Gentrificação verde em Goiânia: O papel dos parques ...
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SAKATA, Francine Gramacho, MEDEIROS, Wilton e GONÇALVES Fábio Mariz. Gentrificação verde em
Goiânia: O papel dos parques brasileiros do século XXI nas transformações urbanas. Sociabilidades Urbanas –
Revista de Antropologia e Sociologia, v2, n6, p. 137-149, novembro de 2018. ISSN 2526-4702.
DOSSIÊ
http://www.cchla.ufpb.br/sociabilidadesurbanas/
Gentrificação verde em Goiânia: O papel dos parques brasileiros do século
XXI nas transformações urbanas
Green Gentrification in Goiânia: The role of 21st century Brazilian parks in urban transformation
Francine Gramacho Sakata
Wilton Medeiros
Fábio Mariz Gonçalves
Resumo: A partir do trabalho do Laboratório Quapá – Quadro do Paisagismo no Brasil da
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, que desde 1995 faz e estuda
o sistema de espaços livres das cidades brasileiras, buscamos relacionar a criação de novos parques
urbanos com a valorização imobiliária de setores urbanos e processos de gentrificação verde.
Como estudos de caso são tomados cinco parques em Goiânia cuja criação foi articulada à intensa
verticalização do entorno. O trabalho foi desenvolvido principalmente sobre as pesquisas do
Laboratório Quapá, imagens aéreas e sobre os produtos da oficina realizada em Goiânia, tendo
sido desenvolvidos mapas para explicitar as transformações urbanas e realizadas entrevistas com
os projetistas da Prefeitura de Goiânia que participaram das obras. A maioria dos parques criados
nas grandes cidades brasileiras, nos últimos vinte anos, não atendem exclusivamente às camadas
de rendas médias e altas. Eles foram distribuídos pelo território em função das oportunidades
efetivamente encontradas, frequentemente pautadas pela disponibilidade de terrenos e pela
preservação de recursos naturais a preservar. Entretanto, os parques melhor projetados e equipados
para os usos de lazer são ainda aqueles situados nos bairros de moradia das rendas mais altas,
ainda que possam ser frequentados por moradores de bairros distantes, que buscam o equipamento
público de melhor qualidade. Alguns parques foram implantados efetivamente associados à
valorização de áreas de expansão imobiliária de alta renda. Nos casos mais recentes, a criação e
qualificação dos parques não precedeu a verticalização, mas a acompanhou. Isto sugere que o
incremento dos espaços públicos, especialmente dos parques, não precede a escolha do bairro para
a expansão da verticalização destinada às camadas de renda mais alta mas é posterior. Depois de
definidos os vetores da expansão imobiliária, é que são criados e qualificados parques públicos
para a valorização dos empreendimentos dos bairros. Palavras-chave: gentrificação verde,
parques urbanos, sistemas de espaços livres, transformações urbanas, verticalização, Goiânia
Abstract: Based on the work of the Quapá Landscaping Laboratory in Brazil of the Faculty of
Architecture and Urbanism of the University of São Paulo, which has been doing and studying the
free space system of Brazilian cities since 1995, we have tried to relate the creation of new urban
parks with real estate valuation of urban sectors and green gentrification processes. As case studies
are taken five parks in Goiânia whose creation was articulated to the intense verticalization of the
environment. The work was developed mainly based on the Quapá Laboratory research, aerial
images, the products of the workshop held in Goiânia and interviews with designers who
participated in the projects and construction of the parks. Maps were developed to explain the
urban transformations. Most of the parks created in the great Brazilian cities, in the last twenty
years, do not exclusively attend the layers of medium and high incomes. They were distributed
throughout the territory due to the opportunities effectively encountered, often based on the
availability of land and the preservation of natural resources to be preserved. However, the parks
best designed and equipped for leisure uses are still those located in the upper-income housing
districts, although they may be frequented by residents of distant neighborhoods who seek the best
quality public equipment. Some parks were deployed effectively associated with the appreciation
of areas of high-income real estate expansion. In more recent cases, the creation and qualification
of the parks did not precede the verticalization, but followed it. This suggests that the increase of
the public spaces, especially of the parks, does not precede the choice of the neighborhood for the
expansion of the verticalization destined to the layers of higher income but is later. Once the
vectors of the real estate expansion have been defined, it is that public parks are created and
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qualified for the valorization of the projects of the neighborhoods. Keywords: green
gentrification, urban parks, open space systems, urban transformations, verticalization, Goiânia
Uma nova fronteira no estudo do processo de gentrificação surgiu recentemente com a
chamada “gentrificação verde”, que representa, na atualidade, um verdadeiro dilema e
contradição para o discurso dos ativistas de defesa do ambiente. Vários autores (GOULD e
LEWIS, 2016; CROUCH, 2012; LEITE, 2010; ACSELRAD et. al. 2009; ACSELRAD, 2001)
referem que a matriz discursiva pró-sustentabilidade do planejamento municipal legitima
intervenções de regeneração urbana estruturais de limpeza e criação de amenidades
ambientais em áreas-problema da metrópole, apresentando a preocupação com o verde, a
ecologia e a qualidade de vida. Todavia, à medida que certas áreas são requalificadas
ambientalmente através da criação de parques e áreas verdes, bem como corredores
ecológicos que reforçam a estrutura verde da cidade, os valores fundiários voltam a subir, os
investidores imobiliários voltam a interessar-se por essas áreas e tiram proveito de uma rent
gap ambiental, gerando gentrificação e consequente desalojamento dos moradores de longa
data e mais desfavorecidos pelo baixo poder aquisitivo.
Entre 2000 e 2017, o número de parques urbanos no Brasil dobrou se considerarmos o
conjunto de 13 capitais brasileiras e o Distrito Federal (Tabela 1). Este conjunto contava com
205 parques até o ano 2000 e, entre 2000 a 2017, surgiram 240 novos. Este processo foi
menos significativo, em termos numéricos, em algumas grandes cidades litorâneas, como Rio
de Janeiro, Maceió, Santos, Fortaleza e Florianópolis, nas quais as orlas ainda são os grandes
parques urbanos, pela diversidade de usos sociais que são acolhidos nas praias e nos
calçadões. Contudo, houve, nestas cidades, neste período, obras de ampliação e de
requalificação dos espaços de lazer nas orlas. Vitória e Recife são exceções, que investiram na
criação de parques novos.
Nas capitais e grandes cidades do interior, como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília,
Campo Grande e Curitiba, o fenômeno foi evidente. Em Goiânia, um dos expoentes desse
processo, havia apenas três parques implantados até 1996, em 2016, já contava com 42
parques e bosques equipados abertos à população, do total de 190 áreas reservadas para essa
finalidade que ainda não foram convertidas em parques públicos.
MUNICÍPIO população
censo 2000
parques até
2000
população estimada em 2017
parques acresc.
2000-2017
total de parques em 2017
SÃO PAULO 10.434.252 40 12.106.920 76 116
BELO HORIZONTE 2.238.526 29 2.523.794 33 62
GOIÂNIA 1.093.007 3 1.466.105 39 42
DISTRITO FEDERAL
2.051.146 21 3.039.444 12 33
VITÓRIA 292.304 8 363.140 5 13
CURITIBA 1.587.315 30 1.908.359 22 52
CAMPO GRANDE 663.621 4 874.210 13 11
MANAUS 1.405.835 1 2.130.264 13 14
RECIFE 1.422.905 9 1.633.697 5 14
RIO DE JANEIRO 5.857.904 30 6.520.266 12 42
SALVADOR 2.443.107 9 2.953.986 3 12
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FORTALEZA 2.141.402 6 2.627.482 2 8
BELÉM 1.280.614 4 1.452.275 2 6
PORTO ALEGRE 1.360.590 11 1.484.941 3 13
TOTAL 34.272.528 205 38.561.089 240 438
Tabela 1: Parques existentes até 2000 e criados entre 2000-2017. Fonte: SAKATA, 2018.
O levantamento dos parques, junto às prefeituras e in loco foi feito por SAKATA
(2018) no âmbito da pesquisa do Laboratório Quapá – Quadro do Paisagismo no Brasil,
sediado na FAUUSP e coordenado pelos professores Silvio Macedo e Eugenio Queiroga. Ao
mapear os parques urbanos, percebeu-se que os parques criados entre 2000-2017 não são mais
criados apenas em bairros centrais e de renda mais alta. No início do século XX, o parque
urbano tinha a função de embelezamento urbano e de ponto de encontro e lazer da elite.
Conforme a urbanização se intensificava, os parques foram adotados como equipamento para
a provisão de lazer e recreação das crescentes massas urbanas. Perto do final do século, eles
continuavam sendo criados somente em bairros tradicionalmente habitados por classes de
rendas mais altas ou em áreas de expansão urbana destas mesmas classes, associados aos
interesses imobiliários e políticos mas, a partir dos anos 1980, o poder público, em cidades
como São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba, passa a criar parques para a provisão de lazer em
bairros de moradia de população de rendas médias. Ao longo dos anos 1990 e 2000, esta
tendência se estabeleceu também em outras capitais. (SAKATA, 2018)
A redemocratização e a necessidade de captar votos têm papel na ampliação do
atendimento às demandas dos mais pobres e no tratamento de espaços públicos nas periferias
urbanas. Empenhados em realizar obras que aparecessem para o eleitor e conquistar camadas
tradicionalmente não atendidas por espaços públicos tratados, muitos governantes se
dispuseram a asfaltar ruas, abrir avenidas e também a requalificar praças e implantar parques.
Além do uso das obras públicas na periferia por interesses políticos, os parques se
proliferaram no contexto da nova legislação ambiental. Muitas vezes foram feitos como meio
de preservação de recursos naturais existentes, outras vezes para cumprir, simultaneamente,
os papéis de conservação de recursos, provisão de espaços de lazer e esporte e valorização
urbana. (SAKATA, 2011).
Gentrificação verde: breve revisão do conceito
A conceituação de gentrification encontra sustentação na leitura transdisciplinar de
amplos processos sociais que produzem e reproduzem a desigualdade na sociedade, sendo que
a gentrificação verde refere-se a um subconjunto da gentrificação urbana, resultante de
discursos ambientais. (GOULD e LEWIS, 2016: 4). Inseridos no marketing urbano, projetos
ecológicos ou sustentáveis muitas vezes fazem disparar a valorização das propriedades locais,
valorizando substancialmente todo o território, como no caso do High Line Park, de Nova
Iorque.
O termo gentrification foi cunhado por Ruth Glass, em 1964, na obra Aspects of
change. A autora então reivindicava justiça social nas políticas públicas londrinas, em
decorrência da elitização dos bairros, bem como também da guetificação na condição de
moradia das camadas populares. No Brasil, Leite (2010) emprega o termo “enobrecimento”
neste espectro de produção sociológica, transdisciplinar e de justiça ambiental.
Para TORRES (2016), não há dúvida de que casos com o Parque Madureira no Rio de
Janeiro, e o Parque do Minhocão em São Paulo, são objetos de estudo que se enquadrariam
nesse quadro teórico metodológico, bem como outros inúmeros casos, no Brasil e em outros
territórios. Nesta matriz teórico-conceitual inaugurada por Glass (1964) e reforçada por Smith
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(1979), o abandono ou degradação de áreas com infraestrutura ou estoque de imóveis, ou até
riscos ambientais, as torna potenciais alvos das indústrias imobiliárias e culturais.
A noção de “justiça ambiental” veio a ser cunhada com vistas a um quadro de vida
futuro, no qual a dimensão ambiental da injustiça social seja superada (ACSELRAD et al,
2009), resultando, portanto, em projetos de sustentabilidade urbana.
Complementando este quadro teórico, como os casos de green gentrification citados
adiante são irremediavelmente associados a corpos d‟água, é pertinente citar Swyngedouw
(2001: 100) ao dizer que, nas cidades do terceiro mundo, as elites aglomeram-se em torno de
ilimitados acessos à água, distinguindo-se culturalmente por classe e gênero, transformando a
água em capital cultural e de poder – e de expectativa de vida significativamente maior. Não
se tratam aqui de orlas marítimas mas são lagos com um potencial paisagístico e simbólico.
Motivações para a criação de parques
Em Salvador, um conjunto de parques multicoloridos foi feito nos anos 1990, em
paralelo com a intervenção no Pelourinho, em1993. Nos projetos foram usados corrimõess de
inox e vistosas coberturas de lonas brancas. Os parques se distribuíam no percurso entre o
Pelourinho e o aeroporto, no sentido da orla do Atlântico – mais valorizada pelas elites do que
a orla da Baía de Todos os Santos. As principais motivações para estas orbas eram a
propaganda turística e a representação do poder político no espaço da cidade.
Em Curitiba, os primeiros parques foram feitos, segundo técnicos do planejamento
local, como uma forma de prevenir enchentes. Com o tempo, passaram a ser muito
frequentados e foram apresentados como símbolos de qualidade de vida, o que ajudaria a
cidade a atrair indústrias e trabalhadores qualificados. Depois do Bosque do Papa (1980), os
parques foram feitos sempre com modo temático, chegando a um por ano. Todos na zona
norte de Curitiba, têm relação com o mercado imobiliário: além de impedir a ocupação por
favelas e a desvalorização das terras, seus terrenos – especialmente os últimos deste conjunto
de parques dos anos 1990 – foram negociados com empreendedores locais. Cedia-se a área de
preservação em troca da valorização das terras vizinhas para empreendimentos. Havia o
entendimento de que os proprietários não poderiam ser penalizados em relação à preservação
ambiental ou não colaborariam com ela quando preciso (SAKATA, 2011).
Até os anos 2000, predominavam no Brasil, como investidores imobiliários, as
famílias proprietárias de terras e aqueles com quem se associavam. As elites locais
coordenavam as incorporações, construções e vendas. A partir deste período, surgem grandes
empresas com capital na bolsa de valores, que haviam captado crédito de fundos públicos,
projetando-se nacional e internacionalmente. Ocorreu uma significativa mudança de escala no
capital imobiliário. A crise fiscal do Estado, associada à reestruturação da apropriação do
dinheiro em circulação no sistema financeiro mundial, implicou na inflexão do
reconhecimento de direitos e na oferta estatal de bens e serviços públicos. Caminhava-se para
a distribuição universalizada das políticas públicas, mas o jogo se inverteu: o orçamento
público e os fundos financeiros do Estado deixavam de ser responsáveis pelo bem-estar da
população, limitando-se a atender demandas localizadas e ao fomento da economia de
mercado (ROYER, 2009).
A criação de parques públicos não deixou de ser entendida como papel do poder
público, mas já não havia recursos financeiros disponíveis para isto nos orçamentos e fundos
do Estado. Foi, entretanto, um período de prosperidade econômica, com créditos públicos
para construção e compra de imóveis e expansão do mercado imobiliário privado. A expansão
dos parques está relacionada a este processo e foi viabilizada de duas formas:
• em terrenos próximos de grandes empreendimentos residenciais e comerciais, com
recursos dos empreendimentos – como ações de compensação ambiental que, ao mesmo
tempo, valorizavam os imóveis para a venda;
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• em bairros periféricos, fora do eixo de expansão imobiliária, com recursos de termos
de compensação de shopping centers, torres comerciais ou mesmo de obras públicas de
infraestrutura, transferidos para fundos públicos.
A municipalidade passou a capturar recursos da iniciativa privada através de Termos
de Compromisso Ambiental (TCA) e de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC).
Recursos estes que o próprio poder público havia repassado às grandes empresas do setor na
forma de crédito. Isto financiou a criação de parques e de obras viárias de diversos portes no
entorno dos empreendimentos.
Até 2013 a economia brasileira se manteve crescendo, com baixo desemprego e baixa
inadimplência, e a liberação do crédito imobiliário se expandiu. Mas, neste mesmo ano, a
demanda começa a cair, situação que se agravou em 2015, com a retração da demanda, dos
créditos, de todo o setor. A partir de então, a criação de novos parques também retraiu
(SAKATA, 2018).
Entre a vontade de criar um parque e a sua inauguração, muitos recursos e articulações
são necessários. Para que obras complexas sejam concluídas a tempo de serem inauguradas,
secretarias e concessionárias de serviços públicos precisam trabalhar integradas. Os gabinetes
de prefeitos e governadores precisam comumente estar diretamente envolvidos para vencer a
falta de articulação. Isso tudo depois de resolvida a questão da propriedade ou da posse da
terra.
No Distrito Federal o Programa Brasília, Cidade Parque, criado em 2011 pela
Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), também contou com verbas de
compensações ambientais. Teve como meta construir 72 parques ecológicos, que foram
demarcados. Ocorreram muitos investimentos, contudo, dos 72 parques, apenas cerca da
metade chegaram a ter condições de uso.
Nem todos os recursos de compensação provêm de empreendimentos privados.
Metade das compensações ambientais relacionadas aos parques em São Paulo originou-se
pelo licenciamento de obras do próprio poder público, sobretudo obras viárias, canalizações e
instalação de infraestrutura urbana. Assim, os recursos para parques são em boa parte
provenientes do próprio poder público, que os havia destinado para infraestrutura. Em
consequência da supressão de árvores, os recursos são transferidos para o sistema de espaços
livres.
Sem orçamentos ou fundos públicos para parques, os representantes do poder público
foram guiados a atrair recursos financeiros que estavam nas mãos de empresas privadas ou
fundos para financiar suas ações. As intervenções do poder público passaram a se caracterizar,
cada vez mais, como ações pontuais, que se concretizam pela combinação do apoio político
com o „aproveitamento‟ de uma lei, norma ou verba. A realidade é operada no possível, no
atendimento das questões mais imediatas, no aproveitamento dos recursos momentaneamente
disponíveis. A impossibilidade de atender amplas demandas da população e a necessidade de
capturar recursos levam a concluir que, no período entre 2000 e 2015, a expressão mais
apropriada para o trabalho dos prefeitos e secretários é gestão de oportunidades (SAKATA,
2018).
Por todo o país a criação de parques foi vinculada às oportunidades, seja na forma de
obter terras ou capital humano e financeiro. Os recursos de compensações ambientais ou
parcerias com empreendimentos residenciais privados e públicos foram o expediente mais
comum para implantar parques. Isto, por si, não é um fato ruim. Sendo os parques úteis para a
sociedade, no presente ou no futuro, criá-los com recursos circulantes captados do mercado
imobiliário terá sido uma justa ação redistributiva da renda.
A maior parte dos parques foi concebida e gerida pelo poder público, mas houve
parques concebidos e geridos por empreendedores imobiliários, o que desonera a máquina
pública e pode ser vantajoso para todos. Foi visto, ainda, o caso dos parques de mineradoras,
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concessionárias de água, e há outros de grandes empresas, cuja atividade impacta o meio
ambiente, como forma de compensação e propaganda.
Entre 2000 e 2017, foram criados 240 parques nas capitais apresentadas na Tabela 1,
sem considerar as intervenções qualificadoras nas orlas marítimas. Deste total de parques, 83
% foram criados para preservação ambiental e provisão de lazer, incluindo os casos com
remoção de moradias que envolvem a questão habitacional. Há uma parcela de parques nas
cidades que foi destinada apenas à preservação, como forma de conter a ocupação,
especialmente no Rio de Janeiro e no Distrito Federal e que tem visitação restrita, das quais
identificamos 17 mas é possível que sejam mais e que representam 7% em quantidade, mas
têm as áreas mais signiticativas. Identificamos 10 parques (4%) associados diretamente à
promoção de empreendimentos imobiliários em áreas de expansão deste mercado – ainda que
parte maior tenha sido feita em parceria com construtoras e se preste à valorização da terra.
Seis parques (cerca de 2,5%) tiveram ênfase na provisão de lazer sem fins ambientais; quatro
estiveram fortemente ligados à promoção da cidade com fins turísticos; e quatro como
propaganda de empresas. Das ações relacionadas a parques, 97,5% se apropriaram do discurso
ambiental, que serviu para garantir a reserva da terra, ou a obtenção de recursos, ou
simplesmente o aumento da aceitação, da visibilidade nas propagandas imobiliárias ou
políticas. (Gráfico 1)
Gráfico 1: Parques implantados entre 2000-2017, por motivação. Fonte: SAKATA, 2018.
Em relação às localizações, os novos parques foram distribuídos pelo território em
função das oportunidades efetivamente encontradas, frequentemente pautadas pela
disponibilidade de terrenos e pela preservação de recursos naturais a preservar. Entretanto, os
parques melhor projetados e equipados para os usos de lazer são ainda aqueles situados nos
bairros de moradia das rendas mais altas (PEDROSO, 2011), ainda que possam ser
frequentados por moradores de bairros distantes, que buscam o equipamento público de
melhor qualidade.
Parques criados para valorização imobiliária
O Regent´s Park, de Londres, é o primeiro caso de parque público associado à venda
de imóveis de alta renda no entorno. Nos Estados Unidos, o Central Park não foi pago por
empreendimentos a ele associados, mas favoreceu muito a ocupação dos bairros ao redor. A
obra recebeu críticas pelos custos exorbitantes mas desde o início o parque foi muito
frequentado pela população e promoveu as vendas ao seu redor. O padrão dos apartamentos é mais luxuoso nas quadras ao longo do parque, diminuindo conforme aumenta a distância
(PANZINI, 2013).
Os parques parisienses à margem do rio Sena, La Villette (1987), André-Citröen
(1992) e Bercy (1993), são os elementos centrais de operações urbanas de grande
envergadura. Ao mesmo tempo em que projetam a imagem de uma cidade inovadora e
economicamente forte, reestruturaram áreas industriais antigas, próximas dos limites da
cidade, transformando-as em bairros agradáveis e valorizados, com funções residenciais,
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comerciais e de serviços. Estes parques são feitos para oferecer aos bairros vizinhos espaços
atrativos de lazer, recreação e uma nova identidade, que contribua para sua valorização
(SERPA, 2004). Uma nova operação urbana nos mesmos moldes inaugurou, em 2007, o
primeiro trecho de outro parque, concluído em 2017: o Parc Clichy-Batignolles Martin Luther
King, no limite noroeste de Paris.1 Esses parques são intervenções planejadas no sistema de
espaços públicos urbanos, que dão continuidade ao trabalho de Haussmann no século XIX. Os
imensos canteiros de obras que se estabelecem são administrados por sociedades de economia
mista, que articulam a prefeitura ou o estado francês ao capital privado. São operações que
representam ganhos para o grande capital e o governo e também incrementam a paisagem da
cidade.
Caso similar ao Central Park, o Parque do Ibirapuera, em São Paulo, foi feito em área
de expansão urbana e, nos anos 2000, os lançamentos de apartamentos mais caros de São
Paulo foram vendidos nas suas proximidades. O empreendimento The Place, em torno do
parque, lançado em 2010, tem duas torres de 33 andares e apartamentos com quatro
dormitórios e de cinco a oito vagas para automóveis. As unidades de 470 m² têm valor
estimado, em 2017, entre R$ 9 e R$ 12 milhões2. Os valores maiores correspondem aos
apartamentos mais altos, com a vista mais nobre da cidade.
Há acordos de muitos tipos entre o poder público e os empreendedores privados. Há
parques públicos concebidos junto com o empreendimento e que são, cada vez mais, pagos
pelas construtoras e utilizados na propaganda como símbolo da qualidade de vida do bairro.
Nas cidades brasileiras, a imagem simbólica da classe do bairro é muito importante. Garantir
que o bairro seja tão nobre quanto os empreendimentos é um esforço dos empreendedores.
Em São Paulo, o Parque Burle Marx é fruto de acordo dos loteadores com a Prefeitura, que
viabilizou o restauro de jardins que ali havia, projetados por Burle Marx, convertendo a área
em parque público. Quem o mantém, a partir de recursos provenientes de eventos, venda de
produtos, direitos de imagem, estacionamento, projetos e doações, é a Fundação Aron
Birmann, uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP).
O Parque Jardim das Perdizes (2013) é um caso mais recente. Houve um concurso
para o desenho urbano da Barra Funda e os vencedores previam edifícios de poucos andares,
o que não interessou aos empreendedores, que aprovaram a proposta do parque público,
desenhado com um formato alongado, e as torres ao redor. (Figura 1)
Figura 1: Jardim das Perdizes, em São Paulo. Fonte: Terra Urbanismo/ Helio Mitica.
Nos casos dos parques recentes criados em vizinhanças de rendas mais baixas, o
impacto no preço dos imóveis no entorno não parece ser relevante. Isto pode ser atribuído ao
fato de serem em geral parques simples, pouco conhecidos pelos moradores mesmo de bairros
próximos e de manutenção nem sempre garantida e constante. Mesmo quando o parque é
2https://123i.uol.com.br/condominio-2bcd94d2b.html, valor de estimativa médio atualizado em
07/11/2017.
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feito com alta qualidade, como é o caso do Parque Madureira, no Rio de Janeiro, o impacto
sobre o valor dos imóveis na vizinhança não se traduziu em novos empreendimentos. Em
bairros de rendas médias e altas, os parques recentes também não tenderam a anteceder a
expansão imobiliária. Eles foram criados ou qualificados depois que estes pontos da cidade
foram escolhidos pelo mercado imobiliário para a camadas de rendas mais altas.
A relação entre os parques urbanos e as novas frentes de desenvolvimento imobiliário
ficou muito clara em Goiânia, mais do que em qualquer cidade analisada. A verticalização de
alto padrão com gabaritos expressivos, extrapolando os 40 andares, ocorreu em torno dos
parques Lago das Rosas, Buritis, Vaca Brava, Flamboyant, Areião e Cascavel.
Verticalização em torno de parques em Goiânia
Este processo foi muito intenso a partir de 2002 e se deu em curto período de tempo.
Os novos parques foram projetados e feitos com mão-de-obra da Prefeitura e recursos de
empreendedores. Não eram projetos caros, mas resolviam bem a estruturação dos espaços. Os
parques foram entregues sem cercamentos, tendo as águas como pontos focais e sempre com
amplos gramados para o lazer. Os parques valorizaram os imóveis, como é usual nos bairros
de elite, e tendem a ter manutenção adequada, porque a vizinhança assim exige.
Em Goiânia, mais de 190 áreas foram decretadas parques nos últimos vinte anos,
especialmente APPs. Até 2015, 42 foram tratadas para o uso público (SAKATA, 2018).
(Mapa 1). Apenas entre os anos de 2002 e 2007, foram feitos 15 destes 42 parques. A
prefeitura usou-os na propaganda oficial: “Goiânia, a capital brasileira com melhor qualidade
de vida”.3 Prefeitura e empreendedores imobiliários uniram-se para implantar parques que
poderiam alavancar os lançamentos residenciais de alto padrão nos setores ao sul da cidade e,
assim, foram feitas parcerias para a criação de parques. Os cinco parques associados à em que
a verticalização de alta renda em seu entorno localizam-se em um vetor específico. (Mapa 2)
Mapa 1: Parques de Goiânia e as quadras verticalizadas. Em verde escuro, os parques anteriores a 2000 e, em
verde claro, os parques entregues a população entre 2000 e 2017. Fonte: Francine Sakata e Caroline Ribeiro,
2018.
3Disponível em: <http://www4.goiania.go.gov.br/portal/goiania.asp?s=2&tt=con&cd=1265>. Acesso em:
01/02/2018.
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Mapa 2: Parques associados à em que a verticalização de alta renda 1. Lago das Rosas; 2. Bosque dos Buritis; 3. Vaca Brava; 4. Areião; 5. Flamboyant. Fonte: Francine Sakata e Caroline Ribeiro,
2018.
O primeiro projeto da equipe da prefeitura envolvida neste processo, coordenada pela
arquiteta Yara Hasegawa, foi o Parque Vaca Brava, em área de expansão imobiliária, o Setor
Bueno. Situado em área prevista pela Lei Orgânica do município como de adensamento,
desde o final dos anos de 1980, passou-se a exigir como urgente a requalificação do terreno
do parque. Como fruto de Termo de Ajuste de Conduta (TAC) na construção do Buriti
Shopping que invadiu a área de proteção do córrego homônimo, nos anos de 1990, surgiu
propriamente o parque: Fizeram-se caminhos, bancos, lixeiras, parques infantis e a estação de
ginástica adicional. A fiação elétrica foi executada de forma subterrânea e ampliou-se a
capacidade do sistema de drenagem das ruas do entorno, pois se trata de fundo de vale. Um
trecho do sistema viário, que não tinha utilidade, foi anexado ao parque, aumentando-o. O
parque foi entregue aberto, isto é, sem cercamento. Este conjunto de práticas se tornou
referência para os projetos seguintes. (Figura 2)
Figura 2: O Parque Vaca Brava (2005) é adjacente ao Goiânia Shopping. Ambos se complementam como
equipamentos de lazer. Foto: Francine Sakata, 2015.
A equipe de funcionários da prefeitura efetuou inicialmente o levantamento das áreas e
o plano de ação. Assim, quando a Secretaria de Meio Ambiente se tornou agência, a AMMA,
houve condições para a implantação sequencial de parques, uma vez que os técnicos tiveram
mais autonomia financeira sobre o fundo que recebia os recursos de TACs, pagos pelos
empreendimentos que geram impactos no meio ambiente.
A população, quando solicitava parques à prefeitura, pedia que fossem sempre abertos,
como o Parque Vaca Brava, em oposição aos parques Areião, Buritis e Lago das Rosas,
cercados ou parcialmente cercados. (Figura 3)
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Figura 3: Lago das Rosas. Foto: Silvio Macedo, 2015.
Os parques mais bem equipados ficam na Zona Centro-Sul, mas há parques em todas
as regiões. Essa tipologia urbana proliferou-se de uma tal forma, que mesmo os mais diversos
loteamentos passaram a incluir parque em seus projetos como ícone para alavancar e
qualificar as vendas.
Por outro lado, os parques feitos em vizinhanças mais modestas não eram repercutidos
pela mídia, ainda que impactassem o entorno. As intervenções que ganharam mais destaque
foram as das áreas de maior poder aquisitivo. Isso tem a ver com o tipo de visibilidade que se
quer recortar como “imagem da cidade”. Entre todos os parques implantados no período, o
Parque Flamboyant (figura 4) se tornou o novo paradigma da mescla das parcerias público-
privadas para criação de parques para Goiânia, envolto por torres de apartamentos de 30 e 40
andares.
Figura 4: Verticalização em torno do Parque Flamboyant (bosque formado ao fundo). Foto: Mateus Oliveira,
2015.
Trata-se, portanto, não apenas de um fenómeno de construção do city marketing, mas
da incorporação de uma “cultura de morar”. Esta, constituindo-se no e a partir do sistema de
espaços livres, ou seja, praças, avenidas, rotatórias e parques, incidindo neste último o
principal foco de complexificação tipológica contemporânea.
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As figuras 5, 6 e 7 mostram os Parques Vaca Brava, Areião e Flamboyant
respectivamente em 2002 e 2018. Em 2002 predominavam as quadras com construções
horizontais.
Figura 5: Parque Vaca Brava em 2002 e 2018. Fonte: Google Earth.
Figura 6: Parque Areião em 2002 e 2018. Fonte: Google Earth.
Figura 7: Parque Flamboyant em 2002 e 2018. Fonte: Google Earth.
Pelo aspecto dos novos edifícios, deduz-se que em torno destes parques em Goiânia
houve a substituição dos moradores por outros, de maiores rendas.
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Considerações finais
No grupo de pesquisa Quapá-SEL, parte-se da premissa de que os sistemas de espaços
livres das cidades correspondem à infraestrutura urbana, da mesma forma que a distribuição
de energia, drenagem de águas pluviais, moradia social, transporte e escolas. As vias – ruas e
avenidas – são os principais espaços livres urbanos, suportes das redes de energia, drenagem,
transporte etc. Como áreas de lazer, recreação, esporte e descanso, os parques são parte desse
sistema, cumprindo importantes funções ambientais como a conservação da vegetação;
contribuem na retenção e infiltração das águas das chuvas; e contribuem para a regulação do
microclima. Mas, ao estudar a produção de parques no Brasil entre 2000 e 2015, observa-se
que os parques, em bairros de altas rendas, são fator de valorização imobiliária e melhoria da
qualidade de vida, como também, nas periferias e bordas urbanas, podem gerar problemas de
gestão, manutenção e segurança para o poder público.
É positivo associar o desenvolvimento imobiliário com o planejamento e a
qualificação de espaços livres. Em Goiânia este arranjo foi mais bem sucedido que em outras
cidades e ocorreu de forma significativa nos setores de expansão de alta renda, com parques
sem fechamentos e muito apropriados pela população em geral, de extratos de renda variados,
para atividades típicas de parques urbanos. Além da vegetação e dos equipamentos de lazer, a
presença dos lagos, foi fator de atração imobiliária, representando, simbolicamente, o domínio
do acesso à água.
Para VIANA (2017), o verdadeiro problema do processo de gentrificação não é o
processo em si, mas suas consequências, que são invariavelmente ignoradas. Este caso não
foge a esta regra: não há dados sobre a relocação dos antigos moradores nem as relações
sócio-espaciais preexistentes foram consideradas. A transformação urbana, tanto das
tipologias urbanas quanto da população, foi vultosa e rápida. Podemos apenas apontar que os
parques, por serem públicos, são espaço para o estabelecimento de novas relações sociais.
A pesquisa que vem sendo desenvolvida no âmbito do Quapá-SEL sugere que o
incremento dos espaços públicos, especialmente dos parques, não precede a escolha do bairro
para a expansão da verticalização destinada às camadas de renda mais alta, mas é posterior.
VILLAÇA (2001) afirmou que a infraestrutura é instalada depois de definidos os vetores da
expansão imobiliária. Assim, concluímos, com Villaça, que os parques são criados e
qualificados, para o incremento e valorização da imagem e dos empreendimentos dos bairros
depois que estes foram escolhidos para expansão das camadas de rendas mais altas.
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