Geografia - CEESVO - Apostila - Módulo 04

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Módulo 4 CEESVO As Contradições da Globalização 1

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Objetivos.

- Compreender que com a globalização, as diferenças entre as nações se acentuam;

- Entender que os conflitos têm várias origens: religiosa, política, econômica, etc.;

- Entender como o Islâ e o narcotráfico se opõe ao processo de globalização.

- Analisar porque num mundo global as diferenças aumentam.

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Introdução

Você vê e ouve todos os dias, falarem sobre o processo de Globalização pelo qual estamos passando.

Mas o que realmente é esse processo?

Ele beneficia a todos, diminuindo as desigualdades sociais ou está acentuando a diferença entre os mais pobres e ricos? Lendo e estudando esse módulo você poderá entender melhor essa questão.

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AS CONTRADIÇÕES DA GLOBALIZAÇÃO

lobalização é a união dos povos, é a interdependência das nações, é um

processo de mundialização que está ocorrendo em quase todos os segmentos expressivos da sociedade atual, em especial nos setores econômicos, financeiro, da produção, da comunicação e do turismo. Mas existe o seu lado contraditório ou perverso, que podemos verificar ao analisar os assuntos seqüentes. Neste contexto, encaixa-se bem a expressão do ex-presidente da Comunidade Européia (atual União Européia) ao afirmar que “...as elites pensam em termos globais e o povo em termos nacionais, principalmente quando se trata de um povo sem perspectiva e assustado com o ‘rolo compressor’ da globalização”.

A globalização universaliza alguns hábitos, vestimentas ou alimentos e a

economia. Ao mesmo tempo ela distancia, regionaliza e até reforça o nacionalismo. Porque a globalização e a modernidade são as mediadoras dos meios pelos quais os discursos nacionalistas são produzidos e divulgados, os líderes são retratados e os acontecimentos, apresentados. A persistência e a reativação do nacionalismo e também, revitalização de algumas religiões manifestam a necessidade dos indivíduos de se sentirem parte de um grupo e encontrarem um grupo de idéias que sejam dignas de lutas e capazes de dar significado a suas vidas.

O nacionalismo, no passado, funcionou como uma ideologia legitimadora na

fundação do estado nacional; na era romântica defendeu a diversidade cultural e, hoje, na era do globalismo, opõe-se à homogeneização baseando-se no valor das culturas individuais e nos direitos das pessoas decidirem seu destino político. O reaparecimento do nacionalismo envolve necessariamente o reavivamento do conservadorismo, mas com uma nova proposta – um futuro comum em que a nação deve se renovar e regenerar. Hoje é impossível o isolamento da cultura para a preservação da identidade nacional. As culturas isoladas enfrentam a ameaça de perder sua autenticidade pela absorção de outras culturas que possuem maiores meios de se reproduzir e expandir. A comunidade de cultura e a unidade de significado são os principais meios para a criação e a experiência de identidade nacional.

“A política de identidade envolve um elemento progressista, e os movimentos

nacionalistas que a representam estão ao lado da paz, dos movimentos ecologistas ou feministas, uma vez que eles lutam pela diferença, pelos excluídos do poder”.

GUIBERNAU, Monserrat

Na realidade, o sucesso do nacionalismo provém de sua capacidade de se valer de uma população social e politicamente diversificada. De mobilizá-la e de interagi-la. Com a globalização todas as nacionalidades parecem próximas, os grupos parecem muito familiares, reconhecemos seus rostos, mas pertencem na maioria, ao mundo que vemos nas telas de televisão, nos filmes e jornais e não interagem conosco. Por isso dizemos que a globalização é penetrante e ninguém pode fugir às suas conseqüências.

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Responda em seu caderno!!! De que maneira a Globalização está presente em sua vida?

globalização acrescenta uma nova dimensão significativa à vida dos

indivíduos, na medida em que amplia seus horizontes e abre novas perspectivas às conseqüências de suas ações.

O atual renascimento do nacionalismo fundamenta-se nas transformações

locais, precedidas da necessidade de identidade tanto coletiva como individual. As tensões e os conflitos étnico-nacionais e religiosos são prova de que a

globalização não conseguiu unificar os povos, como podemos citar exemplos: ♦ Os curdos que lutam para criar o Estado do Curdistão; ♦ Os bascos que querem autonomia de sua região na fronteira entre

Espanha e França; ♦ Os hutus que massacram os tutsis em Ruanda; ♦ Os muçulmanos que querem tornar a Caxemira (Cachemira) independente

da Índia; ♦ A questão irlandesa; ♦ O conflito judeus X palestinos; ♦ A guerrilha na Colômbia; ♦ Movimento islâmico. E outros.

Este último exemplo é um caso especial que merece análise mais detalhada

por se tratar de um movimento radical de oposição à modernidade, e à globalização. Trata-se do mundo árabe- muçulmano, inacessível, de subordinação política à religião e com grande ressentimento e ódio à civilização ocidental.

A globalização e a modernidade criaram condições de possibilidade para uma nova era em que a informação é produzida e transmitida quase que instantaneamente.

A globalização originou-se no Ocidente e diz respeito sobretudo à expansão de idéias, valores, estilos de vida e tecnologia ocidentais. De certa forma a “homogeneização” cultural ou o que é novo produz um sentimento de insegurança, junto ao medo de perda da própria identidade nacional. – está evidente que o mundo global não é um mundo igual.

Um exemplo de que o mundo global não é igual para todos, é o Islamismo. Você sabe o que é isto? Islamismo – Vem da palavra Islã, que significa submeter-se à vontade de Alá.

(Deus em Árabe). Seu seguidores são chamados de Muslim, em árabe, aquele que se submete a Alá. Hoje em dia é a segunda maior religião do mundo e a que mais cresce. No Brasil, estima-se que vivam em São Paulo 1 milhão de Islâmicos.

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GLOBALIZAÇÃO E FUNDAMENTALISMO ISLÂMICO

As condições do ocidente prometidas outrora às antigas colônias jamais se concretizaram. A dependência tornou-se mais aguda após a descolonização. O Islã e, em especial, o seu fundamentalismo é uma necessidade de encontrar uma alternativa para um estilo ocidental imposto que se revelou inapto à solução de seus poderes políticos e econômicos.

A população muçulmana (islâmica) foi aos poucos depositando suas

esperanças nas próprias raízes religiosas e culturais, já que a modernidade e a globalização só trouxeram benefícios para uma minoria – a elite econômica. Responda em seu caderno!!!

Faça uma análise da frase “...o mundo global não é um mundo igual” “A própria rigidez das leis do islã, talvez esteja atraindo pessoas que se

sentem perdidas em meio ao excesso de liberalismo da sociedade contemporânea; o Islã está cobrando mais dos seguidores e essa cobrança é o que eles buscam; resistência à mudança – no mundo globalizado e da Internet, as pessoas procuram uma âncora para melhor manter suas raízes”.

ISTO É, 29/04/98, p.70

A globalização tornou possível a imediata resposta unificada dos muçulmanos

aos acontecimentos que afetam sua comunidade. “O fundamentalismo islâmico apresenta uma alternativa à cultura da

modernidade propagada pelos poderes políticos e econômicos do Ocidente. Mas, ao mesmo tempo, ele tira proveito da tecnologia ocidental para reproduzir e expandir mensagens”.

GUIBERNAU, Monteserrat.

LEITURA DE APOIO

O texto a seguir é um exemplo que nos leva a refletir sobre os costumes islâmicos.

Situação complicada a das mulheres

Às vésperas do século XXI e com o mundo todo mergulhado na globalização, o Afeganistão é um lugar com a peculiaridade de ter dado um salto para trás. Desde a tomada da capital, Cabul pela milícia Talibam – uma força guerrilheira nascida nos seminários islâmicos e que controla dois terços do país – criou uma versão severa, e extremamente radical da sharia, (o conjunto de leis e regras de comportamentos prescritos para os muçulmanos.) Impôs um rígido código de vestuário, proibiu raspar barba, música, cinema, televisão, antenas parabólicas, jogos de cartas, criar pássaros e soltar pipa.

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Porém, nada é mais sufocante que a situação das mulheres.

A partir da adolescência, elas não podem falar com homens, exceto parentes próximos. São impedidas de trabalhar e estudar.

Só saem à rua por motivo justificado, assim mesmo acompanhadas de um parente e cobertas da cabeça aos pés pelo burqa (burçá), o manto que envolve o corpo todo – um pequeno círculo, à altura dos olhos e do nariz, permite a visão através de uma tela, protegida por tecido fino. Patrulhas do Ministério da Propagação da Virtude e de Combate ao Vício (formada pela polícia religiosa) percorrem as ruas, de chicote em punho,...

Os talibans lutam em duas frentes – contra milícias rivais no norte e contra o pecado no restante do país.

Afeganistão um país atrasadíssimo, nunca foi uma sociedade igualitária para os sexos. Apenas 1% das meninas chegava à universidade em 1979. Em julho deste ano fecharam as últimas escolas para meninas.

O taliban vê o trabalho feminino como uma arma na conspiração ocidental contra o Islã. Só as médicas continuam em atividade, pois um homem não poderia atender pacientes do sexo oposto”

AS GUERRAS ÁRABE-ISRAELENSES E A QUESTÃO PALESTINA

Estas guerras são exemplos de sentimento nacionalista e o desejo de

conseguir um território. Em 1947 a ONU elaborou o plano de partilha da Palestina que causou grande

insatisfação aos povos árabes. No ano seguinte foi fundado o Estado de Israel. Desde a sua fundação, Israel vive em guerra permanente. De início, os exércitos dos países vizinhos: Egito, Síria, Líbano, Iraque e Jordânia atacaram o

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país e travaram uma violenta guerra. No final da guerra (1949) Israel conseguiu ampliar 50% do território.

Em 1967 eclodiu a Guerra Dos Seis Dias, quando Israel obteve a península do Sinai e a Faixa de Gaza, do Egito: região da colina de Golã, da Síria; e a Cisjordânia da Jordânia.

Em 1964 foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) com

a finalidade de lutar pela criação de um Estado Palestino. Após cinco anos Yasser Arafat assume e utiliza métodos extremistas (terrorismo) para alcançar seus objetivos.

Em 1973, o Egito e a Síria tentaram reaver os territórios perdidos para os

israelenses e em sangrenta batalha acabaram derrotados.

Através de um acordo intermediado pelos Estados Unidos, Israel devolveu a

península do Sinai ao Egito. Em 14 de dezembro de 1988, o líder da OLP apresentou um plano de paz na

Assembléia Geral da ONU, no qual reconhecia o Estado de Israel e conquistou mais espaço no campo diplomático, passando a negociar com os EUA e com Israel.

Em 1993, Israel assina um acordo de paz com a OLP. A faixa de Gaza e a cidade de Jericó, na Cisjordânia foram devolvidas e se

tornaram regiões autônomas e de administração palestina. Em 1995, outras 456 cidades da Cisjordânia conseguiram autonomia. Mas o

impasse maior, onde há conflitos é a cidade de Jerusalém, pois nem Israel nem a OLP abre mão de sua administração.

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Apesar do acordo de paz pouca coisa mudou. Os árabes que vivem nos

territórios ocupados reivindicam a formação de um Estado Palestino e Israel não consegue eliminar a resistência palestina nem os grupos radicais muçulmanos.

Veja no mapa a seguir por que o Oriente Médio é chamado por alguns de “barril de

pólvora”

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As pequenas pátrias

Europa foi o berço do Estado nacional. No velho continente, surgiram as nações e o nacionalismo. Que depois foram se espalhando por todas as partes do planeta. A formação do Estado nacional dentro da Europa envolveu um longo percurso histórico, iniciado no Renascimento e só completado no século XIX. Atualmente a Europa se vê envolvida em questões nacionalistas. A desagregação da Iugoslávia gerou a independência da Macedônia, porém o novo Estado é visto com grande hostilidade pela Grécia, que não aceita sua soberania. Em outras parte da Europa, o nacionalismo aparece sob a forma de movimentos pela autonomia ou de conflitos separatistas. Entre inúmeros exemplos, destacam-se os casos do país Basco, do Ulster, da Lapônia, da Valônia e Macedônia. Os Bascos, povo de origem indeterminada, habitam o nordeste da Espanha e o noroeste da França. O “país” Basco espanhol foi responsável pelo surgimento do ETA (Pátria Basca e Liberdade), movimento separatista que alcançou importante respaldo popular.

Você já ouviu falar do Ulster?

Os católicos que representam 35% da população do Ulster ( a Irlanda do Norte)- aspiram à independência em relação ao Reino Unido e à unificação com a Irlanda. Os conflitos entre eles e a maioria protestante, que deseja manter a subordinação do Ulster a Londres, resultaram na constituição do IRA ( Exército Republicano Irlandês). O terrorismo do IRA e a pressão britânica transformaram o Ulster na principal zona de tensão política do ocidente Europeu.

Valônia!!! Onde fica isso???

A Valônia fica na região meridional (do lado Sul) da Bélgica, de língua francesa, onde emergiu um movimento separatista. A tensão política entre os Valões provoco uma reforma constitucional, em 1993. Com a criação de um Estado baseado na autonomia limitada das regiões (Flandres, Valônia e Bruxelas )

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Lapônia. Crise na terra do Papai Noel...

Os povos lapões habitam a região boreal (do lado norte) da península escandinava. Beneficiando-se da flexibilidade política dos Estados nórdicos, conseguiram um importante estatuto de autonomia com relação a Suécia, Finlândia e Noruega. Observe no mapa da Europa onde estão as pequenas pátrias!!!

A seguir você verá mais um exemplo, mais detalhado, de nacionalismo do mundo atual. A Chechênia, região que reivindica a separação e independência da Rússia (Ásia) após o fim da União Soviética, no início dos anos 90. Grozni, a capital da Chechênia não existe mais. Os edifícios, casas, ruas e avenidas compõem hoje uma terra arrasada e silenciosa, resultado da conquista da mais importante cidade dos separatista chechenos. De tão absoluta, a destruição levou o governo russo a descartar qualquer plano para reerguer a cidade, que poderá ser em breve riscada do mapa. Nikolai Koshman, vice primeiro-ministro da Rússia, declarou que “Grozni, deve ter o status de uma cidade fechada”. Responsável pela reconstrução da infra-estrutura da Chechênia, ela não reservou para a capital nenhum centavo do orçamento de 500 milhões de dólares. Ao contrário, os russos estão demolindo e evacuando os prédios parcialmente destruídos. Os planos incluem transformar Gudermes, a Segunda cidade da república, em nova capital.

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Desde a Segunda Guerra Mundial não se vê uma cidade européia aniquilada de forma tão completa. O combate em zona urbana é um pesadelo para todo exército, sobretudo o russo, que foi humilhado nas ruas de Grozni na primeira fase do conflito. Surpreende o fato dessa estratégia tão brutal e inclemente ser adotada dentro da própria Rússia, contra seus próprios cidadãos, ainda que parte de um etnia minoritária e com um longo histórico de ódio a Moscou. Quando Moscou fala em controlar a situação na república separatista nunca mencionou a possibilidade de acordo. A idéia é a subjugação� total, nem que para isso cidades inteiras desapareçam, um raciocínio que hoje costuma ser evitado mesmo em conflitos internacionais. Grozni era o principal símbolo da rebeldia contra Moscou e pagou caro por isso. Como em todo confronto sem regras, a queda de Grosai veio acompanhada de relatos de cenas de horror contra a população, crescem as denúncias de assassinatos, torturas e estupros realizados por soldados russos. Homens são mantidos em áreas onde os soldados dizem separar inocentes de guerrilheiros, mas que segundo familiares, são campos de execuções. O total de mortos está na casa dos milhares, mas essa é uma conta que o controle de informações impede que seja feita.

Pressionado, Moscou nomeou um oficial para atender os grupos de defesa

dos direitos humanos .

Mas que ninguém se engane: a prioridade russa continua sendo a eliminação de uma formidável força de 8 000 guerrilheiros, que ainda estão escondidos na montanhas. Sem Grozni, a guerra apenas mudou de endereço. � Subjugação – Ato de subjugar, manter sobre o domínio de armas.

Responda em seu caderno!!!

Procure esclarecer que significado tem a frase “ Sem Grozni, a guerra apenas mudou de endereço.”

A GLOBALIZAÇÃO E O MUNDO VIOLENTO

Com o mundo mais integrado, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e de transportes, com o aumento das migrações internacionais e de fluxos comerciais surgem, além das contradições citadas, o crime internacional organizado, as chamadas máfias ou cartéis que controlam o comércio de drogas, a prostituição, o tráfico de mulheres e crianças, o contrabando de armas e de órgãos

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humanos, de produtos eletrônicos, de grãos, etc. Calcula-se que os rendimentos anuais com essas atividades ilegais estejam aumentando cada vez mais e se tornando mais sofisticados.

Cada vez que uma pessoa fuma um “baseado” ou cheira uma “carreira de cocaína”, está participando querendo ou não, de uma rede complexa e ilegal de jogos econômicos e políticos internacionais. Para se ter uma idéia, a rede internacional do narcotráfico movimenta anualmente 500 bilhões de dólares, uma quantia equivalente a quatro vezes a dívida externa brasileira. É o segundo comércio do mundo só perdendo para o de armas.

Os dois produtos são prejudiciais à sociedade e ao indivíduo (veremos mais adiante). Segundo um relatório da Organização da Nações Unidas, entre 50% e 70% dos narcodólares são lavados ou branqueados� e reinvestidos em negócios legais. Pelo menos 85 bilhões de dólares são reciclados nos Estados Unidos e na Europa.

O narcotráfico é um grande império, com

capacidade de impor e derrubar governos. A “ guerra ao narcotráfico” é uma disputa por territórios, entre governos e máfias narcotraficantes.. É , por isso, um problema geopolítico

A distribuição da droga é praticada principalmente por uma minoria étnica,

que luta por sua autonomia nacional e por organizações paramilitares de natureza mafiosa. No sudeste asiático, no Afeganistão e em alguns países subdesenvolvidos foram ou são empregados em guerras e lutas nacionais.

A própria Agência de Informações (CIA) e a Agência de Repressão às Drogas

(DEA), em aberta contradição com a retórica oficial contra drogas, negociaram com narcotraficantes sempre que isso lhes foi conveniente.

� Lavagem ou branqueamento- É o processo pelo qual o dinheiro obtido por meios ilegais passa à condição de legítimo ou tem suas origens ilegais mascaradas.

É óbvio que, com tantos interesses em jogo, o mundo da droga é, ao mesmo tempo, muito grande mas clandestino, lucrativo mas perigoso.

Ninguém que conviva com esse mundo durante muito tempo sai ileso, do ponto de vista tanto de quem usa droga, por acirrar dependência física e psíquica, como de quem participa do narcotráfico. Ultrapassando um certo limite, é difícil encontrar o caminho de volta.

“O tráfico é um crime contra o Estado democrático porque corrompe a sociedade em lugares onde a assistência dele é falha. (...) a melhor forma de combater o tráfico é atacar a economia do crime organizado e impedir a lavagem de dinheiro, em vez de só perseguir o traficante”. Epoca 13/07/98.

As ações repressivas criam uma espécie de economia antidroga, no sentido de que toda estrutura policial, jurídica, governamental, médica, etc., passa a existir

““““Espaço Espaço Espaço Espaço é poder”é poder”é poder”é poder” Friedrich Ratzel, Geográfo Friedrich Ratzel, Geográfo Friedrich Ratzel, Geográfo Friedrich Ratzel, Geográfo

Alemão (1844Alemão (1844Alemão (1844Alemão (1844----1904).1904).1904).1904). Ratzel, usou essa

frase para definir o

que é Geopolítica.

A Geopolítica

não é uma ciência,

mas uma técnica e

uma arte a serviço

do Estado.

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em função dela, movimentando bilhões de dólares que poderiam ser melhor aplicados em benefícios sociais.

As múltiplas redes de governos, agências antidrogas e organizações

internacionais de combate às drogas não têm conseguido evitar o poder de corrupção daqueles que financiam, transportam, comerciam e protegem esse negócio.

Responda em seu caderno!!!

1- Na sua opinião por que é tão difícil acabar com o narcotráfico?

QUEM ESTÁ REALMENTE INTERESSADO EM DESARMAR?

As armas também fazem parte dos negócios ilegais e que hoje operam em escala mundial.

A Organização das Nações Unidas (ONU) criada após a Segunda Guerra

Mundial, com o objetivo de promover a paz e a integração entre as nações do

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mundo, hoje é incapaz de garantir sua presença em todas as frentes de conflitos do planeta.

As grandes potências do Norte têm assento garantido e poder de veto no

Conselho de Segurança da ONU e atuam mais no sentido de garantir os seus interesses do que na promoção da paz.

Os Estados Unidos, a CEI (antigas repúblicas socialistas), França, Alemanha,

Grã-Bretanha e Itália foram grandes produtores de armas. Muitos deles continuam produzindo. Boa parte da produção é destinada aos países subdesenvolvidos e em desenvolvidos através de negócios ilícitos (contrabando) envolvendo, muitas vezes, governos e organizações criminosas.

Os países desenvolvidos abasteceram e ainda abastecem de armas os países do Oriente Médio e da África onde estão em constantes conflitos. Da mesma maneira, a China armou os separatistas indianos da região de Caxemira, deflagrando a guerra entre a Índia e o Paquistão.

Outro fato, fala-se muito em desarmamento nuclear após a Guerra Fria, mas

o “clube atômico” (conjunto de países que possuem bombas nucleares) continua se ampliando. Em 1996 a ONU referiu-se ao Tratado Abrangente de Banimento de Testes Nucleares – que proíbe todo tipo de explosão nuclear, mesmo as subterrâneas. Mas esse tratado não entrou em vigor porque alguns países se recusam a assiná-lo.

Há fortes indícios de que os armamentos nucleares que ficaram ociosos

(Rússia, Kasaquistão e Bielorússia) depois da Guerra Fria, foram vendidos ou contrabandeados para os países do Oriente Médio, Coréia do Norte e outros países do Sul.

Muitos países do Sul possuem ou são suspeitos de possuir bombas atômicas: China, Índia, África do Sul, Coréia do Norte, Iraque e Paquistão. Outros países vêm realizando grandes esforços nos últimos anos para possuí-las, como Síria, Argélia e Líbia. A cada ano, esses países dependem de enormes somas para esse fim ao invés de investir em educação, saúde, habitação e em qualidade de vida do seu povo.

o apogeu da bipolaridade e da divisão do mundo em socialista (União

Soviética) e capitalista (Estados Unidos), ocorriam as guerras ideológicas, mas os conflitos eram de certa forma evitados para poupar uma crise mundial. Futuramente com toda essa multiplicação de bombas atômicas, mesmo sem a participação das grandes potências, há um risco muito grande para o meio ambiente planetário.

Hoje é apenas um teste, mas no futuro o que será? Esta é a preocupação de todos...

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Os pobres entram na corrida pelas armas nucleares

Maio de 1998 ...Com as três explosões subterrâneas, o país (Índia) quebrou um jejum de 24

anos em testes nucleares, deixou de cabelos em pé o vizinho Paquistão, que vive às turras com a Índia por questões fronteiriças e suscitou uma provável corrida armamentista na região. Como não bastasse, o governo indiano fez mais dois testes, ignorando os protestos mundiais.

Num dos recantos da terra onde os ânimos sempre andaram exaltados –

desde 1947 a Índia já teve três guerras com o Paquistão e uma com a China, em 1962 – o espectro de um confronto nuclear traz preocupações das mais sombrias.

Junho de 1998

“Paquistão detona bombas para ‘empatar o placar’ com a Índia e aumenta a

insegurança de todo o mundo.

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...o Paquistão, um dos países miseráveis do planeta, anunciou sua entrada no

pequeno grupo dos donos de armas nucleares detonando cinco bombas num rincão desértico. Como os paquistaneses vivem em permanente estado de beligerância� com a vizinha Índia, outra nação que se preocupou em estocar bombas nucleares antes de ser capaz de alimentar decentemente todos os seus habitantes, armou-se no sul da Ásia uma situação de confronto como não se via desde os tempos mais perigosos da Guerra Fria. Invocando o nome de Alá, o Todo-Poderoso, o primeiro ministro paquistanês anunciou que “empatamos o placar com a Índia. (...)”

Para agravar o cenário apocalíptico esboçado no subcontinente indiano, o

governo paquistanês informou também que já estava colocando ogivas nucleares nos mísseis apontados para o inimigo do outro lado da fronteira.”

�Beligerância – relativo à guerra. “Foi a experiência indiana, arrogantemente assumida, que acelerou a corrida nuclear dos pobres. O Paquistão é muito mais dependente de ajuda internacional do que a Índia.

Com uma renda per capita de 470 dólares (menos da metade da de Piauí, o estado

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mais pobre do Brasil) o país consome com gastos militares um terço do orçamento nacional.

Com uma bomba testada desde 1974, a Índia deu um grande passo adiante

ao realizar as novas explosões e reivindicar o status de potência nuclear. Fez isso porque quer mais prestígio internacional – também por ter um governo ultracionalista, declaradamente disposto a botar lenha na fogueira atômica e, de quebra, faturar pontos na política interna.” Fonte : Isto é, 03/07/98.

LEITURA SUPLEMENTAR. As Guerrilhas Na Colômbia

Segundo o governo, o poderio da guerrilha colombiana vem de atividades criminosas, como a extorsão, os seqüestros e as relações com o tráfico de drogas. Os principais grupos guerrilheiros do país são as FARC- Força Armadas Revolucionarias da Colômbia, e o ELN – Exército da Libertação Nacional. Em 1985, estavam estabelecidos em poucos mais de 170 municípios; recentemente o número saltou para 600 dos 1024 municípios do país. Juntamente com os cartéis de drogas, as guerrilhas representam um verdadeiro poder paralelo: fecham estradas, impõem toque de recolher, saqueiam, etc.

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Texto de apoio : para ler e pensar.

A religião, hoje, teria perdido o sentido.

As pessoas, em geral, evitam discutir as suas opiniões sobre crenças

religiosas. A religião, porém, acompanha e marca a vida do homem e das sociedades humanas desde os tempos mais antigos.

Refletir sobre o papel da religião para o homem e, sobre o papel do homem

nas instituições religiosas é uma tarefa muito difícil e muito importante em qualquer processo de educação.

Por que tantas pessoas evitam discutir assuntos religiosos? Muita gente acredita que, pelo fato de as ciências terem avançado muito na

conquista do universo, permitindo um maior controle da vida, das leis da natureza e das leis da sociedade, a religião teria se tornado algo superado. Para essas pessoas, a ciências teria levado o homem a descobrir que todos os mistérios do conhecimento humano só permanecem sem resposta enquanto não são desvendados cientificamente. Cada nova explicação cientifica significaria, portanto, um mistério a menos.

Com os vastos conhecimentos que o homem possui a respeito do mundo que

o cerca, a religião não atenderia mais sua necessidade real como na antigüidade, quando a natureza dominava completamente a vida do homem.

O que você pensa a respeito de tudo isso? Forme a sua própria opinião. O QUE É RELIGIÃO? A palavra religião vem do latim “ religare” denotando a ação de tornar a ligar

(ligar-se a Deus). Religião é o reconhecimento, pelo homem, de um poder ou de um princípio superior, do qual depende seu destino e ao qual se deve obediência e respeito. Essa crença desenvolve no homem uma atitude intelectual e moral que, muitas vezes, se torna uma regra de vida, um conjunto de princípios que orientam sua vida prática.

Desde épocas muito antigas, o homem vive se questionando: Quem sou eu? O que sou? Qual o sentido da vida? O que são Bem e o

Mal? Será que a vida tem realmente uma finalidade? Existe vida depois da morte? Por que temos que ajudar o próximo? Qual a importância da solidariedade e da fraternidade nos dias de hoje? Para esses questionamentos, se o homem crê em Deus, como sendo um

poder superior a todos os seres humanos e a toda natureza, encontrará uma explicação. Essa explicação nos é dada através de diferentes religiões.

Em seu conjunto, toda religião destina-se a estabelecer e manter o contato entre o homem e Deus...

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Se tivesse um pouco mais de religiosidade em cada um dos governantes de toda sociedade não haveria tanta fome no mundo.Com certeza haveria uma retomada do processo indicado pela expressão: liberdade, fraternidade e igualdade que só hoje 20% da população mundial tem esses direitos. Para o restante a negação da cidadania é a dura realidade. É este pois o verdadeiro dilema posto para a sociedade do Terceiro Milênio.

Leitura Suplementar.

O MAIOR ATENTADO DE TODOS OS TEMPOS

11 de setembro de 2001. Os Estados Unidos sofrem uma série de atentados inacreditáveis, que atingiram o centro do poder econômico mundial e a sede do poder militar do país. Dois aviões de companhias americanas, com passageiros seqüestrados em aeroportos do país, atingem com intervalo de dezoito minutos, as duas torres do World Trade Center, em Nova York, onde funcionavam escritórios de bancos e das maiores empresas transnacionais.

Da mesma forma, outro jato comercial era arremessado contra o edifício-sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono, em Washington.

O terrorista Osama Bin Laden assumiu a autoria dos atentados. O número de mortos nessa tragédia passou de 5 mil e o impacto sobre a economia mundial ainda é incalculável. Mais graves, porém, são as implicações políticas, como a retaliação dos Estados Unidos, apoiados pelos países da Otan, contra o Afeganistão que desencadearam a primeira guerra do século XXI.

Logo que o terrorismo islâmico tornou-se o principal suspeito dos atentados, o inimigo tomou a forma de Osama Bin Laden, o milionário saudita que financia e organiza as atividades terroristas islâmicas em vários países.

E o mundo islâmico ou muçulmano, o Islã, passou a ser o outro lado da guerra. Choque de civilizações e Ocidente versus Islã foram, entre outras, as expressões usadas para caracterizar o novo conflito em que os Estados Unidos se envolveram. Entretanto a situação não é tão simples. Em primeiro lugar, não se pode confundir terrorismo islâmico com o Islã, no qual a maioria prega a paz.

Do lado ocidental, o jogo de alianças envolve tanto aliados tradicionais dos Estados Unidos, como o Reino Unido e o Canadá, quanto antigos inimigos como a Rússia e a China, que vêem vantagem em apoiar, “com ressalvas”, as coalizões contra o terror. A Rússia conta com o silêncio dos norte-americanos a respeito da dura repressão dos rebeldes muçulmanos da Chechênia. A China enfrenta o mesmo problema com a província islâmica de Xinjiang e espera que os Estados Unidos parem de cobrar o cumprimento dos direitos humanos na repressão aos rebeldes. Alguns governos de países muçulmanos estão do lado dos Estados Unidos porque dependem economicamente desse país, mas não representam na verdade, o pensamento da grande maioria de seus governados. Portanto, o mundo globalizado continua a lutar por antigos conflitos e novos surgirão no futuro, sempre visando interesses políticos, econômicos ou religiosos das nações.

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ELABORADO PELA

EQUIPE DE GEOGRAFIA CEESVO 2004

Deise Quevedo Bertaco Jaime Aparecido da Silva

Maria de Fátima Pinto

COLABORAÇÃO

Luiz Gustavo Cerqueira Ferreira Júlia de Oliveira Rodrigues Vieira

Neiva Aparecida Ferraz Nunes