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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 2134 GEOGRAFIA DOS SERVIÇOS: UMA REFLEXÃO SOBRE AS PEQUENAS CIDADES - IPEÚNA (SP) Karlise Klafke [email protected] Graduanda em Geografia pela UNESP Rio Claro Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP Lucas Baldoni [email protected] Mestrando do Programa de Pós Graduação em Geografia no IG UNICAMP Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FAPESP Resumo: Verifica-se que o papel das atividades de serviços na economia global, além do atendimento ao consumo final das sociedades, tem sido de facilitar as transformações e transações econômicas. Na escala local, especificamente em pequenas cidades, os serviços atendem predominantemente às demandas urgentes da população. Dessa forma, o objetivo deste trabalho consiste em aplicar um estudo em Geografia dos Serviços na realidade de uma pequena cidade, o município de Ipeúna, São Paulo. Essa análise permitirá compreender, a uma escala local e regional, os desdobramentos espaciais, e, permitir a compreensão das principais possibilidades e limitações no que se refere ao desenvolvimento econômico do município, bem como suas trocas com outras cidades. Palavras-Chave: Geografia dos Serviços; Pequenas Cidades; Ipeúna. Abstract: It’s found that the role of service activities in the global economy, as well as attending to the final consumption of companies, has been facilitating transformation and economic transactions. On the local level, specifically in small towns, services predominantly cater to the urgent demands of the population. Thus, the objective of this work is to implement a study on Geography of Services in the reality of a small town, the municipality of Ipeúna, São Paulo. This analysis will include, at a local and regional scale, spatial developments, and enable understanding of the main possibilities and limitations with regard to the economic development of the municipality, as well as its trade with other cities. Keywords: Geography of Services; Small Towns; Ipeúna.

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GEOGRAFIA DOS SERVIÇOS: UMA REFLEXÃO SOBRE AS

PEQUENAS CIDADES - IPEÚNA (SP)

Karlise Klafke

[email protected]

Graduanda em Geografia pela UNESP – Rio Claro

Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP

Lucas Baldoni

[email protected]

Mestrando do Programa de Pós Graduação em Geografia no IG – UNICAMP

Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP

Resumo: Verifica-se que o papel das atividades de serviços na economia global, além do

atendimento ao consumo final das sociedades, tem sido de facilitar as transformações e

transações econômicas. Na escala local, especificamente em pequenas cidades, os serviços

atendem predominantemente às demandas urgentes da população. Dessa forma, o objetivo

deste trabalho consiste em aplicar um estudo em Geografia dos Serviços na realidade de uma

pequena cidade, o município de Ipeúna, São Paulo. Essa análise permitirá compreender, a

uma escala local e regional, os desdobramentos espaciais, e, permitir a compreensão das

principais possibilidades e limitações no que se refere ao desenvolvimento econômico do

município, bem como suas trocas com outras cidades.

Palavras-Chave: Geografia dos Serviços; Pequenas Cidades; Ipeúna.

Abstract: It’s found that the role of service activities in the global economy, as well as attending

to the final consumption of companies, has been facilitating transformation and economic

transactions. On the local level, specifically in small towns, services predominantly cater to the

urgent demands of the population. Thus, the objective of this work is to implement a study on

Geography of Services in the reality of a small town, the municipality of Ipeúna, São Paulo. This

analysis will include, at a local and regional scale, spatial developments, and enable

understanding of the main possibilities and limitations with regard to the economic development

of the municipality, as well as its trade with other cities.

Keywords: Geography of Services; Small Towns; Ipeúna.

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Eixo de Inscrição/Debate: EIXO 9 - Geografia Econômica. 1. Introdução.

Verifica-se que o setor de serviços projeta-se cada vez mais na conquista de

novos espaços, e, hoje, com o avanço das novas tecnologias observa-se um

crescimento ainda mais acentuado. Nesse sentido, os serviços são capazes de criar

riquezas e modelar uma nova composição do espaço geográfico, além de contribuir

para as mudanças econômicas, tecnológicas, organizacionais, sociais e culturais.

Alves (2005) afirma que essas mudanças, em que os serviços têm sido o fio

condutor, refletiram-se em novas formas de trabalho e em novos gêneros de vida, que

resultaram na consolidação de novos códigos da nossa sociedade. Dessa forma, o

desenvolvimento das atividades de serviços deve ser encarado como uma parte das

mudanças estruturais no modo como as economias mais avançadas o produzem, visto

que estas mudanças envolvem aspectos da produção material e imaterial, do

consumo, da circulação e da regulação e deram origem a novas formas de

organização dos territórios, que, sem dúvida coexistem e se relacionam

constantemente.

Entende-se que a evolução da localização das atividades de serviços pode ser

analisada em diferentes escalas. Dessa forma, conforme Baldoni (2012), a Geografia

dos Serviços, em seus estudos, esta para além de relacionar aspectos de natureza

econômica, mas também, as mudanças políticas, sociais e culturais, sem o que não

poderá avaliar a dimensão das transformações nas tendências de organização dos

territórios, e por fim a real espacialização da rede de serviços no território.

Hoje, se reconhece que os serviços são vitais, quer para eficiência da

produção, quer para a qualidade de vida, por isso ressalta-se a necessidade de

estudar seus desdobramentos no espaço, uma vez que os serviços são considerados

os elos da rede que relaciona os demais setores da economia, pois promovem novas

formas de trabalho e novos gêneros de vida, e, acima de tudo, condicionam e alteram

os códigos da nossa sociedade.

Mendes (2007) afirma que as lógicas da localização dos serviços têm aspectos

semelhantes às outras atividades econômicas (minimizar os custos e maximizar os

lucros), mas distinguem-se devido ao caráter imaterial dos serviços, pelo papel

estratégico da informação, pela natureza do serviço e pelo fato de existirem serviços

cuja lógica de funcionamento está para além do econômico.

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Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho consiste em aplicar um estudo

em Geografia dos Serviços na realidade de uma pequena cidade, neste caso, o

município de Ipeúna, São Paulo. Também, através dessa análise torna-se possivel

estabelecer considerações sobre a distribuição espacial dos estabelecimentos de

serviços em pequenas cidades, bem como suas relações com as cidades médias

presentes no seu entorno, visto que a hierarquia entre essas cidades pode inferir

dinâmicas diferentes, principalmente, no que tange à procura de determinados

seviços. Em síntese, um estudo sobre a Geografia Dos Serviços em Pequenas

cidades, neste caso, Ipeúna (SP), permite contribuir, além do mapeamento, para uma

melhor compreenção do desdobramentos movidos pelo setor de serviços a partir de

uma escala local, e, até mesmo, regional.

2. Objetivos.

O objetivo geral desta pesquisa consistiu em aplicar um estudo em Geografia

dos Serviços na realidade de uma pequena cidade, neste caso, o município de Ipeúna,

São Paulo. Os objetivos específicos envolveram: a) Análise da trajetória histórica de

Ipeúna com foco em seu processo de formação espacial; b) Descrição das Atividades

de Serviços de Ipeúna; c) Mapeamento acerca da concentração dos estabelecimentos

de serviços no município conforme Setores Censitários do IBGE (2010); d) Aplicação e

Análise da Tipologia proposta por Alves (2005); e) Discussão acerca das ações da

Prefeitura Municipal no que tange a temática do trabalho, e, f) Análise sobre as

relações de Ipeúna as cidades médias de seu entorno.

3. Fundamentação Teórica.

Principalmente após a Segunda Guerra Mundial, a Geografia procurou indicar

como as atividades econômicas se distribuiam pelo espaço, como também as

possibilidades de se estimular melhor essa distribuição através de uma re-localização

das indústrias, das comunicações e da utilização agrícola do território. Nesse sentido,

passou-se a intensificar as pesquisas em dados estatísticos e cartografia, com a

elaboração de mapas temáticos.

O geógrafo, segundo Andrade (1992) e Ferreira e Simões (1986), passou a

sentir a sedução ao fazer projeções para o futuro, sedução que se acentuava a partir

do momento em que, trabalhando em equipes pluridiciplinares, observava a

importância destes dados para os economistas e planejadores. Assim, os estudos em

geografia urbana e econômica intensificaram-se, ganharam importância, e a

agricultura passou a ser encarada não mais como genêro de vida, mas como uma

atividade profissional. Por exemplo, George (1991), procurou dar maior ênfase aos

estudos ligados à indústria, as cidades, o comércio, transportes e consumo. Houve

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uma nova concepção de Geografia Econômica, que considerava a indústria e os

sistemas políticos. Ainda, a Geografia Econômica tem por objeto o estudo das formas

de produção e localização do consumo dos diferentes produtos no âmbito mundial.

Houve o desenvolvimento e interpretação ainda maior das teorias

desenvolvidas no âmbito da economia urbana e regional, que mesmo antes do período

pós 2º Guerra Mundial, propuseram padrões de organização de redes e cidades

(tomadas como lugares centrais) e da localização de indústrias e das atividades

primárias e terciárias em função dos custos de transportes, mão de obra, energia, etc.,

definindo tamanhos e as vantagens da aglomeração urbana e a amplitude dos

mercados. Nesse sentido, complementa Moreira (2008), que a racionalidade do preço

do dinheiro passou a comandar a organização do espaço. E, é a Geografia a ciência

que estuda tal organização. Daí que seu núcleo de refência seja a teoria da

localização, por exemplo, a teoria dos anéis agrários de Von Thumen (1826), a teoria

dos pólos de crescimento de Perroux (1969) e a localização industrial clássica de

Weber (1909).

A estudo da localização de indústrias remete também ao entendimento das

atividades primárias e terciárias. Por isso, entende-se que no decorrer da história

econômica podemos destacar que as atividades de serviços desenvolveram-se, em

um primeiro momento, às margens do setor industrial que por muitos anos foi

instrumento de potencial desenvolvimento para inúmeros países. Nesse sentido,

afirma Kon (1999) que o papel das atividades de serviços na economia mundial, além

do atendimento ao consumo final das sociedades, tem sido de facilitar as

transformações e transações econômicas proporcionando os insumos para o setor

manufatureiro permitindo efeitos de troca na cadeia produtiva, assim sendo, os

serviços funcionam como um elo que mantém a economia integrada.

Conforme George (1986), à geografia econômica baseada na produção, a

única que tinha curso no século XIX e no início do século XX, somou-se as atividades

de serviços, a qual se confunde muitas vezes com a geografia urbana, visto a parte

essencial desses serviços se encontra nas cidades. Mas, a economia dos serviços

projetou-se cada vez mais na conquista de espaços revelando forte tendência a

ultrapassar os limites das cidades. Contudo, ressalta-se aqui o entendimento dessa

tendência no avanço do setor de serviços e o rompimento das barreiras da cidade, em

específico, pequenas cidades, que constitui o ponto focal do presente trabalho.

Benko (1999), elaborou uma interessante leitura socioeconômica do final do

século XX, sobretudo, as relações entre o local e global devido ao avanço do processo

de globalização e os resultados da nova organização econômica do território. Nesse

curso, o papel central da grande empresa fordista se apoiava em três componentes

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básicos: estandartização dos produtos, intercambialidade das peças (economias de

escala) e integração vertical (empresa multiestabelecimento). Em contraponto, no

sistema de produção flexivel cada região possui capacidades separadas de se

desenvolver. Assim, a nova produção flexivel está redefinindo a dinâmica espacial da

indústria. E, nesse contexto, verifica-se que a desintegração vertical corresponde à

especialização produtiva das empresas, terceirização de atividades não centrais,

rapidez na configuração de metodos de produção e variedade de produtos.

Entretanto, para Martin (1996), não se trata apenas que os serviços tenham

agora mais peso do que a indústria, mas, em alguns casos a distinção entre os dois

fica cada vez mais turva, visto que os serviços se tornaram uma fonte autônoma de

crescimento, demanda, acumulação de capital e regulação econômica, não mais

simplesmente vinculados à indústria, mas sim, possuindo sua própria dinâmica

estrutural. Dessa forma, para Casttells (2008), essa nova economia, gerada

principalmente após a década de 1970, movimenta constantes transformações no

mercado de trabalho, sobretudo, no cotidiano dos trabalhadores. O novo espaço

indústrial caracteriza-se pela capacidade organizacional e tecnológica de separar o

processo produtivo em diferentes locais, ao mesmo tempo que estabelece sua

unidade por meio de conexões gerando a nova morfologia constituida por redes, que

de fato, voltam-se para a inovação, transformam o mercado, os trabalhadores e as

empresas provocando uma geopolítica de processamento instantâneo.

Nesse contexto, as economias locais devem ser entendidas como malhas de

uma rede econômica global. Emerge, assim, novos espaços empresariais cada vez

mais seletivos, constituindo, segundo Santos (1998), o “meio técnico-científico-

informacional” com atributos construídos historicamente tonando os espaços seletivos,

também, porque possuem normas que regem as empresas que atendem as

demandas dessas novas formas espaciais de produção. Ainda, conforme Santos

(2006), no atual mundo globalizado, esse novo espaço geográfico adquire novos

contornos, novas características, novas definições, sobretudo, uma nova importância.

Verifica-se que a importância dos serviços teve sua gênese com a crise dos

anos 20 e 30 do século XX. Deste modo, Fischer (1935), em seus estudos, observou a

evolução da estrutura do emprego nas sociedades mais avançadas relacionou as

transformações ocorridas, notadamente os serviços, com o progresso econômico. Em

seguida, os trabalhos de Greenfield (1966) e Fuchs (1968) analisaram o papel dos

serviços nas mudanças econômicas, revelando principalmente a importância dos

serviços de apoio à produção e o impacto seu desdobramentos no desempenho de

outras atividades e na busca do desenvolvimento econômico. Assim, segundo Mendes

e Baldoni (2010) o número crescente de pessoas ativas, o valor do produto gerado e o

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impacto no desempenho das atividades econômicas e sociais fizeram com que os

serviços começassem a ser vistos como um fator central no processo de

desenvolvimento.

Os estudos sobre o setor de serviços o afirmam como um dos fatores

fundamentais para explicar as desigualdades regionais, por exemplo, no Reino Unido,

nos trabalhos de Marshall e Wood (1995). Outros exemplos europeus acerca das

implicações movidas pelo crescimento dos serviços são de Lipietz (1978), Barcet,

Bonamy e Mayere (1984), Bailly e Maillat (1988). Na América, os estudos de Porat

(1977) e Stanback (1979) analisaram as alterações que ocorreram no mercado de

trabalho e seu o papel estratégico no alcance do desenvolviemento territorial.

Em sua abordagem sobre a evolução dos serviços, Alves (2005), afirma que as

questões como a definição e a classificação podem dar suporte a diferentes modos

como os serviços ocorrem e revelam o seu padrão locacional. Desse modo, os

serviços podem ser classificados da seguinte forma: a) Os serviços como atividades

(service industry), que correspondem a todas as empresas e instituições e às pessoas

ao seu serviço que produzem bens imateriais e intangíveis; b) Serviços como produtos

(service products) que são, em geral, o resultado das atividades de serviços, mas não

têm de ser necessariamente produzidos por estas; c) Os serviços como profissões

(occupations services) que surgem em todas as atividades em gestão; d) Serviços

como funções (services functions), que correspondem ao trabalho exercido por

indivíduos fora da economia formal.

Em síntese, essas tipologias propostas por Alves (2005) refletem em diversos

exemplos de atividades de serviços, tais exemplos podem ser melhor visualizados no

Quadro 1 elaborado por Baldoni (2012). Também, acrescenta-se que no presente

trabalho há aplicação dessas tipologias ao setor de serviços do Município de Ipeúna,

um dos objetivos do referido estudo, cujo resultado poderá ser visualizado no Item 5.

Quadro 1: Tipologias sobre os Serviços conforme Alves (2005)

Tipos de Serviços Caracterização Exemplos

Atividades Empresas e Instituições que produzem

bens Imateriais e Intangíveis.

Educação, Saúde, Finanças, Cafés, Restaurantes e

Hotés, Lazer, Comunicação, Consultorias.

Produtos Resultado Final das Atividades de Serviços Assitência e Manutenção de Máquinas e Equipamentos.

Treinamento e Aperfeiçoamento de Profissionais.

Profissões Característico em todas as atividades

exercídas pelo Indivíduo

Gestão, Adminstração, Contabilidade e Conduçãode

Veículos.

Funções Exercido por Indivíduos Fora da Economia

Formal. Trbalho Voluntário e Serviços Domésticos.

Fonte: Baldoni (2012). Ad. Klafke e Baldoni (2014)

A análise a partir do ponto de vista espacial, mostra que a localização das

atividades de serviços pode ser entendida em diferentes escalas: internacional,

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nacional, regional e local. Aqui, destaca-se a escala local, pois os serviços surgem

muito frequentemente associados às cidades, visto que a maior parte dos estudos

privilegiam as análises sobre a evolução das localizações dos serviços dentro de

tecidos urbanos densos ou entre os aglomerados das redes urbanas.

Neste estudo, avalia-se a composição espacial das atividades de serviços em

pequenas cidades, em específico, a cidade de Ipeúna (SP). Pequenas cidades aqui

são caracterizadas de acordo com a dinâmica de articulação das mesmas. Assim se

pensarmos no modo de produção fordista seriam aquelas que possuem menor

potencial de centralidade e/ou articulação conforte Salgueiro (1992), ou seja, aquelas

cidades que exercem influência apenas sobre sua hinterlândia e muitas vezes acabam

tornando-se cidades voltadas para o campo, no entanto a flexibilização da economia

também alterou as relações hierárquicas entre as cidades e, as pequenas cidades

ampliaram seus papéis podendo, segundo Henrique (2012), exercer influência sobre

outras cidades, inclusive sobre aquelas de maior nível hierárquico. Entretanto o autor

continua, e explica que tal centralidade é geralmente destinada a uma atividade

específica, o que torna a pequena cidade dependente da mesma, assim algumas

cidades podem manter-se dependentes do campo, desempenhar uma atividade

industrial específica que a torne referência em determinado tipo de produção, ou em

casos de maior dependência em relação a outras cidades pode viver de receitas

federais ou servir de reservatório de mão de obra para outras cidades, dentre outras

alternativas.

Os serviços, e o setor terciário em geral, tendem assim a demonstrar em

pequenas cidades qual a atividade que promove o desenvolvimento das mesmas,

pois, geralmente, atendem predominantemente a esta e a demandas urgentes da

população. Assim, a análise dos serviços de Ipeúna permitirá compreender a uma

escala local e regional seus desdobramentos espaciais, permitindo a compreensão

das principais possibilidades e limitações ao que se refere ao desenvolvimento

econômico do município, bem como a relação com outras cidades de seu entorno, por

exemplo, Rio Claro (SP) que estaria em uma hierarquia imediatamente superior a

Ipeúna.

4. Metodologia.

Os procedimentos técnicos seguiram a seguinte ordem: 1) Houve o prévio

planejamento e estruturação do trabalho; 2) Levantamento bibliográfico acerca dos

principais autores em Geografia da Inovação, com destaque para Alves (2005), que

propicíou o aprofundamento do tema proposto; 3) Pesquisa sobre o processo histórico

sobre a formação e consolidação do município de Ipeúna (SP); 4) Levantamento dos

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dados correspondentes às atividades de serviços com orgãos públicos, em específico,

a Prefeitura Municipal; 5) Consolidação do Banco de Dados, que somado ao sofware

ArcGis 10.1 propiciou a elaboração dos Mapas; 6) Aplicação dos dados à tipologia

estabelecida por Alves (2005); e, por último, 7) Análise conjunta dos resultados, que

resultou nas considerações finais do presente trabalho.

5. Resultados.

Ipeúna, é uma pequena cidade localizada no Estado de São Paulo, que

segundo o IBGE (2010) possui área total de 190.010 km² e 6.016 habitantes.

Conforme o REGIC (2007) o município pertence à região administrativa de Campinas

(SP), cuja rede urbana, de acordo com as regiões de influência é constituída da

seguinte forma: Campinas (capital Regional A) – Piracicaba (capital Regional C) – Rio

Claro (Capital Sub-Regional A) – Ipeúna (Centro local). Também, destaca-se que as

relações entre as cidades dessa rede urbana apesar de hierárquicas não são

necessariamente verticais, embora também o sejam, e podem se complementar e

haver relações, inclusive, com cidades de maior nível hierárquico sem passar pelas

intermediárias, com as de mesmo nível hierárquico ou até mesmo com cidades fora da

região de influência a que se insere.

Quanto ao processo histórico e geográfico de constituição do município,

segundo Machado (2004), verifica-se que essa região possui seu desenvolvimento

pautado na expansão do café nas últimas décadas do século XIX, no qual a

construção de ferrovias, visando o escoamento do café do interior para o litoral

paulista, pode ser considerada o “agente propulsor do progresso na região”. Assim, a

ocupação da área onde se encontra Ipeúna, se deu a partir da doação de sesmarias,

constituindo o “Sítio Invernada”, com atividades voltadas a produção cafeeira.

Entretanto, nota-se que no início do século XX, com a crise do café, as fazendas que

cercavam Ipeúna foram divididas e desenvolveram pequenas produções voltadas para

o mercado interno, possibilitando assim o desenvolvimento da atividade das “caieiras”,

que conforme a autora:

“Essa nova atividade econômica trouxe mudanças importantes para o Distrito em formação. Inicialmente, causou um aumento real de população, uma vez que a atividade exigia um grande número de trabalhadores. Além disso, na trilha da produção de cal, inúmeras atividades correlatas começaram a ser desenvolvidas tais como novas casas de comércio, que surgiram para atender a demanda do aumento populacional, e “frotas” de carros boi, que eram organizadas para dar conta do transporte da cal” (MACHADO, 2004, p.58).

Nasce assim, a partir da atividade das caieiras, as atividades comerciais e de

serviços a fim de suprir a demanda criada pela mesma. A atividade também permitiu a

criação de uma infraestrutura básica (água encanada, rede de esgoto, saneamento

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básico) inexistente no distrito até então, que permitiu que anos mais tarde, em 1964, a

emancipação de Ipeúna em relação a Rio Claro, se constituindo como município

através da lei nº 8.092 de 28 de fevereiro de 1964 (apud MACHADO, 2004).

No entanto, depois disto, Ipeúna pouco se desenvolveu, tão pouco aumentou

seu contingente populacional e mantem até hoje a dinâmica do momento de sua

emancipação, caracterizada pela resistência a “individualização” da vida moderna

observada nas cidades de seu entorno. Por isso, a compreensão das atividades de

serviços é um importante instrumento para compreender a dinâmica do município,

uma vez que essas atividades em pequenas cidades são voltadas a atender as

demandas mais imediatas da população.

Antes de tomar como foco os serviços de Ipeúna, considera-se importante

traçar um breve panorama dos setores econômicos em Ipeúna, a fim de compreender

as atividades deste. Nesse sentido, atualmente nota-se que a baixa importância do

setor primário, que foi, como visto, propulsor da urbanização do município, pois

pequenas propriedades familiares cederam espaço a monocultura da cana de açúcar

em expansão na região, tendo como destaque também as pastagens. (IEA/CATI/SAA-

SP, 2013). Assim, tende-se a uma concentração fundiária e mecanização da

produção, típica dessas atividades agrícolas, o que justifica a baixa ocupação de mão

de obra, além disso o baixo valor adicionado se justifica pois a indústria do álcool não

se localiza na cidade, sendo essa produção levada para outros municípios. Ademais,

conforme CATI (2013) existem pequenas propriedades voltadas principalmente a

produção frutífera. Quanto ao setor secundário, deve-se destacar a presença da

Indústria Edra que ao se instalar na cidade proporcionou a ocupação de grande

parcela de mão de obra e apresenta alto valor adicionado sobre a produção, no

entanto as isenções fiscais proporcionadas pela prefeitura para a atração e instalação

da indústria não permite que os impostos recolhidos sejam expressivos nesse setor.

O setor terciário em Ipeúna se apresenta como principal fonte de empregos, o

que segue a tendência global de inchaço do mesmo, ou seja, as famílias expulsas do

campo tendem a ocupar-se das atividades terciárias. Destaca-se também a

arrecadação de impostos do setor, ao qual deve ser considerado o fato de que é o

único totalmente destinado ao município, não há repasse federal ou estadual. Assim

sendo, o terciário um importante setor para a economia de Ipeúna torna-se essencial

estudar seus desdobramentos, destacando os serviços.

Um dos objetivos específicos do presente trabalho consiste na espacialização

conforme Setores Censitários fornecidos pelo IBGE (2010) e posterior análise acerca

da distribuição espacial dos estabelecimentos de Serviços a partir dos dados de

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arrecadação municipal fornecidos pela Prefeitura Municipal de Ipeúna. Dessa forma o

Mapa 1 consiste no resultado obtido a partir do referido objetivo.

Mapa 1: Concentração dos Estabelecimentos de Serviços conforme Setor

Censitário do IBGE (2010) – Município de Ipeúna (SP).

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Conforme o Mapa 1, pode-se considerar que os estabelecimentos de serviços

concentram-se na porção urbana do município, sua área central. A maior

concentração se da, sobretudo, em quatro setores censitários que corresponde ao

centro e a bairros que possuem acesso pela avenida principal (e única) da cidade. Tal

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fato se justifica pelo reduzido espaço urbano da cidade não permitindo uma grande

dispersão dos serviços, além disso o acesso aos outros setores censitários ocorre por

meio desses bairros onde a concentração é maior garantindo uma maior centralidade

dos mesmos em relação ao restante da cidade.

As tipologias Propostas por Tereza Alvez (2005) constantes no Gráfico 1

demonstram um predomínio das serviços de atividades, ou seja, aqueles ligados a

bens intangíveis, no caso de Ipeúna a esse tipo se destacam, conforme classificação

da prefeitura (CNAE), Alimentação e Alojamento e, Serviços Prestados Principalmente

às Empresas. Assim, pode-se deduzir que essas atividades tendem a atender dois

tipos de demanda na cidade, primeiro referente às empresas, nesse caso deve-se

destacar novamente a Edra, uma vez que o setor secundário apresenta papel de

destaque no município, e as pessoas recebidas por essa empresa, com alojamentos e

alimentação, além disso deve-se destacar a presença de um grande potencial turístico

que também colabora em grande parte para esse tipo de atividades.

Gráfico 1: Estabelecimentos de Serviços conforme Alves (2005). Ipeúna-SP

Elaboração: Klafke e Baldoni, 2014.

Os tipos Profissões e Produtos apresentam-se também expressivos, e

destacam-se nesses as atividades de Transporte Terrestre e Construção. O

Transporte Terrestre pode corresponder a uma demanda tanto de entrada quanto de

saída da cidade, que representa uma mão de obra que atende à outras cidades,

caracterizando um movimento pendular, ou mão de obra especializada que vem para

a cidade suprindo a necessidade de indústrias, ou pouco qualificada atendendo a

indústria canavieira. Os serviços voltados a construção indicam uma possível

demanda por crescimento da cidade. A tipologia Funções é a menos expressiva, com

destaque a Serviços pessoais.

Diante do exposto quanto as tipologias podemos compreender que as políticas

da Prefeitura Municipal beneficiando a implantação de indústrias na cidade fez com

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que desenvolvem-se inúmeros serviços correlatos a estas, o que gera uma

dependência da cidade em relação a mesma.

Por outro lado, o desenvolvimento de outros serviços mais especializados é

dificultado, ou até mesmo impedido, pela proximidade e facilidade de acesso com

cidades de maior centralidade, como é o caso de Rio Claro, Piracicaba e Campinas,

cidades que exercem influência sobre Ipeúna de acordo com REGIC (2007). Assim o

desenvolvimento dessas atividades dependem de políticas públicas conjuntas entre

esses e outros municípios.

5. Considerações Finais.

As pequenas cidades, devido a influência de cidades com maiores potenciais

de articulação, tendem a ter o setor terciário pouco desenvolvido e voltado a alguma

atividade que se destaca no quadro econômico do município, como pode-se

comprovar no caso de Ipeúna. No entanto, para o caso, não se deve considerar que

serviços mais especializados serão encontrados no município, pois traria a

necessidade de uma mão de obra especializada indisponível, por isso estes são

encontrados em cidades que apresentam maior articulação, sobrepondo-se a lógica de

hierarquia vertical. Assim um melhor desenvolvimento desses setores depende de

políticas conjuntas com outros municípios. Além disso, é característico dessas

cidades o caráter monocêntrico, devido a extensão territorial de seu espaço urbano

bem como a baixa diversidade de serviços encontradas.

A tipologia proposta por Alves (2005) é passível de aplicação no Brasil, no

entanto possui dois problemas: o primeiro se refere a necessidade de observar outras

fontes para interpretar as tipologias, ou seja elas não se bastam para análises mais

profundas das relações de serviços; o segundo problema se refere a falta de dados

quanto aos serviços não formais, que caracteriza a tipologia funções, tal fato torna-se

um empecilho também para as Prefeituras municipais que tem dificuldades em

estabelecer parâmetros de comparação entre esses serviços e os demais, esse é o

caso de autônomos não registrados, empregadas domésticas, dentre outros.

Por último, acrescenta-se que, tendo em vista a proposta do presente Evento, o

trabalho em questão pode parecer, à primeira vista, que destoa do contexto e proposta

do simpósio, visto que a área de estudo não pertence ao Sul de Minas Gerais, no

entanto, o presente trabalho atende a temática, uma vez que contribui com a

compreensão da diversidade e articulações espaciais entre as cidades. Além disso,

surge como proposta para estudos voltados ao estado de Minas Gerais a fim de

compreender as interações entre as redes urbanas articuladas no espaço mineiro

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visando a identificação e compreensão de padrões de serviços em suas cidades,

compreendendo suas demandas e particularidades.

7. Agradecimentos.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelo

auxílio recebido, mediante Processos números 2013/27115-2 e 2013/07702-0.

8. Referências.

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