FUNDOS APRESENTAM ALTOSGANHOS NO MERCADO … · E sevoltássemos com a pasta vazia de novos...

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CAPA o primeiro sócio, aquele do aero- porto, foi o fundo de private equity Ti- ger Global Management, que tem no portfólio investimentos em empresas pontocom, como Facebook e LinkedIn. No Brasil, o fundo já realizou aportes no Peixe Urbano, Netshoes e até em nova- tas como Babycom.br a OQVestir, ele 28 mar ç o/abr i I 2O14 N O VARE J O FUNDOS APRESENTAM ALTOS GANHOS NO MERCADO BRASILEIRO, E DE OLHO EM UMA FATIA DESSES RECURSOS O VAREJO QUER SABER: COMO SETORNAR MAIS ATRATIVO PARA OS INVESTIDORES? Paquerando fundos de investimento Por Camila Mendonça m 2010, as sócias do e-commerce OQVestir, Rosa- na Sperandéo, Mariana Medeiros e Isabel Hum- berg, receberam uma ligação: um fundo estava interessado no negócio que, naquele ano, estava começando e tinha apenas cinco pessoas envolvi- das. O problema: o potencial investidor estava no aeroporto do Galeão, no Rio deJaneiro,já pronto para voltar para Nova York, nos Estados Unidos. "Não tivemos dúvidas saímos correndo de São Paulo para o Galeão naquele dia", conta Isabel, CEO da . companhia. Na mala, o plano de negócios e a vontade de fazê-lo . crescer. "Fundo quer business plan, quer saber onde estamos, como estamos, quais os objetivos do negócio e onde queremos estar - foi o que apresentamos", conta. E foi ali, no restaurante Bob's do aeroporto, que a marca conseguiu a primeira, de uma série de três rodadas de investimentos, em três anos de negócio. nào investiu sozinho. Com ele, o Kaszek Ventures também aportou recursos. O fundo também tem no portfólio Netsho- es, além de outras estrelas da intemet, como Oppa Design, PetLove e Beleza Na Web - também investimento em par- ceria com a Tiger Da primeira conversa até a entrada do capital, em 20 II, foram seis meses de negociação e organização da papelada. Foi tudo muito rápido. "Nào dava para titubear, a oportunidade estava ali", conta Isabel. Ter um fundo como sócio era consenso entre as sócias e a afinidade com a Tiger ajudou no processo. No primeiro momento, o que elas queriam e precisavam era o "como

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CAPA

o primeiro sócio, aquele do aero-porto, foi o fundo de private equity Ti-ger Global Management, que tem noportfólio investimentos em empresaspontocom, como Facebook e LinkedIn.No Brasil, o fundo já realizou aportes noPeixe Urbano, Netshoes e até em nova-tas como Babycom.br a OQVestir, ele

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FUNDOS APRESENTAM ALTOS GANHOSNO MERCADO BRASILEIRO, E DE OLHO EMUMA FATIA DESSES RECURSOS O VAREJOQUER SABER: COMO SETORNAR MAISATRATIVO PARA OS INVESTIDORES?

Paquerandofundos deinvestimentoPor Camila Mendonça

m 2010, as sócias do e-commerce OQVestir, Rosa-na Sperandéo, Mariana Medeiros e Isabel Hum-berg, receberam uma ligação: um fundo estavainteressado no negócio que, naquele ano, estavacomeçando e tinha apenas cinco pessoas envolvi-

das. O problema: o potencial investidor estava no aeroporto doGaleão, no Rio deJaneiro,já pronto para voltar para Nova York,nos Estados Unidos. "Não tivemos dúvidas saímos correndo deSão Paulo para o Galeão naquele dia", conta Isabel, CEO da .companhia. Na mala, o plano de negócios e a vontade de fazê-lo .crescer. "Fundo quer business plan, quer saber onde estamos,como estamos, quais os objetivos do negócio e onde queremosestar - foi o que apresentamos", conta. E foi ali, no restauranteBob's do aeroporto, que a marca conseguiu a primeira, de umasérie de três rodadas de investimentos, em três anos de negócio.

nào investiu sozinho. Com ele, o KaszekVentures também aportou recursos. Ofundo também tem no portfólio Netsho-es, além de outras estrelas da intemet,como Oppa Design, PetLove e BelezaNa Web - também investimento em par-ceria com a Tiger Da primeira conversaaté a entrada do capital, em 20 II,foram

seis meses de negociação e organizaçãoda papelada. Foi tudo muito rápido."Nào dava para titubear, a oportunidadeestava ali", conta Isabel. Ter um fundocomo sócio era consenso entre as sóciase a afinidade com a Tiger ajudou noprocesso. No primeiro momento, o queelas queriam e precisavam era o "como

fazer" do mundo on-line. E para ajudá-Ias, o fundo organizou encontros comexecutivos do setor. Márcio Kumruian,presidente da Netshoes, foi um deles.Anualmente, o fundo reúne executivosde todas as companhias que receberaminvestimentos em um único lugar paratrocar experiências. Além disso, um timede consultores das áreas de marketing,comercial, TI e financeiro avalia o ne-gócio mensalmente e ajuda a dar um di-recionamento com base nas tendênciasmundiais. "São coisas que o dinheironão traz. A experiência vale mais do quequalquer coisa", avalia Isabel.

O know-how e o primeiro aportefizeram com que o negócio crescesse600% em menos de um ano. O resul-tado, acima do esperado, fez com quea Tiger realizasse uma segunda rodadade investimentos no mesmo ano. E oque mudou? "Tudo. Foi possível colocarde fato o que imaginávamos em termosde estrutura em prática", conta Isabela.Com o fundo, as executivas puderamtrazer talentos para as áreas da compa-nhia e investir em infraestrutura: inter-

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nalizaram a operação logística e o SAC,possuem plataforma na web customi-zada e têm hoje um galpão de dois milmetros quadrados em São Paulo. Nãoparou aí. No ano passado, elas foram,sozinhas, conversar com outros inves-tidores. Queriam saber o real enten-dimento do mercado sobre o negócio." aquela hora deu um frio na barriga.E se voltássemos com a pasta vazia denovos investidores?", diz.

As sócias foram até Califórnia eNova York, além de rodarem o Brasile conversaram com 14 investidores.No fim, tinham três ofertas de mais in-vestimentos na mesa. Venceu o TMGCapital, com atuação off-line.

Com três sócios sem data para sair,a empresa fez o rearranjo societário,mas a gestão continua nas mãos delas.O foco agora é fazer o negócio cres-cer. "Quando você recebe o recurso,dá vontade de fazer uma campanhabacana de marketing e investir em mi-lhares de coisas, mas o dinheiro nãodá para tudo. Então, não dá para per-der o foco. Ainda estamos no começo

OS FUNDOS QUE INVESTIRAMNO BRASIL ENTRE 1990 E2008APRESENTARAM RETORNOS DE17% - MAIS QUE O DOBRO DOS QUEINVESTIRAM NOS ESTADOS UNIDOS

FONTE: PESQUISA DO INSPER COM A GESTORA SPECTRA

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~TAMANHO

NÃO ÉDOCUMENTO

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"Agora os fundosde private equity es-

tão sondando varejosde médio e até pe-

queno porte", afirmaViktor Andrade (1),

líder de fusões e aqui-sições da EY.A prefe-rência tem explicaçãoclara. A atividade dos

fundos de privateequity no Brasil co-meçou a ficar mais

intensa nos anos 2000e as grandes empre-sas varejistas foramos alvos. "Boa partedo grande varejo já

foi adquirida", lembraAndrade. A redução

do valor de transaçãotambém força os

fundos a focarem emempresas menores,mas rentáveis. Se-

gundo o especialistada EY,esse valor caiu

cerca de 50% nosúltimos anos. Quemtem ganhado com

essa nova perspectivaé o e-commerce - ta r-get de boa parte dosfundos que operamno País.Alexandre

Pierantoni (2),sócio da PWC Brasil,afirma que ainda há

grandes transações aserem feitas, mas aatenção está de fatono varejo de médio

porte, principalmenteno de moda, com po-tencial de crescimen-

to de longo prazo,e em grandes

players regionais.

Em 2013, o Brasilregistrou númerorecorde de tran-sações de fusões eaquisições, segundoa consultoria PWc.Foram 811 negócios,dos quais 42% tiveramparticipação dos fundos"private equity. "O Brasilestá com uma demandagrande de negociações e os seto-res com base em consumo têm se be-neficiado", afirma Alexandre Pierantoni,sócio da PWC Brasil. "O varejo é umsegmento muito pulverizado no Brasile há oportunidades de consolidaçãoe profissionalização muito grandes. Eexistem recursos para que a perspecti-va continue boa", afirma. No alvo dosfundos, avalia o especialista, estão osvarejos de alimento e de moda.

do jogo", conta Isabel. Com 130 funcionários, aempresa tem parceria com 180 marcas, comoAnimale, Farm, Le Lis Blanc, e espera atingirR$ 100 milhões de faturamento em 2015, cominvestimentos em novas linhas de produtos, comoroupas para crianças e adolescentes.

Fundos que investiram no Brasiltiveram retomo de 17% - já nos EUA,8%

A história do OQVestir não é isolada. Aindaque o Brasil apresente crescimento abaixo da médiados paises da América Latina em 2014, a Bovespaacumule resultados ruins e o consumo não seja ovetor de crescimento do PIE, como ocorreu em anosanteriores, os fundos de investimento estão famintospor novos, e rentáveis, negócios. E não é para menos.Pesquisa do Insper, em parceria com a gestora Spec-tra, divulgada em janeiro, mostra que os fundos queinvestiram no Brasil entre 1990 e 2008 apresentaramretornos de 17%. No mesmo período, os fundos dosEstados Unidos tiveram retornos na ordem dos 8%.

O desempenho, segundo o estudo, deveu-se a trêsprincipais fatores: o boom de crescimento econômicodo Pais entre 2004 e 2012; a competição ainda limi-tada para a realização de negócios; e a melhora daexperiência dos gestores de fundos, fator diretamenteligado àmelhora da performance. Bom para o varejo.Último balanço da Abvcap (Associação Brasileira dePrivate Equity & Venture Capital)mostra que dos R$ 14,9 bilhõesinvestidos pelos fundos em 2012,21 ,8% foram direcionados para osetor varejista. O aumento do mer-cado consumidor interno e o cres-cimento da classe média justificama forte elevação em 2012, segundoa associação.

E a tendência é que o cenáriosiga no mesmo ritmo, mesmo compossíveis tropeços econômicos. Umaexplicação para a blindagem é queos fundos fazem aportes pensandono longo prazo. "Fundos de priva-te equity são menos suscetíveis nocurto prazo a variações econômi-cas, porque esse investidor entra naempresa para ficar de quatro a dezanos e, por isso, ele pondera o cená-rio atual", explica Viktor Andrade,líder de fusões e aquisições da EY

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PONTAPÉINCIALOs sóciosda Maskoto,AlexandreGonçalves,Victor Frassone AlyssonDominguesreceberamaporte para tiraa ideia do papel

Roupa, móveis, brinquedo,lingerie e muito mais

No final do ano passado, a ca-misaria brasileira Dudalína vendeuo controle acionário para Advent e

gsantanna
Realce

Warburg Pin-cus - dois dos

maiores fundos domundo. Com a negocia-

ção, Sônia Hess continua àfrente da companhia, mas já prepara

sucessor para sua saída da operação em2016. ''l\, sucessão é necessária em qual-quer empresa e a saída foi uma opçãominha. Mas eu vou continuar na ativae no conselho e quem estará à frenteé alguém que tem essa mesma paixão,porque está há 30 anos na empresa",diz Sônia. Com mais de 90 lojas e umfaturarnento que ultrapassou os R$ 500milhões em 2013, a marca tem planosde dobrar o tamanho até 2016, inves-tindo, inclusive, na internacionalizaçãoda marca. Outra transação recente nosetor de moda, ainda em análise no

CADE, é a injeção de R$ 250 milhõesdo fundo Kinea na Lojas Avenida, commais de cem lojas nas regiões Sul, Nortee Nordeste do Pais. Em nota, a marcaafirmou que o acordo garante ao fundoparticipação minoritária do grupo e queo controle da empresa não será altera-do, com Rodrigo Caseli na presidência,e Christian Caseli como vice-presidente:"Com o investimento, a pretensão dogrupo é seguir em franca expansão pelointerior de 13 Estados brasileiros nosquais já atuam e em um futuro próximose consolidar como uma das principaisredes de varejo de moda do Pais".

São vários os exemplos do varejode moda que receberam aporte: daCarnisaria Colombo, que tem comosócio o fundo de private equity GáveaInvestimentos, a Restoque, que rece-beu aparte em 2007 do fundo Artesia.Mas moda não é o único foco. Umdos maiores fundos investimentos emvarejo do mundo, oCarlyle é hoje sóciodas marcas CVC, deturismo, Scalina, delingerie, Ri-Happy,de brinquedos, eTok&Stok, de pro-dutos de decoração.

LOJADATOK&STOKMarca, assimcomoO/Ce RiHappy, é sócia doCarlyle, um dosmaiores fundosde investimentodo mundo

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VAREJO RENTÁVELo QUE TORNA UM VAREJO ATRATIVOPARA UM INVESTIDOR? NOVAREJO OU-VIU AS PRINCIPAIS CONSULTORIAS DO SE-TOR PARA ENTENDER COMO SE TORNARALVO DESSES INVESTIDORES. CONFIRAOS SEIS PASSOS QUE PODEM AJUDAR NACONQUISTA POR UM APORTE:

1. INOVE No topo da lista dos negócios mais inte-ressantes para os fundos estão aqueles que apre-sentam alguma inovação. Eo mesmo vale parao varejo. "O negócio é atraente para o investidorquando ele tem um modelo que permite se di-ferenciar dos concorrentes", afirma Andrade, daEY.Negócios que se limitem a fazer o trivial nempassam perto dos olhos dos investidores. Inovar,explica Borneli, do Angels Club, significa apresen-tar diferenciais no produto, no atendimento, nasformas de pagamento ou mesmo na distribuiçãoe na logística. A atenção óbvia, diz, se dá emnegócios que desbravam novos mercados, compotencial de crescimento. "O investidor quandoanalisa um projeto busca preencher um espaçoque não existe, com plataformas diferentes",afirma o executivo. Negócios que apresentaminovação com foco em sustentabilidade tambémganham a preferência dos fundos.

2. SEJA COMPETITIVO A inovação sozinhanão tem muita valia. Para chamar a atençãoem meio a tantos varejistas ávidos por umaperte, o negócio precisa ser competitivo - termodelo de negócio viável. "Vale combinarmargem de retorno interessante e diferenciaiscompetitivos que permitam que a empresacresça mais do que a média de mercado", afir-ma Andrade. "No fim, chama atenção quemconsegue capturar o máximo de receita e omáximo de clientes, que tenha estrutura de ca-pitalleve, saúde financeira e que angarie mar-gem melhor que a concorrência", diz Andrade.Se o negócio é competitivo, não será difícilapresentar altos níveis de rentabilidade. "É issoque o investidor olha. O fundo tem dinheiro namão para investir e irá investir no negócio queapresentar o melhor retorno", considera Fere-zin, da KPMG. Ele atenta que, nesse sentido, ovarejo enfrenta concorrência de outros setores- aqueles que começarem a mostrar melhorperformance entram na frente.

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3. SEJA LONGEVO A rentabilidade de hojenão garante a rentabilidade de amanhã; porisso, para ser atrativo para os investidores,o negócio precisa apresentar característicasque garantam a longevidade do negócio, sejapor meio de expansão física ou ofertas deprodutos e serviços que agreguem valor aonegócio original. Isso significa ter modelo quenão seja limitado no tempo e no espaço -que consigam crescer geograficamente e emnúmero de consumidores, no caso do varejo."Os fundos, na maioria das vezes, têm políticade risco de investimento por meio da qualdefinem o porcentual de investimento no ne-gócio. E a preferência, em geral, é investir emnegócios com história comprovada, com da-dos", afirma Rogério Andrade, sócio da KPMGBrasil. Ele explica que mesmo negócios queainda não saíram do papel podem ser alvosdos investidores se o planejamento mostrarque a estrutura tem características suficientespara permanecer no mercado.

4 CONTROLE PROCESSOS INTERNOS(GOVERNANÇA E AUDITORIA) Negócios

• inovadores, competitivos e longevos podemsair da lista de preferência dos fundos se nãoapresentarem estrutura sólida comprovada.Para não afugentar os investidores, é precisogarantias de que a gestão é séria e de gentegrande. "Aempresa tem de ter gestão profis-sionallzada", afirma Reynaldo Saad, da Deloitte.Isso inclui a preparação detalhada do plano denegócios. "O planejamento financeiro deve serde curto, médio e longo prazos, e tudo deveestar casado com o operacional", diz Andrade,da EY.

Para ser atrativo, é preciso implantar gover-nança corporativa, com transparência na gestãoe apresentação dos dados. "O negócio precisater números confiáveis, com controle financeiroe de contabilidade, porque o investidor precisaenxergar o que ele está comprando", lembraAndrade, da EY.Vale até passar por auditoria."Ela facilita a análise dos investidores, mostra ograu de profissionalização, seriedade e transpa-rência do negócio", ressalta Saad.

Na parte operacional, a casa também deveestar arrumada, desde aspectos legais, comoa correta abertura do negócio e obrigaçõestributárias, previdenciárias, fiscais e trabalhistasem dia. "Entram na conta aspectos contábeis,de controladoria, de processos, que devem serbem elaborados. Parece pouco, mas muitasvezes os varejistas não se atentam aos passivostributários e não olham a contabilidade - tudoisso conta", afirma Ferezin, da KPMG.

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Anjos sonham com o e-commerceComo encabeça as inovações

do setor, o e-commerce tem sidoo foco de muitos fundos, conside-raJunior Borneli, vice-presidentede negócios e relacionamento doAngels Club, clube privado com147 investidores com capital deR$ 50 milhões para investir. "Novarejo fisico, os regionais, comcrescimento acima do mercado,também recebem atenção", afir-ma. No eixo Rio-São Paulo, amovimentação no varejo fisico éno mercado de franquias, princi-palmente nas microfranquias.

Um dos maiores exemplosdesse setor é a varejista esportivaetshoes, cujo faturamento anual

passou do R$ I bilhão em 2012.Nela já investiram os fundosKaszek, Iconic Ventures, TigerGlobal Management e a Tema-sek Holdings. A Dafiti foi outraqueridinha on-line dos fundos deinvestimento. No início deste ano,a marca recebeu aporte de € 15bilhões do IFC, instituição que fazparte do Banco Mundial. Esta não foi a primeira vez: em 2013, ela recebeucerca de US$ 70 milhões em recursos de fundo canadense.

Mesmo marcas que estão começando agora no e-commerce chamam aatenção. É o caso da Maskoto, clube de assinatura de produtos pet. Em feve-reiro de 2013, Victor Frasson criou uma fanpage no Facebook para divulgar amarca. A página cresceu e ganhou Ias (hoje são mais de 16 mil), mas o negóciomesmo só saiu do papel sete meses depois. "O desafio era fortalecer a marcae fechar parcerias com fornecedores antes de lançar o site", explica Frasson.E também conquistar investidores para abrir a operação já com peso de gentegrande. "Até conseguiríamos viabilizar o negócio sem o investimento, mas emuma escala menor. E a busca pelo investidor não era apenas pelos recursos, maspelo conhecimento no mercado on-line", afirma o empresário.

REYNALDOSAAD, DA DELOITTE"Negócios inovadores podem sairda lista dos fundos se não tivergestão profissionalizada"

o TERMÔMETRO DA CONFIANÇAPESQUISA EYCOM 1.600 EXECUTIVOSDE 72 PAíSES, DE 20 SETORES:

69% das empresas esperam aumento no volume de negócios

35% têm planos de fazer uma aquisição47% têm crescente foco em investir em mercados emergentes47% esperam aumento no volume de negócios locais (fusões e aquisições]

Fonte: Capital Confidence Barometer (outubro de 2013) da EY

Com os sócios, Alexandre Gonçal-ves e AlyssonDomingues, Frasson ini-ciou a busca por um fundo e por meioda AngelsClub conseguiu investimentocujo valor não revela. Pela internet, osempresários detalharam o projeto, asperspectivas de crescimento, o públi-co, o mercado, os diferenciais, custos edetalhes operacionais. O retorno che-gou duas semanas depois, por telefone.Em algumas conversas, investidor eempresários definiram valores e obje-tivos. 'Após duas reuniões presenciais,assinamos o contrato", conta. Comparticipação de 40% no negócio, o in-vestidor entrou com informação e, se-gundo Frasson, ajudou a dar um norteao negócio, que faturou R$ 160 mil em2013, mas deve faturar cerca de R$ 5milhões em 2014.

O salto deve-se à nova plataforma,que abrigará e-commerce pet - ideiado investidor. "Ele é bem envolvido

o CENÁRIO DEINVESTIMENTOSNO BRASIL72% dos fundos de private equitye venture capital no Brasil operamhá mais de cinco anos no País

Por aqui, os fundos têm tido

retornos de 3,6 vezes ocapital investido, númeroacima da média de 2,5 vezes

R$ 52,7 bilhões foi ovalor investido pelos fundosem empresas no Brasil até2012. Já apenas em 2012, osfundos desovaram aqui

R$ 14,9 bilhões-21,8% foram direcionadospara o setor varejista

no projeto e não tem data para sair donegócio", conta o executivo.AMasko-to deve receber o segundo aparte domesmo investidor ainda neste ano paraviabilizarmais um projeto, de franquia.'1\ ideia está bem crua ainda, mas aexecução será rápida, no formato dequiosques, em grandes centros, comoferta de produtos exclusivos",adiantaFrasson. O projeto piloto da franquiada marca deve ser lançado ainda nesteano, em São Paulo.

Apesar das preferências, há espaçopara todos, segundo Paulo Ferezin, di-retor de desenvolvimentopara o varejoda KPMG. "O que o varejo precisa éde uma operação boa e consistente,com posicionamento que chama aatenção dos clientes e do mercado",afirma. "Varejo atrativo está na pautados fundos", afirma Reynaldo Saad,sócio-líderno atendimento às empresasdo setor varejista da Deloitte.

De 2000 a 2012, o número defundos operando no Brasil pas-

sou de 45 para 185. No mesmoperíodo, o montante de capitallevantado saltou de US$ 1 bilhão

para US$ 83 bilhõesFontes: PesquisaInsper e Spectra,Pesquisa de Fusõese Aquisições PWC2012; Estudode mercado daAbvcop 2012 (As-sociaçõo Brasileirode Private Equity &Venture Capital)

5. SAIBA FALAR SOBRE O SEU NEGÓCIO(ENTENDA A EMPRESA) Se a casa está arru-mada, é preciso passar essa informação com asegurança de quem entende do próprio negócio."O varejista precisa entender bem a empresa doponto de vista do investidor", afirma Pierantoni.Isso significa saber em qual patamar ela está ago-ra, como pode crescer e em qual ponto estará nocurto e médio prazos. "O empresário precisa en-tender o valor criado pelo negócio dele", diz. Estarciente dos pontos fortes e fracos da operaçãopermite ao empresário encontrar caminhos paraconstruir um negócio com mais qualidade, parainovar e ser mais competitivo - fatores-chave paraser atrativo aos olhos do investidor. "Quando vocêentende o negócio, você consegue calcular umvalor", afirma o especialista.

6. ENTENDA: O FUNDO É UM PARCEIRO(MUDANÇAS DE RUMOS SÃO NECESSÁ-RIAS E SAUDÁVEIS) A atratividade do negóciopode esbarrar no dono. Quando buscam aperte,os empresários não se atentam ao perfil dosfundos. Cada vez mais, os investidores entram nonegócio com recursos financeiros e know-how.Embates de posicionamento entre empreende-dor e fundo podem interromper as negociações.Para não ocorreram problemas, existe, princi-palmente da parte do fundo, o alinhamento deperfil- o esforço no entendimento dos objetivosdo fundo na gestão. Mesmo antes de concedero aporte, os fundos exigem mudanças no negó-cio para receber o investimento. As alterações,segundo Borneli, são comuns no processo. E serflexível nessa hora torna o negócio ainda maisatraente. "A cada dez negócios, nove mudamde rumo durante o processo de aporte. Essamudança é necessária e saudável", afirma. Nãoaceitar essas alterações, avalia, e acreditar que onegócio nasceu pronto, são os piores erros dosempresários quando negociam com investidor."O varejista precisa entender que é melhor serparceiro de um grande negócio do que ser donode um pequeno", diz Borneli.

SE A CASA ESTÁ ARRUMADA,É PRECISO PASSAR ESSAINFORMAÇÃO COM ASEGURANÇA DE QUEM ENTENDEDO PRÓPRIO NEGÓCIO

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COM A PALAVRA, O FUNDOo FUNDO APAX PARTNERS TEM CERCA DE US$ 8 BILHÕESDISPONíVEIS PARA SER INVESTIDO NA AMÉRICA LATINA.E O VAREJO ESTÁ NA MIRA DA COMPANHIA

No mercado norte-americano eeuropeu há mais de 30 anos, o fundoApax Partners abriu escritório emSão Paulo em novembro de 2013, deolho nas oportunidades na AméricaLatina. Por aqui, o fundo investe emempresas de tecnologia, como a Tivit,desde 2010. Para este mercado, estãodisponíveis cerca de US$ 8 bilhões aserem aportados em empresas dequatro setores que são foco do fundo- um deles é o varejo. "Pensamos emcomo o dono do negócio pode cres-cer e lucrar mais, em como ele podecomprar o competidor e se profissio-

nalizar mais", afirma Walter Piacsek,head da Apax no Brasil. Hoje, ofundo é sócio, dentre outras marcas,de varejistas como Syder, de roupas eacessórios esportivos, Bobs Furniture,de móveis, Cole Haan, de sapatos eacessórios e rue21, de moda jovem.A companhia já investiu em outrasmarcas como a New Look, de roupase acessórios, LRHealth, de cosméti-cos, Somerfield, supermercados e atéa famosa Tommy Hilfiger.

No Brasil, o que chama a aten-ção é o potencial de crescimento dosetor. "Não é por acaso que a gentefoca em varejo. É um setor que estápassando por uma transformaçãode organização, com crescimento econsolidação das companhias", avaliao executivo. O fato de o varejo não

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requerer investimentos intensivos,como a indústria, é outro fator deatratividade. Na lista de potenciais ne-gócios podem estar desde varejo demoda, um dos grandes investimentosdo fundo, até segmentos específicos,como material de construção. "Gos-tamos de marcas boas, populares, esimples, com ticket baixo", diz.

Eo que ele busca em um sócio?Além de ter potencial de crescimento,a empresa precisa de boa gestão,bons controles e contar com áreasfiscal e trabalhista limpas. "Precisa tera casa em ordem e não ser criativo doponto de vista fiscal e trabalhista", res-salta. Com o detalhe de não ser qual-quer negócio. "Não fazemos chequesmenores de US$ 150 milhões", afir-ma. A característica do fundo não éassumir a gestão do negócio, por isso,ela aposta na competência do em-preendedor que está à frente do ne-gócio. "Somos acionistas, orientamose provocamos, mas não nos metemosna gestão da companhia", afirma oexecutivo. Sea gestão não entregar asmetas acordadas em contrato, daí háconversas para a mudança de gestão,como em qualquerfundo. Quandoentra na companhia, a Apax fica emmédia cinco anos. A saída pode serde várias formas: venda da parte parao próprio empreendedor ou mesmopara outro fundo. Há ainda a opçãode abertura de capital.

O cenário atual nacional nãocompromete a intenção do fundode investir. Ao contrário, diz Piacsek.Para ele, o crescimento menor nocurto prazo, Bolsa em baixa e dólarmais caro permitem que as conver-sas com os investidores sejam mais"fluídas", uma vez que o foco dofundo é de longo prazo. "Estamosolhando o Brasil com visão de longoprazo e nesse cenário o Paístemoportunidades, porque os consumi-dores têm cada vez mais acesso aserviços e produtos".

Deolhona Bolsade ValoresCOM ou SEM FUNDOS DE INVESTIMENTOS COMO SÓCIOS,COMPANHIAS DO SETOR APOSTAM NA ABERTURADE CAPITAL COMO FORMA DE CAPITALIZAR O NEGÓCIO

uando voltou ao comando do CNA, em2010, Décio Pecin sentiu que precisavamudar. Então com 450 unidades e com38 anos de mercado, a franquia de idio-mas queria crescer mais - aproveitando omercado de educação, ainda em expansão."Percebi que precisávamos nos profissio-nalizar mais e lidar com o fato de o sóciofundador ainda não ter sucessores", conta.Foi quando a ideia de receber um fundocomo sócio começou a se estrutu rar. Aoportunidade chegou em 2012: o fundoActis investiu cerca de R$ 135milhões.

A conversa para fechar negócio, contaPecin, "foi tranquila". "O Actis se encai-xou bem no perfil que procurávamos",conta. O fundo de private equity entroucomo sócio, com cadeira no conselho deadministração por meio da qual auditame dão suporte à gestão. O prazo para saídaé de até sete anos.

Segundo Pecin, a experiência temdado certo por conta do alinhamento dosobjetivos. Antes de iniciar negociação, elee o sócio-fundador, Luiz Gama, definiramos desejosde cada um: não queriam fundocontrolador, que compra o controle acio-nário da empresa e mantém o sócio-funda-dor; não queriam vender todo o capital dafranquia a nenhum fundo; e não queriamfundos minoritários que entrassem apenascom recursos. Escolheram o fundo inglêsActispela experiência na área de educação- são R$ 5 bilhões em ativos sob gestão dofundo apenas em países da América Lati-na, Ásia e África, parte deles em educação.

Para receber o fundo, a rede de fran-quias implantou governança corporativae montou modelo financeiro de negócio.

"Implantamos sistemas, transparência e controles nagestão, fizemosparceria com fornecedores de renomeinternacional e auditoria. Tudo issoauxilia na monta-gem de um processo", avalia o executivo. O processode melhorar a estrutura do negócio demorou cerca deum ano e meio, mais do que os sete meses para fecharo negócio com o Actis.Foram tantas as mudanças parareceber o aporte que, após a entrada do fundo, poucomudou, do ponto de vista de gestão, diz Pecin. Hoje,são 600 unidades da marca, com projeção de totalizarmil unidades em 20 17. Agora o próximo passo é aBolsa de Valores.

Esse é um dos caminhos possíveisapós a saída dofundo de investimento do negócio - e uma das formasde continuar captando recursos. Segundo Edna Sousade Holanda, gerente de prospecção de empresas daBM&FBovespa,de 2004 para 2013 35% das empresasque fizeram IPO receberam investimentos de fundosde private equity. Esse passo não é à toa. "Quando oempresário admite um fundo de investimento comosócio, ele amadurece o negócio", avalia. A Bolsa temmapeamento de 200 empresas com potencial de aber-tura de capital, sendo 17% delas do setor de comércioe 10% do setor de tecidos, vestuário e calçados. Ednaexplica que tem crescido o interesse das empresas pelaBolsa de Valores como alternativa de expansão.

A Pague Menos estava se preparando para abrircapital em 2012, abortou o projeto, mas ainda vê naBolsa alternativa para crescer maís. 'Temos o interessede fazer o IPO, porque é uma forma de capitalizar ecrescer,sem depender de empréstimos de bancos e nemdo humor do mercado em relação aosjuros", afirma aDeusmar Queirós, fundador e presidente da rede de far-mácia. Ele explicaque a companhia estavapronta paraabrir, mas o mercado naquele ano não era favoráveLAempresa, que deve faturar R$ 4,4 bilhões, com 700 lo-jas em 2014, viu como alternativaa emissão de debêntures para fi-nanciar o projeto de ter mil lojasaté 20 I7. Foram R$ 60 milhõesna primeira emissão e outros R$100 milhões na segunda, no iníciodo ano.

O projeto da Bolsa aínda estáde pé, mas a empresa deve espe-rar o cenário mudar. "Neste ano,não vejo nenhuma perspectivaque justifique alimentarmos umaesperança para IPO, mas em 2015será melhor", avalia. Até lá, e porenquanto, a marca descarta osfundos de investimentos que fazempropostas constantes. O executivor

ALESSANDRARESTAINO,DA LEPOSTICHE"Somoscortejadospor fundos,mas aindanão é omomento"

experiênciacom o fundotem dadocerto, pois osobjetivos sãoos mesmos"

CAPA

não confirma, mas mostra interesse em associar-secom gigantes internacionais dosetor. "Por ora não buscamos sócios,mas se aparecer alguém, seria um parceiroestratégico. Não tenho ninguém, mas o perfil seria uma CVS, Walgreens", diz.

Preparando o terrenoA LePostiche é outra marca que não descarta uma parceria, antes de abrir

capital, ainda que ambos os projetos estejam definidos no roteiro de crescimentoda marca. Alessandra Restaino, presidente da marca, conta que a companhia écortejada por fundos de investimentos, mas que ainda não é o momento parauma parceria. "Introduzimos o SAP há pouco mais de um ano, estamos im-plantando a governança corporativa. Ainda estamos fazendo a lição de casa",explica Alessandra. "Pode ser um caminho futuro, mas há um processo de ama-durecimento", avalia. Desde 2010, a marca passa por uma reestruturação, queenvolve mudança de posicionamento, comunicação e nova identidade nas lojas,agora mais alinhadas ao perfil AB que a companhia busca e com o objetivo deoferecer produtos para todos os momentos pelos quais a mulher passa. Fechou2013 com 270 lojas e a perspectiva de encerrar 2014 com 300.

Investidor+BolsaA Brasil Franchising,holding com 750 lojas de 13 marcas de franquias, entre

elas a Nobel, Sapataria do Futuro, Spetinho & Cia, também acredita na fórmulainvestidor+Bolsae busca investimentoprivado para, em seguida,fazer a listagemna

Bolsa.Após consolidar todas as marcassob o mesmo guarda-chuva no ano pas-sado,a holdingestudapropostastanto defundosde investimentoscomo de familiesoffices~ empresascriadasapenaspara ge-rir os recursosde famílias.'Temos váriaspropostas na mesa e estamos estudandoa melhor.Vamos tomar a decisão nesteano, para fazer a listagemno ano quevem,para, depoisde uns doisanos,abrirde fato o capital", avalia SergioMilanoBenclowicz,diretorda holding.

A ideia, diz ele, é acelerar as aqui-siçõesde pequenas e médias franquias,com a preservação da marca. ';t\ Bol-sa é um mecanismo que dá liquidez, enos permite fazer aquisiçõescom parteem ações, sem alterar o controle", ava-lia.A proposta é manter uma média deduas aquisições por ano. Hoje, a busca

36 m a r ç o / a b r i I 2 O 14 N O V A R E J O

SERGIO BENCLOWICZ,DA BRASIL FRANCHISING"A Bolsa irá nos permitir fazeraquisições com parte em ações,sem alterar o controle"

EM 2013, O BRASIL REGISTROUNÚMERO RECORDE DETRANSAÇÕES DE FUSÕES EAQUISIÇOES, SEGUNDO ACONSULTORIA PWc. FORAM811 NEGÓCIOS, DOS QUAIS 42%TIVERAM PARTICIPAÇÃO DOSFUNDOS PRIVATE EQUITYé por franquias com ao menos 30 lo-jas, com marca forte e estruturada. Acompanhia já implantou a governan-ça corporativa, é auditada há mais decinco anos e tem todos os processosestruturados. Assim que receber inves-timento privado, a Brasil Franchisingse listará no Bovespa Mais. "Esse é omodelo correto para o nosso negócio,porque a gente se lista, sem a pressãodo mercado, e fica neste ambiente atéganharmos escala para fazermos defato a abertura", explica.

Criado em 2005, o Bovespa Maisé voltado para empresas que desejamacessar o mercado de forma gradual.';t\ empresa faz apenas a listagem, epara ela a Bolsa é apenas uma vitri-ne", explica Edna, da BM&F Boves-pa. Para estar listada, a companhiaprecisa seguir alguns pré-requisitos,como governança corporativa, com-prometidas com boas práticas com-paráveis com o Novo Mercado, alémde divulgar resultados trimestrais ~após listada, têm até sete anos paranegociar 25% do capital social nomercado. "Ela começa a ter visibili-dade perante os bancos e conseguemmelhores taxas de juros", diz Edna.Hoje, apenas nove empresas estãolistadas na modalidade. ~

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