General Gomes Freire d'Amdrade
-
Upload
emanuel-loureiro -
Category
Documents
-
view
216 -
download
2
description
Transcript of General Gomes Freire d'Amdrade
General Gomes Freire d’Andrade
Ilustrações de Emanuel Loureiro a partir da obra
«Felizmente há luar» de Luís Sttau Monteiro
Novembro de 2011
11
Nota Bibiográfica
Nasceu em Lisboa, em 3 de Abril de 1926.Aos 13 anos foi viver para Londres, onde seu pai desempenhava as funções de embaixador. O tempo que aí passou terá condicionado muitos aspectos da sua formação estética e literária.Nesses anos, viveu de perto a tragédia da Segunda Guerra Mundial.De regresso a Portugal, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, tendo exercido, por um breve período de tempo, a advocacia.Publicou o seu primeiro romance em 1960, Um Homem Não Chora.Em 1961, publica-se Angústia para o Jantar, que o colocou, desde logo, num lugar de relevo no panorama da literatura portuguesa. Desse mesmo ano é também a peça Felizmente Há Luar!, que revelou um dos mais notáveis dramaturgos das nossas letras.Foi-lhe atribuído, em 1962, o «Grande Prémio de Teatro».Por várias vezes, foi preso pela PIDE, devido ao cunho irreverente que impôs à sua obra.Fez parte do conselho redactorial de «A Mosca», suplemento do Diário de Lisboa, onde se celebrizou pela criação da irreverente figura da Guidinha.Trabalhou em publicidade e escreveu, também, sobre gastronomia, com o pseudónimo de Manuel Pedrosa.Foi jornalista e colaborador regular de várias publicações - Diário de Lisboa, Se7e, O Jornal, Expresso.
11
Nota Bibiográfica
Nasceu em Lisboa, em 3 de Abril de 1926.Aos 13 anos foi viver para Londres, onde seu pai desempenhava as funções de embaixador. O tempo que aí passou terá condicionado muitos aspectos da sua formação estética e literária.Nesses anos, viveu de perto a tragédia da Segunda Guerra Mundial.De regresso a Portugal, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, tendo exercido, por um breve período de tempo, a advocacia.Publicou o seu primeiro romance em 1960, Um Homem Não Chora.Em 1961, publica-se Angústia para o Jantar, que o colocou, desde logo, num lugar de relevo no panorama da literatura portuguesa. Desse mesmo ano é também a peça Felizmente Há Luar!, que revelou um dos mais notáveis dramaturgos das nossas letras.Foi-lhe atribuído, em 1962, o «Grande Prémio de Teatro».Por várias vezes, foi preso pela PIDE, devido ao cunho irreverente que impôs à sua obra.Fez parte do conselho redactorial de «A Mosca», suplemento do Diário de Lisboa, onde se celebrizou pela criação da irreverente figura da Guidinha.Trabalhou em publicidade e escreveu, também, sobre gastronomia, com o pseudónimo de Manuel Pedrosa.Foi jornalista e colaborador regular de várias publicações - Diário de Lisboa, Se7e, O Jornal, Expresso.
)
UU
L L
V/ /
V/ /
l
S
Herói
2 3
Antigo Soldado Onde aparecia o regimento de Gomes Freire não faltavam
raparigas!
Uma Voz E ele?
Antigo Soldado Ele?
Outra VozO general, homem...
Antigo Soldado Um amigo do povo!
Um homem às direitas! Quem fez aquele não faz outro igual...
)UU
L L
V/ /
V/ /
lS
Herói
2 3
Antigo Soldado Onde aparecia o regimento de Gomes Freire não faltavam
raparigas!
Uma Voz E ele?
Antigo Soldado Ele?
Outra VozO general, homem...
Antigo Soldado Um amigo do povo!
Um homem às direitas! Quem fez aquele não faz outro igual...
VVMI I
)) )
) ))))
)))))) ) )
Brilhante
4 5
MatildeUm dia entrou um homem na minha vida.
Entrou de tal forma, senhor, que tomou posse dela. À minha volta começaram a ruir paredes. As coisas, tal como ele as via e mas mostrava, começaram, de repente, a perder a sua pequenez e cheguei a Deus, senhor, cheguei a Deus, por compreender a
grandeza da sua obra!(...) Vivi com ele os anos mais felizes da minha vida. Olhando para
trás, parece-me que nunca conheci outro viver.Se alguém teve tudo, esse alguém fui eu!
VVMI I
)) )
) ))))
)))))) ) )
Brilhante
4 5
MatildeUm dia entrou um homem na minha vida.
Entrou de tal forma, senhor, que tomou posse dela. À minha volta começaram a ruir paredes. As coisas, tal como ele as via e mas mostrava, começaram, de repente, a perder a sua pequenez e cheguei a Deus, senhor, cheguei a Deus, por compreender a
grandeza da sua obra!(...) Vivi com ele os anos mais felizes da minha vida. Olhando para
trás, parece-me que nunca conheci outro viver.Se alguém teve tudo, esse alguém fui eu!
OOI~~I II II Io o
VJusto
6 7
MatildeO meu homem! O meu homem, que nunca lutou com gente desta... metido numa masmorra, ele,
que se bateu sempre em campo aberto... Preso como um cão...
(...)Era capaz de comer galinha todos os dias, mas não gostava de canja. Gostava dela assada, no
forno...
OOI~~I II II Io o
VJusto
6 7
MatildeO meu homem! O meu homem, que nunca lutou com gente desta... metido numa masmorra, ele,
que se bateu sempre em campo aberto... Preso como um cão...
(...)Era capaz de comer galinha todos os dias, mas não gostava de canja. Gostava dela assada, no
forno...
l l
l
)
)) )
) ) ) ))) ) ))
CC
CC
CC
CC
CC
CC
))l l(
Humilde
8 9
MatildeA nossa vida não foi fácil… Um dia - lembro-me tão bem" - vendeu duas medalhas, em Paris, porque não tínhamos um
vintém em casa...Sabe o que ele fez com o dinheiro? Comprou-me
uma saia verde. Disse-me que era para quando voltássemos a Portugal...
l l
l
)
)) )) ) ) ))) ) ))
CC
CC
CC
CC
CC
CC
))l l(
Humilde
8 9
MatildeA nossa vida não foi fácil… Um dia - lembro-me tão bem" - vendeu duas medalhas, em Paris, porque não tínhamos um
vintém em casa...Sabe o que ele fez com o dinheiro? Comprou-me
uma saia verde. Disse-me que era para quando voltássemos a Portugal...
OO OC LLL . .
) )
l l
Q
Esperançado
10 11
Matilde"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça porque deles é o reino de
Deus." O vosso credor Gomes Freire d’Andrade está
numa masmorra por amor da justiça e quer saber o que fizestes, senhor, para reconhecer o seu
direito a esse amor! (...)
Frei Diogo Se há santos, Gomes Freire é um deles...
OO OC LLL . .
) )
l l
Q
Esperançado
10 11
Matilde"Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça porque deles é o reino de
Deus." O vosso credor Gomes Freire d’Andrade está
numa masmorra por amor da justiça e quer saber o que fizestes, senhor, para reconhecer o seu
direito a esse amor! (...)
Frei Diogo Se há santos, Gomes Freire é um deles...
VO
D DDO(
l
((UUUU
Q
Q
Q
Q
V..
Lutador
12 13
RitaAh! Senhora, se o general estivesse aqui esta noite, levava-nos
com ele até ao fim do mundo!(...)
Mas o general está preso em S. Julião da Barra e nós... estamos presos à nossa miséria, ao nosso medo, à nossa ignorância.
VOD DDO
(
l
((UUUUQ
Q
Q
Q
V..
Lutador
12 13
RitaAh! Senhora, se o general estivesse aqui esta noite, levava-nos
com ele até ao fim do mundo!(...)
Mas o general está preso em S. Julião da Barra e nós... estamos presos à nossa miséria, ao nosso medo, à nossa ignorância.
Oll
L( (
(
(
D Do o
l lll
((~~~~Idolatrado
14 15
D. Miguel Falo do general Gomes Freire de Andrade.
VicenteSou um homem do povo Excelência... Tenho o general Gomes
Freire na conta em que o povo o tem.
D. MiguelE em que conta o tem o povo?
VicenteExcelência: Se pusermos de parte a pessoa d’el Rei e a vossa, a
ninguém tem o povo mais amor do que ao primo de V. Excelência. Soldado distinto, súbdito fiel... Em ninguém põe o
povo mais esperança que no general...
OllL( (
(
(
D Do ol lll
((~~~~Idolatrado
14 15
D. Miguel Falo do general Gomes Freire de Andrade.
VicenteSou um homem do povo Excelência... Tenho o general Gomes
Freire na conta em que o povo o tem.
D. MiguelE em que conta o tem o povo?
VicenteExcelência: Se pusermos de parte a pessoa d’el Rei e a vossa, a
ninguém tem o povo mais amor do que ao primo de V. Excelência. Soldado distinto, súbdito fiel... Em ninguém põe o
povo mais esperança que no general...
16 17
Índice
Herói pág. 2Brilhante pág. 4Justo pág. 6Humilde pág. 8Esperançado pág. 10Lutador pág. 12Idolatrado pág. 14
16 17
Índice
Herói pág. 2Brilhante pág. 4Justo pág. 6Humilde pág. 8Esperançado pág. 10Lutador pág. 12Idolatrado pág. 14
560 esdjgfa 2011 emanuel loureiro 12D
Gomes Freire: homem instruído, letrado, um militar que sempre lutou em prol da honestidade e da justiça. É também o símbolo da modernidade e do progresso, adepto das novas ideias liberais e, por isso, considerado subversivo e perigoso para o poder instituído. Assim, quando é necessário encontrar uma vítima que simbolize uma situação de revolta que se adivinha, Gomes Freire é a personagem ideal. Ele é o símbolo da luta pela liberdade, da defesa intransigente dos ideais, daí que a sua presença se torne incómoda não só para os "reis do Rossio", mas também para os senhores do regime fascizante dos anos 60. A sua morte, duplamente aviltante para um militar (ele é enforcado e depois queimado, quando a sentença para um militar seria o fuzilamento), servirá de lição a todos aqueles que ousem afrontar o poder político.