FUSÕES E AQUISIÇÕES: Um estudo de caso da aquisição da ... · minha equipe, pela integração,...

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FUSÕES E AQUISIÇÕES: Um estudo de caso da aquisição da Atlantic pela Ipiranga SANDRA SILVA CALCADO Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto Coppead de Administração Mestrado em Administração de Empresas Orientadora: Prof. Denise Fleck Ph.D. Rio de Janeiro 2003

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FUSÕES E AQUISIÇÕES: Um estudo de caso da aquisição da Atlantic

pela Ipiranga

SANDRA SILVA CALCADO

Universidade Federal do Rio de Janeiro Instituto Coppead de Administração

Mestrado em Administração de Empresas

Orientadora: Prof. Denise Fleck Ph.D.

Rio de Janeiro

2003

ii

FUSÕES E AQUISIÇÕES: Um estudo de caso da aquisição da Atlantic pela Ipiranga

Sandra Silva Calcado

Dissertação submetida ao corpo docente do Instituto COPPEAD de Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências de Administração (M. Sc.)

APROVADA POR:

___________________________________ - Orientadora Profa. Denise Fleck – Presidente da Banca COPPEAD / UFRJ ___________________________________ Prof. Agrícola de Souza Bethlem COPPEAD / UFRJ ___________________________________ Prof. José Vitor Bomtempo Martins, D.Sc. EQ / UFRJ

Rio de Janeiro

2003

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Calcado, Sandra Silva FUSÕES E AQUISIÇÕES: Um estudo de caso da aquisição da Atlantic pela

Ipiranga. / Sandra Silva Calcado. Rio de Janeiro: UFRJ/COPPEAD, 2003. xiii, 177 p.; il. Dissertação – Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPEAD 1. Estratégia. 2. Valor. 3. Aquisições 4. Integração. 5. Tomada de Decisão.

6. Tese (Mestr. – UFRJ/COPPEAD). I. Título.

iv

A meus pais, Ana Maria e Pedro Calcado, com todo o meu amor e carinho, que me

ensinaram os mais belos valores da vida e me tornaram a pessoa que sou hoje

A Maria Batista Calcado, onde quer que esteja no céu, minha semente de luz

A Consolación Villaverde, minha querida avó postiça

A Pedro Calcado Moreira, futuro promissor da família

v

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a Nossa Senhora, pois sem eles nunca teria existido fé para

permanecer na batalha do desenvolvimento e conclusão da tese.

Aos meus lindos pais, Ana Maria e Pedro que, com palavras, amor, força, paciência,

oração e muita crença na valia desse documento para a minha realização pessoal e

profissional. Ao meu irmão, Marcelo, pela sua compreensão quanto ao “monopólio” dos

computadores e afins.

À professora Denise Fleck, minha paciente, porém bastante rígida, orientadora, pelo

seu conhecimento, dedicação, aceitação e realismo diante das minhas dificuldades e

desânimos.

Agradeço aos meus grandes amigos, Tati, Cynthia, Fátima, Tati, Júnior, Fabio, Cacá,

Bia, Patrick, Lane, que tanto me agüentaram nesses últimos anos. Além de toda a força

e pensamento positivo, agradeço a todos os contatos feitos, materiais passados,

telefonemas com indicações de empresas, apresentações, etc.

Meu obrigada ao Corpo Docente e Discente do Coppead. Gostaria de destacar os

nomes dos professores Marcos Ávila, Ricardo Leal, Heloísa Leite e Letícia Casotti, que

foram essenciais no processo de revisão da dissertação. Ao Rubens Pessanha,

Presidente da AMEA, pela singularidade na ajuda, pela sua força, atitude e serenidade

nos conselhos.

Gostaria de deixar registrado um agradecimento especial a toda a equipe da Biblioteca

do Coppead – Vera, Carlos, Fátima, Ana Rita, Rosa, Marinete, Bárbara e Márcia –

pacientes e solícitos nesses 5 anos de estrada, especialmente aos sábados, ao pessoal

da Secretaria Acadêmica – Cida, Simone e Carlos – e a AMEA – Elza – sempre

dispostos a ajudar.

À CAPES, pelo apoio financeiro em meus 2 anos de mestrado.

vi

Ao Grupo Ipiranga, especialmente às pessoas que participaram do processo de

entrevistas e análise, extremamente colaboradores e pró-ativos.

Meu especial agradecimento a Jorge Eduardo e José Francisco Gouvêa Vieira, que me

encaminharam ao Grupo Ipiranga, viabilizando o que antes parecia um projeto

inaplicável no Brasil.

Também com a mesma importância, meu grande reconhecimento ao professor

Theophilo de Azeredo Santos, que, com sublime competência, me deu forças para

continuar nessa batalha.

Ao Grupo Wilson, Sons, na figura de Cezar Baião, Felipe Gutterres e Américo Duarte (in

memoriam), que acreditaram em meu potencial profissional, acadêmico e pessoal. À

minha equipe, pela integração, motivação e resultados, combustíveis fundamentais na

fase de conclusão da dissertação.

Por fim, enfatizo a importância e agradeço também a participação dos professores

Agrícola Bethlem e José Vitor Bomtempo Martins na composição da Banca

Examinadora.

vii

CALCADO, Sandra Silva. Fusões e aquisições: Um estudo de caso da aquisição da

Atlantic pela Ipiranga. Orientadora: Denise Fleck. Rio de Janeiro: COPPEAD / UFRJ,

2003. Diss.

Esta dissertação descreve como ocorre o processo de criação de valor nas empresas

em processos de aquisição e explora de que forma as aquisições podem contribuir para

essa geração, de acordo com a perspectiva de Haspeslagh & Jemison (1991)1. Esses

autores sugerem que aquisições com ênfase apenas no aspecto financeiro e da própria

negociação limitam os benefícios possíveis de serem obtidos com a aquisição.

Segundo eles, a forma como são tratadas as questões de tomada de decisão de

aquisição e de integração pós-processo define o sucesso ou o fracasso do processo. Se

estruturados considerando a avaliação da contribuição da firma adquirida também na

estratégia e organização da adquirente, os processos de aquisição podem ser base

para a renovação estratégica das corporações resultantes.

O presente estudo de caso examinou o processo de aquisição da Companhia Atlantic

de Petróleo pela Empresas Petróleo Ipiranga no início da década de 90.

A proposta da dissertação é a de descrever como a empresa estudada procedeu no

processo de tomada de decisão da aquisição, em sua integração e, finalmente, na

gestão desse processo. Em seguida, deseja-se investigar evidências de procedimentos

aderentes ou não às noções recomendadas por Haspeslagh & Jemison de como fazer

fusões e aquisições funcionarem.

1 Haspeslagh, P. & D. Jemison (1991) Managing Acquisitions: creating value through corporate renewal, New York, The Free Press.

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CALCADO, Sandra Silva. Mergers and acquisitions: A case study of the acquisition of

Atlantic by Ipiranga. Supervisor: Denise Fleck. Rio de Janeiro: COPPEAD / UFRJ,

2003. Diss.

This dissertation describes the process by which value is created by companies from

their acquisition processes and explores the ways the resultant acquisitions can also

contribute to this value generation in accordance with the Haspeslagh & Jemison

acquisition perspective (1991)2 . Haspeslagh & Jemison indicate that acquisition

processes that are driven primarily by financial and negotiation considerations limit the

potential benefits received from the acquisition itself.

According to the authors, understanding and better managing the processes involved in

making acquisition decisions and in integrating the acquired company determine the

acquisition’s ultimate success or failure. When prospective acquisitions are structured

and evaluated based on the contributions of the acquired firm to the organizational and

strategic aspects of the acquiring firm, such acquisition processes can contribute

significantly to strategic renewal of the resultant corporation.

The research, elaborated with a descriptive approach, examines an acquisition process

of Empresas Petróleo Ipiranga. The case study is based on Ipiranga’s acquisition of

Companhia Atlantic de Petróleo, which occurred in the early 1990’s.

The dissertation describes how the company carried out the acquisition decision-making

process, the approaches it took in integrating the acquired entity, and, finally, how it

managed the integration process. The dissertation then investigates whether or not the

procedures employed fit Haspeslagh & Jemison’s paradigms for making mergers and

acquisitions work.

2 Haspeslagh, P. & D. Jemison (1991) Managing Acquisitions: creating value through corporate renewal, New York, The Free Press.

ix

“O mais importante é nunca parar de questionar.”

Albert Einstein

“Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível

e de repente você estará fazendo o impossível”.

São Francisco de Assis

“ Certas vezes, o que é relevante não pode

ser computado, e o que pode ser computado não é relevante ”

Albert Einstein

x

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1: OBJETIVOS DO MARKET-SHARE. FONTE: DOYLE, 1994.......................................8 FIGURA 2: OS COMPONENTES DA ORGANIZAÇÃO E SUAS EXPECTATIVAS. FONTE: DOYLE, 1994..............................................................................................................................11 FIGURA 3: COMO O PROCESSO DE AQUISIÇÃO AFETA OS RESULTADOS. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991. ..........................................................................................................15 FIGURA 4: VISÃO CONVENCIONAL DAS AQUISIÇÕES. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991.......................................................................................................................................15 FIGURA 5: PERSPECTIVA DE CRIAÇÃO DE VALOR ATRAVÉS DAS CAPACITAÇÕES. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991.......................................................................................20 FIGURA 6: O PROCESSO DE DECISÃO DA AQUISIÇÃO. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991..............................................................................................................................25 FIGURA 7: ESTILOS NA ALOCAÇÃO DE RECURSOS. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991.......................................................................................................................................35 FIGURA 8: O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO NAS AQUISIÇÕES. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991...............................................................................................................38 FIGURA 9: TIPOS DE ABORDAGEM DA INTEGRAÇÃO NAS AQUISIÇÕES. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991...............................................................................................................53 FIGURA 10: ABORDAGEM DA INTEGRAÇÃO NAS AQUISIÇÕES E ITENS DO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO. FONTE: HASPESLAGH & JEMISON, 1991. ....................................................58

xi

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: QUADRO DE ANÁLISE PARA VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DA SITUAÇÃO ESTUDADA À LUZ DA LITERATURA EXISTENTE. ....................................................................................80 TABELA 2: MODELO SUGERIDO PARA VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DA SITUAÇÃO ESTUDADA À LUZ DA LITERATURA EXISTENTE........................................................................................85 TABELA 3: TABELA DE EXCERTOS DAS ENTREVISTAS .......................................................95 TABELA 4: MODELO SUGERIDO E EMPREGADO NA VERIFICAÇÃO DA ADERÊNCIA DA SITUAÇÃO ESTUDADA À LUZ DA LITERATURA EXISTENTE...................................................................134 TABELA 5: TABELA DE EXCERTOS DAS ENTREVISTAS .....................................................150

xii

SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................1

2 - REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................3

2.1. CONCEITOS GERAIS DE VALOR .........................................................................4 2.2. ABORDAGENS DEPARTAMENTAIS DE VALOR ......................................................5 2.2.1. VALOR NA LOGÍSTICA & SERVIÇOS .................................................................5 2.2.2. VALOR NO MARKETING...................................................................................7 2.2.3.VALOR FINANCEIRO ........................................................................................9 2.2.4. VALOR NAS ORGANIZAÇÕES (INSTITUIÇÃO)....................................................10 2.3. ABORDAGENS DE VALOR NAS AQUISIÇÕES – UMA REVISÃO DA OBRA DE HASPESLAGH & JEMISON ......................................................................................14 2.3.1. AQUISIÇÃO E CRIAÇÃO DE VALOR ..................................................................16 2.3.2. PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO ............................................................24 2.3.3. PROBLEMAS NO PROCESSO DE TOMADA DE DECISÃO ......................................30 2.3.4. GERENCIAMENTO DA DECISÃO DE AQUISIÇÃO.................................................35 2.3.5. INTEGRAÇÃO COMO FONTE DE VALOR............................................................38 2.3.6. PROBLEMAS NO PROCESSO DE INTEGRAÇÃO PÓS-AQUISIÇÃO..........................45 2.3.7. TIPOS DE INTEGRAÇÃO EM FUNÇÃO DO TIPO DE AQUISIÇÃO .............................49 2.3.8. DIMENSÕES DA AQUISIÇÃO NA INTEGRAÇÃO...................................................49 2.3.9. TIPOS DE ABORDAGEM DA INTEGRAÇÃO.........................................................53 2.3.10. OUTRAS DIMENSÕES E SEUS IMPACTOS .......................................................55 2.3.11. RELAÇÕES ENTRE O OBJETIVO DA AQUISIÇÃO E A ABORDAGEM SUGERIDA.......56 2.3.12. DESAFIOS DA INTEGRAÇÃO.........................................................................57 2.3.13. RELAÇÃO DE DESAFIOS DE INTEGRAÇÃO EM FUNÇÃO DO TIPO DE AQUISIÇÃO ..58 2.3.14. RELAÇÃO ENTRE GERENCIAMENTO DA INTEGRAÇÃO E PERFORMANCE DA AQUISIÇÃO............................................................................................................61 2.3.15. GESTÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO ........................................................62 2.3.16. A CRIAÇÃO DE VALOR NAS AQUISIÇÕES DE ABSORÇÃO..................................66

3 - MÉTODO DE PESQUISA..............................................................................70

3.1. TIPO DE PESQUISA .........................................................................................70 3.2. SELEÇÃO DA EMPRESA PARA O ESTUDO DE CASO.............................................71 3.3. COLETA DOS DADOS ......................................................................................72 3.3.1. LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES PRELIMINARES ........................................72 3.3.2. LEVANTAMENTO DAS INFORMAÇÕES IN LOCO: A ENTREVISTA..........................73 3.4. MÉTODO ADOTADO PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS........................................79 3.4.1. TEMA..........................................................................................................80 3.4.2. QUESTÕES..................................................................................................80 3.4.3. CONCEITUAÇÃO DA LITERATURA ...................................................................80 3.4.4. ADERÊNCIA (OU NÃO) À LITERATURA.............................................................83

xiii

3.4.5. EVIDÊNCIAS ................................................................................................83 3.4.6. MÉTODO PARA ANÁLISE ...............................................................................83 3.5. LIMITAÇÕES DO MÉTODO ................................................................................96

4 - ESTUDO DE CASO ......................................................................................97

4.1. VISÃO GERAL DA IPIRANGA.............................................................................97 4.1.1. A PRIMEIRA AQUISIÇÃO E OS NOVOS NEGÓCIOS DA IPIRANGA...........................98 4.1.2. OS CHOQUES DA DÉCADA DE 70 .................................................................105 4.1.3. A SEGUNDA GRANDE AQUISIÇÃO: “NASCE UM GIGANTE” ...............................110 4.1.4. AS PRINCIPAIS MUDANÇAS APÓS A AQUISIÇÃO DA ATLANTIC ..........................114 4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS...........................................................................115 4.2.1. APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS DAS ENTREVISTAS ....................................115 4.2.2. RELAÇÃO ENTRE AS ENTREVISTAS APRESENTADAS E A LITERATURA - ANÁLISE DA EVIDÊNCIA DE ADERÊNCIAS OU NÃO.......................................................................133

5 - CONCLUSÃO..............................................................................................159

5.1. O QUE FOI FEITO ..........................................................................................159 5.2. CONSTATAÇÕES NO CASO EM ANÁLISE ..........................................................160 5.2.1. AQUISIÇÕES E CRIAÇÃO DE VALOR .............................................................160 5.2.2. TOMADA DE DECISÃO.................................................................................160 5.2.3. INTEGRAÇÃO.............................................................................................160 5.2.4. GERENCIAMENTO DA AQUISIÇÃO.................................................................161 5.3. REPRESENTAÇÃO PARA A LITERATURA EXISTENTE..........................................161 5.4. CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DA GESTÃO DE AQUISIÇÕES.........................161 5.5. FUTURAS PESQUISAS....................................................................................163

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................164

7 – ANEXOS.....................................................................................................167

ANEXO 1 – GLOSSÁRIO DE TERMOS DO MERCADO DE PETRÓLEO............................167 ANEXO 2 – REPORTAGEM SOBRE A AQUISIÇÃO DA ATLANTIC ................................169

1 - INTRODUÇÃO

O mundo está em constante transformação. Diversas ondas de transformação vêm

exigindo da indústria, como um todo, rápida adaptação a mudanças. Dentro desse

processo, entender como alcançar resultados positivos em meio a tantas

movimentações no mercado é questão fundamental em processos de preparação a

mudança, como fusões e aquisições.

As aquisições vêm sendo ultimamente uma das soluções encontradas por algumas

corporações para a renovação de suas organizações. Para tal, porém, esse processo

tem de ser estudado, pois pouco se sabe sobre o que faz uma aquisição ter êxito ou

fracasso.

O tema “fazendo a aquisição acontecer ” foi muito pouco explorado. Percebe-se um

foco muito grande no processo de aquisição ou no valor – independente de seu

conceito – inerente ao mesmo. Entretanto, esses estudos normalmente se limitam ao

aspecto financeiro da aquisição, positivo ou negativo, em como selecionar o melhor

parceiro ou ainda no lado humano do processo de aquisição. Muitas são as evidências

para a identificação de processos de aquisição mal sucedidos. Por outro lado, muito

pouco é apresentado sobre os fatores que as levaram a não atendê-los. Ainda mais,

processos de aquisição bem sucedidos ou estruturados vêm sendo ignorados,

especialmente no que tange seus fatores críticos de sucesso.

O que instiga essa dissertação é, então, a verificação da forma como são conduzidas

na prática as aquisições. Para tanto, examina-se a aquisição da Companhia Atlantic de

Petróleo pela Empresas Petróleo Ipiranga, buscando verificar se o processo em questão

reflete a abordagem de Haspeslagh & Jemison (1991) a respeito de aquisição.

Haspeslagh & Jemison avaliam que aquisições com ênfase apenas no aspecto

financeiro e da própria negociação limitam os possíveis benefícios pós-aquisição.

Visando a descrição desse assunto, e entendimento de aspectos que influenciam no

processo de mudança organizacional, a dissertação se propõe a investigar evidências

de procedimentos aderentes às noções apresentadas pelos mesmos.

2

Esta dissertação está organizada em 5 capítulos, sendo o primeiro deles a Introdução.

O segundo capítulo apresenta a revisão de literatura. Sua primeira parte aborda

conceitos gerais de valor. A segunda parte da revisão incorpora uma detalhada revisão

da obra de Haspeslagh & Jemison sobre gerenciamento de aquisições, de forma a

gerar benefícios nas corporações, e descreve especialmente os processos de absorção.

O terceiro capítulo descreve o método de pesquisa utilizado, isto é, como foi

desenvolvido o estudo, que tipo de informações foram demandadas, utilizadas e como

foram analisadas. Uma justificativa para a escolha da empresa do estudo é aqui

apresentada.

O quarto capítulo relata o estudo de caso utilizado na dissertação e desenvolve sua

análise. Ele se divide em quatro partes: a apresentação da empresa e sua

contextualização na indústria; o detalhamento do processo de aquisição até a tomada

de decisão; o processo de integração e, finalmente, a análise do processo de integração

pós-aquisição à luz da obra de Haspeslagh & Jemison.

No quinto capítulo encontram-se as principais conclusões da dissertação. Deseja-se

investigar evidências pelo estudo de caso de procedimentos aderentes ou não às

noções recomendadas pela literatura. A partir daí, algumas sugestões para futuras

pesquisas são apresentadas como forma de dar continuidade ao tema.

Como anexos, apresentam-se questões consideradas relevantes ao estudo de caso,

porém não aplicáveis ao fio condutor da dissertação. Como conteúdo do Anexo 1,

encontram-se conceitos básicos da indústria estudada, de forma a facilitar o

entendimento do estudo atual e de futuros. No Anexo 2, uma reportagem da aquisição

da Atlantic pela Ipiranga é reproduzida integralmente.

3

2 - REVISÃO DE LITERATURA

Nesta revisão de literatura buscar-se-á apresentar os conceitos de valor e se aprofundar

na questão do gerenciamento dos processos de aquisição segundo dois autores. Este

capítulo constará de duas seções.

Na primeira seção serão apresentados conceitos gerais de valor, bem como os

principais significados decorrentes dessas definições. Buscar-se-á introduzir as

abordagens existentes sobre o que é valor, destacando suas diferentes formas de

identificação.

A revisão terá o seu foco principal na segunda parte, onde será apresentada a

perspectiva de Haspeslagh & Jemison (1991) quanto aos processos de tomada de

decisão e integração em aquisições. Serão descritas todas as etapas e sugeridas

abordagens que, segundo indicam, são fatores-chave para a criação de valor nas

aquisições.

4

2.1. CONCEITOS GERAIS DE VALOR As organizações atuais, cada vez mais inseridas no atual ambiente de competição, vêm

constantemente estudando novas formas de atingir sucesso. O conceito de sucesso

está atrelado ao de alta performance e essa, certamente, é uma meta que a maioria das

empresas deseja alcançar.

O valor das organizações vem sendo, nos últimos tempos, uma das ferramentas mais

importantes de medida de performance. Ao mesmo tempo, diversos conceitos que

regem a mecânica de valor divergem em suas essências ou objetivos finais. Assim,

antes de se destacar as abordagens de valor, é interessante apresentar alguns

conceitos comumente empregados.

Conforme denomina o dicionário Aurélio (FERREIRA, 1977), valor é “o equivalente justo

em dinheiro, mercadoria, etc, especialmente de coisa que pode ser comprada ou

vendida”. Alguns autores como Csillag (1988) lembram da origem de definição de valor

desde Aristóteles, que o definia em seis classes: Econômico, Político, Social, Estético,

Religioso e Judicial. O próprio Csillag também adequa a definição de valor às seguintes

divisões:

Valor de Custo: Total de recursos medidos em dinheiro necessário para produzir

ou obter um item;

Valor de Uso: Medida monetária das propriedades ou qualidades que

possibilitam o desempenho de uso, trabalho ou serviço;

Valor de Estima: Medida monetária das propriedades, características ou

atratividades que tornam desejável sua posse;

Valor de Troca: Medida monetária das propriedades ou qualidades de um item

que possibilitam sua troca por outra coisa.

Por outro lado, outros autores como Boulton et al (2001) e Friedman (1994), definem

valor como o montante financeiro que se despende ou recebe por um ativo. O primeiro

destaca a existência de dois conceitos de valor financeiro, sendo eles:

5

Valor de Mercado: Considerando o de um ativo, “é o montante no qual

compradores e vendedores concordam efetivamente em transacioná-lo”;

Valor Justo: “Montante pelo qual um ativo poderia ser transacionado pelas

partes, com conhecimento de causa e dispostas a participar de uma transação

em bases rigorosamente comerciais”. Esse conceito se iguala ao de Valor de

Mercado quando todas as informações sobre o mercado se encontram

disponíveis.

O que pode ser observado em todas as definições anteriores é a constância do valor

sendo traduzido para unidades monetárias. Levadas em conta todas as abordagens, o

que pode ser sugerido até o momento é que o conceito geral de valor deve considerar

os diferentes aspectos de “o que se quer oferecer ou conquistar, para que/quem e em

que situações” (Friedman, 1994). Dessa forma, serão introduzidas a seguir algumas

formas de se entender valor, de forma a, no próximo item, se descrever a criação de

valor nas aquisições.

2.2. ABORDAGENS DEPARTAMENTAIS DE VALOR Dada a diversidade de situações em que o conceito de valor é empregado, além da

quantidade de aplicações em que o objetivo de aumento de valor é visado, é importante

apresentar algumas dessas abordagens, de acordo com a sua função na organização.

2.2.1. Valor na Logística & Serviços Segundo Rutner et al (2000), o conceito de valor na Logística foi sempre pouco definido,

apesar desse departamento desempenhar papel essencial dentro do contexto de uma

organização e de ser considerado como gerador de valor.

Uma das definições destacadas por Shapiro et al (1985) para medir valor através da

Logística resume-se em 7 R`s, ou seja, em uma forma de garantir a disponibilidade do

produto (right product), quantidade (right quantity) e condições (right conditions)

corretas, no local (right place) e tempo (right time) corretos, para o cliente correto (right

client), a um custo correto (right cost).

6

Seguindo esse conceito, vê-se que o significado de valor na Logística está diretamente

relacionado à questão do serviço prestado ao cliente (HESKETT et al, 2002). Dessa

forma, valor deve estar ligado a todas as etapas da cadeia de suprimentos de uma

empresa, desde o planejamento, produção até o transporte e comercialização do

mesmo.

Sendo assim, medir valor em logística pode identificado sob a perspectiva do cliente.

Heskett et al (2002) resume essa medida na “equação de valor do cliente”, como pode

ser observada a seguir:

Em termos de resultados gerados para o cliente, Heskett et al lembra que esses

compram resultados, não produtos ou serviços, e o valor associado aos resultados varia

de acordo com o tamanho da tarefa e sua importância para o cliente. Com relação à

medida da qualidade do processo, o autor menciona que a maneira como um serviço é

apresentado, com freqüência, é tão importante quanto os resultados proporcionados ao

receptor.

Finalmente, as relações entre o preço para o cliente e custos de aquisição do serviço

têm grandes implicações para seus prestadores. “Os prestadores capazes de encontrar

meios de reduzir os custos de aquisição para os clientes geralmente têm condições de

cobrar preços mais elevados por seus serviços, sobretudo se conseguirem convencer

os clientes do valor de seus esforços” (HESKETT et al., 2002, p.47)

O importante na avaliação de valor na Logística, Operações e Serviços é, portanto, a

identificação da equação de valor. O valor deve, assim, ser medido no contexto de

resultados, qualidade, preço e custo de acesso ao serviço para o cliente.

Aproveitando a proximidade das abordagens Logística e Marketing, que igualmente

visam ao atendimento pronto e eficaz do cliente, cabe aqui aprofundar também o

Valor = Resultados gerados para o cliente + qualidade do processo Preço para o cliente + custos de aquisição do serviço

7

conceito de valor em Marketing e levantar as questões consideradas como relevantes

na identificação de valor em Marketing.

2.2.2. Valor no Marketing O Marketing, tido como o “processo pelo qual a economia é integrada à sociedade para

servir às necessidades humanas” (Drucker, 1973, p.223) e definido como função

gerencial, processo social, e orientação da administração (Rocha, 1999, p. 28), tem

medidas de valor, em sua maioria associadas à marca e ao posicionamento desejado

pela empresa no mercado em que atua ou deseja atuar.

2.2.2.1. Marca

Segundo Boulton et al (2001), a marca é um ativo organizacional que engloba muito

mais do que apenas “a imagem transmitida pelo nome, pela marca registrada, pelas

credenciais, pela especialização, pela embalagem de um produto”. Ela representa a

reputação da organização, que se baseia nas interações dos seus empregados,

produtos e serviços com clientes, fornecedores e qualquer outra parte envolvida ou

interessada nesse processo. A marca de uma empresa, de um de seus produtos ou

serviços é como a “manifestação externa de sua estratégia e sua cultura”.

Há quem considere a marca como um “bem intangível da empresa” (ROCHA, 1999,

p.94). Dessa maneira, considerada como um ativo, uma das formas de se medir a o

valor da marca de uma organização é “avaliar o seu potencial de geração de lucro e de

geração de caixa a longo prazo” (ROCHA, 1999)

Assim sendo, o valor da marca consiste de uma poderosa ferramenta de suporte a

manutenção, ganho ou perda de mercado e aliada a outras estratégias de mercado,

poderá determinar o sucesso ou fracasso de uma organização.

8

2.2.2.2. Market-Share

Além do valor da marca, um outro indicador é o market-share, ou seja, “o percentual de

vendas de uma determinada companhia ou produto em relação às vendas totais da

indústria”3 (DOWNES, 1994).

Retorno sobre o Investimento

ReceitaCustos

Estoques

Estratégia de Produto

PerformanceDesignEscolha

Segmento de Mercado Almejado

Plano Financeiro

MargensReceitaDivida

ReceitaDespesas

Ativos

ReceitaAtivos

Despesas

Pricing

Publicidade ePropaganda

Distribuição eServiço

PreçoDescontos

Valor

InformaçãoImagem

Segurança

ServiçoTransporte

Credito

Plano deMarketing

Estratégia

OBJETIVO

FINANCEIRO

VARIAVEIS

FINANCEIRAS

DECISOES DE

MARKETING

EXPECTATIVAS

DO COMPRADOR

OBJETIVOS DE

MARKETING

Retorno sobre o Investimento

ReceitaCustos

Estoques

Estratégia de Produto

PerformanceDesignEscolha

Segmento de Mercado Almejado

Plano Financeiro

MargensReceitaDivida

ReceitaDespesas

Ativos

ReceitaAtivos

Despesas

Pricing

Publicidade ePropaganda

Distribuição eServiço

PreçoDescontos

Valor

InformaçãoImagem

Segurança

ServiçoTransporte

Credito

Plano deMarketing

Estratégia

OBJETIVO

FINANCEIRO

VARIAVEIS

FINANCEIRAS

DECISOES DE

MARKETING

EXPECTATIVAS

DO COMPRADOR

OBJETIVOS DE

MARKETING

Figura 1: Objetivos do market-share. Fonte: Doyle, 1994.

A Figura 1 mostra de que forma o market-share se traduz em valor a uma corporação,

apresentando como os objetivos desse departamento podem se transformar em

resultados financeiros. Há certa dificuldade na mensuração direta dessa variável, já que

muitas vezes a transição de posição de mercado para valor percebido não é aparente.

Empresas impulsionadas por objetivos de market-share normalmente iniciam seus

negócios com objetivos ambiciosos e estratégicos, mas muitas vezes dispendiosos sob

3 Tradução de “Percentage of industry Sales of a particular company or product.”

9

o aspecto financeiro e de curto prazo e isso dificulta a identificação direta do valor a ser

medido ou agregado.

2.2.3.Valor Financeiro A análise do valor de companhias é um dos itens mais importantes no estudo preliminar

de viabilidade de fusões e aquisições. Segundo Klug (KLUG apud KEY, 1995, p.65),

“aquilo que um comprador irá pagar é geralmente em função de quem ele é, das

informações que possui e do processo pelo qual é determinado valor”. Segue

concluindo, objetivamente, que num processo de aquisição o que importa não é o

“quanto vale?”, mas sim o “quanto vale para cada um”.

Sabendo, assim, da importância dessas variáveis de decisão financeira e estratégia,

tem-se que a fusão ou aquisição de uma empresa por outra “é decisão de orçamento de

capital” (ROSS, 1995, p.585), ou seja, de planejamento e gestão de gastos com ativos

de longa duração. Sendo assim, devem ser considerados os princípios básicos de

qualquer livro de Administração Financeira. Ross (1995) explica que, para qualquer

decisão de orçamento de capital, devem ser aplicados os princípios básicos de valor

presente líquido - VPL, que determinam a aceitação de um projeto pela geração de um

VPL positivo para as empresas que se fundem, em caso de fusão ou para a adquirinte,

em aquisições.

Na prática, segundo Ross, a determinação do VPL de uma empresa após uma fusão ou

aquisição é bem mais complexa que a determinação em um projeto de investimento.

Devem ser considerados também aspectos legais, tributários, fiscais, efeitos contábeis

e de risco, dificilmente mensurados numa análise mais geral.

Uma forma geral de mensurar os ganhos neste tipo de operação - de estimar o valor do

VPL, é desenvolver uma Análise de Sinergias. Esta análise diz respeito aos benefícios

obtidos com uma operação de aquisição. Em linhas gerais, e aproveitando os conceitos

de Gitman (1997, p.736), “as sinergias de fusões são economias de escala resultantes

da redução do custo indireto das empresas fundidas”. Sendo assim, ganhos de sinergia

ocorrem quando o Valor Presente da empresa resultante de fusão ou aquisição for

10

maior do que a soma dos Valores Presentes isolados das empresas envolvidas no

negócio.

2.2.4. Valor nas Organizações (Instituição) A medida de valor sob a ótica das organizações pode ser identificada pelos seus

stakeholders,4, ou seja, por todos os componentes da cadeia de relacionamentos dessa

organização, interna ou externamente. Sob esse ponto de vista, a medida de valor pode

ser identificada pelos referidos componentes, através da análise de suas participações

e atitudes, não somente como nas abordagens anteriores, em que eram empregados

como fim e não como meios (recursos) para se atingir os objetivos.

Seguindo essa idéia, Doyle (1994) sugere que um aumento de performance de uma

organização poderá ser obtido conjuntamente pela busca da satisfação dos

empregados, dos acionistas, fornecedores, corpo diretivo, gerentes, credores e clientes.

Observando os grupos da organização como um todo, a dificuldade surge dos

diferentes propósitos e interesses particulares de cada grupo em questão, como pode

ser visualizado no gráfico desenvolvido por Doyle. De qualquer maneira, a mensuração

de valor não perde a sua funcionalidade, isto é, continua sendo refletida, em maior ou

menor grau, pelos interesses dos referidos stakeholders.

4 Stakeholders são indivíduos que estão ativamente envolvidos com a organização, ou cujos interesses podem ser positiva ou negativamente influenciados pela mesma.

11

Empresa

Comunidade

CredoresAcionistas

Clientes

Fornecedores

Governo

GerentesEmpregados

GruposMinoritários

Dividendos

Ganhos de capital

Segurança no investimento

Garantia de juros sobre o capital

Emprego

Preservaçãodo ambiente

Empregabilidade justa

Não discriminação

Segurança

Compensação

Satisfação no trabalho

Compensação

Prestígio

Poder

Qualidade de produto

Serviço

Valor

Pagamentos regulares

Continuidade do negócio

Impostos

Empregos

Empresa

Comunidade

CredoresAcionistas

Clientes

Fornecedores

Governo

GerentesEmpregados

GruposMinoritários

Dividendos

Ganhos de capital

Segurança no investimento

Garantia de juros sobre o capital

Emprego

Preservaçãodo ambiente

Empregabilidade justa

Não discriminação

Segurança

Compensação

Satisfação no trabalho

Compensação

Prestígio

Poder

Qualidade de produto

Serviço

Valor

Pagamentos regulares

Continuidade do negócio

Impostos

Empregos

Empresa

Comunidade

CredoresAcionistas

Clientes

Fornecedores

Governo

GerentesEmpregados

GruposMinoritários

Dividendos

Ganhos de capital

Segurança no investimento

Garantia de juros sobre o capital

Emprego

Preservaçãodo ambiente

Empregabilidade justa

Não discriminação

Segurança

Compensação

Satisfação no trabalho

Compensação

Prestígio

Poder

Qualidade de produto

Serviço

Valor

Pagamentos regulares

Continuidade do negócio

Impostos

Empregos

Figura 2: Os componentes da organização e suas expectativas. Fonte: Doyle, 1994.

Além de diferentes objetivos, na maioria das vezes, uma meta visando a atingir os

interesses de um grupo em particular acaba por desfavorecer uma meta do outro. Doyle

enfatiza, porém, que esses desequilíbrios são normais e que geralmente atuam muito

mais como restrições no direcionamento da proposta do que como um adiamento dos

referidos objetivos.

2.2.4.1. Acionista

Um aumento de valor sob a ótica do acionista nada mais é que um retorno justo pelo

investimento ou aposta feito na organização e em um de seus negócios, produtos ou

serviços. É geralmente o mais fácil de ser identificado, dado o acionista ser a origem da

empresa ou a sua fonte de sobrevivência através dos investimentos plantados,

12

mantidos ou ampliados por ele. É, notadamente, o grupo com maiores poderes na

empresa.

De fato, Doyle (1994) considera o valor ao acionista – shareholder value – o mais

respeitado indicador de performance das organizações. O valor ao acionista pode

crescer, e dessa forma, ser medido, de acordo com o referido autor, de três maneiras:

Dividendos; valorização das ações e retorno em caixa.

O que se identifica geralmente nas empresas, dentro do objetivo de aumento de valor

ao acionista, é o retorno baseado na geração de caixa ao invés de lucro contábil. Em

outras palavras, valor como medida de performance somente é atingido quando houver

caixa gerado/retornado para outros investimentos dos acionistas.

Há também dificuldades na utilização de valor ao acionista como objetivo principal da

empresa. A primeira delas refere-se ao conflito de interesses entre os objetivos dos

acionistas e dos administradores da empresa. Apesar de ser uma maneira prática de

avaliar a performance, a geração de caixa muitas vezes não atende as decisões

estratégicas de investimento e crescimento da empresa, já que se apóia em ações

pontuais. A segunda dificuldade é a estimar esse valor para o acionista. Segundo Doyle,

as diversas técnicas existentes para avaliação de valor ao acionista trazem projeções

completamente diferentes (diferentes premissas, custos de capital por segmento de

atuação, países, cenários, etc).

2.2.4.2. Corpo Gerencial

Um aumento de valor para o gerente pode ser visualizado através de bônus e

recompensas sobre o resultado obtido. Ou seja, atrelando o aumento de valor (quer

seja ele medido ou não a partir de critérios já questionados) da organização ao aumento

de valor sob a sua ótica.

2.2.4.3. Clientes

No caso dos clientes, o aumento de valor do cliente é , muitas vezes, determinante para

uma mudança de estratégia da organização. Isso ocorre, segundo Doyle,

principalmente em mercados altamente competitivos. Valor para o cliente pode ser

13

desde a prestação de serviços de qualidade, preços atrativos até a disponibilidade de

produtos, ou seja, ter o produto ou serviço em tempo certo, local correto, custo

adequado, qualidade satisfeita e correspondendo às suas demandas do momento,

mencionados anteriormente na abordagem de logística.

2.2.4.4. Funcionários e Colaboradores

Para os demais funcionários de uma organização, valor pode ser traduzido como ter as

suas expectativas de trabalho bem atendidas, estar satisfeito com a sua compensação

salarial e função desempenhada e, também, ter segurança sobre a sua

empregabilidade.

2.2.4.5. Credores

Por último e não menos importante, os credores têm como medida de valor a garantia

de recebimento dos empréstimos ou financiamentos fornecidos, bem como a

maximização dos valores a receber em função dos prazos acordados.

2.2.4.6. Outros

Há outros grupos na organização, como visto na Figura 3, desde governo até

fornecedores e a comunidade. Cada qual com seus conceitos de valor e visando

sempre garantir alcançá-los.

Foram descritos aqui conceitos de valor aplicados a diferentes abordagens. É

fundamental entender as diferenças entre eles para cada uma delas, e, a partir daí,

buscar equilibrá-las, de maneira a atingir a maximização da resultante entre as

expectativas de cada grupo apresentado, ou ainda, de acordo com as prioridades e

demandas da empresa. Tendo descrito algumas formas de tangibilizar valor, uma

revisão dos aspectos que podem levar a essas distintas gerações de valor será

desenvolvida a seguir.

14

2.3. ABORDAGENS DE VALOR NAS AQUISIÇÕES – UMA REVISÃO DA OBRA DE

HASPESLAGH & JEMISON A obra de Haspeslagh & Jemison (1991) aborda como ocorre o processo de criação de

valor nas empresas em processos de aquisição, explora de que maneira as aquisições

podem contribuir para essa criação de valor e, finalmente, indica soluções para

problemas enfrentados comumente por gestores que buscam aquisições como forma de

renovação da organização.

Haspeslagh & Jemison resumem suas idéias na afirmativa que as diferenças entre

sucesso e fracasso nos processos de aquisição estão diretamente voltados à forma

como são conduzidos o processo de tomada de decisão e a integração pós-aquisição .

Se bem estruturados sob esses dois aspectos, os processos de aquisição podem ser

base para a renovação estratégica das corporações resultantes.

O que os autores apresentam com os dois aspectos abordados refere-se à perspectiva

de processo. Essa perspectiva considera a mudança de foco do resultado da aquisição

para o foco nas forças que causaram o referido resultado, isto é, “a transferência de

capacitações que conduzirão à vantagem competitiva” da empresa (HASPESLAGH, P.;

JEMISON, D, 1991, p. 12).

Segundo eles, na perspectiva de processo, as aquisições não são resultantes de um

trabalho pontual, limitado ao momento em que as empresas se unem. Não é na

transação em si que os benefícios esperados se concretizam, mas sim na forma com

que são conduzidos os processos imediatamente após o ocorrido, conforme

apresentado na figura abaixo. Ainda de acordo com eles, sob essa abordagem, as

aquisições podem ser meios de renovação das corporações.

15

IDÉIA INTEGRAÇÃO PÓS-AQUISIÇÃO RESULTADOSJUSTIFICATIVA

PARA A AQUISIÇÃO

Problemas de Processo de Tomada de Decisão

Problemas de Processo de Integração

IDÉIA INTEGRAÇÃO PÓS-AQUISIÇÃO RESULTADOSJUSTIFICATIVA

PARA A AQUISIÇÃO

Problemas de Processo de Tomada de Decisão

Problemas de Processo de Integração

Figura 3: Como o processo de aquisição afeta os resultados. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

Na visão tradicional de um processo de aquisição, as aquisições são vistas meramente

como processos pontuais efetuados por meio de negociações únicas, onde o preço é o

parâmetro. O processo de tomada de decisão é seqüencial, baseado na avaliação

financeira e na análise pré-aquisição. Além disso, se assume ser capaz de avaliar o

valor de maneira acurada no momento do acordo firmado. Muitas vezes, é delegada à

equipe não envolvida no processo de tomada de decisão a implementação e integração

pós-aquisição.

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

AVALIAÇÃOESTRATÉGICA

AVALIAÇÃOFINANCEIRA

BUSCA E ANÁLISE

NEGOCIAÇÃO INTEGRAÇÃOACORDO

OBJETIVOS ESTRATÉGICOS

AVALIAÇÃOESTRATÉGICA

AVALIAÇÃOFINANCEIRA

BUSCA E ANÁLISE

NEGOCIAÇÃO INTEGRAÇÃOACORDO

Figura 4: Visão convencional das aquisições. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

Em suma, a visão tradicional, segundo Haspeslagh & Jemison, baseada nos valores

financeiros e estratégicos da pré-aquisição tem até a sua importância, na medida em

que indicam a criação do valor potencial de uma aquisição e prováveis dificuldades na

implementação. No entanto, os autores não sugerem uma abordagem universal de se

lidar com quaisquer aquisições. Eles sugerem uma abordagem baseada no “trabalho na

16

estratégia que deve ser realizado em cada aquisição, e na consciência das exigências

organizacionais por autonomia, quando elas são centrais no atingimento dos objetivos

da aquisição” (p. 13)

2.3.1. Aquisição e criação de valor O processo de aquisição de uma empresa por outra, segundo Haspeslagh & Jemison,

tem o potencial de transformar firmas e possibilitar a renovação das corporações de

uma maneira mais rápida que um processo natural de crescimento, ou até que

parcerias, não propiciariam. O mais importante, porém, é que esse processo pode

trazer à corporação capacitações que não teria desenvolvido sozinha, ou ainda

alavancar capacitações de forma a atingir níveis superiores de serviço e posição de

mercado.

O conceito de criação de valor foi revisado por Haspeslagh & Jemison de acordo com

diferentes pontos de vista e, conseqüentemente, formas de se entender valor: o

conceito do mercado de capitais, a abordagem sob a ótica dos envolvidos direta ou

indiretamente no processo, e, finalmente, a mais explorada pelos autores, a perspectiva

gerencial.

2.3.1.1. Mercado de Capitais

A visão do valor na aquisição sob a ótica do mercado de capitais está diretamente

relacionada à questão de geração de valor aos acionistas. Essa visão indica que o valor

de mercado do preço de ação de uma empresa reflete uma estimativa imparcial de

todas as informações públicas disponíveis sobre o fluxo de caixa futuro e riscos a ela

relacionados.

Dessa forma, segundo esse ponto de vista, qualquer aquisição que cause um aumento

no valor de mercado da empresa na organização resultante – excluídos todos os efeitos

de flutuação de preço imediatamente após a aquisição – é positiva, enquanto

aquisições que denotem redução do valor de mercado da ação são ruins. Nota-se assim

o caráter simplista dessa visão.

17

Seu aspecto positivo é o fazer pensar no resultado, no objetivo de criação de valor à

frente das razões gerenciais. Analisa-se a empresa num contexto de mercado, de toda

a economia e não apenas internamente, fora do contexto dos interesses gerenciais.

A perspectiva do mercado de capitais sobre o valor de uma aquisição está limitada à

definição do mesmo, isto é, ao aumento das receitas ou rendimentos sob seus ativos

imobilizados. Por outro lado, não sugere a maneira como pode ser gerado esse

incremento pelos gestores em processos de aquisição.

2.3.1.2. Abordagem sob a ótica dos empregados, comunidade, clientes e fornecedores

O valor de uma empresa num processo de aquisição pode também ser visto na

perspectiva de todos os envolvidos nessa transformação, a saber, os empregados, as

comunidades relacionadas direta ou indiretamente à empresa, seus clientes e

fornecedores. Cada um deles se relaciona com o processo e pode ser fator crítico de

sucesso de uma aquisição.

Os empregados apreciam uma empresa por diversos aspectos, como a

empregabilidade, aderência à cultura da organização e formas de se atingir objetivos

pessoais. As comunidades também dão valor a uma empresa pelos benefícios que ela

prove a área em que se situam, como empregos, tipos de pessoas atraídas à área da

comunidade, e o próprio envolvimento dos seus empregados para a vida da região. Os

clientes valorizam uma organização em função de sua habilidade de atender às suas

demandas por produtos ou serviços. Finalmente, os fornecedores valorizam o

relacionamento com uma empresa pela sua demanda por seus produtos ou serviços,

mas também por elas fornecerem informações do mercado, que podem ser valiosas

para eles, através dessa demanda.

Todas essas vertentes devem ser estudadas num processo de aquisição, ou ao menos

consideradas, já que decisões podem implicar em reações até adversas. Nesses casos,

dependendo do grau de influência desses participantes no contexto da aquisição, o

processo pode ser dificultado e seus objetivos inviabilizados.

18

2.3.1.3. Perspectiva Gerencial

De acordo com Haspeslagh & Jemison, uma medida consistente de se estudar o valor

de uma aquisição é a perspectiva gerencial. Essa visão combina tanto a questão dos

resultados financeiros, quanto a questão dos envolvidos no processo de aquisição.

Nesta perspectiva, apesar da análise do fluxo de caixa ser considerado como base para

o estudo de uma aquisição, os gestores envolvidos tomam a decisão através do

julgamento de seus benefícios de longo prazo, estratégicos, tecnológicos e

mercadológicos.

O que se vê na prática, porém, é que muitos gestores acreditam na importância da

visão de longo prazo, mas são tão pressionados na quantificação e comprovação dos

resultados imediatos que acabam por se adaptar ao conceito puramente financeiro e de

curto prazo. Esse é um dos grandes desafios das aquisições: “equilibrar a performance

dos resultados financeiros de curto prazo com as demandas estratégicas de longo

prazo” (p. 22).

2.3.1.4. Captura de Valor x Criação de Valor

Existem duas formas de se aumentar a riqueza dos acionistas através das aquisições: a

Captação de Valor e a Criação de Valor. Ambas serão desenvolvidas a seguir, segundo

a pesquisa de Haspeslagh & Jemison.

2.3.1.5. Aquisição e Captura de Valor

A Captação de Valor com aquisições ocorre através da transferência do valor de um

grupo de acionistas ou controladores ao grupo da empresa adquirente. Está relacionada

à perspectiva do mercado de capitais sobre o valor nas aquisições, apresentada

previamente. Esse processo é geralmente pontual e limitado ao momento da transação.

A Captação de Valor pode ser feita através de reestruturações das corporações ou de

aquisições alavancadas. O valor pode ser extraído de diversas formas, como a

aquisição de ações desvalorizadas, benefícios de impostos, aumento de dívida ou

desmobilização de ativos. Em termos de participantes do processo, o valor pode vir dos

19

próprios vendedores, dos futuros proprietários, do governo, ou ainda dos credores das

empresas.

O valor pode advir dos vendedores através da identificação e aquisição de empresas

cujas ações estejam desvalorizadas no mercado. Os futuros proprietários podem ser

uma fonte de valor, quando recompram parte de empresas anteriormente vendidas,

mantendo com o vendedor outras partes estrategicamente valorizadas. Dos credores

das empresas adquiridas o valor pode ser extraído na medida em que, após uma

aquisição, os ativos e garantias junto aos mesmos aumentam, e, por conseguinte,

melhores condições e montantes podem ser renegociados. Finalmente, do governo

podem ser obtidas vantagens fiscais no momento da aquisição.

É importante destacar, no entanto, que o foco único na captura do valor “mascara a

necessidade de foco no gerenciamento do processo de legítima criação de valor” (p.27).

Segundo os autores, apesar dos benefícios da captação de valor serem substanciais

para decisões particulares de aquisição, eles são efêmeros e, portanto, contrários a

estratégias de longo prazo das corporações. Em função da dedicação dos autores a

essa questão, o foco dessa revisão será, portanto, na criação de valor.

2.3.1.6. Aquisição e Criação de Valor

A Criação de Valor em uma aquisição é um processo de longo prazo, resultante de

ações gerenciais e interações entre as empresas nela envolvidas. Haspeslagh &

Jemison indicam que a criação de valor leva ao que se denota por sinergia, isto é,

“quando as capacitações transferidas entre as empresas melhoram a posição

competitiva da firma e, conseqüentemente, sua performance” (p.22-23).

Para entender o processo de visão da criação de valor, basta vê-lo como um conjunto

de capacitações, inseridos em uma estrutura organizacional, que, quando aplicados ao

cenário de mercado, “podem criar e sustentar elementos de vantagem competitiva para

a firma” (p. 23). Conforme apresenta a figura a seguir, esses elementos de vantagem

competitiva produzem resultados e, por conseguinte, criam valor aos acionistas. A

vantagem dessa perspectiva é que o processo de criação de valor passa a ser

segmentado, podendo-se, assim, dar atenção a cada uma de suas etapas.

20

CAPACITAÇÕES RESULTADOSOPERACIONAIS

CRIAÇÃO DEVALOR

VANTAGEMCOMPETITIVACAPACITAÇÕES RESULTADOS

OPERACIONAISCRIAÇÃO DE

VALORVANTAGEM

COMPETITIVA

Figura 5: Perspectiva de criação de valor através das capacitações. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

Os autores enfatizam que, no ambiente competitivo das organizações, é ilusório se

pensar que uma simples dimensão de capacitação vai garantir ou manter a vantagem

competitiva de uma corporação. A perspectiva de criação de valor baseada nas

capacitações sugere que seja utilizada a idéia das capacitações centrais. As

capacitações “centrais” (core capabilities) são definidas pelos autores como base para a

vantagem competitiva e têm como características:

“1) Incorporam um conjunto integrado de habilidades gerenciais e tecnológicas;

2) São difíceis de adquirir através de outra forma que não por experiência;

3) Contribuem significativamente para os benefícios percebidos pelo

consumidor;

4) Podem ser estendidas e aplicadas aos demais domínios de negócio da

empresa.”(p.23)

Três observações devem ser destacadas. A primeira é o grande desafio que a empresa

tem de, constantemente, adicionar novas capacitações ou alterar seus produtos e

mercados em função das capacitações existentes, de forma a manter a sua posição

competitiva. A segunda é a questão da definição de quais são as capacitações centrais

e quais são as secundárias. A última, e não menos importante, é a dificuldade de se

observar a renovação das capacitações de uma empresa, muito menos visível que a

identificação da renovação de seus negócios, produtos ou mercados.

A indicação dessa perspectiva pelos autores é que a única competência distinta real é a

“habilidade de mobilizar uma organização a formar novas combinações de capacitações

continuamente e de renová-las” (p.23). O processo de aquisição, estudado nesta

21

dissertação, pode ser uma forma de contribuição para a geração de valor e será

descrito adiante.

2.3.1.7. AQUISIÇÕES ESTRATÉGICAS BASEADAS NA PERSPECTIVA DAS CAPACITAÇÕES

Dentro do conceito de aquisições “estratégicas”, ou seja, voltadas à criação de valor,

Haspeslagh & Jemison indicam tipos diferentes de processos, de acordo com o tipo de

capacitação transferida, com sua relação com a estratégia corporativa e de sua

contribuição à estratégia do negócio. Cada uma delas tem o seu papel no processo de

tomada de decisão e de integração pós-aquisição.

a) Através do tipo de capacitação transferida

Os autores sugerem que a criação de valor com as aquisições ocorre quando a

vantagem competitiva de uma empresa é aperfeiçoada com a transferência de

capacitações estratégicas de outra. Existem duas abordagens sobre como identificar

esses benefícios.

Os economistas tendem a crer nesse conceito como o poder de mercado e subsídios

cruzados e, também, nas economias de escopo e escala. A outra abordagem é a de

pesquisadores, que crêem nas sinergias relacionadas às unidades de negócio –

sinergias operacionais, de logística, marketing, tecnologia, produção, etc. Segundo os

autores, nenhuma das duas corresponde totalmente à tarefa gerencial de atingir as

sinergias. Eles propõem quatro formas, combinando as apresentadas anteriormente.

i) Compartilhamento de recursos operacionais

Ocorre através da combinação e racionalização da utilização dos ativos operacionais

das duas empresas, gerando eficiência em custos que resultam em economias de

escala ou escopo. Economias de escala são decorrentes da utilização conjunta dos

recursos das empresas, gerando menores custos unitários para a empresa consolidada,

como, por exemplo, a utilização das mesmas máquinas para fabricar produtos finais.

Economias de escopo ocorrem quando as empresas compartilham determinados

processos operacionais que individualmente apresentariam custos superiores, como,

por exemplo, a força de vendas.

22

Devem-se levar em conta, porém, dois aspectos. O benefício do compartilhamento dos

recursos deve sempre ser contrastado com a perda da eficiência em sua utilização. A

utilização desse benefício deve ser ponderada também com a possibilidade de ganhos

em função da transferência de habilidades funcionais, apresentada a seguir.

ii) Transferência de habilidades funcionais

A transferência de habilidades funcionais pode criar valor na medida em que uma

empresa pode trazer à outra conhecimentos que ela não possui ou pratica e que a

auxiliam a tornar-se mais competitiva. Os autores destacam, entretanto, que em função

dessas habilidades estarem geralmente arraigadas nas atividades, processos e

pessoas da organização, é um desafio aplicá-las. Sendo assim, sugerem que para uma

empresa se beneficiar desse processo, deve estar apta a aplicar no novo contexto da

organização criada pós-aquisição.

iii) Transferência de habilidades gerenciais

Essa situação acontece quando uma empresa leva outra a uma maior competitividade

através da melhoria das habilidades gerenciais da empresa resultante. Isso pode

ocorrer através da melhoria do corpo gerencial previamente existente, com a

substituição e manutenção dos melhores ou mesmos através da aquisição de empresas

em função dos gestores que a compõem .

iv) Combinação de benefícios

São benefícios diretamente decorrentes do processo de aquisição. Como exemplos,

tem-se o aumento na participação de mercado, trazendo com esse maior porte,

melhores condições de atuação junto aos demais concorrentes, de flexibilidade junto às

instituições financeiras, de poder de compra junto a fornecedores e de barganha junto

aos credores, enfim, de capacidade financeira e operacional. Como não envolve

transferência formal de capacitações, esse item não será explorado.

23

b) Relacionada à estratégia corporativa da empresa

Na perspectiva de estratégia corporativa, a aquisição pode criar valor na medida em

que consegue gerenciar o equilíbrio entre o domínio atual da empresa e a constante

renovação de suas capacitações. São apresentados três tipos:

i) Fortalecimento do domínio

Corresponde ao fortalecimento na participação da empresa nos atuais domínios. Esse

processo decorre de uma ação pró-ativa ou reação defensiva da empresa no cenário do

mercado.

Ele pode acontecer de três formas: a aquisição horizontal de um competidor que

fornece os mesmos produtos nos mesmos mercados; a compra de uma empresa que

fornece diferentes produtos em um mesmo mercado que a adquirente; e, finalmente, a

aquisição de competidores com produtos similares ou substitutos que abrangem

diferentes mercados.

ii) Extensão de domínio

Este tipo proporciona a empresa a adição de negócios novos, adjacentes ou a aquisição

de novas capacitações a serem empregadas em seus atuais negócios. As empresas

unidas têm como desafio identificar o que pode ser uma nova capacitação para uma

empresa e oportunidade de negócio para a outra.

iii) Exploração do domínio

Este caso ocorre quando a aquisição leva a entrada da empresa em novos negócios e

também adquirindo novas capacitações. A aquisição na forma de exploração do

domínio pode criar valor de duas formas. Uma maneira é com a compra de empresas

não relacionadas diretamente ao atual negócio central da organização e

desenvolvimento nessas capacitações, que podem ser relevantes no futuro, mas

dificilmente incorporadas à lógica atual. Uma outra possibilidade de geração de valor é

a aplicação de habilidades gerenciais da empresa adquirida, de forma a tornar mais

veloz, ou melhor estruturado, o desenvolvimento de negócios não diretamente ligados

ao negócio central da organização, mas que já eram de sua posse.

24

c) Como a aquisição contribui à estratégia particular do negócio

As aquisições também podem contribuir diretamente para a estratégia do negócio.

Haspeslagh & Jemison propõem três diferentes formas.

i) Aquisição de uma capacitação específica

Ocorre quando a empresa demanda determinada capacitação a fim de implementar

uma estratégia de negócio e adquire uma outra com esse propósito específico.

ii) Aquisição de uma “plataforma”

Este tipo de aquisição ocorre quando já são viáveis anteriormente à compra, ou seja,

quando são negócios por si só interessantes e somente serão mantidos após a compra

caso haja investimentos adicionais.

iii) Aquisição de uma posição

A aquisição de posição traz como valor o ganho de posicionamento de mercado, em

produtos onde a empresa já atue, mas deseje aumentar seu porte ou abrangência. Ela

ocorre em empresas cujo propósito seja crescer no ambiente competitivo em que se

encontra.

2.3.2. Processo de Tomada de Decisão O processo convencional de tomada de decisão de uma aquisição, apresentado na

figura 4, passa pelas etapas de objetivo, busca e análise, avaliação estratégica,

avaliação financeira e negociação. Haspeslagh & Jemison sugerem que a tomada de

decisão da aquisição seja muito mais abrangente que a decisão de adquirir ou não e

definição do preço a ser pago. Segundo eles, há uma série de dimensões a serem

consideradas que deveriam ser aplicadas em qualquer processo de decisão de

aquisição, conforme a figura a seguir destaca.

25

ANÁLISE

NEGOCIAÇÃO

Problemas noProcesso de Decisão

JUSTIFICATIVA

PARA A

AQUISIÇÃO

ANÁLISE

NEGOCIAÇÃO

Problemas noProcesso de Decisão

JUSTIFICATIVA

PARA A

AQUISIÇÃO

Figura 6: O processo de decisão da aquisição. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

2.3.2.1. AQUISIÇÕES PLANEJADAS X AQUISIÇÕES OPORTUNISTAS

Os autores observaram em suas pesquisas que na maioria das aquisições há uma

relação entre a estratégia da empresa e o oportunismo da possibilidade de aquisição.

Em um extremo, encontram-se as aquisições “planejadas”, em situações onde há o

planejamento sistemático, com uma estratégia bem definida, resultante desse processo

de planejamento ou de levantamento formal das possibilidades existentes no mercado.

De outro, há as aquisições “oportunistas”, impulsionadas pela oportunidade surgida no

mercado, e não pela busca pró-ativa, onde a justificativa do processo não leva a

esclarecimento da estratégia.

Eles defendem que as aquisições diferem na questão de se tornarem verdadeiramente

estratégicas ou não. Definem como aquisições estratégicas como aquelas nas quais a

justificativa do processo não sirva apenas para a aprovação da aquisição, “porém

também no esclarecimento da estratégia na qual a aquisição está contextualizada e na

base em que a integração pode ser guiada” (p.46). Sintetizam, em outras palavras,

“oportunismo no início é bom, contanto que a justificativa final esteja clara e definida”

(p.46).

2.3.2.2. JUSTIFICATIVA DA AQUISIÇÃO & QUALIDADE DA JUSTIFICATIVA

A justificativa da aquisição é o primeiro maior desafio no processo de tomada de

decisão, pois com ela, busca-se garantir que: (i) a criação de valor com a aquisição é

possível; (ii) os benefícios não serão “barganhados” antecipadamente; e (iii) os

26

potenciais benefícios podem ser alcançados. Dada a importância da justificativa da

aquisição no contexto das aquisições estratégicas descritas por Haspeslagh & Jemison,

é fundamental que sejam bem definidas e trabalhadas a fim de tornar o processo claro e

bem conduzido. Os autores sugerem seis dimensões como forma de avaliar a

viabilidade do processo, ou seja, de justificá-lo de maneira coerente.

a) Qualidade da avaliação estratégica

Esta avaliação deve conter detalhadamente de que forma a aquisição contribuirá para a

estratégia da empresa, além do impacto desse processo na posição competitiva da

organização. A qualidade da avaliação estratégica é importante, pois através dela é que

se apresenta o valor potencial de aquisição.

b) Visão amplamente compartilhada do objetivo da aquisição

É necessário num processo de aquisição estratégica que o objetivo seja conhecido,

aprovado e compartilhado por todos os envolvidos na tomada de decisão. Em outras

palavras, “uma lógica estratégica comum compartilhada por todos os tomadores de

decisão chave é pré-condição para a obtenção de consenso na abordagem de

implementação de uma organização” (p.48).

Vale destacar que a presença de múltiplos argumentos não é necessariamente um

empecilho. O problema pode ocorrer quando não houver um entendimento comum ou

acordo sobre qual desses argumentos será o foco inicial das atividades de criação de

valor.

c) Especificações detalhadas das fontes de benefícios e potenciais problemas pós-

aquisição

Os benefícios devem ser tangibilizados, bem como os potenciais problemas decorrentes

da aquisição. Muitas vezes são considerados apenas os benefícios imediatos, faltando

a indicação de outros ganhos decorrentes do processo. Em outras, contudo, não há um

27

estudo dos riscos decorrentes de determinadas situações pós-aquisição, que podem

inclusive afetar o preço estudado para a aquisição.

d) Considerações pelas condições organizacionais

Apesar dos ganhos de sinergia serem ponderados no processo de tomada de decisão,

muitas vezes estão limitados a estrutura de custos e finanças gerais da organização. As

condições organizacionais sob as quais a aquisição ocorrerá e como pode ser medida

são muitas vezes ignoradas. Sendo assim, os recursos organizacionais – pessoas,

espaço físico, interfaces de infra-estrutura de comunicação e tecnologia – devem ser

analisados dentro do processo de tomada de decisão, no contexto da empresa pós-

aquisição.

e) Período de Implementação

Os autores destacam a importância de um estudo de todo o tempo do processo. É

crítico, para uma integração bem sucedida, uma visão clara de “como começar, o quão

rápido se deve proceder, e como chegar lá” (p.50).

f) Preço Máximo

O preço máximo deve ser considerado como o último componente de uma justificativa

de qualidade para a tomada de decisão. O preço máximo deve ser calculado através da

expectativa de potencial criação de valor combinado com a avaliação de suas chances

de implementação (riscos).

O processo de justificativa da aquisição, apesar de facilmente identificado pela

avaliação financeira, para ser completo, deve conter também outros aspectos

estratégicos de mensuração de valor. A justificativa com qualidade é base para uma

tomada de decisão eficaz e focada no objetivo central da aquisição.

28

2.3.2.3. AQUISIÇÕES COMO FORMA DE ALOCAÇÕES DE RECURSOS – DECISÕES DE

INVESTIMENTO

Decisões de investimento são processos que envolvem diversos participantes, cada um

com diferentes perspectivas, compartilhando informações e análises, em torno de

negociações e decisões. Sendo assim, as aquisições podem ser vistas como uma forma

de alocação de recursos, dadas as suas similaridades. Apesar disso, possuem

particularidades quanto a outras decisões de investimento.

a) Similaridades de Decisão de Aquisição e de outros Investimentos de Capital

O processo de tomada de decisão de uma aquisição é similar a outros processos de

alocação de recursos sob dois aspectos: primeiro, no que diz respeito ao processo de

identificação, estudo, definição e análise do investimento ou oportunidade de aquisição;

segundo, no processo de integração, envolvimento e comprometimento dos tomadores

de decisão que diz respeito a decisão de investimento.

b) Diferenças de Decisão de Aquisição e de outros Investimentos de Capital

As decisões de aquisição têm algumas particularidades no processo de tomada de

decisão. Os autores destacam sete características peculiares.

i) Natureza Esporádica

Em função de sua natureza pontual, ou seja, que ocorre esporadicamente, os gestores

envolvidos devem tomar decisões baseadas nessas situações especiais. Comparado a

outros processos que seguem a um padrão no processo de decisão de alocação de

recursos, o processo de aquisição é especial e requer maior atenção que outras

decisões de investimento.

ii) Diferença nos processos comumente administrados pelos gestores com suas

experiências rotineiras

O processo de aquisição, não sendo rotineiro, foge do escopo normal do trabalho dos

gestores no contexto organizacional. Ele não é muito comum, visto que “as aquisições

29

normalmente implicam na redefinição da estratégia da firma, e elas envolvem um

segundo e totalmente diferente contexto organizacional” (p.53), ou seja, da nova

empresa.

iii) Direcionamento de oportunidade

Tomadas de decisão para aquisições são normalmente mais voltadas à oportunidade

que outros tipos de decisão de investimento. Os autores atentam, porém, que a

adequação desse oportunismo depende de como suas implicações estratégicas

estejam claras e sejam factíveis dentro do objetivo definido na tomada de decisão.

iv) Velocidade de Decisão

A velocidade da decisão em processos de aquisição é geralmente maior que em outros

processos. Essa necessidade decorre geralmente do fato que num ambiente potencial

de aquisição outros participantes podem também atuar visando ao mesmo objetivo.

v) Disponibilidade e Processamento de Informações

Num processo de aquisição, a disponibilidade de informações é escassa e limitada às

que estão disponíveis a todos no mercado. Essa restrição de informações muitas vezes

é imposta pela própria empresa adquirida em função do risco de poder ser usada contra

ela caso a aquisição não ocorra.

O processamento das informações num processo de aquisição difere de outros, onde

projetos de investimento de capital envolvem pessoas de varias áreas de negócio,

fornecendo ou analisando informações. A participação e compilação das informações

de aquisições, no entanto, são restritas aos tomadores de decisão, geralmente gerentes

executivos e poucos analistas.

vi) Oportunidade única

Diferente de outros projetos, uma aquisição é considerada uma oportunidade única, de

decisão positiva ou negativa, que podem redirecionar toda a estratégia de uma

empresa. Por isso, são também menos flexíveis ou suscetíveis a mudanças depois de

tomadas.

30

vii) Risco

As aquisições são processos normalmente mais arriscados que investimentos internos

da empresa, tanto para as empresas envolvidas, como para os gestores que as

conduzem.

2.3.3. Problemas no processo de tomada de decisão Uma série de problemas pode ocorrer durante o processo de tomada decisão, que vão

diretamente afetar a aquisição e emergir desde a sua integração. Haspeslagh &

Jemison apontam quatro problemas associados à tomada de decisão e que limitam as

empresas no desenvolvimento de justificativas bem definidas para a aquisição.

a) Perspectivas fragmentadas

Muitas vezes, durante estudo para a tomada de decisão da aquisição, especialistas de

determinadas áreas são contratados. Durante o desenvolvimento desses estudos, o que

ocorre é o isolamento de cada um deles, gerando recomendações sem nenhuma

coordenação com o trabalho como um todo. Além disso, a delegação a especialistas

que não conhecem a fundo a organização, acaba resultando, segundo pesquisa de

Haspeslagh & Jemison, na “ênfase na quantificação das estimativas financeiras ao

invés de considerações estratégicas e organizacionais mais abrangentes” (p.59).

Através dessa perspectiva dividida, torna-se difícil também aos gestores envolvidos na

aquisição possuírem uma visão geral da transação. Considerando-se esse contexto, de

vários especialistas com visões superficiais da organização e pressões sobre tempo e

acurácia de diagnóstico, as organizações são, assim, afetadas em seus processos de

tomada de decisão em função de perspectivas fragmentadas.

Um aspecto adicional que corrobora com esse problema na tomada de decisão é a

atenção dada pelo corpo diretivo das empresas a assuntos que são mais facilmente

quantificáveis e de simples comunicação. Em síntese, assuntos financeiros e de fácil

interpretação são priorizados em detrimento de questões qualitativas, voltadas aos

aspectos estratégicos e organizacionais, e em suas implicações durante o processo de

integração.

31

Os autores destacam que a análise financeira, apesar de baseada em ferramentas bem

estruturadas de avaliação de empresas, não passam de estimativas, já que se

fundamentam em sua totalidade em premissas que podem vir a não ocorrer. Apesar de

serem técnicas detalhistas, os modelos quantitativos geralmente são priorizados em

função de sua padronização, isto é, da possibilidade de serem desenvolvidos facilmente

por pessoas (consultores) externas à organização, enquanto modelos de análise

organizacional para aquisições são “mais subjetivos e, logo, mais abertos a

desafios”(p.61).

b) Aumento na percepção de tempo

A pressão no tempo próximo a uma transação sempre existe, mesmo com barreiras

apresentadas no momento da tomada de decisão de uma aquisição. Haspeslagh &

Jemison sugerem pelas suas pesquisas que existem forças que aceleram a percepção

de tempo e outras que o tornam mais lento. Eles indicam que as forças que aceleram

essa percepção em um processo de aquisição tendem a ser mais fortes que as que o

desaceleram.

O resultado é que, geralmente, há um desejo se agilizar o processo de aquisição até o

momento de se fechar o acordo. O que ocorre nesses casos, contudo, é a geração de

problemas de longo prazo, em função de soluções prematuras, e muitas vezes

impactando em dificuldades no processo de integração. Os autores apresentam

algumas forças que, segundo eles, pressionam a construção da percepção de tempo

nos processos de aquisição, relatadas a seguir.

i) Aumento do comprometimento das pessoas

Dependendo da pessoa envolvida, pode ocorrer de diferentes maneiras. Os gerentes

envolvidos no processo tendem a fazê-lo da maneira mais ágil e imediata possível, por

entenderem a importância de processos de aquisição em suas organizações e, certas

vezes, até para melhorar suas reputações. Os CEO , para provar suas

responsabilidades e resultados estando nessa posição, tendem também a tornar o

processo mais veloz. Finalmente, até nas empresas a serem compradas essa situação

32

tende a ocorrer, já que muitos querem que o processo de transição seja o mais rápido e

menos penoso possível e outros, mostrando resultados, entendem que terão assim

garantia de manutenção de suas posições na nova organização.

ii) Confidencialidade e pressão

A tomada de decisão nas aquisições geralmente ocorre em condições de

confidencialidade e sob intenso estudo. Uma vez que o processo de intenção de

aquisição passa a ser conhecido, “o negócio cessa virtualmente, e um período de

incertezas começa para seus empregados, acionistas, fornecedores, clientes e

competidores” (p.63). Dado esse cenário, de forma a minimizar os impactos decorrentes

dessas incertezas, o tempo de análise acaba sendo estreitado naturalmente pelos

gerentes, já que buscam concluir os acordos antes de sofrerem os impactos direta ou

indiretamente (preços de ação, manifestações de funcionários, etc).

iii) Consultores externos

Consultores externos, especialmente analistas de mercado financeiro, são contratados

para estudar e realizar um acordo de compra. Como na maioria das vezes eles são

contratados em função da transação que irão efetuar, e não do período envolvido, o

tempo tende a ser acelerado em função do resultado desejado, isto é, da aquisição em

si (segundo os autores, as taxas cobradas pelos analistas de investimento e seus

bancos são praticamente independentes do tempo do estudo dedicado ao processo).

iv) Tornando o processo mais lento

Apesar de menos comuns, existem alguns casos em que a tomada de decisão acaba

sendo desacelerada por determinados eventos. Como exemplos, tem-se um

acontecimento com a empresa concorrente; a mudança de uma legislação no meio do

processo, que muda todo o cenário de mercado; lentidão em processos internos de

aprovação, em função de problemas pessoais dos envolvidos ou de condições adversas

ao processo; a própria gestão do processo pela empresa compradora, de forma a evitar

que a velocidade acabe com a qualidade da análise; e, finalmente, obstáculos

regulatórios durante a tomada de decisão.

33

c) Expectativas ambíguas

Expectativas ambíguas podem se refletir no processo de aquisição. Muitas vezes,

decisões em função de divergência de opiniões são postergadas, a fim de não

comprometerem o planejamento e fechamento do acordo da aquisição. Por outro lado,

o adiamento de importantes divergências pode afetar a qualidade da tomada de

decisão, já que há assuntos que podem mudar os rumos do processo de aquisição.

Dessa forma, o problema a curto prazo se resolve, mas a situação pós-aquisicao sofre

as conseqüências do adiamento. Haspeslagh & Jemison mencionam que, no início do

processo, a ambigüidade é essencial para contribuir e chegar a uma tomada de decisão

mais completa, que considere as possibilidades. Contudo, na integração, “essa

ambigüidade se torna a maior fonte de dificuldade e conflito. Os envolvidos devem mais

cedo ou mais tarde esclarecer as partes chaves do acordo previamente deixado

ambíguo” (p. 66).

d) Diversos motivos para a aquisição

Um outro problema originado durante a tomada de decisão que pode afetar diretamente

a aquisição é a ambigüidade que pode existir com relação aos objetivos junto à

empresa adquirida. Haspeslagh & Jemison ressaltam que gerentes, buscando adesões

à aquisição de todas as partes envolvidas, podem “vender” o projeto de diferentes

maneiras, com diversos motivos, de acordo com o interesse de cada um, voluntária ou

involuntariamente. Os autores afirmam que “antes da aquisição, essa adição (de

motivos) é útil para ajudar a justificar o prêmio da aquisição e ganhar comprometimento

global. Após o acordo, ele se torna a base para múltiplas reclamações em prioridades e

envolvimento pós-integração” (p.68-69).

34

2.3.3.1. ESTILOS DE ALOCAÇÃO DE RECURSOS

Em seus estudos, Haspeslagh & Jemison buscaram analisar, também, o

comportamento dos problemas previamente apresentados em relação ao estilo de

alocação de recursos das empresas. Sendo assim, eles relacionaram esses problemas

a cinco fatores:

a) Horizonte de tempo gerencial

Definiu-se como o tempo dedicado pelo corpo gerencial, ou os seus gestores

envolvidos, no processo de tomada de decisão.

b) Conceito de competição

Pelo conceito de competição, entende-se como os gestores a consideram e de que

maneira lidam com ela. Pode ser uma visão baseada meramente nos resultados

financeiros dos concorrentes e empresa alvo, ou nas capacitações que elas possuem.

c) Envolvimento substantivo

Diz respeito ao grau de envolvimento da alta direção no processo de tomada de

decisão.

d) Base para tomada de decisão

A base pode ser analítica ou política. Em um processo analítico, o suporte para um

projeto é baseado em apresentação e compartilhamento dos fatos a cada nível da

organização, sem nenhuma manipulação ou viés. Já em um processo político, a

informação é trabalhada e filtrada de forma a evitar expor os riscos e incertezas.

35

e) Natureza da tomada de decisão

Pode ser consensual ou individualista. Na natureza consensual, a responsabilidade pelo

resultado da aquisição é coletivamente compartilhada, geralmente pelos times

envolvidos no processo. Na natureza individualista, uma pessoa é geralmente

responsabilizada pelos méritos ou performance negativa de uma aquisição.

Os autores tiveram como indicação de suas pesquisas o quadro a seguir (Figura xxx).

Eles sugerem que os maiores problemas que tendem a limitar uma empresa em

processos de tomada de decisão são: estilos de alocação de recursos cujo horizonte de

tempo seja curto; competição puramente baseada em resultados; baixo envolvimento

da alta direção; base política para tomada de decisão; e natureza de tomada de decisão

calcada em aspectos individuais dos gestores envolvidos. Ressaltam, porém, que

“esses problemas podem ser gerenciados e lidados com efetividade” (p.78), visando

trazer às empresas melhores processos de tomada de decisão.

Fatores

Horizonte de tempo gerencial

Conceito de competição

Envolvimento substantivo

Base para tomada de decisão

Natureza da tomada de decisão

Robusto

Longo

Capacitações

Alto

Analítica

Consensual

Limitado

Curto

Resultados

Baixo

Política

Individual

Fatores

Horizonte de tempo gerencial

Conceito de competição

Envolvimento substantivo

Base para tomada de decisão

Natureza da tomada de decisão

Robusto

Longo

Capacitações

Alto

Analítica

Consensual

Limitado

Curto

Resultados

Baixo

Política

Individual

Figura 7: Estilos na alocação de recursos. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

2.3.4. Gerenciamento da decisão de aquisição Haspeslagh & Jemison sugerem alguns itens que devem ser considerados, de forma a

facilitar o processo de tomada de decisão e a criação de um contexto onde aquisições

36

podem ser organizadas. Os autores destacam que um processo de tomada de decisão

bem estruturado pode ser positivo se forem considerados os seguintes aspectos:

- Garantir a qualidade da justificativa da aquisição;

- Combinar essa justificativa com a realidade do negócio em termos de

confidencialidade e velocidade;

- Tornar possível a aplicação dessas idéias em diversos tipos de aquisição;

- Buscar aprendizado e transferência de experiência de aquisição dentro da companhia,

de forma que processos futuros se beneficiem de boas experiências do passado.

Sendo assim, existem alguns procedimentos recomendados para viabilizar esse

processo. O primeiro passo para uma aquisição é a empresa considerar suas

necessidades em termos de: “o tipo de companhia que ela é; o nível de atividades de

aquisições que ela prevê; o tipo e a variedade de aquisições que serão necessárias (em

função do item anterior); a experiência prévia de seus gerentes em aquisições” (p. 80).

A seguir, alguns procedimentos de como organizar o processo de tomada de decisão

são indicados pelos autores. Eles serão descritos sinteticamente, pois estão fora do

escopo do estudo desta dissertação.

2.3.4.1. COMO ORGANIZAR A TOMADA DE DECISÃO PARA AQUISIÇÕES

Existem dois componentes em termos das capacitações possuídas para o

desenvolvimento de uma aquisição. O primeiro refere-se à análise de que a aquisição

será feita dentro do contexto de estratégia da empresa. O segundo é que cada decisão

de aquisição deve ser considerada dentro do contexto de experiência da empresa

nesse sentido.

i) Aquisição inserida na estratégia organizacional da empresa

Uma aquisição, para ser considerada, deve ser estudada no contexto da estratégia

organizacional da empresa. Ela deve estar diretamente relacionada ao processo de

planejamento do negócio.

37

Há quatro benefícios decorrentes desse pensamento: a criação do contexto da empresa

para uma aquisição viabiliza o processo de tomada rápida de decisão quando a

oportunidade aparece; ele incentiva uma consideração vasta de alternativas de

negócios; propicia um melhor entendimento da natureza da competição na indústria; e,

finalmente, maior realismo na integração.

ii) Coordenação do processo de aquisição

A fim de garantir que os processos de aquisição de suas empresas sejam conduzidos

com todo o cuidado, coordenação e experiência, algumas organizações criaram uma

área exclusivamente dedicada a tratar desses assuntos. A área de aquisições

corporativas pode variar de empresa a empresa, dependendo de seu porte, de seu

nível de aquisições potenciais e de suas perspectivas de médio e longo prazo.

A criação dessa área tem como principais objetivos: o incentivo a abordagens de

aquisições pró-ativas, ou seja, estarem prontamente preparados a agir frente a

oportunidades de aquisição; a atuação como um fomentador, consolidando e

viabilizando idéias nesse sentido; a busca de aprendizado interno em aquisições; e

ação como consultor, fornecendo ajuda profissional e garantindo a qualidade geral em

todo o processo de aquisição.

A realidade de cada empresa deve, contudo, demonstrar a necessidade e potencial

dessa área. O desafio da área é, finalmente, o de ser capaz de administrar as

aquisições ocorridas e, ao mesmo tempo, estimular e analisar oportunidades existentes

no mercado.

Como visão geral deste item, o processo de tomada de decisão para aquisições,

segundo indicações de Haspeslagh & Jemison, pode transformar substancialmente o

resultado da aquisição. Isso pode ocorrer “através do impacto na qualidade das idéias

de aquisição que são examinadas, na qualidade da justificativa que é desenvolvida na

empresa, e também pelo que ocorre ou não antes da aquisição, pois se reflete na fase

de integração” (p. 39). Dessa forma, um processo de tomada de decisão bem conduzido

é crucial para o resultado final de uma aquisição.

38

2.3.5. Integração como fonte de valor O processo de integração tem papel muito importante no contexto das aquisições. De

acordo com Haspeslagh & Jemison (p. 105), o valor das aquisições somente pode ser

criado a partir do momento em que as duas empresas começam a trabalhar juntas em

função do objetivo da aquisição. Também destacam que as percepções quanto à

integração variam entre os gerentes envolvidos. Como exemplo, tem-se que alguns dos

envolvidos em aquisições consideravam a integração um processo simples e imediato,

já outros a achavam complexa, ou ainda uma espécie de “caixa preta”. Entretanto, os

autores identificaram que a maioria deles “tentou simultaneamente direcionar as duas

organizações por um objetivo comum e tentar adaptar esse objetivo em função de uma

situação em constante mudança “(p.105).

O conceito de integração depende, basicamente, “do tipo de aquisição, de quem está

envolvido no processo, e dos tipos de capacitação transferida” (p. 106). Apesar disso,

existe uma série de elementos que se repetem em quaisquer processos de integração e

eles são sugeridos por Haspeslagh & Jemison através do quadro a seguir.

Interações

Problemas no Processode Integração

Atmosfera para Transferência de

Capacitações

FirmaAdquirente

FirmaAdquirida

Transferência de CapacitaçõesEstratégicas

VantagemCompetitiva

Aperfeiçoada

Interações

Problemas no Processode Integração

Atmosfera para Transferência de

Capacitações

FirmaAdquirente

FirmaAdquirida

Transferência de CapacitaçõesEstratégicas

VantagemCompetitiva

Aperfeiçoada

Figura 8: O processo de integração nas aquisições. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

Apesar do conceito de integração variar segundo os aspectos mencionados acima,

existem alguns desafios comuns às empresas na implementação e gerenciamento do

39

processo de integração. Haspeslagh & Jemison sugerem três grandes preocupações: o

processo de aprendizado integrado para a transferência das capacitações entre as duas

empresas; a criação de uma atmosfera, ou seja, um ambiente para tais mudanças

serem processadas; e, finalmente, a atenção às interações entre as empresas dentro

desse novo contexto.

a) Transferência das Capacitações Estratégicas

O aspecto chave da integração refere-se à forma como é conduzida a transferência das

capacitações estratégicas. Conforme já mencionado no capítulo xxxx, pode ser feita

através do compartilhamento de recursos operacionais; transferência de habilidades

funcionais; transferência de habilidades gerenciais; e combinação de benefícios. Uma

vez que os conceitos já foram destacados anteriormente, a seguir serão descritos os

desafios enfrentados nesse processo.

i) Compartilhamento de recursos operacionais;

Os autores indicam esse como o mais simples e direto tipo de capacitação transmitida,

já que ocorre através da combinação e racionalização da utilização dos ativos

operacionais das duas empresas. Essa combinação pode ser feita através de

fornecimento de uma empresa a outra ou de compartilhamento de recursos de ambas.

Apesar desse planejamento de ganhos de escopo ou escala, algumas rupturas podem

ocorrer em função das conseqüências organizacionais da junção de duas unidades

distintas. Outras, ainda, são decorrentes da subavaliação das despesas com o uso

compartilhado dos recursos. Muitas vezes, “mesmo quando as duas operações estão

aptas a usar os mesmos ativos, o uso ideal desses ativos pode ser diferente” (p. 108),

incorrendo, assim, em custos não previstos com o compartilhamento desses ativos.

Sendo assim, para que o compartilhamento dos ativos crie valor, seus benefícios devem

se sobrepor a esses custos “ocultos”. Esses custos dependem, contudo, não apenas da

forma diferente de utilização dos recursos, mas também na habilidade das organizações

gerenciarem essas diferenças.

ii) Transferência de habilidades funcionais;

40

Um dos maiores desafios para a geração de valor é a forma como se dá a transferência

das habilidades funcionais entre as empresas envolvidas em uma aquisição. Conforme

destacam Haspeslagh & Jemison, uma transferência desse porte “não é imediata nem

fácil, pois envolve um processo de ensinamento e aprendizado simultaneamente antes

das habilidades serem transferidas” (p. 109).

Os autores sugerem que quão mais estratégicas forem as capacitações, mais difíceis

de serem transferidas as habilidades, dentro de um contexto de entendimento e

cooperação entre as empresas. Segundo eles, isso decorre do fato de que as

capacitações estratégicas são difíceis de se imitar, pois “estão embutidas nas

habilidades de um grupo de indivíduos e nos procedimentos e culturas das firmas” (p.

109).

iii) Transferência de habilidades gerenciais;

Há uma pequena diferença entre a transferência de habilidades funcionais e a de

gerenciais. A transferência de habilidades funcionais envolve interações horizontais, ou

seja, entre pessoas do mesmo nível hierárquico em cada uma das organizações. Já na

transferência de habilidades gerenciais, as interações são basicamente verticais entre a

gestão da empresa compradora e os funcionários da empresa comprada, que se

reportam a ela.

A criação de valor através da transferência das habilidades gerenciais ocorre quando os

gestores de uma empresa, geralmente da adquirente, influenciam os processos de

gestão, a estratégia de direcionamento, planejamento financeiro, controle ou até

recursos humanos da outra. Esse processo pode ocorrer através de forma “sutil de

orientação, envolvimento direto ou imposição de sistemas” (p. 109).

iv) Combinação de benefícios.

Essa forma de criação de valor é indicada pelos autores como a mais simples de ser

transferida em termos de gerenciamento. A combinação de benefícios não requer muita

coordenação para ser colocada em prática, já que ocorre através de transferência de

recursos financeiros de uma empresa para a outra.

41

Independente da forma e grau de dificuldade de como são transferidas as capacitações

estratégicas entre as empresas nas aquisições, é importante dar atenção ao processo

de aprendizado por parte de ambas as empresas. E para que ele seja efetuado da

maneira adequada em cada organização, faz-se necessária a criação de uma atmosfera

propícia para tal.

b) Atmosfera

A criação de uma atmosfera propícia para o processo de transferência das capacitações

deve ser criada antes dele e dentro de um contexto de integração organizacional. Como

indicam Haspeslagh & Jemison, ele está calcado em cinco questões, destacadas a

seguir.

i) Conhecimento / entendimento recíproco da organização

Para um conhecimento do ambiente em que vai ocorrer a integração, é necessário

entender o contexto organizacional de cada uma das empresas envolvidas: “qualquer

companhia que é parte de uma aquisição deveria entender e apreciar os valores,

história, abordagem organizacional, ambiente pessoal e a cultura da outra firma” (p.

111). Além disso, é importante entender os ajustes necessários para que as

capacitações adquiridas sejam bem empregadas no novo contexto.

Os autores destacam que a necessidade desse entendimento recíproco vai variar de

acordo com o tipo de capacitação a ser transferida e com a relação da aquisição com o

que vai se transformar o negócio. Independente disso, é importante que a organização

que esteja recebendo a capacitação entenda como pode utilizá-la e o porquê dessa ter

sido transferida a ela.

Haspeslagh & Jemison sugerem que essa transferência deva ser feita em duas partes.

Primeiramente, cada empresa aprende sobre a outra. Em seguida, cada uma delas

aprende sobre a capacitação a ser transferida. Em suma, a empresa deve aprender a

entender o contexto em que as habilidades estão inseridas, mas também aprender a

replicar esse contexto ou ajustar as diferenças. Um detalhe destacado por eles é o fato

42

que “estar no mesmo negócio não garante uma linguagem única ou um entendimento

da outra organização” (p. 112). Ou seja, a idéia é a de não antecipar conclusões sobre

a atmosfera a ser encontrada sem antes analisar a situação das empresas com cautela.

ii) Disposição para trabalho integrado

A disposição para o trabalho integrado é um processo muitas vezes difícil para ambas

as empresas envolvidas em uma aquisição. Conforme estudo de Haspeslagh &

Jemison, há indicações de que os envolvidos no processo tendem muito mais a

entender o trabalho integrado como sem valor adicional do que a visualizá-lo como uma

oportunidade estratégica de aprendizado.

De acordo com os autores, existem alguns motivos para que esse processo ocorra.

Algumas vezes, há o temor da perda de emprego e de poder sobre o controle dos

recursos. O próprio paradigma de se executar a mesma atividade sempre da mesma

forma dificulta a disposição à nova maneira de trabalho. Diferenças entre o porte das

empresas atrapalham, já que normalmente as empresas maiores têm menos disposição

de auxiliar nos processos das de menor porte. Por outro lado, existem as experiências

prévias em processos de aquisição, consumados ou não, que tendem a beneficiar a

disposição para trabalho integrado, favorecendo o processo de integração.

iii) Capacidade de transferir e receber a capacitação

Para a transferência das capacitações, os autores lembram ser necessário que ela

exista, mas também que “pessoas apropriadas em ambas as firmas estejam aptas a

transferi-las ou a recebê-las” (p.114). Sugere-se que a empresa para onde a

capacitação esteja sendo transferida tenha a massa crítica de habilidades intelectuais e

organizacionais necessárias para utilizar e aplicar o que for adquirido.

iv) Recursos alternativos

Após o momento da aquisição, para a criação da atmosfera de trabalho que promova a

transferência das capacitações, é importante que haja comprometimento na

disponibilização de recursos adicionais das empresas, isto é, que seja concedido a elas

um certo “relaxamento” logo após a aquisição. Relaxamento no sentido de dar margem

a alguns ajustes operacionais ou de transferência das capacitações, sem pressão pura

43

e simplesmente imediata nos números esperados. De acordo com os autores, isso não

implica, contudo, em uma falta de organização nas práticas de gestão das empresas.

Essa situação possibilita que a nova empresa lide com contingências estratégicas ou

operacionais nos níveis corporativos e até de negócios. Ela provê ao mesmo tempo

proteção e espaço para manobras, pois muitas vezes as empresas projetam resultados

a curto prazo com a aquisição. Isso ocorre em função de premissas prematuras de

performance da empresa adquirida e até dos ganhos de escala com a nova

organização, que levam um pouco mais de tempo para se consumar.

v) Entendimento de causa e efeito dos benefícios

Antes da transferência das capacitações, é necessário um amplo entendimento sobre o

objetivo inicial da aquisição pelos que irão implementar a integração, ou seja, os que

atuarão no processo operacional e organizacional de unir as duas empresas. Os

autores recomendam que haja um entendimento de causa e efeito dos gestores

envolvidos no processo, isto é, que entendam a natureza, o horizonte de tempo e a

previsibilidade dos benefícios esperados com a aquisição.

Haspeslagh & Jemison investigaram que é necessário que se analise como as

capacitações a serem adquiridas podem levar à vantagem competitiva antes mesmo de

serem implementadas. Como as capacitações estratégicas são apenas potenciais, “uma

vez transferidas, elas primeiramente devem ser aplicadas para depois levarem à

vantagem competitiva” (p.117).

A atmosfera para a transferência das capacitações é importante, pois influencia o

processo de aprendizado e troca nas aquisições. Ela é gerada a partir das interações

dos envolvidos, direta ou indiretamente, no processo de integração.

c) Interações

A criação da atmosfera para a transferência das capacitações, viabilizada e fortalecida

através das interações, pode ocorrer de três formas, relacionadas a seguir.

44

i) Substantivas

Interações substantivas tem como foco a transferência das capacitações. Envolve na

prática o conjunto de ações necessárias para a criação de valor, geralmente através da

análise e acordo de quais áreas as duas empresas devem trabalhar juntas. Como

resultado, tem-se um plano de quais sinergias são possíveis e como fazê-las acontecer.

Pode, muitas vezes, acontecer através de visitas do corpo diretivo de ambas as

empresas, de forma a facilitar a detecção e o entendimento dos processos e

identificação de possíveis ganhos de escala ou escopo.

ii) Administrativas

Interações administrativas são aquelas ligadas ao desenvolvimento da informação e

sistemas de controle, de forma a integrar a empresa adquirida aos processos da nova

organização. Ela é feita através do mapeamento de todos os procedimentos

operacionais, fluxos de informação e mapa de relacionamentos utilizados para

administrar a empresa adquirida.

O que ocorre, muitas vezes, é uma distorção desse conceito, quando empresas

“automaticamente impõem seus sistemas e práticas administrativas na firma adquirida

sem considerar se esses sistemas estão adequados para esse novo cenário” (p.120).

Nesse caso, o efeito é reverso, já que limita a criação de atmosfera propícia à

transferência das capacitações.

iii) Simbólicas

Interações simbólicas são relativas à promoção ou influência de certos comportamentos

nos envolvidos na aquisição. Essa forma é muito importante, já que está relacionada à

interação entre as pessoas e começa antes mesmo do acordo firmado. As interações

simbólicas ocorrem através da demonstração e explicação às duas empresas do novo

conceito, filosofia e objetivos da nova organização. Elas ocorrem com duas finalidades:

deixar clara a nova direção da organização, incentivando a adesão dos envolvidos

através do compartilhamento dessa direção; e “delimitar o terreno ‘sagrado’ que não

deve ser violado” (p. 120), já que determinados princípios da empresa devem ser

mantidos.

45

Observa-se, assim que, as três formas de interação são importantes para criar a

atmosfera propícia à integração. Segundo sugerem as pesquisas dos autores, na

prática, apesar da atenção do corpo diretivo e analistas externos ser geralmente focada

nos aspectos substantivos da aquisição, ou seja, em como ela gerará valor, o impacto

das interações administrativas e simbólicas para o êxito da aquisição deve ser

igualmente importante.

O processo de integração foi apresentado aqui em duas partes: como a integração

contribui para a criação de valor e o que ocorre durante a integração. A partir dessa

descrição das etapas da integração e de como cada uma delas contribui para a criação

de valor na aquisição, será possível inferir alguns relacionamentos entre tipos de

integração e resultado da aquisição.

2.3.6. Problemas no processo de integração pós-aquisição Da mesma forma que os autores identificaram barreiras para a tomada de decisão,

existem diversos problemas durante uma aquisição em função de seu processo de

integração. Foram identificados três grandes processos que dificultam a criação de valor

para a transferência das capacitações e, por conseqüência, explicam grande parte do

fracasso no processo de integração. Nas empresas estudadas pelos autores cujas

aquisições foram bem sucedidas, as características também foram encontradas, mas

“os gestores foram capazes de reconhecê-las e lidar com elas” (p. 121)

a) Determinismo

O determinismo é caracterizado pela tendência natural de agarrar à justificativa original

da aquisição face a uma nova realidade encontrada no momento da mesma. Ou seja, a

visão da aquisição e de sua justificativa formal no momento da tomada de decisão

tornam-se as principais barreiras para a mudança e reação frente a uma situação

diferente da planejada.

46

A justificativa da aquisição é “geral e simplificada de forma que possa fornecer suporte

dos vários envolvidos no processo de tomada de decisão e provê explicação facilmente

compreendida a uma série de pessoas” (p. 124). Porém, é desenvolvida em meio a

expectativas de resultados, sob um contexto de falta de informações e pressões de

tempo.

A realidade encontrada após a aquisição é geralmente diferente do que a esperada,

algumas vezes em função da mudança do cenário em função de novas tecnologias ou

acontecimentos em outras empresas, outras pela disponibilidade de informações. A

dificuldade decorre não da realidade ser diferente, mas da capacidade das empresas

reagirem de acordo com o cenário encontrado e de não se aterem a justificativa inicial

da aquisição como forma de resistência à mudança. Essa situação foi observada por

Haspeslagh & Jemison através de três comportamentos, descritos a seguir.

i) Falso senso de segurança

Em função da necessidade de se apresentar a diferentes grupos uma justificativa para a

tomada de decisão da aquisição completa e que atenda a todas as vertentes

envolvidas, muitas vezes, ela é tão persuasiva que traz consigo um falso senso de

segurança de que tudo vai ocorrer conforme o planejamento. Sendo assim, essa falsa

segurança dificulta que os gestores envolvidos mudem suas premissas em função de

realidades diferentes das expectativas.

O falso senso também gera sentimentos de conforto e certeza sobre a forma fácil em

como os benefícios podem ser criados. Além disso, no planejamento da aquisição são

oferecidas muitas vezes condições mais flexíveis sobre a performance da empresa a

ser comprada. Porém, após a aquisição, esse sentimento de relativa “tranqüilidade” tem

de ser revertido e é esquecido em função das pressões sobre resultados no processo

de planejamento da nova companhia.

ii) Eventos inesperados

Mudanças de cenários, para a indústria como um todo ou mesmo de um competidor,

podem afetar o processo de integração. Haspeslagh & Jemison verificaram que alguns

gestores experientes achavam essas mudanças normais, porém em suas pesquisas

verificaram que “há suficientes evidências que as habilidades gerenciais não são

47

transferidas entre as indústrias e que um gerenciamento efetivo geralmente depende de

uma apreciação das sutilezas da indústria e do contexto da empresa” (p. 126)

Dentro da mesma pesquisa, os autores identificaram que eventos inesperados também

ocorrem através dos diferentes comportamentos e opiniões desenvolvidos por cada

uma das empresas, logo após a aquisição. Em suma, eventos inesperados ou de

impactos subestimados podem dificultar o processo de integração de duas empresas.

iii) Ciclo de confusão e frustração

O ciclo de confusão e frustração pode ocorrer por parte das duas empresas. Do lado da

adquirente, os gestores envolvidos no planejamento da aquisição sentem-se frustrados,

pois suas premissas são questionadas e seus projetos considerados incorretos. Pela

outra parte, há certa confusão e frustração pelos funcionários operacionais, que, pela

inflexibilidade da direção, não os autorizam à mudança do projeto original, forçando-os

à execução de atividades que muitas vezes não produzirão os resultados esperados.

A grande dificuldade é que o sentimento de frustração, ao invés de fomentar a mudança

do projeto original, busca nele apenas as justificativas para o desempenho diferente do

esperado. Conforme mencionam os autores: “as frustrações sobre a divergência

geralmente levam ao corpo diretivo a reafirmar sua aderência a posição irreal a que

haviam abraçado” (p.129).

b) Destruição de Valor

Qualquer processo de aquisição implica numa mudança das atividades e estruturas das

empresas envolvidas. Mudanças criam ambientes desconhecidos e, naturalmente,

geram incertezas e temores. A destruição de valor pode ocorrer pelo impacto negativo

do processo de aquisição no comportamento das pessoas, individualmente ou em

grupos, em função da busca de preservação do ambiente já conhecido. Tudo o que não

está de acordo com o conceito de valor dessas pessoas pode ser considerado

destruição de valor para eles.

O grande impacto dessa situação é a atuação dos envolvidos no processo de

integração no que diz respeito à transferência das capacitações, que pode ser

48

dificultada nesse sentido, já que a participação dos funcionários é elemento crítico para

tal objetivo. Como para eles o valor é destruído, tornam-se contra o êxito do processo

de aquisição, consciente ou inconscientemente.

A destruição de valor por parte dos funcionários pode ser econômica ou psíquica. A

destruição do valor econômico está relacionada à perda de condições que podem

ocorrer pós-aquisição, como a segurança no emprego, a padronização dos benefícios, o

risco de perda de emprego. Já o valor psíquico pode ser destruído em função dos

rumores, decisões ou ações, reais ou imaginárias, que podem afetar a vida dos

funcionários envolvidos na aquisição.

Haspeslagh & Jemison inferem por seus estudos que “a combinação de duas

organizações sempre destrói o valor psíquico” (p. 130). Isso ocorre devido ao processo

pós-aquisição, que de certa forma força as pessoas das duas empresas a

desenvolverem novas formas de executar procedimentos e ainda a serem leais a essa

nova organização.

Em suma, os indivíduos reduzem seus empenhos em fazer a aquisição acontecer. Isso

pode ocorrer em função da mudança na natureza de seus relacionamentos com a

empresa em que trabalhavam e do grau de incertezas que elas geram nos valores

econômicos e psíquicos das pessoas.

c) Vácuo na Liderança

O vácuo na liderança ocorre em função da falta de habilidade da liderança na condução

do processo de integração pós-aquisição. A pesquisa de Haspeslagh & Jemison

detectou que a menos que sejam dados suporte institucional e interpessoal em termos

de liderança, as possibilidades de criação da atmosfera para a integração tornam-se

limitadas. Após a aquisição, o processo acaba sendo delegado a gerentes

intermediários, que sequer participaram de seu planejamento, e têm como desafio fazer

com que as empresas unidas funcionem de acordo com as expectativas da aquisição.

49

Foi observado que o que ocorre na prática é o foco das lideranças na etapa de

planejamento para a tomada de decisão e que o corpo diretivo acaba dando prioridade

à performance, pura e simplesmente numérica, após a aquisição. Há três indicações

para tal: as análises feitas para justificar a aquisição contêm metas quantitativas que,

após a aquisição, passam a ser, erroneamente, a prioridade desses líderes; de forma a

acompanhar e avaliar o processo objetiva e imparcialmente, alguns gestores se afastam

do dia-a-dia do mesmo; e, finalmente, o processo de tomada de decisão foca na

performance financeira futura da aquisição, conforme já mencionado previamente.

Foram apresentados, assim, os problemas enfrentados pelas empresas em seus

processos de integração em aquisições, as forças que os geram e o impacto no

processo de integração. A partir daí, é importante contextualizá-los na realidade de

cada empresa, de forma que sejam minimizados e, assim, preparadas as condições

propícias à criação da atmosfera e transferência das capacitações entre as empresas.

2.3.7. Tipos de integração em função do tipo de aquisição Conforme já descrito anteriormente, a integração tem distintos significados para

diferentes pessoas e, por si só, diferentes interpretações em função da cada contexto.

Conforme destacam Haspeslagh & Jemison, “enquanto há ingredientes comuns no

processo, cada aquisição se apresenta aos gestores de uma maneira diferente e força

uma escolha sobre a abordagem da integração” (p. 138).

Há duas dimensões que auxiliam na escolha da abordagem da integração: sua relação

com a empresa adquirida, ou seja, a natureza da interdependência que deve ser

estabelecida entre as empresas para viabilizar a transferência esperada de capacitação

estratégica, e a forma como se espera a criação de valor, isto é como preservar intactas

essas capacitações adquiridas logo a aquisição. Elas são descritas a seguir.

2.3.8. Dimensões da aquisição na integração a) Necessidade de Interdependência Estratégica

A criação de valor após a aquisição tende a ser um dos objetivos de uma empresa ao

adquirir outra. Conforme já apresentado, para que o processo de aquisição seja bem

50

conduzido, deve ocorrer uma análise, negociação, venda interna e, finalmente, um

entendimento de que operando juntas geram um valor que não ocorreria caso não

existisse a aquisição. Por outro lado, muitas vezes os gestores desse processo não dão

a devida atenção à integração como um todo, “por causa das incertezas sobre os

fundamentos do negócio adquirido, em função das diferenças organizacionais ou

culturais, ou pelo medo de serem rejeitados” (p. 139).

A transferência das capacitações estratégicas, essencial para a geração de valor,

demanda a geração e administração das interdependências entre as empresas. Os

autores indicam, no entanto, que essa interação é dificultada pelos gerentes da

empresa adquirida, que naturalmente desejam manter suas identidades e formas de

trabalho. Sendo assim, um fator determinante no processo de integração é a natureza

da interdependência entre as empresas e como essa dependência recíproca é

gerenciada.

Segundo abordado anteriormente, a natureza da interdependência na aquisição

depende da forma como o valor será criado. Como o valor pode ser criado de acordo

com o tipo de capacitação transferida, isso pode ocorrer através de compartilhamento

de recursos operacionais; transferência de habilidades funcionais; transferência de

habilidades gerenciais. Ainda pode ocorrer através da combinação de benefícios, sem

transferência de capacitações, mas com benefícios puramente financeiros.

A transferência das capacitações através de compartilhamento de recursos implica em

um processo de dissolução total das fronteiras entre as áreas que serão compartilhadas

pelas empresas. Dessa forma, o valor é criado através da combinação das duas

entidades ao nível operacional, de forma que praticamente se sobreponham e as

duplicidades sejam eliminadas.

A criação de valor pela transferência de habilidades funcionais ocorre de maneira

diferente, já que as habilidades são inerentes a pessoas, grupos de pessoas, práticas e

procedimentos. Ela pode acontecer pela transferência das pessoas nos limites das

organizações, ou ainda, através do compartilhamento de informações, conhecimentos

técnicos e funcionais entre as empresas.

51

O valor também pode ser criado com a transferência de habilidades gerenciais através

da melhora na prática estratégica ou operacional, de coordenação ou controle das

atividades. Eles podem ocorrer de duas formas: envolvimento direto na tomada de

decisão das empresas ou através da utilização de tecnologia, conceitos e processos de

trabalho, uma da outra, de forma a melhorar a sua atividade operacional e

administrativa.

A combinação de benefícios, apesar de não ser uma forma de transferência de

capacitações, pode também contribuir. Isso ocorre através da geração de benefícios

econômicos ou de abrangência, que podem viabilizar outras atividades e acelerar o

crescimento da empresa constituída.

A pesquisa de Haspeslagh & Jemison sugere que, independente da variedade e

quantidade de sinergias possíveis, o importante é reconhecer um dos tipos de

transferência de capacitação como sendo a dominante na criação inicial de valor. É

através dela que se poderá determinar o grau de interdependência estratégica

necessária para que o processo de integração seja bem conduzido.

b) Necessidade de Autonomia Organizacional

Tão importante quanto o processo de transferência das capacitações estratégicas é a

manutenção das mesmas durante e após o processo de integração. Entretanto, um dos

paradoxos apresentados pelos autores foi que o próprio recebimento das capacitações

pode destruí-las. De acordo com seus estudos, “enquanto a transferência de

capacitações requer diferentes graus de ruptura ou dissolução das fronteiras (entre as

empresas), a preservação das capacitações requer proteção dessas fronteiras e,

conseqüentemente, autonomia organizacional” (p. 142).

O que ocorre nessas circunstâncias é que, em função das pressões por tomada de

decisão e planejamento da integração, os gestores envolvidos no processo acabam

comprometendo-se com determinadas atitudes futuras para conseguir a adesão e

aceitação da aquisição pelos gestores da empresa comprada. Muitas dessas atitudes,

52

porém, podem não ser cumpridas em função da realidade encontrada ou ainda

cumpridas e prejudicarem o processo de integração.

Haspeslagh & Jemison condenam essa prática. Eles defendem que as pessoas devam,

sim, ser respeitadas, mas que isso não é sinônimo de fazer tudo o que elas desejam

apenas para obter “aprovações” por parte da organização adquirida: “se os gestores

perdem a noção de que a tarefa estratégica de uma aquisição é a criação de valor, eles

podem conceder muito rapidamente a autonomia ou incorrer no perigo ‘sem mudanças -

porém todas as sinergias esperadas’” (p. 143).

Um dos maiores desafios de um gestor é saber lidar com a necessidade de autonomia

organizacional pós-aquisição. Os autores sugerem três questões que podem facilitar a

identificação do grau de autonomia mais adequado para cada situação (p.143):

“(i) a autonomia organizacional é essencial para preservar a capacitação

estratégica que compramos?

(ii) caso positivo, que grau de autonomia deve ser permitido?

(iii) em quais áreas especificamente a autonomia é importante?”

A sugestão é que a autonomia deva ser dada à unidade adquirida se a sobrevivência

das capacitações estratégicas nas quais a aquisição está baseada dependa da

preservação da cultura organizacional de onde veio. Traduzindo, o importante não é o

grau de diferença entre as culturas da empresa adquirente e da adquirida, e sim “se a

manutenção dessas diferenças a longo prazo irá servir como um objetivo útil” (p. 144).

Há situações em que uma grande autonomia para a empresa é importante, quando a

empresa adquirente não tem experiência em certo negócio e as habilidades

encontradas na empresa adquirida são inseparáveis da cultura em que se encontram.

Há outros casos em que, pelo contrário, as diferenças organizacionais não estão como

no contexto de benefícios esperados. Existem ainda as situações mistas, onde a

proteção é importante somente nas áreas ou unidades de negócio em que as

capacitações são importantes.

Os gerentes envolvidos nas aquisições dificilmente possuem informações para julgar a

cultura da empresa a ser comprada e o grau de similaridade entre as organizações

53

previamente à compra. Sendo assim, a abordagem sugerida é a de “dar um foco inicial

nas capacitações estratégicas que devem ser mantidas” (p. 145). Esse foco facilita aos

gerentes a distinção entre as necessidades estratégicas e as desejadas com a

aquisição e, além disso, auxilia também a análise de custo-benefício de se dar ou não a

autonomia à empresa comprada.

2.3.9. Tipos de abordagem da integração Analisando as dimensões apresentadas, os autores sugerem três abordagens a elas

relacionadas dentro do processo de integração. Ou seja, os tipos de abordagem da

integração dependem do nível de autonomia organizacional demandada e da

necessidade de dependência recíproca estratégica, conforme pode ser observado

abaixo.

Preservação Simbiose

[ ] Absorção

Necessidade de Autonomia Organizacional

Necessidade de Interdependência Estratégica

Alta

Baixa

AltaBaixa

Preservação Simbiose

[ ] Absorção

Necessidade de Autonomia Organizacional

Necessidade de Interdependência Estratégica

Alta

Baixa

AltaBaixa

Figura 9: Tipos de abordagem da integração nas aquisições. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

A análise dos níveis de autonomia organizacional e interdependência estratégica é

bastante útil, visto que auxilia uma companhia a determinar as formas mais adequadas

para a transferência e manutenção das capacitações entre as empresas. Ou seja, são

decisões sobre a abordagem da integração que melhor se adequarão dentro do cenário

encontrado.

54

Apenas um dos quadrantes não foi estudado por Haspelasgh e Jemison – destacado

pelo símbolo ‘[ ]’. Ele se refere a aquisições onde a empresa não possui interesse de

integrar e criar valor com algo, exceto ganhos financeiros e compartilhamento de riscos.

Por isso, foram denominadas atividades de “manutenção”.

Uma introdução a cada abordagens será aqui desenvolvida. No próximo capítulo será

descrito o passo-a-passo sugerido por Haspeslagh & Jemison para uma integração

focada na geração de valor em função de cada uma das abordagens.

a) Absorção

Aquisições com integração do tipo absorção são aquelas que possuem alta

necessidade de interdependência estratégica, porém baixo grau de autonomia

organizacional para atingi-la. Nesse caso, a integração implica numa consolidação total

das operações, cultura e organização das duas empresas.

O objetivo dessa forma de aquisição é dissolver quaisquer fronteiras, virtuais ou não,

entre as empresas. A chave para o êxito dessa integração passa “a ser muito mais uma

questão de tempo do que o quanto de integração deve ocorrer” (p. 147). Devido a esse

fato, a empresa adquirente deve ter em mente suas convicções e habilidades para

conseguir absorver o valor esperado das capacitações e, simultaneamente, ter cuidado

com aspectos culturais que possam limitar e dificultar a não autonomia organizacional.

b) Preservação

Na preservação há uma alta necessidade de autonomia organizacional, porém baixa

interdependência estratégica entre as empresas adquirente e adquirida. O mais

importante nesse processo é a manutenção da fonte dos benefícios adquiridos intacta.

Em aquisições do tipo preservação é importante identificar como o valor pode ser criado

dado o preço pago pela transação. Nesse tipo de aquisição, a tendência natural é

entender os benefícios como recursos, geralmente financeiros, angariados à empresa

compradora pela comprada. Os autores destacam, porém, que, “nos casos bem

55

sucedidos de (aquisições do tipo) preservação, o dinheiro não foi o principal fator” (p.

148). Segundo eles, o valor nessas aquisições pode ser traduzido como “educação”, ou

seja, “criado através de uma série de interações que trouxeram mudanças positivas na

ambição, tomada de risco e profissionalização do corpo gerencial da empresa

adquirida” (p. 148-149).

c) Simbiose

O processo de simbiose é dos mais complexos em termos de desafios gerenciais.

Conforme pode ser visualizado na figura anterior, ele demanda tanto alto grau de

interdependência estratégica como de autonomia organizacional, ou seja, a

transferência das capacitações deve ocorrer, porém devem ser preservadas em

contexto diferente do atual da empresa adquirente.

Nesta situação, ambas as empresas continuam a existir e paulatinamente tornam-se

reciprocamente dependentes. Esse processo leva tempo e cuidados, em função da

dificuldade de se manter a cultura e a organização das empresas enquanto as

capacitações são transferidas. Para a integração do tipo simbiose ser bem sucedida, as

empresas devem buscar extrair as qualidades originais da outra.

2.3.10. Outras dimensões e seus impactos Apesar das dimensões que mais interferem nos diferentes abordagens de integração

serem a necessidade de interdependência estratégica e a necessidade de autonomia

organizacional, os autores investigaram outras duas dimensões. Elas serão

consideradas a seguir.

a) Qualidade da empresa adquirida

Os estudos de Haspeslagh & Jemison evidenciaram que a condição da empresa a ser

adquirida tende a ser um fator crítico de sucesso nas aquisições. Eles sugerem que a

qualidade da empresa adquirida tem uma grande relação com o êxito do processo de

aquisição, especialmente em se tratando de seu corpo gerencial. Para eles, qualidade é

56

“a habilidade da gerência da empresa adquirida fazer acontecer o propósito estratégico

da aquisição” (p. 150).

b) Tamanho da aquisição

Uma outra dimensão a ser considerada é o tamanho absoluto ou relativo das empresas

envolvidas nas aquisições. Segundo os autores, a dimensão não está apenas

relacionada com aspectos organizacionais, de tamanho absoluto da empresa. Ela

também se refere a dimensões relativas no mercado.

Estudos anteriores indicaram maior quantidade de êxitos nas aquisições entre

empresas de menor porte. Os autores, porém, indicaram em suas pesquisas que as

diferenças entre as empresas têm muito mais relação com o estágio de

desenvolvimento organizacional e de mercado em que a empresa adquirida se encontra

do que simplesmente com o tamanho das organizações envolvidas.

2.3.11. Relações entre o objetivo da aquisição e a abordagem sugerida Haspeslagh & Jemison observaram algumas relações entre o objetivo da aquisição –

fortalecimento de domínio, extensão de domínio ou exploração de domínio –

apresentado previamente e a abordagem utilizada na integração – absorção,

preservação ou simbiose. Essas relação estão indicadas a seguir.

a) Aquisições de fortalecimento de domínio tendem a utilizar abordagem de absorção.

Isso ocorre porque os benefícios esperados com a aquisição geralmente vêm de

economias de escala da combinação de operações;

b) Aquisições de extensão de domínio podem comportar abordagens de absorção ou

ainda de simbiose. Os casos de absorção ocorrem normalmente quando uma empresa

adquire uma extensão a sua linha de produtos ou serviços e utiliza seu sistema de

distribuição. Já os casos de simbiose ocorrem quando se deseja unir capacitações

tecnológicas ou de processo combinando os recursos atuais das duas empresas;

57

c) Aquisições de exploração de domínio normalmente demandam abordagens de

preservação, visto que a performance esperada geralmente depende de uma maneira

nova de se desenvolver os processos da empresa comprada, que são distintos dos

processos da empresa adquirente.

2.3.12. Desafios da integração Durante o processo de integração, muitas dificuldades podem surgir para os gestores

da aquisição. Dentre esses diversos desafios, existem determinadas preocupações

indicadas por Haspeslagh & Jemison como sendo as prioritárias.

a) Gerenciamento das expectativas

É uma das mais difíceis tarefas em um processo de aquisição, já que, como já

mencionado, a realidade pós-aquisição é geralmente diferente da planejada. Segundo

evidenciado pelas pesquisas de Haspeslagh & Jemison, a chave do gerenciamento das

expectativas de todos os envolvidos é o desenvolvimento do equilíbrio entre o

determinismo, já apresentado como um dos problemas de integração, e a adaptação à

situação corrente, face o horizonte de tempo do processo de tomada de decisão.

b) Liderança institucional

Um dos maiores desafios na integração é garantir ao mesmo tempo a existência e a

qualidade das lideranças nas organizações. A chave para essa liderança é “reformular e

comunicar de maneira confiável o novo propósito das firmas unidas e suas implicações

para todas as partes afetadas” (p. 156). Essa liderança é a única força ativa para reduzir

e até eliminar as incertezas, dificuldades e temores das pessoas envolvidas em um

processo de aquisição.

c) Gerenciamento das interfaces

Conforme já proposto pelos autores, para a criação de valor nas aquisições é pré-

requisito a criação de uma atmosfera propícia para a transferência das capacitações.

Além disso, eles sugerem a atuação dos gestores da aquisição no sentido de filtrar

58

interferências improdutivas, ou seja, fora do foco do objetivo em questão. A questão do

gerenciamento das interfaces “torna-se a chave para a descoberta do valor da

aquisição” (p. 156).

2.3.13. Relação de desafios de integração em função do tipo de aquisição Apesar dos desafios apresentados anteriormente ocorrerem em quaisquer aquisições, a

forma como devem ser entendidos e tratados pode diferir de acordo com o tipo de

abordagem encontrada para a integração. Haspeslagh & Jemison indicam nove formas,

destacadas na figura a seguir.

Ratificação do Objetivo

Gerenciamento das Expectativas Predeterminada Adaptação Aprendizado

Absorção Simbiose Preservação

Gerenciamento das Interfaces Gerenciamento da Transição

Regulação da "Membrana"

Proteção da "Fronteira"

Liderança Institucional Transferência da Incorporação

Redefinição do Objetivo

Figura 10: Abordagem da integração nas aquisições e itens do processo de integração. Fonte: Haspeslagh & Jemison, 1991.

a) Gerenciamento das expectativas

Nas aquisições de absorção o risco do determinismo é menos importante. Isso devido

ao fato que a habilidade da empresa desenvolver uma visão pré-aquisição em um

negócio relativamente conhecido, aliada a não necessidade de manter a cultura original

da empresa adquirida, possibilita uma abordagem predeterminada para a

implementação. A ação sugerida é fazer essa transição o mais rápido possível. Isso

porque os benefícios de aguardar por informações adicionais são mínimos e os custos

dessa espera são altos, uma vez que o adiamento das racionalizações previstas pode

prolongar as incertezas. Os problemas muitas vezes ocorrem em função da falta de

clareza ou hesitação nas decisões de como será feita a combinação das empresas. Daí

surge o paradoxo de que a integração prossegue o mínimo nas áreas onde a lógica

estratégica sugere que seja prioritário. Quando a velocidade e o nível de absorção não

59

estão bem determinados, eles acabam sendo ditados pelo nível de aceitação, que é, de

maneira geral, inversamente relacionado à necessidade de interdependência.

Aquisições com abordagem de simbiose, em função do processo de adaptação das

duas empresas envolvidas, implicam em atenção especial tanto a interdependência

quando a autonomia. Nessa situação é mais difícil prever quais são as habilidades

úteis, como serão transferidas as capacitações e quais benefícios serão diretamente

adquiridos com cada empresa. Apesar da visão original das capacitações estratégicas

que serão transferidas permanecer, os benefícios decorrentes dessas capacitações são

geralmente distintos dos originalmente projetados. Por outro lado, cria-se com isso um

paradoxo: quanto mais os gerentes da empresa adquirida têm os benefícios esperados

claros e tomam atitudes para fazê-lo acontecer, mais as fronteiras da empresa adquirida

aumentam – já que eles não precisariam continuar a comunicação com a adquirente já

tendo noção de seus objetivos – e as chances de descobrimento de benefícios ao longo

do tempo diminuem.

As aquisições de preservação tendem a ter entre o pré-processo e a implementação em

si uma natureza evolutiva, de aprendizado. As capacitações estratégicas são

transferidas através do desenvolvimento de um contexto de busca pela potencial

profissionalização vinda da empresa adquirida. Com isso, amplia-se o conhecimento

sobre a indústria em que se está e aprende-se sobre o papel da empresa e de seu

corpo diretivo nesse mercado. O paradoxo aqui ocorre no caso de aquisição em

diferentes áreas. Nessa situação, a importância de se dar autonomia a empresa

adquirida limita a empresa adquirente a aprender sobre a natureza do novo negócio,

indústria e até tecnologias em uso.

b) Liderança institucional

A preocupação com a liderança institucional nas aquisições de absorção está

relacionada com a forma como será conduzida essa transferência. Nessa situação, é

necessário que a liderança da empresa adquirente crie condições pelas quais os

membros da empresa adquirida poderão transferir suas filiações para a empresa

compradora. Haspeslagh & Jemison indicam que esse processo não pode ser feito de

60

maneira abrupta, apenas trocando os valores de uma empresa por outra, mas sim de

continuamente fazendo essa transição.

Nas aquisições de simbiose o papel da liderança é indispensável, independente do

tamanho das empresas. O papel do líder aqui é o viabilizar a redefinição dos objetivos

de ambas as empresas e estimular a transferência das capacitações de ambos os

lados.

Nas aquisições de preservação, o papel da liderança parece ter menor impacto no

processo de integração. Entretanto, um dos erros mais comuns nesse processo,

segundo os autores indicam, é a falha na confirmação clara dos objetivos da empresa

adquirente. Conseqüentemente, o presente, momento onde as mudanças e ajustes vão

acontecer, é mitigado e subestimado.

c) Gerenciamento das interfaces

Aquisições de absorção demandam o gerenciamento da transição através da criação de

uma empresa onde as unidades operacionais e funcionais de ambas as companhias

combinam-se em unidades únicas.

As aquisições de simbiose, um pouco mais complexas, demandam que a troca e fluxo

entre as organizações sejam regulados de forma a manter o objetivo da aquisição. Os

autores sugerem a regulação como uma “membrana semipermeável” onde “a

passagem de alguns recursos, capacitações e idéias é fomentada enquanto outras já

estão inseridas“ (p. 164).

Para as aquisições de preservação os autores recomendam a criação de uma estrutura

que garanta a proteção da identidade e característica da empresa adquirida através do

respeito pelos seus limites. Assim, o gerenciamento das interfaces tem de ser

executado no sentido de proteger as fronteiras entre a empresa adquirente e a

adquirida.

61

2.3.14. Relação entre gerenciamento da integração e performance da aquisição Embora a adequação estratégica de uma aquisição ser a base para a criação de valor,

o gerenciamento dessa aquisição tem papel fundamental nesse propósito. Haspeslagh

& Jemison (p. 164) sugerem que a performance de uma aquisição está diretamente

relacionada a três fatores. Eles são destacados a seguir:

“i) Ter uma visão inicial sobre a abordagem de integração relacionada ao

ambiente dessa integração;

ii) Estar apto a ajustar a visão inicial da integração com a abordagem de

integração a ser seguida (isto é, a ausência de determinismo);

iii) A habilidade da organização fazer o resultado acontecer de acordo com a

abordagem desejada”.

Os autores sugerem três questões a serem respondidas para confrontar de acordo com

cada situação de integração:

“i) Qual foi a abordagem de integração planejada, isto é, quais visões foram

compartilhadas no momento da aquisição em termos de como a empresa

adquirida deveria ser integrada?

ii) Qual foi de fato a abordagem da integração empregada pela qual a empresa

adquirente gerenciou o processo de integração?

iii) Qual era o ambiente de integração – as demandas reais da situação

percebidas pelo time destinado a atuar no processo de aquisição?“ (p. 165)

De acordo com suas pesquisas, os autores observaram que em empresas com alta

performance em aquisições havia um grande grau de consistência entre o

gerenciamento do ambiente de integração, a abordagem da integração planejada

previamente à aquisição e a real abordagem de integração no momento do processo.

Por outro lado, em aquisições de baixa performance, foram identificadas inconsistências

em uma ou duas dessas questões.

62

2.3.15. Gestão do processo de aquisição Existem duas fases na integração após o acordo de aquisição firmado entre empresas.

A primeira, denominada por Haspeslagh & Jemison como “fase de montagem do

cenário”, é uma fase destinada a suportar a dinâmica da integração e facilitar a futura

transferência das capacitações. Esse tempo pode variar, por exemplo, em função da

abordagem da aquisição ou da realidade da saúde financeira da empresa adquirida.

Na prática, contudo, o que se observa é a dificuldade em fazer esse princípio ocorrer.

Os envolvidos nos processos de aquisição tendem a menosprezá-lo, visto que sentem

uma pressão para a entrega dos benefícios tangíveis esperados.

a) Os desafios da etapa inicial da integração

Haspeslagh & Jemison identificaram algumas tarefas no processo inicial de integração –

montagem de cenário. Conforme observado em suas pesquisas, as empresas

adquirentes com processos de êxito estudadas por eles assemelhavam-se em sete

tarefas-chave por elas desenvolvidas. Essas tarefas representam atividades

simultâneas em várias frentes, e assim, devem ser aplicadas simultaneamente.

i) Estabelecer o gerenciamento das interfaces

Em qualquer processo de integração pós-aquisição, a primeira etapa é “garantir a

habilidade de direcionar e controlar as interações entre as organizações” (p. 173). Para

tal, o corpo diretivo deve decidir a forma de gerenciar a fronteira entre as empresas e de

alocar responsáveis para essa administração.

Em aquisições de absorção, o processo de transição deve ter a velocidade, natureza e

tempo controlados amplamente pelos gestores envolvidos na aquisição. Haspeslagh &

Jemison indicam que deva ser visto como parte da fase da montagem do cenário (fase

inicial).

Nas aquisições de simbiose o desafio é maior, já que demanda ao mesmo tempo a

preservação das capacitações e, ao mesmo tempo, a transferência das mesmas.

Sugere-se aqui que se desenvolva uma fronteira que “possa lentamente se transformar

de uma fronteira semelhante à utilizada para aquisições de preservação, na fase da

63

montagem do cenário, para depois um gerenciamento avançado das organizações

integradas como duas unidades combinadas” (p. 174).

Finalmente, nas aquisições de preservação, a fase inicial deve possibilitar a criação de

uma fronteira clara de forma a garantir que a empresa comprada está sendo gerenciada

de acordo com as suas necessidades próprias. Esse processo deve ser estendido

indefinidamente, não apenas nessa fase.

ii) Colocar as operações em um nível regular e equilibrado

O período imediatamente após a aquisição é o de maior vulnerabilidade em termos

internos e externos à organização resultante. Haspeslagh & Jemison recomendam que

deva ser dada prioridade à organização funcional e operacional das empresas, isto é, a

fazer com que a empresa resultante continue operando em seus níveis normais. Isso

pode ser feito através da conscientização dos gerentes e funcionários operacionais no

sentido de manter a atenção aos detalhes do dia-a-dia.

Os autores tratam como primeira providência o foco da atenção nos competidores. Eles

sugerem que isso seja feito através do desenvolvimento de metas de performance.

Atenção deve dada na mesma intensidade aos parceiros da empresa.

Como segunda ação para arrefecer conflitos ou desconfortos é confirmar e comunicar o

que não sofrerá mudanças, ou seja, é importante diferenciar as áreas que não sofrerão

alterações das que terão ajustes. Isso é importante na medida em que “o custo de se

fazer alterações, a não ser em casos já planejados previamente, aumenta ao longo do

tempo” (p.180).

iii) Incutir um novo senso de objetivo

Enquanto o desenvolvimento e clareza dos objetivos de curto prazo é ingrediente

essencial para um processo de aquisição organizado, não é suficiente se não estiver

aliado à criação de uma força maior. Essa força sugere “uma nova visão para ambas as

companhias à luz da aquisição que se traduz em uma clara missão” (p. 180). Os

autores destacam que uma missão só tem credibilidade se consegue motivar a

organização e reincorporar-se à participação dos gerentes e demais funcionários.

64

De fato, há casos em que não se têm todas as respostas quanto ao direcionamento da

companhia ou tipos de mudanças que serão demandadas. Porém, a maioria dos

problemas surge quando os gerentes não fornecem orientação, ou pior, quando fazem

afirmações infundadas visando tranqüilizar e assegurar as pessoas da empresa

comprada. É importante, então, que seja feito um esforço de entender, ouvir, e,

igualmente, de um comprometimento de se buscar definir um objetivo geral, relacionado

ao futuro da organização.

iv) Desenvolver um modelo e estabelecer controle

Cabe ao time de implementação da integração estabelecer base de informações para

verificar, complementar, modificar, e detalhar a visão desenvolvida na pré-aquisição.

Essa ação difere de qualquer forma de imposição de sistemas de controle, mas a

“cultivo de atitude sistemática de ouvir e extrair fatos e opiniões de uma gama de

empregados e também de distribuidores, clientes e outros atuantes nessa cadeia de

relacionamentos” (p. 181). Os gerentes devem buscar identificar os problemas

potenciais ao invés de ignorá-los.

Às vezes, a empresa adquirida também pode se beneficiar com a utilização dos

sistemas corporativos de gestão da adquirente. Nas situações estudadas por

Haspeslagh & Jemison, as estruturas organizacionais de controle bem sucedidas

normalmente eram utilizadas para facilitar a geração de informações das empresas

compradas e para absorver as demandas corporativas por informação nos mesmos

níveis.

v) Fortalecer a organização adquirida

O fortalecimento da empresa adquirida é fundamental, após o levantamento de todas as

fraquezas nela existentes. Os autores sugerem que a primeira forma de remediar as

fraquezas da firma é capacitá-la com pessoas qualificadas. Eles recomendam que

essas fraquezas devem ser trabalhadas ainda na fase inicial de montagem do cenário,

antes do início da integração operacional entre as duas empresas.

vi) Desenvolver entendimento mútuo

Os gerentes envolvidos na aquisição, normalmente, subestimam como as diferenças de

percepção em assuntos importantes podem se refletir na falta de entendimento do

65

contexto de ambas as organizações consideradas. Além disso, “eles também tendem a

subestimar como a implementação pode ser confusa em função dessas diferenças” (p.

183).

Sendo assim, sugere-se que se dedique tempo à educação dos gerentes de cada uma

das empresas no entendimento do contexto organizacional e cultural de cada uma das

empresas. Os autores indicam que uma forma sutil, porém importante, de entendimento

recíproco tende a influenciar o nível de conforto e a efetividade nas ações do gerente

para com a outra organização.

A visão clássica dessa interação implica na união dos gerentes de cada organização, de

forma que um conheça o outro melhor. Os autores recomendam, porém, uma ação mais

abrangente, focada em dois esforços adicionais: o primeiro está relacionado a um

programa de forma a ampliar a conscientização sobre a importância das diferenças num

contexto amplo e construir o conhecimento sobre quais são essas distinções; o segundo

refere-se a fazer as pessoas interagirem e auxiliarem, com todos os desafios e

problemas, na perspectiva de onde a transferência futura das capacitações pode vir.

vii) Construir credibilidade para cima e para baixo na organização

A construção de credibilidade é um grande desafio. A pesquisa de Haspeslagh &

Jemison apresenta alguns fatores associados com a construção de credibilidade. Os

envolvidos na aquisição constroem credibilidade através de “comunicação percebida

como sincera, demonstração de competência pessoal e justiça, e a habilidade de

entrega de ações prometidas” (p.185). Já com a empresa adquirida, os coordenadores

do processo geram credibilidade através de seus resultados passados e através da

percepção da construção de uma atmosfera saudável pós-aquisição.

Foram apresentadas sete ações sugeridas a serem implementadas na fase inicial de

uma integração pós-aquisição. Cada um desses desafios é importante e interativo.

Entretanto, segundo os autores, a ação prioritária deve ser o estabelecimento do

gerenciamento das interfaces, já que ele é base para todas as outras ações, que devem

ser aplicadas simultaneamente.

66

b) A etapa inicial versus as abordagens de integração

A etapa inicial de montagem do cenário imediatamente após a aquisição difere de

acordo com as abordagens da integração. As aquisições de simbiose têm um desafio

muito maior nessa fase do que as de preservação, que, por sua vez, são mais difíceis

de preparar que as de absorção. Essa situação ocorre pelo fato de que embora a

preservação da autonomia organizacional seja crucial, há a necessidade, ao mesmo

tempo, de se criar um ambiente onde haja a transferência das capacitações

estratégicas, dificultando a administração das fronteiras entre as empresas.

2.3.16. A criação de valor nas aquisições de absorção As aquisições de valor, conforme já observado, são adequadas quando a necessidade

de dependência recíproca é alta, mas o grau de autonomia organizacional exigido é

baixo. Em pesquisa de aquisições de absorção de sucesso, Haspeslagh & Jemison

detectaram quatro tarefas básicas comuns às mesmas, que tornam possível a criação

de valor nessas aquisições. Elas são apresentadas a seguir.

a) Programar-se para a consolidação

A primeira tarefa em uma absorção é trabalhar no plano de integração. Os autores

recomendam cinco atividades para que esse plano ocorra, de forma a levar a criação de

valor nesse tipo de aquisição.

i) Escolha de um líder para gerenciar o processo de integração

Para o gerenciamento do processo de integração, a primeira tarefa é selecionar o

executivo principal que o conduzirá. Para tal, é necessário primeiramente a escolha de

um líder, ou seja, um gerente para estar claramente desempenhando essa liderança.

ii) Seleção de um time para colocá-la em prática

Após a seleção do gestor principal, é necessária a escolha do time que conduzirá o

processo. Sugere-se que sejam selecionados gerentes de ambas as empresas e que

eles sejam envolvidos no esclarecimento e escolha de quais indivíduos a serem

selecionados.

67

As aquisições de absorção sempre envolvem difícil seleção de indivíduos, pois “para

vários cargos devem existir dois indivíduos possíveis, enquanto as funções são

candidatas a redução devido à mudança de prática” (p.198-199). Segundo as pesquisas

indicam, essas decisões é que moldam a direção do futuro da organização. Sendo

assim, devem ser tomadas com base em um sistema de seleção baseado na

competência.

iii) Criação de uma estrutura de transição, com forças-tarefa nas áreas-chave do

processo de integração

A criação e definição das tarefas de uma estrutura temporária, bem como o suporte a

esse funcionamento é a terceira etapa. Essa estrutura normalmente é composta por

uma série de forças-tarefa que se reportam a um comitê de direção. O comitê tem a

tarefa de supervisionar o esforço no plano de integração pelas forças-tarefa e também

de coordenar as decisões de curto prazo que podem afetar o futuro da organização

resultante.

O papel das forças-tarefa é o de “identificar e avaliar potenciais sinergias e recomendar

formas de alcançá-las” (p. 200). Para definir quais serão as áreas ou funções que

demandarão forças-tarefa, os autores indicam duas questões: “O quão crítica é a

integração dessa função para o sucesso da aquisição? (...) e o quão compatível ou

difícil é combinar as operações das duas firmas nessa função?” (p. 200)

Normalmente, há uma ou duas funções críticas nas empresas e elas são tratadas de

formas diferentes. Independente da forma, o risco pode ser muito grande se as funções

críticas forem tratadas apenas de forma política ou, ao contrário, deixadas aos gerentes

operacionais de cada unidade, que continuarão a empregar abordagens diferentes.

Após a identificação das áreas críticas, as forças-tarefas devem se focalizar nas

funções que são compatíveis, isto é, que podem refletir os benefícios da aquisição.

Deve-se tomar cuidado, no entanto, para não criar forças-tarefa em atividades menos

importantes para o êxito da aquisição. Um último aspecto a ser mencionado é “o

impacto das forças-tarefa nas políticas futuras da organização, e no papel e trabalho

das pessoas envolvidas” (p. 201-202).

68

iv) Gerenciamento de um cronograma de integração

Para o gerenciamento eficaz de uma aquisição de absorção são necessários o

envolvimento profundo dos gerentes e uma pressão para o andamento do processo.

Isso pode ser feito através da criação, comunicação e utilização de uma agenda de

integração, contendo um cronograma de como serão conduzidas as suas etapas,

contendo projetos em andamento factíveis e ajudando a manter a pressão no progresso

das atividades.

v) Comunicação durante todo o processo

A comunicação é ingrediente fundamental em qualquer processo de aquisição. Em uma

absorção, o gerente geral tem como papel promover essa comunicação de forma

honesta, clara e contínua a todos os envolvidos, internos ou externos à organização.

Também deve ser dada atenção à comunicação das realizações atingidas em cada

estágio e da necessidade do comprometimento de todos.

b) Gerenciar a combinação

O gerenciamento do processo de racionalização é também grande desafio em

aquisições de absorção. Para tal tarefa, durante a fase de planejamento, os custos e

benefícios de racionalizar uma função devem ser quantificados com muito cuidado. Os

benefícios esperados devem ser mensurados e são facilmente identificados, já que

envolvem premissas de vendas e economias. “A maioria dos custos, entretanto, pode

compreender custos menos tangíveis de compromisso já que a racionalização dos

ativos ou a integração das funções reduz o estímulo empreendedor, a atenção

gerencial, ou o entusiasmo dos funcionários“ (p. 203).

Dentre as empresas estudadas, os atores indicam que as que tiveram maior êxito nas

aquisições de simbiose foram aquelas que demonstraram bastante determinação e

velocidade rápida na execução. Para tal, eles sugerem uma abordagem que se

concentre nas atividades que criem melhorias reais nos resultados.

c) Mover-se para a melhor prática

69

Em adição à forma imediata de benefícios através do compartilhamento de recursos, as

aquisições de absorção podem ser, também, grande potencial para a transferência de

capacitações funcionais. Isso pode ser feito pela busca sistemática das melhores

práticas em cada segmento e adoção das mesmas na empresa constituída.

d) Aproveitar a complementaridade original

Todas as tarefas anteriores estão voltadas ao gerenciamento e ganho com a

transferência das capacitações, desconsiderando, porém, as diferenças culturais ou

organizacionais. Isso levaria a crer que as organizações deveriam ser tratadas como se

fossem uniformes.

A criação de uma aquisição de absorção com os melhores resultados requer “não

apenas a habilidade de trazer uniformidade, mas também a habilidade simultânea de

transformar a complementaridade em uma vantagem permanente” (p. 205). Se não for

bem conduzida, pode ter o efeito contrário e resultar na destruição das capacitações.

Assim, o aproveitamento da complementaridade entre as empresas dá a oportunidade

de se fazer a transição necessária do gerenciamento das empresas adquiridas para a

gestão de uma cadeia integrada de operações complementares.

Nesta revisão de literatura buscou-se revisitar os conceitos de valor à luz de diversas

abordagens. Em seguida, apresentou o processo de geração de valor nas aquisições de

acordo com Haspeslagh & Jemison, com vistas a descrever questões e procedimentos

que deveriam ser considerados nos processos de aquisição.

Conforme mencionado, muitos estudos são desenvolvidos no tema “geração de valor

nas aquisições”. São, contudo, voltados aos aspectos imediatos, financeiros, facilmente

mensuráveis, voltados a decisões de como selecionar o melhor parceiro ou a como lidar

com aspectos comportamentais nas aquisições. Haspeslagh & Jemison propõem uma

metodologia abrangente, que considera a consistência com a estratégia, a qualidade na

tomada de decisão, a capacidade de integração e a capacidade de aprendizado das

organizações. Em função disso, a obra desses autores será utilizada como referência

para a descrição e comparação com a realidade encontrada com a pesquisa de campo.

70

3 - MÉTODO DE PESQUISA

A partir da revisão de literatura, pôde-se evidenciar o processo, condições e etapas de

uma aquisição com êxito. Visando a verificação de tais considerações, apresentar-se-á,

através do método de pesquisa, a forma como serão identificadas e trabalhadas as

evidências de aderência ou não dos procedimentos examinados à literatura revisitada.

A verificação para a confirmação ou não das aderências com as noções constantes da

literatura revista foi trabalhada através de um estudo de caso, detalhado mais adiante.

O objetivo desta dissertação é proposto através da seguinte questão: Quais são as evidências de que a aquisição analisada na dissertação procedeu conforme recomendam Haspeslagh & Jemison, onde, além da ênfase nos aspectos financeiros e de negociação de uma aquisição é também levada em conta a avaliação da contribuição da firma adquirida para a renovação estratégica da adquirente, aprendendo esta última com a primeira? Essa questão buscou ser

respondida através da análise da operação de aquisição realizada pela empresa da

pesquisa de campo, especialmente em seus processos de tomada de decisão e

integração pós-aquisição, com o suporte do método apresentado adiante.

3.1. TIPO DE PESQUISA Para caracterização detalhada do método utilizado, faz-se útil um detalhamento do tipo

de informação levantada nesta dissertação. Quanto aos fins, a dissertação poderá ser

caracterizada como do tipo descritiva, com o objetivo de apresentar um fenômeno de

aquisição, descrevê-lo, e verificar consistências com a literatura revista. Quanto aos

meios, como já mencionado, optou-se pelo desenvolvimento de um estudo de caso. O

estudo de caso concentrou-se, assim, em informações pertinentes à realidade das

empresas naquele momento.

Com relação ao tipo de informação utilizada para estudo da Ipiranga e Atlantic,

seguindo a nomenclatura de Sylvia Vergara (VERGARA, 1997), utilizou-se

primeiramente o meio de pesquisa telematizada. Alguns dados foram extraídos da

Internet – bancos de dados, site e publicações diversas das empresas – e também de

bases de dados da Biblioteca do Coppead - ABI, Anuários Estatísticos, etc.

71

Para informações documentadas em papel e CD-Rom, utilizou-se a investigação

documental, fartamente oferecida e disponibilizada nas bibliotecas do Coppead e da

FGV-RJ. Por meio das mesmas fontes, utilizou-se também a pesquisa bibliográfica,

incluindo as dissertações defendidas em temas relacionados a aquisições e valor até o

presente momento, bem como livros didáticos.

Para um levantamento mais abrangente das informações existentes e contextualização

das empresas em questão, utilizou-se o método da entrevista. Através das mesmas,

pôde-se avaliar diversas áreas e atividades da empresa, bem como o comportamento

sobre o processo de avaliação e aquisição. Participaram desse processo pessoas de

diferentes áreas de atuação e histórico em ambas as empresas.

3.2. SELEÇÃO DA EMPRESA PARA O ESTUDO DE CASO A seleção da empresa para o estudo de caso foi etapa fundamental para a aplicação da

teoria à realidade existente. Dessa maneira, alguns pré-requisitos foram levantados

para selecionar uma empresa que mais se adequasse ao propósito da pesquisa.

Achou-se conveniente selecionar uma empresa que tivesse realizado uma aquisição

nos últimos anos, de forma que se tivesse acesso aos participantes do processo. Pelos

mesmos motivos, outra prioridade foi buscar uma empresa que ainda existisse no

mercado.

Um outro fator decisório na seleção da empresa foi a facilidade de acesso que se teria

às suas informações, quer seja por meio de entrevistas ou material fornecido pela

empresa. Da mesma forma, buscou-se uma empresa cuja avaliação tivesse um caráter

profissional e que fosse de credibilidade no mercado em que atuava.

Uma última, mas não menos relevante questão, foi colocar também como critério de

seleção o porte da empresa e a indústria, priorizando empresas médias e grandes e

mercados de importância para o contexto do país.

Dessa maneira, selecionou-se a Empresas Petróleo Ipiranga. Além dos critérios

destacados como essenciais na seleção da empresa ao estudo de caso, cabe aqui

72

levantar alguns fatos que auxiliaram nessa seleção, que serão detalhados mais adiante

no capítulo do estudo de caso.

A Empresas Petróleo Ipiranga é atualmente a maior empresa privada nacional na

indústria de petróleo brasileiro, em termos de faturamento e resultado operacional, com

base em dados de 2001. A Ipiranga executou duas aquisições de empresas

estrangeiras, a Gulf na década de 60 e a Atlantic na década de 90. Ademais, sua

estrutura societária é composta majoritariamente por cinco famílias, podendo, apesar de

seu porte, ser considerada como empresa familiar. Outro aspecto interessante foi que a

organização desenvolveu a avaliação da Atlantic previamente à negociação da

aquisição apenas com recursos internos, ou seja, com um time de funcionários

selecionados pela presidência. Além disso, o referido time que avaliou a empresa e

preparou a aquisição continua trabalhando na Ipiranga até o presente momento,

proporcionando ainda maior interesse pela pesquisa. Essas foram as principais

motivações para desenvolvimento da aplicação do estudo de caso na Empresas

Petróleo Ipiranga.

3.3. COLETA DOS DADOS Os dados utilizados neste estudo de caso foram gerados por meio de diversas fontes:

3.3.1. Levantamento das informações preliminares De forma a entender a situação financeira e organizacional da Ipiranga, considerou-se

necessária uma análise prévia de informações qualitativas e quantitativas do Grupo.

Dessa maneira, extraíram-se dados secundários da Empresas Petróleo Ipiranga através

de material fornecido pela própria empresa. A Ipiranga disponibilizou um livro

comemorativo de seus 60 anos de existência, ocorrido em 1997, contendo toda a sua

história e contextualizando-o no cenário brasileiro. Além disso, foram utilizadas as

revistas do tipo “house organ” da empresa, buscando se aprofundar em sua cultura.

Também foram utilizados um “preliminary offering circular”5 e “preliminary information

5 Preliminary Offering Circular (1994) de US$ 80 milhões, tendo como intermediário o J.P. Morgan Securities Ltd.

73

memorandum”6 enviados a organismos internacionais, contendo informações

financeiras e estratégicas da empresa, de 1994 e 1998.

Em adição às informações disponibilizadas pela empresa, foram também utilizadas

informações complementares dos principais indicadores da empresa em termos de

resultado financeiro, disponíveis na Internet e nos Relatórios Anuais da companhia e

também foram consultados revistas e jornais da época que noticiaram e opinavam

sobre a aquisição.

3.3.2. Levantamento das informações in loco: A Entrevista Durante o desenvolvimento da dissertação, considerou-se de extrema relevância a

aplicação de entrevistas na empresa estudada. Por mais completo que fosse o material

disponibilizado pela Ipiranga e na própria mídia sobre a empresa e a aquisição, julgou-

se contributiva e necessária a realização de visita a empresa e conversa com alguns

dos participantes desse processo.

O processo de entrevista teve como finalidade:

contextualização do processo através de situações reais vividas pelos

entrevistados, entendendo, assim, a realidade da época

levantamento de informações complementares às estudadas pelo material da

empresa

A Ipiranga ainda possui em seu quadro um número grande de funcionários que

vivenciaram o processo de aquisição da Atlantic. Dada a abertura da empresa frente ao

projeto, o acesso a diferentes departamentos e níveis hierárquicos, houve a

possibilidade de seleção dos sujeitos de acordo com os interesses específicos da

dissertação.

Por ter sido uma entrevista focalizada, achou-se mais conveniente preparar o

entrevistado sobre o assunto em questão e previamente à entrevista abrir espaço para

questionamentos que porventura surgissem. 6 Preliminary Information Memorandum (1999), na emissão de euro-commercial paper tendo como arranger e lead dealer o BankBoston Trust Company Ltd.

74

Considerou-se mais conveniente relatar o processo de entrevistas em 4 etapas: seleção

dos entrevistados, preparação dos entrevistados, preparação do roteiro para a

entrevistadora e entrevista.

3.3.2.1. SELEÇÃO DOS ENTREVISTADOS

Da definição de sujeitos da pesquisa fornecida por Vergara (1997, p.50) tem-se que

“são as pessoas que fornecerão os dados de que se necessita”. Sendo assim, dentre os

fatores mais importantes no processo de levantamento dos dados no estudo de caso, a

seleção do pessoal mais adequado para fornecer as informações corretas e de modo

imparcial – que foi o que se pretendeu fazer na entrevista – é dos itens mais

importantes.

Os sujeitos da pesquisa são, portanto e primordialmente, profissionais da empresa do

estudo em questão. A seleção dos entrevistados deu-se em função de alguns aspectos

considerados relevantes como:

área de atuação na empresa no momento da ocasião e atualmente

histórico na empresa

tempo de empresa

Sendo assim, alguns critérios foram imprescindíveis na seleção de alguns sujeitos, e

deveriam ser entrevistadas pessoas que:

tivessem participado do processo naquela ocasião

fossem funcionários da empresa adquirinte e adquirida

trabalhassem em áreas geralmente afetadas e que sofressem transformação

após a aquisição, como, por exemplo, Marketing, Recursos Humanos,

Finanças/Jurídico, Logística/Operações e Corporativa

fossem indicadas pelos outros entrevistados como de relevância para a

descrição e detalhamento do processo

75

Dessa maneira, para a entrevista buscou-se identificar pessoas-chave da organização

que pudessem apresentar indicações de resultado do processo de aquisição da Atlantic

pela Ipiranga. Uma vez que se soubessem quais pessoas poderiam melhor contribuir

para os dois principais conceitos da dissertação – tomada de decisão e integração –

elas foram selecionadas. Ao mesmo tempo, seria fundamental a escolha de pessoas de

diferentes áreas, posições hierárquicas e com diferentes experiências profissionais na

Ipiranga e Atlantic.

3.3.2.2. PREPARAÇÃO DA ENTREVISTA

Após os contatos realizados e antes de cada entrevista houve uma comunicação via

telefone entre a entrevistadora e o futuro entrevistado, onde se explicou o objetivo da

entrevista de maneira genérica, de forma a não enviesar o resultado da mesma. Após a

conversa, enviou-se por e-mail a finalidade da dissertação e os prováveis assuntos que

seriam abordados sobre o tema da aquisição da empresa, como pode ser visualizado

abaixo:

“Estou desenvolvendo pesquisa de mestrado no Coppead sobre M&A. Meu estudo é

mais especificamente sobre M&A Fusões e Aquisições de Empresas - Aspectos

Estratégicos de Mensuração de Valor. A idéia aqui é a de estudar alguns cases de

aquisição no Brasil questionando conceitos de valor(...).

Para tal, a minha intenção é a de avaliar empresas adquirinte e adquirida - resultantes

de um processo de M&A - e, em seguida, estudar o processo de geração de valor pós-

transação, mas a comparação é com relação ao tipo de abordagem utilizada naquele

momento e questionar se não haveria outras questões a serem analisadas na pré-

aquisição (...).”

Em seguida, no mesmo documento, enviou-se um roteiro informal sobre os principais

objetivos da entrevista, contendo os seguintes assuntos que seriam discutidos:

“Estudo de Caso Ipiranga / Atlantic

76

Mapeamento do processo de Aquisição da Atlantic como um todo:

Cenário do momento

Principais motivadores

Objetivos da aquisição

Players desse processo

Pessoas e informações a quem/que poderia ter acesso

Documento formal sobre expectativas da aquisição

Dimensões:

- Evolução no Tempo e comparações 1993 x 2002

- Atuação de cada Player

Além disso, pelo e-mail foram enfatizadas mais duas questões:

a importância da contribuição do entrevistado, posto que havia vivenciado o

processo de aquisição e que teria muito a contribuir com a sua experiência

a análise do processo seria de valia a empresa, dado que “com a ausência de

interesses comerciais no tema (custo zero para a empresa) e grande motivação

pessoal para o assunto, estarei desenvolvendo um projeto isento de viés.”, e

ainda que o estudo seria “um caminho de natural aprendizado para a empresa”.

As entrevistas foram realizadas de acordo com a disponibilidade de cada um, porém

foram facilmente planejadas e todos os participantes mostraram-se bastante receptivos

a idéia.

Para uma preparação detalhada da entrevista, desenvolveu-se um roteiro contendo

questões que deveriam ser impreterivelmente abordadas, a serem apresentadas no

próximo item.

3.3.2.3. ROTEIRO DA ENTREVISTA

Conforme já mencionado, o propósito das entrevistas na Ipiranga estava definido e

calcado nos temas aquisição, valor e crescimento. Planejou-se a execução de

77

entrevistas focalizadas pois “você não pode deixar que seu entrevistado navegue pelas

ondas de múltiplos mares” (VERGARA, 1997, p. 53) ou seja, houve a necessidade de

um roteiro a ser seguido, mesmo que ele não fosse formalmente apresentado.

Visando o objetivo final da dissertação, apresentado anteriormente no capítulo de

“Questões a serem respondidas pela dissertação”, elaborou-se, então, um roteiro de

entrevista, detalhado em sua totalidade a seguir:

Roteiro da Entrevista

1) Para você, qual é o conceito de desempenho de uma organização?

2) O que é uma boa performance?

3) O que é aumento de valor para você?

4) O que leva uma empresa a desejar partir para um processo de M&A?

5) No caso de sua empresa, quais foram as principais motivações / objetivos em sua

opinião no momento em que sua firma decidiu partir para um processo de M&A?

produtiva -> expansão / transformação

defensiva

6) Você considera o M&A de sua empresa como um processo de causa (por causa

de...conseqüência) ou finalidade (para que... objetivo)?

7) No processo decisório, a sua empresa deu especial atenção a uma das vertentes de

Doyle (mostrar quadro) ou com a mesma importância a várias vertentes?

8) Quais os itens que você considerou como mais positivos e negativos durante o

processo de M&A?

9) E logo depois?

10) Atualmente você considera que os itens são os mesmos?

11) De maneira geral, qual foi o saldo desta operação imediatamente (a curto prazo) e

hoje (a longo prazo)? Por quê?

12) Quais são os indicadores que você utiliza para avaliar a performance de uma

empresa ou operação?

13) Quais foram as principais lições desse processo para a sua empresa?

78

3.3.2.4. A ENTREVISTA

Dadas as características desejadas dos entrevistados, mencionadas no capítulo de

“Seleção dos Entrevistados”, foram selecionadas 6 pessoas para a entrevista formal e

mais 2 informalmente. Todas elas atendiam às referidas condições. Visando resguardar

a identificação dos entrevistados, não se detalhará o número de funcionários por área

de atuação, tipo de experiência ou hierarquia na época da aquisição.

Em termos de área de atuação, os entrevistados atuavam nas áreas de Finanças, Recursos Humanos, Marketing, Logística e Corporativo. Todas as pessoas

selecionadas possuíam mais de 10 anos de empresa e participaram do processo de

aquisição.

Com relação ao tipo de experiência, entrevistou-se funcionários ex-Atlantic antes e

durante a aquisição e atualmente Ipiranga; outros sempre Ipiranga; e ainda os que já

haviam atuado na Atlantic bem antes da aquisição e ingressado na Ipiranga em

seguida.

Analisando a amostra por nível de hierarquia na época da aquisição, os entrevistados

se enquadravam em 3 diferentes tipos: chave no processo, ou seja, Participante do

processo de aquisição, desde a formulação até a implementação do mesmo, integrando

um Time de 5 selecionados de toda a organização; Atuante no processo, participante

do processo após a aquisição, atuando em times de trabalho multifuncionais ou ainda

Passivo no processo, participando do processo como funcionário normal, sem se

envolver nas decisões dos rumos da nova empresa

Neste caso, não houve testes prévios de aplicação das entrevistas, dada a amostra ser

específica e focada nas pessoas e áreas mencionadas. O contato com cada um dos

entrevistados deles foi descentralizado, ou seja, agendado de maneira independente.

As entrevistas foram realizadas na Matriz da Empresas Petróleo Ipiranga, em dias e

horários distintos. No momento da entrevista foi entregue a cada um deles um resumo,

ratificando o conteúdo do e-mail.

79

As perguntas foram abertas, porém seguindo um roteiro específico, apresentado no

item anterior. Não houve restrições quanto à duração das entrevistas e deixou-se o

entrevistado livre para ampliar o escopo do roteiro, muito embora esse não fosse

divulgado. O objetivo de ocultar o roteiro seria o de não comprometer a imparcialidade

das respostas em função do que se queria analisar. Todas as entrevistas foram

gravadas e transcritas integralmente. Apesar da não limitação no tempo de cada

entrevista individual, elas duraram entre 1h30min e 3h30min.

Uma conversa inicial foi estabelecida através do conteúdo da entrevista, do

desenvolvimento da tese e de qual seria a utilidade da mesma. Em seguida, solicitou-se

a utilização de gravadores, a qual todos os entrevistados não se opuseram. Abordaram-

se de início duas questões: a descrição da experiência prévia da pessoa na Ipiranga, o

tipo de participação e atuação no processo de aquisição da Atlantic.

3.4. MÉTODO ADOTADO PARA ANÁLISE DOS RESULTADOS Para a análise e tratamento dos resultados encontrados, através das entrevistas, dados

primários e secundários levantados sobre a empresa em todas as bases citadas, optou-

se pela utilização de diferentes métodos. Os dados foram tratados predominantemente

com estudo qualitativo, sendo que a pesquisa de campo mostrou-se de grande utilidade

para o tratamento. Aspectos referentes às análises das empresas através da coleta de

dados documentais foram base para estudo quantitativo, considerado apenas como

secundário e complementar à análise através das entrevistas. Já a pesquisa

bibliográfica foi fonte para ambos os tratamentos, na medida em que apresentou dados

dos dois tipos.

Para o propósito específico de análise das entrevistas, foram feitas integralmente as

transcrições de todas as entrevistas realizadas com os funcionários selecionados.

Como todas haviam sido gravadas, foi possível passá-las ao papel, a fim de estudar

detalhadamente o comportamento de cada uma das pessoas, entender a realidade da

empresa frente naquela ocasião e observar o processo empregado pela companhia

naquela situação.

Pelas entrevistas é possível encontrar dados relevantes e que servirão de base para a

análise do caso. Para evidenciar a aderência do estudo com a literatura, utilizou-se uma

80

tabela, contendo os seguintes itens: (i) Tema, (ii) Questões, (iii) Conceituação da

Literatura, (iv) Aderência à Literatura, e (v) Evidências.

Tema Questões Conceituação da Literatura

Aderência à Literatura Evidências

Aspecto a ser avaliado (de acordo com Haspeslagh & Jemison)

Itens relacionados ao processo de aquisição estudado com base na literatura revisitada

Inferência de como o estudo de caso evidencia procedimentos relacionados com a literatura de Haspeslagh & Jemison

Inferência de como o estudo de caso evidencia procedimentos relacionados com a literatura de Haspeslagh & Jemison

Referência aos excertos das entrevistas que fornecem evidências da aderência

Tabela 1: Quadro de análise para verificação da aderência da situação estudada à luz da literatura existente.

3.4.1. Tema Refere-se ao aspecto a ser avaliado. Foi apresentado conforme as questões

desenvolvidas por Haspeslagh & Jemison.

3.4.2. Questões São indagações relacionadas ao processo de aquisição. Também foram sugeridas pela

literatura revisitada.

3.4.3. Conceituação da Literatura A conceituação da literatura resume o que a obra estudada indica sobre os assuntos

apresentados na coluna “Questões”. A fim de auxiliar no entendimento e preenchimento

da tabela, cada tema será aqui destacado:

a) Análise Geral

Os autores identificaram alguns desafios na gestão das aquisições. Será interessante

investigar se, no processo de aquisição da Atlantic, os referidos aspectos abordados

pelos autores foram considerados pela Ipiranga. São eles:

Consistência com a Estratégia: Garantir que a referida aquisição tenha

consistência com o objetivo de renovação estratégica da organização;

81

Qualidade na Tomada de Decisão da Aquisição: Desenvolver um processo de

tomada de decisão pré-aquisição que garanta um planejamento somente de

aquisições ‘positivas’ para a organização, dentro de um contexto de escassez de

informação e de demanda por velocidade e confidencialidade;

Capacidade de Integração: Gerenciar o processo de integração pós aquisição,

de forma que ocorra da maneira como planejado e almejado no momento da

decisão de aquisição;

Capacidade de Aprendizado: Fomentar na mesma medida o foco na aquisição

(específico) e o aprendizado da organização (amplo).

b) Aquisições e Criação de Valor

Segundo os autores, problemas que impactam no processo de aquisição podem surgir

em função de pressões por velocidade e confidencialidade durante o processo, mesmo

com todo o cuidado dedicado a essas duas variáveis.

A falta de direção muitas vezes afeta as potenciais sinergias durante a integração,

principalmente quando o objetivo e de “fazer dinheiro” com a aquisição a qualquer

custo.

Dessa forma, neste item da análise foram investigados - através das entrevistas,

materiais fornecidos pela Ipiranga e reportagens sobre a aquisição da Atlantic - os

seguintes aspectos:

Qual era o conceito de criação de valor nessa aquisição para os gestores

envolvidos no processo?

Como a aquisição da Atlantic estava relacionada à estratégia corporativa da

Ipiranga?

Como a aquisição de fato geraria valor?

c) Tomada de Decisão em Aquisições

O processo de tomada de decisão para a aquisição da Atlantic foi analisado em

consonância com as idéias dos autores, isto é, analisando e respondendo as seguintes

questões:

82

Como e por que a decisão de aquisição da Atlantic diferiu das outras decisões

de investimento da Ipiranga?

Quais foram os elementos que justificavam de maneira incisiva a importância da

aquisição?

Quais foram os principais problemas no processo de tomada de decisão pela

compra da Atlantic? Como eles afetaram o resultado da aquisição?

Quais as alternativas a Ipiranga teve na tomada de decisão por aquisições em

geral e no caso de aquisições individuais, como a Gulf e a Atlantic?

De que maneira a experiência do passado (aquisição da Gulf, década de 60)

influenciou o processo de Tomada de Decisão de aquisição da Atlantic?

d) A Criação de Valor através da Integração

Os autores enfatizam a importância do processo de integração pós-aquisição como

determinante para a formação da nova organização. Sendo assim, para se proceder a

investigação da medida em que a aquisição da Atlantic procedeu de acordo com a

literatura, sendo avaliados os seguintes aspectos:

O que ocorreu durante a integração pós-aquisição?

Quais foram os elementos-chave para a criação de uma atmosfera de

transferência de conhecimento da Atlantic a Ipiranga e vice-versa?

Quais os problemas identificados durante a integração que afetaram ou

dificultaram a criação de valor nova empresa?

Que tipo de abordagem ocorreu na aquisição estudada: absorção, preservação

ou simbiose?

De que forma foi planejada e desenvolvida a integração da Ipiranga / Atlantic de

forma a considerar o tipo de aquisição? Quais foram os fatores-chave para o

processo de integração considerando o tipo de aquisição ocorrido com a

Atlantic?

83

e) Gerenciando o Processo de Integração

Para concluir o estudo sobre a aquisição da Atlantic, Haspeslagh & Jemison sugerem

que se analise o processo de gestão pós-aquisição. Sendo assim, a dissertação inclui

uma investigação sobre o processo pós-aquisição. Para tal, foram descritos:

Como os gestores criaram uma atmosfera de trabalho adequada após a

aquisição?

Após análise e indicação de qual dos três tipos de aquisição (absorção total da outra

firma, preservação de ambas ou simbiose das duas organizações) mais se aproxima do

ocorrido na empresa estudada, avaliou-se de que maneira o valor foi criado nesse

contexto de aquisição.

3.4.4. Aderência (ou não) à Literatura Na Aderência à Literatura são fornecidas respostas de acordo com o observado pela

pesquisa de campo versus a literatura.

3.4.5. Evidências Na coluna “Evidências”, são feitas referências aos excertos das entrevistas que

fornecem evidências da aderência. A transcrição dos excertos, isto é, dos trechos das

entrevistas que permitam relacionar os itens mencionados na literatura com a pesquisa

de campo, é apresentada na tabela seguinte (Tabela 3).

3.4.6. Método para Análise A tabela anterior permitiu comparar o processo de aquisição estudado com o descrito

pela obra de Haspeslagh & Jemison, em função dos temas apresentados, e limitado

pelo horizonte de tempo avaliado nas entrevistas. Ela foi utilizada como suporte ao

método para análise dos resultados, tendo permitido organizar os dados evidenciados

nas entrevistas, de forma a confirmar ou não as aderências com a literatura.

O alinhamento de cada item com a literatura foi avaliado através de duas comparações:

84

Respostas às Questões da segunda coluna, com os dados das entrevistas.

Este item foi desenvolvido pela transcrição literal de trechos de todas as

entrevistas que estivessem relacionados às questões apresentadas na segunda

coluna da Tabela 2. Esses excertos serão considerados na Aderência à

Literatura e foram apresentados na Tabela 5;

Aderência à Literatura x Conceituação da Literatura

A Aderência à Literatura foi realizada através da comparação entre a

Conceituação da Literatura, na terceira coluna das Tabelas 2 e 4, com as

respostas obtidas do item anterior. Isso foi feito através da extração das

respostas (excertos) que evidenciaram a aderência entre o conceito e o estudo

de caso, apresentadas na última coluna.

85

Tabe

la 2

: Mod

elo

suge

rido

para

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ifica

ção

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de H

aspe

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h &

Jem

ison

Infe

rênc

ia d

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o es

tudo

de

cas

o ev

iden

cia

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ento

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laci

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com

a li

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tura

de

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Jem

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erên

cia

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das

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rnec

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ênci

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cia

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no

proc

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cion

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ções

en

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nde

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sulta

dos

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s ch

amam

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(H&J

, p.2

2).

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a aq

uisi

ção

estra

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isto

é,

volta

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cria

ção

de v

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lass

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anei

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(H&J

, p.2

8-36

): a)

Qua

nto

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o tra

nsfe

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(H&J

, p.2

8-32

) •

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parti

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recu

rsos

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s •

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sfer

ênci

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Tran

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ênci

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ção

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gia

corp

orat

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(H&J

, p.3

2-35

) •

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men

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mín

io

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tens

ão d

e do

mín

io

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plor

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86

Tem

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ões

Con

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da

Lite

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ia

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tera

tura

Evid

ên-

cias

de

fato

ger

aria

val

or?

c)

Qua

nto

à co

ntrib

uiçã

o da

aqu

isiç

ão à

est

raté

gia

parti

cula

r do

negó

cio

(H&J

, p.3

5-36

) •

Aqui

siçã

o de

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paci

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fica

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uisi

ção

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uais

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liaçã

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neg

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ção.

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ição

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&J, p

.41-

50):

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&J, p

. 47-

48)

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b) V

isão

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com

parti

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aqu

isiç

ão (H

&J, p

. 48)

C

omo

essa

lógi

ca fo

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parti

lhad

a co

m o

s to

mad

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de

deci

são

chav

e?

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spec

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det

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font

es d

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e po

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(H

&J, p

. 49)

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etal

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term

os d

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nefíc

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e pr

oble

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ções

pel

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aniz

acio

nais

(H&J

, p. 4

9)

Com

o fo

ram

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uisi

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87

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ões

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de

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At

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ição

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siçã

o da

At

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(H&J

, p. 4

9-50

) C

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(H&J

, p. 5

0)

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Estil

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Rec

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rada

(“ro

bust

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m p

roce

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de

Tom

ada

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ão te

nha

(H&J

, p.6

9-77

): g)

Hor

izon

te d

e te

mpo

ger

enci

al lo

ngo

(H&J

, p.7

0-71

) h)

Com

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asea

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m c

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itaçõ

es (H

&J, p

.71-

72)

i) Al

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nvol

vim

ento

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ção

(H&J

, p.7

2-73

) j)

Base

ana

lític

a pa

ra to

mad

a de

dec

isão

(H&J

, p.7

3-74

) k)

Nat

urez

a de

tom

ada

de d

ecis

ão b

asea

da e

m c

onse

nso

dos

gest

ores

env

olvi

dos

(H&J

, p.7

4-75

)

88

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia

à Li

tera

tura

Evid

ên-

cias

Proc

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In

tegr

ação

* O

qu

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inte

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siçã

o?

* Q

uais

fo

ram

os

el

emen

tos-

chav

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ra

a cr

iaçã

o de

um

a at

mos

fera

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tra

nsfe

rênc

ia

de

conh

ecim

ento

da

At

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ic a

Ipi

rang

a e

vice

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sa?

* Q

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os

prob

lem

as

iden

tific

ados

du

rant

e

O p

roce

sso

de in

tegr

ação

tem

pap

el m

uito

impo

rtant

e no

con

text

o da

s aq

uisi

ções

. O v

alor

das

in

tegr

açõe

s so

men

te p

ode

ser

cria

do a

par

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o m

omen

to e

m q

ue a

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mpr

esas

co

meç

am a

trab

alha

r jun

tas

em fu

nção

do

obje

tivo

da a

quis

ição

(H&J

, p.1

05).

A

inte

graç

ão p

ode

ser

mel

hor

ente

ndid

a e

dese

nvol

vida

dec

ompo

ndo-

a em

um

a sé

rie d

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ções

, ou

ele

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chav

e, q

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riam

a a

tmos

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par

a qu

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trans

ferê

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das

ca

paci

taçõ

es o

corra

seg

undo

o o

bjet

ivo

espe

rado

. O

s au

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s su

gere

m q

ue d

eva

ser

dada

at

ençã

o ao

s trê

s as

pect

os a

seg

uir (

H&J

, p.1

06-1

21):

a) T

rans

ferê

ncia

das

Cap

acita

ções

Est

raté

gica

s (H

&J, p

.107

-110

) •

Com

parti

lham

ento

de

recu

rsos

ope

raci

onai

s •

Tran

sfer

ênci

a de

hab

ilidad

es fu

ncio

nais

Tran

sfer

ênci

a de

hab

ilidad

es g

eren

ciai

s •

Com

bina

ção

de b

enef

ício

s b)

Atm

osfe

ra (H

&J, p

.110

-117

) •

Con

heci

men

to /

ente

ndim

ento

recí

proc

o da

org

aniz

ação

Dis

posi

ção

para

trab

alho

inte

grad

o •

Cap

acid

ade

de tr

ansf

erir

e re

cebe

r a c

apac

itaçã

o •

Rec

urso

s al

tern

ativ

os

• En

tend

imen

to d

e ca

usa

e ef

eito

dos

ben

efíc

ios

c) In

tera

ções

(H&J

, p.1

17-1

21)

• Su

bsta

ntiv

as

• Ad

min

istra

tivas

Sim

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as

Segu

ndo

suge

rem

as

pesq

uisa

s do

s au

tore

s, a

pesa

r da

aten

ção

do c

orpo

dire

tivo

e an

alis

tas

exte

rnos

ser

foc

ada

nos

aspe

ctos

sub

stan

tivos

da

aqui

siçã

o, o

im

pact

o da

s in

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ções

ad

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istra

tivas

e s

imbó

licas

par

a o

êxito

da

aqui

siçã

o de

ve s

er ig

ualm

ente

impo

rtant

e.

Prob

lem

as n

o Pr

oces

so d

e In

tegr

ação

89

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia

à Li

tera

tura

Evid

ên-

cias

a

inte

graç

ão

que

afet

aram

ou

di

ficul

tara

m a

cria

ção

de

valo

r no

va

empr

esa?

Dur

ante

um

a aq

uisi

ção,

pod

em e

xist

ir di

vers

os p

robl

emas

em

fun

ção

de s

eu p

roce

sso

de

inte

graç

ão.

Três

pro

cess

os q

ue d

ificu

ltam

a c

riaçã

o de

val

or a

travé

s da

tra

nsfe

rênc

ia d

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capa

cita

ções

exp

licam

gra

nde

parte

des

se fr

acas

so (H

&J, p

.122

-135

) a)

D

eter

min

ism

o:

Red

uz

a po

ssib

ilida

de

de

cria

ção

de

uma

atm

osfe

ra

favo

ráve

l a

trans

ferê

ncia

das

cap

acita

ções

. Pod

e se

r per

cebi

do d

e trê

s fo

rmas

(H&J

, p.1

24-1

29):

• Fa

lso

sens

o de

seg

uran

ça

• Ev

ento

s in

espe

rado

s •

Cic

lo d

e co

nfus

ão e

frus

traçã

o b)

Des

truiç

ão d

e Va

lor:

Os

indi

vídu

os r

eduz

em s

eus

empe

nhos

em

faz

er a

aqu

isiç

ão

acon

tece

r em

funç

ão d

a m

udan

ça n

a na

ture

za d

e se

us r

elac

iona

men

tos

com

a e

mpr

esa

em

que

traba

lhav

am e

do

grau

de

ince

rteza

s qu

e el

as g

eram

nos

val

ores

eco

nôm

icos

e p

síqu

icos

da

s pe

ssoa

s (H

&J, p

.129

-132

) c)

Vác

uo n

a Li

dera

nça:

As

poss

ibilid

ades

de

cria

ção

da a

tmos

fera

par

a a

inte

graç

ão to

rnam

-se

lim

itada

s, a

men

os q

ue s

ejam

dad

os s

upor

te i

nstit

ucio

nal

e in

terp

esso

al e

m t

erm

os d

e lid

eran

ça. A

pós

a aq

uisi

ção,

o p

roce

sso

acab

a se

ndo

dele

gado

a g

eren

tes

inte

rmed

iário

s, q

ue

sequ

er p

artic

ipar

am d

o se

u pl

anej

amen

to,

e tê

m c

omo

desa

fio f

azer

com

que

as

empr

esas

un

idas

func

ione

m d

e ac

ordo

com

as

expe

ctat

ivas

da

aqui

siçã

o (H

&J, p

.132

-135

) D

imen

sões

da

Aqu

isiç

ão n

a In

tegr

ação

H

á du

as d

imen

sões

que

aux

iliam

na

esco

lha

da a

bord

agem

da

inte

graç

ão: s

ua re

laçã

o co

m a

em

pres

a ad

quiri

da e

a fo

rma

com

o se

esp

era

a cr

iaçã

o de

val

or:

a) N

eces

sida

de d

e In

terd

epen

dênc

ia E

stra

tégi

ca (H

&J, p

.139

-142

)

• C

ompa

rtilh

amen

to d

e re

curs

os o

pera

cion

ais:

o v

alor

é c

riado

atra

vés

da c

ombi

naçã

o da

s du

as

entid

ades

ao

vel

oper

acio

nal,

de

form

a qu

e pr

atic

amen

te

se

sobr

epon

ham

e a

s du

plic

idad

es s

ejam

elim

inad

as

• Tr

ansf

erên

cia

de h

abili

dade

s fu

ncio

nais

: po

de a

cont

ecer

pel

a tra

nsfe

rênc

ia d

as

pess

oas

nos

limite

s da

s or

gani

zaçõ

es,

ou a

inda

atra

vés

do c

ompa

rtilh

amen

to d

e in

form

açõe

s, c

onhe

cim

ento

s té

cnic

os e

func

iona

is e

ntre

as

empr

esas

Tran

sfer

ênci

a de

hab

ilidad

es g

eren

ciai

s: p

ode

ocor

rer

pelo

env

olvi

men

to d

ireto

na

tom

ada

de d

ecis

ão d

as e

mpr

esas

ou

atra

vés

da u

tiliz

ação

de

tecn

olog

ia, c

once

itos

e pr

oces

sos

de tr

abal

ho u

ma

da o

utra

de

form

a a

mel

hora

r a s

ua a

tivid

ade

oper

acio

nal

90

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia

à Li

tera

tura

Evid

ên-

cias

*

Que

tip

o de

ab

orda

gem

oc

orre

u na

aq

uisi

ção

estu

dada

: ab

sorç

ão,

pres

erva

ção

ou

sim

bios

e?

e es

traté

gica

Com

bina

ção

de b

enef

ício

s: A

pesa

r de

não

oco

rrer

a tr

ansf

erên

cia

de c

apac

itaçõ

es,

ocor

re a

travé

s da

ger

ação

de

bene

fício

s ec

onôm

icos

ou

de a

bran

gênc

ia q

ue p

odem

vi

abili

zar o

utra

s at

ivid

ades

e a

cele

rar o

cre

scim

ento

da

empr

esa

cons

tituí

da

A

pesq

uisa

de

Has

pesl

agh

& Je

mis

on s

uger

e qu

e, in

depe

nden

te d

a va

rieda

de e

qua

ntid

ade

de

sine

rgia

s po

ssív

eis,

o

impo

rtant

e é

reco

nhec

er

um

dos

tipos

de

tra

nsfe

rênc

ia

de

capa

cita

ção

com

o se

ndo

a do

min

ante

na

cria

ção

inic

ial d

e va

lor.

É at

ravé

s de

la q

ue s

e po

derá

de

term

inar

o g

rau

de i

nter

depe

ndên

cia

estra

tégi

ca n

eces

sária

par

a qu

e o

proc

esso

de

inte

graç

ão s

eja

bem

con

duzi

do.

b) N

eces

sida

de d

e Au

tono

mia

Org

aniz

acio

nal (

H&J

, p.1

42-1

45)

A su

gest

ão é

que

a a

uton

omia

dev

a se

r da

da à

uni

dade

adq

uirid

a se

a s

obre

vivê

ncia

das

ca

paci

taçõ

es e

stra

tégi

cas

nas

quai

s a

aqui

siçã

o es

tá b

asea

da d

epen

da d

a pr

eser

vaçã

o da

cu

ltura

org

aniz

acio

nal d

e on

de v

eio.

Tra

duzi

ndo,

o im

porta

nte

não

é o

grau

de

dife

renç

a en

tre

as c

ultu

ras

da e

mpr

esa

adqu

irent

e e

da a

dqui

rida,

e s

im “s

e a

man

uten

ção

dess

as d

ifere

nças

a

long

o pr

azo

irá s

ervi

r com

o um

obj

etiv

o út

il” (H

&J, p

. 144

) Ti

pos

de A

bord

agem

da

Inte

graç

ão (H

&J, p

.145

-154

) O

s tip

os d

e ab

orda

gem

da

inte

graç

ão d

epen

dem

do

níve

l de

aut

onom

ia o

rgan

izac

iona

l de

man

dada

e d

a ne

cess

idad

e de

dep

endê

ncia

recí

proc

a es

traté

gica

(H&J

, p.1

45-1

49):

a) A

bsor

ção

(H&J

, p.1

47-1

48)

São

aque

las

que

poss

uem

alta

nec

essi

dade

de

inte

rdep

endê

ncia

est

raté

gica

, po

rém

bai

xo

grau

de

au

tono

mia

pa

ra

atin

gi-la

. A

inte

graç

ão

impl

ica

num

a co

nsol

idaç

ão

tota

l da

s op

eraç

ões,

cul

tura

e o

rgan

izaç

ão d

as d

uas

empr

esas

. b)

Pre

serv

ação

(H&J

, p.1

48-1

49)

Nes

se ti

po, h

á al

ta n

eces

sida

de d

e au

tono

mia

org

aniz

acio

nal,

poré

m b

aixa

inte

rdep

endê

ncia

es

traté

gica

. c)

Sim

bios

e (H

&J, p

.149

) U

m p

roce

sso

de s

imbi

ose

dem

anda

alto

gra

u de

inte

rdep

endê

ncia

est

raté

gica

e, a

o m

esm

o te

mpo

, de

aut

onom

ia o

rgan

izac

iona

l. A

trans

ferê

ncia

das

cap

acita

ções

dev

e oc

orre

r, m

as

91

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia

à Li

tera

tura

Evid

ên-

cias

*

De

que

form

a fo

i pl

anej

ada

e de

senv

olvi

da

a in

tegr

ação

da

Ip

irang

a /

Atla

ntic

de

form

a a

cons

ider

ar o

tip

o de

aq

uisi

ção?

Q

uais

fo

ram

os

fa

tore

s-ch

ave

para

o

proc

esso

de

in

tegr

ação

co

nsid

eran

do

o tip

o de

aqu

isiç

ão o

corri

do

deve

m s

er p

rese

rvad

as e

m c

onte

xto

dife

rent

e do

atu

al d

a em

pres

a ad

quire

nte.

O

utra

s D

imen

sões

(H&J

, p.1

50-1

52)

a) Q

ualid

ade

da e

mpr

esa

adqu

irida

(H&J

, p.1

50-1

51)

A co

ndiç

ão d

a em

pres

a a

ser

adqu

irida

ten

de a

ser

um

fat

or c

rític

o de

suc

esso

nas

or

gani

zaçõ

es. A

qua

lidad

e da

em

pres

a ad

quiri

da te

m g

rand

e re

laçã

o co

m o

êxi

to d

o pr

oces

so

de a

quis

ição

. b)

Por

te d

as e

mpr

esas

(H&J

, p.1

51-1

52)

O ta

man

ho a

bsol

uto

das

empr

esas

env

olvi

das

na a

quis

içõe

s ou

de

suas

dim

ensõ

es r

elat

ivas

no

mer

cado

em

que

est

ão in

serid

as d

eve

ser

cons

ider

ado

no p

lane

jam

ento

e e

xecu

ção

do

proc

esso

de

inte

graç

ão.

Rel

açõe

s en

tre

o O

bjet

ivo

da A

quis

ição

e a

Abo

rdag

em (H

&J, p

.152

-154

) a)

Aqu

isiç

ões

de fo

rtale

cim

ento

de

dom

ínio

tend

em a

util

izar

abo

rdag

em d

e ab

sorç

ão (

H&J

, p.

152)

b)

Aqu

isiç

ões

de e

xten

são

de d

omín

io p

odem

com

porta

r abo

rdag

ens

de a

bsor

ção

ou a

inda

de

sim

bios

e (H

&J, p

.153

) c)

Aqu

isiç

ões

de e

xplo

raçã

o de

dom

ínio

nor

mal

men

te d

eman

dam

abo

rdag

ens

de p

rese

rvaç

ão

(H&J

, p.1

54)

Des

afio

s da

inte

graç

ão e

m fu

nção

do

tipo

de a

quis

ição

(H&J

, p.1

57-1

64)

A

bsor

ção

Sim

bios

ePr

eser

vaçã

o

Ger

enci

amen

to d

as

Inte

rfac

esG

eren

ciam

ento

da

Tran

siçã

oR

egul

ação

da

"Mem

bran

a"Pr

oteç

ão d

a "F

ront

eira

"

Lide

ranç

a In

stitu

cion

alTr

ansf

erên

cia

da

Inco

rpor

ação

Red

efin

ição

do

Obj

etivo

Rat

ifica

ção

do

Obj

etivo

Ger

enci

amen

to d

as

Expe

ctat

ivas

Pre

dete

rmin

ada

Adap

taçã

oA

pren

diza

do

92

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia

à Li

tera

tura

Evid

ên-

cias

co

m a

Atla

ntic

? a)

Ger

enci

amen

to d

as e

xpec

tativ

as (H

&J, p

.157

-162

) N

as a

quis

içõe

s de

abs

orçã

o o

risco

do

dete

rmin

ism

o é

men

os im

porta

nte.

A h

abilid

ade

da

empr

esa

dese

nvol

ver

uma

visã

o pr

é-aq

uisi

ção

em u

m n

egóc

io r

elat

ivam

ente

con

heci

do,

alia

da a

não

nec

essi

dade

de

man

ter

a cu

ltura

orig

inal

da

empr

esa

adqu

irida

, pos

sibi

lita

uma

abor

dage

m p

rede

term

inad

a pa

ra a

impl

emen

taçã

o.

Aqui

siçõ

es c

om a

bord

agem

de

sim

bios

e, e

m f

unçã

o do

pro

cess

o de

ada

ptaç

ão d

as d

uas

empr

esas

env

olvi

das,

im

plic

am e

m a

tenç

ão e

spec

ial

tant

o a

inte

rdep

endê

ncia

qua

ndo

a au

tono

mia

. N

essa

situ

ação

é m

ais

difíc

il pr

ever

qua

is s

ão a

s ha

bilid

ades

úte

is,

com

o se

rão

trans

ferid

as a

s ca

paci

taçõ

es e

qua

is b

enef

ício

s se

rão

dire

tam

ente

adq

uirid

os c

om c

ada

empr

esa.

As

aqu

isiç

ões

de p

rese

rvaç

ão t

ende

m a

ter

ent

re o

pré

-pro

cess

o e

a im

plem

enta

ção

em s

i um

a na

ture

za e

volu

tiva,

de

apre

ndiz

ado.

As

capa

cita

ções

est

raté

gica

s sã

o tra

nsfe

ridas

at

ravé

s do

des

envo

lvim

ento

de

um c

onte

xto

de b

usca

pel

a po

tenc

ial p

rofis

sion

aliz

ação

vin

da

da e

mpr

esa

adqu

irida

. Com

isso

, am

plia

-se

o co

nhec

imen

to s

obre

a in

dúst

ria e

m q

ue s

e es

e ap

rend

e-se

sob

re o

pap

el d

a em

pres

a e

de s

eu c

orpo

dire

tivo

ness

e m

erca

do.

b) L

ider

ança

inst

ituci

onal

(H&J

, p.1

62-1

63)

A pr

eocu

paçã

o co

m a

lide

ranç

a in

stitu

cion

al n

as a

quis

içõe

s de

abs

orçã

o es

tá r

elac

iona

da

com

a f

orm

a co

mo

será

con

duzi

da e

ssa

trans

ferê

ncia

. N

essa

situ

ação

, é

nece

ssár

io q

ue a

lid

eran

ça d

a em

pres

a ad

quire

nte

crie

con

diçõ

es p

elas

qua

is o

s m

embr

os d

a em

pres

a ad

quiri

da p

oder

ão tr

ansf

erir

suas

filia

ções

par

a a

empr

esa

com

prad

ora.

Ess

e pr

oces

so n

ão

pode

ser

feito

de

man

eira

abr

upta

. N

as a

quis

içõe

s de

sim

bios

e o

pape

l da

lider

ança

é in

disp

ensá

vel,

inde

pend

ente

do

tam

anho

da

s em

pres

as. O

pap

el d

o líd

er a

qui é

o v

iabi

lizar

a r

edef

iniç

ão d

os o

bjet

ivos

de

amba

s as

em

pres

as e

est

imul

ar a

tran

sfer

ênci

a da

s ca

paci

taçõ

es d

e am

bos

os la

dos.

N

as a

quis

içõe

s de

pre

serv

ação

, o p

apel

da

lider

ança

par

ece

ter

men

or im

pact

o no

pro

cess

o de

inte

graç

ão.

93

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia

à Li

tera

tura

Evid

ên-

cias

c)

Ger

enci

amen

to d

as in

terfa

ces

(H&J

, p.1

63-1

64)

Aqu

isiç

ões

de a

bsor

ção

dem

anda

m o

ger

enci

amen

to d

a tra

nsiç

ão a

travé

s da

cria

ção

de

uma

empr

esa

onde

as

un

idad

es

oper

acio

nais

e

func

iona

is

de

amba

s as

co

mpa

nhia

s co

mbi

nam

-se

em u

nida

des

únic

as.

As

aqu

isiç

ões

de s

imbi

ose,

um

pou

co m

ais

com

plex

as, d

eman

dam

que

a tr

oca

e flu

xo e

ntre

as

org

aniz

açõe

s se

jam

regu

lado

s de

form

a a

man

ter o

obj

etiv

o da

aqu

isiç

ão.

Para

as

aqui

siçõ

es d

e pr

eser

vaçã

o os

aut

ores

rec

omen

dam

a c

riaçã

o de

um

a es

trutu

ra q

ue

gara

nta

a pr

oteç

ão d

a id

entid

ade

e ca

ract

erís

tica

da e

mpr

esa

adqu

irida

atra

vés

do r

espe

ito

pelo

s se

us li

mite

s.

G

eren

cia-

men

to d

a In

tegr

ação

* C

omo

os g

esto

res

cria

ram

um

a at

mos

fera

de

tra

balh

o ad

equa

da

após

a a

quis

ição

?

Rel

ação

ent

re g

eren

ciam

ento

da

inte

graç

ão e

per

form

ance

da

aqui

siçã

o (H

&J,

p.16

4-16

6)

Segu

ndo

os a

utor

es, a

per

form

ance

est

á re

laci

onad

a co

m:

a) T

er u

ma

visã

o in

icia

l so

bre

a ab

orda

gem

de

inte

graç

ão r

elac

iona

da a

o am

bien

te d

essa

in

tegr

ação

(H&J

, p.1

64)

b) E

star

apt

o a

ajus

tar

a vi

são

inic

ial d

a in

tegr

ação

com

a a

bord

agem

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96

3.5. LIMITAÇÕES DO MÉTODO Dentre as limitações do método, destacam-se:

Há um tempo de quase 10 anos transcorrido do processo de aquisição. Muito

embora os entrevistados tenham desempenhado um papel relevante durante a

implementação da aquisição, já haviam transcorrido 10 anos desde a aquisição.

Sendo assim, não se pode garantir que alguns fatos importantes não tenham

sido relembrados pelos entrevistados;

O relato obtido pode conter vieses das opiniões subjetivas das pessoas

entrevistadas.

Como forma de neutralizar na medida do possível tais limitações, os entrevistados

foram preparados previamente à entrevista, comunicados do assunto e visão geral da

dissertação, desenvolveu-se um roteiro que abrangesse todas as questões importantes

para o desenvolvimento da dissertação, e fez-se a gravação de todas as entrevistas de

forma a imparcialmente colher as opiniões dos entrevistados.

97

4 - ESTUDO DE CASO

4.1. VISÃO GERAL DA IPIRANGA7 “A trajetória das Empresas Petróleo Ipiranga se confunde com a própria

história da indústria brasileira. Tudo começou na década de 30 com uma

pequena refinaria de petróleo que deu origem ao complexo empresarial

que hoje se destaca entre as principais empresas privadas brasileiras.

Uma evolução construída por homens que acreditaram no poder de

transformação do óleo negro em combustível”. (IPIRANGA, 2003)

A Empresas Petróleo Ipiranga é um grupo privado de capital 100% nacional que possui

três empresas com ações negociadas na Bovespa: Refinaria de Petróleo Ipiranga S.A.,

Distribuidora de Produtos de Petróleo Ipiranga S.A. – DPPI e Companhia Brasileira de

Petróleo Ipiranga – CBPI. Detém ainda participações societárias na Companhia

Petroquímica do Sul – COPESUL – e na Petroquim S.A., situada no Chile. Gera cerca

de 5.000 empregos diretos e teve um faturamento anual na ordem de 5 bilhões e 400

milhões de dólares em 2001, “estando entre os dez maiores grupos empresariais

brasileiros em faturamento” (RELATÓRIO ANUAL IPIRANGA, 2002, p.5).

A Ipiranga é controlada por cinco famílias – Tellechea, Gouvêa Vieira, Martins Bastos,

Saraiva e Moura, que detêm 60% de seu capital. Os restantes 40% estão pulverizados

no mercado. Cada uma das famílias possui exatos 12% das ações com direito a voto.

Em termos de negócios, a Empresas Petróleo Ipiranga atua na área de Refino de

Petróleo, Distribuição de Combustíveis, Química e Petroquímica, Produção de Asfaltos,

Óleos Lubrificantes e especiais. Participa ainda no Transporte de Gás Natural e de

negócios na Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural. Como o foco da

dissertação é a atividade de Distribuição, cabe destacar que, atualmente, a Ipiranga

ocupa a segunda posição no mercado revendedor de combustíveis com uma

participação de 22,8%, e é a segunda maior rede do País com 4680 postos de serviços

(3750 postos da CBPI e 930 postos da DPPI).

7 Baseada na história da Ipiranga descrita na home-page www.ipiranga.com.br e no Livro Comemorativo de 60 anos da empresa (IPIRANGA, 1997).

98

A Ipiranga S.A. Companhia Brasileira de Petróleos foi fundada dia 7 de setembro de

1937, na cidade do Rio Grande (RG), “sob um forte temporal que atrapalhava também

as comemorações cívicas do 115º aniversário da Independência do Brasil”. Tudo

começou com o início das atividades da Refinaria, resultado de um projeto que

começara em 1933, em Uruguaiana. Naquele 1933, o pecuarista e comerciante

brasileiro João Francisco Tellechea, o comerciante e pecuarista argentino naturalizado

brasileiro Eustáquio Ormazabal e os argentinos Raul Aguiar e Manuel Morales uniram-

se para produzir derivados básicos de petróleo destinados a atender o mercado do Rio

Grande do Sul.

Em 1939, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial na Europa, a indústria brasileira

das borracha sofria a escassez de insumos importados. Para atender a essa

necessidade do mercado, a Refinaria Ipiranga desenvolveu a tecnologia dos solventes

que garantiriam a continuidade da fabricação de borracha no País. Começava aí a

participação da Ipiranga no segmento químico. Como a refinaria produzia ácido

sulfúrico, a Ipiranga decidiu, no final dos anos 40, entrar no segmento de fertilizantes,

como o desenvolvimento do produto superfosfato simples.

A década de 50 alterou o panorama do mercado de petróleo no País. A instituição do

monopólio estatal, em 1953, limitou a capacidade de produção da Refinaria Ipiranga em

9.300 barris/dia, volume processado até hoje. Em 1957, devido a proibição da venda

direta das refinarias aos postos de combustíveis, surgiu a DPPI – Distribuidora de

Produtos de Petróleo Ipiranga, responsável pelo abastecimento do Rio Grande do Sul.

Considerou-se relevante para o entendimento desta dissertação o detalhamento da

história da Empresas Petróleo Ipiranga desde a aquisição da Gulf Oil Corporation até a

da Companhia Atlantic de Petróleo, que segue nos próximos itens.

4.1.1. A primeira aquisição e os novos negócios da Ipiranga Dentro do processo de crescimento da Ipiranga, cabem destacar dois fatores que foram

fundamentais para a posição em que se encontra atualmente: as duas aquisições

realizadas, onde a última delas é o cerne desta dissertação.

99

Segundo a própria Ipiranga “A conquista do Brasil” foi impulsionada pela euforia

decorrente do governo Juscelino Kubitschek (1956-61), onde os sinais de crescimento e

mudança na sociedade brasileira eram visíveis. Por outro lado, “o custo de vida e a

inflação também cresciam sem parar; a economia nacional dependia cada vez mais do

capital estrangeiro e avolumava-se a dívida externa”.

O setor de distribuição de derivados de petróleo não estava em seus melhores

momentos em termos de rentabilidade no final dos anos 50. O governo de Juscelino

havia fixado o câmbio e os preços dos derivados de petróleo estavam congelados. Ao

mesmo tempo, a inflação corroía as margens de lucro e os custos não paravam de

aumentar.

As cinco grandes distribuidoras estrangeiras, que dividiam entre si a maior parcela do

mercado brasileiro, possuíam melhores condições de lidar com os impasses da

conjuntura. Seus representantes reuniam-se periodicamente com o Conselho Nacional

de Petróleo – CNP – órgão criado, dentre outras funções, para discutir a política para o

setor. Apesar de nem sempre terem suas reivindicações atendidas, as "cinco grandes",

ao menos, conseguiam planejar seus passos com alguma antecedência em relação às

medidas do governo.

Nesse contexto, a situação era bastante incômoda para a Ipiranga, naquela época uma

empresa exclusivamente regional, que não era convidada para a negociação com o

governo federal. Mesmo tendo conquistado grande parcela do mercado no sul do país,

era evidente que, para merecer um assento nas reuniões do CNP, a empresa teria de

alcançar dimensões nacionais. Naquela época, uma das únicas alternativas para o

crescimento seria através de uma aquisição.

Entre as companhias que a Ipiranga poderia comprar excluíam-se as líderes do ranking

de distribuição de derivados de petróleo no país. Além do tamanho das mesmas frente

ao da Ipiranga, nada indicava que estivessem interessadas em desfazer-se de seus

negócios. Assim, as atenções da Ipiranga concentraram-se na norte-americana Gulf Oil

Corporation.

100

“Embora fosse uma das empresas gigantes do mercado internacional de

petróleo, a Gulf fora a última das companhias estrangeiras a instalar-se

no Brasil, em 1946. Com sede no Rio de Janeiro, a Companhia Brasileira

de Petróleo Gulf concentrara seus negócios no eixo Rio–São Paulo,

sobretudo em mercados pouco explorados pela concorrência e distantes

das grandes cidades. Uma década depois de instalada, a Gulf controlava

uma rede de cerca de 500 postos de serviço e sua "fatia" chegava a mais

de 6% do mercado nacional de distribuição de derivados de petróleo”.

(IPIRANGA, 2003)

Naquela época, a Gulf dedicava-se principalmente à produção, ao refino e à

comercialização de óleo cru. Já no Brasil, onde o refino era monopólio da Petrobrás, a

Gulf limitava-se apenas à comercialização.

A venda da Gulf para a Ipiranga traria vantagens para a empresa norte-americana. Até

aquele momento, o monopólio da Petrobrás não abrangia a importação de óleo cru, e a

Ipiranga adquiria 9.300 barris/dia de empresas estrangeiras. Dessa maneira, se a

transação se efetivasse, a Ipiranga comprometia-se a comprar da Gulf, com

exclusividade, toda a matéria-prima de que necessitava; em troca, a Gulf lhe venderia

suas instalações no Brasil. A Gulf "fez seu preço": 4,5 milhões de dólares e mostrou

bastante resistência ao não aceitar as condições de pagamento da Ipiranga por

considerar insuficientes as garantias apresentadas. Por trás da recusa estavam, na

verdade, os interesses do representante do setor de distribuição da empresa. A

subsidiária brasileira era a única distribuidora que a Gulf mantinha na América Latina;

vendê-la implicava demitir diretores e funcionários. Mesmo assim, a venda acabou por

ser efetivada.

“A Companhia Brasileira de Petróleo Gulf foi transformada em

Companhia Brasileira de Petróleo Ipiranga (CBPI), no começo de 1959. A

nova empresa controlaria o comércio de derivados de petróleo no interior

de São Paulo e no norte do Paraná – áreas nas quais a Gulf havia se

estabelecido – e, potencialmente, em todo o restante do país, com

exceção do Rio Grande do Sul e do oeste de Santa Catarina – áreas de

101

atuação da DPPI. Juntas, CBPI e DPPI passaram a representar 9% do

mercado nacional. João Pedro Gouvêa Vieira podia finalmente sentar-se

lado a lado com os representantes das multinacionais, e defender os

interesses da Ipiranga.” (IPIRANGA, 2003)

A incorporação da Gulf foi uma grande contribuição. Tipicamente norte-americana, a

empresa era burocrática e estruturada por departamentos hierarquizados. Para

diretores e funcionários habituados a uma estrutura menos complexa, administrada

havia décadas com grandes doses de improviso e de criatividade, muitas das novas

formalidades herdadas da Gulf soavam estranhas. Embora a Ipiranga tivesse sido

criada e nutrida por um modelo de gestão mais informal, do qual recebeu boa parte da

energia que sempre a animou, havia ainda muito que aprender. A prioridade naquele

momento era incorporar a Gulf, em termos administrativos e técnicos, o que implicava

operacionalizar a aquisição, trocar as bandeiras dos postos de serviço e começar a

expansão da empresa.

“Em meados da década de 60, o processo de adaptação interna da CBPI

estava concluído, e a empresa, reestruturada, podia crescer e ousar. Os

postos de serviço herdados da Gulf distribuíam-se pelo litoral e pelo

interior de São Paulo e, em menor escala, também pelos estados do Rio

de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Mato Grosso. Percebendo

claramente a impossibilidade de concorrer com as grandes empresas nas

áreas urbanas, a CBPI também optou pela estratégia de dirigir-se para o

interior, escolha que se mostraria das mais acertadas. A construção de

Brasília fora o "pontapé inicial" para a ocupação de áreas até então

totalmente isoladas, enquanto uma política muito ativa de integração

nacional abria estradas em todo o território. Novas frentes agrícolas

avançavam na direção de Goiás, de Mato Grosso e de vários outros

pontos do Centro-Oeste.” (IPIRANGA, 2003)

No início dos anos 70 a CBPI estava chegando à periferia dos grandes mercados, como

São Paulo. A marca Ipiranga já liderava a comercialização de óleo diesel nas cidades

102

do centro-oeste e aprendera a trabalhar em cidades pequenas, nas quais vendedores e

consumidores vivem muito próximos. “Um know-how que nenhuma empresa habituada

às grandes cidades podia copiar”.

Enquanto a CBPI conquistava o Brasil, a DPPI firmava-se como uma das mais

destacadas empresas do setor de distribuição de derivados no Rio Grande do Sul e em

Santa Catarina. Entre os anos 60 e 70, valendo-se das mesmas táticas de expansão

para o interior do país, a DPPI consolidava a posição de destaque na região Sul.

Ocupando nichos de mercado pouco explorados pelas grandes companhias, a DPPI

abriu postos de serviços e implantou terminais de armazenagem para aperfeiçoar sua

logística de distribuição, entrando também no setor de revenda, adquirindo e assumindo

a operação de cerca de 40 postos de serviços da Sagol – Sociedade Abastecedora de

Gasolinas e Óleos Ltda, empresa atuante em Porto Alegre, estendendo a sua atuação

para o interior do estado. Em pouco tempo, percebeu-se que essa atividade não era

compatível com uma estrutura empresarial de grande porte. Segundo a Ipiranga, os

postos de serviços de maior sucesso eram aqueles operados por pequenos

empresários. transferiu a operação de seus postos para terceiros, mantendo apenas

dois sob seu controle – um deles como "posto padrão" e o outro como "posto-escola",

para treinar frentistas.

Após a inauguração da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), da Petrobrás, em Canoas,

a Ipiranga montou, em 1972, um dos seus maiores terminais de armazenagem, junto à

refinaria estatal. Os depósitos das ilhas foram desativados e a DPPI passou a contar

com maior oferta de derivados de petróleo para garantir sua expansão.

“A Ipiranga aumentara significativamente sua participação no setor de

distribuição de derivados de petróleo e assumira uma posição de

destaque. Ao mesmo tempo, a empresa dava início a um amplo processo

de diversificação. Nos anos 70 e 80, a Ipiranga se transformou num

conglomerado de mais de trinta empresas. A diversificação seria

motivada por dois fatores. De um lado, a própria personalidade

empreendedora dos dirigentes da empresa, que buscava suprir

necessidades locais, gerar empregos e contribuir para o crescimento

econômico nacional. De outro, pelo aproveitamento de incentivos fiscais,

103

num momento em que a ordem do dia do empresariado brasileiro era

investir na atividade econômica e promover o crescimento. A Ipiranga

diversificava seus negócios, seguindo os mesmos passos das maiores

empresas do país, e, em especial, das maiores de seu setor de atuação

no mundo, em função das duas crises do petróleo ocorridas nessas

décadas”. (IPIRANGA, 2003)

Esse processo teve início em 1962 com a rede de hotéis Charrua. Quatro anos depois,

a Ipiranga também passou a investir na indústria pesqueira, atividade tradicional em Rio

Grande, com a criação da Leal Santos Pescados, ampliando essa atuação com a

aquisição da Isapeixe e, na década de 70, com a incorporação da Wigg. Ainda em 1967

a Ipiranga ingressava no então pioneiro setor de processamento de dados, com a

Prodasa – Processamento de Dados S.A., voltada à prestação de serviços. Em 1968,

lançava-se à atividade de aviação agrícola regional, por meio da Agroar, e ampliava sua

atuação no ramo hoteleiro, com os Motéis Charrua. Esses estabelecimentos buscavam

disseminar um novo conceito de hospedagem, a exemplo dos motéis rodoviários

existentes na Europa e nos Estados Unidos.

Em 1972, a Ipiranga investiu no setor de corretagem de seguros, com a criação da

Porto Nazareth–Isa Corretora de Seguros Ltda. Ao mesmo tempo, nesse ano, houve a

desativação da Destilaria Rio-Grandense de Petróleo, sediada em Uruguaiana, dando

espaço para a Isacouro – Indústria Rio-Grandense de Couros, também da Ipiranga.

Outro setor em que a Ipiranga teve destacada atuação foi o agropecuário. Em 1976, era

criada a Isagro, que se dedicava à fruticultura, fornecendo matéria-prima para a

Indústrias Reunidas Leal Santos, empresa incorporada pela Ipiranga em 1966,

passando a controlar ainda a Agropecuária Santo Antônio S.A., em 1983. A Ipiranga

também investiu em áreas como a de comércio de defensivos agrícolas, com a Sipcam,

criada em 1979, e a de reflorestamento, com a Ipiranga Florestal, fundada em 1983.

“O processo de diversificação seria fundamental para aprimorar a excelência

administrativa da Ipiranga. Embora a médio prazo a maioria desses empreendimentos

não conseguisse obter o resultado planejado, algumas iniciativas alcançaram

expressivo desenvolvimento.” Uma das mais destacadas foi a área de fertilizantes. Com

104

a implantação da Fertisul, em 1965, e com a inauguração de sua moderna planta

industrial, junto ao novo porto do Rio Grande, em 1972, a atividade foi incrementada. A

Fertisul – que incorporou a Icisa – passou a produzir adubos de última geração,

acompanhando a modernização agrícola brasileira. O crescimento da Fertisul na

década de 80 levou à sua associação com a Quimbrasil, operação que deu origem à

Ipiranga Serrana Fertilizantes, empresa que chegou a ser a segunda maior em vendas

de fertilizantes do Brasil. A Ipiranga continuaria a participar nesse segmento até meados

da década de 90, quando redirecionou os focos de atuação da empresa.

A Ipiranga também atuou no setor químico. Em 1975, adquiriu a Química Geral do

Nordeste (QGN), sediada em Feira de Santana, BA, e a Química Geral do Brasil, no Rio

de Janeiro. Além disso, em 1976, criou a Prodichem – Produtos Químicos, empresa

dedicada ao comércio de produtos químicos, com representantes em São Paulo e no

Rio Grande do Sul, atendendo principalmente o suprimento de matérias-primas para

fertilizantes.

No segmento de asfaltos, em 1971, a Asffrio S.A. ampliou sua participação na área de

produtos asfálticos, com a compra da Betubrás Ltda. Em 1972, passava a fabricar

produtos para pavimentação e estabilização do solo. Finalmente, com a Sinaliza, atuava

na sinalização de estradas e aeroportos e na fabricação de tintas e vernizes,

consolidando a sua posição através da Ipiranga Asfaltos, empresa que em poucos anos

se tornou líder de mercado na década de 90. Esse investimento em asfaltos acabou por

originar também uma nova área de atuação. Em 1973, a Ipiranga passou a desenvolver

a área de transporte a granel, através da Tropical Transportes S.A., empresa

pertencente à Betubrás, que havia sido incorporada pela Ipiranga. A Tropical teve a

função de aperfeiçoar e modernizar esquemas e procedimentos para transporte e

distribuição de combustíveis e outros derivados de petróleo.

Nessa época, “de todas as atividades em que a Ipiranga passou a atuar, o setor

petroquímico seria, contudo, o de maior destaque, transformando-se numa das

principais áreas de atuação da Ipiranga.” O desenvolvimento desse setor, aliado à

ampliação das atividades de distribuição de derivados de petróleo, iniciava uma nova

fase de expansão para a Ipiranga, “tornando-a um dos mais destacados grupos do

cenário empresarial brasileiro”.

105

4.1.2. Os choques da década de 70 Em outubro de 1973, sem aviso prévio, a Organização dos Países Exportadores de

Petróleo (Opep) elevou em mais de 300% o preço do barril de petróleo – de 2,591 para

10,952 dólares. Era o primeiro "choque do petróleo", trazendo temores generalizados

quanto ao abastecimento de combustíveis e fragilizando toda a economia mundial. O

choque pegou o país e a economia brasileira na contramão. O início do governo Geisel

(1974-1979) era marcado por um novo planejamento econômico, com ambiciosos

programas de investimento.

“Geisel manteve o curso do crescimento financiado por recursos

externos. No setor energético, em especial, ao lado dos programas de

geração de energia hidrelétrica e nuclear, ganharam maior dimensão os

programas da Petrobrás de prospecção na plataforma continental e de

aumento da capacidade de refino, além de um programa alternativo de

combustíveis com o uso do álcool de cana, o Proálcool. Em uma

economia cada vez mais industrializada e altamente importadora de

petróleo, a busca de auto-suficiência ou de menor dependência externa

passara a ser uma questão de sobrevivência. Entre o final dos anos 70 e

o início dos 80, porém, os custos dessa escolha se fizeram sentir. Ao

desequilíbrio das contas externas veio somar-se o descontrole da

inflação interna e a retração dos investimentos. Ao longo da década, a

recessão dominou a paisagem econômica brasileira e obrigou as

empresas a pesados, e por vezes dolorosos, processos de ajustamento.”

(IPIRANGA, 2003)

Antecipando-se de certa forma a essa imposição do cenário macroeconômico, a

Ipiranga vinha aos poucos redimensionando suas áreas de atuação, deixava algumas

delas, reforçava outras e abria novas frentes de mercado. Assim, por exemplo, já no

início dos anos 70, com a instalação da unidade de refino de última geração, capaz de

usar qualquer tipo de petróleo, sobretudo os mais baratos. Além de tornar mais eficiente

e competitiva a Refinaria Ipiranga, e de consolidar a CBPI em nível nacional, ela

procurou outras áreas de investimento afinadas com sua área de atuação original. Sua

106

atenção voltou-se para a indústria petroquímica, de grande potencial de crescimento no

país.

A Indústria Petroquímica recebeu impulso decisivo com a política oficial de auto-

suficiência energética e, particularmente, com a nova estratégia governamental de

substituir as importações de insumos, despontando na época do "milagre econômico"

dos anos 70. Com investimentos públicos e a participação direta de capitais nacionais e

estrangeiros, esses insumos passariam a ser produzidos em grandes pólos industriais

espalhados pelo país. Em 1972, entrava em funcionamento o complexo petroquímico de

Capuava, em São Paulo, e sete anos depois o pólo petroquímico do Nordeste, em

Camaçari, Bahia, planejado e supervisionado pela recém-criada Petroquisa – Petrobrás

Petroquímica S.A., de acordo com o modelo "tripartite" de associação do capital público

e do privado nacionais ao capital internacional.

Com a implantação de um terceiro pólo petroquímico, em Triunfo (RS), a Ipiranga teve a

oportunidade de entrar em definitivo na era do plástico. Durante a fase de planejamento

para a implantação desse complexo industrial, a Hoechst buscava uma empresa

nacional para sócia num projeto de fabricação de polietileno de alta densidade (PEAD),

uma resina termoplástica empregada na produção de filmes para embalagens, frascos,

tubulações especiais e até variados utensílios domésticos. Ela propôs uma parceria à

Ipiranga. Até então, a maioria das associações e incorporações que a Ipiranga realizara

era de pequeno e médio porte. “Associar-se à Hoechst, um dos maiores grupos

internacionais do setor químico e do petroquímico em um negócio que mal conhecia,

era mais que uma situação inédita.” Por outro lado, para aceitar o convite a Ipiranga

colocou uma única condição: a entrada de um terceiro sócio, a Petroquisa, dando

criação, em maio de 1976, a Polisul Petroquímica. Em 1995, a Polisul passou a chamar-

se Ipiranga Petroquímica e investiu na ampliação da fábrica, inaugurada em 1996. A

capacidade de processamento da fábrica atingiu 340 mil toneladas/ano, conquistando o

título de maior fabricante de PEAD da América Latina.

A expressiva atuação da Ipiranga na área petroquímica seria reforçada em 1992, com a

sua participação na Copesul, a central de matérias-primas do pólo de Triunfo.

Originalmente controlada pela Petroquisa, naquele ano, a Copesul foi privatizada,

formando-se um consórcio denominado PPE, no qual a Ipiranga detinha 10% do capital

107

votante, chegando a ampliar a sua participação acionária, dois anos depois, a 27,6% do

capital votante. “O controle da central de matérias-primas é estratégico, pois permite o

funcionamento e o crescimento harmônico das empresas de primeira e segunda

geração que atuam no pólo”.

A Ipiranga continuou a participar de outros empreendimentos nos setores químico e

petroquímico na década de 80, associando-se a empresas internacionais. Juntamente

com a Dow Corning Co., constituiu a Silinor, a fim de produzir silicone numa unidade

industrial implantada na Bahia e inaugurada em 1987. Ao mesmo tempo, dava início ao

projeto Braspol Polímeros, com a instalação de uma fábrica de polipropileno junto à

Refinaria Duque de Caxias, da Petrobrás, no Rio de Janeiro. Nesse empreendimento, a

Ipiranga tinha como sócios a Shell e o grupo Suzano. Apesar de ter vendido sua

participação nessas duas empresas na segunda metade dos anos 90, os segmentos

químico e petroquímico, ao lado da distribuição de derivados de petróleo, tornaram-se

uma das bases de sustentação da Ipiranga e de seu crescimento futuro, mesmo para o

exterior. Este direcionamento confirmou-se em junho de 98, quando a Ipiranga adquiriu,

por aproximadamente 140 milhões de dólares, a parte de sua sócia Hoechst na Ipiranga

Petroquímica, tornando-se majoritária, com 80% do controle acionário.”

“Enquanto a Ipiranga buscava novas frentes de expansão e encontrava

na petroquímica um caminho promissor, a área de distribuição de

derivados – justamente a mais importante e tradicional do grupo desde a

implantação do monopólio estatal em 1953 – começava a enfrentar

dificuldades e incertezas. Ironicamente, eram dificuldades e incertezas

criadas pela mesma conjuntura que fazia o grupo avançar na área da

atividade petroquímica: a conjuntura de preços elevados e limitações à

importação de petróleo e derivados”. (IPIRANGA, 2003)

Em função dos "choques" de 1973 e 1979, o governo reprogramou a matriz energética

do país de forma a reduzir a dependência do petróleo, privilegiando projetos de

prospecção e refino, e incentivando a produção interna de insumos petroquímicos. Ao

mesmo tempo, o governo também adotou medidas emergenciais de "racionalização" do

consumo. As empresas distribuidoras passaram a ser chamadas pelas autoridades do

CNP não apenas para discutir e negociar preços, margens, cotas e logísticas de

108

distribuição – como sempre fora – mas também para receber instruções e normas sobre

o funcionamento do negócio de distribuição após as dificuldades encontradas pelo

governo.

Apesar das empresas contarem com a defesa da própria regulamentação oficial do

setor – onde suas margens, mesmo reduzidas, eram protegidas na fixação dos preços

dos combustíveis e derivados – as limitações conjunturais e as restrições legais eram

fatores altamente inibidores das atividades do setor de distribuição. A concorrência

quase inexistia, os postos de serviço não se diferenciavam uns dos outros em termos

de imagem e o comportamento do consumidor era definido normalmente pela

acessibilidade e comunicação visual, ou seja, pela utilização do posto que estivesse

presente no momento da necessidade, sem muita preferência pela bandeira.

A situação para a Ipiranga era bastante desfavorável com relação às suas concorrentes.

Dados seus investimentos em crescimento nas duas décadas anteriores, a Ipiranga

investira e dera pouca atenção à comunicação visual de sua rede de distribuição.

“Persistiam até mesmo diferenças na apresentação entre os postos das áreas de

atuação da DPPI e da CBPI, gerando confusão e despersonalizando a marca Ipiranga”.

Sendo assim, para não perder posições duramente conquistadas, os dirigentes da

Ipiranga decidiram que a empresa devia investir na sua própria imagem. Em 1983, um

programa de "embelezamento" começou a mudar radicalmente a apresentação dos

postos da rede de distribuição, gerando um aumento imediato das vendas dos

revendedores Ipiranga. Dado esse sucesso, em 1987, outro projeto de comunicação

visual criou uma nova marca corporativa, com o logotipo redesenhado para transmitir a

idéia de modernidade e vitalidade.

Ainda nos anos 80, uma nova geração de dirigentes, representantes dos acionistas,

assumiu a responsabilidade de superar os desafios e dificuldades da década de 70 e de

conduzir as empresas rumo à modernidade.

“A entrada da nova geração de dirigentes foi fundamental para as

empresas superarem a perda de Francisco Martins Bastos, falecido em

1987. Perda certamente difícil de compensar, como lamentara João

109

Pedro Gouvêa Vieira, seu sucessor na presidência do Conselho de

Administração – "Sem o doutor Bastos, a Ipiranga não será a mesma" –,

acrescentando em seguida com confiança: "O destino da corporação está

agora nas mãos da nova geração". Não havia motivo algum para não ter

confiança. Um dos maiores méritos do doutor Bastos tinha sido saber

escolher seus colaboradores e posicioná-los adequadamente nas

empresas. Incentivara a entrada gradual dos herdeiros dos acionistas na

organização, primeiro por meio de estágios, depois em cargos de

direção. Ele próprio convidou Carlos Alberto Martins Bastos a deixar

temporariamente suas atividades para conhecer melhor a Ipiranga e, um

dia, vir a ser seu representante no Conselho. A morte do doutor Bastos,

porém, veio logo depois do fim do estágio de dois anos de Carlos Alberto,

que não apenas o sucedeu como assumiu desde logo responsabilidades

ligadas diretamente às áreas de recursos humanos, comunicação social

e relações governamentais e, depois, compartilhando a gestão das

empresas. A partir de 1988, foi definida e estabelecida a nova

composição da direção do grupo Ipiranga. Sérgio Silveira Saraiva, João

Pedro Gouvêa Vieira Filho, Bolivar Baldisserotto Moura, Roberto Bastos

Tellechea Filho e Carlos Alberto Martins Bastos assumiram o Comitê

Executivo e dividiram entre si a gestão das diferentes áreas de negócio.

Decisões e acompanhamento estratégicos ficaram a cargo do Conselho

de Administração, formado por João Pedro Gouvêa Vieira, como

presidente, Flávio Bastos Tellechea, como vice-presidente, Solon Brandi

Sastre e João Francisco Tellechea Filho, além de membros do Comitê

Executivo. Com exceção de Flávio, falecido alguns anos depois, e

substituído por Angelo Bastos Tellechea, esse grupo passou a constituir

a única instância de poder controlada pelos acionistas”. (IPIRANGA,

2003)

Dados os problemas do país no final da década de 80 – ainda em meio aos sucessivos

planos de estabilização da moeda – e das incertezas dos cenários econômico e político

nacionais na transição para o regime democrático, decidiu-se iniciar um processo de

venda de empresas e negócios que fugiam demais ao foco de atuação da Ipiranga,

como a Prodasa, os Motéis Charrua, a Agroar, a Porto Nazareth e a Isacouro, por

110

exemplo. A decisão estava relacionada ao entendimento de concentrar esforços e

recursos nos setores de petróleo e petroquímico. Era uma decisão difícil, “pois

significava abandonar definitivamente áreas de atuação como a hotelaria, a pesca e

mesmo a de fertilizantes, uma das primeiras atividades desvinculadas da Refinaria e de

excelente desempenho. Segundo a própria Ipiranga, essa foi uma decisão correta pois

repensou-se a estratégia de diversificação do grupo, pensando menos no critério da rentabilidade de cada negócio e focando-se mais no potencial de cada um em relação direta com a atividade principal.

4.1.3. A segunda grande aquisição: “Nasce um Gigante”8 A década de 90 trouxe mudanças de toda ordem. Em meio ao avanço da globalização,

estimulou a concorrência, exigindo das empresas cada vez mais eficiência, tecnologia e

competitividade na economia mundial. O Brasil, naturalmente inserido nesse processo

de mudança, começou a rever seu modelo de desenvolvimento e a promover a abertura

econômica.

Nessa época, dados os ajustamentos internos, a Ipiranga avançou no ranking nacional

das empresas vendedoras de derivados de petróleo, mantendo também posição

expressiva no setor petroquímico. Na área de refino, além dos ganhos de produtividade

obtidos com a modernização das instalações, a proteção ambiental passara a receber

atenção especial, fazendo da Refinaria um modelo exemplar com suas técnicas de

tratamento ambiental. O trabalho de pesquisa e experimentação tecnológica nas

empresas do grupo permitiu à Ipiranga inaugurar em 1991, no Rio de Janeiro, o primeiro

posto público de gás natural do Brasil para abastecimento de frotas de táxis,

caminhões, ônibus e veículos de serviços públicos. Considerado combustível "limpo",

de queima quase total, o gás natural passou a ser objeto de intensas pesquisas em

muitos países, sendo considerado uma das reais alternativas energéticas para o século

21.

Dadas todas as transformações em seus outros negócios, era também interessante

para a Ipiranga promover crescimento em seu negócio de distribuição, através de

ampliação do seu mercado, especialmente naquele centrado em capitais e cidades do 8 Em referência ao título da reportagem da Revista Exame que noticiava a compra da Atlantic pela Ipiranga, reproduzida no Anexo 2 desta dissertação.

111

litoral. Dado o contexto do país e da indústria de petróleo, ficava cada vez mais claro

para a Ipiranga que a solução para crescer somente seria alcançada através de mais

uma aquisição, como havia ocorrido com a Gulf.

“O primeiro passo foi identificar e contatar uma empresa de porte médio

no Brasil, financeiramente saudável e que, por algum motivo razoável,

estivesse interessada em sair do mercado de distribuição. De todas, a

Companhia Atlantic de Petróleo, subsidiária da norte-americana Atlantic

Richfield Co., a ARCO, uma das gigantes do petróleo, pareceu a mais

indicada. Além de ser a única empresa comercial que o grupo americano

mantinha fora dos Estados Unidos, os mercados das duas empresas

casavam-se perfeitamente: enquanto a Ipiranga concentrava-se no

interior do centro-sul, a Atlantic atuava no norte-nordeste e nas capitais”.

(IPIRANGA, 1997, p.101)

Os primeiros contatos, iniciados em 1983, foram feitos em reunião com um dos mais

altos executivos do grupo ARCO. Segundo ele, a venda da Atlantic até interessava aos

americanos porém, parecia-lhe inviável, dado que o preço final da venda teria de ser

"inflado" para cobrir a taxação que a Receita dos Estados Unidos impunha àquele tipo

de operação.

Através de um exercício de planejamento estratégico, iniciado na Ipiranga no final dos

anos 80, foi identificada a urgente necessidade de fusão, associação, troca de ativos,

compra, ou qualquer outro tipo de negócio que resultasse em união de forças com a

Atlantic ou demais empresas que se mostrassem dispostas a negociar. Não bastava

apenas ser forte, mas sim “gigante”.

Com relação ao cenário do país, no início dos anos 90, vivia-se um promissor processo

de abertura econômica. Especialmente no setor de derivados de petróleo, surgiam os

primeiros indícios de desregulamentação e liberação de preços. Dessa maneira, a

Ipiranga identificava que cada vez mais a capacidade de competir não seria apenas um fator de lucro, mas passaria a ser um pré-requisito à própria sobrevivência das empresas no mercado. O próprio mercado brasileiro poderia ser atrativo a outras

empresas internacionais ainda não instaladas no Brasil. Dessa maneira, a intenção de

112

aquisição da Atlantic foi ressuscitada em 1992 e apresentada informalmente ao

presidente da Atlantic, que se dispôs a novas conversas.

“Imediatamente montou-se um grupo de trabalho, diretamente ligado ao

Comitê Executivo, para desenvolver todas as questões importantes para

a negociação. Liderada por Antonio Mary Ulrich e José Brandi Sastre –

diretor da área de staff – a equipe avaliou todas as condições do cenário

brasileiro de distribuição, inclusive com o novo contexto de

desregulamentação; as dificuldades de sobrevivência de empresas com o

porte da Atlantic e da Ipiranga, o valor da compra. Mais tarde, seria

também responsável pela montagem de toda a engenharia financeira e

avaliação jurídica para a aquisição. Finalmente, em abril de 1993,

reuniram-se em Miami (EUA) com a diretoria da ARCO, João Pedro

Gouvêa Vieira Filho, Carlos Alberto Martins Bastos e Antonio Ulrich – que

ocupava o cargo de superintendente da CBPI. Os brasileiros saíram

dessa reunião com o valor da transação e algumas exigências: os americanos – que já haviam passado por uma experiência malsucedida – não queriam correr riscos; aceitavam vender a Atlantic por um preço entre 250 e 300 milhões de dólares, mas faziam absoluta questão de sigilo, sigilo total. Se alguma notícia "vazasse", o negócio estaria inviabilizado”. (IPIRANGA, 1997, p.102-

103)

De forma a atender às exigências da Atlantic, o projeto de aquisição da mesma recebeu

um “apelido”: “Projeto Med”. “As negociações prosseguiram em clima de absoluto

mistério – reuniões secretas, fora das dependências da empresa, em locais e horários

totalmente improváveis, telefonemas incompreensíveis, secretárias confusas, aparelhos

de fax desligados...” (IPIRANGA, 1997, p.103)

Apesar de todo o planejamento e organização do projeto de aquisição, havia uma

restrição: encontrar os parceiros certos de forma a levantar os recursos necessários.

Nesse contexto, o Banco Bradesco aceitou financiar parte da compra da Atlantic,

assegurando um aumento de capital da Ipiranga.

113

“A compra foi efetivada por 265 milhões de dólares, sendo 77 milhões do

próprio caixa da empresa, 108 milhões referentes a emissões de ações

relativas ao aumento de capital e 80 milhões pela emissão de eurobônus

para captação no exterior – operação realizada pelo Banco J. P. Morgan

e que se configurava como o primeiro empréstimo dado ao Brasil depois

da moratória imposta pelo país aos credores internacionais”. (IPIRANGA,

1997, p.103)

A aquisição da Atlantic, 34 anos após a compra da Gulf, mostrava e ratificava ao país a

possibilidade de mais uma vez uma empresa brasileira comprar uma multinacional. Era

certo aqui, porém que, para a Ipiranga, não se tratava apenas de ganhar

representatividade: “a empresa mudava seu patamar de negócios. Tornava-se o maior

grupo privado nacional em faturamento, como bem mencionava a capa da revista

Exame daquele outubro de 1993”.

No dia 19 de outubro de 1993 a Atlantic era oficialmente adquirida e incorporada ao

grupo. Cabe lembrar aqui que a intenção de compra inicial havia se externado em 1983.

Dessa forma, a aquisição da Atlantic quase dobrava a capacidade de comercialização da Ipiranga, de 6 para 11 bilhões de litros/ano, e sua participação no mercado nacional saltava de 10,1% para 19,5%. Sua rede de postos de serviço passava a ser a segunda maior do país, com 5.600 estabelecimentos. Além disso,

houve também um crescimento das estruturas produtiva e operacional com a

incorporação dos terminais da Atlantic, da Fábrica de Óleos Lubrificantes e Graxas, no

Rio de Janeiro, e da EMCA – Empresa Carioca de Produtos Químicos, no pólo

petroquímico de Camaçari, na Bahia, ampliando a atuação da Ipiranga no setor

petroquímico em uma área nova: a de produção de óleos minerais brancos.

O processo imediatamente seguinte à aquisição seria o da Integração das duas

empresas, descrita com maiores detalhes no Anexo 1. A opinião dos dirigentes da

Ipiranga é de que deveria haver um rápido processo de integração, apesar de

conhecerem a dificuldade em termos institucionais e operacionais. “Ao contrário da

compra da Gulf, a estrutura e o perfil de mercado de ambas as empresas coincidiam em

muitos aspectos, determinando fusões nos seus sistemas operacionais e acomodações

nos seus quadros funcionais. O que, naturalmente, poderia gerar desconforto e

114

desmotivação entre os colaboradores” (IPIRANGA, 2003). Além disso, era preciso

ganhar rapidamente a confiança dos antigos revendedores da rede Atlantic, pois

qualquer decisão da Ipiranga sem a consideração e participação de seus interesses,

poderia fazer com que trocassem de bandeira.

O interessante nesse processo de aquisição da Atlantic foi que o momento talvez não

fosse o melhor, dado que o país começava a experimentar mais um plano de

estabilização econômica e estava às vésperas de uma eleição presidencial. Porém, a

Ipiranga tinha a noção de que se não reagisse naquele momento, e se antecipasse às

mudanças que o setor estaria experimentando num futuro próximo, poderia não

sobreviver às possíveis mudanças.

4.1.4. As principais mudanças após a aquisição da Atlantic Conforme esperado pela Ipiranga, após meio século, tempo que perdura o monopólio

da Petrobrás, uma nova legislação atualmente permite que outras empresas trabalhem

com pesquisa, exploração, refino, transporte, exportação e importação de petróleo e

derivados. A Agência Nacional do Petróleo – ANP – passou a assumir o lugar do

Departamento Nacional de Combustíveis – DNC – órgão criado no início dos anos 90

em substituição ao CNP – para normatizar o setor9. Dessa maneira, o Estado passa a

atuar como regulador do mercado e não interfere diretamente nas “regras do jogo”.

Segundo a própria Ipiranga, a desregulamentação do mercado brasileiro de petróleo e

derivados, e abertura a uma maior concorrência, traz novas e promissoras perspectivas

à empresa. Atualmente bem posicionada nas áreas de petróleo e petroquímica, a

Empresas Petróleo Ipiranga vem estudando possibilidades de novos negócios ligados a

essas duas atividades, e que envolvem a prospecção e o refino, sistemas de dutos e

armazenagem, transporte marítimo e terrestre, revenda e distribuição, importação e

exportação e vem buscando parceiros de tecnologia, recursos ou conhecimento de

forma a ampliar e se consolidar como líder na indústria petrolífera brasileira.

9 Maiores detalhes sobre a criação e função de cada um dos órgãos, vide Anexo 1.

115

4.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS Conforme indicado no Método de Pesquisa, para a análise dos resultados deverão ser

utilizadas fontes que permitam evidenciar a aderência ou não da empresa estudada

com a literatura. Para tal, serão explicitados primeiramente os resultados das

entrevistas relacionados aos temas da dissertação – tomada de decisão e integração.

Em seguida, a informação obtida será empregada na tabela sugerida no Método. A

partir daí, poder-se-á confirmar ou não a abordagem indicada na literatura.

4.2.1. Apresentação de resultados das entrevistas O processo de entrevista buscou verificar percepções da forma como são tratadas as

questões de tomada de decisão de aquisição e de integração pós-processo. Procurou-

se apresentar como resultado fatos efetivamente ocorridos, baseados nas citações das

transcrições das entrevistas. Algumas passagens das entrevistas são literalmente

transcritas, de forma a ratificar as conclusões apresentadas, omitindo-se, porém, os

nomes e funções na empresa.

Em função do objetivo da dissertação, considerou-se adequada a análise das

entrevistas em função dos seguintes aspectos: aquisições e criação de valor; tomada de

decisão; processo de integração; e gerenciamento da aquisição.

4.2.1.1. AQUISIÇÕES E CRIAÇÃO DE VALOR

Foi possível identificar o conceito de criação de valor através das aquisições para os

gestores envolvidos. Segundo a maioria dos entrevistados, houve uma série de

motivações para que a aquisição ocorresse. São elas:

Abertura de mercado: Até o início da década de 90, o mercado era controlado

pelo governo, desde o número de postos até a disposição geográfica das bases

no Brasil. A visão da Ipiranga de que tinha de estar melhor posicionada com a

abertura de mercado, que acabou tardando quase 5 anos para ocorrer, foi o

principal motivador. A expectativa muito forte da desregulamentação do setor foi

fundamental para a intenção de aquisição. Os outros competidores já estavam

bem posicionados e a Ipiranga tinha na época a 4a posição em termos de

116

market-share. Além disso, sabia que dentre todas as grandes distribuidoras ela

detinha a mais vulnerável situação no mercado brasileiro. Seus grandes

competidores eram internacionais, à exceção da BR (distribuidora da Petrobrás),

e tinham um percentual baixo de seus negócios no Brasil em termos de

investimentos – segundo um dos entrevistados a Shell tinha 2% do seu

resultado no Brasil, a Esso cerca de 0,5%, a Texaco devia ter de 15% a 20%.

Sendo assim, a Ipiranga tinha conhecimento de sua maior vulnerabilidade frente

a uma inevitável desregulamentação.

Complementaridade: o mercado da Atlantic como um todo abrangia as capitais

do estado, grandes cidades, e cidades de litoral. Já a Ipiranga estava mais

voltada para o mercado interior, ou seja, mercado rodovia, mercado de centro-

oeste, etc. Com uma aquisição haveria complementaridade praticamente

integral.

Fator psicológico: tornou-se um fator quase emocional o desejo de comprar a

Atlantic, dada a tentativa fracassada no passado e o ímpeto por crescimento

através de aquisição.

Crescimento: ou seja, o desejo de aumentar de tamanho, pela sua própria

limitação. A Ipiranga cresceu muito rápido em termos de receita e abrangência,

então, como lembrou um dos entrevistados “em um determinado momento ela

bateu no teto do negócio”. Ela teve uma estratégia de crescimento nos lugares

onde o terreno era mais barato. Outro entrevistado lembra que “E aí quando ela

ganhou, vamos dizer assim, o tamanho nacional, ela começa a esbarrar nas

próprias limitações do mercado. Esse é um mercado sempre muito difícil de

você mexer” somente com crescimento sem aquisição. “Olha só, que beleza, a

gente cresceu para o interior com o desenvolvimento da fronteira agrícola, mas

de agora para frente não tá dando.... e ela sente isso, até começa a se

diversificar,...... , por sentir que tem dificuldade em crescer no segmento de

distribuição”. Já outro entrevistado ratifica a situação da época: “A Ipiranga

sempre teve uma alucinação para comprar uma outra empresa. Por que isso?

Uma razão muito simples, depois de uma onda, que aconteceu nos anos 90, né,

final de 80 - 90, que todas empresas estavam comprando as outras para ganhar,

117

para melhorar custo (...). Nós tínhamos uma definição, primeiro: você não

crescia no mercado investindo. Não tinha como! Porque os preços eram muito

grandes (...). Então cada vez que você fazia um investimento grande num ano,

os outros viam, faziam o mesmo investimento no ano seguinte, três ou quatro”.

Dado que se diluía todo investimento, era fundamental um esforço mais forte e

concentrado.

Política de preços - pricing: No início da década de 90 as empresas eram iguais,

pois não havia nenhum movimento de logística que se pudesse fazer para

ganhar em relação ao concorrente. Os preços eram unificados em todo o Brasil

e o governo determinava onde se instalar uma base. A partir do processo de

abertura, a logística passou a ser um diferencial competitivo. E ter eficiência

operacional, com liderança em custos seria fundamental. A sinergia potencial

que existia entre as duas ratificava essa questão, pois uma logística adequada

garantiria uma política de preços mais agressiva. “Então, naquele momento da

aquisição, a Atlantic era igual à Ipiranga. A não ser por alguma ação isolada,

uma ação ou outra (...) a Ipiranga estava num processo de dependência

operacional”. À medida que o mercado foi abrindo, “aí teve de haver uma

diferenciação, porque cada uma procurou o seu caminho”.

4.2.1.2. TOMADA DE DECISÃO

O processo de tomada de decisão será detalhado na tabela da análise. Ele esteve

diretamente relacionado aos objetivos da aquisição da Atlantic. Os principais objetivos

com a aquisição foram relacionados à questão de sobrevivência como grande

companhia e forte player no mercado de petróleo brasileiro.

Sendo assim, quando abordado o processo sob o ponto de vista de causa ou finalidade,

ou seja, a aquisição da Atlantic “por causa” da concorrência ou “a fim de” garantir a

liderança no mercado, o processo visou simultaneamente a consolidação da marca

Ipiranga no mercado nas capitais (a fim de), mas também decorreu da situação de

concorrência e possível desregulamentação (por causa de), “que tornava fundamental a

aquisição de uma empresa”. As duas razões – produtiva e defensiva – podem ser

ratificadas em citações nas entrevistas, caracterizando o processo como híbrido:

118

Como objetivo de ganho de escala - produtiva: “nós temos de ganhar volume

para poder competir. A opção foi essa, certamente. E como eu te falei, pela

complementariedade das duas empresas. A confusão no mercado ela foi muito

menor... a fusão ela, no ponto de vista de mercado, ela teve uma sinergia maior,

por isso até os volumes efetivamente se somaram e não se dividiram. Então

acho que a aquisição foi com o objetivo de criar escala mesmo. Criar escala

para competir. Porque naquele momento a gente já tinha tido, já estava em

processo de abertura do mercado. E a gente sabia que quem não tivesse escala

não ia poder competir.”, ratificando a busca de produtividade nas operações e

nos negócios que possuía.

Com a motivação de sobrevivência, dada a acirrada competitividade – defensiva:

“para sobrevivermos num mercado livre, que a gente esperava que acontecesse

antes do que aconteceu, nós tínhamos que ter uma escala maior” Ou seja, de

sair de um patamar de média, de 4a ou 5a empresa no mercado para 2a ou 1a

em alguns locais e negócios, dado que com a desregulamentação do mercado,

a 4a ou 5a posição que possuíam naquele momento poderia se transformar em

última e levá-los a extinção a médio prazo.

Há também de se mencionar que houve um objetivo intrínseco de crescer –

podendo ser considerado como motivação nula: “Crescer como organização.

Não crescer como negócio só, mas crescer como organização, em termos de

empresa como um todo”. Isso retrata o interesse da Ipiranga em estar se

aperfeiçoando, se expandindo como empresa.

4.2.1.2.1. Justificativa da Aquisição A fim de desenvolver a justificativa da aquisição, os envolvidos no processo adotaram

algumas premissas. A primeira premissa adotada foi o desenvolvimento de um estudo

de avaliação do negócio, pois “nós não compramos a empresa pensando em ativos”.

119

A partir daí considerou-se: “o que que tem mais valor nesse negócio... era o número de

postos, quanto a Atlantic vendia para esses postos e que tipo de relacionamento a

Atlantic mantinha com esses postos”.

Por outro lado, toda a preparação dessa justificativa teria de ser feita com base em

projeções internas do que seria a Atlantic. As únicas informações que se possuía

naquele momento eram a quantidade de postos da Atlantic e o throughput médio, ou

seja, o rendimento médio de cada um deles.

Havia um aspecto positivo em toda essa avaliação: como o setor de petróleo era

completamente regulamentado, as empresas tinham a obrigatoriedade de enviar ao na

época Departamento Nacional de Combustíveis – DNC – uma série de informações

relacionadas ao segmento e “com base nessas informações a gente conseguia inferir

algumas coisas sobre a Atlantic sob o ponto de vista de custo, sob o ponto de vista de

volume, de distribuição desse volume pelo país”. Sendo assim, com algumas

informações de domínio público era possível traçar premissas mais coerentes com a

realidade de mercado.

Explica-se: dado um fornecedor único – Petrobrás – o preço era do fornecedor e a

Ipiranga também adquiria pelo mesmo valor (preço de compra igual). Além do preço de

compra, a margem era ressarcitiva, ou seja, também igual à da Ipiranga. Com relação

aos volumes de venda e estrutura de custos obtinha-se via DNC. A única informação

que não se tinha no momento era “a parte do relacionamento comercial com o cliente,

que é prazo e financiamento”. Essa, segundo os entrevistados, era a margem de

manobra na ocasião.

A questão da falta de informações sobre o relacionamento comercial era sensivelmente

importante. O risco era medido pela falta de conhecimento sobre o nível de exposição

da rede Atlantic, ou seja, não havia informações sobre o tipo de relacionamento entre o

distribuidor Atlantic e o revendedor dono do posto dessa bandeira. A Ipiranga não tinha

como saber se esses postos estavam ou não cobertos por contrato, e essas

informações certamente afetariam o negócio Ipiranga após uma possível aquisição.

120

De posse das informações de preço de compra do fornecedor, margem e volumes

vendidos, a Ipiranga desenvolveu, então, uma curva de custos: custo unitário em função

do tamanho da empresa. Assim sendo, havia um alvo para os ganhos de escala de

forma a melhorar a posição da Ipiranga na curva pois, segundo um entrevistado, os

ganhos de escala seriam muito “significativos porque a infra-estrutura administrativa é

absolutamente a mesma” e, como disse outro, como conseqüência, “ter uma estrutura

meio semelhante para vender o dobro de produtos”.

Dessa forma, o Grupo do Projeto Med, destinado ao estudo e análise para a tomada de

decisão, chegou a uma avaliação de US$ 260 M. Por outro lado, segundo os mesmos,

“ela representava para a Ipiranga uma agregação de valor, no sentido que a gente tinha

ganhos de sinergia em função da escala, que nos permitiria ir até US$ 350 M”.

A Ipiranga aproveitou a situação desenvolvendo um estudo com base nesse contexto

de mercado que se tinha na época: margens ressarcitivas e regulamentadas, num

cenário de alta inflação, a probabilidade de ganhos a Ipiranga via financiamentos

concedidos ao cliente “não era via descontos, via preço, era via o financiamento que a

gente concedia”. Todos esses foram fatores que impulsionaram e confirmaram o

potencial de crescimento e valor que se teria frente a uma aquisição de outra empresa

do mesmo segmento, tamanho semelhante e em um mesmo cenário político-

econômico.

Em termos de resultado operacional, as receitas tinham paridade com o dólar. Dessa

forma, uma aquisição com o suporte de instituições financeiras resguardaria a dívida em

proporções de unidades monetárias semelhantes. Isso posto que, no contexto da URV ,

o Brasil tinha paridade cambial – cenário extremamente favorável – e um financiamento

atrelado a moeda norte-americana não seria um grande problema em termos de

correção monetária.

Detalhando o fator logística, alguns aspectos foram avaliados. Conforme mencionado,

antes da abertura de mercado, a logística praticamente inexistia. A logística era feita

pelo governo, “porque determinavam onde as empresas tinham que colocar as suas

bases. Todas as bases tinham “preços” iguais. Os pontos mais longínquos do país eram

subsidiados. Havia um sistema de ressarcimento desses fretes”. O governo

121

determinava o local das bases, mas não qual empresa teria de colocar a base nesse

local. Ou seja, a decisão seria da própria distribuidora, se fosse de sua conveniência

instalar a base.

Com o processo de abertura do mercado, os subsídios do governo começaram a se

reduzir. Dessa forma, o trabalho de logística se tornou mais intenso “na medida em que

você tinha que chegar ao interior ao menor custo possível”. E esse menor custo

possível incluía o fato de você ter que analisar se aquela sua base num determinado

ponto era viável ou não do ponto de vista econômico-financeiro. Sendo assim, o novo

fator – a viabilidade econômico-financeira das bases operacionais sem subsídios – teve

de ser incluído na análise.

Para tornar a análise do valor da empresa, em termos de negócio, mais completa foi

necessário definir um nível mínimo de market-share que garantisse que a Ipiranga fosse

sempre competitiva. A partir daí definiram como 20% de mercado esse valor mínimo.

Segundo a entrevista, o número chegou através de uma comparação de custos

unitários e abrangência nacional. “20% além de ser competitivo seria um market-share

que se tudo desse errado, e como a gente não tem refinaria, (...) nós seríamos sempre

muito procurados para qualquer empresa que tivesse produção e refino (...) Que

quisesse entrar no Brasil, quisesse vender para o Brasil. 20% seria sempre, vamos

dizer assim, um objeto de desejo, e esse era o ‘x’ da questão”.

4.2.1.3. PROCESSO DE INTEGRAÇÃO

A Ipiranga quando adquiriu a Atlantic tinha a noção de que não estaria apenas

adquirindo milhares de postos de gasolina, dezenas de bases de distribuição, e frota de

veículos. Segundo os entrevistados, ela tinha a idéia de que havia comprado uma

empresa que “na visão dela era uma empresa de bons resultados”. Sendo assim, ela

teve uma preocupação de conhecer quais eram as práticas que existiam em cada área

dentro da organização.

A integração da Atlantic à Ipiranga pode ser considerado um processo “absolutamente

sem trauma”. Alguns consideraram um pouco lento, mas todos em sua essência

confirmaram ter sido essa uma vantagem para os funcionários, que passaram por um

122

processo brando e planejado: “nós nos preparamos muito para pegar essa obra, pra

incorporar a Atlantic”

A Ipiranga implementou uma estratégia de integração coerente com o seu discurso. A

Ipiranga optou por um processo de integração e não de compra de aquisição, “embora

tivesse sido aquisição, a gente optou por um processo de integração.” O processo de

integração, segundo o planejamento da Ipiranga, era considerado um processo mais

custoso, porém, que a médio prazo, daria um retorno muito maior: “se você pega uma

empresa e você simplesmente passa uma borracha, você perde muita coisa”.

A integração da Atlantic foi preparada internamente, com grande participação do time

do Projeto Med e implementada pelos próprios funcionários, da Ipiranga e Atlantic.

No primeiro ano, em 1994, a Ipiranga continuou em São Cristóvão, na Matriz, e a

Atlantic em sua sede na Praia do Flamengo. O objetivo nessa época era que os

processos de cada área fossem analisados e que fosse selecionado o que havia de

melhor em cada um. Para tal, foram criados Grupos de Trabalho. Cada Grupo de

Trabalho analisava: qual era a política, qual era a prática da Ipiranga naquele momento

utilizado. Esses grupos se reuniam e discutiam as práticas, políticas, o estado de

tradições de cada uma das empresas. “Esse grupo tinha autonomia de analisar as duas

práticas e propor a que o grupo achasse que era melhor”. O sucesso de mesclar e

buscar as melhores práticas das duas empresas para a nova Ipiranga era o principal

objetivo da integração.

Numa etapa inicial cada Grupo era orientado e aculturado a manter tudo, ou seja, a

continuar trabalhando da mesma maneira como se fazia na antiga sede da Atlantic e o

mesmo para a Ipiranga, com todos os processos funcionando. Não havia uma

orientação do Grupo no sentido de dizer: “Olha, vocês vão lá, vão dizer o que é melhor

e agora, vamos fazer o mais enxuta possível...., nesse sentido, não...”.

Por outro lado, não houve nenhum time de trabalho que tenha sido montado nesse

momento somente para estar interligando todas as áreas da empresa. Isso foi

executado somente pelos diretores...

123

No final de 1995, houve a criação de uma estrutura única, ou seja, um diretor, um

superintendente, etc. Aí, já com as políticas e práticas definidas e aprovadas começou-

se efetivamente o trabalho de integração das áreas.

Conforme já mencionado, não houve praticamente nenhuma demissão num primeiro

momento após a aquisição e, dessa maneira, tiveram problemas de layout no prédio da

CBPI para comportar o dobro das pessoas e áreas que estavam lá.

O processo de transição, assim, foi ocorrendo em paralelo ao dia-a-dia das 2 empresas,

instaladas então no mesmo local físico. Dessa forma, as operações de ambas

continuaram existindo de maneira independente por quase 1 ano. Ambas atuando

simultaneamente em duas frentes: tocar o dia a dia – independente de suas respectivas

empresas, nas suas áreas e participar dos grupos de trabalho: “Tanto que num primeiro

momento, que a gente traz a Atlantic pra cá, né, em 95, isso aqui se transforma num

...... risos..... aquela confusão, né.... risos... não tinha nem onde sentar, né... (...) Isso

aqui somado acho que devia dar uns 3.700 funcionários. Era uma coisa de louco.”

Conforme mencionaram: “Não foi rápido, é primeiro de janeiro junta tudo, junta, não.

Primeiro a partir de 95 algum tempo ainda, mesmo com estrutura ainda, algumas coisas

continuaram na Praia do Flamengo meio-a-meio lá e outras aqui. Eu digo a você que

foram gradativamente se aproximando”.

Num segundo momento, começa um trabalho de otimização que a princípio vai até bem

rápido, “... a gente consegue um bom resultado, mas num determinado momento dá

uma ‘travada’, porque aí as pessoas elas têm dificuldades, né, de imaginar que não tem

nada cinzento, de que a sua área tem que cortar a parte cinzenta... todo mundo sempre

acha, é natural isso, que a área do outro é que tem que tirar o cinza,.. A partir daí se

inicia o trabalho interno de otimização de processos“.

Apenas em janeiro de 1995 saiu o primeiro modelo de estrutura. Ao longo de 1995, a

estrutura começou a ser implementada, as pessoas e as áreas começaram a ser

integradas.

124

Nessa fase um programa de demissão não voluntária foi desenvolvido. Apesar disso, o

Plano de Demissão, como já mencionado anteriormente, considerou bastante o lado

humano. Segundo a maioria dos entrevistados, o primeiro número de pessoas “o

primeiro “grosso”, vamos (...) na verdade acontece até naturalmente”. Isso é natural em

qualquer processo de otimização.

O trabalho de integração foi executado pela área financeira, em conjunto com as outras

áreas. É importante destacar o papel da Diretoria e do Superintendente, que foram os

grandes patrocinadores desse processo de otimização. Apesar da área financeira à

frente do processo, não houve nenhum time de trabalho que tenha sido montado aí

somente para estar interligando todas as áreas da empresa, isso partiu somente dos

diretores.

4.2.1.3.1. Logística Com o processo de abertura de mercado após a aquisição, a Ipiranga tem uma

presença no mercado como um todo de uma forma muito mais homogênea do que

tinha, e com uma logística muito mais racional.

Cabe ressaltar que o processo de integração da logística e áreas operacionais da

Atlantic com a Ipiranga ocorreu em paralelo ao processo de abertura do mercado e,

assim sendo, podendo aproveitar o potencial de mudanças que deveriam ocorrer com a

desregulamentação. Ou seja, a integração da logística conseguiu avaliar o processo

sob dois pontos de vista: “de fusão interna, de integração interna. (...) também olhando

a parte externa, quer dizer, o que que está acontecendo? E o que que vai acontecer?”

Frente ao cenário apresentado, e no início da década, mesmo antes da aquisição, ela

buscou adquirir expertise. A Ipiranga tinha a consciência de que, juntamente com a BR

Distribuidora - Petrobrás – governamental – eram as únicas companhias brasileiras.

Além disso, tinha a consciência de que sendo uma empresa apenas de distribuição e

não possuindo abrangência internacional, precisava de auto-desenvolvimento. As

outras grandes competidoras eram filiais de gigantes internacionais, estabelecidos em

outros países onde o processo de abertura já existia, e já tinham experiência de

mercados abertos.

125

Dessa maneira, a Ipiranga buscou uma integração com a universidade, “patrocinamos

uma cadeira de logística”, de forma a entender e se aproximar do Estado da Arte na

logística. Aliado a isso, fizeram diversas viagens ao exterior para conhecer como as

coisas funcionavam do ponto de vista logístico, do ponto de vista operacional, em

grandes mercados e empresas. Logo, quando ocorreu a compra da Atlantic, a Ipiranga

já estava no processo de aprimoramento e preparada a mudança.

A integração da nova logística foi toda feita internamente, sem nenhuma consultoria e

com funcionários da Atlantic e da Ipiranga.

O processo de integração deu-se por etapas: primeiro escolheram-se aqueles locais em

que a Ipiranga devia efetivamente operar, ou seja, que eram mais rentáveis. E iniciou-se

um processo também de automatização de todas as bases de maior volume, as bases

primárias.

Segundo, passou-se a uma análise nos locais onde coexistiam duas bases, Atlantic e

Ipiranga. O critério de decisão de fechar uma das bases, independente de ser de uma

ou da outra empresa baseou-se em: capacidade operacional e idade da dependência.

“Nós tínhamos que ter um volume duplicado numa das bases. Então nós escolhemos

aquela base que tinha ou a maior capacidade de operação, ou a maior capacidade de

expansão imediata”.

Cabe notar aqui que a integração da logística foi mais rápida do que as outras áreas

porque a Ipiranga não podia ficar atuando, sendo uma empresa só, com duas bases no

mesmo local. Por mais que a coexistência de ambas as marcas e bases num mesmo

local não fosse um problema em termos regulatórios, já que era normal existir um pool

de companhias nas bases, não era operacionalmente interessante. Sendo assim, em no

máximo 1 ano, a questão de fechamento e abertura de bases se resolveu.

Com relação a comunicação à área de Operações, houve um comunicado da aquisição

por parte da Ipiranga e simultaneamente foram visitando as bases, conversando com as

pessoas. Desenvolveram um processo de integração na matriz, inicialmente a área de

engenharia com a área de compras, verificando quais os processos e sistemas que

126

estavam rodando em cada uma das áreas, e fizeram algumas “forças-tarefa” para poder

estudar determinados aspectos. E assim por diante, “os processos de controle

operacional das bases foram fundidos também com bastante rapidez por causa da

necessidade operacional”.

Com relação ao fornecedor, Petrobrás, não mudou nada porque “na Ipiranga, assim

como na Atlantic, o fornecedor era um dos 5, 6 clientes da Petrobrás em combustível”

naquela época. Sendo assim, continuou a ser um cliente do mesmo nível. Como dobrou

o volume, por conseguinte, o poder de barganha deveria aumentar, porém segundo os

entrevistados “aumentou somente sob certos aspectos”, não esquecendo, também, que

durante esse processo o preço era ainda todo tabelado.

Segundo um dos entrevistados, em termos operacionais, o resultado da integração foi

“eu diria com o maior sucesso, porque nós não desligamos a empresa, nós desligamos

a Atlantic, e saímos faturando a CBPI, tudo isso estava pronto em janeiro, nós não

tivemos, nós não deixamos de atender um cliente”.

4.2.1.3.2.Recursos Humanos A área de Recursos Humanos, como todas as outras, passou pela análise de seus

processos e implementação das melhores práticas. É uma área bastante interessante,

na medida em que lida com toda a parte de pessoal interno das empresas envolvidas.

Sendo assim, simultaneamente ao Grupo de Trabalho de RH, era importante manter a

motivação da nova organização e ratificar os valores e cultura da Ipiranga nesse novo

cenário. Por mais que se saiba que isso deva partir de cada gestor e departamento, a

área de Recursos Humanos tende a ser a referência nesse processo.

É importante destacar que, apesar da Atlantic ser uma multinacional naquele momento,

ela era considerada mais aberta, mais informal em termos de hieraquia funcional, de

exposição ao board. Por outro lado, mesmo sendo familiar e de controle societário

nacional, a Ipiranga era mais fechada, mais hierárquica e um pouco mais formal.

127

Dentro de RH, houve a criação de alguns subgrupos de trabalho, todos eles compostos

somente por pessoas de RH. Cada subgrupo tinha incumbência de analisar as práticas

de treinamento, de planejamento, de recrutamento e seleção, de remuneração de

cargos, salários e benefícios de cada uma das empresas. A partir daí cada subgrupo

recomendava continuar adotando a prática da CBPI, passar a adotar a da Atlantic, ou

ainda mesclando, como uma terceira alternativa. Após cada decisão tomada no

subgrupo, o mesmo apresentava “ao gerente da área, ao diretor, até chegar ao comitê

executivo uma proposta fechada”.

Um diferencial segundo eles, que confirmou o êxito nesse processo da área de recursos

humanos foi a humildade para entender, trabalhar e questionar as políticas lá adotadas

Perguntados se a integração mudou a cultura da Ipiranga, eles confirmam que sim,

apesar de ter feito questão de manter todos os funcionários numa primeira etapa: “ela

não se preocupou de imediato em: não, vou demitir logo metade do pessoal, um terço.

Não! Ela não teve nenhuma preocupação com isso. A preocupação maior dela foi,

primeiro lugar, conhecer as várias tradições”.

Além disso, houve um fator que contribuiu para o processo: a aposentadoria. Grande

parte da Diretoria da Atlantic já estava prestes a se aposentar. Sendo assim, “no último

ano mandaram dois americanos para virem ocupar postos já preocupados com a

sucessão”, dado que a Arco já imaginava que ficariam em caráter temporário. Pelo lado

da Ipiranga, o número de funcionários a se aposentar também era razoável.

A Ipiranga logo após a aquisição, em 1993, tinha 2.700 empregados. Atualmente, quase

10 anos depois, em novembro de 2002, tem quase 1.600. Cabe ressaltar que essa

redução não foi decorrente do processo de integração. Ela foi fruto de uma mudança

que feita nos últimos anos pela “necessidade de especializar mais por área de atuação”.

Com relação às diferentes culturas: multinacional e empresa brasileira: o processo,

como em qualquer outra área, buscou respeitar cada uma delas e adquirir cultura

própria aos poucos no processo. Segundo um entrevistado, a “CBPI tem alguma coisa

dentro dela historicamente, porque ela consegue gerar uma identidade muito forte dos

funcionários”. Outro entrevistado justifica: “Eu acho que a Ipiranga foi uma empresa, eu

128

posso dizer, ela é uma empresa muito transparente. Ela não é uma empresa de usar,

manipular as pessoas, enfim não. Por isso ela tem, os funcionários têm uma identidade

muito forte de trabalho com ela”.

Essa identidade com o Grupo Ipiranga foi também questão crucial no êxito desse

processo. Alguns inclusive lembraram que um facilitador talvez tenha sido a cultura da

Atlantic ser “uma cultura muito mais de empresa brasileira do que de empresa

multinacional”, pois na Arco, “a Atlantic era uma empresinha da Arco”.

4.2.1.3.3. Marketing A integração da área de marketing também foi de especial relevância nesse processo,

dado que envolve a abordagem com o cliente, que é o revendedor do posto.

A estrutura da Atlantic era mais ou menos igual a da Ipiranga. Ela tinha alguns postos

próprios, ou seja, onde ela era dona do terreno e da operação e a maior parte rede de

terceiros, que utilizam sobre o contrato da sua bandeira. Dessa maneira, com a

aquisição, aquele risco, já mencionado, de desconhecimento da estrutura dos postos de

terceiros da Atlantic e de como funcionava esse relacionamento com o revendedor foi

de crucial importância para a nova Ipiranga.

Sendo assim, houve um processo de levantamento de todos esses contratos. Nesse

levantamento, foram obtidas informações detalhadas sobre os principais contratos, em

que estágios estavam, como era a negociação junto ao cliente. Foram priorizados os

maiores e, a partir daí, analisando também os menores.

De acordo com um dos entrevistados, a venda da Atlantic foi “uma certa, vamos dizer

assim, surpresa por parte dos clientes também”.

O processo de relacionamento com clientes imediatamente após a aquisição era

extremamente delicado. O risco de perda, ou seja, deles aproveitarem o momento e sua

insatisfação com a venda da distribuidora para outra para trocar de bandeira na

renovação do contrato (ou até antes dela), era enorme.

129

Um outro aspecto importante nesse processo é o conhecimento desse risco por parte

dos competidores. “Os concorrentes também aproveitam o momento. Mas isso ocorreu

num volume absolutamente irrelevante para essa estrutura”.

A criação de uma marca que atendesse simultaneamente a revendedores Atlantic e

Ipiranga também foi uma preocupação durante estágio mais avançado da integração.

Um plano de ação comercial adotado logo após a aquisição foi a visita de um grupo de

marketing, composto também por diretores e gestores dessa área, que “saiu visitando

todas regiões do Brasil, tendo reuniões com revendedores”. A idéia era estar próximo

do cliente revendedor buscando apresentar a informação e reduzir o impacto da

resistência natural à mudança que eles poderiam ter.

Em 1995, a Ipiranga optou por fazer dois movimentos fortes de marketing. Um deles foi

trocar agência de propaganda. Ao mesmo tempo, a Ipiranga desenvolveu um trabalho

de modificação da imagem, fazendo o lançamento, do primeiro posto com a nova

identidade visual em maio de 1996.

Nessa etapa, veio o desafio da convivência de 3 marcas: a Ipiranga (antiga), a Atlantic e

a nova Ipiranga. Simultaneamente, uma estratégia de marketing foi colocada em

prática, “e aí é que a gente gastou bastante tempo, era: como é que eu vou fazer para

esses caras aderirem a isso aqui? Então fizemos um baita de um lançamento,

trouxemos 400 revendedores do Brasil todo”. Isso porque, na verdade, não era apenas

uma mudança de marca e de imagem. Era uma mudança de conceito de posto, que foi

muito bem planejada de forma a atrair a essa mudança revendedores Ipiranga e

principalmente os Atlantic.

A mensagem era de mudança para todos e através da apresentação desse novo

conceito, que incentivasse o revendedor a comparar o seu posto (velho e ultrapassado)

a um posto bonito, moderno, com o novo conceito, e o tornasse objeto de desejo do

mesmo. A estratégia de mexer com o emocional foi muito interessante, dados os

investimentos requeridos para tal implementação. “O cara tem que, tem que mexer com,

com o íntimo do sujeito, o cara se animar a investir porque era, é muito grana”. Para tal

viabilização, houve, como de costume, um auxílio em termo de financiamento ao

revendedor. Ao mesmo tempo, entre 1996 e 1999, esse financiamento ficou

130

condicionado somente a obras do posto nesse novo conceito. “Mas qual era a razão

disso? A grande maioria das pessoas da empresa, principalmente a área comercial, que

é pressionada lá na ponta de imagem, queria trocar cor, certo. E nós da área de

marketing queríamos trocar o conceito. Para trocar o conceito eu não podia depreciar a

minha nova marca, senão eu não conseguiria adesão por desejo”.

Ao se retornar à questão da mudança no conceito do posto para revendedores Atlantic

e Ipiranga simultaneamente e a razão de não manutenção da marca antiga, cabe

entender que se fosse adotada a marca antiga, a mensagem que a Ipiranga estaria

passando seria a de que somente os revendedores Atlantic teriam de mudar. Ou seja,

dando a entender que eles consideravam a marca da Ipiranga excelente e a da Atlantic

fraca. Segundo um dos entrevistados colocou: “vai dizer para ele que a marca dele é

uma porcaria. Aquilo que ele mais amava nos últimos 20 anos. Para esses caras aqui,

eles iam ser os ganhadores, esses aqui os perdedores. Se nós fizéssemos isso nós

estávamos liquidados”. (...) “Se a gente tivesse escolhido uma dessas, essas duas

antigas aqui, ia ser uma brigalhada que Deus me livre. Talvez tivesse com a metade

dos revendedores. Por isso que nós criamos uma coisa nova, que não era nem esse,

nem esse. Então ninguém se sentiu agredido. Tudo isso porque a gente não queria criar

nem ganhador, nem perdedor. Nós queríamos criar uma coisa nova, que eles fossem

mudando para essa coisa nova.”

Cabe aqui destacar que a aquisição foi um facilitador na mudança de imagem da

Ipiranga, e um acelerador desse processo, dado que ambas as marcas já estavam com

mais de 10 anos e já no momento de serem reavaliadas.

4.2.1.3.4. Finanças Dentro da área de Finanças, um aspecto interessante foi a parte de informações

gerenciais e análise dos resultados, desde tecnologia até processos.

A Atlantic em termos de tecnologia estava muito mais preparada que a Ipiranga, pois

possuía sistemas mais avançados, com suporte e tecnologia da Arco, gigante

multinacional. Por outro lado, as informações geradas eram muito pouco detalhadas, a

131

estrutura do plano de contas por exemplo era muito geral e não era possível para as

áreas analisarem os resultados por cliente, produto, etc.

A Ipiranga, por sua vez tinha uma estrutura de informações e processos financeiros

extremamente detalhados, de fácil entendimento e utilidade para as outras áreas, como

Marketing, por exemplo.

A área de informática, abaixo do leque da Diretoria Financeira foi a mais difícil de ser

integrada, não somente pela questão da tecnologia, mas pelas pessoas e tipo de cultura

de informações fechadas que a Atlantic tinha. Ou seja, um aspecto a ser questionado

aqui nesse processo é o fato de que mesmo aclimatada como brasileira, a Atlantic era

de capital fechado, ela só prestava informações pro Estado e União. Já a Ipiranga era

de capital aberto, e prestava informação sempre para os acionistas e mercado.

Logo, o processo de integração das áreas de Finanças buscou aproveitar a tecnologia

existente na Atlantic, porém com o detalhamento de informações utilizado pela Ipiranga,

de forma a garantir que a informação desenvolvida e estudada seria a mais interessante

para o negócio da nova Ipiranga e possibilitasse tomadas de decisão mais rápidas e

eficazes.

4.2.1.4. GERENCIAMENTO DA AQUISIÇÃO

De forma a garantir que a integração fosse perpetuada, a Ipiranga dedicou parte de

seus esforços no processo de gerenciamento da aquisição, dentre os quais destacam-

se:

Relacionamento com o revendedor: o relacionamento com os postos era

absolutamente regulamentado. Simultaneamente à aquisição veio a

desregulamentação, onde o poder de barganha do revendedor passou a ser

forte - antigamente inexistia: “não tínhamos ação judicial com o posto, não

tínhamos nenhum tipo de inadimplência, porque o que acontecia, o cara não

pagava eu tomava o posto dele”.

132

Processo de conhecimento da empresa adquirida: além da complexidade natural

no entendimento de como se trabalha na outra empresa, há, às vezes, a

dificuldade do acesso a informação devido à resistência natural das pessoas.

Implementação dos novos processos e concomitantemente garantir o

funcionamento do dia-a-dia das empresas

Crença no discurso de integração e não de aquisição: Por mais transparente que

seja, e mesmo ação da Diretoria correspondendo à comunicação feita foi um

desafio provar constantemente que a Ipiranga estava fazendo um processo “não

de fusão, não de compra, mas de integração”, que durou alguns anos

Criação da nova marca e imagem: Além da criação de uma nova marca,

conseguir garantir a adesão de antigos revendedores Ipiranga, Atlantic e de

atrair novos simultaneamente para a nova filosofia de Negócio.

Construção e fortalecimento de uma empresa nacional, com identidade e cultura

fortes, familiar, porém com capacidade operacional de competir de igual para

igual com grandes gigantes multinacionais e de se tornar um forte player.

Conforme mencionado, pelas entrevistas é possível encontrar dados relevantes que

servirão de base para relacionar a pesquisa de campo com a literatura existente. A

partir dessas informações, será desenvolvida, no próximo item, uma relação entre

situação inferida daquele momento e a literatura constante. Com isso, poder-se-á

verificar consistências ou não do processo de tomada de decisão e integração pós-

aquisição à luz da obra de Haspeslagh & Jemison.

133

4.2.2. Relação entre as entrevistas apresentadas e a literatura - Análise da evidência de aderências ou não A partir do método indicado, será aplicada uma tabela, a fim de verificar o alinhamento

de cada item com a literatura. A análise das aderências será feita de duas formas e

apresentada integralmente na tabela a seguir, através da resposta às questões da

segunda coluna – com os dados das entrevistas na última coluna – e com a

comparação entre a conceituação da literatura com as respostas obtidas do item

anterior – com o preenchimento da terceira coluna.

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. Se

ndo

uma

aqui

siçã

o es

trat

égic

a, s

eus

obje

tivos

po

r pa

rte d

a Ip

irang

a re

fletia

m a

tra

nsfe

rênc

ia

das

capa

cita

ções

e n

ão a

pena

s a

com

bina

ção

de

bene

fício

s:

capa

cita

ções

do

s si

stem

as

oper

acio

nais

, das

form

as d

e tra

balh

ar c

entra

lizad

a ou

des

cent

raliz

adam

ente

, do

proc

esso

logí

stic

o da

di

strib

uiçã

o do

co

mbu

stív

el,

da

form

ação

de

pr

eços

, etc

. a)

No

pass

ado,

o g

over

no d

eter

min

ava

onde

se

inst

alar

um

a ba

se.

Em u

m p

rimei

ro m

omen

to,

a aq

uisi

ção

pode

ria s

er v

ista

ape

nas

com

o um

a co

mbi

naçã

o de

ben

efíc

ios,

que

a Ip

irang

a at

uava

for

tem

ente

ond

e a

Atla

ntic

não

atu

ava

e vi

ce-v

ersa

. M

as a

est

raté

gia

era

mai

s am

pla.

A p

artir

do

proc

esso

de

aber

tura

, a lo

gíst

ica

pass

ou a

ser

um

di

fere

ncia

l co

mpe

titiv

o. Q

uem

tiv

esse

as

base

s m

elho

r po

sici

onad

as

(com

part

ilham

ento

de

re

curs

os

oper

acio

nais

) te

ria

o di

fere

ncia

l na

quel

e m

erca

do.

Além

dis

so,

a ca

paci

taçã

o lo

gíst

ica

para

ate

nder

m

ais

efic

azm

ente

ao

s cl

ient

es,

ou

seja

, a

Ex

certo

s #

10,4

5

Exce

rtos

# 2,

3

Ex

certo

s #

2, 3

Exce

rto #

5

10 E

vidê

ncia

s de

scrit

as n

a Ta

bela

de

Exce

rtos,

apr

esen

tada

apó

s es

ta T

abel

a, d

esta

cada

com

o “T

abel

a 5”

.

13

5

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

* C

omo

a aq

uisi

ção

da

Atla

ntic

es

tava

re

laci

onad

a à

estra

tégi

a co

rpor

ativ

a da

Ip

irang

a?

* C

omo

a aq

uisi

ção

de

fato

ge

raria

va

lor?

b) Q

uant

o à

cont

ribui

ção

da a

quis

ição

à e

stra

tégi

a co

rpor

ativ

a da

em

pres

a (H

&J, p

.32-

35)

• Fo

rtale

cim

ento

de

dom

ínio

Exte

nsão

de

dom

ínio

Expl

oraç

ão d

e do

mín

io

c) Q

uant

o à

cont

ribui

ção

da a

quis

ição

à e

stra

tégi

a pa

rticu

lar

do n

egóc

io (H

&J, p

.35-

36)

• Aq

uisi

ção

de u

ma

capa

cita

ção

espe

cífic

a •

Aqui

siçã

o de

um

a “p

lata

form

a”

• Aq

uisi

ção

de u

ma

posi

ção

tran

sfer

ênci

a de

ha

bilid

ades

fu

ncio

nais

e

gere

ncia

is),

tam

bém

se

tradu

zia

pela

form

ação

de

preç

os.

Os

preç

os e

ram

uni

ficad

os e

m t

odo

o Br

asil.

A s

iner

gia

pote

ncia

l qu

e ex

istia

ent

re a

s du

as r

atifi

cava

ess

a qu

estã

o, p

ois

uma

logí

stic

a ad

equa

da g

aran

tiria

um

a po

lític

a de

pre

ços

mai

s ag

ress

iva

b)

A aq

uisi

ção

busc

ou

o fo

rtal

ecim

ento

do

do

mín

io:

o m

erca

do d

a At

lant

ic c

omo

um t

odo

abra

ngia

as

capi

tais

do

esta

do, g

rand

es c

idad

es e

ci

dade

s do

lit

oral

. Já

a

Ipira

nga

esta

va

mai

s vo

ltada

par

a o

mer

cado

inte

rior.

c)

Tra

tou-

se d

e um

a aq

uisi

ção

de p

osiç

ão:

a Ip

irang

a tin

ha a

vis

ão d

e qu

e tin

ha d

e es

tar m

elho

r po

sici

onad

a co

m

a ab

ertu

ra

de

mer

cado

. O

s ou

tros

play

ers

já e

stav

am b

em p

osic

iona

dos

e a

Ipira

nga

tinha

na

époc

a a

4a p

osiç

ão e

m m

arke

t-sh

are.

A I

pira

nga

sabi

a qu

e de

tod

os o

s gr

ande

s co

mpe

tidor

es

ela

detin

ha

a m

ais

vuln

eráv

el

situ

ação

no

mer

cado

bra

sile

iro.

Ela

era

a ún

ica

100%

nac

iona

l. Se

ndo

assi

m,

a Ip

irang

a tin

ha

noçã

o de

sua

mai

or v

ulne

rabi

lidad

e fre

nte

a um

a in

evitá

vel d

esre

gula

men

taçã

o.

Exce

rtos

# 2,

4

Ex

certo

s #

1, 2

Tom

ada

de

Dec

isão

* C

omo

e po

r qu

e a

deci

são

de

aqui

siçã

o da

At

lant

ic

dife

riu

das

outra

s de

cisõ

es d

e in

vest

imen

to

da

Ipira

nga?

O

proc

esso

tra

dici

onal

de

to

mad

a de

de

cisã

o de

um

a aq

uisi

ção

pass

a pe

las

etap

as d

e ob

jetiv

o, b

usca

e a

nális

e,

aval

iaçã

o es

traté

gica

, ava

liaçã

o fin

ance

ira e

neg

ocia

ção.

O p

roce

sso

de d

ecis

ão d

e co

mpr

a ap

rese

ntou

-se

dist

into

de

outra

s de

cisõ

es d

e in

vest

imen

to p

ois

calc

ava-

se

em

uma

aqui

siçã

o es

traté

gica

, ba

sead

a em

um

a ju

stifi

cativ

a nã

o so

men

te d

e fo

rtale

cim

ento

, m

as,

prin

cipa

lmen

te,

de

tra

nsfe

rênc

ia

das

habi

lidad

es

func

iona

is

e ge

renc

iais

ent

re a

s em

pres

as.

Send

o as

sim

, nã

o fa

zia

sent

ido

pens

ar

som

ente

na

ab

orda

gem

Ex

certo

s #

5, 1

2

13

6

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

* Q

uais

fo

ram

os

el

emen

tos

que

just

ifica

vam

de

m

anei

ra

inci

siva

a

impo

rtânc

ia

da

aqui

siçã

o?

* Q

uais

fo

ram

os

pr

inci

pais

pr

oble

mas

no

pr

oces

so

de

tom

ada

de d

ecis

ão

pela

co

mpr

a da

At

lant

ic?

Com

o el

es

afet

aram

o

resu

ltado

da

aq

uisi

ção?

Por

outro

lado

, o p

roce

sso

suge

rido

é m

uito

mai

s ab

rang

ente

qu

e ap

enas

a d

ecis

ão d

e ad

quiri

r ou

não

e de

finiç

ão d

e pr

eço

a se

r pa

go.

Os

auto

res

indi

cam

que

a J

ustif

icat

iva

da

Aqu

isiç

ão c

onte

nha

a de

finiç

ão d

as s

eis

dim

ensõ

es (

H&J

, p.

41-5

0):

a) Q

ualid

ade

da a

valia

ção

estra

tégi

ca (H

&J, p

. 47-

48)

Hou

ve u

ma

estra

tégi

a ló

gica

?

b) V

isão

am

plam

ente

com

parti

lhad

a do

obj

etiv

o da

aqu

isiç

ão

(H&J

, p. 4

8)

Com

o es

sa l

ógic

a fo

i co

mpa

rtilh

ada

com

os

tom

ador

es d

e de

cisã

o ch

ave?

c)

Es

peci

ficaç

ões

deta

lhad

as

das

font

es

de

bene

fício

s e

pote

ncia

is p

robl

emas

pós

-aqu

isiç

ão (H

&J, p

. 49)

H

ouve

a tr

aduç

ão d

etal

hada

des

sa ju

stifi

cativ

a em

term

os d

e be

nefíc

ios

e pr

oble

mas

?

d) C

onsi

dera

ções

pel

as c

ondi

ções

org

aniz

acio

nais

(H

&J,

p.

49)

Com

o fo

ram

ava

liado

s os

pré

-req

uisi

tos

de r

ecur

sos

das

orga

niza

ções

? e)

Per

íodo

de

Impl

emen

taçã

o (H

&J, p

. 49-

50)

Com

o fo

ram

ava

liado

s os

pré

-req

uisi

tos

de te

mpo

?

tradi

cion

al d

e to

mad

a de

dec

isão

. A

just

ifica

tiva

da d

ecis

ão q

ue f

oi b

ase

para

a

tom

ada

de d

ecis

ão d

a Ip

irang

a in

dico

u co

ntem

plar

to

das

as q

uest

ões

abai

xo:

a) H

ouve

qua

lidad

e da

ava

liaçã

o es

trat

égic

a, já

qu

e pa

rtia

do

prin

cipi

o de

qu

e em

m

eio

à de

sreg

ulam

enta

ção

era

nece

ssár

io t

er p

orte

par

a co

mpe

tir fr

ente

às

outra

s di

strib

uido

ras.

b)

A v

isão

foi a

mpl

amen

te c

ompa

rtilh

ada

entre

os

tom

ador

es d

e de

cisã

o da

aqu

isiç

ão.

Todo

s os

en

trevi

stad

os q

ue f

izer

am p

arte

do

“Pro

jeto

Med

” in

dica

ram

as

m

esm

as

just

ifica

tivas

pa

ra

a aq

uisi

ção

c) P

elas

ent

revi

stas

, pôd

e-se

obs

erva

r um

a vi

são

mui

to n

ítida

das

font

es d

e be

nefíc

io. N

o en

tant

o,

os p

robl

emas

não

fora

m a

bord

ados

na

entre

vist

a,

o qu

e nã

o se

tra

duz

pela

fal

ta d

e es

peci

ficaç

ões

deta

lhad

as d

os m

esm

os,

mas

sim

a a

usên

cia

do

item

nas

ent

revi

stas

, na

eta

pa d

e To

mad

a de

D

ecis

ão

d) N

a to

mad

a de

dec

isão

, hou

ve o

pla

neja

men

to

dos

grup

os d

e tr

abal

ho q

ue d

esen

volv

eria

m o

pr

oces

so d

e in

tegr

ação

e d

e gr

ande

pre

ocup

ação

co

m o

con

heci

men

to d

a cu

ltura

da

empr

esa

que

seria

adq

urid

a. P

orém

, a

ques

tão

das

dife

renç

as

cultu

rais

pa

rece

u te

r si

do

sube

stim

ada

no

mom

ento

da

tom

ada

de d

ecis

ão

e) O

per

íodo

ent

re a

Tom

ada

de D

ecis

ão e

a

com

pra

foi

rela

tivam

ente

cu

rto,

talv

ez

pela

ex

periê

ncia

pré

via

dos

envo

lvid

os. N

o en

tant

o, a

s

Ex

certo

s #

6, 7

, 8,

9, 1

2, 1

6, 1

7

Exce

rtos

#6, 7

, 8,

9, 1

0, 1

2, 1

3,

16, 1

7, 1

8, 1

9,

Ex

certo

s #

6, 1

1,

12, 1

4, 1

6, 2

0,

49, 5

1

Exce

rtos

# 7,

8,

9, 1

0, 1

2, 1

3, 1

6,

17, 1

9, 2

0

Exce

rtos

# 6,

14,

15

, 20

Ex

certo

# 2

1

13

7

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

* Q

uais

as

al

tern

ativ

as

a Ip

irang

a te

ve

na

tom

ada

de d

ecis

ão

pela

aq

uisi

ção

da

Atla

ntic

? *

De

que

man

eira

a

expe

riênc

ia

do

pass

ado

(aqu

isiç

ão

da G

ulf,

déca

da d

e 60

) in

fluen

ciou

o

proc

esso

de

To

mad

a de

Dec

isão

de

aq

uisi

ção

da

Atla

ntic

?

f) Pr

eço

Máx

imo

(H&J

, p. 5

0)

Em te

rmos

de

Estil

o de

Alo

caçã

o de

Rec

urso

s, o

s au

tore

s su

gere

m q

ue u

ma

empr

esa

bem

est

rutu

rada

(“ro

bust

a”)

em

proc

esso

s de

Tom

ada

de D

ecis

ão te

nha

(H&J

, p.6

9-77

): g)

Hor

izon

te d

e te

mpo

ger

enci

al lo

ngo

(H&J

, p.7

0-71

) h)

Com

petiç

ão b

asea

da e

m c

apac

itaçõ

es (H

&J, p

.71-

72)

i) Al

to e

nvol

vim

ento

da

alta

dire

ção

(H&J

, p.7

2-73

) j)

Base

ana

lític

a pa

ra to

mad

a de

dec

isão

(H&J

, p.7

3-74

)

evid

ênci

as

indi

cam

qu

e o

plan

ejam

ento

at

é a

tom

ada

de

deci

são

duro

u um

an

o,

tem

po

supo

stam

ente

su

ficie

nte

para

um

a an

ális

e ca

utel

osa

e de

qua

lidad

e.

f) Fo

i es

tabe

leci

do u

m p

reço

máx

imo,

ond

e se

id

entif

icou

es

se

limite

em

fu

nção

de

ris

cos

e

pote

ncia

is b

enef

ício

s C

om r

elaç

ão a

o es

tilo

de a

loca

ção

de r

ecur

sos,

a

empr

esa

dem

onst

rou

ser

bem

es

trutu

rada

(r

obus

ta),

pois

: g)

A I

pira

nga

apre

sent

ou h

oriz

onte

de

tem

po

rela

tivam

ente

lon

go,

já q

ue d

esde

a c

onst

ituiç

ão

do P

roje

to M

ed a

té o

mom

ento

da

tom

ada

de

deci

são

foi d

e qu

ase

um a

no.

h)

Não

fo

i ap

enas

um

a aq

uisi

ção

de

ganh

os

finan

ceiro

s di

reto

s, m

as t

ambé

m e

ssa

alte

rnat

iva

era

base

ada

nas

capa

cita

ções

que

a A

tlant

ic ti

nha

(abr

angê

ncia

ge

ográ

fica

com

plem

enta

r*,

dife

rent

es p

roce

ssos

de

traba

lho*

*),

expl

icita

ndo

uma

com

petiç

ão b

asea

da e

m c

apac

itaçõ

es.

i) H

ouve

alto

env

olvi

men

to d

a al

ta d

ireçã

o em

to

das

as e

tapa

s da

tom

ada

de d

ecis

ão.

j) U

tiliz

ou-s

e ba

se a

nalít

ica,

int

erna

e e

xter

na,

para

a to

mad

a de

dec

isão

. Ess

a ba

se a

dvei

o da

ex

periê

ncia

do

pass

ado,

na

aqui

siçã

o da

Gul

f e

com

a t

enta

tiva

frust

ada

de c

ompr

a da

Atla

ntic

an

os

ante

s,

onde

o ba

stav

a ap

enas

o

conh

ecim

ento

do

s nú

mer

os

de

mer

cado

e

o ob

jetiv

o co

nsen

sual

a s

er a

tingi

do,

mas

tam

bém

qu

e a

mel

hor

form

a de

se

cond

uzir

o pr

oces

so,

Ex

certo

# 7

Exce

rto #

21

*E

xcer

tos

#3, 5

, 7,

8, 1

2, 1

6, 1

7

**Ex

certo

s 33

, 45

Ex

certo

s #6

, 11,

20

, 51

Ex

certo

s #

6, 7

, 8,

9, 1

0, 1

2, 1

7,

18, 1

9, 2

0, 4

9

13

8

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

k) N

atur

eza

de to

mad

a de

dec

isão

bas

eada

em

con

sens

o do

s ge

stor

es e

nvol

vido

s (H

&J, p

.74-

75)

desd

e a

com

unic

ação

até

a in

tegr

ação

. k)

A

natu

reza

de

deci

são

de

acor

do

com

a

entre

vist

a te

ndeu

a s

er c

onse

nsua

l, vi

sto

que

envo

lveu

um

tim

e de

ci

nco

para

a

anál

ise

e de

cisã

o do

pro

cess

o de

aqu

isiç

ão.

Ex

certo

s #6

, 14,

20

Proc

esso

de

In

tegr

ação

* O

qu

e oc

orre

u du

rant

e a

inte

graç

ão

pós-

aqui

siçã

o?

* Q

uais

fo

ram

os

el

emen

tos-

chav

e pa

ra

a cr

iaçã

o de

um

a at

mos

fera

de

tra

nsfe

rênc

ia

de

conh

ecim

ento

da

At

lant

ic a

Ipira

nga

e vi

ce-v

ersa

?

O p

roce

sso

de i

nteg

raçã

o te

m p

apel

mui

to i

mpo

rtant

e no

co

ntex

to d

as a

quis

içõe

s. O

val

or d

as i

nteg

raçõ

es s

omen

te

pode

se

r cr

iado

a

parti

r do

mom

ento

em

qu

e as

du

as

empr

esas

com

eçam

a tr

abal

har

junt

as e

m fu

nção

do

obje

tivo

da a

quis

ição

(H&J

, p.1

05).

A

inte

graç

ão

pode

se

r m

elho

r en

tend

ida

e de

senv

olvi

da

deco

mpo

ndo-

a em

um

a sé

rie d

e in

tera

ções

, ou

ele

men

tos-

chav

e, q

ue c

riam

a a

tmos

fera

par

a qu

e a

trans

ferê

ncia

das

ca

paci

taçõ

es o

corr

a se

gund

o o

obje

tivo

espe

rado

. Os

auto

res

suge

rem

que

dev

a se

r da

da a

tenç

ão a

os t

rês

aspe

ctos

a

segu

ir (H

&J, p

.106

-121

): a)

Tra

nsfe

rênc

ia d

as C

apac

itaçõ

es E

stra

tégi

cas

(H&J

, p.1

07-

110)

• C

ompa

rtilh

amen

to d

e re

curs

os o

pera

cion

ais

• Tr

ansf

erên

cia

de h

abilid

ades

func

iona

is

• Tr

ansf

erên

cia

de h

abilid

ades

ger

enci

ais

• C

ombi

naçã

o de

ben

efíc

ios

b) A

tmos

fera

(H&J

, p.1

10-1

17)

• C

onhe

cim

ento

/

ente

ndim

ento

re

cípr

oco

da

orga

niza

ção

• D

ispo

siçã

o pa

ra tr

abal

ho in

tegr

ado

• C

apac

idad

e de

tran

sfer

ir e

rece

ber a

cap

acita

ção

• R

ecur

sos

alte

rnat

ivos

Ente

ndim

ento

de

caus

a e

efei

to d

os b

enef

ício

s

Dur

ante

o

proc

esso

de

in

tegr

ação

, fo

ram

de

dica

das

aten

ções

aos

asp

ecto

s a

segu

ir:

a) T

rans

ferê

ncia

das

cap

acita

ções

est

raté

gica

s at

ravé

s de

re

curs

os

oper

acio

nais

(b

ases

di

strib

uido

ras)

, e

conh

ecim

ento

das

hab

ilidad

es

func

iona

is

e ge

renc

iais

, al

ém

da

imed

iata

co

mbi

naçã

o de

ben

efíc

ios.

Pod

e-se

obs

erva

r a

trans

ferê

ncia

da

s ca

paci

taçõ

es

com

a

opor

tuni

dade

de

co

nhec

er

natu

ralm

ente

os

pr

oces

sos

da o

utra

em

pres

a, i

ndep

ende

nte

dela

se

r a a

dqui

rent

e ou

a a

dqui

rida.

b)

A a

tmos

fera

ond

e se

pro

cede

u a

inte

graç

ão

teve

su

cess

o,

pois

, lo

go

após

an

unci

ada

a aq

uisi

ção,

en

volv

eu

e co

mun

icou

as

pr

óxim

as

etap

as a

tod

os,

inde

pend

ente

da

empr

esa

a qu

e pe

rtenc

iam

, e

alin

hou

conh

ecim

ento

da

co

rpor

ação

. Pa

rece

u te

r cr

iado

um

am

bien

te

prep

arad

o à

troca

de

capa

cita

ções

, po

is a

lém

de

Ex

certo

s #2

2 a

63

Exce

rtos

#25,

32

, 33,

39,

41,

45

, 46,

47,

55,

56

, 62

Ex

certo

s #2

2,

23, 2

4, 2

5, 2

7,

31, 3

2, 3

6, 3

7,

38, 4

1, 4

3, 4

4,

45, 4

6, 4

7, 4

9,

50, 5

1, 5

2, 5

3,

55, 5

7, 5

8, 5

9,

13

9

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

* Q

uais

os

pr

oble

mas

id

entif

icad

os

dura

nte

a in

tegr

ação

qu

e af

etar

am

ou

dific

ulta

ram

a

cria

ção

de

valo

r no

va e

mpr

esa?

c) In

tera

ções

(H&J

, p.1

17-1

21)

• Su

bsta

ntiv

as

• Ad

min

istra

tivas

Sim

bólic

as

Segu

ndo

suge

rem

as

pe

squi

sas

dos

auto

res,

ap

esar

da

at

ençã

o do

cor

po d

iretiv

o e

anal

ista

s ex

tern

os s

er fo

cada

nos

as

pect

os s

ubst

antiv

os d

a aq

uisi

ção,

o im

pact

o da

s in

tera

ções

ad

min

istra

tivas

e s

imbó

licas

par

a o

êxito

da

aqui

siçã

o de

ve

ser i

gual

men

te im

porta

nte.

Pr

oble

mas

no

Proc

esso

de

Inte

graç

ão

Dur

ante

um

a aq

uisi

ção,

pod

em e

xist

ir di

vers

os p

robl

emas

em

fu

nção

de

seu

proc

esso

de

inte

graç

ão.

Três

pro

cess

os q

ue

dific

ulta

m a

cria

ção

de v

alor

atra

vés

da t

rans

ferê

ncia

das

ca

paci

taçõ

es e

xplic

am g

rand

e pa

rte d

esse

fra

cass

o (H

&J,

p.12

2-13

5)

a) D

eter

min

ism

o: R

eduz

a p

ossi

bilid

ade

de c

riaçã

o de

um

a at

mos

fera

fav

oráv

el a

tra

nsfe

rênc

ia d

as c

apac

itaçõ

es.

Pode

se

r per

cebi

do d

e trê

s fo

rmas

(H&J

, p.1

24-1

29):

atua

rem

no

s gr

upos

de

tra

balh

o,

as

pess

oas

tam

bém

pas

sara

m a

tra

balh

ar n

o m

esm

o lo

cal

físic

o. O

gra

nde

para

doxo

aqu

i foi

a q

uest

ão d

os

recu

rsos

al

tern

ativ

os,

dand

o gr

au

de

“rel

axam

ento

” ao

trab

alho

inde

pend

ente

em

pra

zo

um p

ouco

mai

or d

o qu

e pa

rece

u se

r o

adeq

uado

, se

gund

o pe

rceb

ido

por

algu

mas

ent

revi

stas

. Em

te

rmos

de

caus

a e

efei

to, p

arec

eu q

ue a

Ipira

nga

não

men

suro

u os

efe

itos

de s

e te

r o

dobr

o do

s fu

ncio

nário

s tra

balh

ando

no

mes

mo

loca

l, da

dos

os li

mite

s de

esp

aço

físic

o pa

ra tr

abal

ho. D

e re

sto,

de

mon

stro

u an

alis

ar o

s ef

eito

s de

sua

s de

cisõ

es,

dedi

cand

o pl

anos

dis

tinto

s pa

ra c

ada

unid

ade

de

negó

cio

e, p

rinci

palm

ente

, às

pess

oas.

c)

Em

te

rmos

de

in

tera

ções

, el

as

se

man

ifest

aram

da

s trê

s fo

rmas

: su

bsta

ntiv

as

atra

vés

das

açõe

s do

s gr

upos

de

tra

balh

o;

adm

inis

trativ

as

em

men

or

esca

la,

visa

ndo

resp

eita

r o

func

iona

men

to n

orm

al d

as e

mpr

esas

lo

go a

pós

a aq

uisi

ção;

e s

imbó

licas

, ond

e, a

travé

s de

com

unic

ados

con

stan

tes,

foi

dei

xada

cla

ra a

no

va d

ireçã

o da

org

aniz

ação

e s

tatu

s de

cad

a gr

upo

de tr

abal

ho.

Em t

erm

os d

e pr

oble

mas

enf

rent

ados

, po

dem

se

r des

taca

dos:

a)

O D

eter

min

ism

o se

man

ifest

ou a

travé

s do

ca

ráte

r “b

agun

çado

” de

se

man

tere

m t

odos

os

carg

os p

or u

m l

ongo

tem

po n

o m

esm

o lo

cal

de

60, 6

1, 6

2

Exce

rtos

#6, 2

2,

23, 2

5, 3

1, 3

2,

33, 3

4, 3

8, 4

0,

45, 4

6, 4

7, 4

9,

53, 5

4, 5

5, 6

0,

61

Exce

rtos

#22,

23

, 24,

31,

34,

36

, 37,

38,

39,

14

0

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

• Fa

lso

sens

o de

seg

uran

ça

• Ev

ento

s in

espe

rado

s •

Cic

lo d

e co

nfus

ão e

frus

traçã

o b)

D

estru

ição

de

Va

lor:

Os

indi

vídu

os

redu

zem

se

us

empe

nhos

em

faz

er a

aqu

isiç

ão a

cont

ecer

em

fun

ção

da

mud

ança

na

na

ture

za

de

seus

re

laci

onam

ento

s co

m

a em

pres

a em

que

tra

balh

avam

e d

o gr

au d

e in

certe

zas

que

elas

ger

am n

os v

alor

es e

conô

mic

os e

psí

quic

os d

as p

esso

as

(H&J

, p.1

29-1

32)

c) V

ácuo

na

Lide

ranç

a: A

s po

ssib

ilidad

es d

e cr

iaçã

o da

at

mos

fera

par

a a

inte

graç

ão t

orna

m-s

e lim

itada

s, a

men

os

que

seja

m d

ados

su

porte

in

stitu

cion

al

e in

terp

esso

al

em

term

os d

e lid

eran

ça.

Após

a a

quis

ição

, o

proc

esso

aca

ba

send

o de

lega

do

a ge

rent

es

inte

rmed

iário

s,

que

sequ

er

parti

cipa

ram

do

seu

plan

ejam

ento

, e t

êm c

omo

desa

fio fa

zer

com

que

as

empr

esas

uni

das

func

ione

m d

e ac

ordo

com

as

expe

ctat

ivas

da

aqui

siçã

o (H

&J, p

.132

-135

) D

imen

sões

da

Aqu

isiç

ão n

a In

tegr

ação

H

á du

as d

imen

sões

que

aux

iliam

na

esco

lha

da a

bord

agem

da

int

egra

ção:

sua

rel

ação

com

a e

mpr

esa

adqu

irida

e a

fo

rma

com

o se

esp

era

a cr

iaçã

o de

val

or:

a) N

eces

sida

de d

e In

terd

epen

dênc

ia E

stra

tégi

ca (H

&J, p

.139

-14

2)

Com

parti

lham

ento

de

recu

rsos

ope

raci

onai

s: o

val

or

é cr

iado

atra

vés

da c

ombi

naçã

o da

s du

as e

ntid

ades

ao

nív

el o

pera

cion

al,

de f

orm

a qu

e pr

atic

amen

te s

e so

brep

onha

m e

as

dupl

icid

ades

sej

am e

limin

adas

Tran

sfer

ênci

a de

ha

bilid

ades

fu

ncio

nais

: po

de

acon

tece

r pel

a tra

nsfe

rênc

ia d

as p

esso

as n

os li

mite

s da

s or

gani

zaçõ

es,

ou

aind

a at

ravé

s do

co

mpa

rtilh

amen

to

de

info

rmaç

ões,

co

nhec

imen

tos

traba

lho,

co

m

espa

ço

limita

do,

mas

ta

mbé

m

iden

tific

aram

ness

e pe

ríodo

mui

tas

poss

ívei

s si

nerg

ias

na fo

rma

de re

aliz

ar o

trab

alho

. b)

Em

ter

mos

de

dest

ruiç

ão d

e va

lor,

fora

m

obse

rvad

as

pequ

enas

e

pont

uais

in

icia

tivas

ne

gativ

as p

or p

arte

de

func

ioná

rios

da e

mpr

esa

adqu

irida

. Seg

undo

ele

s, p

orém

, iss

o nã

o af

etou

a

inte

graç

ão.

c) N

ão s

e ob

serv

ou n

as e

ntre

vist

as u

m v

ácuo

na

lider

ança

na

inte

graç

ão.

Mui

to p

elo

cont

rário

, a

lider

ança

foi i

dent

ifica

da p

elos

ent

revi

stad

os c

omo

pres

ente

e c

ruci

al p

ara

arre

fece

r os

âni

mos

dos

en

volv

idos

e to

rnar

o p

roce

sso

mai

s tra

nspa

rent

e.

a) O

pro

cess

o de

aqu

isiç

ão d

a At

lant

ic c

onte

mpl

ou

uma

anál

ise,

ne

goci

ação

, ve

nda

inte

rna

e um

en

tend

imen

to

de

que

as

empr

esas

, op

eran

do

junt

as,

gera

riam

um

val

or q

ue n

ão o

corr

eria

cas

o nã

o ex

istis

se a

aqu

isiç

ão.

Pode

-se

perc

eber

ta

nto

form

as

de

com

part

ilham

ento

de

re

curs

os

oper

acio

nais

, co

mo

a tr

ansf

erên

cia

de h

abili

dade

s fu

ncio

nais

e

gere

ncia

is, e

até

a c

ombi

naçã

o de

ben

efíc

ios,

to

dos

eles

já m

enci

onad

os n

o ite

m “

Aqui

siçõ

es e

40, 4

1, 4

6, 4

7,

50, 5

3, 5

4, 5

7,

58, 5

9,

Ex

certo

s #2

6,

27, 2

8, 2

9, 3

4,

35, 3

6, 3

7, 4

1,

47, 4

8, 5

0

Exce

rtos

#20,

25

, 51,

52,

62

Ex

certo

s #1

, 2,

3, 5

, 6, 8

, 10,

45

14

1

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

técn

icos

e fu

ncio

nais

ent

re a

s em

pres

as

• Tr

ansf

erên

cia

de

habi

lidad

es

gere

ncia

is:

pode

oc

orre

r pe

lo

envo

lvim

ento

di

reto

na

to

mad

a de

de

cisã

o da

s em

pres

as o

u at

ravé

s da

util

izaç

ão d

e te

cnol

ogia

, co

ncei

tos

e pr

oces

sos

de t

raba

lho

uma

da

outra

de

fo

rma

a m

elho

rar

a su

a at

ivid

ade

oper

acio

nal e

est

raté

gica

Com

bina

ção

de b

enef

ício

s: A

pesa

r de

não

oco

rrer

a

trans

ferê

ncia

de

ca

paci

taçõ

es,

ocor

re

atra

vés

da

gera

ção

de

bene

fício

s ec

onôm

icos

ou

de

ab

rang

ênci

a qu

e po

dem

via

biliz

ar o

utra

s at

ivid

ades

e

acel

erar

o c

resc

imen

to d

a em

pres

a co

nstit

uída

A pe

squi

sa

de

Has

pesl

agh

& Je

mis

on

suge

re

que,

in

depe

nden

te

da

varie

dade

e

quan

tidad

e de

si

nerg

ias

poss

ívei

s,

o im

porta

nte

é re

conh

ecer

um

do

s tip

os

de

trans

ferê

ncia

de

capa

cita

ção

com

o se

ndo

a do

min

ante

na

cria

ção

inic

ial

de

valo

r. É

atra

vés

dela

qu

e se

po

derá

de

term

inar

o g

rau

de in

terd

epen

dênc

ia e

stra

tégi

ca n

eces

sária

pa

ra q

ue o

pro

cess

o de

inte

graç

ão s

eja

bem

con

duzi

do.

b) N

eces

sida

de d

e Au

tono

mia

Org

aniz

acio

nal

(H&J

, p.

142-

145)

A

suge

stão

é q

ue a

aut

onom

ia d

eva

ser

dada

à u

nida

de

adqu

irida

se

a so

brev

ivên

cia

das

capa

cita

ções

est

raté

gica

s na

s qu

ais

a aq

uisi

ção

está

bas

eada

dep

enda

da

pres

erva

ção

da

cultu

ra

orga

niza

cion

al

de

onde

ve

io.

Trad

uzin

do,

o im

porta

nte

não

é o

grau

de

dife

renç

a en

tre a

s cu

ltura

s da

em

pres

a ad

quire

nte

e da

adq

uirid

a, e

sim

“se

a m

anut

ençã

o de

ssas

dife

renç

as a

long

o pr

azo

irá s

ervi

r co

mo

um o

bjet

ivo

útil”

(H&J

, p. 1

44)

Cria

ção

de V

alor

”.

A ne

cess

idad

e de

inte

rdep

endê

ncia

est

raté

gica

oc

orre

u at

ravé

s da

tra

nsfe

rênc

ia d

e pe

ssoa

s, d

a At

lant

ic

e da

Ip

irang

a,

com

parti

lhan

do

e ap

rend

endo

dife

rent

es p

rátic

as e

pro

cedi

men

tos,

co

nhec

imen

tos

técn

icos

ou

func

iona

is,

atra

vés

de

grup

os d

e tra

balh

o qu

e fo

ram

o e

mbr

ião

para

a

form

ação

da

em

pres

a re

sulta

nte.

Al

ém

diss

o,

houv

e ta

mbé

m

a tra

nsfe

rênc

ia

das

prát

icas

op

erac

iona

is,

de

coor

dena

ção

ou

cont

role

da

s at

ivid

ades

. Se

ndo

assi

m,

o pr

oces

so d

e cr

iaçã

o de

val

or n

a in

tegr

ação

pós

-aqu

isiç

ão d

a At

lant

ic in

dica

ter s

ido

dom

inad

o pe

la

tran

sfer

ênci

a de

ha

bilid

ades

fu

ncio

nais

e g

eren

ciai

s, já

que

ela

s fo

ram

o fa

tor

prep

onde

rant

e na

cria

ção

da n

ova

empr

esa

com

pr

atic

amen

te

o do

bro

do

tam

anho

ab

solu

to

e re

lativ

o.

b) Q

uant

o ao

gra

u de

nec

essi

dade

de

auto

nom

ia

orga

niza

cion

al, p

ode-

se d

izer

que

o p

roce

sso

de

inte

graç

ão

foi

bast

ante

gr

adua

l e

cont

ínuo

dem

orou

qu

ase

um

ano

para

as

ár

eas

se

mud

arem

fis

icam

ente

pa

ra

a no

va

empr

esa.

H

ouve

dem

issõ

es, m

as s

egun

do o

bser

vado

, ess

e fo

i um

pro

cess

o se

leçã

o na

tura

l, já

que

mui

tas

pess

oas

se d

eslig

aram

vol

unta

riam

ente

logo

apó

s o

anún

cio

da c

ompr

a. P

or u

m la

do,

foi

dado

um

fo

co

inic

ial

às

capa

cita

ções

es

traté

gica

s qu

e pa

reci

am

impo

rtant

es

de

sere

m

man

tidas

-

conh

ecim

ento

de

sist

emas

, pr

átic

as d

e fin

ança

s in

tern

acio

nais

, log

ístic

a de

inte

riore

s, p

esso

as c

om

dife

rent

es e

xper

iênc

ias

e pr

oces

sos

de t

raba

lho

em d

istri

buiç

ão d

e co

mbu

stív

eis,

etc

– m

as o

pr

oces

so p

arec

eu p

ecar

um

pou

co n

a ex

tens

ão d

o

Ex

certo

s #4

7,

53, 6

2

Exce

rtos

#53,

54

, 55,

56,

62

Ex

certo

s #4

3,

44, 4

6, 4

7, 4

9,

50, 5

3, 5

7, 5

8,

59, 6

1, 6

2, 6

3

14

2

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

* Q

ue

tipo

de

abor

dage

m o

corre

u na

aq

uisi

ção

estu

dada

: ab

sorç

ão,

pres

erva

ção

ou

sim

bios

e?

Tipo

s de

Abo

rdag

em d

a In

tegr

ação

(H&J

, p.1

45-1

54)

Os

tipos

de

abor

dage

m d

a in

tegr

ação

dep

ende

m d

o ní

vel d

e au

tono

mia

org

aniz

acio

nal

dem

anda

da e

da

nece

ssid

ade

de

depe

ndên

cia

recí

proc

a es

traté

gica

(H&J

, p.1

45-1

49):

a) A

bsor

ção

(H&J

, p.1

47-1

48)

São

aque

las

que

poss

uem

al

ta

nece

ssid

ade

de

inte

rdep

endê

ncia

est

raté

gica

, por

ém b

aixo

gra

u de

aut

onom

ia

para

atin

gi-la

. A

inte

graç

ão im

plic

a nu

ma

cons

olid

ação

tot

al

das

oper

açõe

s, c

ultu

ra e

org

aniz

ação

das

dua

s em

pres

as.

b) P

rese

rvaç

ão (H

&J, p

.148

-149

) N

esse

tipo

, há

alta

nec

essi

dade

de

auto

nom

ia o

rgan

izac

iona

l, po

rém

bai

xa in

terd

epen

dênc

ia e

stra

tégi

ca.

c) S

imbi

ose

(H&J

, p.1

49)

Um

pr

oces

so

de

sim

bios

e de

man

da

alto

gr

au

de

inte

rdep

endê

ncia

es

traté

gica

e,

ao

m

esm

o te

mpo

, de

au

tono

mia

org

aniz

acio

nal.

A tra

nsfe

rênc

ia d

as c

apac

itaçõ

es

deve

oc

orre

r, m

as

deve

m

ser

pres

erva

das

em

cont

exto

di

fere

nte

do a

tual

da

empr

esa

adqu

irent

e.

Out

ras

Dim

ensõ

es (H

&J, p

.150

-152

) a)

Qua

lidad

e da

em

pres

a ad

quiri

da (H

&J, p

.150

-151

) A

cond

ição

da

empr

esa

a se

r ad

quiri

da te

nde

a se

r um

fato

r cr

ítico

de

suce

sso

nas

orga

niza

ções

. A q

ualid

ade

da e

mpr

esa

adqu

irida

tem

gra

nde

rela

ção

com

o ê

xito

do

proc

esso

de

aqui

siçã

o.

b) P

orte

das

em

pres

as (H

&J, p

.151

-152

) O

tam

anho

abs

olut

o da

s em

pres

as e

nvol

vida

s na

aqu

isiç

ões

tem

po p

ara

trans

ferê

ncia

de

tais

cap

acita

ções

e

na d

efin

ição

do

mod

elo

final

idea

l. C

om

rela

ção

aos

tipos

de

ab

orda

gem

de

in

tegr

ação

, ob

serv

ou-s

e um

a aq

uisi

ção

de

abso

rção

, de

cer

ta f

orm

a le

nta,

da

Atla

ntic

pel

a Ip

irang

a.

a) A

con

solid

ação

da

Atla

ntic

junt

o a

Ipira

nga

foi

um p

roce

sso

de a

quis

ição

de

abso

rção

, já

que

a al

ta

inte

rdep

endê

ncia

(o

u de

pend

ênci

a re

cípr

oca)

do

ente

ndim

ento

, do

apr

endi

zado

e d

a tra

nsfe

rênc

ia d

as c

apac

itaçõ

es e

ra fa

tor

vita

l par

a a

adiç

ão d

e va

lor

ao p

roce

sso.

Ao

mes

mo

tem

po,

a in

tegr

ação

não

exi

gia

auto

nom

ia o

rgan

izac

iona

l, já

qu

e a

inte

graç

ão

impl

icav

a em

um

a co

nsol

idaç

ão

tota

l da

s op

eraç

ões,

cu

ltura

e

orga

niza

ção

de I

pira

nga

e At

lant

ic.

A Ip

irang

a de

mon

stro

u su

as c

onvi

cçõe

s e

habi

lidad

es p

ara

cons

egui

r ab

sorv

er

o va

lor

espe

rado

da

s ca

paci

taçõ

es

das

duas

em

pres

as

e,

sim

ulta

neam

ente

ap

rese

ntou

cu

idad

o co

m

aspe

ctos

cul

tura

is q

ue p

udes

sem

lim

itar e

difi

culta

r es

sa n

ão a

uton

omia

org

aniz

acio

nal.

a)

Em

term

os

de

qual

idad

e da

em

pres

a ad

quiri

da, a

Atla

ntic

era

um

a em

pres

a sa

udáv

el e

de

boa

per

form

ance

. Is

so e

ra d

e co

nhec

imen

to

prév

io d

a Ip

irang

a.

b) E

m s

e tra

tand

o de

por

te, f

oi u

ma

aqui

siçã

o qu

e do

brou

o t

aman

ho d

a em

pres

a re

sulta

nte,

já q

ue

Ex

certo

s #2

2, 2

3

Exce

rtos

#23,

29

, 33,

45,

46

Ex

certo

s #

7, 1

2,

45

Exce

rtos

#1, 3

, 5,

7, 1

2, 4

5

14

3

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

* D

e qu

e fo

rma

foi

plan

ejad

a e

dese

nvol

vida

a

inte

graç

ão

da

Ipira

nga

/ At

lant

ic

de

form

a a

cons

ider

ar o

tipo

de

aqui

siçã

o?

Qua

is

fora

m

os

fato

res-

chav

e pa

ra

o pr

oces

so

de

inte

graç

ão

cons

ider

ando

o t

ipo

de

aqui

siçã

o oc

orrid

o co

m

a At

lant

ic?

ou d

e su

as d

imen

sões

rel

ativ

as n

o m

erca

do e

m q

ue e

stão

in

serid

as d

eve

ser

cons

ider

ado

no p

lane

jam

ento

e e

xecu

ção

do p

roce

sso

de in

tegr

ação

. R

elaç

ões

entr

e o

Obj

etiv

o da

Aqu

isiç

ão e

a A

bord

agem

(H

&J, p

.152

-154

) a)

Aqu

isiç

ões

de f

orta

leci

men

to d

e do

mín

io te

ndem

a u

tiliz

ar

abor

dage

m d

e ab

sorç

ão (H

&J, p

.152

) b)

Aqu

isiç

ões

de e

xten

são

de d

omín

io p

odem

com

porta

r ab

orda

gens

de

abso

rção

ou

aind

a de

sim

bios

e (H

&J, p

.153

) c)

Aq

uisi

ções

de

ex

plor

ação

de

do

mín

io

norm

alm

ente

de

man

dam

abo

rdag

ens

de p

rese

rvaç

ão (H

&J, p

.154

) D

esaf

ios

da i

nteg

raçã

o em

fun

ção

do t

ipo

de a

quis

ição

(H

&J, p

.157

-164

)

Abs

orçã

oSi

mbi

ose

Pres

erva

ção

Ger

enci

amen

to d

as

Inte

rfac

esG

eren

ciam

ento

da

Tran

siçã

oR

egul

ação

da

"Mem

bran

a"Pr

oteç

ão d

a "F

ront

eira

"

Lide

ranç

a In

stitu

cion

alTr

ansf

erên

cia

da

Inco

rpor

ação

Red

efin

ição

do

Obj

etivo

Rat

ifica

ção

do

Obj

etivo

Ger

enci

amen

to d

as

Expe

ctat

ivas

Pre

dete

rmin

ada

Adap

taçã

oA

pren

diza

do

a)

Ger

enci

amen

to d

as e

xpec

tativ

as (H

&J, p

.157

-162

) N

as a

quis

içõe

s de

abs

orçã

o o

risco

do

dete

rmin

ism

o é

men

os im

porta

nte.

A h

abilid

ade

da e

mpr

esa

dese

nvol

ver u

ma

visã

o pr

é-aq

uisi

ção

em u

m n

egóc

io r

elat

ivam

ente

con

heci

do,

alia

da a

não

nec

essi

dade

de

man

ter

a cu

ltura

orig

inal

da

eram

em

pres

as d

e m

esm

o po

rte e

mar

ket-s

hare

. a)

De

fato

, as

entre

vist

as s

uger

em q

ue p

or te

r sid

o um

a aq

uisi

ção

de a

bsor

ção

o ob

jetiv

o fo

i o

de

fort

alec

imen

to

de

dom

ínio

, co

mpr

ovan

do

o in

ferid

o po

r Has

pesl

agh

& Je

mis

on.

Send

o um

a aq

uisi

ção

de a

bsor

ção,

os

desa

fios

da i

nteg

raçã

o se

rão

obse

rvad

os a

pena

s ne

sse

tipo

de a

quis

ição

. a)

N

a Ip

irang

a,

houv

e um

a ab

orda

gem

be

m

defin

ida

e pl

anej

ada

para

a a

quis

ição

. M

esm

o te

ndo

sido

a in

tegr

ação

pre

viam

ente

pre

para

da e

es

trutu

rada

em

ben

efíc

io d

a no

va e

mpr

esa,

não

se

sent

iu u

ma

queb

ra im

edia

ta d

a cu

ltura

da

Atla

ntic

.

Ex

certo

s #2

, 3,

4, 5

, 13,

16,

17,

45

Ex

certo

s #2

2,

25, 3

0, 3

1, 3

2,

37, 3

8, 4

1, 4

4,

45, 4

6, 4

7, 4

9,

53, 5

4, 5

5, 6

1,

14

4

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

empr

esa

adqu

irida

, po

ssib

ilita

uma

abor

dage

m

pred

eter

min

ada

para

a im

plem

enta

ção.

Aq

uisi

ções

co

m

abor

dage

m

de

sim

bios

e,

em

funç

ão

do

proc

esso

de

ad

apta

ção

das

duas

em

pres

as

envo

lvid

as,

impl

icam

em

at

ençã

o es

peci

al

tant

o a

inte

rdep

endê

ncia

qu

ando

a a

uton

omia

. N

essa

situ

ação

é m

ais

difíc

il pr

ever

qu

ais

são

as h

abilid

ades

úte

is,

com

o se

rão

trans

ferid

as a

s ca

paci

taçõ

es e

qua

is b

enef

ício

s se

rão

dire

tam

ente

adq

uirid

os

com

cad

a em

pres

a.

As a

quis

içõe

s de

pre

serv

ação

ten

dem

a t

er e

ntre

o p

ré-

proc

esso

e a

impl

emen

taçã

o em

si u

ma

natu

reza

evo

lutiv

a,

de

apre

ndiz

ado.

As

ca

paci

taçõ

es

estra

tégi

cas

são

trans

ferid

as a

travé

s do

des

envo

lvim

ento

de

um c

onte

xto

de

busc

a pe

la p

oten

cial

pro

fissi

onal

izaç

ão v

inda

da

empr

esa

adqu

irida

. C

om

isso

, am

plia

-se

o co

nhec

imen

to

sobr

e a

indú

stria

em

que

se

está

e a

pren

de-s

e so

bre

o pa

pel

da

empr

esa

e de

seu

cor

po d

iretiv

o ne

sse

mer

cado

. b)

Lid

eran

ça in

stitu

cion

al (H

&J, p

.162

-163

) A

preo

cupa

ção

com

a li

dera

nça

inst

ituci

onal

nas

aqu

isiç

ões

de

abso

rção

es

rela

cion

ada

com

a

form

a co

mo

será

co

nduz

ida

essa

tra

nsfe

rênc

ia.

Nes

sa s

ituaç

ão,

é ne

cess

ário

qu

e a

lider

ança

da

empr

esa

adqu

irent

e cr

ie c

ondi

ções

pel

as

quai

s os

mem

bros

da

empr

esa

adqu

irida

pod

erão

tra

nsfe

rir

suas

filia

ções

par

a a

empr

esa

com

prad

ora.

Ess

e pr

oces

so

não

pode

ser

feito

de

man

eira

abr

upta

. N

as

aqui

siçõ

es

de

sim

bios

e o

pape

l da

lid

eran

ça

é in

disp

ensá

vel,

inde

pend

ente

do

tam

anho

das

em

pres

as.

O

pape

l do

líder

aqu

i é o

via

biliz

ar a

rede

finiç

ão d

os o

bjet

ivos

de

amba

s as

em

pres

as

e es

timul

ar

a tra

nsfe

rênc

ia

das

capa

cita

ções

de

ambo

s os

lado

s.

Nas

aqu

isiç

ões

de p

rese

rvaç

ão, o

pap

el d

a lid

eran

ça p

arec

e

Mui

to

pelo

co

ntrá

rio,

busc

ou-s

e de

ixar

es

se

proc

esso

livr

e du

rant

e o

mom

ento

da

inte

graç

ão e

ap

rove

itar o

mel

hor q

ue c

ada

uma

tinha

a o

fere

cer

de m

elho

r. Ap

esar

dis

so, n

otou

-se

que

os h

ábito

s e

proc

esso

s de

tra

balh

o (lo

cal

e ho

rário

de

tra

balh

o, p

roce

dim

ento

s do

dep

arta

men

to p

esso

al,

etc)

qu

e pr

eval

ecer

am

fora

m

os

da

empr

esa

adqu

irent

e.

b)

O

proc

esso

de

im

plan

taçã

o da

lid

eran

ça

inst

ituci

onal

na

Ipira

nga

deu-

se d

e fo

rma

cont

ínua

e

unifo

rme.

Sim

ulta

neam

ente

à c

riaçã

o do

s gr

upos

de

tra

balh

o pa

ra

a de

finiç

ão

das

mel

hore

s pr

átic

as,

fora

m m

antid

as a

s lid

eran

ças

orig

inai

s em

seu

s re

spec

tivos

pos

tos,

de

form

a qu

e as

m

elho

res

prát

icas

fo

ssem

na

tura

lmen

te

send

o de

finid

as

e os

m

elho

res

de

cada

em

pres

a ab

sorv

idos

pa

ra

as

nova

s po

siçõ

es.

Coi

ncid

ente

men

te,

mui

tos

carg

os d

e ge

stão

da

Atla

ntic

era

m p

reen

chid

os p

or p

esso

as e

m v

ias

de

se a

pose

ntar

em o

u fu

ncio

nário

s ex

patri

ados

dos

Es

tado

s U

nido

s,

que

dese

jara

m

reto

rnar

no

m

omen

to e

m q

ue fo

i not

icia

da a

com

pra

(e a

ssim

a

nova

em

pres

a pa

ssav

a a

ser

naci

onal

). D

essa

fo

rma,

a te

ndên

cia

natu

ral f

oi o

cor

po d

iretiv

o se

r pr

edom

inan

tem

ente

da

empr

esa

com

prad

ora,

mas

62, 7

8, 7

9

Exce

rtos

#20,

46

, 47,

53,

54,

55

, 61,

62,

65,

80

14

5

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

ter m

enor

impa

cto

no p

roce

sso

de in

tegr

ação

. c)

Ger

enci

amen

to d

as in

terfa

ces

(H&J

, p.1

63-1

64)

Aqu

isiç

ões

de a

bsor

ção

dem

anda

m o

ger

enci

amen

to d

a tra

nsiç

ão

atra

vés

da

cria

ção

de

uma

empr

esa

onde

as

un

idad

es o

pera

cion

ais

e fu

ncio

nais

de

amba

s as

com

panh

ias

com

bina

m-s

e em

uni

dade

s ún

icas

.

As

aqui

siçõ

es

de

sim

bios

e,

um

pouc

o m

ais

com

plex

as,

dem

anda

m q

ue a

tro

ca e

flu

xo e

ntre

as

orga

niza

ções

sej

am

regu

lado

s de

form

a a

man

ter o

obj

etiv

o da

aqu

isiç

ão.

Para

as

aqui

siçõ

es d

e pr

eser

vaçã

o os

aut

ores

reco

men

dam

a

cria

ção

de

uma

estru

tura

qu

e ga

rant

a a

prot

eção

da

id

entid

ade

e ca

ract

erís

tica

da e

mpr

esa

adqu

irida

atra

vés

do

resp

eito

pel

os s

eus

limite

s.

isso

não

par

eceu

ser

reg

ra, e

sim

, sel

eção

nat

ural

ao

pro

cess

o de

aqu

isiç

ão.

c)

Hou

ve

na

aqui

siçã

o da

At

lant

ic

uma

preo

cupa

ção

de c

riaçã

o da

nov

a em

pres

a ca

lcad

a em

uni

dade

s op

erac

iona

is e

fun

cion

ais

únic

as.

A pr

ópria

cria

ção

dos

grup

os d

e tra

balh

o in

dico

u a

rele

vânc

ia d

ada

pela

Ipi

rang

a na

est

raté

gia

de

inte

graç

ão

de

acor

do

com

as

su

as

unid

ades

op

erac

iona

is

a se

rem

co

mbi

nada

s e

trans

form

adas

em

un

idad

es

únic

as:

recu

rsos

hu

man

os, m

arke

ting,

info

rmát

ica,

fina

nças

, etc

.

Ex

certo

s #2

4,

25, 3

3, 3

8, 4

0,

45, 4

6, 4

7

Ger

enci

a-m

ento

da

Inte

graç

ão

* C

omo

os g

esto

res

cria

ram

um

a at

mos

fera

de

tra

balh

o ad

equa

da

após

a a

quis

ição

?

Rel

ação

en

tre

gere

ncia

men

to

da

inte

graç

ão

e pe

rfor

man

ce d

a aq

uisi

ção

(H&J

, p.1

64-1

66)

Segu

ndo

os a

utor

es, a

per

form

ance

est

á re

laci

onad

a co

m:

a) T

er u

ma

visã

o in

icia

l so

bre

a ab

orda

gem

de

inte

graç

ão

rela

cion

ada

ao a

mbi

ente

des

sa in

tegr

ação

(H&J

, p.1

64)

De

form

a a

cont

extu

aliz

ar o

ger

enci

amen

to d

a aq

uisi

ção

e a

cria

ção

de

uma

atm

osfe

ra

de

traba

lho

adeq

uada

ap

ós

a aq

uisi

ção

segu

ndo

asso

ciam

os

au

tore

s,

são

feita

s al

gum

as

obse

rvaç

ões:

a)

O

s ge

stor

es

envo

lvid

os

nas

aqui

siçõ

es

sina

lizar

am,

atra

vés

das

entre

vist

as,

ter

uma

visã

o cl

ara

sobr

e o

tipo

de

aqui

siçã

o de

ab

sorç

ão,

sobr

e o

ambi

ente

das

dife

renç

as d

e pr

átic

as e

sob

re a

inf

luên

cia

dess

e am

bien

te n

o

Ex

certo

s #6

4 a

79

Exce

rtos

#1, 4

, 5,

6, 8

, 10,

14,

20

, 49,

55,

60,

62

, 77,

78,

79

14

6

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

b) E

star

apt

o a

ajus

tar

a vi

são

inic

ial

da i

nteg

raçã

o co

m a

ab

orda

gem

de

inte

graç

ão a

ser

seg

uida

(con

tra d

eter

min

ism

o)

(H&J

, p.1

64)

c) A

hab

ilidad

e da

org

aniz

ação

faze

r o re

sulta

do a

cont

ecer

de

acor

do c

om a

abo

rdag

em d

esej

ada

(H&J

, p.1

64)

Des

afio

s da

fase

inic

ial d

a aq

uisi

ção

(H&J

, p.1

73-1

86)

As e

mpr

esas

adq

uire

ntes

com

pro

cess

os d

e êx

ito e

stud

adas

po

r el

es a

ssem

elha

vam

-se

em s

ete

tare

fas-

chav

e po

r el

as

dese

nvol

vida

s na

fase

inic

ial d

a in

tegr

ação

: a)

Est

abel

ecim

ento

do

gere

ncia

men

to d

as i

nter

face

s (H

&J,

p.17

3-17

9)

b) In

serç

ão d

as o

pera

ções

em

um

nív

el r

egul

ar e

equ

ilibra

do

êxito

da

inte

graç

ão.

Essa

foi

pro

vave

lmen

te u

ma

das

razõ

es p

elas

qua

is t

anto

tem

po f

oi d

edic

ado

ao t

raba

lho

conj

unto

, po

rém

ind

epen

dent

e da

s du

as e

quip

es n

o m

esm

o lo

cal f

ísic

o.

b)

Não

fo

ram

id

entif

icad

as

pela

s en

trevi

stas

si

tuaç

ões

que

dem

anda

ssem

di

ficul

dade

s de

aj

uste

s em

funç

ão d

e de

term

inis

mo.

c)

A e

mpr

esa

pare

ceu

dem

onst

rar

habi

lidad

e de

fa

zer

o re

sulta

do

acon

tece

r de

ac

ordo

co

m

abor

dage

m d

esej

ada,

já q

ue c

onse

guiu

efe

tuar

a

inte

graç

ão s

em im

pact

os p

erce

ptív

eis

no d

ia-a

-dia

da

s op

eraç

ões

das

duas

em

pres

as.

Além

dis

so,

mes

mo

em m

eio

a re

striç

ões

de e

spaç

o e

tem

po,

pare

ceu

cons

egui

r lid

ar c

om d

iver

gênc

ias

pont

uais

de

peq

ueno

s gr

upos

sem

ter

dei

xado

nen

hum

a fo

rça-

tare

fa in

ativ

a.

De

form

a a

verif

icar

ade

rênc

ias

ou n

ão c

om a

s em

pres

as

estu

dada

s pe

los

auto

res,

o ap

rese

ntad

as t

aref

as p

or e

las

prat

icad

as n

a fa

se

inic

ial d

a in

tegr

ação

: a)

H

ouve

um

es

tabe

leci

men

to

do

gere

ncia

men

to d

as i

nter

face

s, c

om v

eloc

idad

e,

natu

reza

e

tem

po

cont

rola

dos

pelo

s ge

stor

es

envo

lvid

os. P

or o

utro

lado

, ape

sar d

e co

ntro

lada

, a

velo

cida

de e

ra p

erce

bida

pel

os g

esto

res

com

o m

ais

baix

a do

que

o i

deal

, m

as s

e sa

bia

dos

mot

ivos

de

ssa

deci

são

(gar

antir

in

tegr

ação

co

ntín

ua,

evita

ndo

resi

stên

cias

ent

re u

nida

des

de

negó

cio)

b)

As

op

eraç

ões

man

tiver

am

seus

veis

Ex

certo

s #5

1,

53, 6

2

Exce

rtos

#20,

22

, 23,

24,

25,

31

, 32,

40,

44,

47

, 49,

53

Ex

certo

s #4

5,

46, 4

9, 5

6, 5

7,

58, 5

9, 6

0, 6

1,

62

Exce

rtos

#25,

14

7

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

(H&J

, p.1

79-1

80)

c) In

clus

ão u

m n

ovo

sens

o de

obj

etiv

o (H

&J, p

.180

-181

) d)

Des

envo

lvim

ento

de

um m

odel

o e

esta

bele

cim

ento

de

cont

role

(H&J

, p.1

81)

e) F

orta

leci

men

to d

a or

gani

zaçã

o ad

quiri

da (H

&J, p

.181

-183

) f)

Des

envo

lvim

ento

de

ente

ndim

ento

mút

uo (H

&J, p

.183

-185

) g)

Con

stru

ção

de c

redi

bilid

ade

para

cim

a e

para

bai

xo n

a or

gani

zaçã

o (H

&J, p

.185

-186

)

regu

lare

s e

equi

libra

dos,

seg

undo

men

cion

ado

por m

ais

de u

m d

os e

ntre

vist

ados

. c)

O s

enso

de

obje

tivo

pare

ceu

esta

r cl

aro

para

to

dos

os e

ntre

vist

ados

. d)

Não

se

deta

lhou

a f

orm

a ut

iliza

da,

pela

s fo

rças

-tare

fa e

pel

o pr

óprio

cor

po d

iretiv

o, p

ara

o es

tabe

leci

men

to d

e co

ntro

le.

Por

outro

lad

o, e

m

dive

rsas

da

s tra

nscr

içõe

s po

de-s

e ob

serv

ar

a pr

eocu

paçã

o co

m a

form

a de

con

trole

, mes

mo

que

aind

a pa

ra d

uas

orga

niza

ções

fun

cion

ando

em

pa

rale

lo.

e) O

for

tale

cim

ento

da

orga

niza

ção

adqu

irida

pa

rece

u se

r pr

eocu

paçã

o co

nsta

nte

dos

gest

ores

en

volv

idos

des

de a

tom

ada

de d

ecis

ão. O

s gr

upos

de

tra

balh

o tin

ham

, ta

mbé

m e

ssa

tare

fa c

omo

mis

são.

f)

O e

nten

dim

ento

mút

uo p

arec

eu e

star

mai

s pr

esen

te u

m a

no a

pós

a aq

uisi

ção,

no

mom

ento

of

icia

l da

in

tegr

ação

, já

qu

e fo

i qu

ando

as

em

pres

as p

assa

ram

a tr

abal

har j

unta

s de

fato

g)

Fin

alm

ente

, nã

o se

pôd

e av

alia

r o

aspe

cto

de

“con

stru

ção”

de

cred

ibili

dade

par

a ci

ma

e pa

ra

baix

o em

fun

ção

das

entre

vist

as e

fetu

adas

. N

o en

tant

o, c

omo

a Ip

irang

a de

mon

stro

u fa

zer

o qu

e pr

omet

ia,

em t

erm

os d

e aç

ões

nos

grup

os d

e tra

balh

o e

na a

dmin

istra

ção

de p

esso

al,

pare

ce

que

aos

pouc

os e

stav

a co

nstru

indo

cre

dibi

lidad

e in

tern

a.

31, 4

0, 5

8, 6

0

Exce

rtos

#7, 8

, 10

, 12,

16,

17,

20

Ex

certo

s #2

2,

23, 2

4, 2

5, 3

1,

32, 4

0, 4

5, 4

9

Exce

rtos

#47,

53

, 54,

55,

62,

77

, 78

Ex

certo

s #5

0,

60, 6

1, 6

2, 7

7,

79, 8

3, 8

4

Exce

rtos

#51,

80

C

riaçã

o de

Va

lor e

m

* C

omo

se

man

ifest

ou

o

A cr

iaçã

o de

val

or e

m a

quis

içõe

s de

abs

orçã

o po

de s

er

viab

iliza

da s

e ex

ecut

adas

qua

tro ta

refa

s (H

&J, p

.189

-207

):

O

conh

ecim

ento

do

s ge

stor

es

envo

lvid

os

no

proc

esso

man

ifest

ou-s

e at

ravé

s de

qua

tro fa

tore

s,

Ex

certo

s #8

0 a

84

14

8

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

Aqu

isiç

ões

de

Abs

orçã

o

conh

ecim

ento

do

s ge

stor

es e

nvol

vido

s no

pro

cess

o de

que

se

tra

tava

de

uma

aqui

siçã

o de

ab

sorç

ão?

a) P

rogr

amar

-se

para

a c

onso

lidaç

ão (H

&J, p

.198

-203

)

• Es

colh

a de

um

líd

er p

ara

gere

ncia

r o

proc

esso

de

inte

graç

ão (H

&J, p

.198

) •

Sele

ção

de u

m ti

me

para

col

ocá-

la e

m p

rátic

a (H

&J,

p.19

8-19

9)

• C

riaçã

o de

um

a es

trutu

ra d

e tra

nsiç

ão,

com

for

ças

tare

fa n

as á

reas

cha

ve d

o pr

oces

so d

e in

tegr

ação

(H

&J, p

.199

-202

) •

Ger

enci

amen

to d

e um

cro

nogr

ama

de i

nteg

raçã

o (H

&J, p

.202

) •

Com

unic

ação

dur

ante

tod

o o

proc

esso

(H

&J, p

.202

-20

3)

b) G

eren

ciar

a c

ombi

naçã

o (H

&J, p

.203

-204

) O

ger

enci

amen

to d

o pr

oces

so d

e ra

cion

aliz

ação

é t

ambé

m

gran

de d

esaf

io e

m a

quis

içõe

s de

abs

orçã

o. P

ara

tal

tare

fa,

dura

nte

a fa

se d

e pl

anej

amen

to,

os c

usto

s e

bene

fício

s de

ra

cion

aliz

ar u

ma

funç

ão d

evem

ser

qua

ntifi

cado

s co

m m

uito

cu

idad

o. O

s be

nefíc

ios

espe

rado

s de

vem

ser

men

sura

dos

e sã

o fa

cilm

ente

ide

ntifi

cado

s, j

á qu

e en

volv

em p

rem

issa

s de

ve

ndas

e e

cono

mia

s.

c) M

over

-se

para

a m

elho

r prá

tica

(H&J

, p.2

04-2

05)

Em

adiç

ão

à fo

rma

imed

iata

de

be

nefíc

ios

atra

vés

do

com

parti

lham

ento

de

recu

rsos

, as

aqu

isiç

ões

de a

bsor

ção

pode

m s

er, t

ambé

m, g

rand

e po

tenc

ial p

ara

a tra

nsfe

rênc

ia d

e ca

paci

taçõ

es

func

iona

is.

Isso

po

de

ser

feito

pe

la

busc

a si

stem

átic

a da

s m

elho

res

prát

icas

em

ca

da

segm

ento

e

adoç

ão d

as m

esm

as n

a em

pres

a co

nstit

uída

.

que

viab

iliza

ram

ess

a aq

uisi

ção

de a

bsor

ção:

a)

H

ouve

um

a pr

ogra

maç

ão

para

a

cons

olid

ação

, de

sde

a es

colh

a de

um

líde

r pa

ra

gere

ncia

r a

inte

graç

ão e

tim

es p

ara

colo

cá-la

em

pr

átic

a. A

cria

ção

de u

ma

estru

tura

de

trans

ição

pa

rece

u te

r si

do b

em d

esen

volv

ida,

com

for

ças-

tare

fa n

as á

reas

mai

s af

etad

as p

ela

aqui

siçã

o.

Hou

ve u

m c

rono

gram

a de

int

egra

ção,

um

pou

co

exte

nso,

de

fato

, m

as c

alca

do n

as p

rem

issa

s de

de

senv

olve

r um

pro

cess

o co

ntín

uo e

inte

grad

o de

aq

uisi

ção.

A

com

unic

ação

es

teve

ba

stan

te

pres

ente

, m

as s

omen

te a

par

tir d

o co

mun

icad

o of

icia

l da

aq

uisi

ção

(dad

as

as

expe

riênc

ias

frust

rada

s do

pas

sado

da

Ipira

nga,

de

ter

deix

ado

a in

form

ação

ser

con

heci

da a

ntes

de

fech

ado

o ac

ordo

e o

pró

prio

invi

abili

zado

). b)

O

ge

renc

iam

ento

da

co

mbi

naçã

o ta

lvez

pu

dess

e te

r si

do m

elho

r tra

balh

ado,

qu

e o

traba

lho

inde

pend

ente

, po

rém

fis

icam

ente

lig

ado,

po

deria

con

tribu

ir ou

ant

ecip

ar p

ossí

veis

sin

ergi

as.

c)

Em

term

os

de

mov

imen

taçã

o pa

ra

as

mel

hore

s pr

átic

as d

e ca

da u

ma

das

empr

esas

, po

de-s

e su

por

pela

s en

trevi

stas

que

a I

pira

nga

dem

onst

rou

ter

empr

egad

o es

se c

once

ito m

uito

be

m p

elos

gru

pos

de t

raba

lho,

na

defin

ição

das

m

elho

res

prát

icas

inde

pend

ente

de

sua

orig

em.

Ex

certo

s #2

5,

45, 5

3, 8

0

Exce

rtos

#22,

27

, 30,

31,

40,

44

, 45,

46,

49,

53

, 54,

68,

77,

82

, 83

Ex

certo

s #3

3,

38, 3

9, 5

3, 5

4,

55, 5

6, 6

2,

64,7

3, 7

6, 8

4

14

9

Tem

a Q

uest

ões

Con

ceitu

ação

da

Lite

ratu

ra

Ade

rênc

ia à

Lite

ratu

ra

Evid

ên-

cias

10

d) A

prov

eita

r a c

ompl

emen

tarid

ade

orig

inal

(H&J

, p.2

05-2

06)

A cr

iaçã

o de

um

a aq

uisi

ção

de a

bsor

ção

com

os

mel

hore

s re

sulta

dos

requ

er

“não

ap

enas

a

habi

lidad

e de

tra

zer

unifo

rmid

ade,

m

as

tam

bém

a

habi

lidad

e si

mul

tâne

a de

tra

nsfo

rmar

a

com

plem

enta

ridad

e em

um

a va

ntag

em

perm

anen

te”

(H&J

, p.

205)

. Se

não

for

bem

con

duzi

da,

pode

te

r o

efei

to

cont

rário

e

resu

ltar

na

dest

ruiç

ão

das

capa

cita

ções

. As

sim

, o

apro

veita

men

to

da

com

plem

enta

ridad

e en

tre a

s em

pres

as d

á a

opor

tuni

dade

de

se

faze

r a

trans

ição

ne

cess

ária

do

ge

renc

iam

ento

da

s em

pres

as a

dqui

ridas

par

a a

gest

ão d

e um

a ca

deia

inte

grad

a de

ope

raçõ

es c

ompl

emen

tare

s.

d) A

que

stão

da

com

plem

enta

ridad

e or

igin

al fo

i um

a da

s m

ais

rapi

dam

ente

apr

ovei

tada

s, v

isto

qu

e, t

raba

lhan

do j

unta

s fis

icam

ente

, m

esm

o qu

e ai

nda

não

inte

grad

os,

a po

ssib

ilidad

e de

ap

rend

izad

o da

s co

mpl

emen

tarid

ades

par

ecia

ser

m

aior

.

Ex

certo

s #2

, 3,

4, 5

, 10,

56,

62,

77

, 79

15

0

Tabe

la 5

: Tab

ela

de E

xcer

tos

das

Entr

evis

tas

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s

1 “P

ode

ter c

erte

za a

bsol

uta

que

o va

lor e

ra te

r os

20%

. Ess

e er

a o

noss

o gr

ande

pro

blem

a. N

ós tí

nham

os q

ue te

r de

qual

quer

jeito

sab

e. O

qu

e a

gent

e ac

abou

faze

ndo,

um

a av

alia

ção

de e

mpr

esa

com

o ou

tra q

ualq

uer.

Qua

l era

a g

rand

e di

fere

nça?

A g

rand

e di

fere

nça

são

as

tuas

pre

mis

sas,

tá. E

ssas

pre

mis

sas

pass

aram

mai

s ou

men

os u

ns q

uatro

mes

es s

endo

que

stio

nada

s pe

lo p

resi

dent

e. (.

..) e

u se

i que

foi

um a

no, u

m a

no...

””

2 “D

e Sã

o Pa

ulo

pra

baix

o eu

tenh

o m

ais

de 3

0. D

e Sã

o Pa

ulo

para

cim

a, e

xcet

o R

io,

eu te

nho

men

os d

e 20

sab

e (..

.) e

para

cim

a do

no

rdes

te, p

rinci

palm

ente

do

nord

este

, que

a g

ente

não

tinh

a na

da.”

3 “P

rocu

rava

tam

bém

no

final

era

a g

eraç

ão d

e ca

ixa.

A g

eraç

ão d

e ca

ixa

era

know

-how

. Por

que

esse

neg

ócio

ala

vanc

a de

mai

s. D

emai

s co

m a

esc

ala.

Voc

ê im

agin

a qu

e eu

ten

ho u

ma

base

no

mes

mo

luga

r qu

e eu

tenh

o um

a ou

tra.

Essa

bas

e aq

ui s

ai s

olo

e es

sa d

aqui

ve

nde

o do

bro”

4 “E

ntão

qua

ndo

houv

e a

fusã

o, h

ouve

na

verd

ade

uma

com

plem

enta

ridad

e, q

uer

dize

r, a,

em

ter

mos

de

mer

cado

a I

pira

nga

se

com

plem

ento

u co

m a

Atla

ntic

, tá?

Isso

foi m

uito

bom

por

que,

hou

ve ta

mbé

m, p

or c

onta

dis

so a

í um

trau

ma,

vam

os d

izer

ass

im m

enor

na

ques

tão

da fu

são

né, n

a qu

estã

o da

esc

olha

das

bas

es q

ue fi

cava

m. T

inha

mui

tos

luga

res

em q

ue a

gen

te ti

nha

uma

base

.”

5

“A Ip

irang

a el

a, e

la, n

a ve

rdad

e el

a, e

la p

artiu

na

frent

e de

toda

s as

out

ras,

logo

no

iníc

io d

a dé

cada

já, v

islu

mbr

ando

ess

a qu

estã

o da

ab

ertu

ra e

la p

rocu

rou

ganh

ar e

xper

tise.

Por

que

era

a ún

ica

no m

erca

do, e

la e

a B

R -

Petro

brás

, era

m a

s ún

icas

bra

sile

iras.

E a

Ipira

nga

por s

er u

ma

empr

esa

apen

as d

e di

strib

uiçã

o, p

or n

ão te

r nen

hum

a re

ferê

ncia

ext

erna

, ext

erio

r, el

a tin

ha q

ue s

e au

to-d

esen

volv

er. A

tlant

ic,

a Sh

ell,

as o

utra

s co

mpa

nhia

s el

as ti

nham

, era

m fi

liais

de

empr

esas

est

abel

ecid

as e

m m

erca

do q

ue já

era

m é

abe

rtos.

Por

tant

o já

tinh

am

uma

expe

riênc

ia s

obre

isso

. A Ip

irang

a nã

o tin

ha. E

ntão

a Ip

irang

a se

uni

u a

Cop

pead

né,

e, p

atro

cina

mos

um

a ca

deira

de

logí

stic

a...”

6

“Nis

so a

Ipira

nga

mon

tou

um g

rupo

form

ado

basi

cam

ente

por

um

as 5

pes

soas

. Eu

não

entre

i no

com

eço,

ent

rei u

m p

ouqu

inho

dep

ois.

En

trei n

o fin

al d

e ja

neiro

, ou

no in

ício

de

feve

reiro

. Ele

era

form

ado

pelo

Dire

tor

Supe

rinte

nden

te d

a C

BPI,

o re

spon

sáve

l pel

a en

tão

na

époc

a er

a ES

APAR

, no

s tín

ham

os u

ma

hold

ing

que

hoje

é o

sta

ff C

orpo

rativ

o, a

par

te C

orpo

rativ

a; u

m c

ara

de P

lane

jam

ento

; um

de

Fina

nças

e M

arke

ting

da C

BPI;

e m

ais

um g

arot

o da

áre

a de

Pla

neja

men

to e

eu.

Ess

e er

a o

grup

o qu

e tra

balh

ou o

tem

po to

do n

o pr

ojet

o.

(...)

E o

que

que

a ge

nte

com

eçou

a fa

zer.

A ge

nte

com

eçou

a fa

zer

sim

ulaç

ões

inte

rnas

do

que

que

pode

ria s

er a

Atla

ntic

a p

artir

do

pouc

o de

info

rmaç

ões

que

nos

tínha

mos

. O q

ue q

ue...

. pra

nós

o q

ue q

ue é

impo

rtant

e ne

sse

negó

cio,

que

diz

er, o

que

que

tem

mai

s va

lor n

esse

neg

ócio

, que

na

époc

a er

a a

noss

a gr

ande

vis

ão...

hoj

e ta

lvez

tenh

a m

udad

o um

pou

co...

. era

o n

úmer

o de

pos

tos,

qua

nto

a At

lant

ic v

endi

a pa

ra e

sses

pos

tos

e qu

e tip

o de

rela

cion

amen

to a

Atla

ntic

man

tinha

com

ess

es p

osto

s”

7 “N

a ve

rdad

e a

aval

iaçã

o fo

i fei

ta d

e qu

e fo

rma:

a e

mpr

esa

ela

valia

US$

260

M.

Foi a

nos

sa a

valia

ção.

Mas

ela

rep

rese

ntav

a pa

ra a

Ip

irang

a um

a ag

rega

ção

de v

alor

, no

sent

ido

que

a ge

nte

tinha

gan

hos

de s

iner

gia

em fu

nção

da

esca

la, q

ue n

ós p

erm

itiria

ir a

té U

S$ 3

50

M, n

ão m

e le

mbr

o ex

atam

ente

8 “E

ra r

espo

nsáv

el p

ara

aval

iar

o ne

góci

o, tá

. Qua

nto

era

o ne

góci

o? O

que

que

a g

ente

pod

ia e

sper

ar d

epoi

s? Q

ual é

a c

apac

idad

e de

lig

amen

to n

aque

la e

stru

tura

de

capi

tal q

ue a

gen

te e

stav

a, q

ue a

gen

te b

olav

a e

tal p

ara

faze

r aq

uisi

ção,

se

a ge

nte

tinha

a g

ente

an

alis

ou. E

ra re

spon

sáve

l fun

dam

enta

lmen

te p

elo

valo

r da

empr

esa:

qua

nto

é qu

e nó

s ía

mos

pag

ar”

9 “A

gora

um

a co

isa

inte

ress

ante

no

proc

esso

de

com

pra

da A

tlant

ic é

que

ape

sar d

e –

isso

é u

ma

cois

a in

tere

ssan

te –

hoj

e a

gent

e só

ouv

e fa

lar

que

a av

alia

ção

é do

Neg

ócio

. O q

ue v

ale

é o

Neg

ócio

, nin

guém

olh

a pa

ra a

tivo,

etc

... S

e a

gent

e vo

ltar

ao p

assa

do e

olh

ar...

. os

ativ

os a

caba

ram

sen

do o

fato

r rel

evan

te d

e nó

s re

duzi

rmos

o c

usto

.”

10

“Ess

e pr

oces

so e

u co

nsid

ero

que

no n

osso

cas

o ta

mbé

m fo

i um

gra

nde

suce

sso.

... e

ess

e é

esse

ncia

lmen

te o

pera

cion

al, e

le é

qua

litat

ivo,

qu

er d

izer

, um

a sé

rie d

e qu

estõ

es m

uito

impo

rtant

es, p

orqu

e el

e é

nece

ssár

io p

ara

que

você

rea

lize

o pr

imei

ro p

onto

, né?

Se

você

não

15

1

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s co

nseg

uir

faze

r es

sa in

tegr

ação

bem

feita

, né

, de

mod

o a

perm

itir

que

as o

rgan

izaç

ões

elas

rea

lizem

as

sine

rgia

s, e

las

não

perc

am a

pr

odut

ivid

ade,

ela

s nã

o pe

rcam

a e

ficiê

ncia

de

atua

ção

no m

erca

do, i

sso

é m

uito

impo

rtant

e pa

ra v

ocê

pode

r ga

rant

ir o

prim

eiro

pon

to e

eu

ach

o qu

e ne

sse

segu

ndo

caso

nós

tam

bém

tive

mos

mui

to s

uces

so e

aí..

. (...

)ent

re a

ope

raçã

o, v

amos

diz

er a

ssim

, con

ceitu

al, a

quilo

qu

e na

ver

dade

nor

teia

a d

ecis

ão d

e aq

uisi

ção

e a

oper

ação

da

aqui

siçã

o, a

í tem

asp

ecto

s qu

alita

tivos

mui

to im

porta

ntes

11

“Por

que

eu c

omec

ei a

ir a

Arc

o m

uito

, m

uito

reg

ular

men

te. E

u ia

dua

s ve

zes

por

ano

lá, f

icav

a lá

dua

s, u

ma

sem

ana,

dua

s se

man

as.

Entã

o ac

aba

conv

ersa

ndo.

Con

vers

ando

com

pes

soas

.”

12

“É q

ue, c

omo

a ge

nte

tinha

num

pas

sado

, a g

ente

aco

mpa

nhav

a o

cust

o un

itário

de

toda

s em

pres

as, q

ue e

ram

obr

igad

as a

man

dar p

ara

o ór

gão

cont

rola

dor,

entã

o a

gent

e tin

ha fu

ndam

enta

lmen

te a

ssim

: qua

l era

a m

eta

de m

erca

do. E

qua

l era

a g

rand

e po

siçã

o qu

e vo

tinha

com

20%

. Ent

ão a

gen

te c

onse

guia

ter u

m p

arad

igm

a e

acha

va q

ue 2

0% e

ra u

m n

úmer

o bo

m (.

..) 2

0% a

lém

de

ser c

ompe

titiv

o se

ria

um m

arke

t-sha

re q

ue s

e tu

do d

esse

erra

do, t

udo

dess

e er

rado

, e c

omo

a ge

nte

não

tem

refin

aria

. A g

ente

não

tem

refin

o su

ficie

nte

para

su

sten

tar,

nós

seria

mos

sem

pre

mui

to p

rocu

rado

s pa

ra q

ualq

uer

empr

esa

que

tives

se p

rodu

ção

e re

fino.

Que

qui

sess

e en

trar

no B

rasi

l. Q

uise

sse

vend

er p

ara

o Br

asil.

20%

ser

ia s

empr

e um

a, v

amos

diz

er a

ssim

, um

a, u

m o

bjet

o de

des

ejo,

e e

sse

era

o x

da q

uest

ão.”

13

“Cre

scim

ento

de

mer

cado

, c

resc

imen

to d

e se

u m

arke

t-sha

re,

ou a

man

uten

ção

do s

eu m

arke

t-sha

re,

outra

s pr

emis

sas

fund

amen

tais

, co

m a

s de

cre

scim

ento

de

mer

cado

, mas

não

cre

scim

ento

de

mar

ket-s

hare

.”

14

“Por

que

a ge

nte

se tr

anca

va n

uma

sala

e n

ingu

ém e

nten

dia

porq

ue ti

nham

três

pes

soas

num

a sa

la, f

icam

os d

e fe

vere

iro a

dez

embr

o. E

foi c

omun

icad

o em

mm

mm

m o

utub

ro s

e nã

o m

e en

gano

15

“Não

, iss

o aí

pod

e se

r que

sai

a um

est

udo

é de

aqu

isiç

ão. C

omo

eu já

tinh

a fe

ito u

m e

stud

o em

198

9...

tam

bém

pel

a m

esm

a co

isa,

aí e

u ac

hei q

ue fo

i por

isso

que

me

cham

aram

. Aí l

á fu

i eu,

que

est

ava

na á

rea

de m

arke

ting,

na

époc

a de

mar

ketin

g em

89

na á

rea

finan

ceira

, eu

já ti

nha

feito

um

a av

alia

ção.

..”

16

“Nos

sa in

tenç

ão é

mui

to s

impl

es. N

ós tí

nham

os u

ma

defin

ição

, prim

eiro

: voc

ê nã

o cr

esci

a no

mer

cado

inve

stin

do. N

ão ti

nha

com

o! P

or

que?

Por

que

os p

reço

s er

am m

uito

gra

ndes

, sa

be.

Entã

o ca

da v

ez q

ue v

ocê

fazi

a um

inve

stim

ento

gra

nde

num

ano

, os

out

ros

viam

, fa

ziam

o m

esm

o in

vest

imen

to n

o an

o se

guin

te, t

rês

ou q

uatro

, Ess

o! S

hell!

Não

tin

ha c

omo!

Dilu

ía to

do o

inve

stim

ento

.”

17

“Não

adi

anta

inve

stir

sozi

nho

que

você

não

vai

con

segu

ir em

hip

ótes

e ne

nhum

a. O

mer

cado

con

trola

do. N

úmer

o de

pos

tos

cont

rola

do

pelo

gov

erno

, en

tend

eu,

entã

o nã

o tin

ha c

omo.

Ent

ão o

seg

uint

e, n

ós t

emos

[ba

te n

a m

esa]

, is

so e

u es

tou

dize

ndo

aind

a a

visã

o da

cada

de

80, t

á. N

a dé

cada

de

90, e

aí f

oi a

que

mai

s m

otiv

ou a

com

pra

da A

tlant

ic, é

que

já s

e tin

ha u

ma

expe

ctat

iva

mui

to fo

rte d

a de

sreg

ulam

enta

ção

do s

etor

.” 18

“C

omo

cheg

amos

, mas

fund

amen

talm

ente

com

para

ndo

cust

os u

nitá

rios,

tá?

Cus

tos

unitá

rios

e ab

rang

ênci

a na

cion

al.”

19

“a s

ua c

apac

idad

e de

ger

ar p

rem

issa

s, e

nten

deu,

e q

ue e

las

foss

em e

xecu

tada

s”

20

[qua

ndo

perg

unta

do s

obre

os

dife

renc

iais

ou

fato

res

críti

cos

de s

uces

so d

a aq

uisi

ção]

“Pr

a m

im f

unda

men

talm

ente

foi

um

gru

po s

ó.

Pouc

as p

esso

as, t

otal

men

te d

edic

adas

, só

pens

ando

nis

so o

dia

inte

iro, e

nten

deu,

sem

dis

traçã

o ne

nhum

a. E

foco

. Um

foco

vio

lent

o. A

ge

nte

só fa

lava

sob

re o

mes

mo

assu

nto.

A g

ente

não

tinh

a ou

tro a

ssun

to. S

ó di

scut

ia. R

ealm

ente

é d

ifíci

l fic

ar 8

mes

es d

esse

jeito

. Mas

é,

apes

ar,

que

seria

, ter

ia s

ido

mui

to m

elho

r, m

ais

rela

xant

e né

ter

tido

um g

rupo

mai

or, q

ue v

ocê

divi

dia

mai

s as

tare

fas,

eu

acho

que

ter

tido

um g

rupo

mai

s co

ncis

o, te

r pe

ssoa

s fa

zend

o m

uita

s co

isas

ao

mes

mo

tem

po, e

com

vis

ões

ampl

as, e

u ac

ho q

ue a

judo

u de

mai

s no

pr

oces

so a

o m

esm

o te

mpo

. Dev

e te

r sid

o m

ais

difíc

il, n

o fin

al fo

i mel

hor.”

21

“e a

í ele

s vi

eram

par

a as

reun

iões

, em

set

embr

o re

alm

ente

a n

otíc

ia, p

or q

ue já

tinh

a o

boat

o, n

é, a

í ele

s fa

lara

m, e

stav

am n

um p

roce

sso

de r

euni

ão m

as já

con

cret

izou

, ago

ra e

stam

os n

um p

roce

sso

de v

enda

, que

dev

e se

enc

erra

r em

dez

embr

o. E

m d

ezem

bro

fora

m fe

itas

uma

série

de

chec

agen

s de

aud

itoria

, em

que

foi f

echa

do o

neg

ócio

e a

ven

da fo

i efe

tuad

a em

27

de ja

neiro

de

95, m

as a

com

pra

foi e

m

deze

mbr

o de

93”

15

2

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s 22

“P

orqu

e nã

o tin

ha ju

ntad

o as

em

pres

as a

inda

, ain

da e

stav

am s

epar

adas

. Ent

ão s

e pe

gou

o di

reto

r-fin

ance

iro d

aqui

man

dou

para

lá (

...)

fisic

amen

te. P

ara

parti

cipa

r das

reun

iões

e tu

do m

ais

(...)T

inha

pré

dio

lá e

pré

dio

aqui

..”

23

“Aí e

m 9

5 é

que

foi u

ma

mis

tura

da to

tal.

(...)a

junç

ão fo

i fei

ta e

m fe

vere

iro d

e 95

se

eu n

ão m

e en

gano

.(...)

aí c

omo

uma

empr

esa

únic

a.

(...)

Aí c

omeç

amos

esv

azia

r o p

rédi

o lá

. (...

) Iss

o aq

ui s

omad

o ac

ho q

ue d

evia

dar

uns

3.7

00 fu

ncio

nário

s. E

ra u

ma

cois

a de

louc

o”

24

“Não

cab

e. O

que

cab

ia fi

cava

par

a fo

ra, i

a ju

ntan

do. T

anto

que

fora

m c

riado

s gr

upos

de

traba

lhos

dep

ois

lá”

25

“E e

sses

gru

pos

com

eçar

am a

func

iona

r: de

info

rmát

ica,

da

área

fina

ncei

ra, d

e m

arke

ting,

ent

ende

u, d

e im

agem

. Tud

o is

so fo

i um

a, u

ma

mud

ança

. Foi

o a

no d

e 94

inte

iro. E

até

func

iono

u m

uito

mel

hor m

esm

o do

que

eu

espe

rava

. É m

uita

gen

te n

o m

eio

acab

a nã

o an

dand

o na

vel

ocid

ade

nece

ssár

ia. A

gora

ess

e ne

góci

o ai

nda,

daq

uela

épo

ca a

inda

est

ava,

par

ece

que

foi u

m a

no, m

eio

de la

do. H

oje

eu d

iria

que

está

um

pou

co d

ifere

nte.

Hoj

e ta

lvez

não

des

se p

ara

ficar

um

ano

. E v

ai s

er u

ma

fusã

o m

ais

rápi

da.”

26

“O g

rand

e pr

oble

ma

na v

erda

de é

, não

foi a

par

te té

cnic

a, s

abe,

o p

robl

ema

era

de p

erso

nalid

ade,

de

pess

oas.

O q

ue q

ue a

cont

ecia

, nós

tín

ham

os a

qui u

m c

once

ito to

talm

ente

dis

tribu

ído.

(...)

Nós

não

tính

amos

máq

uina

s qu

e ce

ntra

lizav

am o

s fa

tura

men

tos,

os

cont

role

s da

s ba

ses

nos

loca

is,

está

cer

to,

por

regi

ão,

tudo

dis

tribu

ído.

Aqu

i os

back

ups

ficav

am a

qui.

Todo

ess

e pr

oces

sam

ento

vin

ha p

ara

um

mec

ânic

o pa

ra c

á e

se r

epro

cess

ava,

se

repr

oces

sava

não

, se

pro

cess

ava

depo

is d

e fa

tura

r, de

pois

de

faze

r um

mon

te d

e op

eraç

ões

fora

. Ela

s vi

nham

par

a cá

, sen

do re

spon

sabi

lidad

e do

mai

nfra

me,

tá. Q

ual é

a fi

loso

fia d

a At

lant

ic?

Tinh

a um

mai

nfra

me

aqui

, enf

iado

na

Prai

a do

Fla

men

go. E

tinh

a te

rmin

ais

espa

lhad

os p

elo

Bras

il in

teiro

. Ent

ão n

a ve

rdad

e nó

s es

táva

mos

dis

cutin

do u

ma

conc

epçã

o, n

é As

du

as fu

ncio

nam

bem

. Não

tem

pro

blem

a ne

nhum

! (...

) Ago

ra p

reci

sa s

aber

qua

l em

pres

a es

tá a

dapt

ada

A, s

e a

essa

ou

aque

la.”

27

“O p

roce

sso

foi m

uito

des

gast

ante

, ent

ende

u. P

orqu

e fic

ava

um g

rupo

aqu

i e o

utro

lá. E

alg

uém

pra

lá. A

í che

gava

lá o

car

a bo

icot

ava

ele

todi

nho”

28

(e

xcet

o o

prob

lem

a de

scrit

o ac

ima

com

um

a da

s fo

rças

-tare

fas)

“Ago

ra n

ão m

e le

mbr

o te

r tid

o m

ais

nenh

um p

robl

ema

com

isso

não

29

“Que

isso

mex

e co

m o

cor

ação

da

empr

esa,

né,

com

o é

que

você

pen

sa, c

omo

é qu

e vo

cê s

e re

laci

ona

com

o c

lient

e. E

ntão

toda

a A

rco,

el

a tin

ha to

do s

entid

o de

cen

traliz

ação

. E to

do o

nos

so s

entid

o er

a de

des

cent

raliz

ação

.”

30

“Exi

stia

um

a ‘ri

xa’,

óbvi

o qu

e ex

istia

, mas

eu

nunc

a m

e se

nti a

ssim

exc

luíd

a, e

foi u

ma

cois

a m

uito

lega

l, po

r que

se

foss

e o

cont

rário

, eu

acho

que

ser

ia u

ma

empr

esa

que

não

ia a

cont

ecer

, eu

acho

que

a A

tlant

ic, s

ei lá

, ia

varia

r, el

a ia

man

dar e

m m

arke

ting,

e e

u ac

ho q

ue a

em

pres

a de

u um

a ch

ance

par

a to

dos

os fu

ncio

nário

s”

31

“Hou

ve u

m p

roce

sso

de tr

ansi

ção,

(...)

, foi

até

cur

ioso

que

as

pess

oas

man

tiver

am a

s m

esm

as p

osiç

ões,

32

“A g

ente

com

eçou

a b

usca

r os

pla

nos

ante

riore

s, p

oden

do a

prov

eita

r, en

tão

ficou

um

a ec

onom

ia le

gal p

ara

empr

esa,

ent

ão a

gen

te

junt

ava

a fo

rma

que

um fa

zia

que

o ou

tro fa

zia,

a n

ossa

con

tabi

lidad

e”

33

“A g

ente

est

ava

acos

tum

ado

mui

to te

mpo

na

Atla

ntic

naq

uela

form

a, e

qua

ndo

cheg

am p

esso

as q

ue tr

abal

ham

de

uma

form

a di

fere

nte,

(..

.), v

ocê

tem

ate

um

a ce

rta in

tegr

ação

, ant

es d

isso

voc

ê nã

o te

m n

enhu

ma

form

ação

,” 34

“Is

so fo

i mai

s ou

men

os e

m o

utub

ro d

e 93

, a a

gost

o de

94,

mas

teve

gen

te q

ue v

eio

em d

ezem

bro

de 9

4”

35

“Ent

ão d

epen

de d

e co

mo

aqui

lo b

ateu

em

voc

ê, e

voc

ê re

agiu

... M

uita

s pe

ssoa

s sa

íram

ant

es m

esm

o da

Ipira

nga

diss

olve

r a A

tlant

ic, j

á 30

% d

os fu

ncio

nário

s fo

ram

em

bora

por

con

ta p

rópr

ia.”

36

“Ah,

inco

rpor

a 20

de

jane

iro e

21

tá to

do m

undo

na

rua,

não

, qua

ndo

dem

orou

com

o te

ve d

emis

sões

tive

ram

em

95,

96,

97,

e a

té h

oje

mes

mo

você

ouv

e as

pes

soas

faze

ndo

por u

m m

otiv

o ou

por

out

ro”

37

“Hou

ve to

do u

m in

fern

o da

qui d

os fu

ncio

nário

s qu

ando

a g

ente

vei

o, p

orqu

e a

gent

e fa

lava

ingl

ês, e

les

acha

vam

que

todo

mun

do fa

lava

in

glês

, ent

ão c

omo

eles

ach

avam

que

a g

ente

era

os

estra

ngei

ros,

ent

ão a

gen

te e

ra a

ssim

... ‘p

ô, e

les

são

mui

to m

ais

capa

cita

dos’

, e e

les

ficar

am c

om m

uito

med

o, e

ntão

os

dois

est

avam

com

mui

to m

edo,

ele

s fa

lava

m c

omig

o, e

ntão

era

ass

im q

ue tá

sen

do le

gal q

ue v

ocê

é le

gal e

ntão

a g

ente

fica

am

igo,

mas

nin

guém

se

sent

iu a

ssim

ah

eu s

ou d

a ca

sa, n

ingu

ém, i

sso

não

acon

tece

u aq

ui, p

or q

uand

o a

gent

e

15

3

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s er

a um

a m

ultin

acio

nal e

les

acha

vam

que

nos

err

amos

mel

hor

que

eles

, e

não

é ve

rdad

e is

so n

ão e

xist

e, e

ntão

teve

ess

e m

edo

aqui

ta

mbé

m. E

ntão

nin

guém

sab

er q

uem

vai

fica

r, qu

em v

ai s

air,

entã

o, s

abe,

fica

todo

mun

do ju

nto

que

é o

natu

ral,

daí t

odo

mun

do a

pren

de

junt

o”

38

“Não

eu

acho

que

foi u

ma

inte

graç

ão m

uito

gra

nde,

qua

ndo

as p

esso

as c

omeç

aram

a v

er q

ue n

ão fo

i nen

hum

bic

ho p

apão

, sab

e qu

e os

do

is e

stav

am e

m p

osiç

ão d

e ig

uald

ade,

e q

ue o

s do

is p

odia

m e

scut

ar a

pro

duçã

o , q

ue p

odia

m c

ontin

uar

ali,

a Ip

irang

a fo

i mui

to b

em,

nenh

um tr

aum

a”

39

“A g

ente

já c

onse

guiu

nes

se te

mpo

traz

er a

lgum

as c

oisa

s de

mer

cado

que

a g

ente

aqu

i [At

lant

ic] n

ão ti

nha”

40

[Na

ocas

ião

da m

udan

ça] “

Lógi

co, a

gen

te ti

nha

o qu

e fa

zer p

orqu

e os

trab

alho

s es

tava

m e

m a

ndam

ento

(...)

tudo

que

a g

ente

faz

lá, a

ge

nte

cont

inua

faze

ndo

e ve

m a

greg

ando

né,

um

mon

te d

e tra

balh

o”

41

“Atla

ntic

ela

é u

ma

pouc

o fe

chad

a, e

la s

ó pr

esta

va a

s in

form

açõe

s pr

o Es

tado

e U

nião

, ela

é d

e ca

pita

l fec

hado

. A Ip

irang

a é

de c

apita

l ab

erto

, pre

sta

info

rmaç

ão s

empr

e pr

os a

cion

ista

s, e

ntão

teve

ess

a no

vida

de p

ra g

ente

tam

bém

né,

não

lida

va c

om is

so, a

gen

te ia

ter q

ue

prep

arar

nov

os re

lató

rios,

nov

os c

onhe

cim

ento

s.”

42

“Um

a co

isa

que

eu s

enti

assi

m, m

uito

dife

rent

e, é

o a

cess

o ao

s di

reto

res,

é lá

na

Atla

ntic

ent

rar n

a sa

la d

o pr

esid

ente

a q

ualq

uer h

ora

que

eu q

uise

sse”

43

“Eu

acho

que

, ess

e, e

sse

abra

ço q

ue e

les

dera

m n

a ge

nte.

.. Eu

ach

o...

Eu a

cho

a At

lant

ic u

ma

empr

esa

bast

ante

pat

erna

l, m

ater

nal n

é,

ambi

ente

ass

im...

(...)

Dem

ais

até

pro

meu

gos

to, s

abe

(...)e

u ac

ho q

ue e

la p

odia

ser

um

pou

co m

ais.

.. ou

sada

, mai

s fir

me

com

alg

umas

co

isas

sab

e, a

lgun

s tip

os d

e co

isas

que

ach

o qu

e el

a nã

o de

via

adm

itir q

ue fu

ncio

nário

s fiz

esse

m, a

cho

que

eles

tinh

am q

ue s

er p

unid

os”

44

“Ess

a co

isa

da Ip

irang

a, e

la m

uito

ass

im m

ater

nal s

abe

com

as

pess

oas.

Eu

acho

que

por

isso

que

ela

aco

lheu

todo

s de

um

a fo

rma

mui

to

boa,

foi,

foi m

uito

bra

nda

nas

deci

sões

. Ela

foi d

emiti

ndo.

Alg

uns

soub

eram

, as

pess

oas,

de

uma

form

a be

m tr

anqü

ila, n

ão fo

i nad

a as

sim

de

impa

cto,

nad

a as

sim

que

tenh

a si

do v

iole

nto.

Não

foi.

Acho

que

mui

to p

ela

post

ura

mes

mo”

45

“A Ip

irang

a qu

ando

adq

uiriu

a A

tlant

ic, t

odos

os

exem

plos

que

fora

m d

ados

, ela

não

com

prou

sim

ples

men

te

2.00

0 po

stos

, 3.0

00 p

osto

s de

gas

olin

as,

algu

mas

bas

es d

e di

strib

uiçã

o, c

omo

a fro

ta d

e ve

ícul

os.

Ela

com

prou

um

a em

pres

a, e

isso

fic

ou m

uito

cla

ro,

eu t

ive

opor

tuni

dade

de

assi

stir

o de

poim

ento

do

com

itê e

xecu

tivo.

Com

prou

um

a em

pres

a qu

e na

vis

ão d

ela

é...

era

uma

empr

esa

mei

o qu

e se

di

z do

s re

sulta

dos

bons

. E e

la te

ve u

ma

preo

cupa

ção

que

eu a

cho

que

foi o

gra

nde

suce

sso

de tu

do, o

u se

ja, d

e co

nhec

er q

uais

era

m a

s pr

átic

as q

ue e

xist

iam

é...

em

cad

a ár

ea d

entro

da

orga

niza

ção,

incl

usiv

e re

curs

os h

uman

os. E

par

a is

so e

la c

riou

grup

os d

e tra

balh

o. E

ca

da g

rupo

de

traba

lho

anal

isav

a: q

ual e

ra a

pol

ítica

, qua

l era

a p

rátic

a da

Ipira

nga

naqu

ele

mom

ento

util

izad

o. Q

ual e

ra a

pol

ítica

, qua

l er

a a

prát

ica

da A

tlant

ic u

tiliz

ada.

Ess

e gr

upo

tinha

aut

onom

ia d

e an

alis

ar a

s du

as p

rátic

as e

pro

por

a qu

e o

grup

o ac

hass

e qu

e er

a m

elho

r.”

46

“A Ip

irang

a no

cas

o de

mon

stro

u hu

mild

ade

dura

nte,

que

rer

ouvi

r. Q

uere

r co

mpa

rar!

E a

sabe

doria

, co

mpe

tênc

ia d

e m

udar

! O

que

ela

ac

hava

que

dev

eria

mud

ar, n

ão é

. E m

uita

s co

isas

fora

m a

ltera

das.

Pol

ítica

s fo

ram

alte

rada

s nã

o é.

Prá

ticas

fora

m a

ltera

das.

O q

ue e

la

cuid

ou é

no

sent

ido

de p

rese

rvar

um

a cu

ltura

, que

eu

acho

que

a c

ultu

ra d

a C

BPI é

um

a cu

ltura

ímpa

r”

47

“Se

você

me

perg

unta

r se

ess

a in

tegr

ação

mud

ou a

cul

tura

da

Ipira

nga?

Eu

vou

dize

r qu

e si

m,

mud

ou.

É ló

gico

que

mud

ou.

Se v

ocê

pega

... E

out

ro p

onto

impo

rtant

e qu

e a

Ipira

nga

teve

, na

min

ha o

pini

ão, e

a p

rova

mai

or d

o qu

e tu

do q

ue e

u es

tou

dize

ndo

é qu

e, e

la n

ão

se p

reoc

upou

de

imed

iato

em

: não

, vou

dem

itir l

ogo

met

ade

do p

esso

al, u

m te

rço.

Não

! Ela

não

teve

nen

hum

a pr

eocu

paçã

o co

m is

so. A

pr

eocu

paçã

o m

aior

del

a fo

i, pr

imei

ro lu

gar,

conh

ecer

as

vária

s tra

diçõ

es. E

ntão

ao

long

o de

todo

ano

de

94 e

la tr

abal

hou

com

os

grup

os

na id

entid

ade

dess

as p

rátic

as,

os v

alor

es,

anál

ises

, en

fim.

E no

fin

al d

e 94

se

crio

u um

a es

trutu

ra ú

nica

não

é.

E gr

adat

ivam

ente

as

cois

as, a

med

ida

em q

ue a

s pe

ssoa

s fo

ram

sai

ndo,

ped

indo

dem

issã

o, e

mes

mo

com

os

valo

res

mai

s ba

ixos

, e a

lgun

s nó

s tiv

emos

que

fo

rçar

. M

as o

pro

cess

o de

enx

ugam

ento

da

estru

tura

, se

ja d

e ge

rent

e, d

ireto

r, el

a se

tra

nsfo

rmou

, fo

i gra

dativ

amen

te.

Entã

o el

a de

u te

mpo

. Deu

tem

po d

e ab

sorv

er e

ssas

mud

ança

s, e

ssas

prá

ticas

de

conh

ecer

. E e

u ac

ho q

ue is

so fo

i um

fato

r de

suce

sso,

não

é?

Agor

a é

15

4

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s ló

gico

, voc

ê va

i diz

er: a

h! F

oi...

Cor

reu

tudo

mar

avilh

osam

ente

bem

? N

ão! V

ocê

tem

pes

soas

né,

que

não

... n

ão ti

vera

m a

pac

iênc

ia, a

ca

lma,

a in

telig

ênci

a, a

com

petê

ncia

de

adm

inis

trar,

anda

ram

faze

ndo,

se

prec

ipita

ram

... a

lgun

s se

pre

cipi

tara

m”.

48

“Por

exe

mpl

o, n

ão p

enso

mai

s, e

u te

nho

mai

s te

mpo

de

Ipira

nga

do q

ue d

e At

lant

ic,

mui

to m

ais

tem

po (

...)

me

sint

o m

uito

bem

. Eu

go

star

ia a

té q

ue o

s m

eus

filho

s um

dia

pud

esse

m te

r a s

orte

que

eu

tive

de v

ir tra

balh

ar n

a Ip

irang

a”.

49

“Nas

dua

s em

pres

as o

corre

m d

e um

a fo

rma

assi

m m

eio

idên

tica,

que

r di

zer,

sem

est

ranh

os,

tá.

Porq

ue n

a re

alid

ade

é o

tipo

da

info

rmaç

ão q

ue v

ocê

não

pode

ria d

ivul

gar

prev

iam

ente

por

mot

ivo

só d

e m

erca

do, a

ções

, enf

im.

Entã

o oc

orre

ram

sim

ulta

neam

ente

as

duas

info

rmaç

ões.

Qua

ndo

foi f

eita

a d

ivul

gaçã

o...

Aind

a m

e le

mbr

o um

, do

is d

ias

depo

is t

á, t

odo

com

itê e

xecu

tivo

foi n

a At

lant

ic,

quis

eram

con

hece

r to

dos

os g

eren

tes

da A

tlant

ic,

se a

pres

enta

ram

, fa

lara

m a

berta

men

te.

Tudo

que

eu

esto

u di

zend

o el

es f

alar

am lá

co

mo

é qu

e ia

ser

fei

to e

tal

. El

es já

tin

ham

pla

neja

do.

Acho

que

foi

....

Para

que

m t

em c

abeç

a, m

atur

idad

e, p

aciê

ncia

, né

, ét

ica

de

cond

uta,

eu

diria

a v

ocê

que

foi t

ranq

üilo

o p

roce

sso.

Não

pod

eria

ter s

ido

mai

s tra

nqüi

lo. N

ão p

oder

ia te

r sid

o m

ais

efic

az, e

m fu

nção

dos

ob

jetiv

os q

ue a

Ipira

nga

pret

endi

a co

m is

so.”

50

“Por

que

o qu

e eu

tenh

o vi

sto

aí, é

que

m c

ompr

a no

dia

seg

uint

e de

mite

mei

a dú

zia

de n

ão s

ei q

uant

o, n

é. P

ega

o ne

góci

o. T

oma

cont

a do

ne

góci

o, fi

m d

e pa

po. E

eu

acho

que

a Ip

irang

a fo

i por

um

out

ro c

amin

ho. V

ocê.

.. Vo

cê m

e di

sser

: o c

usto

foi m

aior

? Fo

i! Se

m d

úvid

a!

Agor

a os

gan

hos

fora

m m

uito

mai

ores

51

“É a

tran

spar

ênci

a, n

uma

cond

uta

de u

ma

dire

toria

, de

um c

omitê

exe

cutiv

o, n

ão é

disc

urso

[bat

e na

mes

a]. S

e vo

cê ti

ver u

m d

iscu

rso

mas

não

tive

r aç

ão c

orre

nte,

voc

ê nã

o te

m tr

ansp

arên

cia,

voc

ê nã

o te

m c

redi

bilid

ade.

Eu

acho

que

a Ip

irang

a, ta

nto

o co

mitê

exe

cutiv

o co

mo

a di

reto

ria d

essa

em

pres

a se

mpr

e te

ve o

dis

curs

o aj

usta

do à

s aç

ões,

né,

e e

la fa

z, q

ue e

la im

plem

enta

”. 52

“A

dire

toria

não

deu

, vam

os d

izer

ass

im, n

ão d

eu tr

atam

ento

nen

hum

dife

renc

iado

, ta?

” [pa

ra fu

ncio

nário

s da

Atla

ntic

ou

da Ip

irang

a]

53

“Olh

a só

o p

rimei

ro a

no a

Ipira

nga

ficou

aqu

i e a

Atla

ntic

fico

u aq

ui, t

á. Ip

irang

a aq

ui n

a Fr

anci

sco

Eugê

nio,

Atla

ntic

na

Prai

a do

Fla

men

go,

mei

a-m

eia-

A. Q

ual e

ra a

funç

ão?

A fu

nção

era

voc

ê cr

iar g

rupo

s, tá

? Es

ses

grup

os s

e re

unia

m e

dis

cutia

m a

s pr

átic

as, p

olíti

cas,

o e

stad

o de

trad

içõe

s de

cad

a um

a da

s em

pres

as. E

ssa

empr

esa

cont

inua

va a

qui,

essa

aqu

i. As

em

pres

as c

omeç

aram

a fa

zer i

sso

em fi

nal d

e 95

, tá

. Nós

cria

mos

um

a es

trutu

ra ú

nica

, ou

seja

, um

dire

tor,

um s

uper

inte

nden

te, u

ma

dire

toria

de

mar

ketin

g. U

m d

ireto

r dis

so, u

m g

eren

te

diss

o, u

m g

eren

te d

aqui

lo. E

ntão

, e a

í já

com

as

polít

icas

prá

ticas

já d

efin

idas

, apr

ovad

as [b

ate

suce

ssiv

amen

te 2

vez

es n

a m

esa]

. O q

ue

com

eçou

ent

ão s

e fa

zer u

m tr

abal

ho d

e in

tegr

ação

das

áre

as. É

isso

com

eçou

em

95.

E fo

i ao

long

o do

tem

po. N

ão fo

i ráp

ido,

é p

rimei

ro

de ja

neiro

junt

a tu

do, j

unta

, não

. Prim

eiro

a p

artir

de

95 a

lgum

tem

po a

inda

, mes

mo

com

est

rutu

ra a

inda

, alg

umas

coi

sas

cont

inua

ram

na

Prai

a do

Fla

men

go m

eia-

mei

a A

e ou

tras

aqui

. Eu

digo

a v

ocê

que

fora

m g

rada

tivam

ente

se

apro

xim

ando

.”

54

“Cad

a ár

ea é

o re

spon

sáve

l mai

or p

or e

ssa

inte

graç

ão. V

ocê

tinha

um

dire

tor a

qui,

um d

ireto

r lá,

os

dois

dire

tore

s er

am o

brig

ados

a fa

zer

isso

.” [s

obre

a p

ergu

nta

se h

ouve

alg

um ti

me

de tr

abal

ho q

ue te

nha

sido

mon

tado

aí s

ó pa

ra in

terli

gar t

odas

as

área

s da

em

pres

a]

55

“No

final

de

95 fo

i que

sai

u o

prim

eiro

mod

elo

de e

stru

tura

, as

sim

mes

mo,

aqu

ilo a

cont

eceu

em

jane

iro d

e 95

. Ao

long

o de

95

aque

la

estru

tura

foi,

você

tinh

a um

des

enho

, voc

ê co

meç

ou a

col

ocar

as

pess

oas.

Inte

grar

as

área

s.”

56

“Ess

a in

tegr

ação

da

logí

stic

a el

a fo

i mai

s rá

pida

, né?

Por

que

a ge

nte

não

podi

a fic

ar a

tuan

do, é

, sen

do u

ma

empr

esa

só, c

om d

uas

base

s no

mes

mo

loca

l. En

tão

essa

, ess

a, e

ssa

deci

são

sobr

e ab

ertu

ra e

fech

amen

to b

ásic

o, e

la te

ve q

ue s

er, t

eve

que

se d

ar d

e um

a fo

rma

mui

to m

ais

rápi

da, n

é..”

57

“Em

rel

ação

às

pess

oas

esse

pro

cess

o fo

i um

pou

co m

ais

lent

o, n

é. A

gen

te fi

cou

dura

nte

algu

m te

mpo

com

um

a qu

antid

ade

mai

or d

e pe

ssoa

s do

que

dev

eria

. E e

sse

proc

esso

foi u

ma

depu

raçã

o le

nta,

em

que

a g

ente

esc

olhe

u os

mel

hore

s, in

depe

nden

tem

ente

se

era

Ipira

nga

ou A

tlant

ic”

58

“Eu

acho

que

o p

roce

sso

de in

tegr

ação

da

Atla

ntic

foi m

uito

lent

o. E

ssa

é um

a vi

são

pess

oal.

Nós

com

pram

os a

em

pres

a, ro

dam

os c

om 2

em

pres

as o

ano

inte

iro, e

inco

rpor

amos

em

jane

iro d

e 95

. Tá

certo

? N

ós ro

dam

os 9

4 in

teiro

com

2 e

mpr

esas

..”

15

5

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s

59

“Fom

os p

ouqu

íssi

mo

agre

ssiv

os n

a bu

sca

de r

eduç

ão d

e cu

stos

no

curto

pra

zo. P

or o

utro

lado

, e a

í eu

vou,

... ta

mbé

m n

ós ti

vem

os u

m

proc

esso

de

inte

graç

ão a

bsol

utam

ente

sem

trau

ma.

... n

ós n

ão ti

vem

os n

enhu

m p

roce

sso

traba

lhis

ta, n

ós n

ão ti

vem

os p

robl

emas

com

os

clie

ntes

....”

60

“Não

, a g

ente

fez

tudo

inte

rnam

ente

, eu

diria

com

o m

aior

suc

esso

, por

que

nós

não

desl

igam

os a

em

pres

a, n

ós d

eslig

amos

a A

tlant

ic, e

sa

ímos

fatu

rand

o a

CBP

I, tu

do is

so e

stav

a pr

onto

em

jane

iro, n

ós n

ão ti

vem

os, n

ós n

ão d

eixa

mos

de

aten

der 1

clie

nte.

61

“Um

a re

com

enda

ção

que

a ge

nte

rece

beu

no p

rincí

pio,

né,

que

foi m

uito

seg

uida

, foi

que

não

foss

e fe

ito u

m p

roce

sso

de...

. inv

asão

.... q

ue

se p

egas

sem

os

exec

utiv

os d

aqui

, man

dass

em lá

pra

den

tro A

tlant

ic.”.

62

“E a

í co

meç

a um

tra

balh

o de

otim

izaç

ão q

ue a

prin

cípi

o va

i at

é be

m r

ápid

o, n

é, a

gen

te c

onse

gue

um b

om r

esul

tado

, m

as n

um

dete

rmin

ado

mom

ento

uma

‘trav

ada’

, por

que

aí a

s pe

ssoa

s el

as tê

m d

ificul

dade

s, n

é, d

e im

agin

ar q

ue n

ão te

m n

ada

cinz

ento

, de

que

a su

a ár

ea te

m q

ue c

orta

r a p

arte

cin

zent

a...

todo

mun

do s

empr

e ac

ha, é

nat

ural

isso

, qu

e a

área

do

outro

é q

ue te

m q

ue ti

rar

o ci

nza,

te

m q

ue ir

até

lá...

e a

gen

te c

omeç

a um

trab

alho

inte

rno

de o

timiz

ação

de

proc

esso

s –

ness

a ép

oca

a ge

nte

cham

ou d

e ‘A

BC’,

né, e

que

a

gent

e co

meç

a a

agre

gar c

usto

s de

ntro

de

uma

visã

o de

pro

cess

os, e

a g

ente

com

eça

a ir

nas

área

s e

corta

r, ir

nas

área

s e

corta

r, nu

m

proc

esso

de

dire

cion

ar. M

uito

dis

cutid

o, m

uito

deb

atid

o in

tern

amen

te (.

..)A

Dire

toria

dire

tam

ente

, que

foi o

pat

roci

nado

r do

proc

esso

, e e

le

foi e

xecu

tado

pel

a ár

ea fi

nanc

eira

, mas

em

con

junt

o co

m a

s ou

tras

área

s....

Hav

ia, n

a ve

rdad

e, v

amos

diz

er a

ssim

, um

gra

nde

patro

cíni

o do

Sup

erin

tend

ente

nes

se s

entid

o”

63

“Fiz

emos

um

pro

gram

a de

dem

issã

o. N

ão e

ra v

olun

tário

... v

amos

diz

er a

ssim

, não

nenh

uma

empr

esa

no B

rasi

l que

pos

sa te

r tra

tado

a

outra

em

pres

a co

mo

nós

trata

mos

. Que

r diz

er, d

o la

do h

uman

o, s

ério

mes

mo,

nós

tem

os u

m P

lano

de

Dem

issã

o, e

u di

ria, b

asta

nte

bom

...

E ba

stan

te b

om p

orqu

e do

lado

de

lá é

o s

egui

nte:

nós

não

tính

amos

nen

hum

com

prom

isso

com

a p

esso

a qu

e tra

balh

ava

na A

tlant

ic. E

, ne

sse

sent

ido,

(...

) eu

ach

o qu

e ne

nhum

a ou

tra e

mpr

esa

faz:

nós

tro

uxem

os t

odos

os

func

ioná

rios

da A

tlant

ic p

ra d

entro

da

noss

a fu

ndaç

ão (.

..) N

ós tí

nham

os u

m p

lano

de

dem

issã

o, q

ue e

u nã

o ac

ho q

ue is

so te

nha

sido

agr

essi

vo, m

as e

le e

ra b

om...

par

a pe

ssoa

s qu

e nã

o tin

ham

ain

da c

olab

orad

o co

m a

Org

aniz

ação

Ipira

nga.

Tro

uxem

os is

so.

Fom

os b

asta

nte

cons

erva

dore

s no

pro

cess

o de

cor

te.

Eu

acho

que

não

tive

mos

pro

blem

a de

clim

a...

(...)N

ão h

ouve

nen

hum

a de

mis

são

em m

assa

de

uma

hora

par

a ou

tra, h

ouve

dem

issõ

es s

ó de

pe

ssoa

s de

ntro

da

próp

ria C

BPI

e ta

mbé

m...

. nó

s pr

ocur

amos

....

isso

eu

tenh

o de

diz

er...

. nó

s pr

ocur

amos

ser

equ

ânim

es n

esse

pr

oces

so”

64

“E a

í to

mou

a d

ecis

ão,

leva

mos

lá,

é --

dele

nes

se f

ever

eiro

, a

gent

e pr

omet

eu n

essa

vira

da t

oda.

Nós

aum

enta

mos

as

máq

uina

s.

Red

istri

buím

os a

s m

áqui

nas

no B

rasi

l, to

cam

os, v

iram

os n

um d

ia s

ó.”

65

“O q

ue fo

i fei

to d

epoi

s da

aqu

isiç

ão, q

ue s

e ju

ntou

um

gru

po, e

ram

os

dire

tore

s de

, dire

tore

s na

ver

dade

de

mar

ketin

g, e

ra u

m g

rupo

, sai

u vi

sita

ndo

toda

s re

giõe

s do

Bra

sil,

tend

o re

uniõ

es c

om re

vend

edor

es.”

66

“em

95

nós

fizem

os d

ois

mov

imen

tos

mui

to fo

rtes.

Um

del

es fo

i tro

car a

gênc

ia d

e pr

opag

anda

(...)

e a

o m

esm

o te

mpo

nós

fize

mos

ess

e tra

balh

o de

mod

ificaç

ão d

a im

agem

67

“e a

lém

de

tudo

ain

da ti

nha

a Ip

irang

a co

m a

imag

em d

a Ip

irang

a (..

) e

olha

que

a to

da Ip

irang

a nã

o tin

ha...

Ent

ão v

ocê

tinha

Ipira

nga

velh

a (..

.)”

68

“a g

ente

não

tin

ha m

uita

pre

ocup

ação

de

quem

viri

a pr

imei

ro,

está

cer

to.

O q

ue n

ós e

stam

os r

ealm

ente

, e

aí é

que

a g

ente

gas

tou

bast

ante

tem

po,

era:

com

o é

que

eu v

ou f

azer

par

a es

ses

cara

s ad

erire

m a

isso

aqu

i? E

ntão

fiz

emos

um

bai

ta d

e um

lanç

amen

to,

troux

emos

400

reve

nded

ores

do

Bras

il to

do.”

69

“Por

que

na v

erda

de n

ós n

ão e

stáv

amos

mud

ando

de

mar

ca. N

em d

e m

arca

, nem

de

imag

em. N

ós e

stáv

amos

mud

ando

era

de

conc

eito

de

pos

to.”

70

“Por

que

que

nós

não

ado

tam

os a

mar

ca a

ntig

a? T

em é

tudo

a v

er c

om is

so. S

e a

gent

e ad

otas

se a

mar

ca a

ntig

a, e

stá

certo

, o q

ue q

ue

eu e

star

ia fa

zend

o co

m o

s ca

ras

que

eram

Atla

ntic

? (M

udar

par

a Ip

irang

a?) N

ão! I

sso

era

o m

ais

fáci

l. Va

i diz

er p

ara

ele

que

a m

arca

del

e

15

6

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s é

uma

porc

aria

. Aq

uilo

que

ele

mai

s am

ava

nos

últim

os 2

0 an

os.

Para

ess

es c

aras

aqu

i, el

es ia

m s

er o

s ga

nhad

ores

, es

ses

aqui

os

perd

edor

es. S

e nó

s fiz

ésse

mos

isso

nós

est

ávam

os li

quid

ados

. Cer

to. O

que

que

aco

ntec

eu?

Nós

fize

mos

, nós

não

agr

adam

os n

em a

es

se,

nem

a e

sse.

Nós

cria

mos

um

a co

isa

nova

(...

) Tu

do is

so p

orqu

e a

gent

e nã

o qu

eria

cria

r ne

m g

anha

dor,

nem

per

dedo

r. N

ós

quer

íam

os c

riar u

ma

cois

a no

va, q

ue e

les

foss

em m

udan

do p

ara

essa

coi

sa n

ova”

71

“Na

verd

ade

foi s

ó um

a ev

oluç

ão d

a m

arca

, mas

aqu

ela

linha

zinh

a la

ranj

a m

udou

mui

to, p

or in

crív

el q

ue p

areç

a. E

a id

éia

era

real

men

te

cria

r alg

uma

cois

a qu

e fo

sse

dese

jada

e n

ão im

post

a.”

72

“Nós

tive

mos

alg

umas

bar

reira

s co

m o

pes

soal

da

Atla

ntic

, é ó

bvio

. Bar

reira

s po

rque

as

pess

oas

defe

ndia

m a

sua

mar

ca. N

é, o

car

a es

num

a re

de, i

ndep

ende

ntem

ente

de

ser,

se v

ocê

paga

pel

a ex

clus

ivid

ade

ou n

ão, v

ai p

assa

r dos

ano

s o

cara

obv

iam

ente

é o

rgul

hoso

del

a,

certo

73

“Nós

tem

os u

ma

cara

cter

ístic

a m

uito

forte

que

é o

ate

ndim

ento

. Que

aí a

Atla

ntic

per

dia

mui

to. E

ntão

, qua

l era

a n

ossa

exp

ecta

tiva?

Era

o pe

rder

reve

nded

ores

num

per

íodo

de

dois

ano

s. P

orqu

e a

gent

e en

tend

ia q

ue a

nos

sa fo

rma

de s

er c

onse

guiri

a pe

gar.

Na

verd

ade

nós

perd

emos

mui

to p

ouca

gen

te.”

74

“Na

verd

ade

as d

uas

empr

esas

já e

stav

am n

o m

omen

to d

e se

est

udar

a s

ua m

arca

. Po

rque

a n

ossa

já t

inha

10

anos

. (..

.) cl

aro,

[a

aqui

siçã

o] fo

i o a

cele

rado

r, se

m d

úvid

a.”

75

[a in

tegr

ação

das

mar

cas

foi a

cha

ve d

o su

cess

o?] “

Eu a

cho

que

foi”

76

“Eu

diria

que

foi o

nde

com

eçou

o m

ais

rápi

do e

ssa

junç

ão to

da. E

u di

ria q

ue...

[dá

um te

mpi

nho

p/vo

ltar a

fala

r] um

ano

e m

eio

eu a

cho

que

deu

uma

arru

mad

a to

tal,

mai

s ou

men

os. I

sso

com

eçou

em

94

com

est

rutu

ras

dupl

as. D

epoi

s re

tiram

os, n

ão te

ve je

ito n

enhu

m, o

s pr

imei

ros

hom

ens

da A

tlant

ic, e

xcet

o no

nor

dest

e. E

m c

ada

dois

nós

tính

amos

que

faze

r um

. Voc

ê im

agin

a o

horr

or q

ue n

ão fo

i?! M

as fo

i di

fícil,

não

foi f

ácil

não.

Mui

ta c

oisa

tam

bém

aco

ntec

e no

mei

o do

cam

inho

, ent

ende

u.?”

77

“Em

gra

nde

esca

la é

um

a co

isa

fant

ástic

a m

esm

o...

Só te

m c

oisa

s po

sitiv

as. É

... V

ocê

tem

que

obv

iam

ente

mud

ar s

ua c

abeç

a es

tá c

erto

. Ta

lvez

ess

a te

nha

sido

ass

im ta

lvez

o m

aior

pro

blem

a né

, é fa

zer

as p

esso

as p

arar

em d

e pe

nsar

peq

ueno

par

a pe

nsar

dife

rent

e. E

não

po

de s

er g

rand

e de

mai

s, p

orqu

e se

não

gast

a di

nhei

ro d

emai

s. M

as q

uand

o vo

cê s

ai d

e um

a em

pres

a pe

la m

etad

e, s

ai p

elo

dobr

o. O

ge

renc

iam

ento

dis

so fo

i difí

cil n

é. V

ocê

acab

a te

ndo

um a

petit

e m

uito

gra

nde

para

o g

asto

, por

que

você

fico

u m

uito

gra

nde

e tu

do o

mai

s,

e aí

pod

e vi

r a te

r nec

essi

dade

de

cont

role

s. É

... a

cho

que

na c

abeç

a da

s pe

ssoa

s is

so n

o in

ício

foi d

ifíci

l. M

as ru

im?!

Não

con

sigo

ver

78

“É, c

usto

u um

pou

co p

ara

perc

ebem

que

a Ip

irang

a nã

o es

tava

com

ess

e ob

jetiv

o, tá

. E c

usto

u um

pou

co q

ue e

u di

go é

cus

tou

algu

ns

mes

es, m

as...

. aí o

pes

soal

fina

lmen

te p

erce

beu

que

a Ip

irang

a es

tava

faze

ndo

um p

roce

sso

não

de fu

são

né, n

ão d

e co

mpr

a, m

as d

e in

tegr

ação

. E e

sse

proc

esso

de

inte

graç

ão e

le d

urou

alg

um te

mpo

, ele

dur

ou ta

lvez

uns

5 a

nos,

coi

sa q

ue o

val

ha. M

uito

difí

cil d

izer

qua

l é

o te

mpo

, m

as e

u es

timan

do a

ssim

, eu

ach

o qu

e un

s 5,

4,

5 an

os d

eve

ter

dura

do e

sse

proc

esso

. E

os f

ruto

s es

tão

aí,

quer

diz

er,

o pr

oces

so fo

i... d

e am

plo

suce

sso

né, p

orqu

e a

gent

e co

nseg

uiu

é si

nerg

ia n

o pr

oces

so. A

gen

te c

onse

guiu

faze

r um

mai

s um

é ig

ual a

trê

s.”

79

“A Ip

irang

a te

m u

ma

cultu

ra c

ompl

etam

ente

dife

rent

e do

que

tinh

a a

Atla

ntic

, num

prim

eiro

mom

ento

deu

impa

cto.

Mas

isso

foi a

o lo

ngo

do te

mpo

sen

do e

svaz

iado

. E o

esv

azia

men

to s

e de

u pe

la p

ostu

ra d

a Ip

irang

a de

con

cilia

ção.

Pel

a po

stur

a da

Ipira

nga

de p

rivile

giar

à

inte

graç

ão e

não

à a

quis

ição

, vam

os d

izer

ass

im. A

pal

avra

inte

graç

ão fo

i mui

to u

sada

dur

ante

todo

o p

roce

sso.

80

“A D

ireto

ria d

ireta

men

te, q

ue fo

i o p

atro

cina

dor

do p

roce

sso,

e e

le f

oi e

xecu

tado

pel

a ár

ea f

inan

ceira

, m

as e

m c

onju

nto

com

as

outra

s ár

eas.

... H

avia

, na

verd

ade,

vam

os d

izer

ass

im, u

m g

rand

e pa

trocí

nio

do S

uper

inte

nden

te n

esse

sen

tido.

81

“[tim

es d

e tra

balh

o na

inte

graç

ão] E

xist

iu d

uran

te 9

4. N

o co

meç

o de

94

e co

rreu

qua

se 9

4 in

teiro

pra

pod

er c

hega

r 95

com

... n

ós tí

nham

os

que

cheg

ar e

m 9

5 co

m u

ma

form

a de

trab

alha

r... e

isso

nós

fize

mos

.” 82

“A

tuar

con

junt

amen

te, m

as n

ão re

aliz

ando

as

sine

rgia

s”[e

m u

m p

rimei

ro m

omen

to, a

ntes

da

inte

graç

ão ‘o

ficia

l’]

15

7

Exce

rto

# R

azõe

s ou

Con

firm

açõe

s 83

“M

uita

gen

te fa

zend

o fu

ncio

nar..

. ao

long

o de

sse

prim

eiro

ano

, a g

ente

tira

alg

uma

cois

a, e

quan

do a

gen

te c

omeç

a a

revi

sar..

.. af

inal

o

prim

eiro

“gro

sso”

, vam

os d

izer

ass

im, o

prim

eiro

núm

ero,

na

verd

ade

acon

tece

até

nat

ural

men

te.”

84

“E q

uand

o a

gent

e ch

ega

aqui

, né,

e a

í, já

ass

ume

uma

estru

tura

úni

ca, n

é, “

gere

ntes

úni

cos”

com

anda

ndo

área

s, á

reas

gra

ndes

... e

aí,

um d

eter

min

ado

traba

lho

que

a ge

nte

teve

de

faze

r...,

vam

os d

izer

ass

im, á

reas

que

se

sobr

epun

ham

, né,

a á

rea

Com

erci

al, p

or e

xem

plo,

tin

ha u

m G

eren

te d

e M

arke

ting

e um

Ger

ente

de

Pesq

uisa

de

Mar

ketin

g, e

nfim

, as

cois

as e

ram

sob

repo

stas

.... E

ssas

est

rutu

ras,

aí,

sim

, tin

ha q

ue c

omeç

ar a

se

otim

izar

, né?

E a

í com

eça

um tr

abal

ho d

e ot

imiz

ação

que

à p

rincí

pio

vai a

té b

em rá

pido

, né,

a g

ente

con

segu

e um

bo

m r

esul

tado

, mas

num

det

erm

inad

o m

omen

to d

á um

a ‘tr

avad

a’, p

orqu

e aí

as

pess

oas

elas

têm

difi

culd

ades

, né,

de

imag

inar

que

não

te

m n

ada

cinz

ento

, de

que

a su

a ár

ea te

m q

ue c

orta

r a p

arte

cin

zent

a...

todo

mun

do s

empr

e ac

ha, é

nat

ural

isso

, qu

e a

área

do

outro

é

que

tem

que

tira

r o c

inza

, tem

que

ir a

té lá

... e

a g

ente

com

eça

um tr

abal

ho in

tern

o de

otim

izaç

ão d

e pr

oces

sos”

158

Conforme apresentado, através da utilização da tabela como método de análise dos

resultados, pôde-se, assim, inferir algumas considerações acerca do caso estudado e

verificar aderências ou não à literatura apresentada.

159

5 - CONCLUSÃO

5.1. O QUE FOI FEITO Esta dissertação teve como objetivo identificar evidências de que a aquisição de uma

empresa por outra ocorreu da forma como Haspeslagh & Jemison sugerem.

Haspeslagh & Jemison avaliam que aquisições com ênfase apenas no aspecto

financeiro e da própria negociação limitam os possíveis benefícios pós-aquisição. Os

autores destacam, assim, que a forma como são tratadas as questões de tomada de

decisão de aquisição e de integração pós-processo define o sucesso ou o fracasso do

processo. De forma a viabilizar tal objetivo, desenvolveu-se uma revisão de literatura

apresentando, de maneira suscinta, os conceitos de gerais de valor e suas abordagens

departamentais para, enfim, revisitar-se a perspectiva de Haspeslagh e Jemison quanto

ao processo de integração como fator-chave na criação de valor de aquisições.

Selecionou-se o processo de aquisição da Companhia Atlantic de Petróleo pela

Empresas Petróleo Ipiranga e fez-se um estudo de caso de forma a auxiliar na

verificação da literatura existente. Descreveu-se detalhadamente como a Ipiranga

procedeu no processo de tomada de decisão, em sua integração e na forma como

gerenciou o processo de aquisição. Desenvolveu-se um método de pesquisa baseando-

se nas entrevistas com funcionários das duas empresas envolvidas e nos relatos

formais expostos nos veículos de comunicação daquela época (revistas, jornais, artigos,

livros institucionais das empresas e documentos oficiais).

Para a análise dos resultados trabalhou-se através de duas tabelas. A primeira tabela

continha (i) os temas mencionados acima – criação de valor, tomada de decisão,

integração, gerenciamento da aquisição – apresentados através de (ii) questões, (iii)

conceituação da literatura de Haspeslagh e Jemison sobre cada questão, (iv) aderência

do estudo de caso as noções desses autores, e (v) referências aos excertos das

entrevistas efetuadas. A segunda tabela continha os excertos propriamente ditos.

160

5.2. CONSTATAÇÕES NO CASO EM ANÁLISE Alguns resultados puderam ser inferidos através deste estudo de caso. Esses

resultados foram observados através dos itens de criação de valor, tomada de decisão,

integração e gerenciamento da aquisição.

5.2.1. Aquisições e Criação de Valor

A Ipiranga apresentou grande aderência com a literatura nas questões de criação de

valor. Apesar da aparente impressão inicial de que a motivação para a aquisição seria

apenas o porte da empresa desejada, de acordo com as entrevistas, a Ipiranga

demonstrou a importância que dava à oportunidade de crescimento organizacional com

a aquisição.

5.2.2. Tomada de decisão

Com relação à tomada de decisão, pareceu subjetiva a forma como os envolvidos

lidaram com as questões de criar valor com as diferenças culturais. A pesquisa não

evidenciou também em que medida a justificativa para a aquisição deu mais atenção a

questões financeiras do que as da organização. Apesar disso, ao que tudo indica, a

questão das capacitações a serem adquiridas pareceu ser o item que mais demonstrou

se sobressair nas entrevistas como sendo principal, adequando-se à literatura revisitada

nesta dissertação.

5.2.3. Integração

Duas questões devem ser destacadas nos aspectos referentes à integração: a

integração física e o seu gerenciamento. Quanto à primeira questão, apesar da

aparente preocupação da Ipiranga quanto à criação de uma atmosfera igualitária, onde

todos teriam a oportunidade de contribuir, houve a decisão de manter todas as pessoas

trabalhando juntas no mesmo ambiente físico, porém, inicialmente sem nenhuma

interação funcional. Isso pode ter gerado dificuldades e resistências quanto à adesão no

processo de integração de fato (ocorrido um ano após a compra), mas em nenhuma das

entrevistas esse impacto foi abordado.

161

5.2.4. Gerenciamento da Aquisição

O gerenciamento da integração pareceu ter sido um das questões melhor trabalhadas

na aquisição. Verificou-se total aderência com os conceitos de Haspeslagh & Jemison,

com todo o cuidado dedicado a pessoas, à organização em si e, finalmente, à cadeia de

relacionamento das empresas (clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes).

A Ipiranga através de sua aquisição de absorção explicitou a atenção dada ao programa

para a consolidação, ao gerenciamento dessa consolidação, à busca da melhor prática

e, principalmente, ao aproveitamento da complementaridade original. Pode-se dizer,

assim, que houve a avaliação da contribuição da firma adquirida para a renovação

estratégica da adquirente, e que a Ipiranga pôde através de diversas práticas, listadas

nas entrevistas, aprender com a Atlantic.

De forma geral, finalmente, analisando o processo de aquisição da Atlantic pela

Ipiranga, desde a decisão até o gerenciamento da integração pelo método sugerido,

pode-se inferir, assim, sobre a presença de evidências de aderências da maioria dos

procedimentos à obra de Haspeslagh & Jemison. Essas evidências, no entanto,

indicaram que a justificativa para a aquisição foi minunciosamente trabalhada, mas

parecendo inserido apenas para a aprovação da aquisição.

5.3. REPRESENTAÇÃO PARA A LITERATURA EXISTENTE Os resultados desta pesquisa possibilitam uma forma real de aprendizado da literatura

existente. Eles representam o entendimento na prática de que um processo de

aquisição não tenha de se limitar aos fatores puramente financeiros e de curto prazo.

Através da verificação da sua aderência às noções de Haspeslagh e Jemison, pôde-se

compreender, com maior clareza, a relevância que deve ser dada aos aspectos

organizacionais e de como a dedicação aos processos de tomada de decisão e

integração pode ser um fator crítico de sucesso nas aquisições.

5.4. CONTRIBUIÇÕES PARA A PRÁTICA DA GESTÃO DE AQUISIÇÕES O processo de aquisição da Atlantic pela Ipiranga trouxe contribuições para a gestão de

aquisições, quer seja através de lições aprendidas com o processo, dos acertos

atingidos ou até mesmo dos erros incorridos. Portanto, os resultados obtidos podem

colaborar para a prática da gestão de aquisições nas organizações no futuro.

162

Como lições sugeridas para a prática da gestão de aquisições, a partir desses

resultados, pôde-se levar a importância dada tanto ao planejamento da aquisição como

para o processo de integração pós-aquisição. Isto é, cabe dedicar grande atenção a

ambas as etapas, dados os objetivos de criação de valor através da transferência de

capacitações estratégicas entre empresas envolvidas em um processo de aquisição.

Além disso, a criação de um time dedicado exclusivamente a esse estudo pareceu ser

uma lição de método adequado para uma aquisição de absorção.

Alguns acertos desse processo devem ser enfatizados. Primeiro, as informações

apresentadas na pesquisa possibilitaram inferir sobre preocupações e ações levadas a

cabo, tanto pelo corpo diretivo como pelo time formado para a aquisição, especialmente

no que tange ao aspecto organizacional da empresa resultante, demonstrando que a

visão dos responsáveis pela decisão não era limitada aos aspectos financeiros da

aquisição. Segundo, a aquisição demonstra ter sido calcada em uma estrutura de

planejamento e acompanhamento, participação e comunicação dos processos de

acordo como Haspeslagh & Jemison recomendam. Ou seja, o processo de tomada de

decisão e de planejamento da aquisição pareceu ter sido estruturado e bem estudado,

com tempo e recursos dedicados, o que pode ser considerado mais um acerto.

Terceiro, o respeito à cultura da empresa adquirida também merece destaque. Quarto e

mais importante, foram verificadas evidências de procedimentos aderentes à obra

revisitada no que tange a transferência das capacitações estratégicas, possibilitando à

empresa um aprendizado através das complementaridades. Cabe destacar como acerto

essa abordagem praticada pela Ipiranga de integração pelas capacitações estratégicas

de ambas as firmas. da através da criação de times de trabalho para aprendizado e

compartilhamento de conhecimento.

Merecem igual destaque os erros incorridos pela Ipiranga no processo de aquisição da

Atlantic. Alguns aspectos tenderam a divergir do processo recomendado pelos autores

estudados, como a lenta velocidade na ação da Ipiranga para a integração com a

Atlantic. O clima organizacional, em função dessa delonga, pareceu afetado pela falta

de identidade da nova organização, na medida em que duas culturas permaneceram

estabilizadas e estáticas no mesmo ambiente físico, com atividades distintas e

simultâneas, por mais de um ano. Por outro lado, observou-se que a razão intrínseca –

163

de planejar com serenidade e aprendizado contínuo – dessa decisão era compatível

com a literatura apresentada. Sendo assim, essa dificuldade pareceu se tornar um

diferencial no processo de aprendizado e integração informal de ambas as culturas.

5.5. FUTURAS PESQUISAS Os resultados apresentados nesta dissertação sugerem alguns temas para futuras

pesquisas, tais como:

Examinar e descrever as semelhanças e diferenças, motivações e resultados -

no planejamento e na integração - nos processos de aquisição da Atlantic e da

Gulf, visando verificar ou não evolução no aprendizado com o processo;

Estudar modelo de aquisição bem sucedido segundo indicadores do mercado

brasileiro, identificar parâmetros utilizados nessa análise de mercado e compará-

los à literatura apresentada nesta dissertação;

Investigar o processo de aquisições em outras empresas do segmento de

petróleo, após a desregulamentação do mercado brasileiro, visando observar

principais motivadores, forma de implementação e como se deu a integração

dessas empresas após a aquisição;

Identificar evidências de que a aquisição de empresas pertencentes a outros

setores, que não o petrolífero, ocorreu da forma como Haspeslagh & Jemison

sugerem, apresentar analogias e distinções com relação à aquisição estudada

nesta dissertação;

Averiguar em que medida são necessárias informações de mercado em um

processo de tomada de decisão de uma empresa sobre efetuar ou não uma

transformação, como joint-venture, fusão ou aquisição.

Crê-se que essas futuras pesquisas sejam pertinentes e instigadas através da leitura

desta dissertação. Portanto, espera-se que o resultado deste estudo estimule o

desenvolvimento de trabalhos futuros e, por conseguinte, possa viabilizar investigações

que contribuam para o crescimento e perpetuidade das organizações.

164

6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Acesso em mai. 2003.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração.

São Paulo: Atlas, 1997. 90p.

167

7 – ANEXOS

ANEXO 1 – GLOSSÁRIO DE TERMOS DO MERCADO DE PETRÓLEO11 Bandeira: marca comercial que indica a origem do combustível automotivo

comercializado no posto revendedor varejista, isto é, identifica o distribuidor que

fornece combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros

combustíveis automotivos ao posto.

Bandeira Branca: postos revendedores varejistas que adquirem combustíveis de

vários distribuidores diferentes e identificam o fornecedor do combustível em

cada bomba abastecedora do posto (matéria regulamentada pela Portaria ANP

nº 116/00).

Base de Distribuição: é a instalação com as facilidades necessárias ao

recebimento de derivados de petróleo, ao armazenamento, mistura, embalagem

e distribuição, em uma dada área do mercado, de derivados de petróleo.

Base primária: São bases que recebem os derivados de petróleo diretamente da

refinaria.

Base secundária: Bases que recebem os derivados de petróleo de outras bases

(primárias ou secundárias).

CNP: Conselho Nacional do Petróleo. Criado em 1938, representou a primeira

iniciativa consistente do Estado brasileiro de regulação do setor petrolífero, com

o objetivo de regular e fiscalizar as atividades de exploração, refino, importação,

distribuição e comercialização de petróleo e seus derivados.

Distribuidor: agente cuja atividade caracteriza-se pela aquisição de produtos a

granel e sua revenda a granel (por atacado) para a rede varejista ou grandes

consumidores. (...).. A atividade de distribuição compreende a aquisição,

armazenamento, transporte, comercialização e o controle de qualidade dos

11 Fonte: ANP – Agência Nacional do Petróleo e Sindicom – Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes

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combustíveis líquidos derivados de petróleo, álcool combustível e outros

combustíveis automotivos.

DNC: Departamento Nacional de Combustíveis. Criado em 1990 com a extinção

do Conselho Nacional de Petróleo – CNP. Possuía a missão de orientar, regular,

fiscalizar e garantir o abastecimento nacional de petróleo e seus derivados, do

gás natural, dos combustíveis de fontes renováveis e outros automotivos. Em

1998, foi extinto e substituído pela Agência Nacional do Petróleo – ANP.

Posto Próprio: Posto cujo dono, o revendedor, é o próprio distribuidor

Posto de Terceiros: Posto cujo dono é o revendedor e ele possui não apenas a

operação, mas também o terreno e pode ainda ser o dono das instalações do

mesmo

Preço de Faturamento: é o preço de venda dos derivados, cobrado pelas

refinarias às distribuidoras, incluindo PIS/COFINS e PPE e excluindo ICMS e

frete.

Revendedor: sujeito que pratica a revenda, ou seja, atividade de venda a varejo

de combustíveis, lubrificantes, asfalto e gás liqüefeito envasado, exercida por

postos de serviços ou revendedores, na forma das leis e regulamentos

aplicáveis.

SINDICOM: Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e

de Lubrificantes. Fundado em 1941, o Sindicom é uma entidade representativa,

a nível nacional, das companhias distribuidoras de combustíveis, álcool e

lubrificantes. “O Sindicom tornou-se o fórum apropriado para discussões de

assuntos jurídicos, fiscais, operacionais, de suprimentos e transportes, e de

segurança industrial, saúde ocupacional e proteção ao meio- ambiente que

sejam comuns às empresas associadas e de representação junto ao governo”.

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ANEXO 2 – REPORTAGEM SOBRE A AQUISIÇÃO DA ATLANTIC12

12 Publicada na Revista Exame, ano 25, no 22, out. 1993

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