Geografia 1 Fase

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FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro

Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Presidente

Diretoria Corporativa Operacional

Augusto César Franco de Alencar Diretor

SESI / Rio de Janeiro

Fernando Sampaio Alves Guimarães Diretor Superintendente

Diretoria de Educação

Andréa Marinho de Souza Franco Diretora

Gerência de Educação Básica

Hozana Cavalcante Meirelles Gerente

Gerência de Educação a Distância

Maria Antonieta Pires dos Santos Gerente

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Série SESIeduca2010SESI • Rio de Janeiro

S491egSESI - RJ

Ensino Médio para Jovens e Adultos : GeografiaRio de Janeiro : GEB / GED, 2004. 210 p.edição atualizada, 2010.1. Educação de Jovens 2. Educação de AdultosI - Geografia / Fase 1

CDD 373.011

Propriedade do SESI - Rio de JaneiroReprodução total ou parcial, sob expressa autorização.

SESI • Rio de JaneiroDIREtORIA DE EDuCAçãOAvenida Graça Aranha, 1 - Centro20.030-002 - Rio de Janeiro - RJ

FICHA tÉCNICA

Divisão de Desenvolvimento Lorelei Guanabana Baliosian

Coordenação Carmem Lúcia de Freitas Siqueira

Redação técnica Alexandre Ferreira Sandoval

Leitor Crítico Heloísa Campos da Costa

tratamento Pedagógico Kátia Lúcia de Oliveira Barreto

Revisão Ortográfica Izabel Maria de Freitas Sodré / Formas Consultoria

Revisão Editorial Jaqueline Damas de Oliveira

Projeto Gráfico Ana Monteleone / Engenho & Arte

Editoração Sylvio Nogueira / Engenho & Arte

Normalização Bibliográfica Biblioteca do Sistema FIRJAN

FICHA CATALOGRÁFICASistema FIRJANDivisão de Documentação - Biblioteca

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S u M Á R I O

Apresentação 7

Capítulo 1 9O espaçO ecOnômicO dO Brasil

Capítulo 2 21a mOdernizaçãO da sOciedade Brasileira

Capítulo 3 37O Brasil e O mercadO mundial

Capítulo 4 51a fOrmaçãO dO territóriO

Capítulo 5 69O espaçO industrial i

Capítulo 6 85O espaçO industrial ii

Capítulo 7 99a explOraçãO mineral e a ecOnOmia Brasileira

Capítulo 8 115fOntes de energia e transpOrte

Capítulo 9 131O espaçO agráriO i

Capítulo 10 145O espaçO agráriO ii

Capítulo 11 161a questãO urBana i

Capítulo 12 175a questãO urBana ii

Capítulo 13 189as etnias Brasileiras i

Gabarito 201

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A P R E S E N t A ç ã O

“Terra, és o mais bonito dos planetas,Estão te maltratando por dinheiro.”

Beto guedes e ronaldo Bastos

prezado(a) aluno(a),

com o objetivo de tornar a aprendizagem da geografia dinâmica e prática para você, buscamos, neste material, investir não só em sua capacidade de conhecimento, valorizando o desenvolvimento do seu raci-ocínio, de sua capacidade de solucionar problemas, de sua habilidade em acessar, julgar e avaliar informações, como também em sua criatividade, oferecendo-lhe possibilidades de aprender a aprender, de forma que você possa participar do mundo social, do mundo do trabalho e, além disso, possa, com segurança e confiança em si mesmo, dar continuidade ao seu estudo de forma sistemática e autônoma.

neste material há atividades que lhe possibilitam pesquisar, selecio-nar informações, analisar, sintetizar e argumentar, pois acreditamos que essas competências estejam diretamente ligadas ao estudo do espaço geográfico.

dessa forma, elaboramos módulos que estudam o Brasil e o mundo de forma interligada, a fim de mostrar como a terra e a natureza vão sendo modificadas e até reconstruídas pela ação do homem. e essa ação humana, ao transformar as condições naturais do território e ao modernizar a economia, gera ou agrava, ao mesmo tempo, certas contradições: a questão ambiental; os problemas sociais urbanos; as disparidades regio-nais; a qualidade de vida da população etc. essas contradições fazem parte do espaço geográfico; nele se reproduzem e devem, portanto, ser estudadas pela geografia.

nossa expectativa é a de que este material possa contribuir para a formação de um cidadão que aprenda para viver dignamente no mundo e pelo prazer de conhecer; que saiba aplicar seu conhecimento na sua prática de vida; um cidadão, enfim, capaz de desenvolver um espírito crítico, capaz de formular juízo de valor, capaz de ser.

no mais, esperamos que este material possa ajudá-lo em seu pro-cesso de aprendizagem. agora é só começar. desejamos sucesso em sua nova caminhada.

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o espaço econômico do brasil

C A P Í t u L O 1

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 1

o espaço econômico do brasil

-A N O T A Ç Õ E S

Estamos vivendo o começo do século XXI. O segundo milênio terminou, e iniciamos a contagem dos anos de 2000.

Observe o mapa a seguir. Ele nos mostra os polos (os líderes) da economia mundial e os seus liderados (também chamados de perife-rias) neste começo do terceiro milênio.

Estados unidos e seus liderados ou sua periferia: América Latina. Zona do dólar.Países da união Europeia (uE) – um conjunto de 15 países formado pela Bélgica, Dinamarca, Áustria, Suécia, Finlândia, Países Baixos, Lu-xemburgo, Inglaterra, França, Itália, Irlanda, Grécia, Portugal, Espanha e Alemanha (o centro do polo) – e sua periferia: outros países europeus e a África. Zona do marco alemão e do ECU (abreviação de European currency unit ou unidade monetária europeia) – moeda usada entre os membros da União Europeia, hoje euro.Japão e sua periferia: o Extremo Oriente da Ásia, onde estão os chamados dragões ou tigres asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan ou Formosa e Hong Kong); a Oceania – com destaque para a Austrália e a Nova Zelândia. Zona do iene.

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-A N O T A Ç Õ E S

12GEOGRAFIA

Agora, partindo da leitura do texto que acompanha o mapa, responda:

Quais os principais polos (os líderes) da economia mundial neste começo de século XXI?

Quais são as periferias, isto é, as áreas lideradas por esses polos da economia mundial?

Qual é o lugar que o Brasil ocupa no mundo atual?

INVESTIGANDO CAMINHOS

Neste capítulo procuraremos responder a essas e outras perguntas sobre a nova ordem mundial.

O Brasil nO cOntextO internaciOnal

O mapa 1 mostra que os principais polos da economia mundial neste começo do século XXI são os Estados Unidos, os países da União Europeia (caso seja necessário, releia o texto que acompanha o mapa 1 e identifique os países que compõem esse grupo) e o Japão. Além disso, ele identifica como periferias desses polos as seguintes áreas: América Latina (lidera-da pelos Estados Unidos); Leste europeu e África (liderados pela União Europeia); Extremo Oriente e Oceania (liderados pelo Japão).

Compare o mapa 1 com o mapa a seguir. Observe que o mundo (entre 1945 e 1991) era dividido em dois blocos: o capitalista e o socialista.

No período compreendido entre 1945 e 1991, o mundo era bipolar,* isto é, era liderado por dois polos econômicos e políticos, os Estados Unidos e a União Soviética (a força era medida pela capacidade militar). Hoje ele é multipolar,* pois a liderança econômica é exercida por mais de três polos: os Estados Unidos, os países da União Europeia (França, Alemanha, Reino Unido, principalmente) e o Japão.

No mundo atual, tem poder o país que tem dinheiro. Os mais ricos do planeta são: Estados Unidos e Canadá, na América do Norte; Alemanha, França, Itália e Inglaterra, na Europa Ocidental;* Japão, na Ásia. Eles controlam mais de um terço das riquezas da Terra. É importante lembrar que, a partir de janeiro de 2002, a maior parte dos países da União Europeia adotou como moeda única o euro.

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13O ESPAÇO ECONÔMICO DO BRASIL

-A N O T A Ç Õ E SHoje, as pesquisas e os trabalhos científicos têm um peso muito grande nas riquezas de um país, porque aperfeiçoam a técnica, isto é, facilitam a maneira de produzir bens.* O desenvolvimento técnico, por sua vez, favorece novas invenções. Tudo isso leva a uma produção industrial e agropecuária* cada vez maior e, portanto, a um maior desenvolvimento econômico.

Observe no mapa a seguir o nível em que se encontram os países considerados como polos econômicos e compare esses níveis com o da produção industrial do Brasil.

A legenda que acompanha o mapa divide os países em avançados, intermediários e fracos (quanto maior for o círculo preto, maior será o valor da produção industrial do país).

A seguir, o mapa 4 mostra como estão distribuídos os espaços tec-nológicos no mundo, isto é, existem os países considerados avançados, intermediários ou fracos.

A partir da legenda que acompanha o mapa, identifique o nível dos países que comandam a economia mundial e a posição do Brasil.

Organize suas ideias respondendo às perguntas propostas a seguir.

Observe o mapa 3 e responda:a) As maiores produções industriais do mundo concentram-se no

hemisfério norte (acima da linha do Equador). Cite os três espaços de maior concentração industrial nesse hemisfério.

b) A posição do Brasil é avançada, intermediária ou fraca?

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-A N O T A Ç Õ E S

14GEOGRAFIA

Agora observe o mapa 4 e responda:c) Os espaços tecnológicos mais avançados no mundo estão locali-

zados no hemisfério norte. Eles coincidem ou não com os locais de maior valor da produção industrial?

d) Qual é a posição do Brasil em relação a esses aspectos tecno-lógicos?

Pense e responda:

e) Com base nos mapas que você observou e na leitura do texto até este momento, qual é o lugar do Brasil no mundo?

a nOva Ordem mundial

Como você pôde observar, os países onde se registram os maiores va-lores da produção industrial e que se utilizam das técnicas mais avançadas estão localizados no hemisfério norte. Não ao norte do Equador, mas, com algumas exceções, ao norte do Trópico de Câncer.

Por causa dessa localização, os países mais ricos passaram a ser cha-mados de países do Norte.

Por outro lado, quase todos os países com desenvolvimento interme-diário ou fraco, coincidentemente, estão localizados ao sul do Trópico de Câncer. Esses países mais pobres passaram a ser chamados de países do Sul.

DESAFIOS DO PERCURSO

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15O ESPAÇO ECONÔMICO DO BRASIL

-A N O T A Ç Õ E S

O mapa 5 mostra essa nova ordem mundial, que leva em conta o de-senvolvimento econômico e tecnológico de cada país e a qualidade de vida de sua população.

O Brasil está num nível de desenvolvimento intermediário. Algumas de suas áreas mais industrializadas podem, inclusive, ser comparadas com as dos mais desenvolvidos países do Norte. Por que então o Brasil pertence ao conjunto de países pobres?

Acontece que um país não é considerado rico apenas pelo número de indústrias, de operários, ou pelo volume de matéria-prima e produção.

Para um país ser considerado desenvolvido e rico, levam-se em conta, entre outros, principalmente dois aspectos:

• a qualidade da produção econômica, ou seja, a técnica, que leva à alta especialização e à sofisticação dos produtos;

• o nível de vida da população, ou seja, a boa qualidade de vida para a maioria do povo: escolaridade, saúde, saneamento, mo-radia, melhor distribuição de renda etc.

INVESTIGANDO CAMINHOS

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-A N O T A Ç Õ E S

16GEOGRAFIA

DESAFIOS DO PERCURSO

Nesses aspectos, o Brasil deixa muito a desejar. Por isso, nosso país ainda não pode ser incluído no mundo dos países desenvolvidos.

Siga as instruções e complete o mapa. Isso vai ajudá-lo a fixar melhor o que aprendeu.

1. Cubra com lápis vermelho a linha que separa os países do Norte dos países do Sul.

2. Pinte de lilás a área da América Latina.3. Pinte a África de laranja.4. Pinte de verde o sul e o sudeste da Ásia.5. Pinte de cinza as superfícies ocupadas pelos países do Norte.6. Escreva os nomes dos oceanos e pinte de azul-claro as superfícies

ocupadas por eles.7. Escreva o nome dos principais paralelos.8. Complete a legenda, colorindo os quadrinhos com as mesmas cores

que você utilizou para pintar o mapa.

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17O ESPAÇO ECONÔMICO DO BRASIL

-A N O T A Ç Õ E S

FILME

Central do Brasil (1998). Direção: Walter Salles Junior. Com: Fer-nanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Otávio Augusto, Othon Bastos, Marília Pêra e Mateus Nachtergale.

Drama em torno da estória do garoto Josué, que busca o pai que nunca conheceu. Dora, uma mulher que vive na periferia, escreve cartas, mediante pagamento, para analfabetos, em estação de trem no Rio de Janeiro, prometendo que as colocará no correio. Mas ela não efetiva as promessas. É uma mulher amarga, desencantada com a vida. Envolve-se, porém, com o garoto – que perde a mãe num atropelamento – em sua busca do pai. Ambos saem em via-gem pelo sertão do Nordeste e acabam encontrando muito mais do que buscavam.

GlOssÁriO

Agropecuária – a agricultura na sua relação com a pecuária.

Bens – o que é propriedade de alguém; posses.

Europa Ocidental – parte da Europa formada pela Islândia, No-ruega, Suécia, Finlândia, Dinamarca, Escócia, Inglaterra, País de Gales, Irlanda do Norte, Irlanda, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Suíça, Áustria, Itália, França, Espanha, Portugal e Grécia.

Mundo bipolar – após a Segunda Guerra Mundial, os países se dividiram em dois polos representados pelas superpotências Estados Unidos e União Soviética.

Mundo multipolar – a partir dos anos 90, após a queda do muro de Berlim e o desmoronamento da União Soviética, surgiram vários polos econômicos (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França, Inglaterra etc.). Temos então uma ordem multipolar.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Cia. das Letras, 1995.

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia: estu-dos de geografia do Brasil. São Paulo: Moderna,1996.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

VESENTINI, José William. A nova ordem mundial. São Paulo: Ática, 1995. (Série Geografia Hoje)

______. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

AMPLIANDO O HORIZONTE

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-A N O T A Ç Õ E S

18GEOGRAFIA

1. No mundo atual, tem poder o país que reúne as seguintes caracte-rísticas:

a) mais recursos naturais e poder econômico;

b) mais tecnologia, um bom clima e boa qualidade de vida para a população;

c) poder econômico, tecnologia e boa qualidade de vida para a população;

d) boa qualidade de vida, muitos rios e poder econômico;

e) relevo com grande altitude e riquezas minerais.

2. Correlacione as colunas:

a) Países que já atingiram excelente desenvolvimento econômico.

b) Países que ainda não atingiram o desenvolvimento econômico dos países ricos.

( ) Japão

( ) China

( ) Índia

( ) Alemanha

( ) Estados Unidos

( ) Brasil

( ) Argentina

( ) Austrália

3. Os atuais polos econômicos são:

a) Rússia e Estados Unidos

b) Inglaterra e Índia

c) Japão e Brasil

d) Estados Unidos, Alemanha e Japão

e) Austrália e Japão

4. O Brasil não está incluído no mundo dos países desenvolvidos porque:

a) tem um elevado nível industrial.

b) são grandes as desigualdades sociais.

c) é elevado o nível tecnológico.

d) a renda per capita é elevada.

e) a população rural é grande.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

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19O ESPAÇO ECONÔMICO DO BRASIL

-A N O T A Ç Õ E S5. Assinale com um C as alternativas corretas e com um E as erradas:

a) O Brasil não pertence ao Sul ou Terceiro Mundo porque é um país industrializado.

b) Certos países africanos, como a África do Sul, e alguns asiáticos, como a Índia e a Coreia do Sul, possuem mais semelhanças com o Brasil que alguns países da América, como o Haiti ou a Guiana.

c) O real pode ser considerado uma importante divisa para o co-mércio mundial de bens e serviços.

d) O Brasil pode ser considerado um país dependente, ou seja, da periferia do sistema capitalista internacional.

e) Quando afirmamos que o Brasil é um país do continente ameri-cano, estamos dando importância à terra, à natureza, e não ao homem.

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C A P Í t u L O 2

a modernização da sociedade brasileira

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 2

a modernização da sociedade brasileira

-A N O T A Ç Õ E S

O Brasil, como você já estudou, pertence ao grupo dos países do Sul. Comprove esta posição observando as notícias a seguir. A primeira mostra a dependência do nosso país em relação ao capital estrangeiro; a segunda, a presença da tecnologia no nosso dia a dia; a terceira exemplifica a desigualdade social que caracteriza o Brasil.

1ª notícia:

COmO está A entrAdA de reCursOs

Em dezembro de 1999, a expectativa era que o Brasil recebesse entre US$ 22 bilhões e US$ 25 bilhões em 2000. Este mês, as estima-tivas foram revistas para algo entre US$ 27 bilhões e US$ 30 bilhões.

ACImA dA eXPeCtAtIvA

Como isso afeta a sua vida

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-A N O T A Ç Õ E S

24GEOGRAFIA

Com a intensificação da entrada de recursos externos no país, a tendência é de que a produção se amplie, aumentando, assim, a geração de empregos. Outra conseqüência mais imediata que já vem sendo sentida é a valorização do real frente ao dólar, que faz com que os produtos importados fiquem mais baratos e ajuda a conter pressões inflacionárias.

emPresAs APOstAm nA PrOduçãO

empresa setor investimento aplicaçãoNABISCO Alimentos US$ 46 milhões Aumento do mercado

GUARDIAN Vidros US$ 8,72 milhões Ampliação/nova linha de

produção

ACESITA/USINOR Siderurgia US$ 50 milhões Ampliação de fábrica

MSI DO BRASIL Informática US$ 5,8 milhões Implantação de fábrica

GRUPO MPE Sucos US$ 8,13 milhões Ampliação de fábrica

GRUPO SOL MELIÁ Hotelaria US$ 29 milhões Construção de

3 unidades no Rio

GATEWAY Informática US$ 31 milhões Produção de PCs

PARCEIROS DA PETROBRAS Petróleo até US$ 570 milhões Sísmica/perfuração

MICROSOFT Informática US$ 2 milhões Construção de fábrica

PROCT&GAMBLE Farmacêutico US$ 1,45 milhão Capacitação de farmácias

FONTE: Empresas, consultorias, bancos, Sobeet e Banco Central, Jornal O Globo, 26-03-2000.

2ª notícia:

COnCOrrA A dOIs YePPs

Para ajudar você a entrar na era do mp3, a Samsung e O DIA estão sorteando dois walkmans digitais YEPP, modelo YPE32, com 32MB de memória e tudo o que precisa para copiar suas músicas favoritas do computador. Quem quiser concorrer deve enviar um e-mail para [email protected], com o assunto “Promoção Samsung YEPP”, ou escrever para a redação do caderno de Informática, Promoção Samsung YEPP, no endereço: Rua Riachuelo, 359, 2° andar, Rio de Janeiro, CEP 20235-900, respondendo à pergunta: “O que vem no YEPP?” e informando um telefone para contato. A resposta pode ser encontrada no site www.yepp.com.br. O sorteio será realizado no dia 5 de abril e, os resultados, divulgados na edição do dia 12. Boa sorte!

Jornal O Dia, Caderno Informática, 23-03-2000.

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25A MODERNIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E S3ª notícia:

PAtrãO em desvAntAgem

Aposentado se queixa que terá reajuste muito inferior ao que dará à empregada

O aposentado, Luís Sis, 84 anos, presidente da Federação dos Aposentados e Pensionistas do Rio de Janeiro, recebe por mês o equivalente a sete salários mínimos. Seu benefício terá um reajuste em torno de 7% em junho. O problema é que sua empregada, Maria de Fátima Batista, 31 anos, terá um reajuste muito maior do que o dele. Já em maio, seu salário passa dos R$ 136 para R$ 151. Se a lei do piso estadual for mesmo aprovada, aumentando os ganhos no Rio de Janeiro para R$ 180, ele ainda terá que dar um novo aumento à Maria de Fátima. No final das contas, enquanto o seu benefício terá aumentado 7%, o de sua empregada terá tido um reajuste de 32%. “Não sou contra dar o aumento, só acho um absurdo os aposentados serem os prejudicados”, critica Sis.

Jornal O Dia, 24-03-2000.

Além do Brasil, existem outros países do Sul, como a África do Sul, Formosa ou Taiwan, Coreia do Sul e México, em que a atividade industrial assumiu maior importância que as atividades agrícola e mineral.

Mas o fato de serem nações industrializadas não significa que esses países superaram a situação de subdesenvolvimento. Pelo contrário: grande parte das empresas mais lucrativas desses países é estrangeira. Seus me-lhores solos agrícolas são destinados ao cultivo de matérias-primas para as indústrias e, principalmente, à produção de gêneros para exportação.

As desigualdades sociais nesses países são muito acentuadas, tendo geralmente se agravado mais ainda com a industrialização.

você sabia?Em média, um trabalhador em países como o México, Brasil ou a Áfri-

ca do Sul ganha, para realizar as mesmas atividades, cerca de dez vezes menos que um trabalhador nos Estados Unidos, na Alemanha ou no Japão.

trabalhador Precisa trabalhar em média Para comprar

ALEMÃO 6 minutos 1 litro de leite 13 minutos 1 kg de batatas 20 minutos 1 kg de arroz 45 horas 1 televisor

BRASILEIRO 1 hora 1 litro de leite 1 hora e 20 minutos 1 kg de batatas 1 hora e 40 minutos 1 kg de arroz 915 horas 1 televisor

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-A N O T A Ç Õ E S

26GEOGRAFIA

Por isso, podemos afirmar que o Brasil, junto com os outros países citados neste texto, é um país subdesenvolvido e industrializado, já que industrialização não deve ser confundida com desenvolvimento.

O siGniFicadO de mOdernizaçãO

Alguns países do Sul apresentam crescimento econômico, apesar da dependência em relação aos países ricos e das grandes desigualdades sociais. Alguns autores chamam esse crescimento de Modernização. Essa modernização provoca grandes transformações, que são as seguintes:

a) aumento da população urbana. No Brasil, por exemplo, a po-pulação urbana passou de 31% (1940) para 79% (1996).

Fonte: IBGE, Censos Demográficos.

INVESTIGANDO CAMINHOS

b) industrialização e aumento percentual dos empregos nos setores secundário (industrial) e terciário (comércio, bancos, escolas, funcionalismo público etc.) da economia com diminuição no setor primário (atividades agrícolas e extrativas).

Observe no gráfico a seguir como o setor primário no Brasil, por exem-plo, oferece cada vez menos emprego à população, já que o percentual de trabalhadores nesse setor foi diminuindo no período de 1940 a 1990 representado no gráfico.

FONTES: FIBGE, Estatísticas Históricas do Brasil, FIBGE, PNAD, 1990. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. Ed. Moderna, p. 212.

c) diminuição progressiva dos índices de analfabetismo, das taxas de natalidade e mortalidade.

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27A MODERNIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E ScrescimentO veGetativO nO Brasil (1940-1996)

Período taxa de natalidade taxa de mortalidade crescimento natural

1940 - 1950 4,44 2,09 2,35

1950 - 1960 4,32 1,42 2,90

1960 - 1970 3,87 0,98 2,89

1970 - 1980 3,30 0,81 2,49

1980 - 1991 2,68 0,79 1,89

1991 - 1996 - - 1,38Fonte: IBGE, Contagem de população de 1996. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. Ática. p. 170.

d) mudança progressiva, com a migração de grandes contingentes da população do campo para as cidades, no tipo de mentalidade dominante, que passa de tradicional* para moderna*.

Todas essas transformações provocadas pela modernização ocorrem na maioria dos países subdesenvolvidos e com mais intensidade nos países industrializados do Sul. No entanto, isso não significa que esses países estejam passando por um processo de desenvolvimento semelhante ao que ocorreu na Revolução Industrial dos países hoje chamados de de-senvolvidos.

Os países do Sul, na realidade, começaram a industrializar-se no mo-mento em que as grandes empresas dos países desenvolvidos se expandiam em busca de novos mercados e locais para investir. Assim, a industriali-zação dos países subdesenvolvidos resulta, em grande parte, da expansão da economia dos países centrais ou do Norte.

DESAFIOS DO PERCURSO

Faço carreto • pego jornal e papelão • limpo terreno

pego latinha e alumínio velho • Fone: 936-2804

Diariamente, Seu Josias circula por vários bairros da cidade onde mora. Através do anúncio ao lado, escrito na carroceria do seu caminhão, ele oferece seus serviços. Um dos instrumentos de trabalho mais impor-tantes desse brasileiro é o telefone celular, através do qual seus clientes o localizam rapidamente.

Relacione a situação descrita com o que você estudou até agora neste capítulo.

Leia com atenção esse anúncio:

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-A N O T A Ç Õ E S

28GEOGRAFIA

tiPOs e etaPas da industrializaçãO

A industrialização vem ocorrendo há mais de dois séculos. Ela trouxe para a sociedade o domínio das cidades sobre o campo e da técnica sobre a natureza.

Apesar de ser um processo secular de desenvolvimento da sociedade moderna e do capitalismo, a industrialização pode ser dividida em diferen-tes tipos e etapas. Do ponto de vista político-econômico, podemos dizer que houve três tipos de industrialização:

tipos de características industrialização

Ocorreu na Inglaterra, em meados do século XVIII, e no século XIX se espalhou para outros países europeus e de outros conti-nentes (Estados Unidos e Japão). Nela desenvolveu-se uma nova relação de trabalho: a relação assalariada; novas máquinas foram inventadas (inicialmente movidas a vapor e usando o carvão como fonte de energia).

Ocorreu no século XX, nos países que adotavam economias planificadas, denominados socialistas. Nela predominavam as empresas estatais e as indústrias pesadas ou de base. Esse tipo de industrialização existiu até o final da década de 1980, tendo sido importante para o avanço industrial da ex-União Soviética, da Polônia, da Bulgária e outros.

É uma industrialização historicamente atrasada em relação à industrialização original, e ocorreu nos países subdesenvolvidos do Sul. Ela foi mais comum no século XX.

INVESTIGANDO CAMINHOS

clássica ou Original

Planificada

tardia ou retardatária

Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, a industrialização pode ser dividida em três etapas:

etaPas da industrializaçãO e suas características

1a revolução industrial

• Ocorreu até o final do século XIX na Inglaterra.

• Foi feita com base em técnicas mais simples (máquina a vapor, carvão como principal fonte de energia, força de trabalho não especializada nem qualificada).

• Destaque para as indústrias têxteis.

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29A MODERNIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E S2a revolução industrial

• Ocorreu a partir do final do século XIX até o início da década de 1980, em especial nos Estados Unidos.

• Foi feita com base em técnicas mais complexas (máquinas e mo-tores mais sofisticados, petróleo como principal fonte de energia e mão de obra especializada).

• Predomínio das indústrias automobilística, petroquímica, side-rúrgica e metalúrgica.

3a revolução industrial ou revolução técnico-científica

• Ocorre desde o final dos anos 70 do século XX e deverá se de-senvolver por completo no século XXI, principalmente nos Esta-dos Unidos, Alemanha e Japão. Exige muita tecnologia, maior qualificação da mão de obra e em certos momentos utiliza robôs no lugar da força de trabalho.

• Marcada pela ocorrência de indústrias altamente sofisticadas como informática, robótica, biotecnologia, química fina e tele-comunicações.

Pare, pense e responda:

Qual o tipo de industrialização do Brasil?

Qual é a etapa da industrialização na qual se situa o Brasil?

industrializaçãO e mOdernizaçãO nO Brasil

O Brasil é um dos países industrializados do Sul, com uma industria-lização do tipo tardia. Por quê?

1o A industrialização no Brasil é feita em grande parte com capitais estrangeiros, ao inverso da clássica e da planificada, em que predominam os capitais nacionais.

2o Ela se baseia no desenvolvimento das indústrias de bens de consu-mo,* ao contrário da industrialização planificada, em que predominam as indústrias de base,* e da industrialização clássica, caracterizada por um desenvolvimento equilibrado entre esses dois tipos de indústrias.

3o O Brasil utiliza basicamente tecnologia estrangeira, ao contrário dos países onde se verificam os outros dois tipos de industrialização, que criam sua própria tecnologia.

Atualmente, o Brasil tenta iniciar a 3ª Revolução Industrial, mas enfrenta imensas dificuldades para isso, pois nossa mão de obra é pouco qualificada e a distribuição da renda é uma das mais injustas do mundo, havendo uma imensa maioria de pobres com um baixíssimo poder de consumo.

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-A N O T A Ç Õ E S

30GEOGRAFIA

Nos últimos 50 anos, o Brasil tem passado por um intenso processo de modernização, com todas as características que foram apontadas quando você estudou o significado de modernização no começo deste capítulo. (Observe mais uma vez os gráficos e a tabela apresentados anteriormente.)

Agora leia a notícia a seguir, retirada da revista Época de 13 de de-zembro de 1999.

PIrâmIde nA fAvelA

Novo Fórum do Recife fica numa área miserável da cidade e leva juízes a fazer acordo com a vizinhança

O novo prédio de 43 mil metros quadrados do Fórum do Recife ocupa uma área estratégica, no principal eixo de ligação entre as zonas norte e sul da cidade. Exatamente no coração de uma das maiores favelas locais, o Coque. A região é foco de cólera, fica num mangue e não tem saneamento. Os seis pavimentos do prédio possuem fachada de granito e vidro fumê, adornados por monumentais colunas. A obra custou R$ 50 milhões – R$ 10 milhões gastos em mobília e computa-dores. Os 47 mil favelados vizinhos do Fórum moram em casas de papelão, sob viadutos, no delta do Rio Capibaribe.

A construção do edifício fez o metro quadrado na favela subir de R$ 100 para R$ 170. O Tribunal de Justiça negociou benefícios com a comunidade. Empregou 200 favelados. Empreendeu o Projeto Boa Vizinhança. A prefeitura pagou indenizações por casebres na área onde será erguida a sede da associação dos magistrados. Será construída uma pista de Cooper a pedido dos moradores. O governo federal investe R$ 27 milhões em novas estações de metrô, e a prefeitura R$ 20 milhões num complexo viário. “A especulação imobiliária nos expulsará”, diz Rildo Fernandes, líder comunitário. Sete mil pessoas circularão diari-amente na favela para ter acesso ao Fórum, que substitui três prédios onde estão 80 varas cíveis.

Há hoje 637 mil processos em tramitação em Pernambuco, 400 mil no Recife. A relação é de um juiz para 3.200 processos na capital. Sem espaço para todos, os 60 juízes e 63 auxiliares trabalham meio expediente e ganham salário integral. O novo Fórum duplicará o número de varas cíveis.

Sérgio Adeodato, do Recife.

Agora que você já leu a notícia apresentada e reviu os gráficos e a tabela do começo do capítulo, pare e pense:

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31A MODERNIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E SQue parte da população consome esses bens “modernos” que são produzidos pelas indústrias mais avançadas? Por quê?

Dessa forma, podemos afirmar que a modernização do país fez com que ele deixasse de ser rural e agrário e passasse a ser urbano e industrial. Mas isso não significa que o Brasil deixou de ser um país do Sul. Pelo contrário, os elementos básicos do subdesenvolvimento, como veremos a seguir, continuaram e até aumentaram.

Um dos maiores problemas da sociedade brasileira é a extrema desi-gualdade na distribuição da renda nacional, que se concentra em poucas mãos. E essa concentração, em vez de diminuir, vem aumentando nas últimas décadas.

Observe os gráficos e veja que, de 1970 para 1995, os 10% mais ricos tiveram um aumento de 2% (47% para 49%), enquanto os 60% mais pobres tiveram uma diminuição de 3% na sua renda (de 21% para 18%).

As razões pelas quais essa concentração se tornou cada vez maior nas últimas décadas serão estudadas futuramente, mas suas consequências são várias: enquanto uma minoria da população desfruta um padrão de vida cada vez melhor (moradias, automóveis sofisticados, restaurantes de luxo etc.), a imensa maioria vai sendo obrigada a colocar seus filhos menores para trabalhar, somando-se a isso a queda de qualidade da alimentação diária; além disso, multiplicaram-se nas grandes cidades as favelas, os mendigos e os subempregados (camelôs, prostitutas, biscateiros, “guar-dadores de carros” etc.).

DESAFIOS DO PERCURSO

1. Leia o texto e responda:

A fáBrICA dO futurO

A fábrica do futuro já está aqui. Em Charlottesville, Virgínia, uma cidade universitária localizada ao pé das montanhas Blue Ridge, a (...) GE–Fanuc, uma joint venture* da General Electric e Fanuc, empresa japonesa que é a líder mundial na fabricação de robôs, produz peças

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-A N O T A Ç Õ E S

32GEOGRAFIA

de controle para máquinas automatizadas. A raridade desta fábrica é que não há trabalhadores em sua produção: o processo de manufatura básico é totalmente automatizado (embora existam homens supervi-sionando as máquinas). Um equipamento automatizado como um robô Fanuc, que retira partes de uma linha de montagem automatizada, desempenha a operação necessária e retorna as partes para a linha.

Nas fábricas da Fanuc no Japão está o futuro da manufatura – robôs que fazem robôs. Nem trabalhadores nem supervisores trabalham no chão de fábrica. Todas as operações, desde o manuseio de material até a operação das máquinas, são automatizadas. A visão de manufatura da Fanuc é um sucesso. Na verdade, a Fanuc pode ser a empresa de manufatura mais lucrativa do mundo – com vendas por empregado de mais de 1 milhão de dólares (...).

CRAWFORD, Richard. Na era do capital humano. São Paulo: Atlas, 1994. p. 105. In: LUCCI, Elian Alabi. Geografia: o homem no espaço global. São Paulo: Saraiva, 1999. p. 84.

a) Qual é o nome da fábrica do futuro da qual fala o texto?

R.:

b) O que ela produz?

R.:

c) Que etapa de industrialização a fábrica do futuro representa? Por quê?

R.:

2. Observe a tabela e responda:

taxa de crescimento industrial do Brasil entre 1981 e 1993Período/Ano Crescimento (%)1981 -10,41982 -0,21983 -5,81984 6,21985 8,31986 11,31987 1,01988 -3,41989 2,91990 -9,51991 -2,41992 -4,11993 7,9

FONTE: FERRAZ, João Carlos e outros. Made in Brazil. Rio de Janeiro: Campus, 1996. p. 55-6. In: LUCCI, Elian Alabi. Geografia: o homem no espaço global. São Paulo:

Saraiva, 1999. p. 96.

a) No período apresentado pela tabela, em que ano o Brasil apresentou maior taxa de crescimento industrial?

R.:

b) A tabela mostra que a taxa de crescimento industrial do Brasil em alguns anos foi ne-gativa. Esses dados atestam uma instabilidade econômica no período. Apresente duas características da industriali-zação brasileira.

R.:

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33A MODERNIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E S

1. livro

Meninas da noite, de Gilberto Dimenstein (São Paulo: Ática, 1995).

O livro mostra o resultado de investigações feitas pelo jornalista a respeito da prostituição e do trabalho escravo de meninas na Amazônia. Percorrendo diversos pontos da região, o autor recolhe histórias e depoimentos surpreendentes sobre o cotidiano trágico da exclusão social no país.

2. música

Que país é este? – Paralamas do Sucesso – Acústico MTV (EMI 1999).

3. Filme

Bye, bye Brasil (1979). Direção: Carlos Diégues. Com: José Wilker, Betty Faria, Fábio Júnior, Zaira Zambelli.

A caravana do circo Rolidei, formada por artistas ambulantes, viaja pelo Norte e Nordeste de um Brasil que está se modernizando, influenciado pelo contato com a TV e o rádio, e onde não há mais espaço para artistas como aqueles. Na viagem, a caravana se depara com inúmeros problemas sociais do Brasil: a seca no sertão nordes-tino, a exploração do garimpo, a prostituição, o trabalho escravo de indígenas na Amazônia e o tratamento dado aos migrantes em Brasília. Amplo painel das transformações sociais e espaciais do Brasil, feito com muita sensibilidade.

GlOssÁriO

Indústrias de bens de consumo – são aquelas que produzem bens que serão consumidos diretamente pelas pessoas. Por exemplo: automobilística, de eletrodomésticos, de calçados, de cigarros etc.

Indústrias de base ou de bens de produção ou bens de capi-tal – são aquelas que fabricam matérias-primas e equipamentos para outros tipos de indústria. É o caso das indústrias siderúrgica, metalúrgica, petroquímica etc.

Joint venture – associação de empresas, não definitiva, para ex-plorar determinado(s) negócio(s), sem que nenhuma delas perca sua personalidade jurídica.

Mentalidade moderna – caracteriza-se por um forte desejo de melhoria da situação, incentivado pela consciência de que a realidade econômica e social não permanece eternamente a mesma, mas pode mudar com o esforço pessoal.

AMPLIANDO O HORIZONTE

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-A N O T A Ç Õ E S

34GEOGRAFIA

Mentalidade tradicional – caracteriza-se por aspirações mais modestas, por um menor desejo de subir na vida, a par de uma aceitação mais passiva das condições de existência, como se fossem “naturais”.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

LUCCI, Elian Alabi. Geografia: o homem no espaço global. São Paulo: Saraiva, 1999.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

Jornal O Globo

Jornal O Dia

1. “Os países subdesenvolvidos não são apenas atrasados economica-mente, mas dependentes; na realidade, eles constituem o que se denomina periferia do sistema capitalista internacional, onde reinam grandes desi-gualdades sociais e forte exploração da mão-de-obra. Ou seja, em parte a riqueza e os elevados padrões de vida do centro (os países desenvolvidos) dependem da dependência e descapitalização da periferia.”

Com base no texto acima, depreende-se que:

a) os países do Sul são nações em desenvolvimento, caminhando rapidamente para uma igualdade de condições com os países desenvolvidos.

b) os países do Sul não mantêm nenhuma relação com os do centro do capitalismo internacional.

c) os países da periferia do sistema capitalista mundial são atrasa-dos economicamente, mas, com a ajuda dos países desenvolvi-dos, tendem a superar essa situação.

d) não tem muito cabimento imaginar que, no futuro, todos os países serão desenvolvidos, pois não existem desenvolvidos sem subdesenvolvidos e vice-versa.

e) nunca os países atualmente subdesenvolvidos irão alterar essa situação.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

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35A MODERNIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E S2. (UFPR) Quanto ao fato de o Brasil ser considerado país subdesen-volvido industrializado, é correto afirmar que:

I. Mesmo não tendo superado a situação de subdesenvolvimento, o Brasil se industrializou, apoiado na iniciativa de milhares de trabalhadores e na abertura do mercado externo aos produtos brasileiros.

II. No estágio atual do sistema capitalista, não se pode mais definir a situação brasileira como de subdesenvolvimento devido à forte presença da indústria.

III. O grau de industrialização alcançado pelo Brasil pode ser atribu-ído, em grande parte, à expansão do setor de bens de consumo duráveis e não duráveis.

IV. O Brasil tornou-se um país subdesenvolvido industrializado com uma forte participação de empresas multinacionais em setores importantes da atividade industrial.

V. A situação de país subdesenvolvido industrializado não é exclusiva do Brasil. Outros países, como Argentina, México, Coreia do Sul e Formosa, estão em posição semelhante.

São corretas as alternativas:

a) I, II e III.

b) III, IV e V.

c) II, III e IV.

d) I, II e IV.

e) II, III e VI.

3. São países do Terceiro Mundo que se podem considerar industria-lizados:

a) Paraguai, Estados Unidos, Canadá e Japão.

b) Coreia do Sul, México, Argentina e Brasil.

c) Estados Unidos, Argentina, Tanzânia e Brasil.

d) México, Peru, Bolívia e Marrocos.

e) África do Sul, Nigéria, Egito e Paquistão.

4. Assinale a característica que não pertence à industrialização tardia:

a) Um processo de substituição de importações.

b) Preocupação fundamental com a indústria de base ou bens de capital.

c) Passa a ocorrer mais intensamente após a Segunda Guerra Mundial.

d) Maior desenvolvimento das indústrias de bens de consumo.

e) Os ramos mais dinâmicos e lucrativos em geral costumam ser ocupados pelos capitais estrangeiros.

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5. São características da Revolução Técnico-Científica ou 3ª Revo-lução Industrial:

a) a forte presença da pesquisa científica e da tecnologia moderna, a substituição do petróleo por outras fontes de energia e o final da hegemonia econômica dos Estados Unidos.

b) a hegemonia dos Estados Unidos e a predominância do petróleo como fonte de energia essencial.

c) a hegemonia do Japão na economia mundial, a substituição do petróleo pela energia solar e a substituição da mão de obra desqualificada por uma força de trabalho técnica de nível médio.

d) uma nova hegemonia da Europa, a continuidade do petróleo como fonte de energia básica e indispensável e o subdesenvol-vimento de amplas áreas do Norte.

e) o final da guerra fria e a ascensão da China como nova potên-cia do mundo socialista, que continua a disputar terreno com o capitalismo.

6. São indústrias de ponta na 3ª Revolução Industrial:

a) a petroquímica, a automobilística e a siderúrgica.

b) a metalúrgica, a de construção civil e a naval.

c) a elétrica, a eletrônica e a têxtil.

d) a informática, a microeletrônica e a biotecnologia.

e) a alimentícia, a de bebidas finas e a de cosméticos.

7. Qual é o país que se destaca mundialmente pela vanguarda na in-trodução de robôs nas firmas?

a) Estados Unidos.

b) Inglaterra.

c) Rússia.

d) Alemanha.

e) Japão.

8. Podemos definir melhor a mão de obra da 3ª Revolução Industrial como a que emprega:

a) mão de obra qualificada.

b) técnicos de nível médio.

c) força de trabalho barata.

d) mão de obra especializada.

e) peões que trabalham 14 horas por dia.

36GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

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o brasil e o mercado mundial

C A P Í t u L O 3

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 3

o brasil e o mercado mundial

-A N O T A Ç Õ E S

O comércio exterior brasileiro conheceu grandes mudanças na sua natureza nos últimos anos. Progressivamente, as exportações de produtos primários (agrícolas e minerais) e de semi-industrializados* foram sendo substituídas por exportações de mercadorias industriais.

Ao contrário de países como o México ou o Canadá, cujas relações comerciais estão orientadas quase exclusivamente para os Estados Unidos, o Brasil busca integrar-se no comércio mundial como um parceiro global. As exportações e importações nacionais distribuem-se por diferentes blocos e áreas do mundo.

Os grandes polos da economia mundial ocupam lugar privilegiado nessa parceria. Somados, os Estados Unidos, a União Europeia e o Japão representam pouco mais de 50% das importações e consomem cerca de 55% das exportações do país.

FONTE: FIBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1994. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 75.

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-A N O T A Ç Õ E S

40GEOGRAFIA

Observe o mapa:

FONTE: FIBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1994. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 75.

INVESTIGANDO CAMINHOS

cOmérciO exteriOr

Quando se fala sobre o comércio externo brasileiro, é preciso observar as nossas exportações e importações. Veja as tabelas a seguir.

tabela 1

exPOrtaçÕes Brasileiras (us$ BilHÕes)

ano Básicos semimanufaturados manufaturados total1981 8,92 2,12 11,88 22,921985 7,54 2,76 14,06 24,361990 8,75 5,11 17,01 30,871994 11,06 6,89 24,96 42,911997 14,47 8,48 29,19 52,14

FONTE: Ministério da Fazenda, 1997.

A tabela 1 mostra que o Brasil vem aumentando suas exportações de produtos manufaturados e semimanufaturados. Apesar de ele continuar sendo um grande exportador de produtos básicos (café, cacau, algodão, soja, madeiras, carnes, minério de ferro e de manganês etc.), nas últimas décadas, o país vem exportando cada vez mais calçados, suco de laranja, produtos têxteis, óleos comestíveis, bebidas, caldeiras e aparelhos me-cânicos, armamentos, alguns produtos químicos e material de transporte (automóveis, veículos de carga, peças).

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41O BRASIL E O MERCADO MUNDIAL

-A N O T A Ç Õ E Stabela 2

imPOrtaçÕes Brasileiras (us$ BilHÕes)

ano combustíveis matérias- Bens de Bens de total minerais primas consumo capital 1981 11,34 5,74 0,99 4,02 22,091985 6,18 3,70 0,79 2,48 13,151990 5,57 6,80 2,94 5,93 21,241994 5,12 11,80 4,66 12,69 34,271997 5,84 21,87 13,22 20,55 61,48

FONTE: Ministério da Fazenda, 1997. In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 78.

Por outro lado, a tabela 2 mostra que as importações mais importantes são: matérias-primas como o trigo, seguidos por tratores e peças, caldeiras (bens de capital); bens de consumo como automóveis e material óptico e eletrônico, além do petróleo (combustível mineral).

Os principais pontos de saída de exportações e entrada de importações do Brasil estão concentrados no litoral do Sudeste. Essa concentração espacial reflete o predomínio dos centros industriais e urbanos dessa região como fontes de mercadorias de exportação e como consumidores de produtos de importação.

tabela 3

embarque entrada de exportações (em %) de importações (em %)Santos (SP) 33,1 Santos (SP) 22,9Vitória/Tubarão (ES) 11,0 Angra dos Reis (RJ) 13,6Rio de Janeiro (RJ) 9,3 Rio de Janeiro (RJ) 12,0Rio Grande (RS) 7,6 São Sebastião (SP) 7,8Paranaguá (PR) 7,0 São Paulo (SP) 7,4São Luís (MA) 2,6 Salvador (BA) 4,9São Francisco do Sul (SC) 2,2 Manaus (AM) 4,7Salvador (BA) 2,2 Campinas (SP) 4,1Belém (PA) 2,1 Vitória (ES) 3,9São Paulo (SP) 2,1 Porto Alegre (RS) 2,0

FONTE: FIBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1990. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 78.

e para onde vão nossas exportações?

de onde vêm os produtos que importamos?

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-A N O T A Ç Õ E S

42GEOGRAFIA

Observe o gráfico a seguir: ele dará respostas para as perguntas feitas anteriormente e completará as informações transmitidas pelo mapa que aparece no começo desse capítulo.

FONTE: IBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1995. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 31.

(1) Principalmente Arábia Saudita, Irã e Iraque. (2) Principalmente Nigéria e Angola.

(3) Principalmente Canadá, Suíça, China e Austrália.

PrinciPais mercadOs BrasileirOs

exportadores• União Europeia

(especialmente Alemanha, Itália, França, Espanha e Holanda)

• Estados Unidos

• América Latina (especialmente Argentina, Paraguai, Uruguai, México, Chile)

• Japão

• China, Taiwan, Coreia do Sul e Arábia Saudita

importadores• União Europeia (especialmente

Alemanha, Itália e França)

• Estados Unidos

• América Latina (especialmente Argentina, Venezuela, México, Uruguai e Chile)

• Arábia Saudita

• Japão

• Kuwait

• Nigéria

ImPOrtAnte:Na realidade, esse aumento no volume de bens manufaturados nas

exportações brasileiras não se deve à qualidade desses produtos, mas ao seu baixo preço no mercado internacional. E isso decorre principalmen-te dos baixos salários pagos para produzi-los. Assim, a exportação de manufaturados não está conseguindo inverter a desvantagem que o país leva em suas trocas comerciais: os produtos importados, em média, ainda custam mais que os exportados. Além disso, esse imenso volume de bens exportados a baixo preço significa que boa parte das riquezas aqui produ-zidas está sendo transferida para o exterior. Portanto, a relação comercial desvantajosa com os países desenvolvidos continua a existir.

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43O BRASIL E O MERCADO MUNDIAL

-A N O T A Ç Õ E SO Brasil e O mercOsulAlém do aumento nas importações de bens industrializados, outra

importante modificação vem ocorrendo no comércio exterior do Brasil: um maior intercâmbio* com os países do Terceiro Mundo,* em especial com nações da América do Sul.

Procurando acompanhar a tendência mundial dos anos 90 de criar mercados supranacionais,* em que as fronteiras alfandegárias (isto é, as proibições, restrições e os impostos de entrada ou saída de bens e serviços de um país para outro) são retiradas ou diminuídas, o Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai criaram em 1991 o Mercosul – Mercado Comum do Sul.

Qual o objetivo do mercosul?Unir os países membros num grande intercâmbio de bens e serviços,

cuja meta era vencer o atraso econômico da região e ganhar produtividade.

Quais são os países membros?Inicialmente, o Mercosul foi formado por quatro países (Brasil, Ar-

gentina, Uruguai e Paraguai). Depois, a partir de 1996, ocorreu o ingresso progressivo do Chile e da Bolívia como membros associados (mas não plenos), havendo ainda grandes perspectivas de admissão do Peru e da Venezuela, em primeiro lugar, e de outros países latino-americanos pos-teriormente (Colômbia, Equador e até o México).

Qual é a importância do mercosul?Leia o texto:

A eXPAnsãO dA rede de lAnCHOnetes mC dOnAld’s

Com origem nos Estados Unidos, em 1993 a Mc Donald’s possuía 130 lojas espalhadas pelo Cone Sul da América: 109 no Brasil, 17 na Argentina, 2 no Uruguai e 2 no Chile.

A integração operacional entre as lanchonetes dos vários países é total. As embalagens foram padronizadas com mensagens em espanhol e português; fabricadas no Brasil, a um custo mais baixo do que se fossem produzidas em cada um dos países, são exportadas para todas as lanchonetes da rede no Cone Sul.

(...)Para avaliar melhor como o Mercosul tem favorecido a Mc Don-

ald’s, tomemos o exemplo dos molhos e da maionese utilizados nos sanduíches. Para importar ketchup e mostarda de qualquer país fora do Mercosul, a Mc Donald’s teria de pagar cerca de 20% de taxa de importação. Entre os países do Mercosul não existem taxas para es-ses produtos, permitindo que a produção seja concentrada num país e exportada para os demais, sem aumento de custo.

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-A N O T A Ç Õ E S

44GEOGRAFIA

Com essa forma de operação, a Mc Donald’s não pode reclamar da crise econômica nos países do Cone Sul. Todos os anos a rede se expande com a abertura de dezenas de lojas, principalmente no Brasil.

In: PRAXEDES, Walter e PILETTI, Nelson. O Mercosul e a sociedade global. São Paulo: Ática, 1997. p. 51.

Através do exemplo da McDonald’s, podemos perceber a importância do Mercosul para as grandes empresas nacionais e multinacionais instala-das no Cone Sul. A possibilidade de que essas empresas passem a contar com um espaço econômico e geográfico maior, facilidades de comercia-lização entre os vários países, maior acesso a mão de obra qualificada e a matéria-prima, tudo isso justifica plenamente a formação de um bloco econômico regional.

O PrOBlema da dívida externa

InflAçãO nOs euA derruBA A nOvA e A velHA eCOnOmIA

A Bolsa de Valores de Nova York e a Nasdaq tiveram ontem as piores quedas em pontos da História. O índice Dow Jones, que mede a rentabilidade das ações das empresas da velha economia, caiu 617,78 pontos (5,66%), superando a baixa registrada em outubro de 97, quando o mundo tremeu abalado pela crise da Ásia. Já o Nasdaq, que mede o desempenho das ações de empresas de alta tecnologia, teve uma queda percentual ainda maior (9,67%) e acumula, desde 10 de março, uma desvalorização de 34%.

A queda das bolsas americanas foi provocada pela divulgação de índices de inflação nos Estados Unidos em março, que atingiram os maiores níveis desde 1995. A alta do custo de vida nos EUA reforçou os temores de que o Fed (o banco central americano) terá de elevar novamente as taxas de juros para evitar a alta da inflação. O medo dos investidores cresceu ainda mais depois que o presidente do Fed, Alan Greenspan, sugeriu aos bancos que ampliassem suas reservas de emergência para cobrir eventuais prejuízos.

No Brasil, a Bovespa caiu 4,55%, e o Banco Central entrou no mer-cado para conter a alta do dólar. Depois de subir, a moeda americana cedeu e fechou a R$ 1,787, uma alta de apenas 0,17%. O presidente do BC, Armínio Fraga, disse que o país está hoje muito menos vulnerável a uma crise internacional.

– Agora temos uma situação fiscal excelente e um balanço de pagamentos que não depende de capital a curto prazo. E o câmbio fluente também ajuda.

Jornal O Globo, 15-4-2000.

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45O BRASIL E O MERCADO MUNDIAL

-A N O T A Ç Õ E SA notícia fala da queda das bolsas de valores americanas, provocada pela divulgação de índices de inflação nos Estados Unidos. O comporta-mento do pregão eletrônico Nasdaq, que caiu durante a semana, provocou um efeito dominó pelo mundo, isto é, os índices das bolsas de valores de todo o mundo despencaram.

No Brasil, o chamado efeito dominó gerou uma queda na Bolsa de Valores de São Paulo e a elevação na cotação do dólar.

e a dívida externa brasileira?

Qual a ligação que existe entre a queda dos índices da bolsa de valores e a dívida externa brasileira?

Quanto mais a cotação do dólar subir, devido às oscilações na bolsa de valores e à elevação dos juros, mais a dívida externa aumenta.

Veja o gráfico e observe a evolução da dívida externa do Brasil.

Hoje a dívida externa pesa sobre toda a economia brasileira e inibe o desenvolvimento da nação como um todo. Nos anos 80 e início dos 90, o Brasil passou por enormes sacrifícios para pagar parcelas dessa dívida, que não para de aumentar devido aos ele-vados juros.

Esse enorme esforço para pagar a dívida externa tem sacrificado o mer-cado interno e a população nacional. A

redução das importações atingiu produtos indispensáveis como medica-mentos, máquinas, livros, instrumentos ópticos, eletrônicos e cirúrgicos, etc. E o aumento nas exportações foi feito à custa de concessões* (au-sência ou diminuição dos impostos, produtos melhores que os vendidos internamente), que no fundo também comprometem a qualidade de vida da população.

Como pagar a dívida?

Um pagamento integral da dívida é algo quase impossível, devido aos elevados juros. E também é muito difícil ocorrer o oposto, um não pagamento. O mais provável, portanto, é o pagamento de uma parte, com negociações que conduzam a juros mais baixos, à eliminação de partes da dívida, à troca de pagamentos por programas ambientais na Amazônia (estabelecimento e proteção de reservas florestais) e em outras regiões com graves problemas ecológicos. Mas, por enquanto, isso é apenas hipótese para o caso do Brasil.

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-A N O T A Ç Õ E S

46GEOGRAFIA

1. Releia o começo deste capítulo e observe o mapa a seguir.

DESAFIOS DO PERCURSO

Agora, responda:

1. Por que o Brasil pode ser caracterizado como um “parceiro global”?

R.:

2. O gráfico refere-se ao comércio exterior brasileiro, no período 1975-1987.

in: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 313.

Com base no gráfico anterior, apresente duas conclusões sobre o co-mércio exterior brasileiro.

R.:

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47O BRASIL E O MERCADO MUNDIAL

-A N O T A Ç Õ E S3. Analise a tabela abaixo:

tabela 3

embarque entrada de exportações (em %) de importações (em %)Santos (SP) 33,1 Santos (SP) 22,9Vitória/Tubarão (ES) 11,0 Angra dos Reis (RJ) 13,6Rio de Janeiro (RJ) 9,3 Rio de Janeiro (RJ) 12,0Rio Grande (RS) 7,6 São Sebastião (SP) 7,8Paranaguá (PR) 7,0 São Paulo (SP) 7,4São Luís (MA) 2,6 Salvador (BA) 4,9São Francisco do Sul (SC) 2,2 Manaus (AM) 4,7Salvador (BA) 2,2 Campinas (SP) 4,1Belém (PA) 2,1 Vitória (ES) 3,9São Paulo (SP) 2,1 Porto Alegre (RS) 2,0

FONTE: FIBGE, Anuário Estatístico do Brasil, 1990. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 78.

Agora, explique a distribuição geográfica dos principais pontos de saída de exportações e entrada de importações no Brasil.

R.:

4. Qual é a importância do Mercosul para o Brasil?

Leia atentamente o texto abaixo:

“O Mercosul tem ganho uma extraordinária projeção regional e internacional, despertando interesses em parceiros como a União Européia (UE). Nenhuma das parcerias que o Mercosul pode buscar é excludente. No caso da UE, um acordo que crie uma área de livre comércio entre os dois sistemas reforçaria o perfil relativamente equilibrado que o Mercosul tem em suas relações externas. Quanto à integração hemisférica, chegaremos a uma área de livre comércio com a agregação gradual dos esquemas sub-regionais (é a tese dos building blocks) – o Mercosul, o Pacto Andino, o Nafta, o Mercado Comum Centro-Americano, o Caricom –, acrescida do vetor político representado pelo compromisso da Cúpula de Miami, de concluir as negociações até 2005.”

Chanceler Luis Felipe Lampréia,

Boletim Mundo – Geografia e Política internacional, ago. 1995.

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-A N O T A Ç Õ E S

48GEOGRAFIA

Com base no texto anterior e em seus conhecimentos, analise a im-portância do Mercosul na estratégia de ampliar a participação do Brasil no comércio mundial.

R.:

5. A dívida externa brasileira está cada vez maior. Quem mais sofre com isso?

R.:

PesquisaRecortar notícias de jornais sobre o assunto do capítulo e resumir uma delas.

LivroPRAXEDES, Walter e PILETTI, Nelson. O Mercosul e a sociedade global. São Paulo: Ática, 1977.

GlOssÁriO

Concessão – privilégio concedido pelo Estado a uma empresa ou indivíduo para que explore ou um serviço de utilidade pública ou recursos naturais.

Intercâmbio – troca, permuta.

Semi-industrializados – produtos agrícolas ou extrativos subme-tidos à industrialização elementar, como o café torrado, o suco de laranja ou o minério de ferro.

Supranacionais – que abrangem uma área maior que a do país.

terceiro Mundo – países subdesenvolvidos.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

LUCCI, Elian Alabi. Geografia: o homem no espaço global. São Paulo: Saraiva, 1999.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

PRAXEDES, Walter e PILETTI, Nelson. O Mercosul e a sociedade global. São Paulo: Ática, 1997.

VESENTINI, José William. A nova ordem mundial. São Paulo: Ática, 1995. (Série Geografia Hoje)

Jornal O Globo

Jornal O Dia

AMPLIANDO O HORIZONTE

Page 49: Geografia 1 Fase

49O BRASIL E O MERCADO MUNDIAL

-A N O T A Ç Õ E S

1. O Brasil se destaca na importação de:

a) produtos manufaturados.

b) produtos têxteis.

c) bebidas e óleos comestíveis.

d) carnes e ferro.

e) trigo e petróleo.

2. Os principais pontos de saída de exportações e entrada de importa-ções do Brasil estão concentrados no litoral do Sudeste, porque:

a) encontramos as principais áreas produtoras de matéria-prima vegetal nessa região.

b) nessa região estão concentrados os principais centros industriais e urbanos do país.

c) é a única região do Brasil que tem litoral.

d) a capital do país está localizada nessa região.

e) falta consumidor para os produtos importados pelo país.

3. A formação de blocos regionais, como o Mercosul, apresenta algu-mas vantagens. Uma delas é:

a) falta de mercado consumidor para os produtos comercializados pelos países membros.

b) carência de mão de obra qualificada.

c) diminuição do intercâmbio comercial.

d) facilidade de acesso à matéria-prima.

e) menor quantidade de bens industrializados importados pelos países membros.

4. O enorme esforço para pagar a dívida externa brasileira tem causado:

a) a diminuição das exportações.

b) o aumento da qualidade de vida da população.

c) a redução das importações de medicamentos, máquinas, instru-mentos eletrônicos e cirúrgicos etc.

d) o decréscimo no valor do dólar.

e) o equilíbrio econômico do país.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

Page 50: Geografia 1 Fase

5. (Unicamp-SP) Observe a tabela seguinte:

exPOrtaçÕes de PrOdutOs PrimÁriOs e manuFaturadOs (em %*)

Países 1970 1990 Primários manufaturados Primários manufaturadosArgentina 86,1 13,9 70,74 29,3México 84,6 15,4 48,4 51,6Brasil 67,5 32,5 52,8 47,2**

FONTE: statistical yearbook for latin america. United Nations, 1991.* % do valor FOB (normatização de valores utilizados pelo Fundo Monetário Internacional) das exportações totais de bens.** Dados de 1989.

Obs.: Os dados de 1970 expressam a realidade da década de 60 e os dados de 1990 a da década de 80.

50GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

Comparando os dados de 1970 com os de 1990, podemos dizer que:

a) Em 1970, os três países se destacam na exportação de produtos primários.

b) Em relação ao México, em 1990, o Brasil apresentou o maior percentual nas exportações de manufaturados.

c) O México, em 1970, apresentou o maior crescimento nas expor-tações de produtos manufaturados.

d) Em 1990, a Argentina se destaca na exportação de produtos manufaturados.

e) Em 1970, o Brasil se destaca na exportação de produtos primá-rios.

Page 51: Geografia 1 Fase

a formação do território

C A P Í t u L O 4

Page 52: Geografia 1 Fase
Page 53: Geografia 1 Fase

PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 4

a formação do território

-A N O T A Ç Õ E S

“Exaustos, os homens já mareavam* havia 42 dias quando aves marinhas barulhentas anunciaram que, definitivamente, algo estava por vir. Um dia antes, algas tinham forrado o Atlântico como um tapete verde para a passagem das naus da frota do navegante português Pedro Álvares Cabral.”

Aos 32 anos, Cabral comandava uma expedição que partira de Lisboa com o objetivo de fundar um entreposto* comercial em Ca-licute, na Índia, o paraíso oriental* da pimenta, do cravo e de outras especiarias* que, no começo do século XVI, valiam bem mais do que ouro ou vidas humanas. Para navegar ao Oriente, porém, os capitães de Cabral precisaram sair muito para oeste, a fim de driblar as correntes marinhas que impediam o contorno do continente africano, na entrada do Oceano Índico. Por isso, encontraram algas e aves – sinais de uma terra nova que já suspeitavam existir. Seu horizonte enfim apareceu. Numa tarde de quarta-feira, 22 de abril de 1500, Cabral ordenou a ancoragem a 36 quilômetros da costa do que hoje é o sul da Bahia. Os homens, apertados na proa das naus, puderam então contemplar um monte que batizaram Pascoal, a primeira paisagem da terra misteriosa que acabava de ser encontrada.

Assim surgiu o Brasil, 500 anos atrás”

Por Ronaldo Ribeiro

Editor Especial da Revista Caminhos da Terra – Ed. Abril.

Page 54: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

54GEOGRAFIA

Como chegamos a ter esse imenso território, um dos maiores do mundo e o maior da América latina?

Por que as áreas de colonização portuguesa na América deram origem a um só país, o Brasil, ao contrário das áreas de colonização espanhola, que originaram inúmeros países independentes?

Por que a imensa maioria dos brasileiros se concentra mais na parte leste do território, próximo ao litoral?

Essas são algumas questões importantes, que procuraremos responder neste capítulo.

cOmO O Brasil se FOrmOu?

O povoamento atual do território brasileiro resultou de um processo histórico em que o elemento fundamental foi o fato de o Brasil ter sido colônia de Portugal até a primeira metade do século XIX.

Observe o mapa.

INVESTIGANDO CAMINHOS

De acordo com o Tratado de Tordesilhas (1494), o território brasileiro seria bem menor que o atual. Essa expansão ocorreu devido aos desloca-mentos de portugueses ou brasileiros para áreas pertencentes à Espanha, à implantação de habitações e atividades econômicas e à anexação dessas terras por meio de tratados.

Observe o mapa 2 e compare-o com o mapa 1.

In: AZEVEDO, Guiomar Goulart. Geografia. São Paulo: Moderna, 1998. p. 26 v. 2.

Page 55: Geografia 1 Fase

55A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E S

FONTE: ARRUDA, Jobson. Atlas histórico básico. P. 40. in: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 35.

Você percebeu como os vários tratados (destacados pelo mapa 2) aju-daram o território brasileiro a crescer?

Eles garantiram a posse das terras ocupadas pelos portugueses além da linha do Tratado de Tordesilhas.

Nos séculos XV e XVI, a expansão comercial europeia e o intenso crescimento das suas cidades e da sua população estimularam a busca de novos produtos capazes de aumentar a atividade comercial (ouro, prata, açúcar, tabaco, algodão, madeiras e frutos diversos) e de novas áreas de comércio.

A característica principal da colonização de todo o continente america-no (com exceção do Canadá e dos Estados Unidos) foi o de servir para o enriquecimento das metrópoles europeias. A nossa colonização foi orga-nizada para fornecer ao comércio europeu açúcar, tabaco e alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois algodão e, em seguida, café. E isso deixaria algumas marcas na economia e na sociedade brasileiras que, em alguns casos, permanecem até hoje, tais como:

• povoamento mais intenso no litoral (onde se localizam os portos);

• utilização dos melhores solos para a produção de gêneros para exportação, e não de alimentos para a população;

• formação de uma sociedade constituída principalmente por uma minoria de altíssimas rendas e uma maioria que serve como força de trabalho barata com baixas rendas;

• dependência econômica em relação aos centros mundiais do capitalismo.

Assim, a colonização do Brasil teve um caráter de colônia de explora-ção*, o que significa que foi inserida na política mercantilista* da época, servindo como uma das condições indispensáveis para que ocorresse a

Page 56: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

56GEOGRAFIA

Revolução Industrial, de meados do século XVIII até o final do século XIX. Esse acontecimento marcou a passagem do capitalismo comercial,* típico da época moderna (século XVI ao XVIII), em que o comércio era o setor mais importante da economia, para o capitalismo industrial.* (Esse assunto pode ser aprofundado com o estudo dos capítulos 8, 9 e 11 da Fase I de História.)

POvOamentO e exPansãO territOrialDurante todo o século XVI, a ocupação portuguesa no Brasil colônia

teve caráter periférico, litorâneo. As poucas cidades e vilas do período, assim como todas as áreas agrícolas, estão nas proximidades do oceano Atlântico, a via de comunicação com a metrópole.

Observe o mapa a seguir. A extensão territorial da colônia era delimitada pelo Tratado de Tordesilhas, de 1494, entre Portugal e Espanha.

A ocupação efetiva do espaço e a colonização, no século XVI, tiveram início após 1530. Para isso, o governo português criou o sistema das capi-tanias hereditárias, que consistia na divisão da costa brasileira em faixas paralelas que se estendiam para o interior e na doação dessas terras a quem se dispusesse a colonizá-las. Os objetivos principais eram desenvolver a agricultura de produtos tropicais de grande valor econômico destinados ao mercado europeu e obter lucros.

As primeiras mudas de cana foram trazidas ao Brasil por Martim Afon-so de Souza, em 1531. Dois anos mais tarde seria construído o primeiro engenho de açúcar da colônia, na vila de São Vicente.

Em pouco tempo a lavoura canavieira seria introduzida na Zona da Mata nordestina (trecho do litoral do Nordeste, que vai do Rio Grande do Norte até a Bahia). O clima quente e úmido da região, bem como o relevo suave e a presença de solos férteis (os famosos solos de massapê*), oferecia condições ideais para o plantio da cana.

FONTE: Adaptado de PETRONE, P., 1970, MEC, Atlas histórico escolar. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999, p. 4.

Page 57: Geografia 1 Fase

57A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E SNa segunda metade do século XVI, a Região Nordeste da colônia – em especial as capitanias da Bahia e Pernambuco – havia se firmado como o centro econômico da colônia.

No século XVII, enquanto a atividade açucareira ocupava somente uma estreita faixa costeira do imenso território português na América, novas atividades econômicas foram implantadas, e a fronteira produtiva do território colonial conheceu vários alargamentos.

Observe no mapa a seguir que a grande maioria da população continuou próximo ao litoral. Veja como a quantidade de cidades e vilas aumentou. (Use a legenda do mapa.)

O sucesso comercial do açúcar nos mercados europeus estimulou o aumento da área canavieira da Zona da Mata nordestina: no século XVII, as terras de pastos dos engenhos transformaram-se em canaviais. O gado foi expulso das melhores terras da fachada litorânea e ganhou os sertões.

Partindo da Bahia e de Pernambuco (os dois maiores núcleos da produ-ção canavieira), a pecuária expandiu-se na direção do rio São Francisco, que passou a ser conhecido como o “Rio dos Currais”, e do rio Parnaíba.

No século XVIII, ocorreu a mineração – busca de metais e pedras preciosos – na porção central do país, que corresponde atualmente aos estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Muita gente deslocou--se, então, para aquela área, e de um momento para outro surgiram ou cresceram várias cidades ou vilas: Vila Rica (atual Ouro Preto), São João Del Rei, Sabará, Barbacena, Vila Boa (atual Goiás, ex-capital do Estado de Goiás), Cuiabá, Cáceres e muitas outras. O ouro extraído nessa região era enviado a Portugal, não sendo empregado no desenvolvimento eco-nômico do Brasil.

Após a decadência da mineração no final do século XVIII, a agricultura retomou sua posição na economia brasileira: a princípio, e durante curto período, por meio do algodão e da cana-de-açúcar cultivados no Nordeste; depois, do café.

FONTE: Adaptado de PETRONE, P., 1970, MEC, Atlas histórico escolar. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999, p. 47.

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-A N O T A Ç Õ E S

58GEOGRAFIA

No mapa a seguir observe a marcha do povoamento no ano da Inde-pendência do Brasil (1822). A linha do Tratado de Tordesilhas não aparece no mapa (outros tratados foram feitos para regulamentar os territórios conquistados).

Veja no mapa a seguir como cresceu a ocupação ao longo do rio Ama-zonas e seus afluentes, no oeste e no sul do país.

a conquista da amazônia e a borracha

A ocupação mais antiga

As primeiras penetrações na Amazônia com o objetivo de conquista do território datam do século XVII, quando os portugueses fundaram o núcleo que originou a cidade de Belém (até então não interessava aos portugueses a ocupação humana na região). Daí por diante, até o século XIX, a ocupação se processou por diferentes meios: as missões religio-sas, a coleta de especiarias da floresta (canela, baunilha, cravo, plantas medicinais), a colonização militar.

Os rios serviram de apoio para a circulação de pessoas e mercadorias. Os resultados econômicos dessa primeira fase da ocupação mostraram-se muito pequenos. Mais significativa foi a fase que se instalou no final do século XIX, com a exploração da borracha.

A extração da borracha e a ocupação da AmazôniaCom a borracha, instalou-se uma fase de curta prosperidade (1870-

1912), que se iniciou com sua utilização na fabricação de pneumáticos. Algumas cidades, como Manaus, cresceram rapidamente, e o Acre acabou sendo incorporado ao território brasileiro. Mas com o declínio das expor-tações desse produto, devido às plantações das seringueiras na Ásia e, posteriormente, à fabricação da borracha sintética (do petróleo), a prospe-ridade dessas cidades declinou; em certas áreas chegou a haver regressão.

FONTE: Adaptado de PETRONE, P., 1970, MEC, Atlas histórico escolar. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999, p. 49.

Page 59: Geografia 1 Fase

59A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E SNas últimas décadas, especialmente a partir de 1970, vem ocorrendo um aumento na ocupação da Amazônia brasileira, desta vez devido à presença de minérios (ouro, ferro) e à derrubada da floresta amazônica para o estabelecimento da agricultura (principalmente soja) ou da pecuária extensiva* de corte (para exportação da carne).

a colonização do sul do país, as frentes pioneiras e a “marcha para o oeste”

As áreas localizadas ao sul do Trópico de Capricórnio tornaram-se efetivamente povoadas a partir do século XIX com a chamada colonização moderna. A ocupação foi feita por imigrantes, principalmente colonos de procedência alemã, italiana e eslava. Com base na mão de obra familiar (toda a família trabalhava a terra) e nos incentivos governamentais (o governo facilitava a posse da terra) a região foi povoada, e várias cidades foram surgindo.

No final do século XIX e início do século XX, ocorrem as frentes pioneiras, movimentos de desbravamento e povoamento de áreas novas, começando por São Paulo. A atividade econômica principal que serviu de base a esse pioneirismo foi a cultura do café. Por causa do aumento das exportações, do crédito bancário facilitado para novas plantações e do esgotamento dos solos de algumas áreas, o café deu origem a uma verda-deira marcha do Vale do Paraíba até a região de Campinas; daí estendeu-se para oeste, até Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, e, posteriormente, para o norte do Paraná.

A expansão ferroviária, na mesma época, foi importante para esse pioneirismo, já que as principais cidades acabaram sendo fundadas ao longo dos trilhos das ferrovias Paulista, Araraquarense, Noroeste do Brasil (Bauru-Corumbá) e Sorocabana.

Outro aspecto das frentes pioneiras do século XX, além do impulso cafeeiro, foi a colonização por imigrantes nos três estados do sul do país, que teve por base a pequena propriedade policultora* apoiada no trabalho livre do colono.

Para finalizar, a partir de 1940 ocorreu o que se chamou de marcha para o oeste. Foi um movimento de ocupação do Centro-Oeste, inicial-mente favorecido pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que chegou até Corumbá, e pela compra, por particulares, de grandes lotes de terras que ficavam à espera de valorização pela ação do Estado (construção de estradas, cidades etc.). Depois, com a construção de Brasília (1957-60) e de estradas ligando essas cidades ao Acre, a Fortaleza, a Belém, a São Paulo, ao Rio de Janeiro e a Belo Horizonte, o crescimento populacional tornou-se mais intenso nessa região.

Page 60: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

60GEOGRAFIA

1. Qual é o fator que melhor explica o povoamento atlântico e periférico do território na época colonial?

R.:

2. Quais são as fases da conquista e do povoamento da Amazônia brasileira?

R.:

3. O que significa “marcha para o oeste”?

R.:

4. (Unicamp – SP) A conquista e a posse das terras no Brasil colonial foram feitas por particulares que deviam lealdade ao rei de Portugal.

a) Comparando os dois mapas, identifique a mudança na ocupação territorial do Brasil entre os séculos XVI e XVII.

R.:

b) Quais as principais atividades econômicas que promoveram tal mudança?

R.:

c) Qual foi a política utilizada pela metrópole para a distribuição das terras no Brasil colonial?

R.:

DESAFIOS DO PERCURSO

Page 61: Geografia 1 Fase

61A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E S

O territóriO BrasileirO atual: OcuPaçãO e divisãO

O território e as densidades demográficas*

O Brasil, com um território de 8.547.403 km², é geralmente considerado um “país continental”. De fato, sua extensão territorial é das maiores do mundo (quinto lugar), e inclui-se entre os seis países que possuem mais de sete milhões de quilômetros quadrados.

Observe o gráfico a seguir para confirmar o que você acabou de ler.

INVESTIGANDO CAMINHOS

Observando-se um mapa de densidades demográficas do Brasil, nota-se que a população se concentra no litoral, ou melhor, numa estreita faixa de terra que vai do oceano Atlântico até cerca de 100 km para o interior.

As cidades mais populosas aí se localizam: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Belém e outras. As únicas exceções – grandes áreas (regiões) metropolitanas situadas a mais de 100 km do litoral – são Belo Horizonte e Brasília.

In: AZEVEDO, Guiomar Goulart. Geografia. São Paulo: Moderna, 1998. p. 2 v. 2.

Page 62: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

62GEOGRAFIA

a organização político-administrativa

Quanto à organização político-administrativa do território brasileiro, o país é, constitucionalmente, uma Federação,* com o nome oficial de REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. E essa Federação é dividida em 27 unidades, conforme aparecem no mapa a seguir: 26 estados e um Distrito Federal.

Brasil: regiões metropolitanas

região metropolitana* População em 2000 São Paulo 17.833.511 Rio de Janeiro 10.871.960 Belo Horizonte 4.799.878 Recife 3.331.552 Porto Alegre 3.018.326 Salvador 3.018.326 Fortaleza 2.974.915 Curitiba 2.725.505 Belém 1.794.981

FONTE: IBGE.

Page 63: Geografia 1 Fase

63A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E S

Observe o mapa a seguir e responda às questões.

1. As unidades da Federação assinaladas com os números 1, 2, 3 e 4 são, respectivamente:

a) ( ) São Paulo, Ceará, Bahia e Goiás.

b) ( ) Paraná, Paraíba, Alago-as e Mato Grosso do Sul.

c) ( ) Paraná, Pernambuco, Espírito Santo e Mato Gros-so do Sul.

d) ( ) São Paulo, Ceará, Alagoas e Goiás.

e) ( ) Santa Catarina, Paraíba, Sergipe e Mato Grosso.

2. As unidades assinaladas com os números 5, 6, 7 e 8 são, respec-tivamente:

a) ( ) Paraná, São Paulo, Acre e Rondônia.

b) ( ) São Paulo, Rondônia, Pernambuco e Goiás.

c) ( ) São Paulo, Acre, Paraíba e Goiás.

d) ( ) Minas Gerais, Acre, Pernambuco e Mato Grosso.

e) ( ) Paraná, Rondônia, Pernambuco e Minas Gerais.

3. A última unidade da Federação a surgir, oficializada somente com a nova Constituição de 1988, pois até então era parte de um outro estado, encontra-se assinalada com o número:

a) ( ) 10, ou seja, Tocantins.

b) ( ) 9, ou seja, Acre.

c) ( ) 12, ou seja, Tocantins.

d) ( ) 9, ou seja, Rondônia.

e) ( ) 11, ou seja, Carajás.

DESAFIOS DO PERCURSO

Page 64: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

64GEOGRAFIA

SiteSite oficial comemorativo dos 500 anos:www.veracruz500.org.br

LivroMenino de engenho, de José Lins do Rego (Rio de Janeiro, Ed. Nova Fronteira, 1986).

Importante obra de um dos maiores romancistas brasileiros. Escrita em 1926, a obra aborda o “ciclo da cana-de-açúcar”. Menino de engenho contém algo de autobiográfico, retratando o mundo rural do Nordeste açucareiro. A obra foi transformada em filme pelo consagrado diretor Walter Lima Jr., em 1965, com pro-dução de Glauber Rocha.

GlOssÁriO

Capitalismo comercial – organizou-se principalmente no século XVI, com base na política mercantilista, que se apoiava na crença de que o comércio era a grande fonte de riqueza das nações.

Capitalismo industrial – funcionou como regime econômico de apoio da primeira fase da Revolução Industrial, que foi marca-da pela implantação de métodos que dinamizaram de forma extraordinária o processo produtivo dos artigos manufaturados.

Colônia de exploração – forma dominante que assumiu a colo-nização mercantilista da América, baseada na organização de atividades de exportação de produtos tropicais ou minérios em grande escala, com utilização de força de trabalho escrava.

Densidade demográfica – relação existente entre o número de habitantes e a área em que vivem, ou seja, o número de habi-tantes por quilômetro quadrado.

Entreposto – empório; armazém onde se guardam ou vendem unicamente mercadorias de um estado ou de uma companhia; centro de comércio internacional.

Especiarias – qualquer droga aromática (cravo, pimenta, noz--moscada etc.) usada para temperar.

Federação – forma de governo na qual vários estados se reúnem num só Estado Nacional, com um governo federal, sem perder sua autonomia.

Mareavam – enjoavam.

Oriental – situado no Oriente, isto é, na Ásia.

Pecuária extensiva – a que utiliza grandes extensões de terra cobertas por pastagens naturais ou plantadas. O gado é criado solto e destina-se principalmente à produção de carne.

AMPLIANDO O HORIZONTE

Page 65: Geografia 1 Fase

65A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E S

MEMÓRIAS DA VIAGEM

Policultora – que cultiva produtos agrícolas variados em determi-nada área.

Política mercantilista – o mercantilismo foi a doutrina econômi-ca dos reinos europeus durante a época moderna (século XVI ao XVIII). Para aumentar a quantidade de riqueza, a política mercantilista propunha uma balança comercial favorável, ex-portando bens manufaturados e importando matérias-primas a baixos preços.

Região metropolitana – no Brasil, conjunto de municípios limítrofes (vizinhos), caracterizado por fluxos intensos de população entre eles, possíveis graças a uma rede de comunicações integrada, e por predominância de atividades industriais e de serviços.

Solos de massapê – solos argilosos, formados pela decomposição de calcários, característicos da Zona da Mata nordestina, de cor escura e elevada fertilidade.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

AZEVEDO, Guiomar Goulart. Geografia. São Paulo: Moderna, 1998. v. 2.

MAGNOLI, Demétrio, ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

Os caminhos da terra. São Paulo: Abril, abril de 2000. p. 48.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

1. (Fuvest – SP) A produção de açúcar no Brasil colonial:

a) possibilitou o povoamento e a ocupação de todo o território nacional, enriquecendo grande parte da população.

b) praticada por grandes, médios e pequenos lavradores, permitiu a formação de uma sólida classe média rural.

c) consolidou no Nordeste uma economia baseada no latifúndio monocultor e escravocrata que atendia aos interesses do sistema colonial português.

d) desde o início garantiu o enriquecimento da Região Sul do país e foi a base econômica de sua hegemonia política na República.

e) não exigindo muitos braços, desencorajou a importação de es-cravos, liberando capitais para atividades mais lucrativas.

Page 66: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

66GEOGRAFIA

2. (Fuvest – SP) No século XVIII a produção do ouro provocou muitas transformações na colônia. Dentre elas podemos destacar:

a) a urbanização da Amazônia, o início da produção do tabaco, a introdução do trabalho livre com os imigrantes.

b) a introdução do tráfico africano, a integração do índio, a desar-ticulação das relações com a Inglaterra.

c) a industrialização de São Paulo, a produção de café no Vale do Paraíba, a expansão da criação de ovinos em Minas Gerais.

d) a preservação da população indígena, a decadência da produção algodoeira, a introdução de operários europeus.

e) o aumento da produção de alimentos, a integração de novas áreas por meio da pecuária e do comércio, a mudança do eixo econômico para o Sul.

3. Marque com um X a alternativa correta:

a) O capitalismo comercial passa a existir com o mercantilismo, isto é, após a Revolução Industrial.

b) A colonização do Brasil pelos portugueses teve um caráter de colônia de povoamento, pois os europeus vieram para cá com vistas a fundar uma nova pátria.

c) O povoamento concentrado na fachada atlântica do território e o uso dos melhores solos para cultivos de exportação são carac-terísticas do Brasil que nada devem ao tipo de colonização que ocorreu durante três séculos.

d) A colonização do Brasil se insere na política mercantilista da época moderna, tendo, portanto, um caráter de colônia de ex-ploração.

e) A presença de índios agressivos e os obstáculos naturais, como a serra do Mar, foram os fatores que impediram um maior po-voamento do interior do país.

Page 67: Geografia 1 Fase

67A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO

-A N O T A Ç Õ E S4. (Cesgranrio) O mapa a seguir reproduz os limites do Brasil tais como foram fixados pelo Tratado de Madri, em 1750. Portugal e Es-panha buscavam então atualizar os limites estabelecidos pelo Tratado de Tordesilhas, já ultrapassados em função do processo de ocupação territorial durante os séculos XVI, XVII e XVIII.

Neste sentido, são corretas as afirmações a seguir, com exceção de uma. Assinale-a:

a) A ocupação da região 1 deveu-se, sobretudo, à atividade de co-leta de drogas, que, por suas características, permitiu a utilização da mão de obra dos indígenas aldeados nas missões religiosas.

b) A ocupação da região 2 deveu-se, sobretudo, à expansão da pecuária, quando a criação de gado deixou de ser uma atividade limitada ao interior da grande propriedade.

c) A ocupação da região 3 deveu-se, sobretudo, à ação dos ban-deirantes, que, buscando índios para escravizar, combatendo negros aquilombados e procurando metais, foram responsáveis pela fundação dos primeiros núcleos urbanos nessa região.

d) A ocupação da região 4 pelas missões jesuíticas que fundaram os Sete Povos das Missões Orientais, no Uruguai, constituiu o “pomo de discórdia” entre as Coroas Ibéricas, sendo a disputa resolvida pelo Tratado de Madri.

e) A ocupação da região 5 foi resultado do movimento migratório de colonos atraídos pelas possibilidades de enriquecimento com a comercialização da borracha e de madeiras tintoriais, ambos produtos de grande aceitação nos mercados externos.

5. A chamada “marcha do café” se inclui:

a) nas frentes pioneiras.

b) na “marcha para o oeste”.

c) na colonização moderna.

d) nas missões religiosas e tropas de resgate.

e) na conquista da Amazônia.

Page 68: Geografia 1 Fase

6. Relacione:a. “marcha para o oeste”

b. marcha do café

c. fase da borracha

d. mineração

e. missões religiosas e tropas de resgate

( ) apogeu de Manaus e Belém

( ) Bragança, Santarém, Óbidos, Monte Alegre

( ) São João Del Rei, Sabará, Ouro Preto

( ) Brasília

( ) Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Londrina

7. Podem ser considerados “países continentais”:

a) Argentina, Índia, China e Tailândia.

b) Rússia, Brasil, Canadá e Austrália.

c) Austrália, China, Japão e Coreia do Sul.

d) Estados Unidos, Rússia, Inglaterra e França.

e) Índia, Chile, Tailândia e Austrália.

68GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

Page 69: Geografia 1 Fase

o espaço industrial i

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PLANEJANDO A ROTA

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o espaço industrial i

-A N O T A Ç Õ E S

Não é exagero afirmar que o espaço geográfico atual é o resultado das transformações introduzidas pela Revolução Industrial em suas diferentes etapas. O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações trazidas pela tecnologia industrial.

Veja alguns exemplos:

megAmultImídIA nA mãO

A taxa de inclusão do celular no Brasil passou de menos de 1%, em 1994, para 11% agora em abril incluído o do sistema pré-pago. Aposta-se numa inclusão de até 30% por volta de 2005. Na Finlândia da Nokia e na Suécia da Ericsson, a penetração do celular já passa de 70% da população total. Contra 63% da telefonia fixa.

Jornal O Globo, 15-04-2000.

nOvO PAlIO CItYmAtICO PrImeIrO 1.0 dO mundO sem PedAl de emBreAgem

Mais uma vez a Fiat sai na frente: novo Palio Citymatic com em-breagem automática. Um sistema eletrônico com uma tecnologia que até hoje você só encontrava em carros de luxo. E, para sua segurança, o carro não dá a partida engatado e um bip sonoro avisa se a porta está aberta. O Palio Citymatic é ideal no anda-e-pára do trânsito porque é muito mais confortável: com a embreagem automática você troca as marchas da mesma maneira, mas sem usar o pedal de embreagem. E enquanto você dirige, seu pé esquerdo descansa.

Revista Época, Ed. Globo. Ano II. No 82, 13-12-1999.

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-A N O T A Ç Õ E S

72GEOGRAFIA

OutrO BAItA negóCIO PelA Internet:

O garoto Thiago vendeu a cadelinha Chip por US$ 1 milhão e recebeu dois gatinhos por US$ 500 mil cada.

Luiz Paulo Verginiaud, consultor, citando chats da web.

Como vimos no Capítulo 2, o Brasil tenta iniciar a terceira etapa do seu processo industrial, isto é, a chamada Revolução Técnico-Científica. Agora vamos estudar algumas características da industrialização que irão facilitar um maior entendimento da atividade industrial brasileira atual.

A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à atividade indus-trial e às outras atividades econômicas: agricultura, pecuária, serviços. É um componente fundamental, pois, para as empresas, o desenvolvimento científico e tecnológico é transformado em novos produtos e em diminui-ção de despesas, permitindo a elas maior capacidade de competição num mercado cada vez mais disputado.

Leia o texto a seguir, veja a ligação que existe entre tecnologia e mo-dernidade.

teCnOlOgIA e mOdernIdAde

A inovação tecnológica consiste de três estágios, ligados num ci-clo de auto-revitalização.* Primeiro existe a idéia criativa, factível.* Segundo, sua aplicação prática. Terceiro, sua difusão através da sociedade (...)

Estas novas idéias são postas em ação cada vez mais rapidamente do que antes. O tempo entre a concepção original e a utilização prática foi radicalmente reduzido (...) Apolônio de Perga descobriu seções côni-cas, mas isso foi dois mil anos antes de serem aplicadas a problemas de engenharia. Passaram-se literalmente séculos entre a época em que Paracelso descobriu que o éter poderia ser usado como um anestésico e a época em que ele começou a ser usado efetivamente para esse fim.

Mesmo em épocas mais recentes, o mesmo padrão de demora já existia. Em 1836, foi inventada uma máquina que colhia, debulhava,* amarrava a palha em fardos e despejava o grão em sacos. Esta máquina, por sua vez, era baseada numa tecnologia que na época já tinha pelo menos 20 anos. Mesmo assim, não foi senão um século mais tarde, nos anos 1930, que o tal instrumento foi finalmente comercializado (...) Hoje, uma tal demora entre a idéia e sua aplicação é quase impensável.

INVESTIGANDO CAMINHOS

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73O ESPAÇO INDUSTRIAL I

-A N O T A Ç Õ E S(...) Robert B. Young, do Instituto de Pesquisa de Stanford (...) descobriu que, para um grupo de aparelhos introduzidos nos EUA antes de 1920 – incluindo o aspirador de pó, o fogão elétrico e o refrigerador – o espaço médio entre a introdução e o auge da produção foi de 34 anos. Mas, para um grupo que surgiu entre 1939 e 1959 – incluindo a frigideira elétrica, a televisão e a máquina lavadora e secadora –, o espaço foi de apenas oito anos. A defasagem* tinha sido reduzida em mais de 76%. “O grupo de aparelhos do pós-guerra”, declarou Young, “demonstrou de forma clara a natureza rapidamente acelerada do ciclo moderno”.

TOFFLER, Alvin. O choque do futuro. Rio de Janeiro, Record, 1970.

p. 35-6. In: LUCCI, Elian Alabi. Geografia: o homem no espaço global. São

Paulo: Saraiva, 1999. p.82.

Com a Revolução Técnico-Científica, o tempo entre qualquer inovação e sua difusão, em forma de mercadorias ou de serviços, é cada vez mais imediato. Os produtos industriais classificados genericamente como de bens de consumo duráveis, especialmente aqueles ligados aos setores de ponta como a microeletrônica* e a informática, tornam-se obsoletos* devi-do à rapidez com que são superados pela introdução de novas tecnologias.

O que é uma indústria moderna?Quais são os principais tipos de indústrias?Qual é o setor industrial brasileiro mais desenvolvido?

a estrutura industrialA indústria moderna apresenta as seguintes características:• grande divisão do trabalho e, consequentemente, a especializa-

ção do trabalhador;

• as máquinas, em geral, funcionando a partir de modernas fon-tes de energia (calor, eletricidade) que determinam o ritmo de trabalho;

• é consequência da Revolução Industrial e do desenvolvimento do capitalismo;

• produz em série, isto é, fabrica grande quantidade do mesmo produto.

diversos tipos de indústria

a) de transformação: é aquela que transforma produtos naturais em bens industrializados ou manufaturados, como sapatos, au-tomóveis, móveis etc.

b) extrativa: é aquela que extrai minérios, como o petróleo, ou pesca em grande escala, usando tecnologia avançada e grandes investimentos de capital.

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-A N O T A Ç Õ E S

74GEOGRAFIA

c) da construção: naval (navios), civil (edifícios, residências) e pesada (usinas hidrelétricas e viadutos).

d) de acordo com a tecnologia usada, temos dois tipos:

• tradicional (utiliza muita mão de obra e poucas máquinas)

• moderna (aplica grandes recursos em máquinas e tecnologia).

e) de acordo com o tipo de bens produzidos, temos:

• indústrias de bens de produção ou indústrias de base: ela-boram matérias-primas para outros tipos de indústria e, por isso, são consideradas infraestrutura ou base necessária para a existência das demais fábricas.

Exemplos: indústria siderúrgica, metalúrgica, petroquímica e outras.

• indústrias intermediárias: são constituídas pelas fábricas que produzem máquinas (indústria mecânica) e equipamentos (in-dústria de peças, ferramentas etc.).

• indústrias de bens de consumo ou indústrias leves: são aquelas que fabricam bens que serão consumidos diretamente pelas pes-soas. Elas costumam ser divididas em bens de consumo duráveis (automóveis, eletrodomésticos, móveis, roupas etc.) e bens de consumo não duráveis (bebidas, cigarros, alimentos etc.).

a estrutura industrial Brasileira

O Brasil, apesar de seu grau de industrialização elevado para um país do Sul ou do Terceiro Mundo, desenvolveu-se mais no setor de indústrias de bens de consumo.

Brasil – indÚstrias de transFOrmaçãO

tipo de indústria Pessoal valor da ocupado em % produção em %Alimentícia 15,7% 15,0%Vestuário e calçados 9,0% 3,0%Metalúrgica 12,6% 13,7%Mecânica 6,5% 4,7%Produtos de minerais não metálicos 3,3% 2,5%Têxtil 6,0% 3,0%Material de transporte 13,4% 15,3%Material elétrico e de comunicação 6,3% 7,0%Química 10,9% 21,7%Madeira 1,0% 0,3%Mobiliário 0,4% 0,1%Editorial e gráfica 2,0% 1,1%Produtos de matérias plásticas 0,7% 0,7%Papel e papelão 3,3% 3,7%Outros 8,9% 8,2%

FONTE: Tabela elaborada com dados retirados de VESENTINI, José Willian. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

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75O ESPAÇO INDUSTRIAL I

-A N O T A Ç Õ E SObserve a tabela e analise seus dados:

Que tipo de indústria tem o maior percentual de pessoal ocupado?

Que tipo de indústria tem o maior percentual de valor da produção?

A indústria alimentícia brasileira se destaca tanto no pessoal ocupado quanto no valor da produção. Isso confirma o fato de que, no Brasil, o setor de indústrias de bens de consumo é o que mais se desenvolveu. No setor de indústrias intermediárias e, especialmente, no de indústrias de base, o desenvolvimento é inferior e há necessidade de o país importar certos tipos de máquinas e equipamentos, de metais e outros produtos fabricados pelas indústrias de bens de produção.

Quanto à origem do capital, em geral, dividem-se as indústrias brasi-leiras em três tipos, apesar da existência de indústrias mistas (associações de dois ou até três tipos de capitais).

tipos de indústria quanto à origem do capital

empresas privadas nacionais

Formadas por capitais particulares do país. Hoje constituem um setor relativamente fraco no sistema industrial do Brasil, ocupando um lugar importante apenas em alguns setores das indústrias de bens de consumo não duráveis, no de bens de capital e no da construção.

empresas estrangeiras ou multinacionais

Constituídas pelas firmas industriais que têm sua sede no exterior. São constituídas basicamente por empresas modernas e ocupam lugares im-portantes no setor de bens de consumo duráveis e no de bens de consumo não duráveis, e também nos setores de bens de capital e intermediários.

empresas estatais

Constituídas pelas firmas que pertencem ao governo (nos níveis muni-cipal, estadual e federal). Na atualidade, essas empresas ocupam um lugar de destaque no setor extrativo e de infraestrutura (petróleo, eletricidade, mineração). Nos anos 90, ocorreram algumas privatizações no Brasil, como uma tentativa de racionalizar a administração, evitando o empreguismo, a corrupção, e seguindo a tendência mundial de redefinir o papel do Estado, que deve deixar de lado alguns setores e se ocupar daqueles tipicamente públicos (educação, saúde, previdência e segurança).

Na realidade, a economia brasileira, especialmente em seu setor in-dustrial, sofreu nas últimas décadas transformações típicas do capitalismo atual ou monopolista.

Leia a notícia a seguir. Ela nos mostra o que está acontecendo com uma das multinacionais mais conhecidas do mundo, em especial, a sua posição no Brasil.

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76GEOGRAFIA

Um ícOne* qUe perde a fOrçaA marca mais famosa do mundo

Criada em 1886, por John Pemberton, na cidade de Atlanta (EUA), a Coca-Cola era ven-dida como bebida medicinal, “um tônico poderoso para o cérebro e os nervos”, segundo slogan da época. Em 1978, a marca chegava à China, ainda sob o regime de

Mao Tse-tung, e 12 anos depois já empregava um milhão de pessoas em suas fábricas espalhadas por todo o planeta. Estimativas apon-tam para um consumo, hoje, de 45 mil garrafas de Coca-Cola por segundo, em cerca de 200 países. Apesar disso, nos últimos anos o consumo da bebida vem caindo e as ações da empresa têm sofrido fortes quedas.

de março /1999 a abril/2000

*Bebidas esportivas, vinho, chás e destilados.

*Fabricadas pelos próprios supermercados. FONTES: Revista Baverage World, Instituto Nielsen e Coca-Cola.

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77O ESPAÇO INDUSTRIAL I

-A N O T A Ç Õ E SnO BrAsIl, A Ordem é reCuPerAr vendAstubaínas e AmBev motivam a reestruturação

da subsidiária no país

A reestruturação mundial da Coca-Cola pegou a subsidiária* brasileira em meio a uma reorganização particular. Afetada pela as-censão das tubaínas,* as marcas regionais mais baratas, a Coca-Cola já vinha perdendo mercado – como, aliás, as outras grandes empresas de refrigerantes – e tentava contra-atacar, conseguindo recuperar um pouco de mercado no ano passado. Agora, a maior indústria de refrigerantes do mundo terá de se preocupar também com a AmBev, concorrente resultante da fusão da Brahma com a Antarctica, que já fortaleceu sua divisão de refrigerantes.

Além de baixar os preços, a Coca-Cola até lançou mão do guaraná Taí, substituído no primeiro time pelo Kuat, para disputar mercado com as tubaínas. O Taí é oferecido nas periferias com preços até 30% menores, em canais específicos de distribuição.

solução para a Coca-Cola é baixar os custos

Na opinião de fonte do mercado, a AmBev será agressiva nos preços para reagir aos anos de predomínio da Coca-Cola, que detinha mais de 60% do mercado, até meados da década de 1990. E quem vai ceder espaço não serão as tubaínas, cuja participação pulou de 9% para mais de 32% na última década, mas a multinacional. A fatia da Coca-Cola hoje é de menos de 50%.

A saída para a crise é tornar-se uma produtora de baixo custo, ter a melhor distribuição do país e apostar em novos segmentos, avalia a fonte. E é exatamente o que está sendo feito. Sua água Crystal, por exemplo, é líder em São Paulo.

– A companhia estará mais próxima do mercado final e terá mais autonomia para tomar decisões – diz o diretor de Relações Externas da Coca-Cola, Marco Simões.

Na distribuição, a empresa vem enxugando o número de engar-rafadores, que já foi de 25, para meia dúzia. A companhia precisa de grupos fortes, capazes de suportar o aperto que as tubaínas causaram nas margens.

A Coca-Cola já conseguiu avanços. Recentemente, a engarrafadora do Rio, a Andina, comprou o grupo Coffin, do Norte Fluminense e do Espírito Santo. A companhia também está fechando a compra das franquias* da família Sarmento, de Juiz de Fora, e de Luís Otávio Possas Gonçalves, de Belo Horizonte.

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-A N O T A Ç Õ E S

78GEOGRAFIA

O entrave* é o Nordeste. Para a fonte, o lógico seria entregar a região à família do governador do Ceará, Tasso Jereissati, que também é franqueada no Rio Grande do Norte, no Piauí e na Bahia. No meio do caminho está o ex-governador de Sergipe Albano Franco, que não quer vender a franquia em seu estado.

franquia menos atrativa após a desvalorização

Na reestruturação que faz parte do plano mundial, a Coca-Cola também pode esbarrar nos engarrafadores, segundo a fonte. A empresa vai transferir a responsabilidade da análise da distribuição para eles, e junto vão os custos.

A franquia também teria perdido um pouco da atratividade para a Andina e a Panamco, de São Paulo, que negociam ações em Nova York e se motivam com a receita em dólar. Uma garrafa de dois litros custava aqui o equivalente a US$ 1,50 há dois anos, mas hoje, após a desvalorização cambial, é vendida por US$ 0,80. O dilema é que, se aumentar os preços, a Coca pode perder volume.

Jornal o Globo, 30/04/2000

Releia a reportagem sobre a Coca-Cola e faça o que se pede.

Marque a resposta certa.

1. A fabricação de refrigerantes é feita por indústrias classificadas como:

a. ( ) de bens de consumo não duráveis.

b. ( ) de bens de consumo duráveis.

c. ( ) intermediárias.

d. ( ) de bens de capital.

e. ( ) pesadas ou de base.

2. A Coca-Cola é exemplo de uma empresa:

a. ( ) privada.

b. ( ) estatal.

c. ( ) multinacional.

d. ( ) particular.

e. ( ) pública.

DESAFIOS DO PERCURSO

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79O ESPAÇO INDUSTRIAL I

-A N O T A Ç Õ E S3. Com base nos gráficos apresentados na reportagem, justifique a manchete: “UM ÍCONE QUE PERDE A FORÇA”.

R.:

4. Por que a Coca-Cola vem perdendo mercado no Brasil?

R.:

5. Qual é a saída para a crise da Coca-Cola no Brasil?

R.:

AMPLIANDO O HORIZONTE

Lendo e refletindo sobre o texto

dentrO dA tOYOtA

Senhores, eu estive lá. Se a indústria japonesa tem um coração, ele bate no setor automobilístico. E, se esse coração tiver um epicen-tro,* ele se chama Toyota. Estive lá, senhores, na venerada linha de produção da Toyota, na qual se criou, entre outras revoluções da gestão de produção, o sistema just-in-time.*

A Toyota surgiu em 1890, quando o fundador, Sakiichi Toyoda, inventou e passou a fabricar várias máquinas de tear. Primeiro em madeira, depois utilizando o ferro como matéria-prima. Somente em 1933 a empresa resolveu pesquisar na área automotiva, caminhando numa direção que foi apontada por Kiichiro Toyoda, o filho do fun-dador, talvez insatisfeito com o negócio de bens de capital. Em 1937, o departamento de motores se desmembrou da companhia-mãe e produziu quatro unidades de um sedã chamado “AA”. Bendita insatis-fação, aquela. Era o surgimento da Toyota Motor, hoje o terceiro maior fabricante de automóveis do planeta, sob o comando de Shoichiro Toyoda, atrás apenas da GM e da Ford. Em 1994, a Toyota trouxe ao mundo 3,5 milhões de veículos. Para que se tenha uma idéia, a produção brasileira totalizou 1,5 milhão, somando todas as compan-hias que montam no país. Isso significa que a produção de veículos da Toyota respondeu por 35% dos 10,5 milhões de carros que o Japão fez nascer em 1994, uma produção automotiva somente superada pela americana, que bateu nos 12,2 milhões.

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-A N O T A Ç Õ E S

80GEOGRAFIA

Evidentemente, hoje o setor automotivo é o carro-chefe do portfo-lio* de produtos e empresas que compõem o grupo Toyota. O grupo, que ainda atua no setor de maquinário para o setor têxtil, abrange outras 13 companhias que vão do ramo imobiliário ao material elé-trico da Nippondenso, empresa que mantém uma planta no Brasil, em Curitiba (...)

Nagóia é um dos maiores centros industriais do Japão. Mas é conhecida mesmo por ser a cidade da Toyota, a companhia que em 1972 comemorava 10 milhões de carros produzidos e que em 1993 já brindava a marca dos 80 milhões. Nagóia é uma cidade moderna, onde a arquitetura ostenta viadutos e arranha-céus erigidos às dúzias na época da bubble economy,* como ficou conhecido o fenômeno de especulação financeira que superaqueceu os preços e a produção japonesa entre 1988 e 1993 (...)

Quando acaba o perímetro urbano, no entanto, encontra-se o que é de certa forma raro ver no Japão: um ambiente rural. Mas não esperem roças de milho e estradas de chão. Tudo é asfalto, semáforos* quando há cruzamentos – mesmo que estes sejam esporádicos* e muito pouco movimentados – e plantações de arroz bem planejadas. É possível ver nas calçadas crianças indo para a escola usando seus sóbrios uniformes e capacetes. Aichi é considerada uma das províncias mais conserva-doras do Japão e, entre outras regulamentações, há a que estabelece a obrigatoriedade de as crianças usarem capacetes, dependendo do perigo potencial do trânsito do lugar por onde passam.

De repente, por detrás da paisagem, começam a surgir plantas in-dustriais que, mesmo sendo imensas, não destoam do bucolismo* do ambiente. (A coexistência* de dessemelhanças* é um dos pilares da sociedade japonesa.) Trata-se da cidade Toyota, com suas 12 fábricas e mais todas as plantas de seus fornecedores, numa engenharia logística de atendimento e de recepção de matérias-primas e componentes que é o paraíso na Terra para qualquer adepto do just-in-time.

Na planta de Takaoka, uma das maiores, cuja inauguração se deu em 1966 e que produz o Corolla e o Paseo, entre outros, não se vê estoque. A quantidade de material utilizada pelo funcionário duraria só dez minutos se não houvesse reposição. Isso dá uma limpeza visual e um aspecto de organização invejáveis ao ambiente de trabalho. A densidade demográfica da fábrica também é baixa, e a mecanização na linha de montagem é grande (a Toyota emprega 71 mil pessoas. A GM, depois de vários cortes de pessoal, conseguiu manter seu quadro mundial em 7 milhões). A esteira gira por toda a fábrica, e o que entra numa ponta como componente sai como um automóvel completo na outra não muito tempo depois. Na seqüência, a unidade é testada e,

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81O ESPAÇO INDUSTRIAL I

-A N O T A Ç Õ E Sse não voltar, é levada diretamente às 310 distribuidoras da Toyota no mercado doméstico ou ao porto, onde um navio da companhia espera para levá-la a 160 países no mundo. O Brasil, com suas instáveis taxas de importação, está incluído nessa lista apenas perifericamente. Na cidade da Toyota, vai-se do metal em estado bruto ao automóvel pronto para rodar em menos de um dia (...)

SILVA, Adriano. Exame. São Paulo, 20 dez. 1995. p. 124-5. In: LUCCI, Elian Alabi. Geografia: O homem no espaço global.

São Paulo: Saraiva, 1999. p. 101-02.

1) Compare a toyota da época da sua fundação (1890) com a de hoje. Quais são as principais diferenças?

2) Quais são os principais tipos de indústrias que compõem o Grupo toyota?

3) Qual a importância do sistema just-in-time para a toyota, hoje?

Vídeo

tempos modernos (Inglaterra, 1936). Direção: Charles Chaplin.

Durante a depressão, nos anos 30, Carlitos torna-se operário em uma grande indústria. Líder grevista por acaso, apaixonado por uma jovem órfã, é um idealista em busca do próprio destino. Obra--prima com a qual Chaplin critica a industrialização “selvagem”, o descaso para com os deserdados da vida em geral e os operários em especial. Continental Home Vídeo.

GlOssÁriO

Bubble economy – economia de bolha.

Bucolismo – qualidade ou caráter campestre, rústico.

Coexistir – existir simultaneamente.

Debulhar – extrair os grãos ou sementes.

Defasagem – diferença ou atraso.

Dessemelhanças – diferenças.

Epicentro – o ponto da superfície terrestre atingido em primeiro lugar e com maior intensidade pelas ondas sísmicas.

Entrave – empecilho.

Esporádico – acidental, casual, raro.

AMPLIANDO O HORIZONTE

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-A N O T A Ç Õ E S

82GEOGRAFIA

Factível – exequível, que pode ser feito.

Franquias – sistema pelo qual o detentor de uma marca registra-da licencia firmas independentes para fabricação ou venda de produtos com tal marca, sob certas condições.

Ícone – símbolo que representa um objeto pelos seus traços mais característicos.

Just-in-time (tempo justo) – sistema pelo qual as mercadorias são fornecidas pelas fábricas quando se fizerem necessárias, na quantidade requerida e no tempo exigido.

Microeletrônica – parte da eletrônica em que se investigam os processos e a tecnologia de fabricação de circuitos impressos miniaturizados.

Obsoletos – desusados.

Portfólio – álbum.

Revitalização – conjunto de medidas que visam criar uma nova vitalidade, dar novo grau de eficiência a alguma coisa.

Semáforo – poste de sinalização rodoviária ou ferroviária, para orientação do tráfego. Sinaleira, sinal de trânsito.

Subsidiária – empresa controlada por outra, detendo esta o total ou a maioria de suas ações.

tubaínas – refrigerantes produzidos nas diferentes regiões, ge-ralmente, pelas grandes cadeias de supermercados e que não são famosos em nível nacional ou internacional como aqueles produzidos pela Coca-Cola, Brahma, Antárctica etc.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

LUCCI, Elian Alabi. Geografia: o homem no espaço global. São Paulo: Saraiva, 1999.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

Jornal O Globo

Revista Época

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83O ESPAÇO INDUSTRIAL I

-A N O T A Ç Õ E S

1. Assinale com um C as alternativas corretas e com um e as incorretas:( ) A indústria moderna fabrica os produtos num volume nunca

alcançado pelo artesanato e pela manufatura: ela produz bens estandardizados (em série).

( ) A indústria é uma atividade conhecida desde a Antiguidade, ao contrário da manufatura, que só surgiu na época moderna.

( ) A indústria moderna é fruto da Revolução Industrial do século XIX (que se iniciou na Inglaterra no final do século XVIII) e, hoje, encontra-se espalhada pelo globo terrestre, embora se concentre em algumas áreas.

( ) A indústria moderna está ligada ao desenvolvimento do capitalismo.

( ) O desenvolvimento do capitalismo e a industrialização aca-baram com a pobreza e com a fome, que eram intensas nos sistemas de produção anteriores.

2. A extração do petróleo no subsolo é considerada:a) uma indústria de transformação.

b) uma indústria de construção.

c) uma indústria extrativa.

d) uma atividade primária.

e) uma atividade terciária.

3. A indústria siderúrgica pode ser classificada como:a) indústria de bens de produção ou de base.

b) indústria de bens de consumo duráveis.

c) indústria extrativa.

d) indústria de construção.

e) indústria intermediária.

4. Os automóveis e os eletrodomésticos são fabricados por indústrias classificadas como:

a) de bens de consumo não duráveis.

b) de bens de consumo duráveis.

c) intermediárias.

d) de bens de capital.

e) pesadas ou de base.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

Page 84: Geografia 1 Fase

5. Nas últimas décadas, a economia brasileira sofreu transformações no sentido de reforçar o capitalismo monopolista, o que significa que:

a) diminuiu a presença do Estado na economia, e a livre concor-rência entre as empresas continua a predominar.

b) houve concentração e centralização do capital, maior presença do Estado na economia (tanto pelas empresas públicas como pelos planejamentos econômicos) e maior penetração das mul-tinacionais.

c) os monopólios e os oligopólios cederam terreno para as pequenas e médias empresas em inúmeros setores dinâmicos da economia.

d) ocorreu enorme expansão das multinacionais no país, em de-trimento das empresas públicas ou estatais, que predominaram até umas duas décadas atrás.

e) houve aumento nos laços comerciais com os Estados Unidos.

84GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

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o espaço industrial ii

C A P Í t u L O 6

• industrialização e organização do espaço

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 6

o espaço industrial ii

-A N O T A Ç Õ E S

A industrialização dos países desenvolvidos da América do Norte e da Europa revela um padrão de comportamento espacial caracte-rístico das atividades do setor secundário.* No início do processo de industrialização, ocorre uma nítida concentração espacial das fábricas em pontos restritos do território. Com o passar do tempo, definem-se regiões industriais expressivas, mas ainda geograficamente concen-tradas. Finalmente, quando o setor secundário atinge sua plena ma-turidade, começa um processo inverso, tendente à dispersão espacial das indústrias mais modernas.

Como se distribui a atividade industrial no Brasil?

Quais são as principais características do processo industrial brasileiro?

No Brasil, a distribuição espacial da indústria registra forte con-centração na Região Sudeste e, particularmente, no Estado de São Paulo. No entanto, apesar de o setor secundário ainda não ter atingido um estágio de desenvolvimento que cause a dispersão geográfica da produção, a industrialização brasileira vem apresentando, a partir do final dos anos 80, alguns sinais iniciais desse processo de descentra-lização característico das economias industriais mais desenvolvidas.

Observe essa tendência nos gráficos a seguir.

Page 88: Geografia 1 Fase

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88GEOGRAFIA

O PrOcessO industrial BrasileirO

Denomina-se industrialização o processo de criação de uma quan-tidade cada vez maior de indústrias, que acabam por constituir o setor mais importante da economia. Portanto, a industrialização consiste numa modernização da economia do país, numa transformação da sociedade, de rural e agrícola, em urbana e industrial. Assim, não se considera in-dustrialização uma simples criação de indústrias isoladas, subordinadas às atividades primárias, mas sim um processo irreversível de criação de indústrias, no qual há urbanização e domínio da cidade sobre o campo.

Só se pode falar em industrialização no Brasil a partir do século XIX, período em que foi abolida a escravidão no país e a relação assalariada se desenvolveu. Com o término da escravidão, os investimentos na mo-dernização tecnológica e na compra de máquinas foram estimulados, já que o trabalhador assalariado dava menos despesas que o escravo. Além disso, com o seu salário e a liberdade de comprar o que quisessem, os trabalhadores tornavam-se consumidores dos bens industrializados. Eles foram, portanto, uma das condições indispensáveis ao processo de in-dustrialização.

Outro fator importante para o surgimento da industrialização brasileira, que se iniciou no final do século XIX, foi a imigração. Os imigrantes foram os primeiros trabalhadores assalariados no Brasil, tinham o conhecimento técnico da fabricação de certos produtos e, além disso, aumentaram o mercado consumidor do país, pois já tinham o hábito de comprar bens manufaturados nos seus países de origem.

INVESTIGANDO CAMINHOS

FONTE: IBGE.

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89O ESPAÇO INDUSTRIAL II

-A N O T A Ç Õ E SComo a industrialização brasileira foi tardia ou retardatária (caso seja necessário releia no Capítulo 2 a parte que fala sobre os tipos de indus-trialização), as máquinas utilizadas e a tecnologia não foram produzidas dentro do Brasil, mas importadas daqueles países que já as desenvolviam há mais de um século, especialmente a Inglaterra.

substituição das importações

Isso significa que a atividade fabril* começou já em sua forma mo-derna (para a época), ou seja, com máquinas movidas a eletricidade ou a combustão.*

Para importar essa maquinaria era preciso uma fonte de divisas (isto é, moedas fortes), um produto de exportação que gerasse rendas para serem aplicadas na atividade industrial. Esse produto existia desde o século XIX: era o café. Foi a lavoura cafeeira que deu origem aos capitais inicialmente aplicados na indústria.

Mas, para que os fazendeiros ou comerciantes de café resolvessem investir na indústria, era preciso existirem algumas condições favoráveis. Essas condições surgiram com as crises nas exportações de café e com o crescimento do mercado consumidor de bens industrializados, que ini-cialmente eram importados da Europa.

Foi em momentos de crise, como a Primeira Guerra Mundial (1914-18), a crise econômica de 1929 e a Segunda Guerra Mundial (1939-45), que o processo de industrialização teve seus períodos de maior impulso. Nesse momento era mais interessante investir capitais na indústria, prin-cipalmente na de bens de consumo duráveis (tecidos, roupas, móveis etc.) e não duráveis (bebidas e alimentos) do que exportar café ou importar bens industrializados.

conclusão:

A industrialização brasileira teve até o final da Segunda Guerra Mun-dial um caráter substitutivo, isto é, foi um processo de substituição de importações. Tratou-se de produzir internamente bens que eram impor-tados dos países desenvolvidos. Após a Segunda Guerra Mundial, esse processo de industrialização apresenta outra característica: as empresas norte-americanas, europeias e japonesas começam a expandir-se pelo mundo, tornando-se multinacionais.

A partir da segunda metade do século XX, a industrialização no Brasil passou a crescer com o apoio do capital estrangeiro, e o surto industrial atinge também o setor de bens intermediários e até o de bens de capital.

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-A N O T A Ç Õ E S

90GEOGRAFIA

1. Retire do gráfico deste capítulo dados que justifiquem a afirmativa abaixo:

A partir do final da década de 1980, aparecem alguns sinais iniciais de um processo de descentralização industrial.

R.:

2. Leia a notícia.

sóCIO estrAngeIrO POde ser OPçãO PArA AvIA-çãO

Acordo tAm-transbrasil iniciou as mudanças

A entrada de um sócio estrangeiro na Varig está fora das propostas do novo presidente da companhia, Ozires Silva, mas não é uma solução descartada em um prazo mais longo. Esta mudança acionária seria um avanço na reestruturação do setor.

O primeiro passo foi dado em abril, quando a Transbrasil, depois de bater sem sucesso na porta da Varig, fez uma parceria com a TAM, acordo que pode evoluir para a fusão. O maior problema é a Vasp, que o mercado acredita estar perto da falência. A Varig não se interessa pela concorrente, que negocia uma parceria operacional com outra empresa.

O Governo sabe que não há espaço para quatro grandes empresas, mas não quer interferir. Promete, no entanto, aprontar o projeto que cria a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também está disposto a analisar financiamentos, se receber projetos.

A crise no setor ficou aguda com a desvalorização cambial, porque as empresas têm dívidas em dólares. O endividamento das quatro companhias soma quase R$ 5 bilhões, e o prejuízo em 1999 passou de R$ 400 milhões.

Jornal O Globo, 04-06-2000.

O processo industrial brasileiro teve início, realmente, a partir do final do século XIX.

a) Qual foi o fato histórico que marcou o início desse processo?

R.:

DESAFIOS DO PERCURSO

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91O ESPAÇO INDUSTRIAL II

-A N O T A Ç Õ E Sb) Qual foi a importância da imigração no processo industrial do nosso país?

R.:

c) Caracterize a industrialização brasileira ocorrida até a Segunda Guerra Mundial.

R.:

d) Relacione a manchete da reportagem que você leu com a mu-dança ocorrida na industrialização brasileira após a Segunda Guerra Mundial.

R.:

INVESTIGANDO CAMINHOS

a cOncentraçãO industrial em sãO PaulO

Todos aqueles elementos indispensáveis para o processo de industria-lização do Brasil – o café, o imigrante e o trabalho assalariado, o mercado consumidor e os capitais disponíveis estavam concentrados no Centro-Sul do país, principalmente São Paulo.

Observe a tabela.

Brasil – valOr da PrOduçãO industrial POr estadO

unidades da % do total % do total % do total % do total Federação em 1970 em 1975 em 1985 em 1995

Pernambuco 2,1 2,2 1,9 1,8Bahia 1,6 2,1 4,3 4,0Minas Gerais 7,1 7,6 9,4 8,8Rio de Janeiro 15,5 12,8 9,8 9,9São Paulo 57,2 55,3 49,7 49,3Paraná 4,5 4,5 5,3 5,6Rio Grande do Sul 6,3 7,3 7,4 7,7Santa Catarina 3,2 3,0 3,9 4,1Outros 2,5 5,2 8,3 8,8TOTAL 100 100 100 100

FONTE: Tabela elaborada a partir de dados retirados de VESENTINI, J. William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 79; e MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia: estudos da geografia do Brasil. São Paulo: Moderna, 1996. p. 83.

A concentração da produção industrial brasileira em São Paulo teve início nos primórdios do século XX (1907) e estendeu-se até por volta de 1970. A tabela mostra que, enquanto algumas áreas perderam, a longo

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-A N O T A Ç Õ E S

92GEOGRAFIA

prazo, boa parte de sua posição industrial no conjunto do país, outras áreas ganharam, sobretudo São Paulo. Mas também Minas Gerais, Paraná e até Santa Catarina ganharam com essa concentração industrial no Centro-Sul do Brasil. O importante é lembrar que o decréscimo de algumas unidades da Federação constitui mais um declínio relativo que absoluto, ou seja, não se tratou de fechamento de firmas no local, e sim do maior crescimento em outras áreas ou regiões.

industrializaçãO e OrGanizaçãO dO esPaçO GeOGrÁFicO

Com o processo de industrialização do Brasil e sua concentração geográfica no Centro-Sul, especialmente São Paulo, surge uma nova forma de organização do espaço. A partir do momento em que a indústria se transforma no setor mais importante da economia do país, fato esse que só ocorreu em meados do século XX, o espaço geográfico brasileiro torna-se cada vez mais integrado, com maior interdependência entre todas as suas áreas.

No período pré-industrial, quando a economia brasileira era baseada fundamentalmente nas atividades primárias (normalmente voltadas para o mercado externo), não havia ainda um espaço nacional unificado, uma integração real entre todas as áreas relativamente isoladas umas das ou-tras e apoiadas na agricultura, na mineração ou na pecuária. Cada uma dessas áreas conheceu um período de apogeu, ligado à maior procura de seu principal produto de exportação (açúcar, mineração, borracha, café).

Caso seja necessário, releia no Capítulo 4, a parte que fala sobre o povoamento e a expansão territorial brasileira.

Dessa forma, existiam vários “bolsões” ou áreas isoladas (à imagem de um “arquipélago”), mas não havia de fato um espaço nacional, um espaço geográfico integrado. As próprias redes de transportes que existiam serviam principalmente para ligar essas áreas ao litoral, aos portos de exportação, mas não para fazer sua interligação.

Com o avanço da industrialização, ocorreu uma integração cada vez maior do espaço geográfico do país. Houve uma expansão das redes de transportes, inicialmente ferrovias (século XIX) e posteriormente rodovias, e esses transportes ligavam as diversas áreas do Brasil às duas principais metrópoles:* São Paulo e Rio de Janeiro. Passou a haver então uma inter-dependência* das diversas áreas ou regiões, com uma divisão territorial do trabalho, em que o Centro-Sul (especialmente São Paulo) fornecia bens industrializados às demais, das quais recebia matérias-primas e produtos agrícolas. Assim, o Centro-Sul passou a desempenhar um papel semelhan-te ao dos países desenvolvidos do sistema capitalista mundial (o centro do sistema) e as demais regiões, o papel dos países subdesenvolvidos (a periferia do capitalismo mundial).

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93O ESPAÇO INDUSTRIAL II

-A N O T A Ç Õ E SNo centro econômico* do país estão as duas únicas metrópoles na-cionais (São Paulo e Rio de Janeiro); mais afastadas aparecem as sete metrópoles regionais: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre. Cada uma destas últimas polariza uma extensa região, mas todas elas são polarizadas por São Paulo e Rio de Janeiro.

1. Marque a resposta certa.

“A industrialização de São Paulo dependeu, desde o princípio, da procura provocada pelo crescente mercado estrangeiro do café. O cul-tivo do café começou nesse estado muito depois das plantações levadas a cabo nas montanhas acima do Rio de Janeiro, no início do século XIX. Nos cinqüenta anos seguintes, o comércio firmou-se na Europa e estimulou o surto de novas plantações, que avançavam cada vez mais para o Oeste. Por volta de 1850, a onda de cafezais penetrara o lado paulista do Vale do Paraíba e estendera-se até a região de Campinas, além da capital da província.”

Dean, Warren. A industrialização de São Paulo.

São Paulo, Difel/Edusp, 1971.

DESAFIOS DO PERCURSO

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. 1983; atualizado por SIMIELLI, M. E. Geoatlas. São Paulo: Ática, 1991.

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-A N O T A Ç Õ E S

94GEOGRAFIA

Considerando o texto anterior, pode-se afirmar que:( ) à medida que se localizavam solos mais férteis em São Paulo,

aumentava a demanda pelo café no mercado internacional.

( ) a plantação do café deslocou-se do Rio de Janeiro para São Paulo, via Campinas.

( ) o fato de a plantação do café ter avançado cada vez mais para o Oeste se deve à presença do massapê.

( ) a lavoura cafeeira foi apenas um dos elementos que participa-ram do processo de industrialização de São Paulo.

( ) a acumulação de capital decorrente da exportação do café é o principal elemento para a explicação da industrialização de São Paulo.

2. No período pré-industrial, quando a economia nacional era domi-nada basicamente pelas atividades agrícolas de exportação, a organização do espaço do país era do tipo:

( ) centro-periferias, com um espaço nacional integrado.

( ) áreas isoladas ou “arquipélago”, onde não havia um espaço nacional integrado.

( ) o centro na Zona da Mata nordestina e a periferia em São Paulo, com fortes relações de troca que favoreciam o centro.

( ) semelhante ao dos dias de hoje, mas sem trocas de bens in-dustriais.

( ) fortemente integrado e com uma rede urbana constituída.

3. A organização espacial do tipo centro-periferias no Brasil decorreu:( ) da industrialização.

( ) da expansão cafeeira.

( ) da marcha para o Oeste.

( ) da criação da Sudene.

( ) da conquista da Amazônia.

Responda:

1. O Brasil, sem dúvida, se identifica como pertencente ao grande domínio dos países subdesenvolvidos. Ao mesmo tempo, ninguém ignora, é ele um espaço, no mundo periférico capitalista, de grande expressão urbano-industrial, com setores da economia totalmente integrados ao movimento universalizado de modernização das estruturas e dos meios de produção.

Aponte três razões dessa aparente contradição.

R.:

Page 95: Geografia 1 Fase

95O ESPAÇO INDUSTRIAL II

-A N O T A Ç Õ E S2. Explique como ficou a organização do espaço geográfico do Brasil após a industrialização.

R.:

AMPLIANDO O HORIZONTE

Filme

Japão, uma viagem no tempo (Brasil, 1986). Direção: Walter Salles Júnior.

Visão panorâmica de vários aspectos da sociedade japonesa. O filme procura mostrar o contraste entre o Japão ultramoderno e o Japão que mantém suas tradições antigas. Manchete Vídeo.

Site

Fundação IBGE: www.ibge.gov.br

GlOssÁriO

Atividade fabril – atividade relativa à manufatura.

Centro econômico – a parte mais ativa, onde se concentram os setores comercial e financeiro.

Combustão – ação de queimar; estado de um corpo que arde produzindo calor.

Interdependência – dependência recíproca.

Metrópole – cidade principal, ou capital de província ou de estado.

Setor secundário – setor da economia formado pelas indústrias.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

Jornal O Globo.

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-A N O T A Ç Õ E S

96GEOGRAFIA

1. O avanço industrial dos países da América Latina – entre eles o Brasil – ocorreu nas grandes crises políticas e econômicas, principalmente nos anos 30 e na Segunda Guerra Mundial, quando o processo de indus-trialização nesses países se caracterizou predominantemente pela:

a) implantação de indústrias estrangeiras.

b) substituição da importação de bens de capital.

c) implantação da indústria automobilística.

d) substituição da importação de bens de consumo.

e) implantação da indústria de material elétrico e de comunicações.

2. Marque com um X a alternativa que contém um fator que não foi importante para a industrialização do Brasil:

a) O fim da escravidão e a expansão do trabalho assalariado.

b) A imigração de europeus.

c) Os solos férteis de massapê na Zona da Mata nordestina.

d) As exportações de café.

e) As crises nas exportações de café.

3. “Na evolução econômica do Brasil, os produtos agrícolas e as ma-térias-primas (cana-de-açúcar, ouro, café, etc.) foram sucedendo-se como base da economia brasileira, de acordo com as tendências e necessidades do mercado externo. Alguns desses produtos se mantiveram por mais tempo como principal fonte de divisas para o país e provocaram diversificações na paisagem rural e urbana, como o café e a cana-de-açúcar. Outros tiveram influências meramente regionais, como o algodão e a borracha.”

Pode-se inferir do texto acima que:

a) a organização do espaço brasileiro é produto da combinação do desenvolvimento de relações feudais de produção com relações capitalistas.

b) os processos econômico-sociais de valorização, ocupação e organização do território brasileiro sempre estiveram ligados às necessidades de matérias-primas e alimentos por parte dos países dominantes.

c ) os ciclos da economia brasileira estão ligados, fundamentalmen-te, a especificidades naturais das diversas regiões do país.

d) a economia brasileira se organizou como uma economia colonial, fornecedora de produtos industriais de que o mercado europeu não dispunha.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

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97O ESPAÇO INDUSTRIAL II

-A N O T A Ç Õ E Se) dos produtos agrícolas e matérias-primas que se sucederam na evolução econômica do Brasil, o pau-brasil foi responsável pela ocupação total de extensa faixa de todo o litoral brasileiro.

4. Quais das características enumeradas abaixo se aplicam à atividade industrial no Brasil nas últimas décadas?

I. Hegemonia do capital privado nacional.

II. Crescente participação do Estado na economia industrial.

III. Inauguração do processo de substituição das importações de manufaturados.

IV. Acentuada internacionalização da economia.

a) I e II.

b) I e III.

c) I e IV.

d) II e III.

e) II e IV.

5. Sobre o processo de industrialização brasileiro, são verdadeiras as seguintes afirmativas:

I. A indústria localizou-se principalmente nas áreas onde já havia forte concentração de capitais, como no Centro-Sul.

II. As necessidades de mão de obra farta e barata nas cidades foram atendidas pelo aumento das migrações rural-urbanas, aceleradas a partir da década de 1940.

III. A indústria automobilística e a de construção civil tiveram pa-pel decisivo nas últimas três décadas para a expansão do setor secundário.

Assinale:

a) se as afirmativas I, II e III estão corretas.

b) se somente as afirmativas I e II estão corretas.

c) se somente as afirmativas I e III estão corretas.

d) se somente as afirmativas II e III estão corretas.

e) se somente a afirmativa I está correta.

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C A P Í t u L O 7

a exploração mineral e a economia brasileira

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 7

a exploração mineral e a economia brasileira

-A N O T A Ç Õ E S

leIA e reflItA:

“Uma tonelada de minério de ferro vale cerca de sete dólares; a tonelada de aço vale entre 100 e 200 dólares; a de au-tomóveis situa-se entre 2 mil e 10 mil dólares; a da indústria eletrônica fica entre 50 mil e 200 mil dólares, enquanto o avião da classe Bandeirante está acima de 200 mil dólares por tonelada.”

Diretor Superintendente da Embraer.

A exportação mineral pode solucionar os problemas do Brasil?

INVESTIGANDO CAMINHOS

minériOs e recursOs minerais

Nosso planeta tem uma camada sólida, constituída por minerais e rochas. O homem aproveita os minerais para fabricar os mais diferentes objetos.

Para fabricar os utensílios que você usa no seu dia a dia, assim como fabricar aviões, trens, caminhões, navios, maquinários, material de cons-trução e muitas outras coisas, o homem retira os minerais da natureza. Essa atividade chama-se extrativismo mineral.

Mas o que são os minerais?

Minerais são os elementos que formam as rochas da crosta terrestre.

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-A N O T A Ç Õ E S

102GEOGRAFIA

Assim sendo, rocha é um conjunto de minerais ou um único mineral endurecido, consolidado.

Agora, leia estes textos.

Os índios que habitavam a Floresta Amazônica antes da chegada dos colonizadores provavelmente deparavam com ouro sempre que iam pescar. E não davam a menor bola. Para eles, o ouro não era um recurso natural: não servia como abrigo ou alimento, não tinha utili-dade nas caçadas nem na conquista das índias.

As reservas brasileiras de urânio aumentaram nas últimas décadas. O urânio é resultado de um processo geológico complexo, que levou milhões de anos para se completar. O crescimento das reservas não se relaciona com o aparecimento de mais urânio no subsolo brasileiro, mas com o aumento da pesquisa e da prospecção.* O crescimento da demanda* mundial desse mineral radioativo (devido ao aumento das centrais nucleares) explica o maior interesse dos empresários em descobrir novas jazidas.

Compare os dois fatos. Aparentemente não têm nenhuma ligação, mas expressam uma mesma ideia. No primeiro caso, o ouro não era um recurso, pois os índios não se utilizavam dele. No segundo, o urânio se transformou em recurso, à medida que passou a ser utilizado para satisfazer necessidades sociais e econômicas

O desenvolvimento tecnológico vem ampliando as necessidades sociais e os meios técnicos para a localização e a introdução de novos recursos. Dessa forma, minérios praticamente desconhecidos (como o ouro para os índios e o urânio para o Brasil do século passado) são transformados em recursos minerais.

Leia o poema a seguir:

Carajás é a saída

Ou o fundo do poço?

Quem me explica isso

Em língua fácil

E troco miúdo?

Carlos Drummond de Andrade

você saberia responder às perguntas do poeta?

você conhece Carajás?

Carajás é a saída, ou o fundo do poço, para o Brasil?

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103A EXPLORAÇÃO MINERAL E A ECONOMIA BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E SQuantas perguntas! Calma, vamos respondê-las aos poucos.

Em primeiro lugar, Carajás é uma serra localizada no sudeste do Pará, onde, após um amplo programa de pesquisas, descobriu-se um grande potencial mineral que inclui a maior concentração de minério de ferro de alto teor do mundo.

Os enormes depósitos minerais da serra dos Carajás ainda não foram datados com precisão. Além das imensas jazidas ferríferas, essa província mineral contém níquel, cobre, cobalto, cassiterita e manganês. Atualmente, as pesquisas parecem indicar que essas concentrações minerais têm sua for-mação ligada a acontecimentos geológicos ocorridos na Era Arqueozoica.

Você sabia?

Chama-se estrutura geológica de um local as rochas que o compõem, que se dispõem em várias camadas de diferentes tipos e idades e que tive-ram origem em distintos processos geológicos. A importância da estrutura geológica decorre das riquezas minerais a ela associadas e do seu papel na constituição do relevo e do solo desse local.

Para compreender a estrutura geológica do Brasil, é necessário, primei-ramente, recordar a história geológica de nosso planeta com suas eras e períodos (existem também as épocas, idades e fases). Assim, observe aten-tamente o quadro a seguir, mas sem memorizá-lo (é útil só para consulta).

escala GeOlóGica dO temPO

eras Períodos anos decorridos características

Quaternário ± 1 milhão aparecimento do homem glaciações

Cenozoica Terciário ± 60 milhões dobramentos modernos (do tipo alpino/himalaio) mamíferos

Triássico intensas erupções vulcânicasMesozoica Jurássico ± 130 milhões enormes florestas de coníferas(ou Secundária) Cretáceo répteis gigantescos

Cambriano peixes e vegetais Ordoviciano anfíbios

Paleozoica Siluriano ± 300 milhões soterramento de extensas florestas(ou Primária) Devoniano (origem do carvão mineral) Carbonífero Permiano

Arqueozoico formação das rochas mais antigasPré-Cambriana (ou arqueano) ± 4 bilhões surgimento da vida(ou Primitiva) Proterozoico (ou alonquiano)

Idade da Terra: 4,5 bilhões de anos (?) FONTE: Adaptado de LEINZ, V. e AMARAL, S.E. do. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 247.

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-A N O T A Ç Õ E S

104GEOGRAFIA

Como você pode observar, a idade da Terra é calculada em 4,5 bilhões de anos, e, desde a sua formação até hoje, ela vem sofrendo muitas trans-formações. Os acontecimentos que modificaram a fisionomia de nosso planeta contam a sua história.

Como a história da Terra é muito longa e rica em acontecimentos, foi dividida em quatro partes, que receberam o nome de Eras Geológicas. São elas: Cenozoica, Mesozoica, Paleozoica e Pré-Cambriana.

As eras devem ser analisadas da mais antiga para a mais recente (no quadro, na ordem de baixo para cima); portanto, a mais antiga é a Pré--Cambriana, e a mais recente é a Cenozoica.

Foi no decorrer dos períodos Arqueozoico e Proterozoico da Era Pré-Cambriana que ocorreu o resfriamento da Terra. Havia intenso vul-canismo, e as montanhas eram muito altas. Apareceram jazidas de ouro, prata, cobre, ferro e uma vida muito rudimentar* nos oceanos, como algas, bactérias e vírus.

Na Era Paleozoica houve o aparecimento de grandes florestas e a for-mação de grandes jazidas de carvão.

O homem apareceu somente no fim da Era Cenozoica.O tema estrutura geológica do Brasil será aprofundado na fase II.

as reservas minerais brasileirasOs recursos minerais metálicos* aparecem na natureza em formações

geológicas cristalinas, consolidadas ao longo da Era Pré-Cambriana. Como podemos ver no mapa a seguir, grande parte do território brasileiro é formada por terrenos arqueozoicos e proterozoicos, que surgem tanto no Escudo das Guianas como no Escudo Brasileiro. Essas áreas possuem importantes concentrações de minerais metálicos.

Mapa elaborado com dados retirados de MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

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105A EXPLORAÇÃO MINERAL E A ECONOMIA BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E SOs terrenos proterozoicos são, economicamente, os mais importantes. São eles:

• Quadrilátero Ferrífero, em Minas Gerais (manganês);

• Maciço do Urucum, próximo a Corumbá (manganês);

• Rondônia e Goiás (cassiterita ou minério de estanho);

• Roraima, Bahia e Minas Gerais (diamantes);

• Bahia e Rio Grande do Sul (cobre);

• Pará, em Serra Pelada (ouro).

Nos terrenos arqueozoicos, o destaque está na serra dos Carajás (como já vimos) e nos afluentes do rio Amazonas (Madeira e Tapajós), onde encontramos ouro.

Analise o mapa a seguir e localize as principais áreas de produção mineral do Brasil, além das principais concentrações de minérios do país.

Mapa elaborado com dados retirados de MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

O marco fundamental no reconhecimento dos recursos minerais bra-sileiros foram as atividades aerofotogramétricas* desenvolvidas pelo Projeto Radambrasil, que entre 1971 e 1986 realizou um levantamento sistemático do território nacional. Esse levantamento revelou os enormes recursos existentes na Amazônia, que eram até então praticamente des-conhecidos. Atualmente, sabe-se que o maior potencial mineral do país se encontra na Amazônia.

A concentração de recursos minerais na Amazônia tem significado econômico, demográfico, político e ambiental. De um lado, ela condiciona o tipo de ocupação da região, marcada pela implantação de grandes pro-jetos estatais e privados e, também, pelo fluxo migratório de garimpeiros. De outro, gera o surgimento de conflitos entre empresas, garimpeiros e indígenas em toda a região e, especialmente, nas áreas de fronteiras de

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-A N O T A Ç Õ E S

106GEOGRAFIA

ocupação recente. Além disso, a corrida aos minérios amazônicos impli-ca intensa destruição do meio ambiente, com a derrubada de matas e a poluição dos rios.

O setOr mineral e a ecOnOmia BrasileiraOs levantamentos realizados pelo Departamento Nacional de Produção

Mineral (DNPM) mostram que a extração mineral representa uma par-cela pequena da riqueza nacional (menos de 5% do PIB), mas 20% das exportações do país são de minerais primários e semi-industrializados.

Analise o gráfico 1 e descubra quantos bilhões de dólares o Brasil exportou de bens minerais em 1990.

FONTES: DNPM, 1988; O mundo hoje, 1993. FONTES: DNPM, 1988; Anuário mineral brasileiro, 1990.

In: MAGNOLI, Demétrio, ARAÚJO e Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna,1996. p. 107.

Comparando os dois gráficos, percebemos que o Brasil se destaca na exportação de bens minerais (excluindo-se o petróleo e o gás natural), principalmente no que diz respeito ao ferro, bauxita e manganês (os três juntos representam 90% das exportações minerais primárias do país).

Agora, completando nossa análise das exportações de bens minerais brasileiros, veja a posição do Brasil em relação à produção e às reservas mundiais.

Posição do Brasil na produção mundial

Posição do Brasil nas reservas mundiais

mercadO internaciOnal de Bens minerais

mineral Posição Participação (%)

Ferro 3 15,8 Manganês 5 8,4 Bauxita 4 9,5 Cassiterita 2 16,2

Ferro 2 15,2 Manganês 4 7,6 Bauxita 3 10,0 Cassiterita 2 17,0

FONTES: DNPM, 1988; O mundo hoje, 1993. In: MAGNOLI, Demétrio, ARAÚJO e Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna,1996. p. 108.

Page 107: Geografia 1 Fase

107A EXPLORAÇÃO MINERAL E A ECONOMIA BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E SA importância do setor mineral não está apenas na sua contribuição para as exportações. A extração mineral desenvolve um grande número de indústrias de transformação, tais como a siderúrgica, a metalúrgica, as de cimento e muitas outras. O valor da produção desse conjunto de indústrias alcança mais de 30% do PIB.

os grandes projetos minerais

O ferro é o mais importante recurso mineral do país. A produção bra-sileira desse minério atinge quase 160 milhões de toneladas anuais. Além de ferro, o Brasil produz e exporta muitos outros minerais, com destaque para a bauxita, o manganês e a cassiterita. A Europa Ocidental, os Estados Unidos e o Japão são os principais compradores.

FONTES: Gráfico elaborado com dados retirados de

MAGNOLI, Demétrio, ARAÚJO e Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna,1996.

As principais regiões mineradoras do Brasil apresentam, entre si, profundas diferenças de situação e características. Em todos os casos, as atividades de extração e as infraestruturas de transporte provocam signi-ficativo impacto na organização do espaço geográfico.

O Quadrilátero Ferrífero

A região do Quadrilátero Ferrífero responde por cerca de 75% da pro-dução brasileira de minério de ferro. Além do ferro, a região conta com importantes reservas de manganês, bauxita e ouro. A Companhia do Vale do Rio Doce (CVRD), maior exportadora de ferro do mundo, é também a maior empresa mineradora em atuação na área.

A produção é escoada por duas estradas de ferro: a E.F. Vitória-Minas, que liga as regiões produtoras do Vale do Rio Doce ao porto de Vitória--Tubarão (Espírito Santo) e a E.F. Central do Brasil, que transporta a pro-dução do Vale do Paraopeba aos mercados consumidores internos (passa por Volta Redonda e abastece a CSN) e ao Porto de Sepetiba.

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-A N O T A Ç Õ E S

108GEOGRAFIA

Mapa elaborado com dados retirados de MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

O Quadrilátero Ferrífero tem um impacto muito grande nas relações entre Minas Gerais e o Espírito Santo. As jazidas da área atraíram indústrias siderúrgicas de grande e médio portes, que formaram o chamado “Vale do Aço” mineiro, desenvolvendo a economia do Centro-Sul e do leste do estado e gerando as condições para a modernização da Grande Belo Horizonte, além de desenvolver a comunicação com o litoral do Espírito Santo, através da E.F. Vitória-Minas.

a serra de carajás

O trabalho de prospecção mineral na região da serra de Carajás come-çou a ser desenvolvido em 1966 pela Codim, uma subsidiária* da multi-nacional Union Carbide. Mais tarde, devido à descoberta de manganês, outra multinacional iniciou um grande programa de pesquisas na região.

Em 1970 foi criada a Amazônia Mineração S.A., uma aliança entre ca-pitais estatais e estrangeiros com vistas à exploração e exportação do ferro de Carajás. A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) controlava 50,9% das ações, e a Companhia Meridional de Mineração, os 49,1% restantes. O negócio foi desfeito depois de sete anos, e a CVRD tornou-se a única participante do Projeto Ferro Carajás.

FONTE: Ciência Hoje, Ano I nº 3 p.32 In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996 p.111.

Page 109: Geografia 1 Fase

109A EXPLORAÇÃO MINERAL E A ECONOMIA BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E SNo final da década de 1970, a CVRD divulgou o documento “AMAZÔ-NIA ORIENTAL – um projeto nacional de exportação”, cujo conteúdo era uma proposta de exploração global dos recursos da região. O documento delimitou a área de atuação do Programa Grande Carajás (como podemos ver no mapa anterior). Além da exploração mineral, estavam previstos no programa grandes projetos agropecuários e madeireiros.

O Projeto Ferro Carajás iniciou um amplo programa. Por conta desse programa a CVRD construiu e opera a E.F. Carajás, que liga Carajás ao Porto de S. Luís; a Petrobras construiu o Porto da Madeira, em São Luís, capaz de receber graneleiros de até 280 mil toneladas de porte; o consór-cio formado pela CVRD e grandes multinacionais (de capital americano, anglo-holandês e japonês) controla o Projeto dos Polos de Alumínio e gerou a construção da hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins.

O Programa Grande Carajás tem um impacto profundo na organização do espaço regional em todo o sul do Pará e oeste do Maranhão. Os grandes investimentos estatais e privados, realizados em áreas de conflitos de terras envolvendo fazendeiros, madeireiras, posseiros* e índios, adquiriram um caráter estratégico. Carajás não é apenas um empreendimento econômico de exportação, mas também uma operação geopolítica* de controle e estabilização de um espaço geográfico de conflitos.

Além do Quadrilátero Ferrífero e da serra dos Carajás, existem regiões mineradoras no vale do rio Trombetas (PA), onde se explora a bauxita (minério de alumínio), na serra do Navio (AP) e no Maciço do Urucum (MS), onde se explora o manganês.

a siderurgia no Brasil

Na década de 1970, a política de expansão do parque industrial bra-sileiro explica a ampliação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), da Companhia Siderúrgica Paulista (Cosipa) e da Usina Siderúrgica de Minas Gerais (Usiminas), bem como a construção de mais duas siderúr-gicas estatais de grande porte: a Açominas, em Ouro Branco (MG), e a Companhia Siderúrgica de Tubarão (CST), em Vitória (ES).

Esse grupo de usinas de grande porte, alimentadas a coque,* responde por cerca de 60% da produção nacional de aço bruto e configura uma nítida opção pelo carvão mineral como combustível.

O crescimento da siderurgia nacional colocou o Brasil entre os dez maiores produtores mundiais de aço bruto, atingindo a marca de 25 mi-lhões de toneladas anuais. Do ponto de vista da distribuição geográfica, a produção siderúrgica acabou acompanhando a concentração de minério de ferro: Minas Gerais responde por cerca de 40% do aço bruto e mais de 50% do ferro-gusa.

Page 110: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

110GEOGRAFIA

1. Segundo o geógrafo Carlos Augusto de Figueiredo Monteiro, “um recurso natural não é, ele se torna”.

Agora, responda:

Quando um elemento natural se transforma em recurso natural?

R.:

DESAFIOS DO PERCURSO

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996 p.119.

FONTE: Gráfico elaborado com dados retirados de MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

Page 111: Geografia 1 Fase

111A EXPLORAÇÃO MINERAL E A ECONOMIA BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E S2. A poesia abaixo refere-se à industrialização de dois minérios exis-tentes no interior do Brasil. Esses minérios são utilizados na indústria brasileira e são mercadorias presentes na nossa pauta de exportações.

“Indústria: o malho a manha.

Outra vez a mina da trama.

A mina de (ferro) Minas! Os poços de caudas

Pau e chita: bauxita explorada

Indústria...”

Mario Chamie

a) Como é chamada a indústria que explora esses minérios?

R.:

b) Dê a localização geográfica das principais reservas desses mi-nérios no país.

R.:

3. Correlacione as colunas:

a) mineral primário exportado pelo Brasil.

b) principal comprador de minerais primários brasileiros.

c) área produtora de manganês no Brasil.

d) bem mineral de que o Brasil possui uma das maiores reservas mundiais.

( ) cassiterita

( ) Estados Unidos

( ) ferro

( ) Maciço do Urucum

4. “Tudo murcha, pois a indústria extrativa (e não transformadora) de minerais não costuma deixar senão um rastro de pó e tristeza...”. (Carlos Drummond de Andrade)

a) Qual é a região do Brasil onde se concentra o maior potencial mineral do país?

R.:

Page 112: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

112GEOGRAFIA

b) Explique duas consequências da atividade mineradora para o ambiente e a sociedade dessa região.

R.:

5. Observe o mapa 5 na página 110 e responda:

a) Quais são os estados brasileiros que têm o maior número de siderúrgicas? Por quê?

R.:

Livro

O embate contra Chico Mendes, de Márcio de Souza (São Paulo, Marco Zero, 1990).

Abordando de forma polêmica e instigante a história do líder acre-ano Chico Mendes, o autor apresenta nessa obra um painel das formas históricas do uso do imenso patrimônio natural da Amazônia pelos seus habitantes. Também tenta dissecar as razões de tantos conflitos e tantas leituras simplistas e oportunistas sobre as ocor-rências nessa região.

Filme

A década da destruição (1987). Direção: Adrian Cowell.

Produzido pela Universidade Católica de Goiás e Central Indepen-dent Television (Inglaterra).

Série de documentários sobre transformações e impactos na Ama-zônia. Com textos do geógrafo Wagner Costa Ribeiro, compõe-se de sete filmes de duração variada, que abordam temas como o desmatamento, a luta de Chico Mendes, as políticas de colonização, os conflitos entre colonos e povos indígenas e a exploração mineral daquela região brasileira.

Sites

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais: www.cptec.inpe.br

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia: www.ipam.org.br

Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (editora da revista Ciência Hoje): sbpcnet.org.br

Revista Ciência Hoje: www.ciencia.org.br

AMPLIANDO O HORIZONTE

Page 113: Geografia 1 Fase

113A EXPLORAÇÃO MINERAL E A ECONOMIA BRASILEIRA

-A N O T A Ç Õ E SGlOssÁriO

Aerofotogrametria – técnica de obtenção de imagens da superfície terrestre que se utiliza de fotografias aéreas tiradas por aviões, com o foco da máquina em posição perpendicular à área foto-grafada.

Coque – subproduto do carvão mineral utilizado queimado nos altos-fornos de siderúrgicas, que cumpre as funções de combus-tível e matéria-prima associada ao minério de ferro.

Demanda – necessidade.

Geopolítica – Geografia política.

Minerais metálicos – elementos ricos em metais que formam as rochas da crosta terrestre.

Posseiros – indivíduos que desfrutam da posse da terra, sem ter a sua propriedade.

Prospecção – sondagem para determinação da extensão e do valor de determinado depósito mineral.

Rudimentar – que não se desenvolveu.

Subsidiária – empresa controlada por outra, a qual detém o total ou a maioria de suas ações.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas de geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

1. O Brasil ocupa o segundo lugar no mundo em reservas de ferro.

A principal reserva de ferro do Brasil está localizada no: a) Quadrilátero Ferrífero (MG)

b) Serra dos Carajás (PA)

c) Maciço do Urucum (MS)

d) Espigão Mestre (GO)

e) Chapada Diamantina (BA)

MEMÓRIAS DA VIAGEM

Page 114: Geografia 1 Fase

2. Em relação ao minério de ferro no Brasil, pode-se afirmar que:I. as jazidas de minério de ferro estão localizadas em terrenos

pré-cambrianos (proterozoicos).

II. as principais áreas de ocorrência são: Minas Gerais, no Quadri-látero Central ou Ferrífero; Mato Grosso do Sul, no Maciço do Urucum; Pará, na Serra do Imeri; e Amazonas, no vale do Jatapu.

III. os grandes portos de escoamento de minério de ferro para o exterior são: Vitória e Tubarão, ambos localizados no Estado do Espírito Santo, e o transporte é realizado pela Docenave (Vale do Rio Doce Navegação S.A.), subsidiária da Companhia Vale do Rio Doce.

São verdadeiras as afirmativas:a) I e II.

b) II e III.

c) I e III.

d) somente a I.

e) somente a III.

3. O Projeto Radambrasil realizou um grande levantamento dos re-cursos minerais do nosso país. Através desse levantamento, sabemos que o maior potencial mineral do Brasil está:

a) no sul do país.

b) no Pantanal.

c) na planície central.

d) em Minas Gerais.

e) na Amazônia.

4. O Brasil se destaca na exportação de:a) ferro, bauxita e manganês.

b) cassiterita, cromo e urânio.

c) níquel, zinco e ouro.

d) estanho, ferro e cobre.

e) manganês, bário e diamante.

5. O Projeto Ferro Carajás gerou a construção da:a) Cosipa.

b) Companhia Vale do Rio Doce.

c) Cidade de Corumbá.

d) E.F. Carajás, que liga a região ao porto de São Luís.

e) Hidrelétrica de Sobradinho.

114GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

Page 115: Geografia 1 Fase

fontes de energia e transporte

C A P Í t u L O 8

Page 116: Geografia 1 Fase
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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 8

fontes de energia e transporte

-A N O T A Ç Õ E S

define-se energia como trabalho armazenado, isto é, algo que tem a capacidade de realizar trabalho. Assim, utiliza-se energia para levantar um peso, para apertar um parafuso, para movimentar um veículo, para ferver água etc.

Essa energia, componente básico da natureza, apresenta-se em formas diferentes. As principais fontes de energia são:

Fontes de energia características

Petróleo Gera gasolina, óleo diesel, querosene, além de servir para obtenção de eletricidade nas usinas termoelétricas.

Água (en. hidráulica) Fornece eletricidade por meio das usinas hidroelétricas.

Carvão mineral Fornece calor para os altos-fornos das indústrias siderúr-gicas, além de servir para gerar eletricidade nas usinas termoelétricas.

Lenha e carvão vegetal Utilizados para gerar calor em indústrias, restaurantes e residências.

Álcool Utilizado como combustível para automóveis, principalmente nas décadas de 1970 e 1980.

Obs.: Entre outras fontes de energia incluem-se ainda o bagaço da cana, o xisto betuminoso, minerais radioativos etc.

Agora, analise o gráfico a seguir e veja quais são as fontes de energia mais consumidas no Brasil.

Page 118: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

118GEOGRAFIA

FONTE: Gráfico elaborado com dados retirados de VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 92.

A energia hidráulica, principal fonte de energia elétrica do país, re-presentando 35,4% do consumo energético total, ainda é subaproveitada: apenas cerca de 25% do potencial hidráulico do Brasil era aproveitado em 1995 para a obtenção de energia elétrica. (essa foi uma das causas do racionamento de energia elétrica que vivemos em nosso país a partir de meados de 2001 até fevereiro de 2002.) Já o petróleo é responsável por 32,5% da energia consumida no Brasil.

Qual é a importância da energia para a economia de um país?

Qual é o setor da economia que mais consome energia elétrica?

Qual é a posição do Brasil em relação à produção de energia?

Qual é a ligação existente entre energia e transporte?

Essas são algumas das questões que podemos destacar quando o assunto é energia. A partir de agora começaremos as nossas pesquisas em busca de respostas para essas e outras reflexões.

enerGia e indÚstria

O crescimento do consumo energético registrado no país a partir da década de 1940 revela transformações em sua estrutura produtiva. O rompimento com o modelo agroexportador e o surgimento de um modelo econômico fundado na industrialização e na urbanização são demonstrados por um grande crescimento do consumo de energia. O setor industrial responde por mais de 41% da energia consumida no Brasil. Observe o gráfico a seguir e analise o consumo dos demais setores.

INVESTIGANDO CAMINHOS

Page 119: Geografia 1 Fase

119FONTES DE ENERGIA E TRANSPORTES

-A N O T A Ç Õ E S

FONTE: Gráfico elaborado com dados retirados de VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

Além de consumir diretamente mais de 41% da produção energética brasileira, o setor industrial é indiretamente responsável por boa parte dos quase 59% dos restantes, na medida em que o consumo de energia por outros setores (transportes, comércio, agricultura, setor público) se relaciona com os interesses ou com os produtos industriais.

Grande parte dos transportes, por exemplo, consiste no deslocamento de mercadorias industriais, e os veículos que realizam essa atividade são fruto do setor industrial.

O balanço energético nacional

O processo de urbanização e industrialização do país, além de aumentar o consumo energético, também resultou em grandes mudanças no balan-ço energético nacional. A lenha, utilizada principalmente no preparo de alimentos, era a principal fonte de energia no Brasil agrário do início do século XX. No início da década de 1920, a industrialização incipiente* se associou ao crescimento do consumo de carvão mineral. Após a Se-gunda Guerra Mundial, a rápida expansão industrial e a utilização de um modelo rodoviário de transportes deram início ao reinado do petróleo e da hidroeletricidade.

a PrOduçãO de enerGia elétrica

A eletricidade pode ser obtida através de geradores acionados pela força da água (usinas hidroelétricas) ou pelo calor (usinas termoelétricas). Nas usinas termoelétricas, o calor necessário vem do uso de combustíveis fósseis (carvão e petróleo) ou de minerais atômicos (urânio e tório). As usinas hidroelétricas apresentam custo médio de instalação menor do que o das termoelétricas. Além disso, as hidroelétricas utilizam um combustível renovável* e gratuito.

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-A N O T A Ç Õ E S

120GEOGRAFIA

É importante lembrar que a construção de uma usina hidroelétrica traz desvantagens para a região com a construção do lago artificial que a abastece. (Perda de bons solos agrícolas e remoção da população ribeiri-nha, entre outras.)

O potencial hidráulico brasileiro é considerado o terceiro do mundo, vindo após o da Rússia e o da China. Ele evoluiu bastante com novas descobertas, especialmente de rios da bacia Amazônica.

A tabela ao lado mostra a distri-buição do potencial hidroelétrico pelas principais bacias hidrográfi-cas do país.

Quanto ao uso regional da energia hidroelétrica, o Centro-Sul consome mais de 80% do total nacional, seguido pelo Nordeste (15%). A bacia mais aproveitada é a do Paraná, 57.358MW em 1995. Isso se deve à sua pro-ximidade dos maiores centros consumidores de eletricidade do país, principalmente o Estado de São Paulo.

a termoeletricidadeO Brasil importa a maior parte

do carvão que consome (cerca de 60% do total empregado); a produ-ção da Região Sul, que concentra as reservas carboníferas do país, é insuficiente para atender à demanda nacional. Esse carvão, contudo, não é de boa qualidade, já que possui muita cinza, enxofre e outras impu-rezas. As jazidas de melhor qualida-de encontram-se em áreas de Santa Catarina, de onde se extrai o único carvão brasileiro coqueificável.*

O Estado de Santa Catarina for-nece o carvão que é utilizado nas indústrias siderúrgicas do Sudeste FONTE: Gráfico elaborado com dados retirados de MAGNOLI,

Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

POtencial HidrOelétricO seGundO as Bacias Fluviais

Bacia Amazônica 105.550 MW

Bacia do Tocantins 27.821 MW

Bacia do Paraná 57.358 MW

Bacia do São Francisco 26.354 MW

Bacia do Uruguai 13.902 MW

Bacia do Leste 14.469 MW

Bacias do Sul e Sudeste 9.622 MW

Outras 3.979 MW

TOTAL DO BRASIL 259.055 MW

Aproveitado (até 1995) 58.300 MWFONTE: IBGE, Anuário Estatístico do Brasil/1995.

In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 95.

Page 121: Geografia 1 Fase

121FONTES DE ENERGIA E TRANSPORTES

-A N O T A Ç Õ E Sdo país, enquanto o Rio Grande do Sul fornece carvão-vapor utilizado para o aquecimento das caldeiras de alguns setores industriais e na produção de energia termoelétrica.

As termoelétricas são raras no país, sendo que as regiões Sul e Norte são as que mais se destacam na produção de energia gerada pelo carvão mineral. Uma, devido à presença do minério em seu território; e a outra, pela facilidade na construção, já que não depende do relevo. Além disso, a Região Norte não explora grande parte do seu potencial hidroelétrico.

O programa nuclear

No final da década de 1960, o governo brasileiro começou a definir o Programa Nuclear Brasileiro, destinado a implantar no país a produção de energia atômica.

Com o argumento de que faltaria energia elétrica no país por volta do ano 2000, devido ao esgotamento do potencial hidroelétrico, em 1973 o governo propôs, através da Eletrobrás, um plano de construir oito usinas nucleares no Brasil até 1990.

A usina Angra I (adquirida à empresa Westinghouse – dos Estados Unidos) começou a funcionar em 1981, mas, em seguida, foi paralisada por problemas técnicos. Apenas no final de 1983 é que retomou o fun-cionamento, em forma de testes, e ainda não entrou em operação perma-nente com capacidade total. As usinas de Angra II e Angra III, também localizadas na cidade de Angra dos Reis (RJ), foram adiadas e até hoje não funcionam. As restantes não tiveram continuidade.

O Programa Nuclear Brasileiro vem sendo criticado por cientistas e pela população em geral, por vários motivos:

• a população e as associações científicas do país não foram con-sultadas;

• o potencial hidroelétrico do país não se esgotou. Pelo contrário, o Brasil já viveu momentos em que a energia elétrica chegou até a sobrar;

• os custos de construção e operação das usinas nucleares são bastante altos, cerca de três vezes maiores que os de uma usina hidroelétrica equivalente;

• em condições normais, a usina nuclear oferece riscos para a po-pulação. Ela gera o plutônio (produzido pela “queima” do urânio no reator) e o “lixo atômico” (gerado pelos resíduos radioativos produzidos normalmente pela usina).

a enerGia e O transPOrte

A opção pelos transportes rodoviários transformou o petróleo em um insumo* energético fundamental para a economia nacional. Apesar da importância do uso doméstico (gás liquefeito de petróleo) e industrial (óleo

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-A N O T A Ç Õ E S

122GEOGRAFIA

combustível) do petróleo, o transporte é o setor responsável por mais de 50% do consumo do óleo no Brasil.

Após os choques do petróleo (1973 e 1979), o governo federal colocou em prática uma grande política de diminuição da dependência brasileira em relação ao óleo. No setor industrial, essa política visava substituir o óleo combustível por eletricidade; no setor de transporte de passageiros, a gasolina pelo álcool. O transporte de mercadorias, no entanto, não foi alvo de nenhuma política de substituição; continua sendo realizado por caminhões movidos a óleo diesel.

Compare, na tabela a seguir, a situação do Brasil em relação a alguns países. Veja qual é o tipo de transporte mais usado por esses países no deslocamento de carga.

deslOcamentO de carGa seGundO O tiPO de transPOrte (em percentagem do total)

rodovias Ferrovias Hidrovias

Estados Unidos 25% 50% 25%Japão 20% 38% 42%Rússia 5% 82% 13%França 28% 55% 17%Brasil 78% 13% 9%

In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 110.

Repare que o Brasil usa muito mais as rodovias que os demais países da tabela, apesar de esse tipo de transporte utilizar um combustível mais caro. Isso demonstra, mais uma vez, a condição de subdesenvolvimento do nosso país.

O petróleo

Até o início de 1970, procurar petróleo no Brasil não parecia ser um grande negócio. O preço do petróleo no mercado internacional era baixo demais para justificar grandes investimentos em pesquisa e prospecção do óleo nas bacias sedimentares brasileiras.

Os choques de 1973 e 1979 (anos em que o preço do petróleo aumentou significativamente) mudaram essa história. Uma nova política da Petrobras aumentou a participação do petróleo nacional no total consumido.

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123FONTES DE ENERGIA E TRANSPORTES

-A N O T A Ç Õ E S

Fonte: www.petrobras.com.br. Dezembro de 2001.

A partir de 1985, quando a participação do petróleo nacional no total consumido atinge mais de 50%, observa-se uma tendência de declínio na importação de petróleo e aumento na produção nacional. (Convém lem-brar que mais da metade do petróleo consumido é queimado na indústria de transporte.)

A proporção em nossos dias se dá do seguinte modo: dos 1,4 milhão de barris que consumimos por dia, 600 mil são importados (42,8%) e 800 mil produzidos pela Petrobras, o que corresponde a 57,2%.

Também como consequência dos “choques do petróleo”, a Petrobras alterou significativamente a sua estrutura de refino do óleo bruto: passou a produzir menos óleo com-bustível e gasolina e mais óleo diesel. Mesmo com essa alteração, o Brasil tornou-se exportador de gasolina nos

anos 80: o crescimento da frota de carros a álcool fez com que o consumo diminuísse mais do que a produção.

Observe no mapa a concentração de refinarias da Petrobras na região Sudeste, junto ao mercado consumidor dos derivados de petróleo.

PrOduçãO de PetróleO nO Brasil (2001)

localização Produção (barris/dia)

Bacia do Solimões 62 mil

Rio Grande do Norte e Ceará 101 mil

Sergipe e Alagoas 48 mil

Bahia 50 mil

Espírito Santo 20 mil

Bacia de Campos 1.271 mil

Bacia de Santos 4 milFonte: www.petrobras.com.br. Dezembro de 2001.

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-A N O T A Ç Õ E S

124GEOGRAFIA

In: MAGNOLI, Demétrio, ARAÚJO, Regina. a nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996, p. 139.

O Proálcool

O Programa Nacional do Álcool (Proálcool) nasceu em 1975, visando à substituição gradativa da gasolina pelo álcool nos carros de passeio. Para incentivar o aumento da produção de álcool de cana-de-açúcar, o Proálcool previa a concessão de uma série de benefícios financeiros aos plantadores de cana e aos donos de destilarias, principalmente os da Região Sudeste.

As indústrias automobilísticas foram incentivadas a passar a produzir carros movidos a álcool. Aos usuários desses automóveis foram concedidos benefícios fiscais – tais como a diminuição do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) – além da garantia de fornecimento e de preços subsidiados.

• Embora o Proálcool tenha sido um dos elementos – juntamente com os fortes aumentos nos preços da gasolina – que contri-buíram para a desaceleração das importações de petróleo, ele apresenta uma série de aspectos negativos:

• A expansão da agroindústria canavieira expulsou milhares de pequenos proprietários, para aumentar as áreas de cultivo da cana.

• O Proálcool sobrevive à base de grandes subsídios estatais (o governo paga para os produtores muito mais do que cobra dos consumidores) e com a crise econômica atual a oferta de álcool no mercado diminuiu, gerando um racionamento. Desde então, o mercado passou a valorizar os carros a gasolina, e as fábricas passaram a produzi-los em maior escala.

A instabilidade dos preços do petróleo mundial, gerada pela Guerra do Golfo (1990-1991), trouxe de volta o debate sobre o Proálcool no Brasil.

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125FONTES DE ENERGIA E TRANSPORTES

-A N O T A Ç Õ E SCientistas e ecologistas lembram também que o álcool combustível é menos poluente e acham conveniente a manutenção dos subsídios ao Proálcool.

DESAFIOS DO PERCURSO

1. “A lenha, utilizada principalmente no preparo de alimentos, era a principal fonte de energia no Brasil agrário do início do século XX.”

Quais são as fontes de energia mais usadas nos dias atuais no Brasil?

R.:

2. Cerca de 70% da capacidade instalada de hidroeletricidade no Brasil encontra-se na bacia do Paraná. De acordo com o que você estudou, cite a causa deste fato.

R.:

3. Analise a tabela:

Brasil – cOnsumO Final de enerGia (em 1000 teP*)

grupos energéticos 1980 1990Derivados do petróleo 99.526 53.759

Álcool etílico 1.630 6.177

Eletricidade 35.584 63.121

Outros** 37.839 43.390

TOTAL 174.579 166.447*TEP = toneladas equivalentes a petróleo.

** Gás natural, lenha, carvão mineral e vegetal etc.

A partir da análise dos dados da tabela, explique por que ocorreu uma diminuição no consumo de derivados de petróleo e um aumento do consumo de outros grupos energéticos.

R.:

Page 126: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

126GEOGRAFIA

4. Analise os resultados concretos do Programa Nuclear Brasileiro iniciado na década de 1970.

R.:

5. Cite duas medidas adotadas pelo governo brasileiro para controlar a crise do petróleo ocorrida a partir de 1973.

R.:

6. Explique por que a prioridade dada ao transporte rodoviário traz maior gasto energético.

R.:

Livro

Fontes alternativas de energia, de Lucy Neiva. Rio de Janeiro: Maity, 1987.

Músicas

A ciência em si, de Gilberto Gil e Arnaldo Antunes e Pela Internet, de Gilberto Gil. CD Quanta (WEA, 1997).

Sites

Eletrobras: www.eletrobras.gov.br

Petrobras: www.petrobras.com.br

Revista

Os caminhos da Terra. Editora Abril (exemplares de nov. /1999 e maio/2000).

Pesquisa

Pesquise sobre as causas e consequências do racionamento de energia elétrica pelo qual passa o nosso país.

AMPLIANDO O HORIZONTE

Page 127: Geografia 1 Fase

127FONTES DE ENERGIA E TRANSPORTES

-A N O T A Ç Õ E SGlOssÁriO

Combustível renovável - combustível reposto continuamente.

Coqueificável – que pode ser transformado em coque por proces-sos economicamente viáveis. O coque é um resíduo sólido da destilação do carvão (carbono praticamente puro), mais rico em capacidade calorífica que este e, portanto, mais adequado para produzir calor nos altos-fornos.

Incipiente – iniciante.

Insumo – elemento que entra no processo de produção de mer-cadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho, combustível etc.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da Geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

1. Cerca de 93% da energia elétrica do Brasil provém:

a) de fonte termoelétrica.

b) do Sol.

c) de fonte hidráulica.

d) do petróleo.

e) do carvão mineral.

2. Na última década, a ampliação das reservas e da extração de petróleo no Brasil foi possibilitada pela descoberta de novos campos, localizados principalmente na bacia.

a) do Amazonas.

b) da plataforma continental (bacia de Campos).

c) do planalto Atlântico.

d) do Meio-Norte.

e) do Recôncavo Baiano.

Page 128: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

128GEOGRAFIA

3. “As usinas nucleares, que estão sendo construídas, defrontam-se com o duplo problema do armazenamento dos resíduos radiativos e da prevenção de rombos nos depósitos de material radiativo. Os resíduos radiativos devem ser colocados em tanques e guardados por centenas de anos, antes que a radiatividade decline a níveis seguros. Os tanques, entre-tanto, podem apresentar vazamentos e a vigilância pode não ser mantida durante o tempo necessário.”

Assinale a alternativa que melhor combina com o texto acima:a) A radiação nuclear tem o poder comprovado de provocar doen-

ças, mutações genéticas e morte em todos os seres vivos.

b) As alterações ambientais possíveis, derivadas da produção de força nuclear, são imensas e crescem na medida em que cresce o número e o tamanho das usinas nucleares.

c) Já que os combustíveis fósseis se encontram em esgotamento, a energia nuclear os substitui com vantagem, pois seus efeitos poluidores são bem reduzidos.

d) O aproveitamento da energia nuclear é uma das formas mais completas de atuação do homem sobre o meio ambiente, tanto na utilização de novos recursos como na sujeição do meio am-biente a novos desequilíbrios.

e) A principal limitação à utilização da energia nuclear não reside na escassez de recursos energéticos, mas na eficácia dos dispo-sitivos de segurança nas usinas geradoras.

4. “O uso do álcool como combustível em substituição à gasolina não alterou o modelo de desenvolvimento e de transportes no Brasil, onde os beneficiários são sempre uma minoria da população. Continua--se a dar prioridade ao automóvel particular em detrimento das ferrovias e hidrovias.”

Em uma avaliação do texto pode-se afirmar que realmente essa conti-nuidade do modelo de transportes é:

a) benéfica, porque os transportes rodoviários são mais baratos e rápidos, levando a mercadoria de “porta em porta”.

b) benéfica, pois os países altamente desenvolvidos do hemisfério norte sempre priorizaram as rodovias.

c) eficaz, pois após a abertura das grandes rodovias, a partir da década de 1970, regiões até então marginalizadas foram integradas às demais, como a Amazônia, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região.

d) problemática, porque, embora mais rápida do que os demais transportes terrestres, a rodovia desorganizou os sistemas an-teriores, em vez de integrar-se a eles, e marginalizou cidades a exemplo das ribeirinhas.

e) problemática, porque os países capitalistas ou socialistas de maior projeção no cenário internacional implantaram, no século XX, uma rede moderna priorizando as ferrovias.

Page 129: Geografia 1 Fase

129FONTES DE ENERGIA E TRANSPORTES

-A N O T A Ç Õ E S5. A situação geral do sistema de transportes no país tornou-se crítica em função da alta dos preços do petróleo. Tal fato deve-se:

a) à importância assumida pelo transporte rodoviário no conjunto do sistema, em detrimento de outros tipos (ferroviário, por exemplo).

b) aos baixos investimentos requeridos para implantação, conser-vação e renovação do sistema rodoviário no país.

c) à inexistência de outro sistema de transporte alternativo nas áreas de maior volume de tráfego de carga no Brasil.

d) à impossibilidade de se aproveitar a integração dos transportes de cabotagem, ferroviários e rodoviários, decorrente de problemas técnicos com o meio físico.

e) à implantação, há mais de meio século, de moderno sistema de transportes de massa, tipo metroviário, nas grandes cidades do país.

6. Entre as afirmativas abaixo, referentes à circulação no Brasil, in-dique a incorreta:

a) O comércio externo brasileiro é deficitário porque exportamos principalmente produtos primários.

b) A primazia atribuída ao transporte ferroviário tem contribuído, nos últimos anos, para uma sensível redução do frete.

c) A construção de estradas vicinais é essencial para integrar novas áreas agrícolas à produção nacional.

d) A navegação fluvial é insignificante no contexto dos transportes brasileiros.

e) Além de grande importador de petróleo, o Brasil importa má-quinas e produtos agrícolas.

Page 130: Geografia 1 Fase
Page 131: Geografia 1 Fase

o espaço agrário i

C A P Í t u L O 9

• a organização da atividade agrária

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Page 133: Geografia 1 Fase

PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 9

o espaço agrário i

-A N O T A Ç Õ E SLeia a notícia:

meCAnIzAçãO elevA desemPregO nOs CAnAvIAIs

sertãozinho, sP – Com a chegada da mecanização às lavouras de cana-de-açúcar, o desemprego bateu às portas de Sertãozinho, coração da indústria canavieira de São Paulo e um dos berços do Programa do Álcool (Proálcool). Nas contas do Sindicato dos Empregados Rurais do município, dos 15 mil trabalhadores rurais que tinham emprego fixo nas usinas da região, cerca de 5 mil foram substituídos, nos últimos dois anos, pelas modernas colheitadeiras, capazes de proporcionar uma redução de 20% dos custos de produção.

In: www.estadao.com.br (24/06/2000)

Analise a tabela:

evOluçãO dOs meiOs de PrOduçãO

ano nº de tratores nº de arados tração mecânica tração animal

1970 165.870 1.718.041 160.884

1975 323.113 1.758.058 335.909

1980 546.205 1.677.408 559.169FONTE: Tabela elaborada com dados retirados de MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina.

A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

Pode-se afirmar que a mecanização é a expressão material do processo de modernização da agricultura, mostrando a grande ligação entre ela e a indústria.

Mais uma vez podemos perceber que a modernização no Brasil bene-ficia uns e exclui outros.

Page 134: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

134GEOGRAFIA

No trecho da notícia de jornal podemos perceber os efeitos da me-canização na estrutura de empregos da região, e a tabela nos mostra o crescimento no uso das máquinas na atividade agrícola.

Tudo isso reflete algumas mudanças que vêm ocorrendo, cada vez com mais frequência, na organização da atividade agrária brasileira.

a aGricultura nO Brasil industrial

A agropecuária emprega cerca de 23% da população ativa nacional e participa com menos de 10% na formação do produto interno bruto (PIB) do país. No pós-guerra, o crescimento industrial transformou definitiva-mente a economia, confirmando o domínio do setor urbano-industrial sobre o setor agrícola.

A urbanização e a industrialização do país, além de reduzir a impor-tância do setor agrícola, subordinou a agropecuária às necessidades do capital urbano-industrial, definindo novas funções para a economia rural dentro da economia nacional. Atualmente, a agricultura funciona como apoio ao crescimento do setor industrial e financeiro.

O modelo adotado para a modernização na agricultura privilegiou a agricultura comercial de exportação.

A economia rural transformou-se, antes de tudo, em fornecedora de matérias-primas para as indústrias. As culturas agrícolas que são voltadas para a produção industrial (cana, laranja e soja) conheceram um maior desenvolvimento, enquanto as culturas tradicionais (arroz, feijão e man-dioca) viviam um longo período de estagnação.*

A economia rural tornou-se, além de fornecedora de insumos indus-triais, consumidora de mercadorias do setor industrial. À medida que se voltava para as necessidades da economia urbana, a agricultura moderni-zava-se usando tratores, arados mecânicos, adubos etc. Nas duas pontas – na saída e na entrada de mercadorias – a economia agrícola integrou-se à economia industrial.

Em consequência da crescente mecanização das atividades agrícolas, ocorreu uma intensa liberação de trabalhadores, que saíram da agrope-cuária e foram obrigados a procurar ocupação na indústria e nos serviços (êxodo rural).

Nas décadas de 1970 e 1980, o Brasil desenvolveu um esforço ex-portador, direcionado para a conquista de saldos comerciais positivos e crescentes, em função da necessidade de equilibrar as contas externas.

INVESTIGANDO CAMINHOS

Page 135: Geografia 1 Fase

135O ESPAÇO AGRÁRIO I

-A N O T A Ç Õ E S

FONTE: FIBGE, Estatísticas Históricas do Brasil. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 144.

A economia rural participou desse esforço, ampliando e diversificando as exportações de produtos agrícolas e agroindustriais. Na etapa atual, o crescimento das exportações agrícolas adquire importância estratégica na inserção* do Brasil na economia globalizada (reveja esse assunto no Capítulo 3). Esta é outra função fundamental que o Brasil cumpriu e continua a cumprir: a de gerador de divisas.

A grande mudança ocorreu durante as décadas de 1970 e 1980. A partir de 1970 as exportações agrícolas cresceram rapidamente e diversificaram-se. Produtos como a soja, a laranja (vendida na forma de suco), o fumo e a carne de aves juntaram-se ao café como itens exportados de grande peso.

O sentido da modernização da agricultura brasileira pode ser perce-bido também quando se analisa a produção de alimentos para o mercado interno. A partir de 1970, a produção per capita de alimentos básicos como o arroz, o feijão e a mandioca diminuiu. O baixo poder aquisitivo da população torna pouco lucrativa a produção de alimentos para o mercado interno e estimula os agricultores empresariais a se dedicarem à produção de matérias-primas industriais e produtos de exportação.

a OrGanizaçãO dO esPaçO aGrÁriO

A modernização e a capitalização da economia rural estão associadas ao desenvolvimento urbano e industrial. No plano espacial, essa ligação exprime-se através do preço da terra.

Nas áreas mais urbanizadas e industrializadas, o preço da terra culti-vável cresce, pois a proximidade dos mercados consumidores aumenta a concorrência pelo uso da terra. Esse alto preço estimula a modernização agrícola: um pesado investimento na compra das terras exige lucros ele-vados e compensadores. Esse fato ocorre principalmente no Centro-Sul do país.

Page 136: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

136GEOGRAFIA

Analise o mapa, observando a legenda.

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 149.

O espaço agrário brasileiro está organizado da seguinte maneira:

• São Paulo, sul de Minas Gerais e Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul formam um complexo econômico agropecuário moderno.

• O Centro-Oeste e os extremos sul e leste da Amazônia são es-paços de expansão da agropecuária moderna do Centro-Sul.

• No litoral úmido do Nordeste predomina a agricultura comercial tradicional, organizada em torno de grandes propriedades e culturas. É o caso da agroindústria canavieira de Pernambuco e Alagoas.

• A pecuária tradicional ocupa as regiões interiores do Nordeste e Centro-Oeste.

• O Centro-Sul e o Nordeste são polos de onde partem fluxos migratórios em direção às fronteiras agrícolas. Trata-se de exce-dentes populacionais expulsos da economia rural dessas áreas, os quais se instalam em terras distantes como posseiros ou pe-quenos proprietários. Os que deixaram o Nordeste fixaram-se no Maranhão (Vale do Mearim e Pindaré) e no encontro dos rios Tocantins e Araguaia. Já os que saíram de São Paulo e dos estados do Sul geraram a ocupação dos cerrados do Centro-Oeste e das áreas de matas amazônicas do norte de Mato Grosso, Rondônia e Acre.

O espaço agrário paulista

A economia rural do Estado de São Paulo ilustra a capitalização das atividades agropecuárias na região mais desenvolvida do país.

Page 137: Geografia 1 Fase

137O ESPAÇO AGRÁRIO I

-A N O T A Ç Õ E SObserve o mapa abaixo.

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 150.

O oeste do estado (bacia do Paraná) concentra as atividades agropecu-árias modernas, caracterizadas por elevada mecanização e forte ligação com as necessidades da indústria. Em contraste, o sudeste do estado (Vale do Ribeira) apresenta-se como área estagnada de produção camponesa. O Vale do Paraíba, localizado entre os grandes mercados consumidores da capital paulista e da capital fluminense, abriga a principal bacia leiteira.

Na bacia do Paraná, a policultura comercial convive com um comple-xo zoneamento agropecuário, que define municípios especializados em atividades agroindustriais. Dentre elas, destacam-se as culturas de cana--de-açúcar (nas zonas de Campinas, Piracicaba, Rio Claro, Ribeirão Preto e Jaboticabal) e de laranja (nas zonas de Araraquara, Matão, Taquaritinga, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e Bebedouro).

Nessas zonas predomina o trabalho assalariado temporário dos boias--frias.* A urbanização é intensa, envolvendo na vida das cidades a mão de obra rural. Grandes fluxos de migrantes temporários provenientes do Vale do Jequitinhonha (no norte semiárido de Minas Gerais) e do Paraná geram um mercado de trabalho sazonal* para as épocas de colheita. A riqueza produzida pela agroindústria contrasta com a pobreza dos trabalhadores rurais: periodicamente, movimentos grevistas de boias-frias sacodem as plantações. Mesmo assim, devido à organização sindical, possuem me-lhores condições que os trabalhadores rurais do Nordeste e Norte.

No extremo oeste, nas zonas de Araçatuba, Andradina, Fernandópolis e Barretos, desenvolve-se a pecuária modernizada de corte, utilizando técnicas de zootecnia* para o aprimoramento de espécies. Nessa área concentram-se os principais frigoríficos do estado.

O espaço agrário do sul

A economia rural da Região Sul, diversificada e complexa, está na base de um conglomerado de indústrias de alimentos, óleos vegetais, fumo, carnes e têxteis.

Page 138: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

138GEOGRAFIA

Observe o mapa a seguir.

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 150.

O norte do Paraná – ocupado há meio século com a chegada do café e a derrubada das matas tropicais – foi um espaço de expansão da agricul-tura paulista. Nas últimas décadas, o avanço da soja e do milho produziu mudanças radicais em sua organização agrária. A mecanização e o englo-bamento dos sítios pelas fazendas liberaram mão de obra, e aquela área transformou-se em pólo de expulsão de migrantes que se dirigem para as cidades ou para as fronteiras agrícolas amazônicas.

No outro extremo, a Campanha Gaúcha modernizou a sua tradicional pecuária extensiva de bovinos e ovinos, enquanto se multiplicavam os frigoríficos e centros de abate.

Nos suaves planaltos ondulados de clima mais frio dos três estados, a integração entre agricultura e indústria manifesta-se através das culturas de insumos para a fabricação de óleos vegetais e rações (soja e milho), das culturas de trigo do Rio Grande do Sul e Paraná e das culturas de fumo para a fabricação de cigarros. Na Serra Gaúcha concentra-se a principal região vinícola do país, centralizada nos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Garibaldi.

O domínio da pequena propriedade materializa a subordinação do camponês ao mundo urbano e industrial. O produtor rural familiar depen-de de financiamentos bancários para modernizar a produção, adquirindo máquinas, sementes selecionadas, adubos e pesticidas. Consome das indústrias todos esses insumos para a produção agrícola e fornece para outras indústrias as matérias-primas de que elas necessitam. Compra a preços elevados e vende a preços mais baixos, pois compete com um grande número de agricultores familiares e faz negócios com oligopólios industriais. Está cercado pela economia industrial capitalista e funciona como uma das suas peças mais frágeis.

Page 139: Geografia 1 Fase

139O ESPAÇO AGRÁRIO I

-A N O T A Ç Õ E SvOlume de PrOduçãO dOs PrOdutOs aGrícOlas

seGundO as reGiÕes (1990)Produtos Brasil (t) norte nordeste sudeste sul centro-

(%) (%) (%) (%) Oeste (%)Arroz 7.418.527 8,1 11,5 13,9 54,2 12,3

Café 2.926.184 7,8 4,3 73,5 10,7 3,7

Cana-de-açúcar 262.617.733 0,3 27,2 61,9 5,2 5,4

Feijão 2.230.322 5,0 26,0 29,1 31,5 8,4

Laranja 87.531.484 0,9 7,5 88,0 3,2 0,4

Mandioca 24.211.024 17,8 48,6 8,3 20,9 4,4

Milho 21.341.195 2,5 3,0 24,6 55,3 14,6

Soja 19.887.642 0,2 1,1 8,5 57,8 32,4

Trigo 3.093.485 - - 7,0 86,4 6,6In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 254.

evOluçãO da PrOduçãO da PecuÁria de cOrte nO Brasil

indicadores 1996 1997 1998*

Rebanho (milhões de cabeças) 147,5 146,6 146,1

Abate (milhões de cabeças) 32,1 30,2 30,4

Produção de carne (mil toneladas) 6.474 6.196 6.295

Consumo per capita (kg/hab.) 40,3 37,6 37,4

Exportações (mil toneladas) 273 287 320

Confinamento (mil cabeças) 1.435 1.590 1.550* Projeções.

Adaptado de FNP Consultoria e Comércio, Anuário brasileiro do agrobusiness, 1998.

evOluçãO da PrOduçãO da PecuÁria leiteira nO Brasil

indicadores 1995 1996 1997

Consumo (litros/hab.) 131 136 139

Importações (em bilhões de litros) 3,200 2,450 1,930

Produção anual (em bilhões de litros) 17,188 19,027 20,359

FONTE: IBGE, 1996. In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 257.

Page 140: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

140GEOGRAFIA

1. Analise o gráfico.

O gráfico mostra algumas mudanças que a atividade industrial intro-duziu na agricultura. Identifique-as.

R.:

2. Analise a tabela.

DESAFIOS DO PERCURSO

Em Mato Grosso, conforme a tabela, a produção agrícola em geral aumentou. Entretanto, a produção dos nossos principais alimentos, como o arroz e o feijão, diminuiu, ao mesmo tempo em que a população se viu aumentada. Por quê?

R.:

3. Comente os contrastes do espaço agrário paulista.

R.:

matO GrOssO: incrementO dOs PrinciPais PrOdutOs aGrícOlas 1982-1988 (em toneladas)

produtos 1982 1988 incremento (%)

Arroz 1.002.243 971.858 -3

Feijão 47.499 35.493 -12

Milho 288.324 699.842 142

Mandioca 312.690 323.285 3

Algodão 3.797 36.860 871

Café 28.527 46.061 61

Cana-de-açúcar 566.232 2.438.211 330

Soja 365.501 2.694.717 637

População 1.370.120 1.889.089 37

In: MAGNOLI e Demétrio, ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 325.

Page 141: Geografia 1 Fase

141O ESPAÇO AGRÁRIO I

-A N O T A Ç Õ E S4. Explique as transformações sofridas pela economia rural do norte do Paraná nas últimas décadas.

R.:

AMPLIANDO O HORIZONTE

Livros

Vidas Secas, de Graciliano Ramos. (Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 1992).

Obra de um dos maiores escritores brasileiros, autor também de São Bernardo e Memórias do Cárcere. Vidas Secas, escrito em 1938, retrata a vida da família do vaqueiro Fabiano, retirantes que fogem da seca.

O tempo e o Vento, de Érico Veríssimo. (Rio de Janeiro/Porto Alegre/São Paulo: Globo, 1962).

Essa trilogia (composta por O continente, O retrato e O arquipélago) do importante autor gaúcho narra a saga da família Terra-Cambará, que se confunde com a própria história daquele estado e do Brasil. Descreve a vida nas fazendas dos pampas e repassa momentos históricos, como a Guerra do Paraguai.

Músicas

O último pau-de-arara, de Venâncio Corumbá e José Guimarães; Pau-de-arara, de Guio de Morais e Luiz Gonzaga; Carcará, de João do Vale e José Cândido. CD Nossos Momentos, Maria Bethâ-nia. Poligram.

Filmes

Morte e vida Severina (1981). Direção: Walter Avancini. Música: Chico Buarque. Com: José Dumont, Tânia Alves, Elba Ramalho.

Musical de 57 minutos baseado no auto de Natal homônimo de João Cabral de Mello Neto. Mostra a saga do retirante Severino, que perambula pelo Nordeste à procura de emprego e comida. Em seu caminho, ele encontra várias personagens, que vão delineando um painel da realidade nordestina.

Sites

Companhia Nacional de Abastecimento: www.conab.gov.br

Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias:www.embrapa.br

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-A N O T A Ç Õ E S

142GEOGRAFIA

1. Atualmente a economia rural brasileira é:

a) uma grande fornecedora de matérias-primas para as indústrias.

b) um excelente mercado de trabalho para o imigrante.

c) uma atividade cada vez mais tradicional.

d) um setor importador de matéria-prima.

e) uma grande produtora de borracha, café e laranja.

2. A modernização vivida pela agricultura brasileira é percebida através:

a) da grande produção de alimentos para o mercado interno.

b) do aumento da produção de alimentos básicos como o arroz e o feijão.

c) do aumento nas importações de sementes.

d) das elevadas taxas de juros para os financiamentos agrícolas.

e) da produção de matérias-primas industriais e produtos de ex-portação.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

GlOssÁriO

Boias-frias – denominação dada aos trabalhadores assalariados empregados temporariamente na agricultura, geralmente mo-radores de pequenos núcleos urbanos. A expressão provém das marmitas com o almoço trazido de casa para a roça.

Estagnação – parada, paralisação.

Inserção – ato ou efeito de introduzir, incluir; inclusão.

Sazonal – relativo ao ciclo das estações do ano.

Zootecnia – estudo científico da criação e aperfeiçoamento dos animais domésticos.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

Page 143: Geografia 1 Fase

143O ESPAÇO AGRÁRIO I

-A N O T A Ç Õ E S3. Nas áreas mais urbanizadas e industrializadas, o preço da terra agrí-cola aumenta, pois a proximidade dos mercados consumidores aumenta a concorrência pelo uso da terra. Esse fato ocorre principalmente no:

a) Sudeste.

b) Centro-Sul.

c) Nordeste.

d) Centro-Oeste.

e) Amazônia.

4. No litoral úmido do Nordeste predomina a agricultura comercial tradicional. É o caso da agroindústria:

a) pesqueira.

b) algodoeira.

c) cacaueira.

d) canavieira.

e) cafeeira.

5. O oeste do Estado de São Paulo concentra as atividades agropecu-árias modernas, caracterizadas por elevada mecanização e forte ligação com as necessidades da indústria. Já o sudeste do estado (Vale do Ribeira) apresenta-se como:

a) bacia leiteira.

b) policultura comercial.

c) área estagnada de produção camponesa.

d) agroindústria açucareira.

e) pecuária de corte modernizada.

6. No norte do Paraná, na última década, o avanço da soja e do milho produziu mudanças radicais em sua organização agrária. No outro extremo, a Campanha Gaúcha modernizou-se com a chegada dos:

a) oligopólios industriais.

b) cafezais.

c) boias-frias.

d) frigoríficos.

e) caprinos.

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Page 145: Geografia 1 Fase

o espaço agrário ii

C A P Í t u L O 10

• a luta pela terra

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 10

o espaço agrário ii

-A N O T A Ç Õ E S

vimos, no Capítulo 9 desta fase, que o processo de modernização promoveu uma profunda transformação no campo e que a tendência é ir transformando o espaço rural numa extensão do mundo urbano. Entretanto, essa modernização foi e continua sendo marcada pela desigualdade, pois manteve privilégios dos grandes proprietários de terras e esqueceu aqueles que não foram atingidos por essas modifica-ções. Além disso colaborou para o aumento da concentração de terras, dando espaço para o surgimento de novos latifundiários – empresas e bancos que hoje dominam verdadeiros superlatifúndios, cuja extensão até o Brasil rural tradicional desconhecia.

Observe os gráficos.

FONTE: Gráficos elaborados com dados retirados de MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

Vejamos: os gráficos mostram, por exemplo, que os menores estabe-lecimentos rurais (com menos de 10 ha) somam mais da metade do total deles, mas representam menos de 3% da área agrícola.

Desde o período colonial, o campo brasileiro assiste à expropriação* de terras dos camponeses e à violência contra eles. Com a modernização, a situação não se alterou; ao contrário, permaneceram os conflitos sociais

Page 148: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

148GEOGRAFIA

que sempre marcaram nossa vida rural, conflitos decorrentes do processo de espoliação* do campesinato* brasileiro e que expressam a resistência histórica desse segmento social.

viOlÊncia nO camPOestados número de conflitos número de mortes

1992 1993 1994 1995 1992 1993 1994 1995

Pará 45 44 61 49 14 12 19 13

Rondônia 15 13 13 09 10 02 01 00

Bahia 47 58 35 32 04 02 01 01

Pernambuco 34 16 44 08 00 01 05 04

Maranhão 23 35 31 46 03 08 05 07

São Paulo 47 18 21 16 00 02 00 00

Minas Gerais 50 23 27 22 02 00 00 03

Paraná 30 22 15 25 00 02 03 03

Santa Catarina 14 14 14 11 00 03 01 00

Mato Grosso 39 29 26 20 04 05 04 01

Goiás 34 15 17 11 01 01 00 00FONTE: Comissão Pastoral da Terra, 1997.

In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 266.

Veja o quadro.

E a violência no campo? Em um levantamento recente da Comissão Pastoral da Terra, entidade ligada à Igreja Católica, é relatada a morte de 922 pessoas entre 1985 e 1995; as tentativas de morte chegaram a 820, e 2.412 pessoas foram ameaçadas de assassinato. Entre 1964 e 1995 cerca de 1.800 trabalhadores foram mortos. Aconteceram 32 chacinas no campo a partir de 1981.

A questão social e econômica no campo, e também na cidade – em especial com relação à pobreza, à emigração para a cidade e ao desem-prego –, está no centro das discussões atuais sobre a reforma agrária. Neste capítulo, o tema espaço agrário, no que se refere ao conjunto dos problemas sociais no campo – não só econômicos –, será aprofundado.

a estrutura FundiÁria

A terra é o meio de produção fundamental na economia rural. A con-centração da propriedade da terra é um dos traços marcantes da economia rural brasileira, cujas origens vêm do modelo de colonização aplicado no território português na América. (Enriqueça seus conhecimentos sobre

INVESTIGANDO CAMINHOS

Page 149: Geografia 1 Fase

149O ESPAÇO AGRÁRIO II

-A N O T A Ç Õ E So modelo de colonização portuguesa na América, consultando alguns capítulos de História.)

A manutenção histórica desse padrão pode ser verificada pela análise da atual estrutura fundiária do país.

Observe a tabela. Veja que, em 1985, 52,8% das propriedades rurais tinham menos de 10 ha, enquanto 0,8%, mais de 1.000 ha. Apesar disso, as propriedades com menos de 10ha ocupavam 2,6% do Brasil, e aquelas com mais de 1.000 ha ocupavam 43,9% do nosso país.

Observe a tabela.

Brasil – distriBuiçãO dOs imóveis rurais seGundO a dimensãO

número de propriedades Proporção dos imóveis (proporção sobre o total) (sobre a área total das propriedades rurais)

1970 1980 1985 1970 1980 1985 4.924.019 5.167.578 5.834.799 294.862.142 ha 369.587.872 ha 376.286.577 ha imóveis imóveis imóveis (ou 3.762.865 km²)

Menos de 10 ha 51,4% 50,6% 52,8% 3,1% 2,5% 2,6%

De 10 a 100 ha 39,3% 39,0% 37,4% 20,4% 17,5% 18,5%

De 100 a 1000 ha 8,5% 9,5% 9,0% 36,9% 35,4% 35,0%

Mais de 1000 ha 0,8% 0,9% 0,8% 39,6% 44,6% 43,9%

Total 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%.Hectares o hectare (abrevia-se ha) é uma unidade de medida agrária equivalente a 100 ares, ou seja, uma dimensão de 10.000m2. É

uma área equivalente a um quadrado com 100 metros de cada lado. In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 145.

Assim, o grande problema da estrutura fundiária do Brasil é a extrema concentração da propriedade. A maior parte das terras ocupadas e os me-lhores solos encontram-se nas mãos de pequeno número de proprietários, ao passo que um imenso número de pequenos proprietários possui áreas ínfimas,* insuficientes para garantir-lhes, e a suas famílias, um nível de vida decente. E essa concentração da propriedade fundiária no Brasil vem aumentando bastante ao longo dos anos, conforme se observou na tabela.

A partir de 1970, começou uma expansão das “fronteiras agrícolas” do país em direção à Amazônia, com a ocupação de terras devolutas,* a derrubada da mata e o estabelecimento da lavoura ou da pecuária. Em boa parte, essa ocupação da terra é apenas formal, com a empresa (às vezes, uma multinacional) conseguindo o título de propriedade da área e deixando-a ociosa à espera de valorização. Mas essa expansão das áreas ocupadas pela agropecuária acabou contribuindo para agravar ainda mais o problema da estrutura fundiária do Brasil, já que o tamanho médio das propriedades que ocupam a maior parte das novas terras é enorme, cons-tituindo, de fato, autênticos latifúndios.

Esse agravamento na concentração da propriedade fundiária no Brasil – crescimento das grandes propriedades em detrimento* dos minifúndios

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-A N O T A Ç Õ E S

150GEOGRAFIA

– prejudica a produção de alimentos. Isso porque as grandes propriedades, em geral, se voltam mais para os gêneros agrícolas de exportação. Um es-tudo recente calculou que 60% a 70% dos gêneros alimentícios destinados ao abastecimento do país procedem da produção de pequenos lavradores, que trabalham em base familiar. Portanto, a concentração ainda maior da estrutura fundiária explica a queda da produção de alguns gêneros alimentícios básicos e o crescimento de produtos agrícolas de exportação.

Os conflitos pela posse da terraA modernização da economia rural traz como consequência a valori-

zação monetária da terra. A valorização da terra, por sua vez, implica o aprofundamento da concentração da propriedade. Como vimos, a trans-formação da produção agrícola nas áreas mais prósperas do Centro-Sul realizou-se paralelamente ao englobamento dos sítios pelas fazendas, com a expulsão dos camponeses pobres para as cidades ou para as fronteiras agrícolas.

Os trabalhadores rurais expulsos das áreas agrícolas mais antigas funcionam como vanguarda de expansão das fronteiras da economia rural. Instalam-se como posseiros ou pequenos proprietários em regiões distantes, onde são abertas novas estradas e existem terras devolutas em abundância. Nessas áreas novas, a estrutura fundiária costuma exibir intensa fragmentação, e a paisagem predominante é a dos sítios e roças familiares.

Depois da instalação dos camponeses pobres, as fronteiras agrícolas assistem à chegada dos grandes proprietários. Muitas vezes, eles são pre-cedidos pelos grileiros* que, subornando funcionários governamentais e contratando jagunços e pistoleiros, forjam títulos de propriedade de terras e expulsam os ocupantes. Outras vezes, grileiros e fazendeiros são um único personagem. Os conflitos entre grileiros e posseiros marcam com um fio de sangue a vida perigosa das regiões de fronteira.

O processo periódico de expansão das fronteiras agrícolas e concentra-ção fundiária gera conflitos permanentes pela posse da terra. Tais conflitos vêm crescendo nas últimas décadas, caracterizando o panorama de uma guerra aberta no campo.

A violência no campo acompanhou o caminho traçado pelas fronteiras agrícolas. Nas regiões de fronteira, o grupo de posseiros expulsos pela concentração fundiária encontra-se com o grupo de grileiros, que se apro-veitam de terras devolutas e terras de posse para colocar em funcionamento a indústria de falsificação de títulos de propriedade.

A Amazônia Legal,* onde se localizam as fronteiras agrícolas recentes, concentra o maior número de vítimas fatais em conflitos pela terra. No seu interior, destacam-se como focos de violência rural a Zona do Bico do Papagaio, a Zona Bragantina do Pará, os Vales do Mearim e Pindaré no Maranhão e, mais recentemente, o norte do Mato Grosso do Sul e o sul e oeste de Rondônia.

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151O ESPAÇO AGRÁRIO II

-A N O T A Ç Õ E SObserve o mapa abaixo.

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 158.

Os descaminhos da reforma agrária

Há várias décadas muito se discute no Brasil sobre a reforma agrária, que consiste numa redistribuição das propriedades do meio rural, isto é, em uma melhor distribuição da terra. De forma genérica, a reforma agrá-ria é uma mudança na estrutura fundiária do país, efetuada pelo Estado (que desapropria grandes fazendeiros e distribui lotes de terras a famílias camponesas).

Apesar de ser intensamente discutida desde os anos 50, e de terem até sido criados órgãos governamentais que deveriam implantá-la – o último deles foi o Incra, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária –, a reforma agrária nunca foi executada no Brasil, a não ser em áreas restritas e de forma superficial. Acabam predominando os fortes interes-ses dos grandes proprietários, que pressionam os políticos e abortam as iniciativas que ameaçam seus privilégios.

Contudo, a reforma agrária é uma necessidade imperiosa para a socie-dade brasileira. A atual situação, com grandes propriedades improdutivas e conflitos entre posseiros e grileiros, é desastrosa para a maioria da po-pulação. Há falta de gêneros agrícolas para a alimentação, e os preços dos produtos agropecuários são em geral proibitivos para amplas parcelas da população. Ao mesmo tempo, existem enormes extensões de terras férteis que têm dono e não são utilizadas produtivamente. O desperdício e a su-butilização convivem lado a lado com a miséria dos pequenos agricultores e trabalhadores agrícolas.

A falta de uma solução para o problema da terra tem contribuído para multiplicar os conflitos. Os camponeses sem terra para cultivar migram em busca de novas áreas, indo nas últimas décadas para a Amazônia.

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-A N O T A Ç Õ E S

152GEOGRAFIA

Outros, todavia, em vez de ocuparem terras devolutas – de onde mais tarde sofrerão pressões para sair – ou até áreas fronteiriças em países vizi-nhos, preferem ocupar ou “invadir” terras improdutivas, objetivando pres-sionar o governo para desapropriar essa área e distribuí-la aos sem-terra.

Os fazendeiros e parte da imprensa chamam isso de “invasão” de terras, e os simpatizantes desse movimento o denominam “ocupação”, argumentando que a Constituição brasileira determina que a terra rural deve ser socialmente produtiva, deve ser economicamente utilizada. Em alguns casos, esses movimentos dos acampados sem-terra foram vitoriosos, tendo conseguido a desapropriação e a redistribuição de algumas fazendas. Mas a regra geral tem sido a violência da repressão policial sobre essas famílias camponesas.

A reforma agrária, portanto, deve visar resolver esse problema dos sem-terra, assim como o abastecimento alimentar para a maioria da popu-lação do país. E deve também promover a justiça social, pois em qualquer parte do mundo é intolerável a concentração das riquezas ou das terras em poucas mãos. A reforma agrária, todavia, não pode consistir somente na desapropriação de certas áreas para fins de redistribuição da terra, pois, sem outras condições complementares a ela – como crédito bancário facilitado, preços mínimos para certos produtos agrícolas, garantia de transporte, incentivos à modernização das técnicas, etc. –, corre-se o risco de fracasso total.

In: VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999. p. 147-150.

as relaçÕes de traBalHO nO camPO BrasileirO

Existem várias formas de organização do trabalho no meio rural brasi-leiro, desde a do pequeno proprietário, que utiliza sua família como mão de obra, até a das grandes empresas, que contratam assalariados (permanentes ou temporários), e ainda a dos que trabalham a terra alheia, pagando com uma parte da produção que obtêm.

Portanto, a relação de trabalho tipicamente capitalista – assalariada, na qual o trabalhador possui um contrato com a empresa e é remunerado sob a forma de salário – não é a única nem mesmo a principal forma de relação trabalhista existente no meio rural do Brasil.

De forma resumida, podemos classificar as relações de trabalho exis-tentes no meio rural em:

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153O ESPAÇO AGRÁRIO II

-A N O T A Ç Õ E Srelações características de trabalho

Pequenos

São lavradores que trabalham em base familiar. Uma parte desses minifundiários é constituída por posseiros. A organização do trabalho nos minifúndios baseia-se fundamentalmente na família, incluindo o proprietário e seus dependentes, que prestam serviços sem remunera-ção. Essas pequenas propriedades cultivam gêneros agrícolas e criam pequenas quantidades de suínos, aves e, às vezes, bovinos, conservando o essencial para o seu consumo e vendendo o excedente para adquirir roupas, remédios, bens industrializados etc. Muitos minifundiários trabalham em épocas de colheita nas grandes propriedades, já que o rendimento que obtêm em seus minifúndios nem sempre é suficiente para o sustento da família.

São aqueles que trabalham em uma parte das terras de um proprietário, ficando com a metade (os meeiros) ou com a terça parte do que é produ-zido (os terceiros). Há, ainda, nesse sistema de parceria, o exemplo do vaqueiro do sertão nordestino, que cuida do gado do fazendeiro e recebe um bezerro para quatro nascidos vivos (é o chamado quarteiro). Os par-ceiros não são empregados do proprietário de terras, pois não possuem carteira de trabalho assinada, e este último não tem nenhuma obrigação trabalhista. São em geral trabalhadores pobres, que produzem com a ajuda da família.

São aqueles que arrendam ou “alugam” a terra e pagam ao proprietário em dinheiro. Quando são pequenos arrendatários – a maioria – pouco diferem da situação dos parceiros: recebem uma baixa remuneração e trabalham com a família. Quando são grandes arrendatários, muitas vezes possuem empregados e um padrão de vida mais elevado.

São os empregados que recebem salários e normalmente trabalham para grandes proprietários de terras. Eles representavam, em 1985, me-nos de dois milhões de pessoas, o que equivalia a 10% da mão de obra rural do país. Como se vê, a relação de trabalho tipicamente capitalista é ainda minoritária no meio rural do Brasil.

São empregados pelas grandes fazendas apenas em épocas de maior necessidade de mão-de-obra, principalmente na colheita. Eles somavam mais de quatro milhões de pessoas em 1985 – o equivalente a quase 25% da mão de obra empregada na agropecuária –, mas seu número cresce a cada dia. Podem ser divididos em duas categorias: os pequenos proprietários, posseiros ou parceiros, que se empregam fora de suas terras em alguns meses durante o ano por não conseguir garantir seu sustento apenas com o minifúndio; e os volantes ou boias-frias, que são trabalhadores rurais que vivem migrando de uma região para outra em busca de serviço. Estes últimos vêm adquirindo a cada ano maior importância na força de trabalho agrária do país.

proprietários

Parceiros

arrendatários

assalariados

assalariados temporários

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-A N O T A Ç Õ E S

154GEOGRAFIA

1. Leia o texto:

sem grAçAA terra parece ser, na economia capitalista de mercado, uma mer-

cadoria como qualquer outra. Mas ela é, realmente, uma mercadoria especial: diferente de todas as mercadorias, a terra não é fruto do trabalho humano mas uma dádiva da natureza.

Rousseau, o filósofo iluminista, tinha em mente essa diferença fundamental quando afirmou que a degeneração da pureza humana original começou quando um homem pela primeira vez cercou um pedaço de terra dizendo: “Isto é meu” – e encontrou tolos que acredi-taram nele.

A moderna sociedade capitalista não enxerga a propriedade privada da terra com o espanto e a indignação do filósofo iluminista. É por isso que o deputado conservador Roberto Cardoso Alves, defen-sor tradicional dos interesses dos proprietários fundiários, sempre ironizava o movimento dos camponeses sem-terra dizendo que dali a pouco surgiriam movimentos dos sem-carro, dos sem-televisor ou dos sem-geladeira...

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, R3egina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 154.

Responda:

O texto diz que a terra é uma mercadoria especial, diferente de todas as demais, e ainda faz uma crítica à propriedade privada da terra.

Haveria aí uma possível relação com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra?

R.:

2. Examine com atenção o texto abaixo:

“Quando o baiano Cecílio Ferreira dos Santos migrou para Mato Grosso, o projeto da Colônia Agrícola Nacional de Dourados havia sido assinado, mas os lotes não estavam demarcados. Em 1945, a família se estabeleceu em Indápolis, hoje distrito de Dourados (MS). Dez anos depois, o governo concedeu o título de propriedade. Mais cinco anos, e o pai passou a área ao filho Osvaldo, que vendeu o lote de 29 hectares. Hoje, Osvaldo trabalha como pedreiro, e o irmão João, de 61 anos, tenta recuperar uma parte das terras.”

Adaptado de Pablo Pereira, O Estado de São Paulo, 03-12-1995.

In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 273.

DESAFIOS DO PERCURSO

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155O ESPAÇO AGRÁRIO II

-A N O T A Ç Õ E SCite algumas causas que podem ter motivado o deslocamento inicial do agricultor.

R.:

3. Leia o texto:

CPI dA vIOlênCIA nO CAmPO

Em 1991, foi instalada pela Câmara dos Deputados a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Violência no Campo. O relatório final constatava o desrespeito generalizado às normas trabalhistas, a ocor-rência de trabalho escravo, a grilagem de terras e a violência orga-nizada. No nível nacional, o relatório apontava a existência de mais de 400 focos de conflito pela terra, envolvendo quase 200 mil pessoas na disputa por cerca de 14 milhões de hectares. Em média, a cada 100 conflitos registrados, ocorrem 19 assassinatos.

Sobre o Bico do Papagaio: “Não se pode negar que, hoje, essa região se transformou em uma grande ‘praça de guerra’, num ver-dadeiro campo de batalha”, e adiante: “o Governo precisa tomar medidas urgentes no sentido de desarticular os grupos de ‘pistoleiros’ que funcionam como verdadeiras microempresas na região. Eles se instalaram em Araguaína (Goiás), Imperatriz (Maranhão) e Marabá (Pará). Desarticular não somente a pistolagem, mas, também (...) a cumplicidade normalmente existente entre grileiros e oficiais de cartórios de registros de imóveis”.

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 157.

Cite algumas causas para a violência no campo.

R.:

4. Quais são os tipos de assalariados temporários que existem no campo brasileiro? Explique resumidamente cada um.

R.:

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-A N O T A Ç Õ E S

156GEOGRAFIA

Livros

terras do Sem-Fim, de Jorge Amado (São Paulo: Círculo do Livro, 1989).

O romance do famoso escritor baiano mostra um país ainda tradi-cional ao retratar o avanço da zona cacaueira no sul da Bahia e a dominação política e econômica dos grandes proprietários de terra. Trata-se de um clássico do romance regionalista brasileiro, sendo seu pano de fundo um dos aspectos mais marcantes da sociedade brasileira: a predominância histórica das oligarquias agrárias. Do mesmo autor e também importantes são as obras Mar Morto, Ca-pitães de Areia e Jubiabá.

Filmes

Cabra marcado para morrer (1984). Direção: Eduardo Coutinho. Com: João Mariano da Silva, Eduardo Coutinho e outros.

O diretor rodava um filme no Nordeste quando ocorreu o golpe mili-tar de 1964 no Brasil. Equipe, material e personagens separaram-se. Em 1981, retomou o projeto e fez um filme mostrando o que havia acontecido com aquelas pessoas. Apresenta a realidade do campo no Nordeste, fazendo menção às Ligas Camponesas.

Jenipapo (1995-6). Direção: Monique Gardenberg. Com: Marília Pêra, Henry Czerny, Patrick Beauchau, Júlia Lemmertz, Daniel Dan-tas, Ana Beatriz Nogueira, Luís Melo.

O repórter norte-americano Michael Coleman, que vive no Rio de Janeiro, tenta expor as intenções sinistras que estão por trás de um acordo de reforma agrária conservador no Brasil. Dias antes da votação de uma lei antirreforma agrária, procura entrevistar o padre Stephen Louis, um militante da luta pela terra que se recusa a dar depoimentos. O repórter cria, então, uma entrevista com o padre. Ao divulgá-la, provoca reações de violência e a revelação das razões do silêncio do padre.

Sites

Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária: www.incra.gov.br

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra:www.mst.org.br

AMPLIANDO O HORIZONTE

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157O ESPAÇO AGRÁRIO II

-A N O T A Ç Õ E SGlOssÁriO

Amazônia Legal – espaço de planejamento instituído em 1966, en-globando a Região Norte e ainda o Estado de Mato Grosso, além da área a oeste do meridiano 44º W do Estado do Maranhão.

Campesinato – os camponeses.

Detrimento – dano, perda, prejuízo.

Espoliação – ato de privar de algo por fraude ou violência.

Expropriação – ato de tirar legalmente a (alguém) a posse de sua propriedade, mediante indenização.

Grileiros – indivíduos que procuram apossar-se de terras mediante falsos títulos de propriedade.

Ínfimas – mínimas; muito pequenas.

terras devolutas – são espaços desocupados do ponto de vista jurídico, isto é, sem títulos de propriedade. Essas terras nem sempre são desabitadas ou vagas, pois é comum haver nelas posseiros ou até indígenas.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

OLIVEIRA, Ariovaldo U. A geografia das lutas no campo. São Paulo: Contexto, 1998.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

Page 158: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

158GEOGRAFIA

1. Assinale a opção que melhor sintetize a problemática expressa nos versos abaixo, de Patativa do Assaré:

“Essa terra é desmedida

E devia sê comum,

Devia sê repartida

Um taco pra cada um,

Mode morá sossegado.

Eu já tenho maginado

Que a baxa, o sertão e a serra,

Devia sê coisa nossa;

Quem não trabaia na roça,

Que diabo é que tem com a terra?”

a) O predomínio das culturas de exportação em detrimento dos gêneros alimentícios.

b) A insuficiência de terras no meio agrário.

c) A necessidade de uma reforma agrária.

d) Os métodos primitivos de cultivo.

e) As dificuldades para medir os terrenos.

2. “A redistribuição da renda e da riqueza exige uma política capaz de promover a restauração do parque produtivo brasileiro, respondendo aos desafios impostos pela conjuntura internacional. Mas requer, também, uma política agrícola voltada para o abastecimento interno, de modo a eliminar este grande escândalo nacional: a fome.”

Severo Gomes

Entre as medidas que se podem julgar compatíveis com os objetivos delineados no texto citam-se:

a) a criação diversificada de empregos, a elevação do patamar de salários nas zonas urbanas e rurais, além de uma desconcen-tração de terras produtivas.

b) a ampliação dos recursos destinados a grandes empreendimen-tos, como Carajás, e a introdução de mecanização intensiva no campo.

c) a extensão do mercado financeiro a todos os setores da popu-lação ativa e a multiplicação de agroindústrias.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

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159O ESPAÇO AGRÁRIO II

-A N O T A Ç Õ E Sd) a aplicação de políticas de controle de importação e o desen-volvimento de institutos de pesquisa agronômicos para aperfei-çoamento da produção agrícola.

e) a ampliação das exportações de manufaturados e o barateamen-to de implementos agrícolas como fertilizantes e agrotóxicos.

3. Sobre a situação fundiária do Brasil, podemos afirmar que:

I. Não há caso similar na América Latina, tendo em vista a posição dos produtos agrícolas brasileiros no mercado mundial.

II. É resultante de um passado colonial que atendia aos interesses da metrópole e da introdução de grandes unidades de produção, voltadas para o mercado externo.

III. Desempenha um papel marginalizante do pequeno produtor rural, que vai a cada dia sendo transformado em “boia-fria” ou “volante” ou “avulso”, trabalhando a terra alheia sem vínculo empregatício e sem perspectiva de melhoria social, e terminando fatalmente por engrossar as periferias marginais dos grandes centros urbanos.

A(s) proposição(ões):

a) I, II e III estão corretas.

b) I e II estão corretas.

c) I e III estão corretas.

d) II e III estão corretas.

e) III é correta.

4. “No contato que tive com alguns líderes, vi a necessidade de falar a toda aquela gente. Convidei-os, pois, a se reunirem em duas capelas existentes naquelas glebas. Foram necessárias longas considerações para alcançar, da parte deles, o compromisso de depor suas armas e recomeçar os trabalhos agrícolas com suas famílias. Todavia nós também, a pedi-do insistente deles, fomos obrigados a assumir o compromisso de nos tornarmos seus advogados perante as autoridades, a fim de conseguir a solução definitiva do caso deles. E foi o que fizemos. Já conseguimos que o coordenador regional do Incra fosse para a área e se comprometesse, por sua vez, a fazer o que eles precisam – isto é, desapropriar aquelas três glebas, e logo em seguida entregar-lhes os títulos definitivos de proprie-dade da terra.”

Esse texto retrata os conflitos pela posse da terra, que têm aconte-cido na região amazônica, particularmente na década de 1970. Ele fala da situação tensa vivida pelos:

Page 160: Geografia 1 Fase

a) grandes proprietários.

b) trabalhadores assalariados.

c) posseiros.

d) latifundiários.

e) empresários rurais.

5. Aqueles que trabalham numa parte das terras de um proprietário pagando a este com uma parte da produção que obtêm são denominados:

a) parceiros.

b) arrendatários.

c) peões.

d) proprietários.

e) volantes.

6. O trabalhador rural conhecido como boia-fria guarda uma relação de trabalho com o proprietário do estabelecimento rural que pode ser assim definida:

a) reside na propriedade, sendo remunerado parte em dinheiro e parte em espécie.

b) vive fora da propriedade, vendendo sua força de trabalho como um assalariado permanente.

c) trabalha no período da safra, participando da colheita e rece-bendo por empreitada.

d) é um diarista que recebe em dinheiro, sem residir na propriedade.

e) recebe uma parcela da propriedade para cultivo próprio em troca de mão de obra assalariada na lavoura comercial.

160GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

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a questão urbana i

C A P Í t u L O 11

• a urbanização brasileira

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Page 163: Geografia 1 Fase

PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 11

a questão urbana i

-A N O T A Ç Õ E S

Falar de urbanização significa discutir um dos fenômenos mais importantes do mundo moderno. Em 1850, apenas 1,7% da população mundial morava nas cidades; estima-se que no início deste século (XXI) a população urbana esteja ultrapassando a casa dos 60%. Um dos principais aspectos da urbanização mundial é a constituição das metrópoles modernas,* grandes cidades que muitas vezes possuem mais de um milhão de habitantes. Nos anos 80, 16 cidades do mundo desenvolvido tinham mais de quatro milhões de habitantes; no começo do século XXI haverá cerca de 25 cidades com esse número de habi-tantes. No Terceiro Mundo, em 1964 eram 50 as cidades com mais de um milhão de habitantes; nos primeiros anos deste terceiro milênio, serão mais de 60 as cidades com mais de quatro milhões.

A realidade urbana brasileira confirma essa tendência mundial. Existem hoje em nosso país metrópoles modernas de grande porte,* como São Paulo e Rio de Janeiro, e um variado sistema de cidades. Mais de 70% de nossa população está nas cidades, e o próprio modo de vida urbano se espalha pelo campo.

a urBanizaçãO Brasileira

O processo de urbanização no Brasil está ligado ao tamanho do país, à quantidade de metrópoles regionais* e ao porte de suas cidades. Uma boa maneira de acompanhar esse processo é associá-lo aos períodos de desenvolvimento da economia e às economias regionais, em suas ligações com o mercado externo.

INVESTIGANDO CAMINHOS

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-A N O T A Ç Õ E S

164GEOGRAFIA

A urbanização brasileira se divide em três fases:

Fase agrário-exportadora

Estende-se do século XVI até o início do século XX. Neste período a economia nacional foi dominada pelas atividades primárias de exportação, como o açúcar (séculos XVI e XVII), a mineração (século XVIII) e o café (de meados do século XIX até início do XX), e a população urbana permaneceu mais ou menos estável, representando 6% a 8% do total. Isso aconteceu pela concentração da força de trabalho no setor primário. Ocor-reu o crescimento de inúmeras cidades, mas não uma urbanização de fato.

Fase de industrialização e formação do mercado nacional

Vai dos primeiros anos do século XX até meados dos anos 40. Esse período marca o início da moder-nização econômica do país, sob o comando das grandes cidades do Sudeste. Os capitais acumulados pela economia cafeeira favorecem a implantação de indústrias nos dois maiores centros: São Paulo e Rio de Janeiro. Assim, essa região estava começando a dominar as demais economias regionais, apoiada pelo governo federal que, após 1937, acelerou a implantação de indústrias de base, como a Petrobras, a Vale do

Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional. Com a industrialização, verificou-se uma urbanização mais intensa. Observe a tabela e veja que a partir de 1940 a população urbana brasileira triplica.

Fase pós-segunda Guerra mundial

A partir do final da Segunda Guerra Mundial, o país aprofundou o processo de modernização. Nosso espaço econômico aumenta e é inva-dido por empresas multinacionais que aumentam o número de empregos e a população das cidades. Consolidaram-se o predomínio econômico--financeiro do Sudeste e o poder político e econômico das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Essas passam a comandar a economia nacional, e as diversidades regionais acentuam-se. Observe nos gráficos a seguir o aumento dos índices de urbanização, em especial após 1960. Além disso, veja o destaque da Região Sudeste com relação às taxas regionais de urbanização.

evOluçãO da POPulaçãO urBana nO Brasil

ano População total População (em milhões) urbana (%)1872 9,9 mais de 10

1890 14,3 mais de 10

1920 30,6 mais de 10

1940 41,2 31,8

1950 51,9 36,2FONTE: GEIGER, Pedro. Evolução da rede urbana brasileira.

In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 280.

Page 165: Geografia 1 Fase

165A QUESTÃO URBANA I

-A N O T A Ç Õ E S

FONTES: Censos Demográficos de 1960 a 1991 e Contagem da População de 1996.

Dessa forma, a urbanização brasileira – assim como a da maior parte do mundo subdesenvolvido – diferencia-se em muitos aspectos da ocorrida nos países desenvolvidos, pois:

• teve sua fase mais intensa em período recente, particularmente após a Segunda Guerra Mundial;

• deu-se de forma extremamente acelerada e concentrada, atin-gindo um número menor de cidades (de grande porte);

• caracterizou-se por um grande fluxo migratório campo – cidade. Esse fluxo ainda permanece, mas os novos migrantes não se deslocam apenas quando são expulsos do campo ou quando saem em busca de novas oportunidades de trabalho: procuram também o acesso a bens de consumo e serviços modernos;

• é marcada por uma urbanização terciária (concentração de pessoas em serviços públicos e privados, comércio, empregos domésticos etc.);

• a expansão do modo de vida urbano para o campo é ainda mais recente, atingindo de forma mais intensa as regiões mais modernizadas. É o caso da região de Ribeirão Preto, no Estado de São Paulo.

FONTE: IBGE, contagem da População de 1996.

Page 166: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

166GEOGRAFIA

metrOPOlizaçãO

A intensa urbanização que vem ocorrendo no Brasil, especialmente a partir de 1950, tem sido acompanhada por um processo de metropoliza-ção, isto é, concentração demográfica nas principais áreas metropolitanas do país. Isso significa que as grandes cidades, as metrópoles, crescem a um ritmo superior ao das pequenas e médias cidades. Assim, diante do tamanho da concentração urbana nas grandes metrópoles do país, foram criadas pelo governo federal, no início dos anos 1970, nove regiões me-tropolitanas. São grandes aglomerações formadas pelo município principal ou central e seus vizinhos, em processo de conurbação* (junção física das cidades), com forte integração econômica, social e cultural. Dividem vários problemas que ultrapassam a ação de um município, como deficiência nos transportes, no abastecimento de água, entre outros. Trata-se, portanto, de uma forma político-administrativa que serve para orientar investimentos e programas de apoio da União, integrados aos níveis municipal e estadual.

Observe a tabela a seguir e veja algumas características das nove regiões metropolitanas analisadas pelo IBGE e definidas por duas leis, em 1974 e 1975.

Brasil – reGiÕes metrOPOlitanas (2000)regiões População População Área densidademetropolitanas da região do município (km²) demográfica metropolitana principal (hab/km²)

Grande São Paulo(38 municípios) 17.833.511 10.406.166 7.951 2.242

Grande Rio de Janeiro(13 municípios) 10.871.860 5.850.544 5.384 2.019Grande Belo Horizonte(18 municípios) 4.799.878 2.229.697 5.824 824

Grande Porto Alegre(22 municípios) 3.655.072 1.359.932 6.775 539

Grande Recife(12 municípios) 3.331.552 1.421.947 2.160 1.542

Grande Salvador(10 municípios) 3.018.326 2.240.886 2.213 1.363

Grande Fortaleza(8 municípios) 2.974.915 2.138.234 3.473 856

Grande Curitiba(14 municípios) 2.725.505 1.586.898 8.763 311

Grande Belém(2 municípios) 1.794.981 1.279.861 1.221 1.470

Fonte: IBGE.

Page 167: Geografia 1 Fase

167A QUESTÃO URBANA I

-A N O T A Ç Õ E SO processo de metropolização, que continua a se desenvolver, está conduzindo ao aparecimento da primeira megalópole* do país, no es-paço geográfico de expansão das duas principais aglomerações urbanas brasileiras.

Ao longo do Vale do Paraíba, concentra-se o espaço urbanizado sob o comando imediato das metrópoles de São Paulo e do Rio de Janeiro. Importantes centros industriais como São José dos Campos (SP), Taubaté (SP), Guaratinguetá (SP), Resende (RJ), Barra Mansa (RJ) e Volta Re-donda (RJ) fazem parte de um espaço de fluxos cada vez mais intensos, estimulados pelos mercados consumidores presentes nas metrópoles.

a rede urBana

A urbanização brasileira, como vimos no início deste capítulo, só co-meçou a ocorrer no momento em que a indústria tornou-se o setor mais importante da economia nacional. Assim, representa um dos aspectos da passagem de uma economia agrário-exportadora para uma economia urbano-industrial, fato que só ocorreu no século XX e se intensificou a partir de 1950. Com ela vieram as rodovias e as ferrovias, integrando o território e o mercado.

Além de passar a comandar o meio rural (o mais próximo ou às vezes aqueles mais distantes), as cidades também estabelecem entre si uma rede hierarquizada, isto é, um sistema de relações econômicas e sociais em que umas se subordinam a outras.

Em outras palavras, a modernização do país, resultante do crescimento da economia urbano-industrial, produziu uma divisão territorial do trabalho que subordina o campo à cidade, bem como as cidades menores às maiores.

Agora analise o mapa a seguir.

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-A N O T A Ç Õ E S

168GEOGRAFIA

FONTE: Adaptado de: Projeto brasileiro para o ensino de geografia. São Paulo: Edart, 1976; e MEC/Fename. Atlas geográfico. Rio de Janeiro, 1983. p. 24.

– Quais são as metrópoles nacionais?

– e as metrópoles regionais?

– Quais são os outros tipos de cidade que aparecem no mapa?

No cume desse sistema hierarquizado de cidades, situam-se as duas únicas metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. Elas exercem uma polarização* sobre todo o território brasileiro, praticamente comandando a vida econômica e social da nação com suas indústrias, universidades, bancos, bolsas de valores, imprensa, grandes estabelecimentos comer-ciais etc. E como elas se localizam relativamente próximo (em relação às dimensões do território brasileiro), existindo em torno da Via Dutra uma área intensamente urbanizada onde estão cidades como São José dos Campos, Taubaté, Lorena, Volta Redonda e outras, convencionou-se nos últimos anos que ali se formou uma megalópole, como já vimos. De fato, essa área superurbanizada que vai de São Paulo até o Rio de Janeiro e que abrange cerca de 46.000 km² (0,5% do território nacional) abriga cerca de 22% da população total do país, mais de 50% dos automóveis e perto de 60% da produção industrial do Brasil.

Logo abaixo das metrópoles nacionais, mas acima de todas as outras cidades, surgem as sete metrópoles regionais – grandes cidades que pola-rizam extensas regiões: Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.

Nessa escala hierárquica da rede urbana brasileira, aparecem, em se-guida, as capitais regionais, cidades que polarizam uma parcela da região comandada pelas metrópoles regionais. Elas estão, assim, subordinadas tanto às metrópoles nacionais quanto a uma metrópole regional (depen-dendo de onde se localizam) e exercem influência sobre uma área extensa, com inúmeras cidades pequenas e médias, além das áreas rurais ao seu

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169A QUESTÃO URBANA I

-A N O T A Ç Õ E Sredor. Exemplos: Manaus (AM), polarizada pela metrópole regional da Amazônia brasileira – Belém –, mas que, por sua vez, influencia uma vasta área (a porção ocidental da Amazônia); Londrina (PR), subordinada a Curitiba, mas exercendo uma ação polarizadora sobre todo o norte do Paraná. Outros exemplos: Ribeirão Preto (SP), Cuiabá (MT), Florianópolis (SC), Caxias do Sul (RS), Goiânia (GO), Blumenau (SC), Campinas (SP), Campo Grande (MS) etc.

A seguir, temos os centros regionais, cidades médias polarizadas pelas capitais regionais, que, por sua vez, polarizam uma grande quantidade de pequenas cidades. As cidades médias existem em número bem maior do que aquelas a que estão subordinadas (as capitais regionais), constituindo várias centenas em todo o território nacional. Alguns exemplos: Jales (SP), Vacaria (RS), Andradina (SP), Anápolis (GO), São João da Barra (RJ), Formiga (MG), Rolândia (PR) etc.

As cidades pequenas, ou cidades locais, que existem aos milhares no país, são as que ocupam a posição hierárquica mais baixa nesse sistema urbano. Elas são polarizadas por centros regionais e polarizam as vilas e áreas rurais vizinhas.

Essa rede urbana brasileira, com uma hierarquia que vai das metrópoles nacionais (apenas duas) até as cidades locais (milhares), é um sistema integrado de cidades que está se formando e não configura ainda uma realidade completa. Isso porque o território brasileiro é imenso, e algumas extensas áreas, como a Amazônia, ainda são muito pouco povoadas. Além do mais, as desigualdades regionais de desenvolvimento são muito acen-tuadas no país, com uma notável concentração de riquezas no Centro-Sul, especialmente em São Paulo. Esses fatos fazem com que a rede urbana não seja totalmente articulada em toda a extensão do território nacional; em algumas, como em São Paulo, esse sistema integrado de cidades existe de forma quase perfeita, mas em outras, como na Amazônia, por exemplo, a densidade urbana (quantidade de cidades em relação ao espaço) é pequena, sendo as comunicações entre as cidades, muito precárias.

1. Explique por que o processo de urbanização no Brasil se acelerou no pós-guerra.

R.:

DESAFIOS DO PERCURSO

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-A N O T A Ç Õ E S

170GEOGRAFIA

2. Justifique as diferenças mostradas entre a população urbana e rural dos estados representados nos gráficos seguintes:

R.:

3. O que significa metropolização? Por que é possível afirmar que a urbanização brasileira é essencialmente um processo de metropolização?

R.:

4. Área metropolitana é uma noção legal. Qual foi o objetivo da legis-lação que definiu as áreas ou regiões metropolitanas brasileiras?

R.:

5. Qual é o papel desempenhado pelas metrópoles na hierarquia urbana?

R.:

Livro

O cortiço, de Aluísio Azevedo (São Paulo: Martins, 1959).

Romance escrito no século XIX pelo mestre do naturalismo brasileiro. Apresenta em um só quadro a vida cotidiana da alta sociedade e da camada popular do Rio de Janeiro no final do Segundo Império.

Música

Metrópole de Renato Russo, CD “Dois” (EMI-Odeon, 1986).

Sampa, de Caetano Veloso, CD “Sem Lenço Sem Documento, o melhor de Caetano Veloso” (Polygram).

Filme

O homem que virou suco (1980). Direção: João Batista de An-drade. Com: José Dumont.

AMPLIANDO O HORIZONTE

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171A QUESTÃO URBANA I

-A N O T A Ç Õ E SO filme retrata a vida de um poeta nordestino que tenta trabalhar e se adaptar em São Paulo. Em suas andanças, o poeta, autor de literatura de cordel, descobre os problemas da cidade grande no trabalho, nas periferias e no centro.

Site

Fundação IBGE: www.ibge.gov.br

GlOssÁriO

Conurbação – integração física entre dois ou mais núcleos urbanos que tendem a formar um único aglomerado.

Grande porte – grande importância.

Megalópole – espaço situado entre duas ou mais metrópoles do-tado de unidade funcional e profunda integração econômica, tendente a configurar um espaço urbanizado único.

Metrópoles modernas – aglomerações urbanas que, além de sua complexidade interna, têm a capacidade de irradiar influências por vastos territórios.

Metrópoles regionais – núcleos urbanos de grande importância econômica, que exercem influência sobre uma região vasta. Na hierarquia urbana, ocupam posição subordinada apenas às metrópoles nacionais.

Polarização – refere-se ao efeito de polarizar (atrair, influenciar, fazer convergir para si). A capacidade de maior ou menor pola-rização de uma cidade depende não apenas de sua população e da área em que se localiza, mas principalmente do equipamento urbano que possui, isto é, dos serviços e bens que pode fornecer (escolas, bancos, comércio, indústrias, hospitais etc.)

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

VESENTINI, José William. Brasil, sociedade e espaço. São Paulo: Ática, 1999.

Page 172: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

172GEOGRAFIA

1. A urbanização brasileira ocasiona um maior crescimento das gran-des cidades com área metropolitana superior a um milhão de habitantes e um crescimento menor nas pequenas cidades. Isto pode ser denominado:

a) metropolização.

b) macrocefalia urbana.

c) regionalização.

d) agigantamento urbano.

e) megalópole.

2. O sistema urbano brasileiro vai das duas metrópoles nacionais até as milhares de cidades locais ou pequenas cidades. A ordem hierárquica correta dessa rede urbana seria:

a) metrópoles nacionais, cidades locais, capitais regionais, centros regionais e metrópoles regionais.

b) metrópoles nacionais, metrópoles regionais, capitais regionais, centros regionais e cidades locais.

c) metrópoles nacionais, capitais regionais, metrópoles regionais, centros regionais e cidades locais.

d) metrópoles nacionais, centros regionais, capitais regionais, me-trópoles regionais e cidades locais.

e) metrópoles regionais, centros locais, centros regionais e metró-poles nacionais.

3. Assinale a alternativa que não contém regiões metropolitanas:

a) São Paulo, Rio de Janeiro e Belém.

b) Curitiba, Belo Horizonte e Recife.

c) Porto Alegre, Salvador e Fortaleza.

d) Brasília, Goiânia e Florianópolis.

e) Belo Horizonte, Fortaleza e Belém.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

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173A QUESTÃO URBANA I

-A N O T A Ç Õ E S4. Dentro da hierarquia urbana, a metrópole nacional apresenta-se como um grande centro, muito bem equipado, onde existem todos os tipos de serviços e produtos industriais. Sua influência abrange todo o país. Imediatamente subordinada à metrópole nacional, aparece a metrópole regional, distribuindo produtos industriais e serviços a uma vasta porção do país. Na Região Sudeste, são exemplos de metrópole nacional e regional, respectivamente, as seguintes cidades:

a) São Paulo e Rio de Janeiro.

b) São Paulo e Belo Horizonte.

c) Rio de Janeiro e São Paulo.

d) Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

e) Belo Horizonte e São Paulo.

5. As cidades de Londrina (PR), Florianópolis (SC), Cuiabá (MT), Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP) e Campo Grande (MS) podem ser consideradas:

a) metrópoles regionais.

b) metrópoles nacionais.

c) cidades locais.

d) capitais regionais.

e) megalópoles.

6. Os critérios usados para classificar um centro urbano como me-trópole nacional ou regional, cidade local, capital regional etc. ligam-se:

a) exclusivamente ao número de habitantes da cidade.

b) ao número de habitantes, juntamente com o clima, os solos e o relevo da cidade.

c) ao equipamento urbano da cidade, sua área de polarização, a região onde se localiza e sua população.

d) à região onde a cidade se localiza e seu meio ambiente.

e) a fatores político-administrativos.

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a questão urbana ii

C A P Í t u L O 12

• os problemas urbanos

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 12

a questão urbana ii

-A N O T A Ç Õ E S

No final do século XIX, no seu romance O Cortiço, Aluísio Aze-vedo retrata as condições de moradia de uma parcela da população da cidade do Rio de Janeiro.

Leia a seguir um trecho desse romance.

Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas.

(...)

Entretanto, das portas surgiam cabeças congestionadas de sono; ouviam-se amplos bocejos, fortes como o marulhar* das ondas; pigarreava-se grosso por toda a parte; começavam as xícaras a tilintar;*o cheiro quente do café aquecia, su-plantando todos os outros; trocavam-se de janela para janela as primeiras palavras, os bons dias; reatavam-se conversas interrompidas à noite; a pequenada cá fora traquinava* já, e lá de dentro das casas vinham choros abafados de crianças que ainda não andam. No confuso rumor que se formava, destacavam-se risos, sons de vozes que altercavam,* sem se saber onde, grasnar de marrecos, cantar de galos, cacarejar de galinhas. De alguns quartos saíam mulheres que vinham pendurar cá fora, na parede, a gaiola do papagaio, e os louros, à semelhança dos donos, cumprimentavam-se ruidosamente, espanejando-se* à luz nova do dia.

(...)

Page 178: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

178GEOGRAFIA

Em 1890, ano em que Aluísio Azevedo escreveu O cortiço, a cidade do Rio de Janeiro começava a crescer mais intensamente. Esse crescimento, realizado em um país de capitalismo dependente ou subdesenvolvido, trouxe uma série de problemas. Esses problemas urbanos normalmente estão relacionados com o tipo de desenvolvimento que vem ocorrendo no país há várias décadas: por um lado, aumenta a riqueza de uma minoria; por outro, agrava a pobreza da maioria dos habitantes.

Um desses problemas é a moradia. Enquanto em algumas áreas das grandes cidades brasileiras surgem ou crescem bairros ricos, com residên-cias moderníssimas, em outras, às vezes até nas vizinhanças, multiplicam-se as favelas e os cortiços.

Além da grande carência de moradias, a população das grandes ci-dades brasileiras enfrenta outros problemas como a falta de transportes coletivos, água encanada, iluminação, rede de esgotos e, em especial, a violência urbana.

Quais são as soluções para esses problemas?

Os PrOBlemas sOciais urBanOs

A internacionalização da economia brasileira produziu cidades que se transformaram ao mesmo tempo em polos de atração dos grandes in-vestimentos e polos de multiplicação de pobreza e de problemas sociais.

A população dessas cidades cresceu de forma mais acelerada do que a oferta de empregos, habitações, infraestrutura urbana e serviços sociais. Isso contribuiu para que as condições de vida das camadas mais pobres piorassem e se formasse um cenário de violência urbana.

A deficiência da infraestrutura é mostrada pela tabela a seguir, que indica o uso de formas precárias ou inexistência de abastecimento de água e esgotamento sanitário, apesar do aumento percentual desses serviços nos últimos anos. Além disso, podemos perceber que esses serviços variam também, de acordo com o nível econômico de cada região brasileira.

INVESTIGANDO CAMINHOS

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179A QUESTÃO URBANA II

-A N O T A Ç Õ E SdistriBuiçãO dOs dOmicíliOs Particulares Permanentes, POr Grandes reGiÕes, seGundO alGumas características

e situaçÕes de dOmicíliO (em porcentagem)

abastecimento de água

nordeste norte sul sudeste centro-Oeste (urbana)

Rede geral 66,8 71,5 80,7 88,9 73,8

Outra forma 33,2 28,5 19,3 11,1 26,2

esgotamento sanitárioRede coletora 19,4 8,2 17,9 71,8 2,6

Fossa séptica 16,9 46,5 51,1 12,4 8,5

Outro 38,7 40,8 28,8 13,8 54,0

Não tinha 25,0 4,5 12,3 2,0 4,8FONTE: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad: síntese de indicadores, 1999. Rio de Janeiro: IBGE. 2001 (adaptação)

.

A insuficiência dos recursos aplicados na infraestrutura é consequência da rápida expansão das cidades; de os gastos públicos serem orientados para a implantação de um tipo de infraestrutura que favoreça a expansão das atividades econômicas (sistemas de telecomunicações modernos, gran-des vias expressas etc.); e da especulação imobiliária, que busca valorizar a terra antes de implantar a rede de esgoto ou água encanada, por exemplo.

Outro problema importante nas grandes cidades brasileiras é o da falta de habitação. Segundo o IBGE, o déficit* habitacional é de 20 milhões de moradias, sendo 25% só na Região Sudeste, onde 17,9% das famílias vivem em habitações inadequadas (favelas, cortiços etc.). Buscando uma solução para esse problema, as populações de baixa renda procuram ou-tras formas de moradia, além das favelas e cortiços. Vamos apresentar a seguir algumas delas.

• Autoconstrução – Com a compra de lotes de baixo preço em bairros periféricos carentes, muitas vezes em terrenos inade-quados, como encostas de morros e fundos de vales, as famílias envolvem-se na construção da casa nos fins de semana, levando às vezes anos para completar o trabalho.

• Conjuntos habitacionais populares – São grandes concentra-ções de habitantes em áreas relativamente isoladas e carentes de serviços (comércio, rede bancária etc.). Construídos com materiais de baixa qualidade e com muitos moradores, estragam-se rapi-damente, provocando baixos índices de conforto habitacional.

• Movimentos organizados de ocupação (dos “sem-teto”) – No final dos anos 70, surgem movimentos de ocupação coletiva e organizada das terras urbanas, normalmente públicas. Após a ocupação, os chamados “sem-teto” procuram demarcar lotes e construir imediatamente suas casas.

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-A N O T A Ç Õ E S

180GEOGRAFIA

Ocorre, porém, que, por morar na periferia da grande cidade, o trabalha-dor e sua família terão de gastar mais em transporte, além de perder várias horas por dia em ônibus ou trens. Aliás, a carência e a precariedade* do transporte coletivo (ônibus, trens ou metrô) são mais um dos grandes problemas das metrópoles brasileiras.

Observe com atenção os gráficos a seguir. Compare-os e perceba as diferenças entre os meios de transporte e as distâncias percorridas segundo os extratos de renda.

FONTE: Pesquisa Origem Destino, 1987. In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 299.

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181A QUESTÃO URBANA II

-A N O T A Ç Õ E SAlém dos já citados, a violência urbana é um dos problemas que mais afligem a população das grandes cidades brasileiras.

Leia a notícia a seguir. Ela fala sobre uma forma de violência urbana muito comum, a bala “perdida”.

InsegurAnçA

Barreto registra 40 assaltos em três meses e violência assusta moradores – A líder comunitária Alexandra Santos mostra o buraco feito por uma bala no apartamento da auxiliar de enfermagem Eulina de Almeida Brito, no Barreto. A janela foi atingida por tiros disparados por um assaltante que acabara de roubar um carro. Alexandra e Eulina estão entre os moradores do bairro assustados com a violência na região. De acordo com estatísticas da 78a Delegacia Policial (Fonseca), no Barreto foram registrados 40 assaltos nos últimos três meses. Os comerciantes também sofrem com a falta de segurança e até a agência dos Correios local foi assaltada recentemente. O 12o BPM informa que deve terminar semana que vem a instalação de uma cabine na Praça Eneas de Castro.

Jornal O Globo, Caderno de Bairro - Niterói, 30/07/2000

A chamada bala “perdida” é apenas uma forma de violência urbana. Os elevados índices nos acidentes de trânsito (com milhares de feridos e mortos), a violência policial e o número cada vez maior de assaltos e assassinatos demonstram o crescimento deste problema nos grandes centros urbanos.

uma grande dúvida: planejamento urBano ou autogestão dos mOradOres?

Durante muitas décadas era comum apresentar-se o planejamento como remédio para todos os males de uma cidade. Muitos autores afirmavam que problemas urbanos, como as favelas, falta de infraestrutura e de transporte eram ocasionados pela ausência de planejamento.

Veja o exemplo de Brasília.

(...)Em 1957, o arquiteto Oscar Niemeyer já havia desenhado o Palá-

cio da Alvorada, futura sede do governo, quando a Novacap – estatal que administrava as obras – encerrou as inscrições para o concurso que escolheria o projeto do chamado Plano Piloto. Das 63 propostas concorrentes, a vencedora foi a do urbanista Lúcio Costa, que es-boçou uma cidade em forma de avião, com um eixo central e duas “asas” (veja o mapa a seguir). O autor classificou sua concepção* de “ordenada e eficiente, mas ao mesmo tempo simples e aprazível*”. Seu projeto descartava a existência de favelas, mas a utopia* durou

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-A N O T A Ç Õ E S

182GEOGRAFIA

pouco. Em 1958 começaram a ser erguidas as cidades-satélites para abrigar milhares de candangos – migrantes saídos de diversos pontos do país para construir a capital.

Sem a infra-estrutura e os recursos do Plano Piloto, esses mu-nicípios espalharam-se pela periferia de Brasília e hoje são o endereço de 90% dos quase dois milhões de habitantes do Distrito Federal.

In: Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, v. 15, n. 129, p. 30-31, jan./fev. 2000.

O exemplo de Brasília serve para demonstrar o fato de que o uso cada vez mais frequente do planejamento urbano não traz os resultados deseja-dos, pois não elimina as causas dos problemas urbanos (industrialização tardia, concentração cada vez maior da renda etc.).

Percebeu-se, então, que o planejamento não é infalível, que ele não atende aos interesses de todos os habitantes, mas aos de uma minoria poderosa que pode influir politicamente nos órgãos planejadores. Mesmo as cidades em que o planejamento urbano foi rígido e não sofreu desvios acabaram por apresentar os problemas típicos do país onde se localizam.

Torna-se cada vez mais frequente o aparecimento ou o crescimento de associações de moradores – movimentos dos “sem-terra” ou “sem-teto”, sociedades de bairros, associações de vizinhos, movimentos contra o aumento do custo de vida, pela defesa dos direitos humanos na periferia etc. –, que têm como objetivo lutar por melhorias da qualidade de vida em seu bairro ou cidade.

Com base na união e na luta, esses movimentos vêm conseguindo interferir nas decisões relativas a sua comunidade e se expandir pelo país.

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183A QUESTÃO URBANA II

-A N O T A Ç Õ E S

1. “[...]uma senhora dirigia um automóvel com o filho do lado. De re-pente, foi assaltada por um adolescente, que a roubou, ameaçando cortar a garganta do garoto. Dias depois, a mesma senhora reconhece o assaltante na rua. Acelera o carro, atropela-o e mata-o, com a aprovação dos que presenciaram a cena. Verídica, ou não, a história é exemplar. Ilustra o que é a cultura da violência, sua nova feição no Brasil.”

Jurandir Freire Costa, revista Veja, n. 25, set. 1993.

O texto acima ilustra o grau em que se encontra a violência nas grandes metrópoles brasileiras. Explique a relação entre a violência e as características do crescimento nas cidades brasileiras.

R.:

2. Observe com atenção os gráficos a seguir. Compare e discuta as di-ferenças entre os meios de transporte e as distâncias percorridas segundo os extratos de renda. Levante as prováveis causas desses fatos.

R.:

DESAFIOS DO PERCURSO

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-A N O T A Ç Õ E S

184GEOGRAFIA

AsfAltO PArA PrAdOs verdes

A Rua Manoel da Silva Pereira, em Prados Verdes, não possui asfalto e consta há cinco anos na Prefeitura como asfaltada. Quando chove, o local mais parece um lamaçal prejudicando os moradores. A Prefeitura informou que não possui recursos para a realização da obra. O que vamos fazer? Isso não é direito: pagamos impostos em dia.

José Márcio dos S. Marques – Nova Iguaçu

sem sAneAmentO nO J. eXCelsIOr

A Estrada do Grotão, no bairro Jardim Excelsior, está abandonada pela Prefeitura. Faltam saneamento básico, iluminação e segurança. Os assaltos são constantes na região. Já cansamos de pedir ajuda aos órgãos responsáveis, mas a situação continua a mesma. Não sabemos mais a quem recorrer para termos um pouco de conforto.

Zilda Moreira da Silva – Nova Iguaçu

fAltA águA nO JArdIm merItI

O bairro Jardim Meriti está sem abastecimento de água há mais de dez dias. Os moradores já pediram a ajuda da CEDAE, mas não foram atendidos até agora. Estamos sendo obrigados a pegar água em locais distantes. Não sabemos exatamente qual a origem do problema, mas a situação está calamitosa. Pedimos ajuda.

Ivana Rocha – São João de Meriti

Compare os temas apresentados nas notícias com o que foi visto neste capítulo e identifique as causas desses problemas urbanos. Se possível, faça algumas sugestões para solucionar as situações apresentadas.

R.:

3. Leia com atenção as notícias a seguir, retiradas do jornal Extra.

Page 185: Geografia 1 Fase

185A QUESTÃO URBANA II

-A N O T A Ç Õ E S

Livros

A cidade partida, de Zuenir Ventura. (São Paulo: Companhia das Letras, 1996)

Impressionante retrato da violência urbana na cidade do Rio de Ja-neiro nos dias de hoje. A obra divide-se em duas partes: a primeira retrata as diferenças sociais na cidade nos anos 50, enquanto a se-gunda aborda o cotidiano de violência, mortes e ausência do Estado na regulação da vida social, particularmente na dos habitantes de favelas como a de Vigário Geral – que o autor visitou durante alguns meses –, cenário de uma chacina no início da década de 1990.

O cidadão de papel, de Gilberto Dimenstein (São Paulo: Ática, 1996)

Através de denúncias dos casos mais graves de desrespeito aos Direi-tos Humanos, o autor mostra que o cidadão brasileiro na realidade usufrui de uma cidadania aparente. Ele aponta para a necessidade de enfrentarmos as causas mais profundas desse desrespeito ou nossa cidadania não passará de uma cidadania de papel.

Música

Nos barracos da cidade (Barracos), de Gilberto Gil, CD Mestres da MPB (WEA,1985).

Filme

Orfeu (1999). Direção: Carlos Diégues. Com: Toni Garrido, Patrícia França e Murilo Benício.

Pouco antes do carnaval, Orfeu se apaixona por Eurídice. Mas o amor entre os dois acaba em tragédia, quando Eurídice é vítima de traficantes da favela onde moravam. Baseada na peça teatral Orfeu da Conceição, escrita por Vinícius de Moraes, Orfeu mostra com realismo a mágica do Carnaval e a luta da comunidade contra a violência urbana.

GlOssÁriO

Aprazível – estética, cheia de graça.

Altercavam – discutiam.

Concepção – maneira de conceber ou formular uma ideia original, um projeto, um plano, para posterior realização.

Déficit – o que falta para completar uma conta, um orçamento, uma provisão etc.

Espanejando-se – sacudindo o pó das asas.

AMPLIANDO O HORIZONTE

Page 186: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

186GEOGRAFIA

Marulhar – barulho das ondas.

Precariedade – escassez, insuficiência.

tilintar – fazer como o barulho das xícaras, moedas etc. quando se chocam.

traquinava – fazia travessuras.

utopia – descrição ou representação de qualquer lugar ou situação ideais em que vigorem normas e/ou instituições políticas alta-mente aperfeiçoadas.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MOREIRA, Igor. O espaço geográfico: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 1998.

OLIVA, Jaime, GIANSANTI Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, v.15, n. 129, jan./fev. 2000.

Jornal O Globo

Jornal Extra

1. Nas grandes cidades brasileiras, existem três tipos principais de moradias populares: o cortiço, que predominou desde o final do século XIX até meados deste século, quando se difundiu o transporte por ônibus e as cidades se expandiram horizontalmente; a favela, que se multiplicou bastante nas últimas décadas, embora existam no país há muito tempo; e, o tipo de habitação popular que vai se tornando predominante desde a dé-cada de 1950, embora envolva sacrifícios e um trabalho extra das famílias.

A alternativa que completaria a frase acima é:

a) os alagados.

b) os jardins e as vilas de classe média.

c) as moradias debaixo das pontes e viadutos.

d) a casa própria da periferia, fruto de autoconstrução pelos mo-radores.

e) os sobrados.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

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187A QUESTÃO URBANA II

-A N O T A Ç Õ E S2. No Brasil, as favelas, embora localizadas em sítios diferenciados, apresentam como característica comum:

a) o seu caráter periférico, ocupando sempre os limites da mancha urbana.

b) o fato de serem uma ocorrência essencialmente ligada às grandes áreas metropolitanas do Sudeste e do Nordeste.

c) as habitações de baixo custo, construídas em terrenos de posse definitiva, localizados em loteamentos organizados e destinados às populações de baixa renda.

d) a ausência de preocupação com o meio ambiente urbano em razão da natureza desordenada da ocupação, realizada em terrenos públicos ou de terceiros.

e) o fato de estarem estruturalmente associadas a bairros degra-dados, com reutilização intensiva de velhos casarões mantidos pela especulação imobiliária.

3. “No entanto, examinando o desenvolvimento da cidade do ponto de vista das condições de vida de seus habitantes, verifica-se um elevado e crescente desnível entre a opulência de uns poucos e as dificuldades de muitos. É a distância entre a riqueza, representada nas moradias sun-tuosas dos ‘jardins’, e a pobreza dos bairros de trabalhadores, carentes dos serviços urbanos básicos – transporte, água, esgoto, habitação. É o contraste entre o crescimento do consumo de bens de luxo e a diminuição do salário mínimo real.”

Crescimento e pobreza. São Paulo: Loyola, 1976.

A partir do texto acima, pode-se afirmar que:

a) as condições de vida independem do salário mínimo real.

b) o salário mínimo real garante a satisfação das necessidades básicas dos trabalhadores.

c) uma política de desenvolvimento econômico deve ignorar a necessidade de distribuição da renda.

d) os bairros de trabalhadores são providos de serviços urbanos coletivos.

e) as condições de vida são totalmente diferentes entre os “jardins” e os bairros de trabalhadores.

Page 188: Geografia 1 Fase

4. Um fato novo que vem ocorrendo nos centros urbanos do país é o crescimento de associações de bairros, de vizinhos, de moradores etc. Esses movimentos sociais urbanos apresentam uma tendência:

a) a reforçar o planejamento urbano, feito “de cima para baixo”.

b) a ser apenas clubes de futebol e de bailes para os associados.

c) a reivindicar mais democracia na gestão da cidade, chegando até a propostas de autogestão.

d) a lutar contra a discriminação étnica e o racismo.

e) a ser completamente inúteis, já que existem as autoridades competentes para resolver os problemas da cidade.

188GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

Page 189: Geografia 1 Fase

as etnias brasileiras i

C A P Í t u L O 13

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PLANEJANDO A ROTA

C A P Í t u L O 13

as etnias brasileiras i

-A N O T A Ç Õ E S

Qual é a origem da população brasileira?

Em Macunaíma, Mário de Andrade faz uma brincadeira e descreve o surgimento das três raças que deram origem à população brasileira.

Macunaíma e seus dois irmãos Jiguê e Maanape, pretos retin-tos, estavam no meio da mata quando “Macunaíma enxergou numa lapa* bem no meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que nem a marca dum pé de gigante. Abicaram.* O herói depois de muitos gritos por causa do frio da água entrou e se lavou inteirinho. Mas a água era encantada porque aquele buraco na lapa era a marca do pezão do Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus para a indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco e de olhos azuizinhos, a água lavara o pretume dele. (...) Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do Sumé. Porém a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água para todos os lados só conseguiu ficar da cor do bronze novo. (...) Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esbor-rifara* toda a água encantada para fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso ficou negro. (...) Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água santa.” (p. 37)

Com esse texto, Mário de Andrade nos mostra que a população brasileira é formada por indígenas, brancos, mestiços e negros.

Neste capítulo iremos estudar a chegada dos brancos e dos negros que ajudaram a compor a população brasileira.

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-A N O T A Ç Õ E S

192GEOGRAFIA

elementOs OriGinais da POPulaçãO BrasileiraQuando os portugueses chegaram, dois milhões de índios constituíam

milhares de nações indígenas numa parte do atual Brasil.O povoamento branco começou em 1500 e, até a abertura dos portos*

ocorrida em 1808, permaneceu quase exclusivamente português. Esses primeiros portugueses não eram imigrantes, pois não estavam se deslo-cando de um país para outro: o Brasil era colônia de Portugal, pertencente ao reino português.

A penetração maciça do elemento branco ocorreu nos séculos XIX e XX: desde 1819 vieram para o Brasil mais de cinco milhões de europeus, especialmente portugueses, italianos, espanhóis e alemães. Além disso, desde o início do século XX, mais de 250 mil japoneses entraram no território nacional.

A escravidão foi responsável pela chegada dos negros. Os negros não vieram para cá como imigrantes. A imigração é um movimento voluntário: como se sabe, não foi assim que aconteceu com os africanos. Os negros foram arrancados à força de seus lugares de origem e vieram como mer-cadorias, uma das mais lucrativas dos tempos coloniais.

Observe a tabela, veja o efeito da presença branca sobre as populações indígenas, reduzidas a cerca de um décimo do contingente original; o pre-domínio numérico da população branca; e o crescimento considerável do número de mestiços, revelando a grande miscigenação* que caracteriza a população brasileira.

taBela 1 - GruPOs étnicOs dO Brasil

1500 1890 1991

Indígenas 2.000.000 440.000 269.836

Brancos – 6.302.000 81.407.395

Mestiços – 6.000.000 57.821.981

Negros – 2.000.000 7.264.317FONTES: IBGE; Almanaque Abril, 1995.

In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 165.

a cHeGada dOs BrancOsDe 1500 a 1808, somente portugueses tinham livre acesso ao território

colonial brasileiro. Excetuando-se alguns poucos milhares de espanhóis que ingressaram principalmente durante a União Ibérica* (1580-1640) e os holandeses que por aqui ficaram depois de duas tentativas fracassadas de invasão, eram portugueses os brancos que viviam na colônia.

INVESTIGANDO CAMINHOS

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193AS ETNIAS BRASILEIRAS I

-A N O T A Ç Õ E SEm 1818, o governo colonial financiou a vinda de algumas centenas de colonos suíços e alemães, que se fixaram em terras situadas nas serras cariocas e fundaram a cidade de Nova Friburgo.

A independência do Brasil (1822) determina uma nova direção para a imigração. Com o objetivo de povoar o sul do país, alvo da cobiça de países vizinhos como a Argentina e o Uruguai, o governo imperial passou a distribuir pequenos lotes florestais no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A partir de então, imigrantes italianos, alemães e, em menor escala, eslavos* foram atraídos para o Brasil.

Observe na tabela a seguir onde se concentra, atualmente, o maior percentual de brancos no Brasil.

taBela 2 - Brasil: distriBuiçãO da POPulaçãO, cOnFOrme a cOr da Pele, POr reGiÕes (1999)

cor da pele norte nordeste sudeste sul centro-Oeste

Branca 2 220 588 13 792 306 44 855 408 20 497 918 5 209 175

Negra 182 174 2 605 971 4 710 659 743 271 398 395

Parda 5 343 991 29 922 833 19 909 949 3 099 726 5 571 775

Amarela 13 748 38 633 528 613 119 742 41 575

Indígena 67 247 38 034 51 337 52 401 52 341FONTE: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad: síntese de indicadores. 1999. RJ, 2001.(adaptação)

a trajetória do negroColônia de exploração* destinada ao abastecimento dos mercados

europeus com metais preciosos e produtos tropicais, o Brasil se apoiou no trabalho escravo do negro africano.

Trazidos em navios negreiros e leiloados, os negros eram utilizados no cultivo de cana-de-açúcar, algodão, tabaco e café, e nas áreas de mineração.

Entre 1532 e 1850 (ano em que o tráfico de escravos foi abolido), entraram no Brasil mais de cinco milhões de africanos, adquiridos como escravos. A partir daí, a contribuição do negro foi decisiva para a formação da população e da cultura brasileira, originando também outros tipos de mestiçagem, como o mulato (branco com negro) e o cafuzo (negro com índio).

O negro no Brasil hoje: distância e proximidade, separação e integração

Apesar da proximidade física decorrente da incorporação dos negros à sociedade nacional, a distância que os separa dos outros grupos é enorme. Nas grandes cidades, os negros constituem a maior parte da população que habita as periferias, onde são as principais vítimas da violência que ali se verifica, sendo frequentemente submetidos a constrangimentos e humilhações nas ações policiais.

Page 194: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

194GEOGRAFIA

Um estudo realizado em 1995, no município de São Paulo, revelou que os homicídios por arma de fogo são a principal causa da morte entre os negros. Naquele ano morreram dessa forma 7,5% dos negros que eram objeto de estudo, contra 2,8% dos brancos. Além de ocorrer de forma mais violenta, a morte acontece mais cedo entre os negros. Entre os óbitos pesquisados, verificou-se o seguinte resultado:

taBela 3 - óBitOs POr armas de FOGOBrancos negros

idade (em %) idade (em %)

0 a 19 anos 11 0 a 19 anos 14

20 a 49 anos 23 20 a 49 anos 42

Acima de 50 anos 66 acima de 50 anos 44In: OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999. p. 357.

A discriminação social atinge mesmo pessoas negras que tiveram oportunidade de ascensão* social e que chegam a integrar camadas da po-pulação de renda mais elevada. No mercado de trabalho, segundo o IBGE, a média nacional de salários mínimos foi, em 1990, de 6,3, enquanto a dos negros foi de 2,9; as mulheres brancas receberam 3,6 salários mínimos, e as negras, apenas 1,7. Um estudo da ONU sobre o Brasil referente ao mesmo ano revelou que o rendimento médio dos homens negros e pardos correspondia, a 63% e 68%, respectivamente, do rendimento dos homens brancos. Os negros constituem a base da pirâmide no mercado de trabalho.

Os níveis de escolaridade explicam parte das diferenças de renda, ocupação e padrão de vida das populações negras, como revela a Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) do IBGE de 1987. Nesse ano, 62,7% das mulheres negras não haviam completado o antigo curso primário, e as negras analfabetas eram o dobro das brancas analfabetas, e sua ocupação principal era de empregada doméstica.

1. Explique por que os portugueses e africanos que chegaram ao Brasil durante o período colonial não eram imigrantes.

R.:

DESAFIOS DO PERCURSO

Page 195: Geografia 1 Fase

195AS ETNIAS BRASILEIRAS I

-A N O T A Ç Õ E S2. Analise a tabela a seguir e explique a miscigenação que caracteriza a população brasileira.

taBela 1 - GruPOs étnicOs dO Brasil

1500 1890 1991

Indígenas 2.000.000 440.000 269.836

Brancos – 6.302.000 81.407.395

Mestiços – 6.000.000 57.821.981

Negros – 2.000.000 7.264.317FONTES: IBGE; Almanaque Abril, 1995. In: MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina.

A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996. p. 165.

3. Analise a tabela abaixo:

taBela 2 - Brasil: distriBuiçãO da POPulaçãO, cOnFOrme a cOr da Pele, POr reGiÕes (1999)

cor da pele norte nordeste sudeste sul centro-Oeste

Branca 2 220 588 13 792 306 44 855 408 20 497 918 5 209 175

Negra 182 174 2 605 971 4 710 659 743 271 398 395

Parda 5 343 991 29 922 833 19 909 949 3 099 726 5 571 775

Amarela 13 748 38 633 528 613 119 742 41 575

Indígena 67 247 38 034 51 337 52 401 52 341FONTE: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad: síntese de indicadores. 1999. RJ, 2001.(adaptação)

Agora, responda:

Quais são as regiões brasileiras onde se concentra o maior número de brancos? Por quê?

R.:

4. (Unicamp) Apesar do mito da democracia racial na sociedade brasileira, os negros continuam a ser discriminados nos dias de hoje. Explique como se dá essa discriminação em relação à inserção do negro no mercado de trabalho.

R.:

Page 196: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

196GEOGRAFIA

5. Leia com atenção o texto a seguir e depois comente a situação da comunidade do Cafundó, levando em conta as noções de distância, pro-ximidade, isolamento e integração vistas no estudo que fizemos.

CAfundó, túrI vImBundO (CAFUNDó, TERRA DE HOMENS PRETOS)

“Assim está escrito em uma placa indicando a pequena localidade a 140 km de São Paulo, próxima ao industrializado município de Sorocaba. São 20 barracões e casebres de tijolo e teto de amianto, espalhados por uma área de 8ha, em uma pequena planície de difícil acesso por uma estrada de terra entremeada de bifurcações. Ninguém de lá consegue explicar o porquê do isolamento. ‘A gente foi ficando’, diz dona Cida, uma das lideranças da comunidade. Os negros que vivem em Cafundó, um núcleo remanescente de quilombo, mantêm poucos traços de seus antepassados. Talvez o formato dos barracões, algumas roupas de festividades, certos pratos e tradições, tudo meio descaracterizado pela miséria. O principal, porém, é uma língua ex-clusiva, rica, ‘inventada’ e falada apenas lá: a cupópia, incrivelmente prolixa e poética. ‘É a única coisa que a gente tem’, diz dona Cida. Na língua, mulher é ‘anguta’, trabalho é ‘curima’, criança é ‘camanaco’ e Deus é ‘zambi’, ‘alá’ ou ‘Turpã’. Ali todos falam o português e a cupópia, mas preferem a segunda na presença dos ‘orofômbi’ (homens brancos). Com a descoberta da língua pelos estudiosos e acadêmicos, a comunidade tornou-se famosa. A partir dali, receberam alguma ajuda das prefeituras vizinhas e de membros de movimentos negros. Passada a novidade, restaram os problemas: faltam escolas, rede de esgoto e posto médico; a luz elétrica chegou em 1985. A terra exaurida já não garante o consumo interno. Os habitantes sobrevivem como bóias-frias, vigias, empregadas domésticas. ‘Eles vão, ganham o dinheiro e voltam para cá’.”

Adaptado de Folha de São Paulo, 14-05-1995.

R.:

Page 197: Geografia 1 Fase

197AS ETNIAS BRASILEIRAS I

-A N O T A Ç Õ E S

Livros

Macunaíma, de Mário de Andrade (São Paulo: Círculo do Livro, 1976)

Construído a partir de lendas e mitos da Amazônia, conta a saga de Macunaíma, “o herói de nossa gente”, à procura de muiraquitã (um amuleto). Acompanhado de seus irmãos na maior parte do tempo, Macunaíma percorre o Brasil rural e urbano, encontrando-se com impressionantes personagens e situações típicas da realidade brasileira.

O que é racismo, de Joel Rufino (São Paulo: Brasiliense, 1987. Coleção Primeiros Passos)

Músicas

Haiti, de Gilberto Gil e Caetano Veloso, CD Tropicália 2 (Polygram, 1993).

Mama África, de Chico César, CD Cuzcuz Clã (Polygram, 1996).

Filme

Quilombo (1984). Direção: Carlos Diégues. Com: Antonio Pompeo, Zezé Motta, Toni Tornado, Vera Fischer, Antonio Pitanga, Grande Otelo, Maurício do Vale, Jofre Soares.

Aventura sobre a chegada dos colonizadores portugueses no Brasil no século XVI. O filme enfoca a migração forçada de negros afri-canos trazidos para trabalhar na cultura da cana-de-açúcar. Alguns escapam do cativeiro e da violência refugiando-se no interior do país, onde formam quilombos.

Sites

Fundação IBGE: www.ibge.gov.br

Instituto Geledés da Mulher Negra: www.geledes.com.br

GlOssÁriO

Abertura dos portos (1808) – permissão de comércio de mer-cadorias do Brasil com todas as nações, adotada pela Família Real portuguesa logo após a transferência da Corte para o Rio de Janeiro.

Abicaram – aproximaram-se.

Ascensão – subida, elevação.

Colônia de exploração – tipo de colonização baseado na organiza-ção de atividades de exportação de produtos tropicais ou minérios em grande escala, com utilização de força de trabalho escrava.

AMPLIANDO O HORIZONTE

Page 198: Geografia 1 Fase

-A N O T A Ç Õ E S

198GEOGRAFIA

Esborrifara – espalhara.

Eslavos – ramo étnico do qual faz parte a maioria da população da Europa Oriental. Entre os eslavos contam-se os poloneses, russos, tchecos, eslovacos, etc.

Lapa – grande pedra ou laje que forma um abrigo.

Miscigenação – mistura de raças.

união Ibérica – unificação das coroas de Portugal e Espanha no período de 1580 a 1640.

reFerÊncias BiBliOGrÁFicas

MAGNOLI, Demétrio e ARAÚJO, Regina. A nova geografia. São Paulo: Moderna, 1996.

MOREIRA, Igor. O espaço geográfico: geografia geral e do Brasil. São Paulo: Ática, 1998.

OLIVA, Jaime e GIANSANTI, Roberto. Temas da geografia do Brasil. São Paulo: Atual, 1999.

1. Os três principais grupos que constituíram a população brasileira foram:

a) os portugueses, os japoneses e os alemães.

b) os brancos, os negros e os indígenas.

c) os amarelos, os portugueses e os indígenas.

d) os caucasoides, os mongoloides e os indígenas.

e) os italianos, os negros e os portugueses.

2. Coloque V nas afirmativas verdadeiras e F nas falsas.

( ) O uso de mão de obra africana como escravos na colonização do Brasil deveu-se à falta de força de trabalho na época.

( ) Deu-se preferência à escravização do negro, em lugar do índio, porque o tráfico de escravos africanos dava bons lucros aos comerciantes portugueses, ao contrário do aprisionamento dos silvícolas, que era feito pelos próprios colonos.

( ) A imposição do trabalho escravo na colonização do Brasil, em vez do trabalho livre assalariado, ocorreu porque o objetivo principal desse empreendimento foi o de produzir gêneros agrícolas tropicais ou fornecer metais preciosos para o mercado europeu e a baixos custos.

MEMÓRIAS DA VIAGEM

Page 199: Geografia 1 Fase

199AS ETNIAS BRASILEIRAS I

-A N O T A Ç Õ E S3. De acordo com dados de 1991, 24,1% das pessoas brancas econo-micamente ativas recebem até um salário mínimo e entre os negros essa porcentagem é de 46,9%. Já entre aqueles que obtêm rendimentos acima de 10 salários mínimos, a proporção é de 5,7% entre os brancos e apenas 1% entre os negros. Esses dados estatísticos nos permitem concluir que:

a) não existe nenhum preconceito contra os negros no tocante ao trabalho e aos rendimentos.

b) o Brasil é, de fato, uma democracia racial, em que o racismo é quase inexistente ou muito fraco.

c) devido ao seu baixo índice de inteligência e por trabalharem menos, os negros em geral ganham menos que os brancos.

d) existe uma desigualdade racial nos rendimentos da população brasileira em geral, pois em média os brancos ganham mais que os negros, embora a situação da maioria da população seja precária.

e) não existe nenhuma relação entre desigualdade social e desi-gualdade racial no Brasil.

As questões 4, 5 e 6 devem ser respondidas a partir do seguinte texto:

“As disparidades de renda e de riqueza tão acentuadas no Brasil resultam não apenas de graves distorções e de injustas situações ocor-ridas nas últimas duas décadas, mas também das que existiram no passado, cujas conseqüências não foram corrigidas. Uma das causas mais importantes da existência de desigualdades no passado, cujos efeitos perduram até hoje, foi a escravidão. (...) Entre os brasileiros de cinco anos ou mais há 35% sem instrução ou com menos de um ano de estudo. Entre os de cor branca essa proporção é de 25%; entre os de cor preta e entre os de cor parda essa proporção é de 48%, portanto muito superior. O censo de 1980 revelou que 3,16% dentre as pessoas de cinco anos ou mais tinham grau superior ou no mínimo 12 anos de instrução. Dentre a população de cor branca essa proporção é de 4,9%, dentre a de cor parda 0,9% e dentre a de cor preta 0,5%. (...) De outro lado, dentre a população economicamente ativa, a proporção de pessoas com rendimentos de até um salário mínimo é de 33% do total; 24,1% entre as pessoas de cor branca; 44,7% entre as de cor parda; 46,9% entre as de cor preta. (...) A proporção de pessoas com renda mensal superior a dez salários mínimos é de 3,8% do total, mas 5,7% entre os brancos, 1,0% entre os pardos e 0,33% entre os negros (...).”

SUPLICY, Eduardo M. A desigualdade social, racial e sexual. Revista de

Economia Política. São Paulo: Brasiliense, v. 2, n. 4, p. 129-38, 1982

Page 200: Geografia 1 Fase

4. A noção de “pardos”, ou população de cor parda, refere-se:

a) exclusivamente aos mulatos.

b) aos japoneses, chineses e coreanos.

c) tanto aos mulatos como aos descendentes de indígenas, sendo um termo meio vago, utilizado em estatísticas oficiais do Brasil.

d) às sociedades indígenas confinadas em reservas.

e) aos menos alfabetizados da população.

5. Além das situações recentes – como a ausência de sindicatos fortes e atuantes, de um pleno direito de greve etc. –, outro fator, do passado, mas com consequências que perduram até os dias de hoje, que explica essas desigualdades sociais (e étnicas) no Brasil é:

a) a escravidão.

b) a colonização das áreas litorâneas.

c) a tropicalidade do território.

d) o Império.

e) o quilombo dos Palmares.

6. O conjunto de dados apresentados no texto permite que se conclua que:

a) as desigualdades sociais no Brasil não têm nada a ver com as etnias.

b) as desigualdades sociais são intensas no Brasil, mesmo entre os brancos, mas a situação dos negros em geral é a pior possível.

c) os descendentes de indígenas acabaram galgando elevadas posições na sociedade nacional.

d) o brasileiro em geral ganha bem e é bastante instruído.

e) as desigualdades sociais e étnicas no Brasil são extremamente pequenas.

200GEOGRAFIA

-A N O T A Ç Õ E S

Page 201: Geografia 1 Fase

GABARItO

caPítulO 1

Desafios do percurso

a) Na América do Norte, os Estados Unidos; na Europa, a União Europeia (UE); na Ásia, o Japão.

b) Intermediária.

c) Coincidem.

d) Intermediária.

e) O Brasil está num nível de desenvolvimento intermediário. Algumas de suas áreas mais indus-trializadas podem inclusive ser comparadas com as dos mais desenvolvidos países do Norte.

Memórias da viagem

1. c 2. a/b/b/a/a/b/b/a 3. d 4. b 5. e/c/e/c/c

caPítulO 2

Desafios do percurso

1.

a) GE–Fanuc.

b) Ela produz robôs e peças de controle para máquinas automatizadas.

c) A fábrica do futuro que representa a etapa da Revolução Técnico-Científica, porque todas as operações, desde o manuseio de material até a operação das máquinas, são automatizadas.

2.

a) 1986.

b)

1º É feita em grande parte com capitais estrangeiros, ao inverso da clássica e da planificada, em que predominam os capitais nacionais.

2º Baseia-se no desenvolvimento das indústrias de bens de consumo, ao contrário da industria-lização planificada, em que predominam as indústrias de base, e da industrialização clássica, caracterizada por um desenvolvimento equilibrado entre esses dois tipos de indústrias.

Page 202: Geografia 1 Fase

202GEOGRAFIA

3º Utiliza basicamente tecnologia estrangeira, ao contrário dos outros dois tipos de industrialização, que criam sua própria tecnologia.

Atualmente, o Brasil tenta iniciar a 3ª Revolução Industrial, mas enfrenta imensas dificuldades para isso, pois nossa mão de obra é pouco qualificada e a distribuição de renda é uma das mais injustas do mundo, havendo uma imensa maioria de pobres com um baixíssimo poder de consumo.

Memórias da viagem

1. d 2. b 3. b 4. b 5. a 6. d 7. e 8. a

caPítulO 3

Desafios do percurso

1. O Brasil busca integrar-se no comércio mundial, mantendo exportações e importações com os diferentes blocos e áreas do mundo.

2.

• No começo do período predominaram as importações.

• A partir de 1983 as exportações superaram as importações.

• Os anos de 1980 e 1981 apresentam o maior volume de importações do período, aproxima-damente 24 bilhões de dólares.

• O ano de 1984 destaca-se nas exportações, com aproximadamente 27 bilhões de dólares.

• Apesar de as exportações terem superado as importações a partir de 1983, percebe-se um declínio das primeiras e uma estabilidade das segundas.

3. Os principais pontos de saída de exportações e entrada de importações do Brasil estão con-centrados no litoral do Sudeste. Essa concentração espacial reflete o predomínio dos centros industriais e urbanos dessa região como fontes de mercadorias de exportação e como consu-midores de produtos de importação.

4. O Mercosul tem despertado um interesse muito grande de vários mercados internacionais, já que ele se constitui num grande consumidor e fornecedor de produtos industrializados e de matérias-primas. Sendo assim, o Brasil como país membro do grupo conseguiu ampliar ainda mais a sua participação no comércio mundial.

5. O enorme esforço para pagar a dívida externa tem sacrificado o mercado interno e a população nacional, já que a redução das importações e o aumento das exportações à custa de concessões comprometem a qualidade de vida da população.

Memórias da viagem

1. e 2. b 3. d 4. c 5. a

Page 203: Geografia 1 Fase

203GABARITO

caPítulO 4

Desafios do percurso

1. A característica principal da colonização de todo o continente americano (com exceção do Canadá e dos Estados Unidos) foi a de servir para o enriquecimento das metrópoles europeias. A nossa colonização foi organizada para fornecer ao comércio europeu açúcar, tabaco e alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois algodão e, em seguida, café. E isso deixaria algumas marcas na economia e na sociedade brasileiras que, em alguns casos, permanecem até hoje, tais como o povoamento mais intenso no litoral (onde se localizam os portos).

2. Até o século XIX, a ocupação se processou por diferentes meios: as missões religiosas, a coleta de especiarias da floresta (canela, baunilha, cravo, plantas medicinais), a colonização militar.

Os rios serviram de apoio para a circulação de pessoas e mercadorias. Os resultados econô-micos dessa primeira fase da ocupação mostraram-se muito pequenos. Mais significativa foi a fase que se instalou no final do século XIX, com a exploração da borracha.

Nas últimas décadas, especialmente a partir de 1970, vem ocorrendo um aumento na ocupação da Amazônia brasileira, desta vez devido à presença de minérios (ouro, ferro) e à derrubada da floresta amazônica para o estabelecimento da agricultura (principalmente soja) ou da pecuária extensiva de corte (para exportação de carne).

3. A partir de 1940 ocorreu o que se chamou de marcha para o oeste. Foi um movimento de ocu-pação do Centro-Oeste, inicialmente favorecido pela Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que chegou até Corumbá, e pela compra, por particulares, de grandes lotes de terras que ficavam à espera de valorização pela ação do Estado (construção de estradas, cidades etc.). Depois, com a construção de Brasília (1957-60) e de estradas ligando essas cidades ao Acre, a Fortaleza, a Belém, a São Paulo, ao Rio de Janeiro e a Belo Horizonte, o crescimento populacional tornou-se mais intenso nessa região.

4.

a) No século XVII o território brasileiro estava mais ocupado, inclusive o interior da colônia (com destaque para a área em torno do rio Amazonas).

b) A pecuária e as drogas do sertão.

c) A ocupação efetiva do espaço e a colonização, no século XVI, tiveram início após 1530. Para isso, o governo português criou o sistema das capitanias hereditárias, que consistia na divisão da costa brasileira em faixas paralelas que se estendiam para o interior e na doação dessas terras a quem se dispusesse a colonizá-las.

1. b

2. b

3. a

Memórias da viagem

1. c 2. e 3. d 4. c 5. a 6. c,e,d,a,b 7. b

Page 204: Geografia 1 Fase

204GEOGRAFIA

caPítulO 5

Desafios do percurso

Marque a resposta certa.

1. a

2. c

3. Os gráficos mostram:

• As ações da Coca-Cola na Bolsa de Valores de Nova York caíram durante um certo período de 1999;

• A Coca-Cola vem sendo ameaçada pelas tubaínas, isto é, enquanto a Coca-Cola detém 48,42% do mercado brasileiro, as tubaínas detêm 31,38%.

• Nos EUA, em 1998, as empresas que comercializavam água engarrafada, chás e bebidas es-portivas apresentaram um crescimento maior que as de refrigerantes.

• No mercado mundial, os refrigerantes detêm 49% do consumo.

4. A Coca-Cola vem perdendo mercado no Brasil devido à concorrência das tubaínas e aos preços altos de seus produtos.

5. A saída para a crise da Coca-Cola no Brasil é baixar os custos, melhorar a distribuição dos seus produtos no país e apostar em novos segmentos (água engarrafada, por exemplo).

Ampliando o horizonte

1. Em 1890, quando foi fundada por Sakiichi Toyoda, a Toyota era uma indústria têxtil. Hoje, a empresa se dedica ao setor automotivo, além de outros.

Outra diferença a destacar é a engenharia logística de atendimento e recepção de matérias--primas e componentes, apoiada no sistema chamado “just-in-time”.

2. O setor automotivo é o carro-chefe do portfólio de produtos e empresas que compõem o grupo Toyota. Além disso, o grupo atua no setor de maquinário para o setor têxtil e abrange outras 13 companhias que vão do ramo imobiliário ao material elétrico da Nippondenso, empresa que mantém uma planta no Brasil, em Curitiba.

3. Com base no sistema just-in-time (tudo no tempo certo) há economia de matéria-prima e com-ponentes, que são usados na medida exata das necessidades do momento, havendo reposição sempre que necessária.

Memórias da viagem

1. c, e, c, c, e 2. c 3. a 4. b 5. b.

Page 205: Geografia 1 Fase

205GABARITO

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Desafios do percurso

1. Apesar de a Região Sudeste concentrar grande parte do pessoal ocupado na indústria brasileira, podemos perceber que em 1985 havia uma pequena tendência de crescimento nas outras regi-ões (na Região Sul, por exemplo, o crescimento foi de 1,3%) enquanto no Sudeste o percentual diminuía (houve um decréscimo de 2,7%).

Ocorre o mesmo processo com relação ao pessoal ocupado na indústria.

2.

a) A Abolição da escravidão.

b) Os imigrantes foram os primeiros trabalhadores assalariados no Brasil, tinham o conhecimento técnico da fabricação de certos produtos e, além disso, aumentaram o mercado consumidor do país, pois já tinham o hábito de comprar bens manufaturados nos seus países de origem.

c) A industrialização brasileira teve até o final da Segunda Guerra Mundial um caráter substitutivo, isto é, foi um processo de substituição de importações. Tratou-se de produzir internamente bens que eram importados dos países desenvolvidos.

d) Após a Segunda Guerra Mundial a indústria brasileira passou a ser financiada em grande parte pelo capital estrangeiro, tal como na reportagem.

Marque a resposta certa:

1. e.

2. b

3. a

Responda

1.

a) Grande parte das indústrias do Brasil é multinacional.

b) A industrialização brasileira foi tardia ou retardatária.

c) A industrialização brasileira teve até o final da Segunda Guerra Mundial caráter substitutivo.

d) A atividade industrial brasileira ainda está concentrada no Centro-Sul do país, sendo que a partir dos anos 80 percebe-se uma leve tendência à dispersão.

e) As desigualdades sociais são grandes, assim como o desemprego etc.

2. Com o avanço da industrialização, ocorreu uma integração cada vez maior do espaço geo-gráfico do país. Houve uma expansão das redes de transportes, inicialmente ferrovias (século XIX) e posteriormente rodovias, e esses transportes ligavam as diversas áreas do Brasil às duas principais metrópoles: São Paulo e Rio de Janeiro. Passou a haver então uma interdependência das diversas áreas ou regiões, com uma divisão territorial do trabalho, em que o Centro-Sul (especialmente São Paulo) fornecia bens industrializados às demais, das quais recebia matérias--primas e produtos agrícolas. Assim, o Centro-Sul passou a desempenhar um papel semelhante ao dos países desenvolvidos do sistema capitalista mundial (o centro do sistema), e as demais regiões, o papel dos países subdesenvolvidos (a periferia do capitalismo mundial).

Page 206: Geografia 1 Fase

206GEOGRAFIA

Memórias da viagem

1. d 2. c 3. b 4. e 5. a

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Desafios do percurso

1. O elemento natural transforma-se em recurso natural quando ele passa a ser utilizado para satisfazer necessidades do grupo social.

2.

a) Indústria siderúrgica.

b) Maciço do Urucum, Serra dos Carajás e Quadrilátero Ferrífero (ferro); Quadrilátero Ferrífero e o vale do rio Trombetas (bauxita).

3. (a) (b) (d) (c)

4.

a) Amazônia.

b) Os grandes investimentos estatais e privados, realizados em área de conflitos de terras envol-vendo fazendeiros, madeireiras, posseiros e índios, adquiriram um caráter estratégico. Ao longo da ferrovia E.F. Carajás foram criados núcleos urbanos que giram em torno das atividades de mineração, industrialização e transporte.

5. Minas Gerais e São Paulo têm o maior número de siderúrgicas do Brasil, devido às jazidas do Quadrilátero Ferrífero e ao desenvolvimento da atividade industrial do Sudeste.

Memórias da viagem

1. b 2. c 3. e 4. a 5. d

capítulo 8

Desafios do percurso

1. O petróleo e a hidroeletricidade.

2. A maior proximidade dos grandes centros consumidores de eletricidade: as grandes metrópoles do país e a área mais industrializada.

3. Ocorreu uma visível diminuição no consumo de petróleo e derivados (gasolina, óleo diesel etc.) e um aumento no consumo de outros grupos energéticos, notadamente hidroeletricidade e álcool etílico, em virtude do esforço que o Brasil (e também grande parte dos demais países do globo não ricos em petróleo) vem realizando desde 1973 – ocasião em que foi deflagrada a “crise do petróleo”, com sucessivos aumentos nos preços desse combustível –, visando reduzir as importações de petróleo. Houve ainda, no final dos anos 70 e nos anos 80, a promoção do Proálcool, que substituiu a gasolina pelo álcool etílico em centenas de milhares de automóveis, e a inauguração de algumas usinas hidroelétricas de grande porte, como a de Itaipu, no rio Paraná, e a de Tucuruí, no rio Tocantins.

Page 207: Geografia 1 Fase

207GABARITO

4. O resultado da aventura nuclear brasileira aparece como um grande fracasso. Angra I, “usina vaga-lume”, apresenta frequentes problemas técnicos e fica mais tempo desligada do que em funcionamento. Entre o início de 1992 e o final de 1994, quando permaneceu em manutenção devido a um aumento de radiatividade, a usina não gerou nenhuma eletricidade. A partir de então, passou a operar de novo, mas com apenas 30% de sua capacidade. As usinas de Angra II e Angra III foram adiadas e até hoje não funcionam. As restantes não tiveram continuidade.

5. Uma nova política da Petrobras aumentou a participação do petróleo nacional no total consu-mido. A partir de 1985, quando a participação do petróleo nacional no total consumido atinge mais de 50%, observa-se uma tendência de declínio na importação de petróleo e aumento na produção nacional.

A Petrobras alterou significativamente a sua estrutura de refino de óleo bruto: passou a produzir menos óleo combustível e gasolina e mais óleo diesel.

6. Priorizando o transporte rodoviário, o Brasil vê aumentarem os custos do deslocamento de carga pelo país. Esse tipo de transporte é bem menos econômico que o hidroviário ou que o ferroviário, já que a energia gerada pelo petróleo é cara, e o Brasil não possui reservas suficientes dessa fonte de energia; por essa razão, importa parte do petróleo que consome.

Memórias da viagem

1. c 2. b 3. e 4. d 5. a 6. b

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Desafios do percurso

1. Financiamentos bancários; insumos agrícolas; matérias-primas industriais.

2. Na tabela o destaque fica com a cana-de-açúcar e a soja, que tiveram um aumento ou incre-mento de 330% e 637%, respectivamente. Em contrapartida, produtos como o arroz e o feijão decresceram 3% e 12%, respectivamente. Isso ocorreu porque a produção agrícola está valori-zando os produtos voltados para a exportação.

3. Enquanto o oeste paulista concentra as atividades agropecuárias modernas, caracterizadas por elevada mecanização e forte ligação com as necessidades industriais, o sudeste do estado apresenta-se como área estagnada de produção camponesa.

4. Nas últimas décadas, o avanço da soja e do milho produziu mudanças radicais na organização agrária do norte paranaense. A mecanização e o englobamento dos sítios pelas fazendas libe-raram mão de obra, e aquela área transformou-se em polo de expulsão de migrantes que se dirigem para as cidades ou para as fronteiras agrícolas.

Memórias da viagem

1. a 2. e 3. b 4. d 5. c 6. d

Page 208: Geografia 1 Fase

208GEOGRAFIA

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Desafios do percurso

1. Existe relação, porque o MST trava uma luta organizada com vistas a uma melhor distribuição de terras.

2. Causas para o deslocamento inicial do agricultor:

• busca de terras para cultivar;

• surgimento de uma frente agrícola em Dourados (MT).

• posterior venda do lote.

3. Causas para a violência no campo:

• grande concentração na propriedade da terra (poucos proprietários com muitas terras e muitos proprietários com poucas terras);

• a existência de milhões de camponeses sem terra, que precisam de uma área para cultivar e sustentar suas famílias;

• conflitos com posseiros e grileiros;

• a maior parte das terras cultiváveis do país está voltada para cultivos de exportação.

4. São: os pequenos proprietários, posseiros ou parceiros, que se empregam fora das suas terras alguns meses por ano, por não conseguir garantir o sustento familiar somente com as suas pequenas parcelas de terra; e os volantes, tanto os “boias-frias” (no Centro-Sul) como os peões (na Amazônia), que são trabalhadores rurais que migram constantemente em busca de serviço e que são contratados somente para tarefas específicas (colheita de algum produto, desmata-mento etc.).

Memórias da viagem

1. c 2. a 3. d 4. c 5. a 6. c

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Desafios do percurso

1. A partir do final da Segunda Guerra Mundial, o país aprofundou o processo de modernização. Nosso espaço econômico aumenta e é invadido por empresas multinacionais. Consolidaram-se o predomínio econômico-financeiro do Sudeste e o poder político e econômico das cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Essas passam a comandar a economia nacional, e as diversidades regionais acentuam-se.

2. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro destacam-se devido a uma grande maioria de habi-tantes na área urbana. Isso acontece devido a um processo de urbanização mais acelerado do que nos outros estados, tanto que neles encontramos as duas metrópoles nacionais brasileiras.

3. Metropolização é a concentração demográfica nas principais áreas metropolitanas do país. A urbanização brasileira é essencialmente um processo de metropolização, já que o crescimento das nossas cidades ocorre muito mais em nível populacional do que em estrutura e serviços urbanos.

Page 209: Geografia 1 Fase

209GABARITO

4. O principal objetivo foi a resolução de problemas urbanos que ultrapassam a área de ação de um município. Trata-se, portanto, de uma forma político-administrativa que serve para orientar investimentos e programas de apoio da União, integrados aos níveis municipal e estadual.

5. As metrópoles comandam a hierarquia urbana, tanto nacional como regionalmente. A influência das metrópoles dependerá dos produtos e serviços que cada uma delas oferece às cidades que fazem parte da sua área de atuação.

Memórias da viagem

1. a 2. b 3. d 4. b 5. d 6. c

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Desafios do percurso

1. O crescimento urbano brasileiro gera algumas desigualdades, principalmente devido à falta de investimentos na rede de esgoto, na habitação, nos transportes. Essas desigualdades, aliadas à má distribuição da renda, são fatores que estimulam a violência urbana, além de outros.

2. Tanto em relação ao meio de transporte usado para deslocamento da população, quanto à dis-tância percorrida em quilômetros pelos habitantes das grandes cidades, podemos observar nos gráficos que a renda é um fator determinante. Quanto maior for a renda, menos a população anda a pé e percorre menor quantidade de quilômetros.

A causa dessas diferenças, além da distribuição da renda, é carência de meios de transporte urbano, em especial os de massa.

3. Causas dos problemas urbanos:

• Os gastos públicos são orientados para a implantação de um tipo de infraestrutura que favo-reça a expansão das atividades econômicas, como sistemas de telecomunicações modernos e grandes vias expressas;

• Especulação imobiliária etc.

Quanto às sugestões de soluções para os problemas apresentados, as respostas serão pessoais. O professor deverá avaliá-las uma a uma, de acordo com o conteúdo trabalhado no módulo e o bom senso.

Memórias da viagem

1. d 2. d 3. e 4. c

Page 210: Geografia 1 Fase

210GEOGRAFIA

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Desafios do percurso

1. Os primeiros portugueses não eram imigrantes, pois não estavam se deslocando de um país para outro: o Brasil era colônia de Portugal, pertencente ao reino português. Já os negros foram trazidos à força em navios negreiros e escravizados.

2. Podemos ver na tabela o efeito da presença branca sobre as populações indígenas, reduzidas a cerca de um décimo do contingente original; o predomínio numérico da população branca, e o crescimento considerável do número de mestiços, revelando a grande miscigenação que caracteriza a população brasileira.

3. A Região Sul é aquela que mais concentra população branca devido à imigração europeia, que povoou essa região nos séculos XIX e XX.

4. No mercado de trabalho, segundo o IBGE, a média nacional de salários mínimos foi, em 1990, de 6,3, enquanto a dos negros foi de 2,9; as mulheres brancas receberam 3,6 salários mínimos, e as negras, apenas 1,7. Um estudo da ONU sobre o Brasil referente ao mesmo ano revelou que o rendimento médio dos homens negros e pardos correspondia, a 63% e 68% respectivamente, do rendimento dos homens brancos. Os negros constituem a base da pirâmide no mercado de trabalho.

5. Resposta pessoal do aluno. É importante que você mostre na resposta que, apesar da proxi-midade física decorrente da incorporação dos negros à sociedade nacional, a distância que os separa dos outros grupos é enorme.

Memórias da viagem

1. b 2. F, V, V 3. d 4. c 5. a 6. b