmula AB2.

e) iônico de fórmula A2B.

Solução: D

20A: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 → forma íon A2+

17B: 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5 → forma íon B–

A2+ B– B– → [A2+][B–]2 → AB2 (composto iônico)

2. (UERJ) Para fabricar um dispositivo condutor de eletricidade, uma empresa dispõe dos materiais apresentados na tabela a seguir:

Material Composição química

I C

II S

III As

IV Fe

Sabe-se que a condutividade elétrica de um sólido depende do tipo de ligação interatômica existente em sua estrutura. Nos átomos que realizam ligação metálica, os elétrons livres são os responsáveis por essa propriedade.Assim, o material mais eficiente para a fabricação do dispositivo é representado pelo seguinte número:a) I.

b) II.

c) III.

d) IV.

Solução: DO sólido condutor de eletricidade é aquele que apresenta ligação metálica entre seus átomos, e a ligação metálica, como o próprio nome indica, ocorre entre átomos de metais. Logo, o material IV deve ser o escolhido para fabricação do dispositivo, pois é composto pelo metal ferro.

52256_MIOLO_PVE17_2_QUI_LP.indb 312 11/01/2017 11:51:17

QUÍMICA A QUÍMICA AQUÍMICA A QUÍMICA A

PVE1

7_3_

QU

I_A

_09

313

3. (PUC-Rio – adap.) Cloreto de sódio é um composto iônico que se encontra no estado sólido. Dissolvido em água, se dissocia comple-tamente. Acerca desse sal, é incorreto afirmar que:

a) tem fórmula NaC.

b) no estado sólido, a atração entre os seus íons é muito forte e por essa razão possui elevado ponto de fusão.

c) em solução aquosa, conduz corrente elétrica muito bem.

d) a ligação entre os seus íons é metálica.

e) HC e NaOH são o ácido e a base que dão origem a esse sal.

Solução: DO correto é que a ligação entre seus íons é iônica ou eletrovalente.

1. Certo elemento A apresenta a seguinte distribuição eletrônica: 1s2

2s2 2p6 3s2 3p6 4s1.

Pergunta-se: Que tipo de ligação química o elemento A faz com outro elemento B que possui número atômico igual a 35? Justifique sua resposta.

Anotações:

2. (UFG) Analise os esquemas a seguir.

+ +

+

+

+

+

+ +

+

+

+

+

+

+

+

+ +

+

+

+

+

+

+

+

+

+

+

–+

+

+

–+

+

+

–+

+

+

Legenda

Estrutura decomposto metálico

Estrutura de composto iônico

Átomo

CátionÂnion

Elétronlivre

+–

Tendo em vista as estruturas apresentadas,a) explique a diferença de comportamento entre um composto

iônico sólido e um metal sólido quando submetidos a uma diferença de potencial;

b) explique por que o comportamento de uma solução de substân-cia iônica é semelhante ao comportamento de um metal sólido, quando ambos são submetidos a uma diferença de potencial.

3. (PUC-Rio) Por meio das ligações químicas, a maioria dos átomos ad-quire estabilidade, pois ficam com o seu dueto ou octeto completo, assemelhando-se aos gases nobres. Átomos de um elemento com número atômico 20 ao fazer uma ligação iônica devem, no total:a) perder elétron.

b) receber um elétron.

c) perder dois elétrons.

d) receber dois elétrons.

e) compartilhar dois elétrons.

Anotações:

1. C5:H16 (UTFPR-2012 – adap.) Para evitar bolor em armários utili-zam-se produtos denominados comercialmente de “substâncias secantes”. Esses produtos, como o cloreto de cálcio anidro, são higroscópicos, ou seja, capazes de absorver moléculas de água. Por isso, o frasco contendo esse secante acaba por acumular líquido no fundo, que nada mais é que solução aquosa de cloreto de cálcio.Dados os números atômicos: Ca = 20 e C = 17 é correto afirmar que:a) entre o cálcio e o cloro ocorre ligação iônica.

b) na formação do cloreto de cálcio anidro, o cálcio recebe 2 elé-trons e o cloro perde um elétron.

c) a fórmula do cloreto de cálcio é Ca2C .

d) o cloreto de cálcio é diatômico.

e) o cálcio forma o ânion Ca2– e o cloro forma cátion C 1+.

2. C5:H17 (Unesp-2011) Soluções são misturas homogêneas de duas ou mais substâncias. A água é um solvente muito eficaz para solubilizar compostos iônicos. Quando um composto iônico se dissolve em água, a solução resultante é composta de íons dispersos pela solução.

Distribuição esquemática de íons de um sal dissolvido em água

––

– –

2+

2+2+

2+

O composto que representa melhor a solução esquematizada na figura é:a) MgC 2.

b) KC .

c) K2SO4.

d) Fe2O3.

e) MgCO3.

52256_MIOLO_PVE17_2_QUI_LP.indb 313 11/01/2017 11:51:17

QUÍMICA A QUÍMICA AQUÍMICA A QUÍMICA A

PVE1

7_3_

QU

I_A

_09

314

3. C5:H17 (FGV-2013) Os defensivos agrícolas são empregados nos setores de produção, armazenagem e beneficiamento de produtos na agricultura. Sua função é impedir a proliferação de micro-organis-mos que deterioram esses produtos. Dentre os seguintes compostos usados como defensivos agrícolas, assinale aquele que tem ligação iônica na sua estrutura.

a) C

C

C

C C

O

O Na

b) CH3CH2O

CH3CH2O

S

P

O NO2

c) H

H

H

C Br

d)

CC3CH

O

O

H3C

H3C

4. C5:H17 (Unemat) Considere uma ligação química entre os compostos A e B, de números atômicos 9 e 12, respectivamente, e assinale a afirmativa correta.a) O elemento B é muito eletronegativo.

b) A ligação entre eles produzirá o composto B2A.

c) O último elétron do composto A tem configuração 3s2.

d) O composto B é um halogênio.

e) A ligação entre eles será do tipo iônica.

5. C5:H17 (IFCE-2014) Em 2014, fará 60 anos o prêmio Nobel de Quími-ca de Linus Pauling por seu trabalho sobre a natureza das ligações químicas. Pauling calculou a eletronegatividade dos elementos quí-micos e, através desses valores, é possível prever se uma ligação será iônica ou covalente. Em um composto formado, sendo X o cátion, Y o ânion e X2Y3 a sua fórmula, os prováveis números de elétrons na última camada dos átomos X e Y, no estado fundamental, são, respectivamente,a) 2 e 5.

b) 2 e 3.

c) 3 e 6.

d) 3 e 2.

e) 3 e 4.

6. C5:H18 (UFMG) Nas figuras I e II, estão representados dois sólidos cristalinos, sem defeitos, que exibem dois tipos diferentes de ligação química:

+

+

+

+ + +

+++

+ + +

Nuvem de elétronsFigura I

+

+

+

+

+

+

+

+

+

+

+

+ +

Figura II

Considerando-se essas informações, é correto afirmar quea) a Figura II corresponde a um sólido condutor de eletricidade.

b) a Figura I corresponde a um sólido condutor de eletricidade.

c) a Figura I corresponde a um material que, no estado líquido, é um isolante elétrico.

d) a Figura II corresponde a um material que, no estado líquido, é um isolante elétrico.

7. C5:H17 (PUCRS-2013) Analise o texto a seguir:As assim chamadas “terras-raras” são elementos químicos essenciais para diversas aplicações tecnológicas, como superímãs, LEDs, catali-sadores para gasolina, motores elétricos e discos rígidos para armaze-namento de dados. As terras-raras englobam diversos elementos de caráter __________, tais como o ítrio, o lantânio, o cério, o gadolínio e o neodímio. Uma característica comum a esses metais é a tendência a formarem _________. No Brasil, há consideráveis depósitos do mineral monazita, um fosfato de fórmula APO4, onde “A” representa um átomo de uma terra-rara, por exemplo cério ou lantânio. Algumas monazitas têm elevado teor de tório, sendo por isso altamente radioativas. O mineral xenotima é também um fosfato, mas de ítrio. Com a fórmula YPO4, a xenotima permite obter aproximadamente _____ gramas de terra-rara para cada 100 g do mineral.As informações que preenchem correta e respectivamente as lacunas do texto estão reunidas emDados: Y = 89; P = 31; O = 16.a) metálico cátions 39,0

b) não metálico ânions 88,9

c) metálico ânions 163,4

d) metálico cátions 48,3

e) não metálico cátions 184

1. (CEFET-MG) No Laboratório de Química, um professor disponibilizou as seguintes substâncias:I. O3

II. NaI

III. KNO3

IV. NH3

V. Ca(OH)2

VI. HCN

VII. CO2

VIII. Li2O

Os compostos formados somente por ligações iônicas sãoa) I e VII.

b) II e VIII.

c) III e V.

d) IV e VI.

2. (EsPCEx-2016) Compostos iônicos são aqueles que apresentam ligação iônica. A ligação iônica é a ligação entre íons positivos e negativos, unidos por forças de atração eletrostática.

(Texto adaptado de: Usberco, João e Salvador, Edgard, Química: química geral, vol 1, pág 225, Saraiva, 2009).

52256_MIOLO_PVE17_2_QUI_LP.indb 314 11/01/2017 11:51:18

QUÍMICA A QUÍMICA AQUÍMICA A QUÍMICA A

PVE1

7_3_

QU

I_A

_09

315

Sobre as propriedades e características de compostos iônicos são feitas as seguintes afirmativas: I. apresentam brilho metálico.

II. apresentam elevadas temperaturas de fusão e ebulição.

III. apresentam boa condutibilidade elétrica quando em solução aquosa.

IV. são sólidos nas condições ambiente (25°C e 1 atm).

V. são pouco solúveis em solventes polares como a água. Das afirmativas apresentadas estão corretas apenas a) II, IV e V.

b) II, III e IV.

c) I, III e V.

d) I, IV e V.

e) I, II e III.

3. (UEPA-2014) Desde a invenção da pólvora negra no século IX pelos chineses, sabe-se que determinados materiais, quando queimados, produzem chamas coloridas. Foram, porém, os italianos e alemães que, na Idade Média, deram mais cores e efeitos às chamas. Eles aprenderam a adicionar compostos metálicos na pólvora, obtendo variada gama de cores e efeitos. A origem das cores geradas pela presença de metais nas chamas está na estrutura eletrônica dos átomos. Com a energia liberada na combustão, os elétrons exter-nos dos átomos de metais são promovidos a estados excitados e, ao retornarem ao seu estado eletrônico inicial, liberam a energia excedente na forma de luz, com essas cores mostrados na tabela a seguir:

Elemento Cor da chama Elemento Cor da

chama

AntimônioAzul-

-esverdeadaCobre Verde

Arsênio Azul EstrôncioVermelho-

-tijolo

BárioVerde-

-amareladaLítio Carmim

Cálcio Alaranjada Potássio Violeta

Chumbo Azul Sódio Amarela

Com relação ao texto sobre a pólvora, leia as afirmativas a seguir:I. Li, K e Na quando realizam ligação química com o Cℓ perdem

um elétron para o mesmo.

II. Quando os átomos de Li, K e Na são ionizados formam as espé-cies Li+, K+ e Na+.

III. As configurações eletrônicas de Na e K são: 1s2, 2s2, 2p6, 3s1 e 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s1, respectivamente.

IV. O Antimônio e o Estrôncio são elementos representativos na tabela periódica.

V. O Antimônio (Sb) apresenta maior raio atômico que o Estrôncio (Sr).

A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é:a) I, II, III e IV.

b) I, II, III e V.

c) II, III, IV e V.

d) I, II, IV e V.

e) I, III, IV e V.

Texto para a próxima questão

Quanta (Gilberto Gil)Fragmento infinitésimoQuase apenas mentalQuantum granulado no melQuantum ondulado do salMel de urânio, sal de rádioQualquer coisa quase ideal

4. (UFRJ) Com base na Tabela Periódica, escreva a fórmula do sal for-mado pelo halogênio mais eletronegativo e o metal alcalinoterroso citado por Gilberto Gil na letra de “Quanta”, indicando o tipo de ligação química do sal formado.

5. (UFRGS-2014) Os xampus têm usualmente, como base de sua formulação, um tensoativo aniônico, como o laurilsulfato de sódio [CH3(CH2)11OSO2O–Na+]. Cloreto de sódio é adicionado na faixa de 0,2 a 0,6% para aumentar a viscosidade dos xampus. Nos últimos anos, têm aparecido no mercado muitos xampus com a denomi-nação sem sal*.O asterisco indica que não foi adicionado cloreto de sódio. Nesses casos, normalmente pode ser usado o cloreto de potássio como agente espessante.Considere as afirmações a seguir, sobre a situação descrita.I. Se um xampu contém laurilsulfato de sódio, então necessaria-

mente ele contém um sal na sua composição.

II. Se um xampu contém laurilsulfato de sódio e cloreto de potássio na sua formulação, então, apesar de não ter sido adicionado cloreto de sódio, o produto final contém ânions cloreto e cá-tions sódio.

III. A semelhança entre o laurilsulfato de sódio e o cloreto de sódio é que ambos apresentam o mesmo ânion.

Quais estão corretas?a) Apenas I.

b) Apenas II.

c) Apenas III.

d) Apenas I e II.

e) I, II e III.

6. (UECE) Considere quatro elementos químicos representados por: G, J, X e Z. Sabendo-se que os elementos J e G pertencem ao mesmo grupo da tabela periódica, e que os elementos J, X e Z apresentam números atômicos consecutivos, sendo X um gás nobre, é correto afirmar-se quea) os elementos J e G apresentam potenciais de ionização idênticos

por possuírem o mesmo número de elétrons no último nível.

b) o composto formado por J e Z é iônico e sua fórmula química é ZJ.

c) o composto formado por G e Z é molecular e sua fórmula química é ZG2.

d) o composto JX apresenta ligação coordenada.

7. (UFJF-2016) O nitinol é uma liga metálica incomum formada pelos metais Ni e Ti, sua principal característica é ser uma liga com me-mória. Essa liga pode ser suficientemente modificada por ação de alguma força externa e retornar a sua estrutura original em uma determinada faixa de temperatura, conforme esquema a seguir.

Forma original

Estrutura deformada

Força Calor

Forma original

a) Escreva o nome e a distribuição eletrônica dos metais presentes no nitinol.

b) Dentre os metais usados na produção do nitinol, qual possui maior raio atômico? E qual possui maior potencial de ionização?

c) Uma das formas de produção do metal Ni de alta pureza para a confecção de ligas metálicas é a extração de minerais sulfetados, os quais possuem o NiS. Qual o nome do composto NiS? Qual é o tipo de ligação química que ocorre entre seus átomos?

d) Cite duas características comuns aos metais.

52256_MIOLO_PVE17_2_QUI_LP.indb 315 11/01/2017 11:51:19