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Genealogia da Família Monge Moinho das Tordesilhas na Ribeira do Chança Era o moinho do nosso avô Francisco Vasquez Monge Hidalgo (1800-1867) Do outro lado é Espanha com o “Camiño del Molino” até Paymogo Aldeia Nova de S. Bento 2011

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Genealogia da

Família Monge

Moinho das Tordesilhas na Ribeira do Chança

Era o moinho do nosso avô Francisco Vasquez Monge Hidalgo (1800-1867)

Do outro lado é Espanha com o “Camiño del Molino” até Paymogo

Aldeia Nova de S. Bento 2011

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Símbolos utilizados:

* Nasceu ~ Cerca de b. Baptizado s.g. Sem geração + Faleceu ANB Aldeia Nova de S. Bento

Introdução

Pelo Natal de 2009, em conversa com meu irmão David e na sequência de um trabalho que estávamos a fazer e que consistia em digitalizar e identificar antigas fotos de família, comentávamos também estar fartos de encontar Monges que não sabíamos quem eram. Quando os questionávamos sobre a nossa relacção íamos sempre dar ao mesmo: Os seus pais ou avós eram de Aldeia Nova de S.Bento ou Ficalho.

Apenas sabíamos o pouco que nossa mãe nos contara: -Que o seu avô João era de Paymogo e tinha vindo para Portugal com os pais e os irmãos. Que seu pai tinha adquirido o Moinho das Tordesilhas na Ribeira do Chança. Que um primo em Paymogo tinha sido aí médico. Nunca nos disse, ou não sabia, quantos irmãos eram e pouco mais acrescentou ou, se o fez, não recordamos.

Resolvemos por isso investigar a nossa origem e, para evitar uma duplicação de trabalho, começamos por questionar várias pessoas que nos diziam já terem algum trabalho efectuado. O resultado foi muito pouco: O único trabalho encontrado foi um estudo genealógico do Dr. António Assis sobre “Os Morgados” onde constava o casamento em 1887 de “Maria Candelária Monge” com “Lourenço Morgado Vaz”. Eram aqui identificados os pais e descendentes de Maria Candelária. Este trabalho serviu de base ao capítulo II.

O General Manuel Monge deu-nos indicação de uma sua prima próxima, Maria do Céu Ferreira Monge, que também tinha algumas referências. Não eram muitas mas tornou-se uma aliada preciosa e, do seu esforço de investigação, resulta a maior parte dos elementos constantes nos Capítulos I e V (Monges de Ficalho).

Dos quatro irmãos que ficaram em Aldeia Nova o que tem maior descendência é Diego Monge (1835-1918), taberneiro na Rua de S.Bento: Teve apenas quatro filhos mas, em compensação, teve 28 netos. Cremos que este ramo ainda não está completo e foi difícil alinhar todos os nomes pois temos, por exemplo, 17 familiares chamados apenas “Diogo Monge”.

Muitos outros Monges encontrados deram valiosos contributos para nossa árvore. Um obrigado a todos.

Depois foram muitos dias passados na Igreja de S. Francisco em Aldeia Nova, Arquivo Distrital de Beja e na Torre do Tombo. Seguiram-se os Registos do Cemitério de Aldeia Nova, observação das campas nos cemitérios de Aldeia Nova, Ficalho, Val de Vago e Pias, entrevistas pessoais e telefónicas com muitos familiares, etc., etc. A Internet e o Facebook foram também ferramentas de grande utilidade sem as quais não teríamos conseguido encontrar os cerca de 1500 nomes e 1000 fotos que constam na nossa árvore.

Para além de outros Monges1 ao longo da nossa história, localizámos também outra família Monge originária do Distrito de Viseu. Foram contactados mas chegámos à conclusão que nada têm a ver connosco.

Para não tornar o trabalho uma mera cronologia de nascimentos e óbitos acrescentei alguns dados históricos que tive de refrear pois não paravam de surgir novos.

Como este livro é virtual estará sempre em constante actualização. Periodicamente será enviado em formato “XXXX.pdf” a todos os familiares que nos facultaram o seu Email.

Amílcar Monge da Silva [email protected]

Tel: 917 296 072

1 O mais antigo foi Chanceler de um dos nossos primeiros reis, D. Sancho II(1225-1245).

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Marquês de Ficalho

1.Um pouco de história Passadas as vicissitudes das Guerras da Restauração (1640-1668)2 e a da Sucessão3 (1704-1714), iniciou-se entre Aldeia Nova de S. Bento e Paymogo uma forte convivência, expressa sobretudo em casamentos e migrações para um e outro lado da fronteira. Esta constatação faz-se imediatamente ao folhear os registos mais antigos de Baptismo e Casamento de Aldeia Nova de S. Bento: A cada duas ou três páginas são referidos “Paymogueros” que participavam nesses actos como nubentes e padrinhos, ou referidos como pais e avós. O inverso também acontece: No virar do séc. XIX-XX Paymogo tinha ~1600 habitantes dos quais ~150 eram Aldenovenses. A quantidade de documentação necessária para esta misceração justificava mesmo a existência de um Vice-Consulado de Espanha em Aldeia Nova, no Largo Internacional4. Não é pois por acaso que existe em Aldeia Nova a Rua e a Estrada de Paymogo. Ficou na memória o Vice-cônsul, João Macias Santos, o “Capitanito”, ascendente dos Macias de Aldeia Nova. No início do séc. XX, com o advento do automóvel e a necessidade de melhorar as ligações rodoviárias, foi privilegiada a ligação Lisboa-Sevilha passando por Ficalho e Rosal de la Frontera. Esta nova estrada fez praticamente desaparecer a ligação por Paymogo. A posterior guerra civil em Espanha (1936/39) e o forte patrulhamento da fronteira para combater o contrabando foram também razões para haver um corte neste estreito relacionamento entre as duas aldeias. Em 1865 foi estudado o traçado de uma linha de caminho de ferro que, partindo de Beja, passava por Serpa, Aldeia Nova, cruzava a fronteira na Ribeira do Chanca, na Passagem de Tordesilhas e prosseguia por Paymogo até Huelva. A orografia do terreno tornava a obra muito dispendiosa pelo que foi abandonada. Foi pena pois, para além do desenvolvimento económico, teria proporcionado a continuação das excelentes relações entre os dois lados da fronteira. O Marquês de Ficalho teve com certeza influência no lançamento desta iniciativa, já que, ele e outro Par do Reino, José Maria Eugénio de Almeida5, em representação de uma empresa, estabeleceram em 1854 um contrato com o Governo para a construção de linhas de CF.

2.Aldeia Nova de S. Bento

As origens de Aldeia Nova de S. Bento remontam ao século XIV, quando os Frades da Ordem Militar de S. Bento de Avis se estabeleceram em Serpa por ordem de D. Dinis6 e fundaram os Montes da Abóbada, Cabeço de Vaqueiros e a Fonte dos Cantos. No período Pós-Restauração (1640-1668), as pequenas povoações ao longo da fronteira são as que mais sofrem com os saques dos Espanhóis, obrigando D. João IV a dar atenção à fronteira alentejana. O sítio onde hoje se ergue Aldeia Nova de S. Bento era ponto de passagem dos espanhóis, vindos de Aroche e Paymogo, razão pela qual é aí construído um

2 Desde 1580, os reis de Espanha eram também reis de Portugal. A revolução de 01DEZ1640 e posterior guerra levou a

que Portugal voltasse a ter um rei Português. 3 Guerra civil em Espanha pela sucessão ao trono. Portugal apoiou militarmente uma das facções em luta. 4 A confluência da Rua Dr. Albérico Figueiredo com a Rua Bento Costa, era conhecida por Largo Internacional, pois de

um lado estava o consulado de Espanha e, do outro, a Guarda-fiscal com as respectivas bandeiras nacionais. 5 Era o homem mais rico de Portugal. Foi provedor da Casa Pia, onde realizou um extraordinário trabalho, tendo como

adjunto o Marquês de Ficalho. 6 Alexandre Herculano-História de Portugal.

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pequeno campo entrincheirado, guarnecido com um destacamento de soldados comandados por um Alferes vindos do quartel de Moura. À protecção desta tropa vêm acolher-se os sacrificados moradores dos lugarejos vizinhos. D. João IV manda ainda, à sua custa, levantar algumas habitações e entrega-as a esses moradores, para que, assim reunidos, pudessem mais facilmente defender-se. Olhando para a parte mais antiga de Aldeia Nova vemos duas possíveis localizações para estas casas: o “Rabo de Toureiro” e a Rua do Rocio, junto ao Rocio Pequeno. Em ambas as zonas é possível ver uma fila de casas bem alinhadas, todas da mesma altura e com o mesmo comprimento de fachada, típicas dos aquartelamentos dos séculos XVII e XVIII. Pensando em termos de engenharia militar, facilmente se pode chegar à conclusão que o ponto provável para esse campo entrincheirado seria entre a Fábrica e o “Rabo de Toureiro” visto ser um ponto elevado, com maior declive para o lado de Espanha, e com um excelente campo de visão e tiro para esse lado. Estava também no cruzamento da estrada Moura/Val de Vargo/Aldeia Nova/Paymogo com a de Serpa/Aldeia Nova/Aroche; era também o início da estrada Aldeia Nova/Sobral da Adiça (Rua do Sobral). Atrás desse campo estaria o tradicional rossio, no local que hoje é denominado por Rossio Pequeno. Diz a lenda que os antigos lugares são então abandonados, desenvolvendo-se rapidamente essa nova aldeia que, por ser nova, foi chamada de Aldeia Nova. Há vestígios arqueológicos do Cabeço dos Vaqueiros (no caminho Aldeia Nova/Barragem da Vareta) e da Fonte dos Cantos (Junto ao Monte do Facho e da Casinha da Água): -Muitos restos de cerâmica e, em escavações mais profundas, encontram-se pavimentos em cerâmica7. Sobre o facto de se chamar «de S. Bento»8 apenas existe a lenda: Perto da Penalva (Antigo Posto da Guarda-fiscal) diz-se ter havido um renhido combate entre 500 soldados castelhanos e 27 habitantes da aldeia há pouco formada. Estes, fracamente armados, perseguiram os castelhanos, dispostos a dar a vida defendendo-se até ao fim, pois aqueles costumavam roubar-lhes o gado e tudo o que encontravam. Os “Aldeanos” ganharam graças, segundo julgam, à ajuda de S. Bento. Por esta circunstância, escolheram-no para seu padroeiro e juntaram o seu nome ao da terra, ficando a chamar-se Aldeia Nova de S. Bento Com o decorrer dos tempos Aldeia Nova de S. Bento tornou-se na maior aldeia do país ultrapassando os dez mil habitantes em 1960. Conta actualmente com cerca de 3.500. Em 11 de Março de 1988, a Assembleia da Republica deliberou, em reunião plenária, elevar a localidade a Vila. Passou então a chamar-se VILA NOVA DE S. BENTO9. Esqueçamos as lendas e tentemos esclarecer um pouco: A história atrás está muito bonita mas, o único documento histórico que a apoia, é o que relata a deslocação de um destacamento comandado por um Alferes que de Moura veio para Aldeia Nova, onde foi construído um “campo entrincheirado”. Se esse destacamento veio, não foi certamente para um ermo. Teria de haver já qualquer coisa construída tanto mais que, como se disse acima, era uma confluência de várias estradas e, sobretudo 7 Verificado pessoalmente em 1969/70, durante a colocação de postes telefónicos frente ao Monte do Facho. 8 De notar que, após a conquista de Serpa aos Mouros, a zona foi entregue à Ordem Militar de S. Bento de Avis. Como o

seu nome indica, o padroeiro era S. Bento. 9 Diário da República, I Série, n.º 91 de 19 de Abril de 1988

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na antiguidade, teria de lá haver pelos menos um estalagem, um ferrador e um ferreiro; talvez também outros artesões como correeiros, sapateiros, abegões, etc. Por outro lado, há documentos anteriores a 1640, que referem Aldeia Nova S. Bento como freguesia do termo de Serpa10. Há também um Auto da Inquisição de Évora datado de 1640 contra um habitante de Aldeia Nova de S. Bento relativo a um roubo de cera na igreja.

1955-Rua de S. Bento vista da torre da Igreja. À esquerda a Cantina Escolar e os celeiros ainda sem os bairros Social e o”Pronto-a-vestir”.

Notar a mulher com a enfusa à cabeça, só um automóvel na foto e o burro à porta da loja do Sr. Manuel Maurício. Não há postes de electricidade nem antenas de televisão; só o poste telefónico no posto de Correios.

3.Paymogo A primitiva povoação estava situada num lugar denominado “Paymoguillo” onde se encontram vestígios Romanos. Da pré-história ficaram sepulcros megalíticos no “Cabezo del Molino e em “Las Vegas”. Em meados do Século XIII foi ocupada pela Ordem do Templo e, de 51 habitantes em 1503, passa a 1615 no ano de 1787. Este aumento da povoação está relacionado com a pacificação pós Guerras da Restauração e da Sucessão. Até meados do Século XVIII o mel e a cera constituíam a base da economia. Na segunda metade do Século XIX é a actividade mineira a principal fonte de riqueza e de crescimento demográfico. O encerramento das minas da Condessa e de Água Preciosa, entre outras, fará a economia retornar às actividades agrícolas com o cultivo de forragens, oliveiras, a apanha de cogumelo, a cera e o mel, a pecuária, com destaque para os porcos, ovelhas e todos os produtos daí derivados. O seu castelo, construído entre 1644 e 1666 destinava-se à defesa contra ataques de Portugueses que, com a desculpa de estarem os países em guerra aí iam com a finalidade principal de saquear. A assinatura da paz em 1688 não pacificou a região por muito tempo. De 1704 a 1714 deu-se em

10 Dr. António Assis, em “site” sobre Aldeia Nova de S. Bento.

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Espanha a Guerra da Sucessão em que Portugal apoiou uma das facções e enviou mesmo trinta mil homens que, em 1706, participaram na tomada de Madrid. Por duas vezes foi Paymogo arrasada por esses ataques. A finales de mayo de 1644, las tropas portuguesas recorren Cabezas Rubias, «... donde degolló más de treinta y cinco hombres y lo saqueó» (Núñez, F., 1985). Em 1704 e 1708 as incursões chegam até San Juan del Puerto. O seu castelo foi por isso reforçado e construída a Igreja em cujo interior a população se abrigava durante os ataques. A guarnição foi extinta em meados do Século XIX quando o Castelo perdeu o primitivo interesse estratégico. O contrabando, para além do seu contributo económico no parco rendimento familiar, foi também um importante elo no relacionamento entre os povos de cada lado da fronteira. A abertura de estrada internacional de Lisboa a Sevilha passando por Rosal de la Frontera isolou a povoação. Presentemente (2011), está em fase de conclusão uma ligação entre Serpa e Paymogo passando pelo lugar da “Corte-de-Pinto”, antigo posto da Guarda-fiscal. 4.Vila Verde de Ficalho A povoação de Vila Verde de Ficalho remonta a 1232, quando D. Sancho II reconquistou toda a margem esquerda do Guadiana. Há vestígios anteriores da pré-história e da ocupação Romana. Foi sede de concelho até 1836. Este era constituído por uma única freguesia e tinha, em 1801, 246 fregueses; actualmente conta com dois mil. A ermida, dedicada a Nossa Senhora das Pazes, localiza-se perto da ribeira de Chança que nesta zona delimita a fronteira. Terá sido construída no reinado de D. João III, no século XVI. O título das Pazes deverá estar ligado à época de paz entre os dois reinos, permitindo o repovoamento da raia. A ermida foi entregue à Ordem de S. Bento de Avis até ao início do liberalismo no século XIX, quando a herdade da Coutada na qual se localiza a ermida passou para a posse do Marquês de Ficalho.

A romaria da Senhora das Pazes realiza-se entre o Sábado e a Segunda-Feira de Pascoela (festividade litúrgica dos Prazeres). Na década de 80 do século passado e a pedido da população, por ser mais conveniente, a romaria passou a ser celebrada no Domingo mais próximo.

5.Festa da Santa Cruz11 Há duas origens para o início da Festa da Santa Cruz. Uma delas é a Exaltação da Santa Cruz, realizada em Roma no dia 14 de Setembro, e na Gália, no dia 03 de Maio, chamada Invenção12 da Santa Cruz, por ocasião da descoberta da Santa Cruz por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino quando em peregrinação por Jerusalém. O facto deu-se, segundo a lenda, no dia 03 de Maio do ano 320. A outra interpretação seria a recuperação e reconstituição da Santa Cruz 11 “Santa Cruz” ou “Santo Lenho” é a Cruz onde Jesus Cristo foi crucificado. 12 Invenção provém do latim invenire = “para encontrar”

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por Heraclito, que conduziu o Santo Lenho pelo Calvário, após tê-lo reconquistado aos Persas, facto esse que se deu no dia 03 de Maio do ano 629. A Festa da Santa Cruz corresponde à que em Roma se chama a Invenção da Santa Cruz. Há inúmeras festas e romarias em todo o país em que a data é feita coincidir com o 3 de Maio. Com o nome de Festa da Santa Cruz, ou Festas das Cruzes, temo-las por todo o Sul de Espanha. Partilhando apenas o nome e data, mas de origem diversa, temos conhecimento em Portugal de quatro localizações: •Aldeia do Monsanto Está associada a uma festa pagã com origem num cerco feito por Mouros (ou Castelhanos). Estando os defensores famintos e quase a capitular, lançaram dos muros do castelo sobre os atacantes uma vitela bem alimentada, levando-os assim a crer que estavam fartos de provisões. Como o facto ocorreu no dia 3 de Maio, é comemorado em associação com a Invenção da Cruz. A festa é denominada “Festa de Nossa Senhora do Castelo, ou da Divina Santa Cruz.

•Aldeia da Venda (Alandroal). É uma festa pagã que aí se realiza há muitos anos. A Santa Cruz conta parte da vida de Jesus Cristo, onde Madalena, arrependida, pede perdão a Deus pelos seus pecados. Participam na história os jovens da aldeia. A Madalena, vestida de preto, representa o pecado, o arrependimento e a tristeza. Vai acompanhada de duas madrinhas e quatro cantadeiras. A Mordoma leva a cruz representando Deus, vai vestida de branco, igualmente acompanhada de duas madrinhas e quatro cantadeiras. As raparigas são escoltadas pelos atiradores que as protegem. O cortejo, denominado “O Canto do Horto das Oliveiras”, é acompanhado por todos os aldeões e por muitas pessoas de fora.

•Aldeia Nova de S. Bento. O culto da Santa Cruz tem origem em promessas feitas e que consistiam em edificar em casa um altar bem ornamentado com a Santa Cruz no topo. Isto é coincidente com o que se pratica no Sul de Espanha, sendo que aí a cruz é proporcionalmente muito maior. Em Aldeia Nova as comemorações foram posteriormente associadas a S. Bento, padroeiro da Aldeia. Dadas as estreitas relações entre Paymogo e Aldeia Nova, e devido à grande semelhança entre esta festividade e as que se realizam por todo o Sul de Espanha, é de todo verosímil ter sido a festa de lá trazida.

6.A Dança do Círio em Aldeia Nova de S. Bento Na minha juventude ouvi várias referências à “dança do Círio” que, em tempos passados, se realizava em Aldeia Nova. Era uma dança fisicamente muito exigente já que os “dançadores” se

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deslocavam sempre a recuar entre Aldeia Nova e a horta do Facho. Parece ser uma tradição mais antiga que a própria Aldeia Nova já que o destino da festa era a herdade do Facho perto do antigo povoado denominado a Fonte dos Cantos, onde, possivelmente, esta dança teve origem. Era rezada missa e durante ela permanecia na igreja um boi ornamentado. Em 1758 escevia o pároco de Santa Iria: (…igreja de São Bento de Aldea Nova e no dia da festa do santo que he a vinte e cinco de Abril acode muita gente em romaria, deste rejno, e de Castella, e no dito dia se canta o evangelho nos xavelhos de hũm toiro, cujo animal esta quedo ente o fim da missa…)13 Na revista “Tradição” de 1889 vem uma interessante descrição dessa dança que a seguir transcrevo:

“As danças populares do Baixo-Alentejo”14 As danças populares do Baixo Alentejo pertencem, em parte, á categoria das religiosas, em parte, na maior parte, na quase totalidade mesmo, ás denominadas danças de amor. O primeiro género de danças, embora em manifesta decadência, ainda pode observar-se em diversas festas religiosas de arraial, onde valentes mocetões de rosto crestado, largas espáduas e amplo tórax, suam e tressuam, numa espantosa desenvoltura de gestos e atitudes, ao langoroso som de tamboril e gai-ta. Em Aldeia Nova de S. Bento, do concelho de Serpa, celebra-se anualmente, em 11 de Julho, uma ruidosa festa, a do Círio, cujo principal atractivo consiste na exibição de extraordinária dança, em que há com-plicados movimentos e passos e volteios; uma dança antiquíssima, secular, executada por sete anjos (assim chamados) - sete robustos camponeses, vestidos de calção e meia, camisola branca, faixa de seda a tiracolo, e na cabeça, monstruosos chapéus de pelo, ornados de lãs e fitas e flores e reluzentes bugi-gangas de latão! E fazem a inveja dos camaradas, e o encanto das camponesas suas patrícias, estes maganões! (…) E mais e mais danças religiosas, nas festas de arraial, por este Baixo Alentejo fora: - na festa do Espírito Santo, em Aldeia Nova de S. Bento; nas festas das Pazes, em Ficalho; na festa da Tumina, em Santo Aleixo; na festa de Santa Luzia, em Pias; etc., etc., etc. É de notar que este género de dança, cuja origem remonta a muitos séculos, era outrora executado não só por homens, tal como hoje acontece, - mas também por mulheres, em algumas solenidades de carácter religioso e oficial. (…)

M. Dias Nunes

7.Economia Alimentar Contava-me minha mãe que, antigamente, muito antes dela nascer (nasceu em 1913), Aldeia Nova terminava na Rua das Pedras (hoje Rua Dr. Albérico Figueiredo). Daí para baixo eram só “cercas” onde era guardado gado, sobretudo ovelhas. Algumas dessas cercas chegaram aos nossos dias, outras só na toponímia. A oficina de ferrador do “Mestre Gregório”, então propriedade de seus avós, situada na Rua das Pedras, frente à Sociedade 5 de Outubro, já existia. Em anos de fome, os lobos iam lá à noite comer os cascos dos cavalos que ficavam caídos na rua. Serve a introdução para falar em hábitos de economia alimentar que se perderam. Se não vejamos. A criação de ovelhas era mais comum que hoje. Muitas famílias tinham algumas cabras e ovelhas que não justificavam a contratação de um pastor. Eram por isso reunidas num rebanho maior, com um único pastor, que era pago em função do número de cabeças que tinha de guardar. Ao final do dia os vários rebanhos recolhiam às mencionadas cercas onde ficavam ao abrigo dos lobos. Um porco ou dois no quintal eram outra fonte de rendimento familiar pois os porcos comem todas as sobras de comida. Quando chegava o Inverno eram transformados em chouriços e guardados nas “salgadeiras”. Também eles eram levados para os campos em varas, as “aduas”, guardados por um “porqueiro”.

13 Serpa, 1758, 10 de Junho. Memórias paroquiais de Santa Iria, termo de Serpa. (ANTT, Memórias Paroquiais, volume

18, nº (J) 36, pp. 255 a 258) 14 In. “A Tradição”. Anno I – Nº 2, Serpa, Fevereiro de 1889

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Ao contrário das ovelhas, que recolhiam às cercas, os porcos iam sozinhos ter com o “porqueiro” e, no final do dia, quando chegavam à entrada da aldeia, a um assobio do porqueiro, disparavam a correr e a guinchar, cada um para o seu quintal. Corriam e guinchavam porque já sabiam o que tinham de passar: -Era a rapaziada toda que esperava por eles ao longo do percurso para os agarrar ou até, para os mais dextros, para os montarem. O apelido Adua ficou. Lembram-se por exemplo do Bento da Adua, que fazia o serviço de estafeta de Aldeia Nova para Serpa até cerca de 1980? Nos quintais havia ainda o galinheiro, fonte de ovos, e de carne quando as galinhas deixavam de pôr. O mesmo espaço era compartilhado por coelhos e patos.

8.Os moinhos de cereais Antigamente a moagem de cereais era feita nos muitos moinhos de água do Chança e seus afluentes, nos poucos moinhos de vento existentes e nas “Atafonas”, moinhos movidos por um muar. Não há vestígios destas, excepto na toponímia: -Rua da Atafona em Aldeia Nova. Em casa usavam-se também as “cega-regas” que eram pequenos moinhos manuais. Do lado de Ficalho havia no Chança o Moinho de Cima ou do Rodete, o Moinho da Vargem ou do Meio, o Moinho da Volta, o Moinho do Negro e o Moinho das Pereirinhas. Já na Freguesia de Aldeia Nova temos o moinho das Tordesilhas15 que era de nosso Avó Francisco, o moinho do João Gago16, e outros de que não temos o nome. O transporte do trigo e da farinha era feito sobretudo em burros pois o acidentado do terreno junto aos cursos de água não permitia o uso de carros. No início do século XX, a moagem mecânica ditou o seu fim. Ainda sobreviveram alguns; porém, as queixas de concorrência por parte dos industriais, levou a que nos anos 60 do séc. XX fosse introduzido um “Imposto Industrial” sobre estes antigos moinhos o que ditou a sua inactividade e posterior abandono. 9.A Amassadura17 Quando em 1970 fui cumprir o serviço militar o pão ainda era feito em casa. Quando em 1974 regressei do Ultramar já só tinha o pão padeiro: -As padarias industriais tinham destronado os seculares fornos públicos. Semanalmente, tinha em casa um ritual com séculos: A “amassudura”. Lembro-me de minha mãe e de minha tia Ana que todas as Sextas-feiras bem cedo, de avental branco e lenço da mesma cor na cabeça, executavam os vários passos.

Selo Postal: O Pão

I-Peneirar a farinha Usando um grande alguidar de barro, uma peneira de rede fina e um suporte de madeira para a mesma, a farinha era separada da “rala” (farelo). Lembro-me do “tic-toc” da peneira a bater no suporte em que corria. A “raladura” era dada às galinhas; outras vezes peneirada de novo para fazer “bolinhos de rolão”. II-Amassar Seguia-se a amassadura propriamente dita e que consistia em juntar à farinha água morna, sal e um pouco de massa da amassadura anterior e que servia de fermento. Amassava-se usando os nós dos dedos e a força dos braços. Era um trabalho penoso e fisicamente exigente

15 Em registos oficiais e mapas também é referido por moinho das Tornesilhas. 16 Nome por que era conhecido Francisco Martins Monge Jr. 17 Informação das minhas memórias e as de Maria da Saúde Coelho Bentes

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Terminada a amassadura era retirado um pequeno bocado que era colado no bordo do alguidar e que servia de marca para saber quando a massa estava suficientemente levedada. Fazendo o ”Sinal da Cruz” a massa era então benzida: -“Deus te finte, Deus te acrescente” e, usando o bordo da mão, marcada com uma cruz. Cobria-sa com um o “panal18” e um cobertor ficando a “fintar” (levedar) durante pelo menos 4 horas

“Deus te finte, Deus te acrescente”!

III-Tender Sobre a “tábua de tender” bem enfarinhada era então “tendido” em forma de pães e guardado num tabuleiro de madeira com um panal enfarinhado que permitia separar os cerca de 18 pães sem que estes se colassem uns aos outros. Por vezes faziam uns pães mais pequenos para nós, os “merendeiros”, ou “brendeiros” como diziam, e que comíamos ainda quentes com um fio de azeite e açúcar. As Sextas-feiras eram por isso uma festa. Arrumando no tabuleiro

IV-Cozer O pão era cozido num dos muitos fornos públicos. Cada família tinha já o seu dia e hora combinado com o forneiro; o forneiro mandava uma mulher buscar o tabuleiro que era para lá levado à cabeça; depois de cozido era entregue em casa. O “nosso” forno era o das Zangadas, na confluência do Barranco dos Homens com a Rua da Atafona. Para além deste haviam em Aldeia Nova muitos outros: O do Esparteiro na Rua das Moscas, o do Borralho na Rua de S. Bento perto do Rossio Pequeno, o da Maria Gomes na mesma rua mas perto da Igreja e o das Rolhas no Rossio Pequeno. Esses fornos eram alimen-tados por um vai-vêm cons-tante de carroças carregadas de estevas. O pagamento do forneiro era a “poia”, que consistia num pão por amassadora ou uma “popia” por tabuleiro.

Forno do Borralho com chaminé de 1790. Desenhado em 1981 pelo pintor aldenovense Cruz Louro

Esse pão era depois consumido ou vendido pelos forneiros e era chamado o “pão padeiro”, por contraste com “pão caseiro”; comprá-lo era sinal de extrema pobreza. “Sabe-se lá como foi feito esse pão”, dizia a minha mãe. A popia era feita misturando a uma porção da massa já levedada um pouco de banha ou azeite, açúcar e canela. 10.As hortas de Aldeia Nova A alimentação era antigamente baseada nos produtos da terra, o que hoje se denomina de dieta mediterrânica e muito próxima das dietas vegetarianas.

18 Pano branco

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A carne e o peixe eram, quando apareciam, um adorno do prato principal, normalmente o único prato. As refeições à base de carne eram reservadas para os dias de festa; nos talhos apenas tínhamos o porco e o borrego e, na capoeira, as galinhas, patos e coelhos. Na mercearia comprava-se o bacalhau, o pexelim e as sardinhas em salmoura e, no mercado, o peixe vindo dos rios ou de Vila Real de Sto António.

Esta dieta era assegurada pelas hortas que diariamente abasteciam cada povoação. Eram uma tradição que nos veio do nosso passado mourisco, com os característicos sistemas de distribuição de água pelos canteiros, as suas noras e os aquedutos. Basicamente, semeava-se feijão, grão, abóbora, couve, alhos, cebolas, tomate, pepino e pimento. Na época própria tínhamos laranjas, tangerinas, peras, maçãs, figos, melões e melancias.

Aldeia Nova era abastecida por nove hortas:

Na saida da povoação em direcção a Serpa tínhamos, ainda antes do Poço do Lobo, as Hortas das Pegas de baixo e a de cima. Seguia-se a Horta das Agachas e, logo depois, as Hortas do Facho de baixo e a de cima. Na estrada de Pias situava-se a Horta da Charneca e, na direcção de Ficalho, no vale logo a seguir ao Poço dos Cães, estavam as Hortas de Val das Rãs de baixo e a de cima. Mais recentemente, já no início dos anos sessenta Manuel Costa Monge mandou plantar a Horta do Cortiço, junto ao Poço do Tio Matias que é a única que ainda hoje subsiste(2011).

Os produtos eram vendidos ao ar livre, no Largo da Praça, onde hoje está o busto do Dr. Albérico Figueiredo. Cerca de 1958 foi inaugurado o actual mercado, com matadouro anexo, no lugar onde antes estava um lagar de azeite.

11.O Registo Civil de Aldeia Nova O registo civil em Portugal é oficialmente instituído pelo “Código do Registo Civil” de 18 de Fevereiro de 1911. Em 20 de Abril de 1911, a “Lei da Separação da Igreja do Estado” determinou que todos os registos paroquiais de baptismo, casamento e óbito, anteriores a 1911 gozassem de eficácia civil e fossem transferidos das respectivas paróquias para as recém-constituídas Conservató-rias do Registo Civil. De uma forma geral, há uma conservatória de registo civil em cada concelho português. Devido à dificuldade de deslocação, eram criados em algumas freguesias mais populosas, postos de atendimento dependentes do Registo Civil da sede do concelho. Em Aldeia Nova esse posto funcionava na Rua do Rocio, onde hoje está o restaurante ASSOMATAKI. O funcionário era João Teixeira a quem sucedeu seu filho, João de Assis Teixeira. Posteriormente passou para a Rua da Oliveira (hoje Rua Bento Costa), no lugar onde está uma frutaria e que foi anteriormente uma oficina de ferreiro. A oficina pertencia ao do pai de Francisco Mira Guerreiro, o último funcionário deste Posto de Registo Civil.

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12.O Correio19 Só em finais do século XIX chega a Aldeia Nova e Ficalho o serviço de correio, ficando o posto de correios em Aldeia Nova, no início da Rua Bento Costa, junto ao Largo das Camionetas; em 1940/41 mudou para o lugar onde ainda hoje se encontra. Eram os moleiros, que traziam a farinha dos moinhos do Chança quem, entre Aldeia Nova e Ficalho, transportava o correio nos seus burros. Cerca de 1885, o primeiro estafeta de correio, o Chagas de Aldeia Nova, levava todos os dias a pé as malas do correio até Ficalho e voltava. Seguiu-se-lhe seu filho, António Chagas, até 1914. O primeiro carteiro de Aldeia Nova a fazer a distribuição de porta em porta foi o João Carteiro (1915-1930). Seguiu-se-lhe Francisco Máximo Bentes, o Sr. Bentes (1930-1943). Quando este foi transferido para Serpa ficou provisoriamente no seu lugar o Zé Matos, pai do Zé Matos que jogou no nosso Atlético. Feito o concurso, este ficou em 4º lugar. Em primeiro lugar ficou o Sr. Guerra que ocupou o lugar até se reformar, cerca de 1982. Em 1906 o encarregado do correio em Ficalho era Estevão Martins Valente, cujo pai possuía um estabelecimento comercial, onde se vendiam selos e bilhetes-postais. No ano de 1914, com a criação do serviço de valores declarados a Estação Postal de Ficalho transitou para a farmácia, nessa altura localizada na Rua de Aroche, a cargo do farmacêutico Manuel Duarte de Almeida Paiva. Na década de quarenta, e já com uma empregada, passou a funcionar no edifício da Junta de Freguesia. Em 1942 foi elevada a Estação dos CTT Regional. Em 2 de Julho de 1972 começou a funcionar em edifício próprio na Praça Conde de Ficalho.

13. O Largo dos Madalenos em Aldeia Nova Quem vindo do lado da Igreja entra no Largo dos Madalenos, vê à sua direita um largo portão com a data de “1827” sobre a porta. Era aí uma antiga estalagem onde os “campaniços”20 e os seus animais de tiro pernoitavam quando se deslocavam a Aldeia Nova para “fazer o avio”21. No século XIX, pertencia a um casal Espanhol. A mulher chama-se Maria Madalena, a “Tia Madalena” como era conhecida. Tinham muitos filhos22 a quem o povo na brincadeira chamava ”os madalenos”. Daí, o largo em que brincavam ficar conhecido pelo LARGO DOS MADALENOS. A mais antiga referência que encontrámos foi um registo paroquial de 1850 que referia “ (…) sítio dos Madalenos (…). 14.Os Aguadeiros A água canalizada é uma comodidade que nos chegou só no final do século XX (e a conta-gotas). Antes havia que ir buscar água às fontes e poços ou comprá-la aos Aguadeiros. 19 Informação prestada por Maria do Céu Ferreira Evangelista Monge, de Ficalho e Maria da Saúde Coelho Bentes, filha

do carteiro, Sr.Bentes. 20 Nome por que eram conhecidos os habitantes das Serras de Serpa e Mértola, descendentes de Mouros, e com hábitos,

tradições e modos de falar muito próprios. 21 Eram as compras e que consistiam principalmente em café (chicória), açúcar, sal, bacalhau, pexelim e tabaco. 22 Quando fizemos a pesquisa dos Monges nos Registos Paroquiais, encontrámos um filho seu quase todos os anos (não

contámos).

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1950 - A Bica em Aldeia Nova de S. Bento (ao lado outro burro aguarda vez)

1930- Poço do Lobo em Aldeia Nova de S.Bento João Teixeira, o funcionário do Registo Civil com as filhas e um genro, o Sr. Correia.

Notar a mulher como típico xaile, a enfusa, a “rodilha” para pôr sobre a cabeça e o caldeirão para tirar água de que só se vê a corda (baraço). Um passo atrás do grupo está a estrada internacional Lisboa-Sevilha. Os típicos eucaliptos que ladeavam a estrada ainda não tinham sido plantados.

1960-João Ferreira Monge Vendendo água da Mancha em Ficalho

1945-O Aguadeiro. Desenhado pelo pintor Aldenovense, Cruz Louro

Em Aldeia Nova, no início do séc. XX o aguadeiro era o Tio Marcos Figueirinha. Mais tarde, já anos 40 o Lucas tinha uma empresa de distribuição de água com dois aguadeiros: os irmãos Cristóvão e Chico Figueirinha, filhos do Tio Marcos. Mais tarde ficou apenas o Chico Figueirinha que com um carro e um grande tonel vendia a água de porta em porta. Em Ficalho tínhamos o João Ferreira Monge, vendendo “água da Mancha”. Havia ainda o vaivém de mulheres, com xailes negros e a enfusa à cabeça apoiada numa rodilha, até ao Poço do Lobo, ao Poço d’Aldeia ou à Bica.

15.A história da Família Monge Francisco Vasquez Monge Hidalgo23 nasceu em 1800 em Paymogo, Província de Huelva, Reino de Espanha, filho de Diego Monge e de Cathalina Macias. Faleceu em 28AGO1867 em Aldeia Nova de S. Bento (ANB)24. Em ~1825 casou em Paymogo com Maria Dolores Candelária Gato Capa, *1806 em Paymogo e +08AGO185625 em ANB. Veio para Portugal cerca de 1850 com a família. Trouxe gado (cabras?) e comprou o Moinho das Tordesilhas (ou Tornesilhas)26 na Ribeira do Chança (a que faz fronteira com Espanha); era portanto moleiro, tal como o foi o filho Juan Martins Monge. Este moinho é mais perto de Paymogo 23 No casamento de sua filha Catalina com António Raphael Rodrigues aparecem como Francisco Monge Hidalgo e

Maria Dolores Candelária Gato Capa 24 Reg. 18/1867, Óbitos da Igreja de S. Francisco em ANB. 25 Microfilme 42 – item 5 verso da pág. 149 (ANB). Torre do Tombo 26 São dois moinhos gémeos, um de cada lado da fronteira. Em Espanha é chamado Molino de Torresilha.

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que de Aldeia Nova. Estava por isso com um pé da cada lado da fronteira. Porque veio? Guerra Civil em Espanha27? Por razões económicas? Talvez nunca o saibamos. Outra pergunta: -A quem pertenceria o moinho do outro lado da fronteira, a escassas dezenas de metros, partilhando a mesma represa? Tiveram sete filhos tendo seis casado em ANB e um em Paymogo. Duas das filhas, Maria da Encarnação Monge e Maria Dolores Monge, foram depois viver para Ficalho; delas descendem todos os Monges de Ficalho. Três filhos e uma filha ficaram em Aldeia Nova. O sétimo filho regressou a Paymogo onde casou. Há por conseguinte sete ramos que descrevemos adiante. Um dos netos do Avô Francisco, Sebastião Barroso Monge, médico formado em 1894 pela Escola Médico Cirúrgica de Lisboa, regressou a Paymogo onde se fixou e deixou descendência; um seu filho, Filipe Monge Moron regressou a Portugal, vivendo em Ficalho, onde casou e morreu sem filhos. Devido a este caso pensávamos que, ao longo dos anos, tinham vindo vários Monges para Portugal dando origem a diferentes famílias. Esta parte está definidamente esclarecida: Todos os Monges de Ficalho e Aldeia Nova são descendentes do Avô Francisco. Parte dos de Paymogo (ou talvez todos) também o são, uma vez que Sebastião Barroso Monge deixou filhos e netos. Há outros Monges em Paymogo, porém, os descendentes de Sebastião Monge, desconhecem qual a exacta ligação; essa ligação deve ser a que se segue: Aparece-nos várias vezes como padrinho de casamento e baptizado nas primeiras gerações, um José Maria Monge, de Paymogo. D. Luciana Monge, de Paymogo, diz-nos que seu avô, Dr.Sebastião Barroso Monge tinha um tio com esse nome que casou em Paymogo sendo os seus descendentes os actuais proprietários da farmácia “Amparo Soto”. Concluímos assim que só pode ser o sétimo irmão. Este ramo não está porém investigado. Ficou outro ramo sem solução: -Em 20OUT1861, seis anos antes do óbito do avô Francisco, faleceu na Rua do Rocio em AND outro “Francisco Monge, de 35 anos, jornaleiro, de Paymogo, filho de Agostinho Monge e Josefa la Féria. Deixou mulher, Mariana (…), de Paymogo e um filho”28. Não encontrámos mais nenhuma referência a este casal nem ao filho.

Amílcar Monge da Silva

27 Após as invasões Napoleónicas Portugal e Espanha passaram por uma série de guerras civis. Em Espanha foram piores

e mais demoradas (1ª, 2ª e 3ª Guerra Carlista, de 1833 a 1876). 28 Reg. 20/1861, Óbitos da Igreja de S. Francisco de ANB

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Tombo Genealógico De

Francisco Vasquez Monge Hidalgo (1800-1867)

e Maria Dolores Candelária Gato Capa (1806-1856)

Ambos nascidos em Paymogo, Espanha e falecidos em ANB. Casaram em Paymogo. Tiveram sete filhos que, para mais fácil leitura, vão descritos em sete capítulos:

Cap. I Maria da Encarnação Monge, *1826 em Paymogo; + 29DEZ189829 em Ficalho. Casou ~1852 com Manuel de Jesus Redondo “Manuel da Cruz”, *~1825 em ANB filho de António Redondo e de Maria da Encarnação; +____.

Cap.II Pedro Vasquez Monge, negociante. *1833 em Paymogo. + 8MAI1906 em ANB. Tendo por padrinhos, João Macias Santos, casado, lojista em ANB, João Xavier Santos, casado, residente em Paymogo e seu irmão Diogo Monge. Casou 29JUN1863 em ANB com Antonieta Barroso Martins, *1834; +____, filha de Sebastião Barroso e de Maria Lúcia Garcia, ambos de Paymogo. Residiam no Largo dos Madalenos em ANB.

Cap.III Diego Monge. Taberneiro na Rua de S. Bento em ANB. *1835 em Paymogo. +24MAI1918 na Rua dos Becos do Outeiro em ANB. Tendo por padrinhsos Bartolomeu Rodrigues, cas, seareiro e Manuel da Cruz, cas, seareiro, morador em Paymogo, casou a 12NOV186530 em ANB Iria da Conceição, *20OUT1939 em ANB; +Becos do Outeiro em ANB em 5DEZ1925; era filha de António Martins, de Almendro, Espanha e de Benta de S. Bento, de ANB. Residiam nos Becos do Outeiro em ANB.

Cap.IV Catalina Josefa Monge, *1842 em Paymogo; +26MAR1921 na Rua dos Bacelos em ANB. Tendo por padrinhsos Isidro Garcia, cas, jornaleiro, de Paymogo e Agostinho Rodrigues, cas, taberneiro de Aracena, casou a 09FEV186831 em ANB com António Raphael Rodriguez, * 1839 em Espanha, filho de Raphael Rodriguez e de Rosália Baldibia, ambos de Vila Roeza, Espanha; +____.

Cap. V Luzia Dolores Monge, *1845 em Paymogo; +17MAR1896 em Ficalho, Fregª de S. Jorge. Tendo por padrinhos João Ortiz Gomes, lojista em ANB e José Francisco, casado, seareiro de ANB, casou a 2JAN187132 em ANB com João Ferreira Serejo, *29MAR1846 em ANB, filho de Manuel Rodrigues e de Margarida Francisca de ANB; +28AGO1895 em Ficalho. Viveram na Rua Nova em ANB onde nasceram os primeiros 3 filhos. Cer-ca de 1877 mudaram-se para Ficalho onde nasceram os filhos Francisco e João. Quando faleceram residiam na Rua do Rocio em Ficalho.

Cap.VI Juan Martins Monge, *1848 em Paymogo; + 16JAN1926 de congestão cerebral na Rua do Rocio Pequeno em ANB. Tendo por padrinhos seu irmão Diego Monge, casado, taberneiro, e José Domingues Gomes, solteiro, jornaleiro, casou em 5SET187233 em ANB com Ana José Barão, “Ana Albardeira”, *1850, na Freguesia dos Pereiros/Alcoutim, filha de José Barão, albardeiro, da freguesia do Espírito Santo/Mértola, e de Teresa de Jesus (1810-1872), de Santana de Cambas/Mértola; +24JUN1913 em ANB. Residiam na Rua do Sobral (Rabo de Toureiro).

Cap.VII José Maria Monge, *~1846 em Paymogo. Casou em Paymogo e foi padrinho em vários actos em ANB até ao ano de 1898. A sua descendência ainda não está estudada. Provavelmente os actuais proprietários da farmácia Amparo Soto de Paymogo são seus descendentes.

29 Assento nº18 dos Óbitos de Ficalho. 30 Reg. 019/1865, Casamentos na Igreja de S. Francisco de ANB 31 Reg. 004/1868, Casamentos da Igreja de S. Francisco em ANB. Este Registo de casamento é o único em seus pais

aparecem identificados como Francisco Monge Fidalgo e Maria Candelária Dolores Gato Capa. 32 Reg. 001/1871, Casamentos na Igreja de S. Francisco de ANB 33 Reg. 013/1872, Casamentos na Igreja de S. Francisco de ANB