Furtado. Formacao Economica Do Brasil
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Formação econômica do Brasil – Celso Furtado
Prefacio – sobre o autor
Suas pesquisas associam a gênese do subdesenvolvimento ao pesadolegado do período colonial e a sua continuidade à presença de classesdominantes aculturadas, obcecadas em imitar os estilos de vida e de consumodas economias centrais. [4]
Certo de que os problemaseconômicos não podem ser separados dos condicionantes socioculturais epolíticos que sobredeterminam o alcance da concorrência como molapropulsora do processo de incorporação de progresso técnico, Furtado rejeitao enfoque cosmopolita dos problemas econômicos e ancora no Estadonacional a unidade de referência de sua teoria do desenvolvimentoeconômico.
o objetivo primordial do trabalho de Fur-tado édesvendar a racionalidade econômica que orienta o processo deindustrialização - a espinha dorsal dos sistemas econômicos nacio-nais. [5]
Dentro dessa concepção, o desenvolvimento requer como condi-ção sine qua non um mínimo de eqüidade social. A questão centralconsiste na presença de estruturas sociais que permitam que o movimento de acumulação de capital provoque uma tendência à escassezrelativa de trabalho. Assim, Furtado estabelece no corpo de sua teoriado desenvolvimento econômico a presença de nexos inextrincáveisentre desenvolvimento capitalista autodeterminado e homogeneidadesocial. [6]
Asituação periférica e a reprodução de grandes assimetrias sociais criambloqueios à inovação e à difusão do progresso técnico queinviabilizam a endogeneização do movimento de transformação capitalista. A dificuldade decorre da impossibilidade de encadear osrequisitos técnicos e econômicos de cada fase. de incorporação deprogresso técnico.
De acordo com essa perspectiva, o subdesenvolvimento é o produto de uma situação histórica, que divide o mundo em uma estrutura"centro-periferia", e de uma opção política, que subordina o processode incorporação do progresso técnico ao objetivo de copiar os estilos devida das economias centrais. O problema decorre do fato de que adiscrepância entre as economias centrais e periféricas quanto àcapacidade de elevar a produtividade média do trabalho e quanto aopoder de socialização do excedente entre salário e lucro faz com que o
estilo de vida que prevalece no centro não possa ser generalizado para oconjunto da população periférica. [7]
A teoria do subdesenvolvimento de Furtado podeser vista, portanto, como uma crítica à irracionalidade de ummovimento de incorporação de progresso técnico que reproduzcontinuamente a dependência externa e a assimetria social interna.
O eixode sua interpretação articula-se em torno da relação contraditória entrea posição periférica da economia brasileira no sistema capitalistamundial e o avanço da industrialização - a espinha vertebral de umaeconomia nacional.
Escrito na virada dadécada de cinqüenta, no calor das lutas sociais que culminariam com acampanha pelas reformas de base, o livro indicava as raízes históricasde nosso subdesenvolvimento e punha a nu os obstáculos quebloqueavam a formação da economia nacional. [8]
Revelando surpreendentecapacidade de conciliar desigualdade social e crescimento econômico,o "modelo brasileiro" levou a industrialização subdesenvolvida aoparoxismo. [9]
A crise da industrialização na década de oitenta fez Furtado mudarde opinião, levando-o à dramática conclusão que a construção da Naçãoestaria ameaçada.
A guinada na sua interpretação sobre o sentido da formaçãocristaliza-se em 1992, com a publicação de Brasil: A Construção Interrompida, em que Furtado explicita o grave impasse nacional. Interrompendo um longo ciclo de expansão das forças produtivas, adesarticulação do processo de industrialização subdesenvolvida, queavançava pela linha de menor resistência, ancorada no Estado eimpulsionada pela desnacionalização crescente da economia e pelaconcentração de renda, colocava a formação econômica do Brasil emxeque. [10]
Maasssss... Primeiro,porque é impossível compreender a gravidade da crise brasileira semum profundo mergulho nas suas origens históricas mais remotas.Segundo, porque o diagnóstico atual não nega a interpretação anterior,mas a pressupõe e a desdobra para contemplar as novidades históricasdos últimos quarenta anos.
Furtadocontinua acreditando no Brasil. Recusa-se ao conformismo de quempensa que o país não tem escolha e que só lhe resta aceitar documenteas tendências espontâneas da globalização e não se abate com o caráterhercúleo dos desafios que devem ser enfrentados para a construção daNação.[11]
CAPÍTULO IDA EXPANSÃO COMERCIALÀ EMPRESA AGRÍCOLA