FUTURO PRÓSPERO - aicep Portugal Global · conseguiu escapar à crise. Angola, como todas as...

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INVESTIR EM ANGOLA POWERED BY Setembro 2009 Esta revista é parte integrante do jornal OJE e não pode ser vendida separadamente FUTURO PRÓSPERO

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INVESTIR EM

ANGOLAPOWERED BYSetembro 2009

Esta revista é parte integrante do jornal OJE e não pode ser vendida separadamente

FUTURO PRÓSPERO

2 PUBLICIDADE

3SUMÁRIO

CLIPPINGAngola em notícias

CCoooorrddeennaaççããoo,, EEddiiççããoo ee TTeexxttoossLara Loureiro

RReeddaaccççããooAna Rita Valente

João Paulo Batalha

AArrtteeMarta SimõesPaulo Parente

FFoottooggrraaffiiaaVictor Machado

DDiirreeccttoorr CCoommeerrcciiaall João Pereira - (+351) 217 922 088

Produção

João Baptista, Rafael Leitão

ImpressãoLisgráfica

Tiragem30.000

Ficha Técnica

EDIT

ORIA

L

Fortes laços históricos, linguísticos e cultu-rais ligam Portugal a Angola. E talvez porisso, cada vez mais portugueses, entre ou-tras nacionalidades, escolhem aquele paíscomo base para construir uma nova vida.Com os países europeus a sofrerem a

depressão financeira, Angola surge, de repente, comouma terra de oportunidades. Mas atenção: nenhum paísconseguiu escapar à crise. Angola, como todas as naçõesdo mundo, também se está a ressentir mas, ainda assim,dá fortes sinais de ser capaz de lutar pela reconstruçãoe, ao mesmo tempo, vencer a crise mundial. Por exem-plo, Angola tem um projecto de desenvolvimento estru-turado, que favorece parcerias de longo prazo entreempresas portuguesas e angolanas e a agricultura éuma das áreas mais promissoras. Aliás, todo o sectorprimário é uma aposta estratégica do Governoangolano. Neste especial partilhamos histórias de quemdecidiu investir em Angola. Portugueses, angolanos,brasileiros, enfim pessoas de todas as nacionalidadesacreditam que podem construir uma vida num país queestá a renascer!

4EMPRESAS

Select Vedior Angolaaposta no outsourcing 12

DESTAQUEComo está a saúde dos

angolanos 36

CARREIRAJosé Octávio Van-Dúnem fala sobre os 30anos da Faculdade deDireito da UniversidadeAgostinho Neto

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OPINIÃOFátima Roque comentaa possibilidade deAngola contribuir para anova ordem económica

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4 CLIPPING

PRODUÇÃO DE PETRÓLEO DAGALP CRESCE 40 POR CENTO

ANGOLA ATRAIINVESTIMENTOESTRANGEIRO

CONCESSÃO DE VISTOS MAIS RÁPIDA

EXPORTAÇÕES DE VINHOPORTUGUÊS PARA ANGOLAAUMENTARAM MAIS DE 600POR CENTO

O consórcio liderado pela norte-americanaChevron começou a produção de petróleono poço Tombua-Landana, em Angola, nopassado dia 19 de Agosto. A Galp detémnove por cento do consórcio e, com aexploração deste poço, a capacidade de

produção da petrolífera portuguesa deveráaumentar em nove mil barris por dia, o querepresenta um aumento de 40 por cento.Actualmente a capacidade de produção daGalp é de 15 mil barris diários. (Fonte:Jornal de Negócios)

PRESENÇA GERAOPORTUNIDADES DE NEGÓCIO PARAANGOLA

Segundo o Instituto de Apoio às Pequenas eMédias Empresas de Angola (INAPEM), a di-vulgação dos produtos nacionais e a captaçãode divisas são ganhos que Angola tem obtidocom a presença em feiras nacionais e interna-cionais. Para Maria Cecília Cardoso, do Gabine-te de Estudos e Planeamento do INAPEM,estes eventos trazem vantagens económicas

para Angola, uma vez que criam emprego epermitem que empresários de outros paísesconheçam e se interessem pelos produtosangolanos. Por outro lado, ao trocaremimpressões com expositores estrangeiros,os empresários nacionais contactam com rea-lidades diferentes, acabando por trazer ino-vações para Angola. (Fonte: Jornal de Angola)

O coordenador da Comissão de Gestão da ANIP, Aguinaldo Jaime,disse, em entrevista ao jornal O País que, apesar da crise, o investi-mento estrangeiro captado em 2009 não se afasta muito dos valoresde 2008, considerado “um ano excepcional”. O balanço feito pelaANIP é positivo, o que leva Aguinaldo Jaime a afirmar que “osinvestidores continuam a considerar Angola como um destino deeleição de capitais, tecnologia e know-how”. (Fonte: O Pais.net)

O embaixador de Angola em Portugal, José Marcos Barrica a sema-na passada, no Porto, que o problema na concessão de vistos está aser resolvido com novas soluções tecnológicas para tornar o proces-so mais rápido, permitindo “atender mais gente em menos tempo edar mais satisfação às pessoas”. Para além do aperfeiçoamento dosistema informático, José Marcos Barrica referiu o aumento dos pos-tos de atendimentos nos consulados de forma a dar resposta ao cres-cente interesse dos portugueses por Angola. (Fonte: Jornal deNotícias)

Angola está a afirmar-secomo um mercado comimportância crescente para osvinhos portugueses, valendohoje quase tanto como o mer-cado do Reino Unido, França eEstados Unidos juntos, excluin-do as vendas de vinho doPorto e Madeira. As expor-tações de vinho para Angolacresceram, em nove anos,mais de 600 por cento, valen-do hoje 53,3 milhões de euros,ou seja, um quinto das vendastotais ao exterior. (Fonte:Jornal de Negócios)

5PUBLICIDADE

6 CLIPPING

BENGUELA LIGADAADMINISTRATIVAMENTEATRAVÉS DE REDEINFORMÁTICA

A organização doTaça das NaçõesAfricanas (CAN)por Angola nopróximo ano

está a ser enca-rado com optimis-

mo pelos agentesdesportivos e políticos. O

facto de as melhores selecções e os melhores

jogadores africanos virem até Angola é vistocomo uma oportunidade para incentivar a práticade futebol junto dos mais jovens, criandocondições para surgirem novos talentos no fute-bol angolano. Por outro lado, o CAN 2010 poderáajudar Angola a reforçar as relações de coope-ração com os países vizinhos, apresentando acapacidade organizativa e empreendedora com aconstrução de modernas infra-estruturas no país.(Fonte: ANGOP)

O ministro das Telecomunicações e Tecnologias de Informação, JoséCarvalho da Rocha, anunciou que a província de Benguela poderáestar interligada administrativamente, ainda este ano, através deuma rede privativa de tecnologias de informação. A criação destarede permitirá ligar a administração central e local e agregará umconjunto de serviços no sentido de aproximar cada vez mais a popu-lação da administração pública, ao mesmo tempo que pretende com-bater a infoexclusão e promover o desenvolvimento da sociedade deinformação. (Fonte: ANGOP)

A operação da transportadora portuguesa TAPestá em crescimento no mercado africano, contra-riando a quebra na Europa. Segundo o vice-presi-dente da companhia aérea, Luiz Gama Mór, “a

procura pelos vários destinosafricanos está a aumentar,

nomeadamente para Angola”. No final doano, a companhia aérea irá estar a voar 54 fre-

quências para a África, número que compara comas 42 actuais. A TAP prevê que o negócio deÁfrica venha a pesar mais de 17 por cento do vo-lume de negócios total da companhia em 2009.(Fonte: Jornal de Negócios)

BESI PREPARA ABERTURA DE BANCO DE INVESTIMENTO EM ANGOLA

O Banco Espírito Santo Investimento (BESI) entregou na Comissãodo Mercado de Capitais de Luanda o pedido para a abertura de umacorretora. Com um capital de 1,4 milhões de euros, a corretora deve-rá arrancar em 2010 e vai operar na bolsa da capital angolana. Noque concerne à abertura de um banco de investimento, o CEO doBESI, José Maria Ricciardi, afirma que o pedido foi entregue há pou-cas semanas junto do Banco Nacional de Angola, devendo o regu-lador aprovar o arranque da operação este ano. (Fonte: Sol)

MAIOR EXPORTADOREUROPEU DE MÁQUINASAGRÍCOLAS EM ANGOLA O maior fabricante de equipamentos agríco-las da Europa, originário de Itália, acaba deestabelecer uma parceria com Angola para ofornecimento de equipamentos e “know-how” destinados a recuperar a produçãoagrícola angolana. O anúncio foi feito pelovice-ministro para o Desenvolvimento

Económico de Itália, Adolfo Urso, queadiantou que, para além dos domínios agrí-cola e agro-industrial, Itália quer estabelecerparcerias nos sectores de infra-estruturas deconstrução civil e de serviços de apoio aosector petrolífero. (Fonte: Jornal de Angola)

TAP REFORÇA APOSTAEM ÁFRICA

CAN 2010 DINAMIZAFUTEBOL JOVEM ELAÇOS DE COOPERAÇÃO

7CLIPPING

ANGOLA E PORTUGALJUNTOS NA MELHORIADA DEFESA DOSCONSUMIDORES

A ponte sobre o rio Catumbela foi inauguradadia 10 de Setembro, em cerimónia presididapelo Presidente da República, José Eduardodos Santos. A travessia, que tem uma extensãode 438 metros, quatro faixas de rodagem ebermas de dois passeios para peões,foi concretizada pelas construtoras Mota-Engil

e a Soares da Costa, num investimento desuperior a 26 milhões de euros. A ponte cons-titui um dos projectos mais emblemáticose de referência para a realidade angolanae vai facilitar a circulação rodoviária entre o Norte e o Sul do País.(Fonte: Jornal de Angola e TPA)

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor de Angola e o seucongénere português assinaram um acordo que visa a protecção dosinteresses dos consumidores de ambos os países e vai permitir atroca de experiência entre as instituições. O acordo prevê ainda umprocesso de formação contínua para os funcionários da instituiçãoangolana. (Fonte: TPA Online)

O director nacional das telecomunicações de Angola,Pedro Mendes, anunciou que o projecto de moderniza-ção e desenvolvimento das infra-estruturas da redebásica de telecomunicações, iniciado em 2006, estáavaliado em 1,2 mil milhões de dólares. Os investimen-tos estão a ser feitos ao nível do “back-bone” (auto-estrada de telecomunicações) de modo a contribuirpara a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.(Fonte: ANGOP)

LUBANGO AFIRMA-SECOMO DESTINOTURÍSTICO

A antiga cidade Sá da Bandeira prepara-separa acolher o maior evento futebolísticoafricano, o CAN2010, e assume-se comoum dos três principais destinos turísticos,depois de Luanda e Benguela. A cons-trução, o desenvolvimento e a requalifi-cação da rede hoteleira nos últimos meses,trouxe à cidade de Lubango uma maiorcapacidade de resposta em termos dequartos e espaços de restauração.(Fonte: Expansão)

CPLP QUER CRIARCENTRO PARAFORMARCIENTISTASOs ministros da Ciência, Tecnologia e Ensino Superiorda CPLP querem criar um centro para formar novos cientistas,com o apoio da UNESCO, e cooperar na avaliação e acreditaçãode universidades e cursos para permitir que alunos e docentescirculem no espaço lusófono. Denominado “Centro UNESCOpara formação avançada em Ciências”, o centro de formaçãoterá um secretariado único mas permitirá, por exemplo,que um estudante moçambicano faça parte do seudoutoramento no Porto ou em São Paulo e que um alunoportuguês estude para o doutoramento em Angola e no Brasil.(Fonte: O País)

MODERNIZAÇÃODE TELECOMUNICAÇÕESANGOLANAS AVALIADOEM 1,2 MIL MILHÕES DEDÓLARES

INAUGURADA PONTE SOBRE O RIOCATUMBELA

8 PANORAMA

TERRA FÉRTIL

O crescimento robusto e a resiliência à crisefazem de Angola o destino de exportaçõesmais apetecido pelas empresas portuguesas.Mas o sucesso neste mercado exige umaaposta de longo prazo

Éfácil perceber o encanto de Angola. Háfortes laços históricos, linguísticos e cultu-rais que a ligam Portugal, mas o principalatractivo é mesmo a performance invejávelque o país tem tido, mesmo face a umacrise global que atingiu duramente os mer-

cados tradicionais das exportações portuguesas. Com ospaíses europeus a sofrer a depressão financeira, Angola –

9PUBLICIDADE

10 PANORAMA

que já estava no radar de muitos empresários nacionais –surge de repente como o grande maná.

Mas atenção às euforias. Em primeiro lugar, nenhumpaís escapou à crise (e Angola, como todos, também seressente). Depois, é preciso perceber que quem chega àprocura dinheiro rápido se arrisca a uma desilusão: o paístem um projecto de desenvolvimento estruturado, quefavorece parcerias de longo prazo entre empresas por-tuguesas e angolanas. É preciso conhecer o mercado – eir com vontade de ficar.

Numa conjuntura de petróleo barato, Angola ressen-tiu-se inevitavelmente. Em Dezembro do ano passado (jádepois de rebentada a bolha do subprime) o economistasénior do Banco Mundial para Angola, Ricardo Gazel,antecipava um crescimento robusto em 2009, da ordemdos 10% – ainda assim abaixo do ritmo dos últimos anos.Mas as últimas previsões do FMI, revistas em Abril passa-do, apontam para uma quebra de 3,6% no PIB real em2009, reflectindo a baixa nos preços da principal expor-tação angolana.

Ainda assim, tudo indica que o sobressalto de 2009será rapidamente ultrapassado. O FMI prevê que o PIBreal de Angola se aproxime de novo dos dois dígitos decrescimento já em 2010 (a previsão é de 9,3%). Assim quea crise de dissipar e a procura de petróleo voltar a aumen-tar, o país deverá voltar ao crescimento galopante dosúltimos seis anos – que registaram um pulo médio de14% ao ano, segundo o economista do Banco Mundial.Angola vai passar ao lado dos principais impactos darecessão: o seu sistema bancário está limpo de activostóxicos e os seus indicadores macroeconómicos mantêm-se sólidos, com saudáveis excedentes orçamentais, boasreservas de capital e baixos níveis de dívida externa.

É essa situação de algum conforto que tem permitidoao Governo angolano, apesar da crise, prosseguir com umambicioso plano de reconstrução e desenvolvimento dasinfra-estruturas económicas e sociais do país, apostandosobretudo nas acessibilidades, na educação e na saúde.Ao mesmo tempo, criaram-se incentivos fiscais à criaçãode novas empresas e à diversificação das exportaçõesangolanas.

Tudo isto cria oportunidades para as empresas por-tuguesas, como atesta o rápido crescimento das relaçõescomerciais entre os dois países. Os portugueses conhecembem Angola e têm desempenhado um papel determinantena reconstrução do país. Mas o segredo do sucesso é acapacidade de criar raízes no mercado, estabelecendouma base em Angola ou encontrando parceiros à altura.Luanda tem uma política que privilegia a formação e acontratação de quadros locais em detrimento de mão-de-obra estrangeira. Num país onde há muito por fazer, osangolanos torcem o nariz aos que chegam à procura dedinheiro fácil e acolhem melhor quem vem disposto a par-tilhar o esforço comum. Para os investidores estrangeiros,esta cultura traz uma exigência acrescida. Mas essa émesmo a melhor aposta. Afinal, não há nada como ter ospés bem assentes numa terra fértil. �

ÁREA:1.246.700 km2

POPULAÇÃO: 17,5 milhões

Moeda: Kwanza

PIB (2007): 60,4 mil milhões de dólares

CRESCIMENTO DO PIB:22000077:: 23,4% (Banco Mundial)22000077//22001111 ((pprreevviissããoo ddee ccrreesscciimmeennttoo aannuuaall)):: 12,7%

INFLAÇÃO:11999977:: 221,5%22000066:: 12,9%22000077:: 11,9%

EXPORTAÇÕES:11999977:: 5.235 milhões de dólares22000066:: 33.320 milhões de dólares22000077:: 39.456 milhões de dólares

IMPORTAÇÕES:11999977:: 5.203 milhões de dólares22000066:: 17.130 milhões de dólares22000077:: 24.080 milhões de dólares

BALANÇA COMERCIAL:11999977:: +32 milhões de dólares22000066:: +16.190 milhões de dólares22000077:: +15.376 milhões de dólares

Angola em números

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12 EMPRESAS [SelectVedior]

Formação e Outsourcing são as duas grandes apostas da SelectVedior Angola para os próximos tempos. Atenta às necessidades demercado, a multinacional de Recursos Humanos n.º 1 em Portugalcontinua a enveredar esforços no sentido de acrescentar valor e opti-mizar o core business dos seus clientes

Banca, Seguros, Engenharias, Telecomunica-ções, Áreas Administrativas e Contabilida-de são os clientes-alvo da Select Vedior An-gola, que tem como principais áreas de in-tervenção o Recrutamento, a Formação e oOutsourcing.

“Angola é um país promissor naquilo que é o nossoCore-Business – os Recursos Humanos. As empresas têmfalta de pessoas com competências e com a formação ade-quada e nós damos-lhes respostas nesse sentido”, explicaCarla Marques, directora da Vedior Recursos Humanos,da Vedior ContactCenter e responsável pela Select VediorAngola, em Portugal.

Após quatro anos de presença em Angola, “há maisqualidade de pessoas, melhores cargos de chefia, o ango-lano já sabe bem o que quer e como quer, primando pelaqualidade do serviço. Não é um país do qual se possa dizerque se faz de qualquer maneira. Já para não falar das in-fra-estruturas e meios, que todos os dias se desenvolvem

a olhos vistos”, constata Carla Marques.Com dois gestores de unidade de negócio, quatro ango-

lanos técnicos de recursos humanos, dois consultores quese deslocam a Angola de três em três meses para a área daformação, a responsável pela Select Vedior Angola emPortugal tem plena consciência de que “foi feito um in-vestimento enorme e o retorno desse mesmo investimen-to é fulcral. Os clientes em Portugal procuram--nos muitoe mesmo localmente também já somos reconhecidos pe-los serviços que praticamos”.

“CRESCER É A PALAVRA DE ORDEM”Com um arranque difícil nas instalações de um edifíciode habitação que também tinha escritórios e apenas comuma pessoa, a empresa depressa apostou numa viragemtotal. A pessoa com quem trabalhávamos saiu e entraramdois novos colaboradores. “Consideramos que cada vezmais temos de trabalhar com duas pessoas, para o caso defalhar uma”, esclarece a directora da Vedior Recursos Hu-

“O OUTSOURCING FAZ PARTE DA NOSSA ESTRATÉGIA”

Rua Kuamme N’KrumahTorres Imporáfrica R/C Loja 4Município da Maianga – Luanda,Angola Tel.: +244 222 393 [email protected]

CONTACTOS

[SelectVedior] EMPRESAS 13

manos, acrescentando que “houve uma grande mudança,não só a o nível de estrutura física – loja, escritório e mei-os – mas também de equipa. Acima de tudo, percebemosque tínhamos que dar ainda melhores condições. E agorasim, estamos no bom caminho”, sublinha Carla Marques.

Estando a empresa disponível para todos os projec-tos em Angola, prepara-se agora para arrancar com oOutsourcing. “Será para a parte de informática dosRecursos Humanos. Inicia-se com base em Portugal,com todo o processamento de salários”, esclarece aprofissional. O objectivo passa pelo arranque, em An-gola, do trabalho temporário, que não existe. “Este éum serviço que nos vai fazer crescer, sem qualquersombra de dúvida”.

E o perfil ideal para trabalhar num país como Angola?Carla Marques nem pestaneja: “Funciona muito na baseda inteligência emocional. É necessária uma grande capa-cidade de resistência, ter a capacidade de adaptação a no-vas culturas, nomeadamente a cultura angolana, que é

diferente. E ter a consciência das dificuldades que vai en-frentar. O facilitismo não pode fazer parte das caracterís-ticas desse candidato. Tem de ter a consciência de que vaiassumir dificuldades e que, ou as resolve, ou resiste aelas”.

Se aconselha? “Os jovens sem compromissos pessoais eque tenham um conhecimento de várias culturas, vão fa-cilmente adaptar-se a Angola. Pode ser a salvação de mui-tos portugueses que estejam no desemprego, nomeada-mente na área petrolífera que é muito bem paga, embo-ra dura”, remata.

PASSADO RECENTERecorde-se que a Select Vedior Angola é a antiga Promáti-ca Angola que surgiu com a aquisição da Promática Por-tugal, uma empresa que actuava há mais de 25 anos nasáreas de consultoria e formação de Recursos Humanos.Quando adquiriu a empresa angolana, em 2005, o grupoSelect Vedior decidiu manter a actuação da mesma atra-vés de consultores que se deslocavam a Angola para de-senvolverem projectos.

Em Janeiro de 2007, foi dado mais um passo em frente:a Promática Portugal passou a ser liderada no terreno,por um director-geral e mais tarde, em Maio 2007, umacoordenadora juntou-se à equipa.

Por último, em Outubro de 2007, concretiza-se o nasci-mento oficial da Promática Angola. O nome manteve-separa aproveitar o reconhecimento da marca no mercadoafricano. Dois anos depois de solidificar a sua actividadeno mercado angolano, com uma equipa nova, o grupoopta por mudar o nome para Select Vedior Angola e inau-gura o novo escritório, nas Torres Imporáfrica, no con-sagrado bairro da Maianga. �

Estando aempresadisponível paratodos os projec-tos em Angola,prepara-seagora paraarrancar com o Outsourcing

PROFISSIONAL DE GARRACarla Marques, 34 anos, directora da Vedior RecursosHumanos e da Vedior ContactCenter. Iniciou as funçõesno Grupo Select Vedior em Janeiro de 1999. Consideraque tem sido, de facto, extremamente motivante acom-panhar o crescimento do Grupo nestes últimos 10 anos,nomeadamente nas áreas em que assume responsabili-dades, tais como, nos call centers – Vedior ContactCenter, na área do trabalho temporário – VediorRecursos Humanos, na área da formação – Psicoforma eSolisform – e, mais recentemente, neste novo desafioque se chama Select Vedior Angola. �

EMPRESAS [FSO Consultores]14

Com uma economia cada vez mais dinâmica, reformar a tribu-tação do consumo e da despesa tornou-se prioridade emAngola. A portuguesa FSO Consultores está a acompanhar oGoverno de Luanda nesta tarefa

Aproximar o sistema tributário às novasrealidades da economia e da sociedadeangolanas é o objectivo da reforma fiscalem curso no país. O rápido desenvolvi-mento económico de Angola criou umaaceleração do comércio interno e exter-

no, criando uma rede de trocas cada vez mais complexa.O Estado precisa agora de actualizar os seus instrumen-tos. “A escolha de um modelo adequado de tributação éuma condição necessária, embora não suficiente, para osucesso de qualquer reforma fiscal”, explica FilomenaSalgado Oliveira, sócia gerente da FSO Consultores. “Ogrande desafio que é colocado num processo deste tipopassa, em nosso entender, por conseguir adaptar o mode-lo escolhido às características sociais, económicas e políti-cas do país em causa”.

Para a FSO Consultores, que está a trabalhar com oGoverno angolano neste processo, trata-se de uma refor-ma necessária. “Na qualidade de consultores fiscais deempresas que actuam em Angola há vários anos, estamosparticularmente atentos às dificuldades sentidas pelotecido empresarial em matérias tributárias”, aponta

Filomena Salgado Oliveira. “Nas nossas inúmeras deslo-cações a Angola, notamos um dinamismo empresarialcrescente e uma sociedade civil que se transforma, ga-nhando maior poder de compra”. No entanto, apesar doaumento exponencial das importações e do consumo(incluindo de bens de luxo), o imposto sobre o consumocontinua a pesar pouco no Orçamento Geral do Estado.“Parece-nos inevitável que as novas regras de incidênciado imposto de consumo e do imposto do selo não deixemescapar a realidade actual de clara expansão económica ede aumento do poder de compra”, diz a consultora.

O conhecimento da realidade local é o segredo dosucesso do projecto. “A equipa da FSO Consultores man-tém uma colaboração de longa data, na área da consulto-ria fiscal, com o Ministério das Finanças de Angola”, con-gratula-se Filomena Salgado Oliveira. O trabalho nestareforma, explica, passa pelo “estudo de soluções legislati-vas que se adaptem à realidade socioeconómica do país eque, simultaneamente, sejam portadoras de modernidadetécnica, maior transparência e maior justiça fiscal para osistema tributário no seu todo”. Paralelamente, a consul-tora portuguesa já vinha colaborando no novo regime fis-

FISCALIDADE ANGOLANA:

RUMO AO FUTURO

[FSO Consultores] EMPRESAS 15

cal das amortizações e provisões, inserido na revisão doCódigo do Imposto Industrial. O trabalho assenta numacooperação directa com o Comité de Reforma Fiscalangolano e com associações empresariais chamadas aapreciar as propostas. Quando a reforma estiver emcurso, caberá também à FSO formar os funcionários daAdministração Pública responsáveis pela implementaçãodo sistema.

MAIS EFICÁCIAOs contornos da reforma ainda estão a ser desenhados,mas para já o diagnóstico é claro. “É comummente aceiteque o sistema actual de tributação do consumo e dadespesa tem uma base de incidência muito estreita parapoder constituir um instrumento adequado a uma dis-tribuição mais equitativa da riqueza gerada no país”,aponta a sócia gerente da FSO Consultores. “A mesmapremência de actualização verifica-se ao nível da tribu-tação directa do rendimento, atendendo à necessidade deadaptar o regime actual à grande variedade de operaçõesque se praticam à escala de um mercado internacional,no qual Angola assume já um papel crucial”. A título de

exemplo, nota, “o diploma que rege o actual Imposto doSelo data de 1945”. Mesmo o Regulamento do Imposto deConsumo, apesar de mais recente (foi aprovado em 1999),“é acusado de produzir uma tributação cumulativa e emcascata. Em resultado, o sistema apresenta-se pouco equi-tativo e pouco eficiente em termos de receita fiscal”,explica Filomena Salgado Oliveira. “Ora, é fundamentalque o novo modelo de tributação se alicerce num princí-pio de equidade fiscal, ou seja, que a receita gerada cor-responda à base real do consumo realizado em bens eserviços”. Além disso, regista, “as preocupações sociaistambém estão muito presentes, acautelando-se o de-sagravamento de alguns consumos básicos que sereflectem nos mais modestos orçamentos familiares”.Simplificar o sistema, agilizar procedimentos – recorren-do nomeadamente aos meios electrónicos – e reforçar afiscalização e o combate à fraude e evasão fiscais são ou-tras prioridades.

De resto, também o novo regime das amortizações eprovisões, que se prevê possa entrar brevemente emvigor, vai rever as bases técnicas e os pressupostos quejustificaram a actualização das taxas e limites que vigo-raram até agora, “assegurando que as actuais circunstân-cias e factos da vida económica, em geral, e das empresas,em particular, se encontram reflectidos nos novos diplo-mas legais”, conta Filomena Salgado Oliveira. É um tra-balho que está a correr pelo melhor. “Sentimos confiançae optimismo em relação ao trabalho que temos vindo arealizar”, confessa a sócia gerente da FSO Consultores.“Temos consciência de que a reforma do sistema tribu-tário representa um dos factores indispensáveis ao desen-volvimento económico do país, podendo contribuir deci-sivamente para o aumento e consolidação de projectos deinvestimento estrangeiro”.

A colaboração com as autoridades angolanas, nosvários Ministérios e serviços da Administração Pública,está a produzir boas soluções. “Tem-nos sido transmitidauma ideia de entusiasmo e concordância em relação àgeneralidade das soluções fiscais estudadas e propostasao Ministério das Finanças”, saúda Filomena SalgadoOliveira. “O facto de não trabalharmos isoladamente,mas em conjunto com as estruturas locais, governamen-tais, civis e empresariais, permite-nos encontrar nestetrabalho de equipa um elemento potenciador de consen-sos”. Mesmo em matérias delicadas, esse trabalho con-junto tem permitido delinear uma reforma pacífica e efi-caz, mesmo quando inclui medidas geralmente impopu-lares como o alargamento da base tributável e adiminuição de isenções fiscais. É mais um sinal damaturidade de um sistema que, com a ajuda dos consul-tores da FSO, está a acompanhar o trajecto ascendente daeconomia angolana – rumo a um futuro mais risonho. �

“O grande desafioque é colocadonum processodeste tipo passa,em nosso entender,por conseguiradaptar o modeloescolhido às carac-terísticas sociais,económicas epolíticas do paísem causa”

Filomena Oliveira, CláudiaRodrigues e Filipa BarrosFoto: Victor Machado/OJE

EMPRESAS [Totvs]16

Líder de mercado no Brasil e a actuar na Amé-rica Latina, e em Portugal, a consultora desistemas de informação vai oficializar a suaoperação no mercado angolano em Outubro.“Estamos em Angola desde 2007 e criámosagora as condições necessárias para termos

um escritório em Luanda”, avança Hebert Viana, directoradministrativo e financeiro da Totvs em Portugal.

A multinacional de origem brasileira tem como objec-tivo pulverizar a sua marca por todo o território angola-no. Segundo o responsável, “já está delineado um road-map para atingirmos esse objectivo em Angola. Estamospor isso abertos a ter mais parceiros que queiram comer-cializar os nossos produtos”.

Sobre a equipa que assegura a actividade da Totvs An-gola, Hebert Viana comenta que ainda não é compostapor angolanos, mas o objectivo imediato é formar recur-sos locais. “Até porque fazemos questões de termos nanossa equipa colaboradores que conheçam bem o merca-do angolano”, reforça.

O director administrativo e financeiro da Totvs em

Em Angola há cerca de dois anos, mas aoperar através de Portugal e do Brasil,a Totvs apresenta a sua estrutura emLuanda no próximo mês Outubro

Portugal explica que o escritório de Angola será subordi-nado à Totvs de Portugal, apesar das boas relações que opaís africano mantém com o Brasil. “Não só porque a lín-gua angolana é mais próxima da portuguesa, mas tam-bém porque o fuso horário de Angola está mais próximodo de Portugal do que do Brasil”, assume Hebert Viana.

No mercado angolano, a Totvs já desenvolve projectos emtodas as áreas, mas há uma predominância na construção,uma das áreas de maior actividade no país. “ Temos umaaplicação muito boa no ramo de obras, mas também vende-mos backoffice (RH, contabilidade, e compras).

Recorde-se que o crescimento internacional da To-tvs atingiu os 23% no primeiro trimestre de 2009, cor-respondentes a 200 milhões de euros de facturação.Apesar do momento actual de recessão a TOVS crescepelo terceiro ano consecutivo acima dos 20 %.

No total, a multinacional trabalha com 23.300 cli-entes activos em todo o mundo. No primeiro trimestredo ano a empresa atendeu 4279 clientes, correspon-dentes a um aumento de 25 % face a período homólo-go de 2008. �

BATE UM CORAÇÃODE SOFTWARE

No mercadoangolano, a Totvsjá desenvolve pro-jectos em todasas áreas, mas háuma predominân-cia na construção,uma das áreas demaior actividadeno país

Totvs AngolaRua Comandante Stone, 60,AlvaladeTel.: +244 323 191www.totvs.com/

CONTACTOS

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EMPRESAS [Partners]18

“Oinvestimento em Angola representaacima de tudo a nossa vontade emestar presente neste mercado de for-ma consolidada e com todas as con-dições para podermos oferecer aosnossos clientes campanhas criativas,

com qualidade estratégica e com a garantia de uma pro-dução cuidada”, afirma Pedro Froes, director-geral daagência.

Angola é um país que está a crescer a um ritmo im-pressionante, e a desenvolver-se de dia para dia. A MSTFPartners quer fazer parte desse crescimento, contribuin-do para a criação e desenvolvimento das marcas angola-nas. “Temos talento e muita criatividade para o poderfazer”, sublinha o responsável.

Depois de Portugal, Angola é o primeiro país onde aagência de publicidade abre uma sucursal. A principal ra-zão desta aposta deve-se ao facto de o BFA ser um dosprincipais clientes da MSTF Partners. “Temos desenvolvi-do as várias campanhas publicitárias com o BFA desde

A MSTF Partners abriu recentementeas suas novas instalações em Luanda,num investimento que demonstraa vontade da agência em afirmar-sedefinitivamente no mercado angolano

2003, por isso, sentimos que era muito importante poderestar próximo do cliente e sobretudo poder estar próximodos angolanos, da sua cultura, da sua forma de vida”,avança Pedro Froes, acrescentando que “esta é a melhorforma de se compreender o mercado e de fazer campa-nhas mais eficazes e mais criativas”.

Em Angola, a agência portuguesa pretende atrairclientes nas áreas de telecomunicações, distribuição eprodutos grande consumo. Segundo o responsável, es-ta orientação deve-se ao facto de terem “bastante ex-periência nestas três áreas”. Com este investimentoem Angola, o objectivo a atingir é a expansão nummercado onde, tal como em Portugal, a MSTF Part-ners quer estar entre as melhores. “Queremos atrairos melhores clientes, os melhores profissionais e cria-tivos da área”, afirma Pedro Froes, assumindo, desdelogo, que a agência que dirige, através das campanhasque desenvolve, é eficaz nos resultados que consegueobter. “Este é sempre o nosso principal objectivo”,sublinha. �

MSTF PARTNERSINAUGURA EM LUANDA

A MSTF Partnersquer fazer partedesse crescimen-to, contribuindopara a criação edesenvolvimentodas marcasangolanas

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EMPRESAS [Accenture]20

A APOSTA NAINOVAÇÃO É PRIORITÁTIAEm entrevista, Carlos Moutinho, o direc-tor-geral da Accenture Angola, demons-tra como a consultora marca diferençanum mercado em franca ascenção

CCoommoo tteemm ssiiddoo oo ppeerrccuurrssoo ee aappoossttaa ddaa AAcccceennttuurree eemmAAnnggoollaa??O percurso da Accenture em Angola tem-se pautado poruma estratégia de crescimento sustentado e actualmente,já trabalhamos com um número significativo de empre-sas de diferentes sectores de actividade. Inicialmente cen-trámo-nos no apoio às empresas petrolíferas e de recur-sos naturais, mas nos últimos anos temos vindo a colabo-rar com clientes de outros sectores, tais como o finan-ceiro, comunicações, construção e distribuição.

Procuramos na nossa actividade fomentar a competi-tividade do tecido empresarial Angolano e, simultanea-mente, desenvolver competências internas a nível local,contribuindo desta forma para a formação e desenvolvi-mento profissional de uma nova geração de quadrosAngolanos.

EEnnqquuaannttoo ccoonnssuullttoorraa iinntteerrnnaacciioonnaall ccoommoo ssee ddiiffeerreenncciiaa aaAAcccceennttuurree AAnnggoollaa ddooss sseeuuss ccoonnccoorrrreenntteess??Os serviços que prestamos são baseados num sólido co-nhecimento da evolução e tendências dos diversos sec-tores de actividade e do compromisso que assumimoscom os nossos clientes, na entrega de soluções inovadorasque acrescentem valor e que permitam optimizar o de-sempenho das suas organizações. Outra característicamuito importante que diferencia a Accenture Angola é acapacidade de gerar inovação, pois é através dela quepodemos ajudar no rápido desenvolvimento e implemen-tação de soluções inovadoras que garantam aos nossos

[Carlos Moutinho da Accenture] ENTREVISTA 21

clientes vantagens competitivas e um acréscimo de valorno seu negócio.

QQuuaall éé aa eessttrraattééggiiaa ddaa AAcccceennttuurree ppaarraa oo mmeerrccaaddooAAnnggoollaannoo??A nossa estratégia para Angola passa por desenvolver onegócio com uma visão de longo prazo, não só em relaçãoaos mercados onde actuamos, mas também no que dizrespeito às relações de confiança que temos com os nos-sos clientes.

AAccttuuaallmmeennttee,, ee ccoomm rreecceennttee eessppeeccttrroo ddaa ccrriissee eeccoonnóómmiiccaa,,qquuaaiiss ooss iimmppeerraattiivvooss ddee nneeggóócciioo qquuee aass oorrggaanniizzaaççõõeessddeevveemm ffooccaarr--ssee??Apesar de estarmos ainda a viver num período de algumaincerteza, causado pela crise financeira e pelas dúvidasquanto ao “como e quando” esta terminará completa-mente, as organizações possuem um conjunto de opçõespara reagir e fortalecer as suas posições competitivas.Considero que é fulcral a implementação de medidas queconcretizem mudanças no sentido de resolver ou mino-rar certos problemas causados pela deterioração do ambi-ente económico mundial.

No entanto, algumas empresas tendem a focar-semuito no curto prazo, o que as leva a descurar áreas críti-cas da sua actividade e a comprometer o seu futuro.

Como resultado do estudo realizado pela Accenturerecentemente, concluímos que as organizações de maiorsucesso são as que, adoptando mudanças para os proble-mas actuais, mantêm a sua orientação e os seus objec-tivos estratégicos e aproveitam alguma debilidade domercado para reforçar as suas vantagens competitivas.

Identificámos também um conjunto de prioridades denegócio que estão a ser seguidas pelas organizações comum desempenho sustentado ao longo dos tempos, e àvolta das quais entendemos que se devem centrar osesforços de transformação da gestão no contexto actual:Excelência e agilidade operativa, rápida gestão de custos,aquisição e retenção de clientes, execução eficaz defusões e aquisições e a gestão estratégica do talento.

AA AAcccceennttuurree ccoonnssiiddeerraa qquuee eessttaa éé uummaa bbooaa aallttuurraa//ooppoorrttuu--nniiddaaddee ppaarraa FFuussõõeess && AAqquuiissiiççõõeess??Tendo em conta a experiência da Accenture e tendo porbase a análise de períodos económicos semelhantes, podedizer-se que tempos como estes são muitas vezes umexcelente trampolim para muitas das empresasrealizarem processos de aquisição. A altura é propíciapara concretizá-las de forma mais rápida e decisiva doque teria sido possível organicamente e as empresasdevem avaliar detalhadamente as várias vertentes de si-nergias e obstáculos associados a estas operações e estabe-lecer desde logo um roadmap para endereçar ambos.Contudo, é necessário ter em conta que, mesmoadquirindo a melhores preços, as empresas devem ter emconta os riscos inerentes, em termos de complexidade daintegração, possíveis descontinuidades nas operações efalta de alinhamento da gestão. É também importanterealçar um dos factores mais decisivos para umatransacção bem sucedida é o processo “pós-acordo” ao

nível do planeamento e execução da integração, mais doque o processo de “pré-acordo” (selecção e negociaçãocom candidatos, processo de due diligence, processo deavaliação e cálculo de sinergias) ou o próprio valor doinvestimento.

AA gglloobbaalliizzaaççããoo tteemm aacceennttuuaaddoo oo rriissccoo ppaarraa aass eemmpprreessaass..CCoommoo éé qquuee aass oorrggaanniizzaaççõõeess AAnnggoollaannaass ppooddeemm pprreeppaarraarr--ssee mmeellhhoorr ppaarraa ffoorrttaalleecceerr aa ssuuaa ppoossiiççããoo ccoommppeettiittiivvaa??Vivemos num mundo globalizado e cada vez mais multi-polarizado no qual o PIB dos países emergentes irá breve-mente ultrapassar o do mundo desenvolvido. O capital,os recursos e a informação fluem livremente, graças àliberalização do comércio e à tecnologia.

Actualmente, as funções de negócio das empresaspodem ser deslocalizadas e surgiu uma indústria deserviços no âmbito do comércio internacional, com cen-tros transnacionais onde existem recursos qualificados econdições para a sua constituição.

Os fluxos de capital estão a equilibrar-se e empresas depaíses emergentes invadem mercados maduros, alicerça-dos nas vantagens competitivas da sua origem, ao mesmotempo que os mercados emergentes se tornam uma pri-oridade para o crescimento do negócio das multina-cionais. Já os recursos qualificados são escassos e sãorecrutados a nível global.

Neste contexto, as empresas precisam de adaptar osseus modelos operativos para aproveitar as oportu-nidades destas novas realidades, de localizar as suasfunções nas zonas mais interessantes e de construircadeias de valor transnacionais. Precisam de entrar emmercados com regras e contextos culturais diferentes edefenderem-se de novos concorrentes.

OO ccaappiittaall hhuummaannoo ttaammbbéémm éé uummaa ddaass pprriioorriiddaaddeess aa qquueeaass eemmpprreessaass ddeevveemm eessttaarr aatteennttaass nneesstteess mmoommeennttooss ccoonn--jjuunnttuurraallmmeennttee mmaaiiss ddiiffíícceeiiss?? O capital humano está actualmente, na base do sucessode qualquer organização. Existe efectivamente uma ele-vada correlação entre a criação de uma política sustenta-da de gestão de capital humano e a melhoria dos resulta-dos operacionais das empresas que os implementam. Porisso, todos os colaboradores pertencentes a uma determi-nada organização, desde os seus líderes actuais e futuros,até aos colaboradores que lidam diariamente com ocliente ou com as operações da empresa são um dos prin-cipais vectores do sucesso empresarial. Tendo em contaesta realidade e sabendo que a procura por este activo éfeita a uma escala global, as organizações devem querercolocar o capital humano no centro da sua estratégia. �

CARLOS MOUTINHODirector- geral da Accenture Angola, conta com mais de 16 anos de experiência(10 anos no mercado ibérico e os últimos 6 em Angola) no desenvolvimento eliderança de projectos de consultoria de gestão e tecnologias de informação nasindústrias petrolífera e de recursos naturais. É licenciado em Engenharia deSistemas e Informática pela Universidade do Minho. Tem 39 anos, é natural deLuanda/Angola, casado e pai de dois filhos. �

A nossaestratégia paraAngola passapor desenvolvero negócio comuma visão alongo prazo

EMPRESAS [Porsche]22

LUXO EM ANGOLAPPoorrttuuggaall – Av. MiguelBombarda, 36 – 5D, 1050-165Lisboa EEssppaannhhaa – P. De la Castellana,92 – 3º, MadridAAnnggoollaa – R. Cmdt. Valódia, 5 –Luandawww.tchowa.pt

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[Porsche] EMPRESAS 23

A Porsche Design vai chegar a Angolapela mão do Grupo Tchowa. E assim osangolanos terão no seu país uma sériede produtos e serviços de luxo que sóencontravam em grandes capitaiseuropeias e asiáticas

Com investimentos em Angola em váriasáreas de negócios, o Grupo Tchowa queralargar a sua presença noutras áreas comoa dos produtos premium e de luxo. “O nos-so objectivo passa pela aposta em marcasde luxo, como a Porsche Design, entre ou-

tras, com alguns pontos de venda num investimento deaproximadamente três milhões de dólares nos próximostrês anos”, avança Mário Cajada, Chairman da Tchowa.

O Grupo Tchowa conhece bem o mercado angolano,“não só pela simples razão de sermos angolanos, mas por-que esta será mais uma área de negócios diferente aacrescentar ao nosso portfólio de actividades”, explica oresponsável, acrescentando que este é o momento idealpara o fazer, sobretudo depois de o terem feito noutrospaíses como Portugal e Brasil. “Este é mais um contribu-to para proporcionarmos aos angolanos a possibilidadede encontrarem no seu país uma série de produtos e ser-viços de luxo que habitualmente só encontravam em

grandes capitais europeias e asiáticas”, remata Mário Ca-jada.

Em Angola, bem como em Portugal, o projecto do Gru-po Tchowa não se esgota na Porsche Design, mas esta é,sem dúvida, uma grande aposta. “Temos outras grandesmarcas internacionais de luxo que queremos levar paraAngola mas, o que realmente distingue a Porsche Design,é a exclusividade dos seus produtos, a inovação do seu de-sign, a pureza dos materiais dos seus produtos e o cunhomanual que é oferecido na construção de cada objecto”,ressalva o empresário.

Questionado sobre o número de lojas Porsche Designque vão abrir em Angola, Mário Cajada adianta que aindanão está definido; vai depender da procura do mercado eda disponibilidade de espaços que vão ao encontro dos re-quisitos do Grupo”.

O mesmo acontece com o volume de facturação. Se-gundo Mário Cajada, “tudo dependerá da dimensão do in-vestimento e dos pontos de venda”. �

ÚNICOS E LUXUOSOSO produto Porsche Design é único, pela sua exclusividadee funcionalidade. Cada produto Porsche Design tem umahistória, onde nada é deixado ao acaso. As novidades sãomuitas, desde o relógio Indicator (do qual apenas serãoproduzidas 50 unidades), aos ténis Bounce:S que dis-põem de um sistema de amortecimento semelhante aoscarros da Porsche, passando pelo novo perfume, pelanova linha de produtos sport, pelos novos óculos, etc. �

Temos outrasgrandesmarcas de luxo,mas o quedistingue aPorsche Designé a exclusivi-dade dos seusprodutos

EMPRESAS [ Multilem]24

A MONTRA DAS EMPRESAS

Aoperar nos cinco continentes e tendodesenvolvido projectos em mais de 50países, o último dos quais Angola, amultinacional foi criada em 1998. “Tu-do começou quando fomos convidadosa apresentar um projecto para um gran-

de acontecimento em Portugal, o evento comemorati-vo dos 500 anos da aliança luso Britânica no Palácio deCristal, no Porto”, explica Pedro Castro, administra-dor da Multilem.

Para o responsável, a adjudicação desse grandeevento marcou para sempre o posicionamento de qua-lidade e de dimensão da empresa. “Foi um eventoinaugurado pelo Principe Carlos e pela princesa Diana

A Multilem Design e construçãode espaços dedica-se à concepção,produção e montagem na áreade stands, exposições, espaçoscomerciais e eventos de topo

[ Multilem] EMPRESAS 25

de Inglaterra. Para nós foi um selo de exigência quali-tativa que nunca mais largámos”, destaca.

Ao longo de 21 anos, a Multilem desenvolveu o seucore business e cresceu, através da aprendizagem quetem feito. "Temos tido a oportunidade de criar e de-senvolver projectos em todo o mundo, com clientes degrande dimensão, o que nos tem dado uma enormecapacidade de organização e implementação de gran-des eventos”, sublinha Pedro Castro. Por exemplo, ofacto de terem trabalhado com a Renault francesa foiuma “excelente oportunidade para crescerem já quemudou por completo a forma de trabalhar e acrescen-tou valor à oferta da Multilem”. Com a Renault Fran-ça, a Multilem aprendeu a enorme importância defazer pré montagens dos stands que desenvolve.

Assim, quando as equipas chegam ao local do even-to já tudo foi pré testado, sendo apenas preciso fazera montagem. Deste modo, segundo Pedro Castro, “re-duzimos os imprevistos, e acabamos por poder ofere-cer ao nosso cliente uma excelente qualidade de aca-bamentos, utilização de materiais inovadores e ter-mos sempre o stand pronto 24h antes da abertura dafeira. Isto por vezes é decisivo, pois ganhamos umamargem de tempo que nos permite, por um lado, li-dar positivamente com possíveis imprevistos e, poroutro, oferecer a possibilidade ao cliente de fazer pe-quenos ajustes caso considere relevante”.

CCrreesscceerr ccaaddaa vveezz mmaaiissHoje, 60 por cento da actividade da Multilem decorrefora de Portugal. A multinacional já desenvolveu pro-jectos em toda a parte do mundo desde a Rússia, a Itá-lia, a Inglaterra, a Alemanha, a França, a Finlândia, oJapão, os Estados Unidos, o Brasil, e Moçambique.

Segundo Pedro Castro, a aprendizagem de activida-de dentro e fora do país permite montar equipas à me-dida e à dimensão de cada projecto. E o volume de tra-balho que a empresa tem permite-lhe ser flexível ecompetitiva para deslocalizar equipas da Multilemque, em conjunto com equipas locais, desenvolvem oprojecto de A a Z. “Talvez este seja um dos principaissegredos para sermos hoje uma das mais reconheci-das e prestigiadas empresas do ramo, não só na áreade stands mas também no segmento de eventos de to-po”, acrescenta. Entre as principais empresas comquem a Multilem trabalha, muitas das quais acompa-nha por esse mundo fora, destacam-se o Turismo dePortugal, TMN, EDP, Grupo Parque Expo, Galp, BancoEspírito Santo, AICEP Portugal, IAPMEI, Philips.

E como surge a Multilem Angola? Em 2008, a multi-nacional foi convidada pelo AICEP para montar o Pa-vilhão de Portugal na Filda, em Luanda, com 3000 me-tros quadrados, onde estavam presentes 106 exposito-res portugueses. “Apesar de nos termos deparado comalgumas contrariedades, a nossa experiência acumu-lada e o nosso método de trabalho ajudaram-nos a ul-trapassar todos os problemas e a apresentar um traba-lho que foi reconhecido por todos como de grandequalidade”, explica Carlos Paulino director-geral da

Multilem Angola. Nesse evento, a multinacional ga-nhou o prémio leão de ouro, galardão atribuído aomelhor pavilhão.

Neste processo, a Multilem detectou que havia for-tes oportunidades de negócio e que aquela seria a al-tura e o país ideal para investir em meios, em recur-sos e em formação. “É fundamental contarmos comcolaboradores locais, que nos ajudam a compreendermelhor a cultura, as necessidades, e as soluções quepodemos encontrar”, remata o director-geral.

AAppoossttaarr eemm AAnnggoollaaEm parceria com empresários angolanos, a multina-cional abriu em Fevereiro de 2009 a Multilem Angola,da qual detém 52,5% do capital, o que representa uminvestimento de cerca 2 milhões de euros.

“Queremos dar valor acrescentado às empresas an-golanas”, afirma o responsável, acrescentando que aoferta integrada que a Multilem pode oferecer passapela criação do conceito, da imagem, da construção,da montagem, dos acabamentos de topo.

Os primeiros meses de trabalho em Angola “têm si-do um desafio bastante interessante e diversificado”.A Multilem tem desenvolvido projectos para escritó-rios, fábricas, stands e eventos para grandes marcascomo a Refriango, BFA, Movicel, Galp entre outros eaté já realizou uma grande festa de casamento. CarlosPaulino está crente que “o futuro reserva grandesacontecimentos à multinacional”.

Quando questionado sobre o evento que maisgostaria de realizar em Angola, o director-geralresponde que seria a inauguração da nova Baia deLuanda. “Seria um evento para darmos tudo o quetemos para que fosse a maior festa de sempre emAngola”.

Neste momento, está a ser finalizada a construçãodas novas instalações da empresa: uma moradia comcerca de 120 metros quadrados, jardim, piscina, oitoquartos (para receber colaboradores deslocados) euma área 200 metros quadrados para escritório, alémde uma carpintaria devidamente equipada com todasas máquinas e materiais necessários para a realizaçãode todos os serviços. �

Em parceriacomempresáriosangolanos, amultinacionalabriu emFevereiro de2009 aMultilemAngola, da qualdetém 52,5%do capital, oque representaum investimen-to de cerca 2milhões deeuros

EMPRESAS [Codisa]26

CODISA APOSTA NO CRESCIMENTOQuase a comemorar o seu 5.º aniversário, em Novembro, amultinacional acredita que, nos próximos quatro anos, osresultados acumulados nas cinco áreas de negócio serãosuperiores a 180 milhões de USD

Presente em Luanda e Lisboa, desde 2004, aCODISA, enquanto plataforma de negócios,demonstra ser o parceiro ideal para empresas emarcas que pretendam avançar para um merca-do complexo, mas extremamente dinâmico,como o de Angola.

“Criámos as condições para o sucesso de empresas interna-cionais em Angola. Sabemos que a associação com quem temvontade de apostar neste mercado é a melhor solução paratrazer o que de melhor se faz a nível internacional paraAngola”, afirma o administrador Rahim Ahamad.

Segundo o responsável, “o profundo conhecimento que aCODISA tem do mercado, o vasto know-how e o respectivodomínio da sua funcionalidade, a qualidade dos seus recursoshumanos e das diversas infra-estruturas foram, e são,condições essenciais para o sucesso em Angola de empresasinternacionais, como a Roche Farmacêutica e as Tintas Dyrup,e também de empresas portuguesas como a Handy, líder de

mercado na concepção de soluções de utilização racional deespaços”.

O número de projectos estruturais desenvolvidos pelaCODISA nas áreas da tecnologia (a implementação da soluçãode bilhética do Afrobasket 2007, da energia, (desenvolvimen-to e implementação da solução energética para Portos Secos,um modelo inclusive já requisitado por outros paísesafricanos), e da saúde (realização de um protocolo de coopera-ção com a Roche que possibilitará aos quadros especializadosdo Ministério da Saúde de Angola o acesso a acções específi-cas de formação técnica bem como o desenvolvimento de pro-gramas inovadores de rastreio), a par com o plano de investi-mentos dos próximos quatro anos que, além de contemplarestas três áreas, prevê também a entrada no sector daIndústria, demonstra não só a solidez e credibilidade daempresa, mas também a sua capacidade de participar em pro-jectos de grande dimensão e responsabilidade para o país.

A nível tecnológico, a CODISA aposta em empresas por-tuguesas como a Card4B e a IntheBox. Segundo RahimAhamad “as empresas portuguesas, apesar de recentes são li-deradas por equipas com grande experiência e apresentam assoluções mais dinâmicas, inovadoras e credíveis do mercado.Prova disto é o sistema de bilhética da Card4B, utilizado noEuro 2004, um dos poucos que funciona eficazmente emeventos desta dimensão.”

OFERTA DE SERVIÇOS DIVERSIFICADATecnologia, energia, saúde, solução de mobiliário e outras re-presentações são as cinco áreas de negócio da CODISA. Na área da tecnologia, a multinacional apresenta soluçõesempresariais a nível de redes e estruturas informáticas emdiversas áreas. Na área da energia, soluções completas e integradas ao nívelde centrais de fornecimento de energia suportados por gera-dores de referência e outros equipamentos são o ponto dedestaque pela concepção, durabilidade e desempenho dosprojectos energéticos que a CODISA realiza. Apresentandouma vasta experiência na área da saúde, a empresa disponibi-liza medicamentos, consumíveis, instrumentos cirúrgicos,mobiliários e equipamento hospitalar. A Roche farmacêuticaé a face mais visível desta área.

A solução de mobiliário engloba a comercialização desoluções compactas deslizantes de optimização de espaços,tendo por base projectos arquitectónicos específicos. Na áreade outras representações, a CODISA detém as conceituadasTintas Dyrup e as Soluções de Arquivo Handy. �

Da esq. para a direita: Hussein Ahamad,Nafize Madatali, Nizu Sadrudine,Ambrósio Narciso, Jaher Ahamad eRahim Ahamad. Foto: DR

LLuuaannddaaRua da Liga Nacional AfricanaNº15 e 15ATel:+244 222 44 64 80 / Fax:+244 222 44 64 70

LLiissbbooaaEdf. W Office / Pç de Alvaladenº9 3A1700-037 Lisboa Tel. +351 218 45 91 50 / Fax: +351 218 54 91 [email protected]

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EMPRESAS [Young Network]28

“A EQUIPA SERÁMAIORITARIAMENTEANGOLANA”O interesse das agências de comunicação portuguesas nomercado angolano ganhou visibilidade em 2008. AYoungNetwork Portugal não é excepção: posicionada nas ver-tentes da consultoria estratégica de comunicação, relaçõespúblicas, design e eventos, a YoungNetwork Angola fez o seupré-lançamento na FILDA, em Julho

OGrupo YoungNetwork, composto pelaYoungNetwork, empresa especializada emreputação e consultoria de comunicação,pela PressDirecto, empresa de assessoria deImprensa, pela YoungAd, unidade de con-cepção e gestão de eventos e design, pela

Meritor Media, consultora croata que inicia a internacionaliza-ção do Grupo, aposta agora na YoungNetwork Angola.

“Angola foi o destino escolhido para o projecto devido ao ele-vado potencial que apresenta e por ser um mercado impor-tante para o Grupo”. É assim que João Duarte, CEO do GrupoYoungNetwork inicia a nossa conversa.

Com o objectivo de oferecer ao mercado serviços de comu-nicação de A a Z em Angola, o desafio é conquistar umaposição de relevo no mercado Angolano. “Para o conseguirmosnão esperamos facilidades, na medida em que o mercadoangolano tem características muito específicas e já existe algu-ma concorrência, sobretudo local, bem posicionada”, refere.

Ainda em fase de iniciação, esta é uma operação interna-cional em estudo desde o início do ano. Com data prevista paraabertura de escritório ainda durante o mês de Setembro.“Temos vindo a trabalhar neste projecto há cerca de seis mesese conseguimos iniciar a operação no terceiro trimestre desteano, naquele que é o investimento mais elevado desde a fun-dação do Grupo”, refere o CEO do Grupo YoungNetwork.“Apesar da dificuldade de fazer projecções, acreditamos quefaremos o break-even até 2012”. Segundo João Duarte, “aYoungNetwork terá uma equipa multi-disciplinar em Angola,

com competências na área de relações públicas, eventos e publi-cidade”. A agência iniciará a sua actividade com um director-geral, que transitará de Lisboa, e um consultor, estando previstaa integração de cinco a sete pessoas na equipa até ao final doseu primeiro ano. “A equipa será maioritariamente angolana,com o apoio de alguns recursos portugueses, consoante asnecessidades”, esclarece o profissional de comunicação, acres-centando que já têm alguns clientes, nomeadamente nas áreasde “Indústria e Serviços”.

De recordar que Angola é um país cada vez mais atractivopara o investimento, sendo sabido que vai crescer este anomais do que qualquer outro país emergente.

Fundado em 2000, em Portugal, o Grupo YoungNetworkconta já com mais de 70 colaboradores, desenvolvendo assesso-ria contínua em mais de 90 empresas, sendo hoje uma dasmaiores consultoras de comunicação no mercado português.�

GRUPO YOUNGNETWORKR. Fernando Vaz, 12 A1750-108 LisboaTel.: +351 217 506 050 Fax:+351 217 506 [email protected] /www.youngnetwork.net

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CARREIRA [Professor Doutor José Octávio Van-Dúnem]30

“ESTAMOS PREPARADOSPARA O DESAFIO DE OMBREAR COM OUTRAS FACULDADES” No ano em que comemora 30 anos deexistência, a Faculdade de Direito daUniversidade Agostinho Neto orgulha-sede lançar no mercado de trabalho 150licenciados em Direito. O director daFaculdade, Professor Doutor JoséOctávio Van-Dúnem, faz um balançodeste período, e do seu mandato comodecano, que termina no final deste ano

QQuuee bbaallaannççoo qquuee ffaazz ddeesstteess 3300 aannooss ddee eexxiissttêênncciiaa ddaaFFaaccuullddaaddee ddee DDiirreeiittoo??É um balanço positivo. Afinal de contas foram 30 anos emque a nossa Faculdade sofreu uma grande alteração.Começou por ser uma escola de juristas e de pessoas lig-adas à área do direito; formação essa que se mostroumuito sólida, já que grande parte das pessoas está hojebem colocada no mercado de trabalho. Mas evoluiu e pas-sou a ser uma escola com muito mais alunos, com umacomponente também de pesquisa, e hoje temos uma fac-uldade de medicina, de pesquisa e de direito. Só issomarca, de facto, estes 30 anos.

PPaarraa eessttee aannoo ddee ccoommeemmoorraaççõõeess eessttããoo ddiissppoonníívveeiiss mmaaiiss ddee115500 lliicceenncciiaaddooss eemm DDiirreeiittoo,, nnaass vváárriiaass áárreeaass –– jjuurrííddiiccaa,,cciivviill,, ppoollííttiiccaa ee ddiirreeiittoo eeccoonnóómmiiccoo.. OO qquuee rreepprreesseennttaa eessttaaccoonnqquuiissttaa??

De facto, nos últimos anos temos tido um maior númerode licenciados, e este ano atingimos os 150 alunos, o quepara nós é uma grande satisfação. Estas pessoas vão inte-grar o mercado de trabalho que está aberto para estes per-f is. Isto significa também que a Faculdade está a cumpriro seu papel na área de responsabilidade social, perante asociedade.

EE eesstteess lliicceenncciiaaddooss vvããoo aalltteerraarr ppoorr ccoommpplleettoo aa nnoovvaa ffaasseessoocciiaall ddoo ppaaííss……Sem dúvida. Só em Luanda, tivemos mais de mil e tallicenciados nas mais variadas áreas, sendo as tais 150 dafaculdade de direito, aos quais se acrescentam 22 mestres,com júris da Faculdade de Direito e parceiros.

CCoomm aa eennttrraaddaa ddee nnoovvaass uunniivveerrssiiddaaddeess nnoo mmeerrccaaddoo,, ee eessttaanneecceessssiiddaaddee ccrreesscceennttee qquuee eessttaammooss aa sseennttiirr aaoo nníívveell ddoo

[Professor Doutor José Octávio Van-Dúnem] CARREIRA 31

“Levo entrecinco a seisanos dedirecção dafaculdade e sinto que a missão foicumprida”

eennssiinnoo,, ccoommoo éé qquuee aa FFaaccuullddaaddee ssee eessttáá aa pprreeppaarraarr??Naturalmente que estamos a sentir essa concorrência,mas continuamos a apostar muito na formação dos nos-sos licenciados e dos nossos docentes, daí a grande apos-ta num programa de mestrado e, mais recentemente,num de doutoramento – através da parceria com aUniversidade Nova de Lisboa – que aguarda apenas adivulgação das entidades competentes. Acima de tudo,queremos que os nossos alunos adquiram uma formaçãosólida. Estamos também a abrir um outro leque na áreadas formações de especialização. Ou seja, a Faculdade atéagora tinha licenciaturas e mestrados, e agora temostambém cursos de especialização, já direccionados paraquem está no mercado de trabalho, e para quem já pas-sou por aqui poder voltar para adquirir novos conheci-mentos. Isto faz com que haja uma certa rotatividade, decirculação de gerações e de ideias. Estamos preparadospara o desafio de ombrear com outras faculdades.

SSeerráá aattéé ccoomm aallgguumm oorrgguullhhoo qquuee vveerráá ooss sseeuuss mmeessttrraannddoossaa ddaarreemm aauullaass ee aa sseerreemm ooss ddeeccaannooss ddee oouuttrraass ffaaccuull--ddaaddeess…… Sim, claro, até porque fomos a primeira Faculdade deDireito e ajudamos, obviamente, a preparar outrosquadros para outras faculdades.

CCoommoo ffuunncciioonnaamm aass vváárriiaass ccooooppeerraaççõõeess ee pprroottooccoollooss ccoommoouuttrraass UUnniivveerrssiiddaaddeess??Com a Universidade Nova de Lisboa temos uma relaçãomuito forte, tanto na área de mestrados como no inter-câmbio de professores e alunos. Este ano as actividadesrelacionadas com os 30 anos tiveram início em Janeiro,com a presença de vários professores, nomeadamente doProf. Marcelo Rebelo de Sousa, e também de alunos demestrado. Temos igualmente uma parceria antiga com aFaculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Paraalém disso, mantemos parcerias com universidadesbrasileiras e africanas. Somos uma Faculdade preocupadacom aquilo que são as nossas obrigações e deveres locais,tendo sempre consciência de que somos “locais-globais” ecomo tal queremos continuar a ir por essa via.

NNaass rreeffoorrmmaass jjuurrííddiiccaass eemm ccuurrssoo eexxiissttee uummaa iinntteerrddee--ppeennddêênncciiaa eennttrree aa FFaaccuullddaaddee ee oo EEssttaaddoo.. EEmm qquuee mmeeddiiddaaéé qquuee ssee ttooccaamm eessttaass dduuaass eennttiiddaaddeess??Eu acho que andam de mão dada, porque de facto numpaís como o nosso, em que os desaf ios são muitos e todospara ontem, é importante que existam parcerias sólidaspara resolver estes problemas. No caso do ensino superi-or, é mais do que evidente que o Estado tem um papel

importante a desenvolver, tal como as próprias universi-dades. Respeitando as liberdades de cada universidade, épossível caminhar-se lado a lado. As reformas pretendemcriar algo novo, respeitando sempre os limites e aexcelência da própria universidade. O nosso caso não éexcepção.

CONSTRUIR ALICERCESNNoo ffiinnaall ddeessttee aannoo,, tteerrmmiinnaa oo sseeuu mmaannddaattoo,, qquuee tteevvee iinníí--cciioo eemm 22000055.. UUmm mmaannddaattoo ddee ddeeccaannoo,, qquuee eeqquuiivvaallee aa sseerroo ddiirreeccttoorr ddaa FFaaccuullddaaddee ddee DDiirreeiittoo.. QQuuee bbaallaannççoo ffaazz ddeesstteessqquuaattrroo aannooss ccoommoo pprrooffeessssoorr ee ddeeccaannoo,, eemm ssiimmuullttâânneeoo??Eu antes de ser decano já estava na direcção da faculdadedesde 2003. Levo entre cinco a seis anos de direcção dafaculdade e sinto que a missão foi cumprida. O objectivofoi sempre fazer a escola para quem vier encontrar sem-pre alicerces para poder continuar e tenho a certeza queas condições para tal estão criadas. E nós, professoresefectivos aqui da casa, estamos disponíveis para con-tribuir para que tudo corra nesse sentido.

FFaallee--nnooss uumm ppoouuccoo ddee ssii ee ccoonnttee--nnooss oo sseeuu ppeerrccuurrssooaaccaaddéémmiiccoo ee pprrooffiissssiioonnaall aattéé cchheeggaarr aaqquuii,, sseennddoo qquuee ffaazzppaarrttee ddee uummaa FFaaccuullddaaddee qquuee tteemm 3300 aannooss ddee HHiissttóórriiaa,,nnuumm ppaaííss qquuee eesstteevvee 3344 aannooss eemm gguueerrrraa..Nasci em Angola, mais precisamente em Luanda, e tenhomuito orgulho nesta universidade que foi precisamente aprimeira onde comecei a dar aulas. Ao contrário do que amaioria das pessoas julga, formei-me em f ilosofia, naFaculdade de Ciências Humanas da Universidade CatólicaPortuguesa, e só depois voltei para Angola. Comecei a daraulas como monitor aqui na Faculdade, cheguei a assis-tente e ainda fui para o Brasil fazer o mestrado e odoutoramento em sociologia. Para mim a vida de docên-cia é um sacerdócio. Isto é o que realmente gosto de fazer,até porque também me permite explorar o lado humanis-ta das coisas. Considero-me uma pessoa que também estáao serviço das pessoas e da sociedade e esta profissão per-mite-me fazer de tudo um pouco. De resto, sou uma pes-soa feliz, fico muito preocupado quando vejo pessoasmuito cépticas. Acho que Angola, depois de 34 anos deguerra, está num momento único, de crescimento, todosos angolanos têm um papel a cumprir, as gerações maisjovens não podem fugir disso.

OO qquuee vvaaii mmuuddaarr qquuaannddoo tteerrmmiinnaarr oo sseeuu mmaannddaattoo??Sinto-me mais maduro, porque passei por muitas experi-ências, mas como pesquisador e como professor, nada vaimudar. Vão passar a ver-me mais nas salas de aulas e nomeu gabinete de trabalho, com toda a certeza. �

DESTAQUE [Educação]32

FORMAR O FUTUROA Educação é uma das prioridades de investimento emAngola. O Governo está a expandir a rede de ensino comobjectivos ambiciosos: garantir a escolaridade universale de qualidade para todos os angolanos A

dimensão da tarefa reflecte a importân-cia que a Educação tem para o Governoangolano: o objectivo assumido pelo Es-tado é, até 2015, universalizar o ensinoobrigatório a todas as crianças acima doscinco anos. Isso obriga a um enorme es-

forço de construção de novas escolas, para compensaras carências existentes no parque escolar e albergar acrescente população infantil do país. As obras actual-mente em curso vão criar por todo o país mais de 64mil novas salas de aula até 2011, segundo o Ministérioda Educação. O outro desafio é a contratação de profes-sores para apetrechar todas estas escolas – há mais de93.500 novos docentes em formação prestes a integraro sistema. Tudo isto a par das reformas curriculares eno sistema de gestão escolar que estão actualmente em

[Educação] DESTAQUE 33

O objectivoassumido peloEstadoangolano é, até2015, univer-salizar o ensinoobrigatório atodas as cri-anças acimados cinco anos

curso. É sem dúvida um trabalho pesado.Os investimentos em curso são o contributo do Esta-

do para aquilo que o vice-ministro da Educação para aReforma Educativa, Pinda Simão, considera ser a neces-sária “imediata mobilização do país para os grandesdesafios da alfabetização, tendo em conta os ainda ele-vados e preocupantes índices de analfabetismo”. As au-toridades não pretendem perder tempo: os objectivosimediatos são aumentar a taxa líquida de escolarizaçãopara os 90% da população, abrangendo não apenas ascrianças em idade de iniciar os estudos mas também afaixa etária dos 12 aos 18, à qual durante anos o siste-ma não tinha conseguido dar resposta. Também entreestes adolescentes, o Governo quer aumentar a taxa dealfabetização para valores superiores aos 90%.

A aposta no alargamento da rede e na formação deprofessores tem permitido um impressionante cresci-mento do sistema de ensino. No ano lectivo de 2009,que arrancou no início de Fevereiro, mais de um mi-lhão de novos alunos entraram nas escolas angolanasem comparação com 2008. No total, mais de seis mi-lhões de crianças e jovens têm hoje acesso à Educação,o que coloca Angola como o primeiro país da ÁfricaSubsaariana na percentagem de crianças inscritas noensino primário, segundo dados da UNESCO.

E não é só o ensino primário que está a crescer: o Go-verno conta abrir este ano 33 novos liceus em todas asprovíncias do país, para servir quase 60 mil novos alu-nos do ensino geral e do ensino profissional.

EEnnssiinnaarr aa eennssiinnaarrPara que a aposta seja bem sucedida, a formação deprofessores é essencial. E os esforços do Estado nestesentido estão a ser reforçados por vários programas decooperação com o Governo português e com institui-ções como a União Europeia, a UNESCO e várias organi-zações não-governamentais. Ao inaugurar, no início deSetembro, uma nova escola de professores em Cacuso,na província do Malanje, o vice-ministro da Educaçãopara a área Técnica e Profissional, Narciso Damásio, ex-plicou que, com estes investimentos, o Governo “está aapostar seriamente na educação para gerar desenvolvi-mento e acabar com o analfabetismo”. Nesse sentido, aaposta nos professores é crucial. “Uma outra política doGoverno para o sector educacional está ligada à valori-zação dos professores, dando-lhes formação e remune-ração adequadas”, acrescentou o governante, em decla-rações à agência Angop.

Recentemente, o Executivo de Luanda aprovou o no-vo estatuto da carreira docente, cujo objectivo é valori-zar a profissão e captar novos talentos para as escolasangolanas. O resultado destas medidas tem sido umcrescimento progressivo do número de docentes – e dedocentes cada vez mais qualificados. Dados oficiaisapontam para que existam actualmente ao serviço emAngola perto de 180 mil professores. Só durante o anode 2008, chegaram à profissão quase 12 mil novos do-centes, 65% por cento dos quais com formação pedagó-gica adequada para prestarem o melhor serviço possí-vel nas escolas do país. Ao mesmo tempo que tem refor-

çado as capacidades do sistema, Angola tem vindo a im-plementar uma reforma dos currículos e do sistema degestão das escolas.

Os novos programas começaram a ser introdu-zidos em 2006, depois de um trabalho de reestru-turação dos planos de estudo e de formação deprofessores e gestores escolares, a que se segui-ram as primeiras experiências-piloto de aplicaçãoda reforma. Os primeiros estudos de avaliação dosistema mostram que o novo currículo está a terresultados mais animadores, baixando as taxas dereprovação e de abandono escolar.

AAmmbbiiççããoo ssuuppeerriioorrEstes são apenas os primeiros passos de um longo cami-nho. À medida que as reformas começam a fazer-se sen-tir nos níveis mais básicos do sistema, continua a havercarências para resolver na formação mais avançada. Es-tudos da UNESCO indicam que, para sustentar o seu de-senvolvimento, Angola precisa de formar 70 mil técni-cos superiores por ano – muito acima dos perto de 40mil alunos que foram formados em 2008 pela únicaUniversidade pública do país, a Universidade AgostinhoNeto. E apesar do número de vagas nos cursos superio-res ter vindo a subir constantemente ao longo dos últi-mos anos, a falta de talentos qualificados continua a fa-zer-se sentir em Angola – e é uma das lacunas que maisdificulta a vida das empresas e o desenvolvimento eco-nómico do país.

Também aqui, no entanto, o dinamismo da sociedadeangolana tem vindo a dar uma resposta à questão. Porum lado, os últimos anos assistiram ao surgimento devárias universidades privadas em Angola.

Ao mesmo tempo, o Governo tem vindo a reforçar asbolsas concedidas a jovens angolanos para que possamfazer os seus estudos superiores fora do país – só esteano, o número de bolsas vai duplicar, para um total de6 mil, segundo dados do Ministério da Educação. Sãoapostas que estão a dar frutos no combate ao analfabe-tismo, no aumento do número de diplomados e na fix-ação de mais talento e conhecimento no país. Trata-se,em suma, de um investimento bem sucedido num futu-ro mais risonho para os angolanos. �

NOVOS MÉTODOS, VELHOS ALUNOSAlfabetizar a população adulta é uma das prioridades do Ministério da Educação deAngola, que está a implementar por todo o país um Programa de Alfabetização eAceleração Escolar que mobiliza perto de mil formadores. O objectivo é, com este progra-ma, alfabetizar mais de 470 mil angolanos adultos. Para isso, o projecto lança mão dastecnologias audiovisuais, através do projecto “Sim, eu posso”, um programa lançado emparceria com a UNESCO, a UNICEF e os Governos de Cuba e do Brasil. O “Sim, eu posso”alia as aulas de alfabetização vulgares à produção de vídeos tutoriais que ajudam osalunos na sua aprendizagem. O projecto, que arrancou em Fevereiro deste ano a títuloexperimental nas províncias do Bié, Luanda, Benguela e Huambo, começou no início deSetembro a ser generalizado a todo o país.

DESTAQUE [Saúde]34

UM FUTURO SAUDÁVELA reconstrução de Angola não se mede apenas em construção civil. Em áreas como a Saúde, o país temregistado grandes avanços nos últimos anos

Apar da Educação, a Saúde é uma áreaprioritária para o desenvolvimentosocial em Angola. O próprio ministroda Saúde, José Van-Dúnem, assumiuclaramente na última ConferênciaNacional sobre Desenvolvimento

Rural, realizada em Maio último, que a existência deum sistema de saúde eficaz – associado a questõesfundamentais como o acesso a água potável e à esco-larização – é um factor indispensável para a criaçãode riqueza e para o desenvolvimento económico. O

Governo lançou por isso uma campanha pública, inti-tulada “Viva a vida com saúde”, que pretende até2012 diminuir os índices de mortalidade materna einfantil no país. A campanha, orçada em 10,5 milhõesde dólares e financiada pelo Governo, UNICEF eOrganização Mundial de Saúde, inclui a aquisição demedicamentos e materiais informativos e a organiza-ção de campanhas de vacinação em todo o país quevão mobilizar mais de 26 mil pessoas. O objectivo éimunizar perto de oito milhões de crianças até aoscinco anos de idade contra doenças como a

Ainda este ano,deverão chegarperto de 240clínicos vindosde Cuba, que sejuntarão aoscerca de 600que já exercemem Angola

[Saúde] DESTAQUE 35poliomielite.

A campanha é apenas um exemplo do esforço queestá a ser feito pelo Governo angolano para genera-lizar os cuidados de saúde a toda a população, emtodas as regiões do país. Nos últimos meses, a princi-pal prioridade tem sido o combate contra a malária,que continua a ser a principal causa de doença emorte materno-infantil em Angola. Para isso, oGoverno está não só a recorrer aos meios públicosmas a mobilizar também instituições internacionais,países parceiros em projectos de cooperação e organi-zações privadas e não governamentais. “O PlanoEstratégico Nacional da Malária reconhece a necessi-dade do trabalho conjunto entre o Governo, asociedade civil, o sector privado e a comunidadeinternacional para reduzir a elevada prevalência damalária”, explicou recentemente a vice-ministra daSaúde, Evelize Fresta, durante um encontro interna-cional sobre o combate à epidemia.

São desafios sérios, num país com uma infra-estru-tura sanitária ainda em recuperação, depois de lon-gos anos de guerra. Ainda assim, as abordagensintegradas e a participação de parceiros do sector pri-vado e social estão a dar frutos, com resultadosvisíveis no combate a este e a outros f lagelos. OGoverno central e os Governos provinciais, entretan-to, estão a investir fortemente na melhoria das infra-estruturas de saúde, aumentando a rede de hospitaise centros clínicos espalhados por todo o país. Captarnovos médicos capazes de atender eficazmente a po-pulação e reforçar as capacidades angolanas na áreada formação e da investigação médica são outrasapostas em curso que estão, literalmente, a mudar avida da população angolana.

O VALOR DA COOPERAÇÃONo que toca à rede nacional de assistência médica, aprioridade do Ministério da Saúde é o atendimentoprimário, que está a ser estendido às zonas mais peri-féricas do país. A ideia é investir na eficácia dasunidades de menor dimensão, que precisam de serreabilitadas e reapetrechadas de meios humanos emateriais. É uma forma de aliviar “a pressão sobre osgrandes hospitais e a desumanização da assistência”,que o ministro da Saúde considera serem os grandesproblemas do sistema angolano. Para isso, só naprovíncia de Luanda, estão a ser construídos quatronovos hospitais municipais nas cidades de Viana,Cacuaco, Kilamba Kiaxi e na zona sul da capital.Paralelamente, está a ser revitalizada a rede de postosde saúde, com intervenções que visam garantir ofornecimento de água e energia a estas infra-estru-turas – o que, entre outras coisas, lhes permitirá terlaboratórios funcionais junto das populações. “OMinistério da Saúde está a trabalhar para conquistara confiança do cidadão nos serviços prestados,através da melhoria da qualidade da assistência”, sin-tetizou o ministro José Van-Dúnem, durante umarecente audiência no Parlamento.

No que toca à rede de infra-estruturas de saúde,estão também em construção centros de sangue em

PORTUGAL E ANGOLA DE MÃOS DADASJuntar esforços para melhorar a formação clínica é um objectivo estratégico em Angola.Já neste ano lectivo de 2009/2010, o Ministério da Saúde e a Universidade AgostinhoNeto vão abrir o novo Instituto Superior de Ciências de Saúde. A nova escola, criada como apoio da Universidade de Coimbra, vai substituir o antigo Instituto Superior deEnfermagem, alargando ao mesmo tempo a sua formação à área das CiênciasFarmacêuticas. Resolve-se deste modo uma lacuna na formação de quadros de saúde emAngola: apesar de já haver cursos de Farmácia em duas universidades privadas, o sectorcontinua a ter falta de quadros, pelo que o Estado resolveu tomar a iniciativa. Numa próxi-ma fase, a oferta deverá integrar também a área das análises clínicas laboratoriais.Paralelamente, vai ser reforçada a oferta de formação técnica em ciências farmacêuticasnas escolas de formação profissional de saúde, de onde sairão técnicos básicos de farmá-cia. Entretanto, no início do ano, foi apresentado em Luanda o novo Centro deInvestigação em Saúde em Angola (CISA), resultado da cooperação com o Governo por-tuguês e Fundação Calouste Gulbenkian. O Centro, a instalar na província do Bengo, vairecolher informação regular sobre a situação de saúde da população angolana, o que per-mitirá definir estratégias de intervenção mais adequadas às realidades concretas do país.Será mais uma arma para continuar a melhorar a saúde dos angolanos. �

A principal prioridade temsido o combatecontra amalária, principal causade doença emorte materno-infantil emAngola

todas as províncias do país, que integrarão uma redenacional coordenada a partir de Luanda. Para alémdos centros provinciais, estão a ser instaladasunidades de menor dimensão em diversos municípiosangolanos. O objectivo é fazer uma gestão centraliza-da dos recursos do país neste domínio, de acordo comas necessidades, sem perder a capacidade de ter osangue perto das populações, nas quantidades e coma qualidade necessárias para atender às necessidadesde saúde dos angolanos.

Mas a principal carência está nos meios humanos.Angola, tal como a generalidade dos países africanos,não tem médicos em quantidade suficiente paraacompanhar convenientemente a população. AOrganização Mundial de Saúde recomenda a existên-cia de um médico por cada mil habitantes. Osnúmeros em Angola, no entanto, são de um médicopor cada 10 mil. “Temos 2400 médicos. É um númerobastante baixo”, reconheceu o ministro da Saúde àmargem de um encontro, no Verão passado, entre ospresidentes de Angola e de Cuba, em que se discutiuprecisamente a cooperação em matéria de saúde. Umacordo assinado entre os dois países vai ajudar a col-matar estas lacunas. Ainda este ano, deverão chegarperto de 240 clínicos vindos de Cuba, que se juntarãoaos cerca de 600 que já exercem em Angola. Tambémcom o apoio de Havana, a Secretaria de Estado doEnsino Superior angolana está a criar cinco novas fa-culdades de medicina no país, que se vão juntar àsduas já existentes – a Faculdade de Medicina daUniversidade Agostinho Neto, que forma cerca de 100médicos por ano, e a Universidade Privada de Angola(UPRA). São acções que revelam uma aposta consis-tente na capacitação do país – cujo resultado é, passoa passo, a garantia de um futuro mais saudável paraAngola. �

DESTAQUE [Agricultura]36

SOLO FÉRTIL PARA O DESENVOLVIMENTO

Antes sequer de ser uma preocupaçãoeconómica, o plano de fomento agrícola queo Governo angolano está a aplicar no terrenoé uma exigência humanitária. Para o execu-tivo de Luanda, promover a exploração daterra e o desenvolvimento rural (após

décadas de abandono provocado pela guerra) é lutar contra afome e a pobreza no país. Em Setembro, arrancou uma linhade crédito de 350 milhões de dólares, criada pelo Ministério daAgricultura, para apoiar as organizações de agricultores e asfamílias camponesas. Gerido pelo Instituto deDesenvolvimento Agrário, o programa financia a compra desementes e equipamentos mecanizados, para aumentar a pro-dutividade. “Pretendemos lutar contra a fome e a pobreza,contra as doenças que afectam a pecuária, para diminuir ograu acentuado de famílias pobres”, explicou a propósito ovice-ministro da agricultura Amaro Tati, citado pela AgênciaAngop.

Dados oficiais indicam que Angola tem 53 milhões dehectares de florestas e terras férteis – a que se junta aabundância de recursos hídricos –, o que só por si é suficientepara não só garantir a auto-suficiência alimentar do país, mastambém criar excedentes para exportação. A agricultura foi,por isso mesmo, identificada pelo Governo como um dos sec-tores prioritários para o desenvolvimento económico deAngola, cujo fomento assenta no chamado ProgramaExecutivo do Sector Agrário. O trabalho a fazer é muito, maso esforço já está a produzir frutos. Dados preliminares doMinistério da Agricultura, relativos ao ano agrícola que estáagora a terminar, apontam para aumentos significativos nasproduções de milho, dos tubérculos, do café e da exploraçãoflorestal.

O café parece ser de facto um caso de sucesso. De acordocom o Ministério da Agricultura, a produção deste ano poderáatingir as 17 mil toneladas, um crescimento extraordinárioface às seis mil toneladas produzidas em 2008. O potencialprodutivo está no entanto muito longe de estar atingido – em1973, a produção chegou a atingir as 200 mil toneladas. A parda reconstrução das infra-estruturas de transportes, essencialpara conseguir comercializar a produção e, portanto, incenti-var a agricultura, o Governo aprovou estímulos específicospara a cultura do café, como a distribuição de equipamentos

A recuperação económica angolana tem assentado sobretudo nas exportaçõespetrolíferas. Mas o Governo está a investir noutras áreas – e a agricultura é umadas mais promissoras

Não é só a agricultura que está a desenvolver-se emAngola. Todo o sector primário é uma apostaestratégica do Governo, que está a investir no apoio àrenovação da frota pesqueira e na formação dosprofissionais do sector. Em Agosto passado, o ministrodas Pescas, Salomão Xirimbimbi, lançou a construçãoda Escola Nacional de Aquicultura, na província deMalanje – um investimento de cerca de 40 milhões dedólares para a formação de técnicos de aquicultura nopaís. Na província do Namibe nascerá em breve aAcademia de Pescas, com capacidade para 900alunos. No campo específico da aquicultura, o Governovai criar sete centros de desenvolvimento no país,para dar apoio técnico aos empresários e incentivar oinvestimento no sector. Paralelamente, foi lançado umprograma de renovação da frota pesqueira que visasubstituir, até 2010, perto de 3 mil dos 6 mil barcosde pesca artesanal marítima existentes no país. Apesca industrial também vai ser impulsionada – exis-tem actualmente, de acordo com o Fundo de Apoio àIndústria Pesqueira e Agricultura (FADEPA), 26 bar-cos semi-industriais e oito barcos industriais emAngola. Com tanto potencial de crescimento, oGoverno angolano estima que, só até ao final desteano, o sector crie 12 mil novos postos de trabalho,quer em tripulações pesqueiras quer em estruturas deapoio, como os entrepostos frigoríficos actualmenteem construção em várias regiões de Angola.tem umaespecialização acentuada) e energético. �

PESCAS SÃO SECTOR CHAVE

[Agricultura] DESTAQUE 37

de processamento (descascadores de café e torradeiras) àscooperativas angolanas. Também no sector do leite há inves-timentos em curso, apoiados pelo Estado. O objectivo é con-seguir repor a capacidade produtiva perdida durante os anosde guerra, para que Angola deixe de ser, como é hoje, impor-tador de lacticínios.

BONS FRUTOSO número de empregos criados na agricultura em Angola temvindo a crescer nos últimos anos, mas há ainda muito poten-cial inexplorado. Por isso, o Governo tem vindo a reforçar osapoios aos agricultores. Antes das colheitas deste ano, foramimportados instrumentos agrícolas, lançados novos mecanis-mos de crédito para pequenos e médios agricultores e aprova-da uma carteira de projectos agrícolas que se espera venham ater um grande impacto social. Aliás, a reforma agráriaangolana foi saudada num relatório recente da Rights andResources Initiative, que reconheceu o esforço feito pelo paíspara reconhecer e fortalecer o direito das comunidades locaisàs terras e florestas. Para o ministro da Agricultura, AfonsoPedro Canga, a principal preocupação é agora garantir a pro-dutividade das terras concedidas pelo Estado para exploraçãoagrícola, agro-pecuária e florestal. Na última reunião doConselho Consultivo do Sector Agrário, em Agosto, o ministrofoi taxativo: “Peço aos directores provinciais da Agriculturapara fazerem a devida avaliação do grau de aproveitamentodos títulos concedidos”, apelou, citado pela Angola Press. ParaAfonso Pedro Canga, os terrenos concedidos que não estejama ter rendimento devem ser devolvidos ao Estado. A men-sagem é clara: não se pode desperdiçar potencial.

Uma regulação eficaz e rigorosa dos processos de produçãoe distribuição de alimentos é outra das prioridades do execu-tivo de Luanda. Apertar a fiscalização e promover boas práti-cas de higiene e rotulagem dos alimentos são duas medidasnecessárias para garantir a segurança alimentar e a confiançados consumidores. Para isso, cabe ao Comité Nacional para oCódigo Alimentar em Angola (CODEX Angola) estabelecer asregras a seguir na produção e comercialização dos alimentos,fiscalizando depois a sua boa aplicação. Para as autoridadesnacionais, o controlo de qualidade e a certificação dos produ-tos agrícolas e agro-pecuários são dois instrumentos essenci-ais para promover um mercado agrícola mais dinâmico eequilibrado no país.

De resto, é preciso investir seriamente na formação dequadros. E também neste campo há trabalho em curso. Alémdos investimentos feitos pelo próprio Governo, a cooperaçãointernacional está a cumprir o seu papel. A formação foi aliásum dos principais temas de discussão entre o ministro daAgricultura de Angola e o seu homólogo português, JaimeSilva, durante a mais recente visita deste último a Luanda, emJulho passado. Do encontro saiu o compromisso do ministroportuguês em formar técnicos angolanos nos institutos deensino e investigação agrária em Portugal. O reforço de inter-câmbios, com o envio de técnicos portugueses a Angola, éoutra das possibilidades admitidas pelos dois Governos. Aagricultura, a indústria alimentar e as pescas são também pri-oridades assumidas por outros países europeus e por par-ceiros asiáticos na sua política de cooperação com Angola.Sinais claros de que o sector será cada vez mais terreno fértilpara o desenvolvimento do país. �

38 OPINIÃO

FÁTIMA MOURA ROQUE, Doutorada em Econometria e emEconomia Internacional

PODE ANGOLA CONTRIBUIRPARA UMA NOVA ORDEMECONÓMICA?

Não só pode, como deve, porque a defini-ção do novo paradigma socioeconómicopara o qual se terá de evoluir, nas demo-cracias do pós-crise, necessita do contri-buto de países que podem fazer a dife-rença em cada continente. Como as mu-

danças serão necessariamente lentas, as condições iniciaise os interesses particulares de Angola podem eventual-mente ser “moldados”, de forma a proporcionarem ao pa-ís os benefícios globais dessa transformação estrutural –evitando assim novas vulnerabilidades sistémicas.

Quanto mais rapidamente Angola (o mesmo se aplica aoutros países africanos) interiorizar que o país terá de pas-sar por uma transformação estrutural, realizando, de for-ma simultânea, uma profunda mudança fiscal/orçamen-tal, institucional, infraestrutural, sectorial e de qualidadede governação, bem como uma alteração radical de com-portamento, quanto ao papel da diversificação da econo-mia, do investimento produtivo estrangeiro e da inovaçãono desenvolvimento -, de atitude perante a concretizaçãodos ODM e a gestão do “bem” público, e de valores (como,por exemplo, o combate alargado (i) à pobreza extrema eà desigualdade do género; (ii) a consolidação da legitimi-dade democrática e à protecção dos direitos humanos; e(iii) melhor distribuição dos rendimentos da riqueza, dosrecursos e das oportunidades) – maior será a contribuiçãode Angola para esse novo modelo de democracia social,política, económica e financeira.

Assim, a estratégia de longo prazo para o qual Angolapós-crise necessita de evoluir – com um paradigma centra-do: (i) no desenvolvimento da agricultura e da investiga-ção agrícola, como motores da criação de emprego e debem-estar das populações, e de aumento da produtividadee competitividade da economia; (ii) no investimento emsolidariedade, em investigação e desenvolvimento (I&D),em inovação e na qualificação da força laboral; e (iii) noIDE (investimento directo estrangeiro), apostando no for-talecimento do sector privado angolano, nas parcerias pú-blico-privadas e no empreendedorismo africano e estran-geiro – deve ser determinada por regras claras e objectivosinclusivos e viáveis, definidos pelos angolanos e aceites pe-las populações. �

Como as mudançasserão necessaria-mente lentas, ascondições iniciais e osinteresses particu-lares de Angolapodem eventual-mente ser “molda-dos”, de forma a pro-porcionarem ao paísos benefícios globaisdessa transformaçãoestrutural

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