Futuro Composto - Página22

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12/11/2015 Futuro composto Página22 http://www.pagina22.com.br/2015/11/09/futurocomposto/ 1/8 (http://www.fgv.br/ces) Conheça o GVces 99 Por POR SÉRGIO ADEODATO / 9 DE NOVEMBRO DE 2015 @ 09:57 FUTURO COMPOSTO Cláudio Vinícius Spínola Diretor-sócio da Morada da Floresta. Fotos F. PEPE GUIMARÃES / F14 FOTOGRAFIA A Morada da Floresta descobriu nos minhocários um negócio lucrativo, capaz de destinar corretamente o maior volume de lixo gerado nas cidades Quando se fala em reciclagem logo vêm à mente garrafas e sacolas plásticas, latinhas, embalagens de vidro, caixas e papéis em geral. No entanto, a maior parte do lixo descartado nas cidades – 70% do total –, é composta por resíduo orgânico, tais como restos de comida e podas de jardim. Embora também possa se transformar em novo produto em vez de ir para lixão ou aterro sanitário, o resíduo orgânico geralmente está

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(http://www.fgv.br/ces)Conheça o GVces

99 P o r POR SÉRGIO ADEODATO / 9 D E N O V E M B R O D E 2 0 1 5 @ 0 9 : 5 7

FUTURO COMPOSTO

Cláudio Vinícius Spínola Diretor-sócio da Morada da Floresta. Fotos F. PEPE GUIMARÃES / F14 FOTOGRAFIA

A Morada da Floresta descobriu nos minhocários um negócio lucrativo, capaz de destinarcorretamente o maior volume de lixo gerado nas cidades

Quando se fala em reciclagem logo vêm à mente garrafas e sacolas plásticas, latinhas,embalagens de vidro, caixas e papéis em geral. No entanto, a maior parte do lixodescartado nas cidades – 70% do total –, é composta por resíduo orgânico, tais comorestos de comida e podas de jardim. Embora também possa se transformar em novoproduto em vez de ir para lixão ou aterro sanitário, o resíduo orgânico geralmente está

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fora do radar dos consumidores, das ações das empresas e das políticas de governo.

É exatamente essa volumosa parcela do lixo dispensada como “patinho feito” o principalobjeto de negócio da Morada da Floresta, empresa que se estruturou a partir de umalonga história pessoal de busca por práticas harmoniosas com o planeta. “Foi a saga deum hippie em busca de fazer dinheiro com a forma alternativa de viver em sociedade”,resume o empresário Cláudio Vinícius Spínola, artista plástico brasiliense que trocou avida sob a influência punk-rock da capital federal pelo desafio dos problemas urbanos deSão Paulo.

Por alguns anos, ele rodou o País para conhecer a permacultura [1] e o movimento deecovilas e voltou com o propósito de tornar a casa onde morava – até então umarepública de estudantes – em um centro de atividades ecológicas, como coleta de águada chuva e aquecimento solar. Uma delas foi a compostagem [2], que transformava osrestos da cozinha em adubo orgânico. O objetivo inicial era manter um frondoso jardimde ayahuasca, a planta amazônica utilizada em rituais religiosos do Santo Daime, emdestaque na entrada da sua residência, onde hoje também funciona o negócio, no bairropaulistano do Butantã.

[1] Atividade que reproduz padrões e relações encontrados na natureza para produçãode alimentos, fibras e energia na quantidade que supre as necessidades locais

[2] Processo biológico natural em que minhocas e microrganismos degradam oresíduo orgânico, transformando-o em “composto”, material semelhante ao solo quepode ser utilizado como adubo

O visual do lugar, pintado e cercado de verde, reflete o nome da empresa. Além deinúmeros vasos com mudas de árvores onde o adubo é testado, uma horta comalfavaca, alecrim, couve e salsinha chama atenção sobre o muro da sede da Morada daFloresta. Na fachada da casa, um cartaz pergunta: “Você sabe o que é um minhocário?”A mensagem sinaliza o atual negócio lá empreendido, após uma fase inicial em que osustento daquele espaço se dava por meio de cursos.

Não foi fácil achar o rumo: “Faltava foco e maturidade empresarial”, conta Spínola.Depois de participar em 2008 de uma jornada de empreendedorismo da Artemisia,

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organização que dissemina e fomenta negócios de impacto social no Brasil, oempresário inovou no desenho de composteiras domésticas para que recebessem umvolume maior de resíduos e decidiu vendê-las – o que poderia ser uma alternativapromissora, porque as minhocas, reproduzidas em grande número no quintal, garantemum adubo de boa qualidade na compostagem.

Diante do potencial, a empresa foi formalizada no ano seguinte, após o nascimento daprimeira filha, Violeta, quando a mulher de Spínolaomeçou a confeccionar para vendaabsorventes femininos e fraldas reutilizáveis, feitos de tecido, em lugar dos descartáveis.Os ganhos com esses produtos e o cenário positivo criado pela lei da Política Nacionalde Resíduos Sólidos (PNRS), aprovada em 2010, deram um impulso à comercializaçãodas composteiras.

“Para aumentar a quantidade de minhocas, começamos a coletar resíduos na xepa dasfeiras”, conta o empreendedor, que esbarrou em uma série de obstáculos legais eburocráticos para lidar com esses produtos. Até o dia em que resolveu enviar email aoentão secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, que o recebeuno gabinete.

A partir daí, com o sinal verde da prefeitura, Spínola iniciou uma maratona de informaçãoe conscientização entre os políticos – a começar pela Comissão de Meio Ambiente daCâmara de Vereadores – para mostrar as vantagens da reciclagem também dosresíduos orgânicos, no local de origem, as residências. Além do aspecto ambiental esocial, a transformação do lixo em adubo reduz o custo de transporte e despejo doresíduo em aterro, que é de R$ 200 por tonelada, em média, cobrados pelasconcessionárias de limpeza urbana.

“Havia um mito de que a compostagem não dá certo, devido a experiências do passadotecnicamente equivocadas, envolvendo usinas de grande porte, caras e ineficientes”, dizo empresário. Para ele, a maior barreira é a desinformação, como a retratada naestampa das sacolas plásticas aprovadas pela prefeitura de São Paulo para separaçãodos resíduos. “Nelas, restos de comida são apresentados como não recicláveis.”

Na consulta pública para o Programa de Metas 2013-2016 do município, ele conseguiuaprovar uma sugestão estratégica: a obrigação da compostagem dos resíduos de todas

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as feiras da cidade. Um ano depois, em 2014, no projeto municipal Composta São Paulo,a Morada da Floresta foi contratada para a distribuição de 2 mil composteirasdomésticas, cada uma capaz de reciclar um quilo por dia, o que evitou o despejo deduas toneladas de resíduos em aterro sanitário, juntando todas elas. Encerrado emjunho deste ano, o contrato, no valor de R$ 1 milhão, incluiu oficinas educativas epesquisa sobre mudanças de hábito.

“O plano agora é renovar o projeto, ampliando-o para até 10 mil composteiras, com oobjetivo de que depois seja incorporado como política pública”, revela o empresário, hojecom 13 funcionários e faturamento mensal de R$ 120 mil, incluindo os cursos, asfraldas e absorventes ecológicos e a venda de 200 sistemas domésticos e empresariaisde compostagem por mês, em média, também pela internet.

O desafio do momento é desenvolver melhorias para reduzir o custo de produção,transporte e estocagem, permitindo maior remuneração para a cadeia de revenda,ampliando o raio de ação do negócio. Hoje a margem para os comerciantes é de nomáximo 20%. “Estamos arrumando a casa para mudar isso”, ressalta Spínola,esperançoso com o futuro da gestão dos resíduos no País e com a possibilidade dereplicar a inovação, atraindo novas parcerias, inclusive em outras cidades.

Setor: Serviços

Pequena empresa

Faturamento anual de R$ 1,4 milhão

13 funcionários

Fundação: 2009

Principais clientes: Mackenzie, Sanofi, Pfizer, Cecil

O que faz: Fomenta a reciclagem descentralizada de resíduos orgânicos como políticapública, por meio de atividades educativas, com o desenvolvimento e a venda decomposteiras domésticas e empresariais.

Inovação para a sustentabilidade: Por meio do projeto municipal Composta São Paulo,

Morada da Floresta

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provaram a viabilidade da compostagem doméstica com minhocas no tratamento doresíduo orgânico domiciliar. Sete mil moradores da cidade foram selecionados parareceber a composteira desenvolvida pela empresa e para fornecer dados sobre o usodesse produto. Alguns dos principais resultados foram 97,8% dos participantessatisfeitos, em 78,4% a compostagem já foi incorporada como um hábito e 98%afirmaram que se trata de uma boa solução para o tratamento de resíduos orgânicos dacidade.

Potencial de replicação e escalabilidade: O modelo do projeto municipal Composta SãoPaulo, desenvolvido com o suporte da empresa, pode ser replicado para outras cidades,ajudando a melhorar a realidade dos resíduos orgânicos no País. Como resultado de umtrabalho de articulação, conquistaram a inclusão da Meta 92 no Plano de GestãoIntegrada de Resíduos Sólidos, que prevê a promoção da compostagem dos resíduossólidos orgânicos provenientes das 900 feiras livres municipais e dos serviços de podada cidade de São Paulo e garante que esta solução não será temporária.

Destaques de gestão: Entre os desafios estão o aperfeiçoamento da plataforma de e-commerce, além da necessidade de desenvolver novos modelos de composteiras demenor custo de produção. Para ampliar a oferta, será preciso investir em galpões eestoque. A empresa tem investido no desenvolvimento institucional, com estruturaçãodo planejamento estratégico e metas de gestão.

#COMPOSTAGEM #ECOVILAS #GUIA DE INOVAÇÃO EM MPES #MORADA DA FLORESTA

#PERMACULTURA #RECICLAGEM #RESÍDUO ORGÂNICO

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Morada da FlorestaUma grande honra para a Morada da Floresta fazer parte da primeira edição do GuiaInovação para Sustentabilidade em MPEs da GVces e Página 22!!!!

Sentimos muita gratidão por todos que ajudaram e contribuíram para essa história setornar realidade!Curtir · Responder · 4 h

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O site da Página22 passou por uma reformulação e estamos no ar com uma nova proposta, ainda emversão Beta. Alguns dos ajustes em andamento envolvem a exibição de arquivos pdf e dos créditos detextos e fotos. Temporariamente, algumas páginas podem aparecer sem essas informações.

Pedimos desculpas pelo inconveniente e solicitamos aos que desejam replicar algum conteúdo queesteja sem crédito, que escrevam para [email protected] para identificar o material e dar ocrédito correto, conforme as regras de Creative Commons. Agradecemos a compreensão.

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