FUNDAMENTOS SÓCIO-ANTROPOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO_ apostila completa

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GOVERNO FEDERAL Luis Incio Lula da Silva Presidente do Brasil Fernando Haddad Ministro da Educao Carlos Eduardo Bielschowsky Secretrio de Educao a Distncia Jorge Almeida Guimares Presidente da Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) Celso Jos da Costa Diretor de Educao a Distncia da Universidade Aberta do Brasil (UAB) na CAPES

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA DO MATO GROSSO (IFMT) Jos Bispo Barbosa Reitor Willian Silva de Paula Pr Reitor de Ensino Alexandre Jos Schumacher Coordenador Geral UAB/IFMT Vincius de Matos Rodrigues Coordenador Adjunto UAB/IFMT

Coordenao da UAB/IFMT Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do Mato Grosso (IFMT) - Campus Bela Vista Avenida Juliano Costa Marques S/N, CEP: 78.050-560, Bela Vista, Cuiab/MT - Brasil Alexandro Uguccioni Romo Editorao eletrnica Maria Antnia da Silva Reviso de portugus

A produo deste material didtico obteve financiamento no mbito do Programa Universidade Aberta do Brasil, CAPES/FNDE/MEC. Autoriza-se o uso e a reproduo da obra no mbito do Sistema UAB e o IFMT desde que citada a fonte. vedado o uso desta obra para fins de comercializao.

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA DO MATO GROSSO

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASILLICENCIATURA EM QUMICA

Guia de Estudo

FUNDAMENTOS SCIOANTROPOLGICOS DA EDUCAO1 SemestreHAYA DEL BEL / 2010

mais importante educar que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a mudar o mundo que ascender elite. (Frei Betto)

SOBRE A AUTORAHAYA DEL BEL HAYA um nome de batismo xamnico, DEL BEL o sobrenome de minha me. Meu nome no registo geral Gisele Mocci, mas as experincias vividas durante o incio da dcada foram to profundas que o novo nome de batismo traduz melhor como me vejo e sinto desde ento. Sou formada em Cincias Sociais (antropologia, sociologia e cincia poltica) pela Universidade Federal do Paran. Foi em Curitiba que fiz minha graduao, trabalhei alguns anos e fiz meu mestrado em Sociologia da Cultura, tambm na UFPR. H um ano e meio me mudei para Cuiab, com meu marido, e onde resido atualmente. Parte da minha famlia mora no norte do estado em Sinop e Sorriso e meu irmo mora em Curitiba. Desde que cheguei aqui trabalho com dedicao e curiosidade na UAB do IFMT e essa minha primeira experincia como docente de Educao a Distncia, antes estava em um cargo administrativo. Tambm trabalho na Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), como professora concursada do departamento de Sade Coletiva, desde janeiro de 2010.

SUMRIOApresentao ...................................................................................... ...... 06 Introduo ................................................................................................ 07 UNIDADE I .......................................................................................... .... 17 UNIDADE II .......................................................................................... .. 20 UNIDADE III .......................................................................................... . 26 UNIDADE IV ........................................................................................... 34 UNIDADE V .......................................................................................... .. 42 UNIDADE VI .......................................................................................... . 49 Referncias Bibliogrficas ...................................................................... 59

SUMRIO

APRESENTAOPrezados alunos da graduao em Qumica: Sejam bem vindos! Dou-lhes boas vindas a esse universo que agora tambm seu e desejo que a sua passagem por aqui seja exitosa. Imagino que estejam sentindo-se empolgados e ligeiramente assustados por fazerem parte de uma turma de graduao no formato Educao a Distncia, mas vejam pelo lado de terem o privilgio de assistir e participar, simultaneamente, da construo do mesmo. Lembrem-se de que ns todos somos os responsveis por construir e edificar o nome deste curso. Sero nossas aes, nossas palavras e nossos esforos, nossa dedicao e nosso comprometimento que contribuiro para a realizao de uma graduao que faa a diferena em nossa vida e na sociedade que vivemos. Vocs chegaram a UNIVERSIDADE! Isso no um feito qualquer, da rotina semanal e to pouco, infelizmente, acontece na vida de todos os cidados brasileiros. Agora tempo de mudanas. A vida de cada um de vocs mudar de alguma forma, algumas mais outras menos. As mudanas dependero da forma como se envolverem com o curso, logo quem se comprometer e se envolver mais descobrir novos conhecimentos e estes abriro novos mundos, novas compreenses, novas formas de se relacionar e se posicionar perante a sociedade, e isso.... Isso bom demais! Estamos felizes com a chegada de vocs, e mais uma vez: sejam bem vindos!

INTRODUOA disciplina Fundamentos Scio-Antropolgicos da Educao tem este nome por se tratar das bases da educao. Fundamento o que vem abaixo, dando sustentao para o que est acima. Pense na construo de uma casa, seu fundamento a primeira coisa ser construda pois ele d condies de levantarmos uma casa em cima. Quanto maior a casa que quisermos construir, mais resistente ter que ser o fundamento da mesma, no ? Entretanto, depois da casa pronta no vemos suas bases, seus fundamentos, mas no podemos esquecer que sem ele, nada se seguraria em cima, a casa cairia na cabea dos moradores. Por isso devemos fazer uma boa fundamentao tanto de uma casa como de um curso. Essa disciplina contribuir com reflexes, questionamentos, observaes do invisvel (os fundamentos). O objetivo investigar, refletir, problematizar, debater temas que fazem parte do nosso cotidiano educacional. No existem frmulas ou receitas mgicas como nas propagandas de TV. A inteno justamente quebrar o raciocnio simplista e/ou ingnuo e contribuir para um perfil mais crtico e compreensivo da educao na sociedade atual. Parece difcil? Mas no no... gostoso, faz a gente exercitar os msculos do crebro. Pena que estes, tal qual os fundamentos das casas, esto menos a vista e podem ser menosprezados pelo pblico que est fora dos bancos acadmicos, o que no o caso de vocs, no mesmo? Alm disso vocs no vo sozinhos, vamos juntos! Este material est dividido em 6 unidades: 1. Sociologia da educao 2. Antropologia da educao 3. A escola 4. O educador 5. Sociedade e educao 6. Educao no Brasil. E cada unidade desta est subdividida em tpicos, com a inteno de facilitar o aprendizado e o estudo entre os encontros virtuais. uma disciplina que se far basicamente de leituras e exerccios e durante o perodo que estiver acontecendo o mdulo, postarei mais material, diversificados para nossos exerccios e questionamentos. Para compreendermos os conceitos ser necessria mais que uma leitura, ser necessrio fichar esta apostila, ou fazer uma grade de leitura, um esquema ou um resumo. Veja abaixo a diferena entre os 3. Ah, antes que eu me esquea: no v achando que este processo serve s para esta disciplina no... Serve para todas. Estudar em casa requer disciplina, dedicao e

tcnica. Sem tcnica demoramos muito mais tempo do que o necessrio para a execuo de uma tarefa. No caso de vocs a tarefa estudar, ento l vo algumas tcnicas para auxili-los neste processo:

1- FICHAMENTO: O que um fichamento? O fichamento implica fichar ou registrar seus apontamentos sobre um texto; portanto, uma maneira de manter arquivado um registro das suas leituras. Permite orientar acessos posteriores ao texto de origem, se for o caso. Em um bom fichamento consta toda a informao necessria sobre o texto, de forma que no seja mais necessrio voltar ao texto, constando no fichamento todos os dados verbais e citaes que o aluno possa vir a precisar daquele texto posteriormente. Ento, diga a: vai preferir fichar as unidades e os livros e sempre que precisar consultar ou vai preferir ficar com todo conhecimento solto em sua cabea, sem ter certeza do que sabe ou do que no sabe? E nem pense em optar pela segunda alternativa...rs. Um fichamento tem uma estrutura que : 1) Identificao do texto fichado ( que j pode ser conforme normas de Referncias da ABNT) Por exemplo: DEMO, Pedro. Definindo conhecimento cientfico (Captulo 1). In: Metodologia do conhecimento cientfico. So Paulo: Atlas,2000. (pp:13-32). 2) Apresentao - Pode constar uma breve apresentao do objetivo daquele fichamento. 3) Resumo das principais idias do texto xxxxxxxxx. Esse o mais importante. 4) Comentrios do aluno/autor do fichamento - pode ser ao final do pargrafo fichado, ao final da seo ou ao final do texto. 2- GRADE DE LEITURA A grade de leitura ser mais utilizada por vocs, ela mais simples e como esse material j dirigido, talvez seja mais til neste momento. Como fazer uma grade de leitura? Faa uma sntese, que comea por sublinhar as principais partes do pargrafo e depois do texto todo. Use a seqenciais do texto, ou pargrafos por pgina. O objetivo sintetizar as idias centrais em frases curtas e objetivas.

3- ESQUEMA O que precisa para fazer um esquema? Simples:

definir e destacar as idias principais do texto; definir a constelao de idias secundrias que cercam cada idia principal; escolher palavras-chave ou breves expresses ou pequenas frases para transmitir as idias a destacar; escolher um formato grfico para mostrar as idias e as relaes entre elas. 4- RESUMO altamente recomendvel como prtica adotada em quaisquer trabalhos de graduao intra-disciplinares, por razes pedaggicas de exerccio do aprendizado por parte do aluno em sintetizar as idias de textos trabalhados. A NBR 14.724 da ABNT (2005, p.5), orienta a sua elaborao ao afirmar que o Resumo dos trabalhos acadmicos se constitui por uma sequncia de frases concisas e objetivas e no de uma simples enumerao de tpicos, no ultrapassando 500 palavras, seguido, logo abaixo, das palavras representativas do contedo (central) do trabalho, isto , palavras-chave. Como se faz um Resumo? uma primeira leitura bem atenta do texto necessria para perceber do que trata o assunto em questo; na prxima leitura use o destaca texto para destacar as idias principais e ir anotando o que lhe parecer mais relevante nas margens; faa quantas leituras for necessrio para certificar-se quais so realmente as idias centrais a resumir; destaque bem as palavras-chaves do texto, que contm as idias fundamentais e que sero a sua bssola para fazer seu resumo; faa um primeiro resumo por pargrafo, e, a seguir o resumo do seu primeiro resumo para sintetizar as idias; releia atentamente o texto, checando com o resumo, para certificar-se que voc fez o seu resumo sem perder a estrutura do texto original, coerncia e sequncia lgica entre os pargrafos resumidos; atenha-se s idia do texto, conforme elaboradas por seu autor, seja fiel ao texto, pois, no esse o momento de fazer seus comentrios nem emitir suas opinies. Bem, por a... Tero esses contedos aprofundados nas disciplinas de mtodos, mas j vo treinando desde agora. J devem estar com vontade de estudar a matria propriamente dita, acertei? Mas calma l, vamos antes disto fazer um exerccio, um chegar para a matria. Esse exerccio chama-se memorial. Este nome deve-se ao fato de que para faz-lo deve rastrear sua memria, buscar experincias l do passado e repens-las. Faz-lo fundamental para os exerccios seguintes.

Vamos l? Responda, com calma, as questes abaixo. Se no lembrar de algumas coisas, pea ajuda para algum da famlia, especialmente na questo 02. Esse um exerccio gostoso, daqueles para serem feitos no final de semana, sem pressa, sem nenhuma preocupao de acertar. Tudo o que escrever estar certo. uma oportunidade de um encontro com voc mesmo e de resgate de sua trajetria. Entregue-se, curta o passeio pelo sua prpria histria e gostos.

MEMORIAL DE FORMAO 1- Identificao Nome: _____________________________________________________________________________ Como gosta de ser chamado (a)? _____________________________________________________________________________

Foto:

Aqui cole uma foto atual sua. Pode ser tirada do Orkut, impressa e colada. Pode ter mais gente junto, mas faa um destaque em voc. Cole uma foto em que est feliz, alegre.

2- Histria de Vida Busque dar significao a cada etapa de vida. Para facilitar, pode dividi-la de 7 em 7 anos e contar o que foi mais marcante, como se sentia, quais os principais fatos, como eles definiram o que voc hoje. 0-7 anos: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 8-14 anos: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 15- 21 anos: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

22- 28 anos: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 28 hoje: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 3- Processo de escolha profissional, profissionalizao e principais influncias recebidas: Em outras palavras, responda como chegou a escolha de fazer o curso de qumica, se j fez outro curso profissionalizante e quem te influenciou a fazer qumica? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

4- Questionamento em relao formao escolar: Esta a questo que ser utilizada em exerccios posteriores. Pense, converse com familiares e amigos antes de responder. Depois disto, responda como foi a sua formao na ensino fundamental e no mdio. Onde estudou? Com quem estudou? Em qual escola estudou? Como se sentia na escola? Quais aulas mais gostava?

Gostava ou no de ir a escola e porqu? Qual professor (a) mais gostou e porqu? O que acha que deveria mudar em cada uma destas etapas? O que poderia ter sido melhor? Do que sente saudade?

Ensino Fundamental: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Ensino Mdio: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Obs. Os alunos que j fizeram outra graduao, devem continuar o exerccio acima, fazendo os mesmos questionamentos em relao a sua primeira graduao.

5- Expectativas sobre a formao de licenciado em qumica: O que espera encontrar/viver depois de formado(a)? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

6- Questionamentos sobre o exerccio da atividade profissional: Quais so as dvidas que voc tem em relao a como ser o seu trabalho depois da graduao? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 7- O que espera encontrar na Universidade Aberta do Brasil (UAB IFMT) , que contribua para sua formao? Que tipo de aula? Que tipo de professor? Que tipo de aluno? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

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8- Dificuldades pessoais: Quais so suas principais dificuldades? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

8- Atividades profissionais que exerce e interfaces com o curso de graduao em qumica: Faz alguma atividade alm de estudar diariamente? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

9- Habilidades, Experincias e Realizaes pessoais: Na sua trajetria de vida, o que aprendeu a fazer de melhor? Dirigir, cozinhar, conversar...? Qual sua principal habilidade? Qual a experincia mais marcante de sua vida? E qual sua maior conquista/realizao? Habilidade _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ Experincia: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

Realizao pessoal: _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 10- Passatempo: O que faz quando no est estudando que te d prazer? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

Fecho do Memorial Ao elaborar o memorial, voc (re) significou alguma etapa de vida? Passou a ver alguma coisa diferente da forma com que via antes? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________

UNIDADE ISociologia da EducaoObjetivos: Conceitualizar sociologia educacional. Relacionar o conceito de formao social do homem com a trajetria individual de formao. A sociologia educacional um ramo da sociologia geral. Nela priorizamos os aspectos sociais dos fenmenos educacionais. Por ser um galho da sociologia, desta que bebe seus princpios e mtodos. Soma-se aos estudos da sociologia geral, os estudos da educao. Neste caso, podemos imaginar algo como o delta de um rio. De um lado um afluente (a sociologia geral) de outro o outro afluente (os estudos da educao) formando um terceiro rio que a soma dos dois afluentes anteriores. Este terceiro rio a sociologia da educao. A sociologia educacional o resultado do encontro entre a sociologia geral e os estudos de educao. Vamos ouvir outro autor falar? Se voc pensou Como assim? Eu no vou ouvir outro autor, eu vou ler outro autor, se enganou. Quando voc l ouve a sua prpria voz em sua cabea, no mesmo? Por isso, quanto mais l, melhor l. Aproveite o momento e leia em voz alta, assim treinar sua dico.

A formulao histrica de uma sociologia educacional, em sentido restrito, relativamente recente. Sempre se cuidou de analisar a educao, e j os pensadores gregos falaram dela. Tambm os romanos. Mas tratavam sobretudo de seus aspectos filosficos, ou ento do modo como ela deve ser realizada. Os grandes pedagogos modernos, Pestalozzi, Rousseau, etc., no tinham ainda um ponto de vista sociolgico, o que era natural. S depois de criada a sociologia, no sculo XIX, se poderia esperar um estudo sociolgico da educao. Augusto Comte, porm, no que tange educao, fez observaes de cunho mais filosfico do que pedaggico e sociolgico. Com mile Durkheim, ao fim do sculo passado, surge um estudo, ainda hoje importante, intitulado Educao e Sociologia. Durkheim, que sempre cuidou de problemas pedaggicos e foi um grande socilogo, escreveu tambm o livro A educao Moral. Para Durkheim, o socilogo pode e deve estudar a educao como um fato social, como um fenmeno que se verifica no meio social, e que faz parte essencial da vida dos grupos. Depois, na Alemanha, na Inglaterra e nos Estados Unidos, noutros pases, o aspecto social da

educao foi recebendo cada vez mais ateno. Cada vez mais se compreendeu que a formao do indivduo no um trabalho isolado: o homem se forma dentro de um conjunto de influncias e de padres sociais, forma hbitos dentro do grupo e educado para viver no grupo. A personalidade se constri dentro da sociedade, e no dentro do indivduo puramente, por isso que as cincias sociais so necessrias para a plena compreenso do ser humano.SALDANHA, Nelson Nogueira SOCIOLOGIA DA EDUCAO

QUESTES 1. Faa um desenho do delta de um rio com 2 afluentes. Em um dos afluentes escreva sociologia geral, no outro estudos da educao. No grande rio, fruto dos afluentes, escreva Sociologia da Educao. Depois observe seu desenho e verifique se compreendeu o surgimento da sociologia da educao.

2. Qual o principal socilogo, citado na caixa acima, que estudou Sociologia da Educao? Qual seu principal livro? Em qual sculo ele viveu? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

3. Qual sua principal idia? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

4. O que entendeu pela frase: o homem se forma dentro de um conjunto de influncias e de padres sociais, forma hbitos dentro do grupo e educado para viver no grupo. A personalidade se constri dentro da sociedade, e no dentro do indivduo puramente, por isso que as cincias sociais so necessrias para a plena compreenso do ser humano?

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participao na escola contribuiu para sua formao humana. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

UNIDADE IIAntropologia da EducaoObjetivos: Compreender o conceito de cultura Compreender o processo de endoculturao ou socializao Compreender o a relao entre cultura e educao.

O que nos distingue dos animais? Essa uma questo que aparentemente de resposta bvia e simples, mas se olhar melhor ver que ela traz um questionamento filosfico em seu bojo. Existem vrias possibilidades de resposta, e uma delas, a que nos interessa neste momento, remonta a cultura e a educao. Debruar-se sobre a formao social humana tarefa da antropologia e tambm da educao, e neste ponto que ambas se encontram. Vamos por passos. Primeiramente vamos entender um pouco de Cultura. Segundo Roque de Barros Laraia, autor do livro Cultura: um conceito antropolgico, o conceito de cultura passa pelo dilema da unidade biolgica e a grande diversidade cultural da espcie humana. Isso se justifica por termos uma enorme diversidade de modos de comportamento existentes entre os diferentes povos e todos estes povos formados pela mesma espcie: o homem. Desde a Antigidade so comuns as tentativas de explicar as diferenas de comportamento entre os grupos humanos, a partir das variaes de ambientes fsicos. No entanto antroplogos estudaram e concluram que as diferenas de comportamento entre os homens no poderiam ser explicadas atravs das diversidades climticas ou fisiolgicas. Pensarmos em determinismo geogrfico ou em determinismo biolgico no responde a questo Porqu os grupos humanos se comportam de maneiras diferentes?. A resposta que melhor atende esta questo a de que o comportamento dos indivduos depende de um aprendizado chamado de endoculturao (endo=dentro), ou seja, o processo de aprendizado de uma cultura que acontece nos meios familiares, escolares, de amizades... Um exemplo a ser pensado que um menino e uma menina agem diferentemente no em funo de seus hormnios, mas em decorrncia de uma

educao diferenciada. O processo de endoculturao chamado tambm de socializao. Seguindo o mesmo raciocnio as diferenas entre os grupos humanos no podem ser explicadas em termos das limitaes que lhes so impostas pelo seu aparato biolgico ou pelo seu meio ambiente. Prova disto que grupos que vivem no submetidos ao mesmo ecossistema se comportam de maneiras diferentes. Pense em na diferenas entre os sul-americanos e os sul-africanos, por exemplo. Ambos vivem sob a regncia de um clima equivalente mas desenvolveram sociedades distintas umas das outras. Um exemplo citado no livro Cultura: um conceito antropolgico o dos Lapes e dos esquims. Os lapes e os esquims vivem em ambientes muito semelhantes, os lapes habitam o norte da Europa e os esquims o norte da Amrica. Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida so bem diferentes. Os esquims constroem os iglus amontoando blocos de gelo num formato de colmia e forram a casa por dentro com peles de animais. Com a ajuda do fogo, eles conseguem manter o interior da casa aquecido. Quando quer se mudar, o esquim abandona a casa levando apenas suas coisas e constri um novo iglu. Os lapes vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam se mudar, eles tem que desmontar o acampamento, secar as peles e transportar tudo para o novo local. Os lapes criam renas, enquanto os esquims apenas caam renas. Outro exemplo, tambm citado no livro, so as tribos de ndios que habitam uma mesma rea florestal e tm modos de vida bem diferentes: algumas so amigveis, enquanto outras so ferozes; algumas alimentam-se de vegetais e sementes, outras caam; tm rituais diferentes; etc. Segundo Roque de Barros Laraia a grande caracterstica da espcie humana sua capacidade de romper em suas prprias limitaes: um animal frgil, provido de insignificante fora fsica, dominou toda a natureza e se transformou no mais temvel dos predadores. Sem asas dominou os ares; sem guelras ou membranas prprias conquistou os mares. Tudo isto porque difere dos outros animais por ser o nico que possui cultura. Apesar da dificuldade histrica que os antroplogos enfrentam para concordar com uma definio de cultura, no se discute a sua existncia na realidade. Uma boa explicao a de que a cultura se desenvolveu a partir da possibilidade da comunicao oral, do desenvolvimento encfalo-cerebral, da capacidade de fabricao de

instrumentos, todos capazes de tornar mais eficiente seu aparato biolgico. Isto nos permite afirmar que tudo o que os homens fazem, aprenderam com os seus semelhantes e no decorre de imposies originadas fora de sua cultura. Pense em sua prpria formao, com quem aprendeu falar? Com quem aprendeu a entender o mundo? Por acaso se tivesse sido levado ao Japo, por exemplo, na semana do seu nascimento, no falaria japons? Durante este processo, a comunicao oral vital para a cultura, o idioma e a linguagem so um produto da cultura ao mesmo tempo que so formadores e reprodutores desta mesma cultura. A cultura desenvolveu-se simultaneamente com o prprio equipamento biolgico humano e , por isso mesmo, compreendida como uma das caractersticas da espcie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral. A comunicao um instrumento decisivo para a assimilao da cultura, pois a experincia de um indivduo transmitida aos demais, criando assim um interminvel processo de acumulao permeado por valores cristalizados, o que nos leva a afirmar que a linguagem humana um produto da cultura. A cultura constitui a unidade de um grupo humano, serve de lente atravs da qual o homem v o mundo e interfere na satisfao das necessidades fisiolgicas bsicas. Embora nenhum indivduo conhea totalmente o seu sistema cultural, necessrio ter um conhecimento mnimo para operar dentro do mesmo. No nosso caso, podemos usar alguns smbolos da cultura brasileira para entender esse conceito. Temos por exemplo, a caipirinha, a feijoada, o samba, o funk, o ax, o uso da moeda chamada real. Tudo isso constitui um conhecimento mnimo este que compartilhado por todos os componentes da sociedade de forma a permitir a convivncia dos mesmos. Podemos concluir que o homem age de acordo com os seus padres culturais, ele resultado do meio em que foi socializado e que pode sim, participar de processos de mudana do mesmo entretanto para faz-lo dever primeiramente ter sido absorvido por ele. Neste momento voc deve estar se perguntando: E o que que tudo isso tem haver com educao? Quem responde para a gente so os autores Gilmar Rocha e Sandra Pereira Tosta. Em seu livro Antropologia e Educao, eles afirmam que Se a antropologia tem a ambio de abarcar a cultura ou a sociedade em sua totalidade, evidente que este um campo, historicamente, multidisciplinar; e para a educao, que tem na cultura sua principal fonte de transmisso, inquestionvel a importncia desse

dilogo. Sobretudo se pensarmos na educao (...) como a construo de um processo concreto que trata de homens concretos, em carne e osso, que refletem seu prprio pensamento. Ou seja, todos eles so capazes de aprender (ROCHA, 2009, p. 121-122) Bem, vamos ver como ficou isso tudo para voc? Faamos agora alguns exerccios que nos ajudaro na compreenso do texto acima. 01- Faa um resumo do texto acima. Conforme voc aprendeu no incio do mdulo, um resumo deve ter 15 linhas. A esto elas para voc: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 02- Retome sua resposta 01 do memorial de formao e relacione suas experincias com os aprendizados que teve nesta unidade. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

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UNIDADE IIIA escola

Fonte: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://conversademenina.files.wordpress.com/2010/06/escola.

Objetivos: Compreender o a relao escola x sociedade Compreender em que medida a escola reproduz as classes sociais que existem fora da sala de aula Gerar criticidade sobre este processo

Antes de iniciarmos nossos estudos sobre escola e sociedade/cultura, busque uma foto sua de quando freqentava o ensino fundamental ou mdio e cole aqui:

Assim sua apostila ficar com o seu jeito, com a sua histria, com a sua escola.

ESCOLA A partir da leitura do texto de Maria Luiza Silveira Teles, compreendemos que a escola to importante quanto a famlia e a religio na formao de um ser social, no processo de socializao dos seres humanos. Sua funo ensinar certos conhecimentos e habilidades, que serviro no s para a preservao como tambm para uma eficaz modificao da sociedade. Logicamente, as escolas no existem meramente para refletir e servir de intermedirias da herana cultural de uma sociedade e das transformaes em curso; elas tambm existem para ajudar na promoo da mudana e da reforma social. A escola pode ser considerada uma sociedade em miniatura, dotada de sua prpria cultura ou clima. A cultura de uma escola raramente homognea: compem-se de uma diversidade de subculturas identificveis, as quais afetam o comportamento do estudante de mltiplas maneiras. Essas tendncias culturais ou subculturais so sustentadas por subgrupos de estudantes, assim como por outros participantes institucionais por exemplo, o corpo docente. Entendeu os pargrafos acima? Ento d um exemplo de como sentiu a formao desses subgrupos durante seu perodo escolar: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

Teles afirma que a escola influencia de diversas maneiras sobre o comportamento da criana e no apenas lhe d informaes curriculares. A escola ajuda a fixar os limites sociais e, ao mesmo tempo, prepara o caminho para que o meio social no seja aceito incondicional nem independentemente. Ela dever fazer o indivduo ganhar conscincia de que a sociedade aqui e agora e no algo no futuro ou l fora, de que ela mesma no um elemento separado da sociedade total, mas uma parte integrante dela; no um campo de treinamento para a vida, mas a prpria vida. A escola, como uma unidade organizacional, cresceu gradualmente no decorrer dos anos e sua estrutura tornou-se cada vez mais complexa. Este crescimento leva ao problema da burocracia que pode ser adequada ou inadequada, bem organizada ou desorganizada, eficiente ou ineficiente, mas ainda uma burocracia. Tal como qualquer outra burocracia, a escola pode se tornar uma mquina, desumaninzada e inteiramente impessoal. Esse um dos perigos das suas grandes dimenses, mas no , nem deve ser, uma conseqncia inevitvel. Para seguirmos em nossos estudos, faa o seguinte exerccio: 01- Faa um levantamento das escolas de seu bairro ou cidade e preencha os seguintes dados: a) nmero de escolas: ______________________________________________________________________ b) condies fsicas de cada uma: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________ Vamos agora ler um artigo, selecionado para voc pensar se a diviso de classes que existe na sociedade ou no reproduzida dentro da escola. As partes que selecionei deste artigo foram retiradas do site:

http://www.univen.edu.br/revista/n009/A%20ESCOLA%20E%20A%20REPRODU%C7%C3O%20SOCIAL%20DE %20CLASSES.pdf

Aqui encontram-se alguns trechos, mas o texto todo pode ser lido na ntegra no site indicado acima.

A ESCOLA E A REPRODUO SOCIAL DE CLASSES Carina Sabadim Veloso Elen Karla Trs A sociedade atual est baseada em princpios de desigualdade e explorao entre as classes sociais. Nesse contexto, o processo educativo desenvolvido dentro das escolas tambm possui caractersticas que o tornam reprodutor das desigualdades sociais. Percebe-se na realidade que a educao destinada a uma "minoria privilegiada" se difere totalmente daquela oferecida "maioria excluda", principalmente no que se refere qualidade. Dentro de uma ideologia dominante, a educao igual para todos, proporcionando as mesmas oportunidades, porm, a realidade existente serve para desmistificar esse fato ideolgico. A escola em um processo sutil segrega e marginaliza a classe excluda da classe dominante. Este estudo tem por objetivo apresentar uma anlise sobre o fato de aparentemente a escola representar na sociedade uma instituio neutra, que est acima dos conflitos sociais, local de igualdade de oportunidades, de ascenso social e desenvolvimento individual para todos. Quando, porm, para-se para analisar as escolas pelas quais os professores passam, trabalham ou pesquisam, observa-se o quanto a realidade difere do ideal, pois a realidade que se constata que a escola reproduz e intensifica as diferenas sociais e os valores da classe social privilegiada.[...] a escola a instituio mais eficiente para segregar as pessoas, por dividir e marginalizar parte dos alunos com o objetivo de reproduzir a sociedade de classes (MEKSENAS, 2002, p. 71).

Essa reproduo e segregao esto presentes na diferenciao ao acesso escola, tempo e recursos para estudar, recursos para freqentar atividades complementares educao escolar, tempo de freqncia escola, linguagem utilizada no sistema de ensino, acesso ao ensino superior e at na relao professor-aluno. A educao no decorrer da histria foi sempre planejada para proteger e manter os privilgios da classe social dominante, que sempre recebeu uma escolarizao de qualidade com os conhecimentos necessrios para manter-se na direo da sociedade, enquanto os menos favorecidos recebem uma educao de massa, com carter disciplinador para mant-los submissos classe dirigente. A escola em sua constituio geral se apresenta fora do contexto social real dos alunos menos favorecidos, e reproduz assim, valores, idias, ideais e cultura da classe privilegiada como sendo verdadeiros, nicos, corretos e aceitveis. Utiliza para alcanar esse objetivo, recursos conhecidos como a linguagem escolar, que alheia realidade social do seu alunado representada nos livros didticos, modelos de comportamento, regras disciplinares, textos, atividades, sistema de avaliao e at nas relaes pessoais, que fazem parte dos ideais e cotidiano social da classe dominante. Assim, a classe dominada passa a conceber a cultura e valores dominantes como corretos e caracterizar sua prpria cultura e valores como inferiores e errados, tornando-se submissa para conseguir ter acesso ao mnimo possvel do que possui a classe dominante. Agindo dessa forma a escola reproduz e mantm as diferenas entre as classes sociais, formando falsos cidados, que no desenvolvem o esprito crtico, que so submissos queles que aparentemente so melhores que eles, que aceitam seu fracasso escolar e social como responsabilidade exclusiva de si mesmos e conseqentemente se acomodam e no lutam por mudanas, muitas vezes vendo o dominador como o "heri", por possuir atitudes assistencialistas. A marginalizao e excluso da maioria em oposio ascenso de uma minoria privilegiada ocorrem at no relacionamento entre alunos e professores, desde a Educao Infantil. Na maioria das vezes, as atitudes, discursos, demonstraes afetivas e disciplinadoras do professor esto a servio da reproduo social de classes. Ele serve de instrumento para formar os futuros cidados descritos anteriormente e transforma assim, sua sala de aula em uma prvia do que a sociedade externa aos muros escolares.

Nesse processo de educao visando reproduo social de classes, h a formao de alunos submissos, individualistas e egostas, ocasionando a perda do desenvolvimento de valores como a solidariedade e a valorizao do coletivo. Formamse assim, pessoas frias, passivas, mecnicas, calculistas e extremamente individualistas. No importa o que ocorre com o coletivo, desde que o "eu" esteja bem. Dessa forma,[...] a escola representa o instrumento mais completo de reproduo das relaes de produo nessa sociedade. Ela reproduz a fora de trabalho, qualificando os trabalhadores, justificando a desigualdade social, levando-os a aceitarem a distino entre as classes. (VIEIRA, 1998, p. 64)

A partir da anlise desenvolvida, possvel, segundo as autoras, iniciar um processo de reflexo a partir do reconhecimento da escola como instituio que reproduz a desigualdade social para assim, adquirir conscincia de que vivemos em uma sociedade em constante transformao poltica e econmica, sendo necessrio tambm, que a escola sofra as devidas mudanas em sua estrutura ideolgica e pedaggica para desenvolver um processo educativo que possa proporcionar ao aluno um espao social cada vez mais justo, baseando-se para isso, em uma pedagogia voltada para o desenvolvimento humano. Com isso, estar desenvolvendo o educando enquanto pessoa humana, democrtica, qualificada para progredir no mercado profissional e com esprito de solidariedade, necessrio para a adeso s causas maiores da vida, principalmente s referentes existncia humana, e no mais estaremos reproduzindo uma sociedade to desigual.

Agora com voc! Faremos alguns exerccios para decantar as idias provocadas pelo texto acima. 01- Anote 3 palavras que no entendeu no texto e busque seu significado no dicionrio. Depois de preencher os exerccios abaixo, leia novamente os pargrafos nos quais encontrou a palavra e verifique se agora compreende melhor o texto. 1 palavra: _____________________________________________________________ Significado: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

2 palavra: _____________________________________________________________ Significado: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

3 palavra: _____________________________________________________________ Significado: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

02- Faa uma grade de leitura do texto acima. Lembre-se que no incio deste mdulo esto as indicaes para como fazer uma grade de leitura. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

03- Emita uma opinio justificando-a. Voc concorda com os principais argumentos das autoras? Cite exemplos que justifiquem sua perspectiva.

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04- Emita uma opinio justificando-a. Como voc a educao a distancia neste processo de reproduo das classes sociais a partir da escola? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

UNIDADE IVO educador

Fonte:http://batistabrasileiro.com.br/blogdodiretor/wpcontent/uploads/2010/02/professor.gif

Objetivos: Compreender a relao educador educando Refletir sobre a funo do educador Compreender a relao de poder existente na escola Refletir sobre as relaes educador educando

Durante muito tempo imaginou-se que:

* O educador quem educa; O educando o que educado.

* O educador quem disciplina; O educando o que disciplinado.

* O educador quem fala; O educando o que escuta. * O educador quem prescreve; O educando segue a prescrio. * O educador escolhe o contedo dos programas; O educando o recebe em forma de depsito. * O educador sempre o que sabe; O educando o que no sabe. * O educador o sujeito do processo; O educando, o seu objeto.

Atualmente estamos em processo de transformao, apesar da resistncia de alguns alunos e de alguns professores. Hoje procura-se trabalhar em conjunto educadoreducando. Desta maneira se supera a dicotomia educador x educando que deixa o educador em situao to comprometida e desvantajosa. Parece que o educador possue a educao e se no a entrega um problema pessoal, que, em ltima anlise poderia reduzir-se ao egosmo: tenho uma coisa que no dou; por outro lado e est a desvantagem -, parece que o educador, como tal, no teria expectativas no processo educacional pois ele entrega e no recebe. Na realidade a educao se realiza na inter-relao pessoal, pela qual ambos os termos da relao, tanto o educador quanto o educando, devem ser melhorados. Assim a perspectiva muda. O educador tem um dever diante do educando: torn-lo melhor. E o educando um dever para com o educador. Na sua opinio, qual este dever que o educando tem para com o educador? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ Quando ambos cumprem seus deveres cada encontro educativo se transforma em mtuas expectativas de um ser melhor. importante que os alunos estema conscientes dessa responsabilidade mtua, pois como o educando, tambm o educador suscetvel a mudanas.

Segundo a autora Sara Lpez Escalona em seu livro Antropologia e Educao, a educar no um exerccio puramente vocacional, tambm uma funo social. Considerar a educao fundamentalmente como um exerccio de apostolado, pela grandeza que o educador supe, trouxe inumerveis males aos profissionais da educao. Estes, muitas vezes, desistem de lutas legtimas ao considerar a nobreza da profisso, a impossibilidade de uma compreenso real pelo trabalho que realizam ou a gratido dos alunos e da sociedade, que do grande satisfao. Mas ningum vive somente de gratido e de reconhecimento. Estes, para serem tais, devem traduzir-se em recursos adequados s necessidades do docente, entre as quais se encontra uma grande importncia: o acesso a cultura. responsabilidade do profissional estar atualizado, isso supe livros, tempo para aperfeioamento, viagens, etc. Voc, que faz um curso de licenciatura em qumica, j parou para se imaginar lecionando? Descreva como imagina sua rotina de trabalho, depois de formado, como educador(a) de qumica: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

Wilson Correia em seu arrtigo publicado no Dirio da Manh, dia 07/02/2009, p. 23., entitulado O poder do professor1 afirma que:

O filsofo francs Michel Foucault produziu importante trabalho sobre a natureza do poder. Na Microfsica do poder, ele escreveu: o poder deve ser analisado

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Leia o artigo na ntegra no site: http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1426718

como algo que circula, ou melhor, como algo que s funciona em cadeia. No est localizado aqui ou ali, nunca est nas mos de alguns, nunca apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas os indivduos no s circulam, mas esto sempre em posio de exercer este poder e de sofrer sua ao; nunca so o alvo inerte consentido do poder, so sempre centros de transmisso. Se o poder circular e no tem lugar especfico, e se ele no pode ser identificado somente no estado, na empresa e na igreja, entre outras, onde ele est? Ele tambm est na rede humana que constitui a sociedade. Na escola, em particular, chama-me a ateno a relao de poder que se estabelece entre estudante e professor. Ela , por natureza, uma relao pedaggica e se caracteriza basicamente por dois aspectos: permeada pela epistemologia, pela informao, pelo conhecimento e pelo saber, e , tambm, mediada pelas microdecises polticas, as quais contribuem para formar subjetividades, identidades e sujeitos sociais. Da que um gesto, uma palavra, uma ao do ensinante no so simples movimentos. So elementos formativos porque no se desvinculam do carter pedaggico de que se reveste o ser-estar daquele que escolheu a profisso de ensinante. Desse modo, no somente a aula que ensina; a presena do professor que tem a potencialidade de emitir uma lio atrs da outra. E no se trata unicamente de se considerar o professor como modelo e exemplo, mas de compreender que ele interfere e modifica o modo como o aprendiz constitui-se a si mesmo em meio aos outros, tanto quanto a maneira pela qual ele vai se posicionar na vida, no mundo, na sociedade e nessa infindvel rede de interaes humanas de que participar ao longo de toda a vida. Parece assustadora a repercusso que os atos pessoais dos professores e professoras exercem sobre os alunos. Um gesto desinstala. Uma palavra desperta reao. Uma ao provoca mltiplos movimentos. Racionalidade e afetividade qualificam as atitudes, comportamentos e movimentos dos estudantes afetados pela presena do ensinante. Disso resulta, pois, o fato de as relaes pedaggicas serem to conflituosas como as familiares, profissionais e assemelhadas. Em face do poder ningum inocente. Ningum pode se apresentar de mos lavadas. Estamos todos envolvidos em redes de poder e nelas o exercemos. No mais possvel ver o poder como pertencendo apenas a polticos, magistrados e lderes religiosos. Se pensarem nisso, o professor e a professora podero entender em que medida exercem o poder docente, e se o fazem no sentido da humanizao do estudante

ou do seu embrutecimento. Grande, pois, a responsabilidade de quem se prope a ensinar.

E a, gostou deste texto do Wilson Correia? Antes de continuar, faa dois exerccios com ele. 01- Anote 3 palavras que no entendeu no texto e busque seu significado no dicionrio. Depois de preencher os exerccios abaixo, leia novamente os pargrafos nos quais encontrou a palavra e verifique se agora compreende melhor o texto. 1 palavra: _____________________________________________________________ Significado: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

2 palavra: _____________________________________________________________ Significado: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

3 palavra: _____________________________________________________________ Significado: ____________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

02- Faa um esquema do texto acima. Lembre-se que no incio deste mdulo esto as indicaes para como fazer um esquema. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ O autor Roberto Martins Ferreira em seu livro Sociologia da Educao, cita o trabalho da professora Lcia Maria Teixeira Furlani que afirma que existem 3 formas do exerccio da autoridade do professor. So elas: a) Relao autoritria: Nela a posio hierrquica superior do professor continuamente mantida e reforada por atitudes impositivas. O professor se v como um informador, controlador e classificador do produto que o aluno. Essa relao mantida por rgidas normas externas e internas sala de aula, as quais so impostas aos alunos e muitas vezes at mesmo aos professores. O objetivo de tais normas e prticas pedaggicas manter a desigualdade na relao professor-aluno. Questes: 01- Voc j teve experincia com esse tipo de educao/educador? Como se sentiu? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

02- Como voc considera este modelo de relao? a ( ) tima b ( ) boa c ( ) regular d ( ) ruim Justifique sua resposta:

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b) Relao permissiva: Nela o professor abdica da autoridade por acreditar que ela algo essencialmente negativo. Numa situao como essa, o professor recusa-se a desempenhar o papel de orientador de comportamento e de avaliador, pois identifica tais prticas como repressivas. A transmisso do conhecimento passa a depender dos limites traados pelos alunos. Ao associar toda e qualquer norma represso, o professor torna se crtico ferrenho delas, sem se preocupar em substitu-las por outras. 03- Voc j teve experincia com esse tipo de educao/educador? Como se sentiu? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

04- Como voc considera este modelo de relao? a ( ) tima b ( ) boa c ( ) regular d ( ) ruim Justifique sua resposta: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

c) Modelo democrtico: A relao de poder entre professor e aluno se d em bases democrticas, de modo a beneficiar o processo de aprendizagem, contribuindo assim para a formao tanto de personalidades maduras como de cidados conscientes e

participativos. Nesse tipo de relao as normas so democraticamente estipuladas pelo prprio grupo e espera-se que elas consagrem a participao responsvel, a liberdade de expresso e a igualdade de participao, alm da confiana e do respeito mtuo. A autoridade do professor passa a se fundamentar na sua competncia. 05- Voc j teve experincia com esse tipo de educao/educador? Como se sentiu? ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

06- Como voc considera este modelo de relao? a ( ) tima b ( ) boa c ( ) regular d ( ) ruim Justifique sua resposta: ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

UNIDADE VSociedade e educaoObjetivos: Sensibilizar para uma crtica da educao Compreender a relao de poder existente na escola

Paulo Meksenas em seu livro Sociologia da Educao afirma que a educao para uma sociologia crtica tem seus fundamentos em um autor chamado KARL MARX. Sobre esse autor, segue abaixo uma caixa com uma biografia dele:Karl Marx205/05/1818, Trier (Alemanha) 14/03/1883, Londres (Inglaterra) Da Redao

Terico do socialismo, Karl Marx estudou direito nas universidades de Bonn e Berlim, mas sempr e demonstrou mais interesse pela histria e pela filosofia. Quando tinha 24 anos, comeou a trabalhar como jornalista em Colnia, assinando artigos social-democratas que provocaram uma grande irritao nas autoridades do pas. Integrante de um grupo de jovens que tinham afinidade com a teoria pregada por Hegel (Georg Wilhelm Friedrich - um dos mais importantes e influentes filsofos alemes do sculo 19), Marx comeou a ter mais familiaridade dos problemas econmicos que afetavam as naes quando trabalhava como jornalista. Aps o casamento com uma amiga de infncia (Jenny von Westphalen), foi morar em Paris, onde lanou os "Anais Franco-Alemes", rgo principal dos hegelianos de esquerda. Foi em Paris que Marx conheceu Friedrich Engels, com o qual manteve amizade por toda a vida. Na capital francesa, a produo de Marx tomou um grande impulso. Nesta poca, redigiu "Contribuio crtica da filosofia do direito de Hegel". Depois, contra os adeptos da teoria hegeliana, escreveu, com Engels, "A Sagrada Famlia", "Ideologia alem" (texto publicado aps a sua morte). Depois de Paris, Marx morou em Bruxelas. Na capital da Blgica, o economista intensificou os contatos com operrios e partici pou de organizaes clandestinas. Em 1848, Marx e Engels publicaram o "Manifesto do Partido Comunista", o primeiro esboo da teoria revolucionria que, anos mais tarde, seria denominada marxista. Neste trabalho, Marx e Engels apresentam os fundamentos de um movimento de luta contra o capitalismo e defendem a construo de uma sociedade sem classe e sem Estado. No mesmo ano, foi expulso da Blgica e voltou a morar em Colnia, onde lanou a "Nova Gazeta Renana", jornal onde escreveu muitos artigos favorveis aos operrios. Expulso da Alemanha, foi morar refugiado em Londres, onde viveu na misria. Foi na capital inglesa que Karl Marx intensificou os seus estudos de economia e de histria e passou a escrever artigos para jornais dos Estados Unidos sobre poltica exterior. Em 1864, foi co-fundador da "Associao Internacional dos Operrios", que mais tarde receberia o nome de 1 Internacional. Trs anos mais tarde, publica o primeiro volume de sua obra-prima, "O Capital". Depois, enquanto continuava trabalhando no livro que o tornaria conhecido em todo o mundo, Karl Marx parti cipou ativamente da definio dos programas de partidos operrios alemes. O segundo e o terceiro volumes do livro foram publicados por seu amigo Engels em 1885 e 1894. Desiludido com as mortes de sua mulher (1881) e de sua filha Jenny (1883), Karl Marx morreu no dia 14 de maro de 1883. Foi ento que Engels reuniu toda a documentao deixada por Marx para atualizar "O Capital". Embora praticamente ignorado pelos estudiosos acadmicos de sua poca, Karl Marx um dos pensadores que mais influenciaram a histria da humanidade. O conjunto de suas idias sociais, econmicas e polticas transformou as naes e criou blocos hegemnicos. Muitas de suas previses ruram com o tempo, mas o pensamento de Marx exerceu enorme influncia sobre a histria.

Poderamos passar horas, dias, semanas, meses e anos estudando o Marx sem nos cansarmos ou esgotarmos sua teoria mas nesse momento temos como foco a

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Retirado na ntegra do site: http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u149.jhtm, em maio de 2010.

educao. Encontramos em Marx uma preocupao com a educao mas no uma teoria da educao. Para Marx, a sociedade capitalista se fundamenta em uma organizao de trabalho desigual, que d origem a classes sociais (em termos marxistas: proletrios e detentores dos meios de produo) nas quais os proprietrios dos meios de produo exploram os no-proprietrios (proletariado). Entretanto a explorao nem sempre est presente na conscincia das pessoas, muitas nem percebem que esto sendo exploradas ou passam a vida sem pensar nisso. A pergunta ento : se a maioria das pessoas explorada dentro do sistema capitalista, como elas no percebem? O que acontece que toda essa desigualdade no gera conscincia e ao em direo a mudana para melhor? Meksenas, no mesmo livro citado acima, nas pginas 66 e 67, responde a essa questo afirmando que: Para responder tal questo, devemos ter em mente que as experincias prticas das pessoas no trabalho e na vida cotidiana so diferentes. Isso d origem a interpretaes diferentes dos fatos, a vises diferentes do mundo. A viso que a classe empresarial tem do trabalho e de sua vida cotidiana diferente da viso que tem a classe trabalhadora. Para a primeira classe social (proprietria) o trabalho fonte de lucro; sua tendncia reforar os aspectos que acham positivos no capitalismo: sociedade boa, de riquezas, de progresso, liberdade para empreender e tornar-se rico etc. Por outro lado, para os trabalhadores, o trabalho fonte de pobreza. Sua tendncia reforar os aspectos negativos do capitalismo: sociedade desigual, de privaes, de salrios baixos, de falta de liberdade para se viver dignamente. Entretanto, essa segunda viso de mundo nem sempre est presente na conscincia das pessoas. A viso da classe empresarial predomina, aparece como nica viso verdadeira. Isso ocorre pelo simples fato de que a classe empresarial, tendo maior poder econmico, poltico e de comunicao, consegue impor com mais facilidade os seus interesses, convencer o conjunto da sociedade da verdade e validade prtica de sua viso de mundo. E a pessoal? Conseguiram entender o que o Meksenas disse? Isso muito srio e profundo. Se est com dificuldade, d uma volta, beba uma gua e releia o texto acima at t-lo compreendido com clareza. importante que voc consiga visualizar o que est sendo dito e para isso pense: voc conhece algum que se encaixa no perfil trabalhador? E algum que se encaixe no perfil classe empresarial ou detentor dos meios de produo? Espero que, caso no conhea, j tenha ouvido falar. Ento, percebe que existe diferena entre cada grupo desses?

Estando tudo entendido, vamos seguir com as palavras de Paulo Meksenas, ainda na pgina 66 de seu livro Sociologia da Educao. Podemos afirmar que na sociedade capitalista existe ideologia: uma imposio dos valores e idias da classe empresarial (classe dominante) como sendo a nica viso correta de sociedade e a conseqente tentativa de fazer com que a classe trabalhadora pense com os valores da classe dominante. A ideologia beneficia enormemente a classe empresarial, pois a partir do momento em que ela consegue impor suas idias, seus valores como sendo os corretos e, a partir do momento que os trabalhadores aceitam isso, fica bem mais fcil para os grupos dominadores manter sua explorao sobre o restante dos indivduos da sociedade. Sabendo agora um pouco do significado da ideologia para Marx, podemos ir adiante e perceber como ela se transmite. Nos dias de hoje, para impor a sua viso de mundo, a classe dominante utiliza os meios de comunicao de massa, os jornais, as leis e, finalmente, a educao. Nesse sentido, dentro da concepo terica de Marx, podemos afirmar que a educao escolar vem desempenhar o papel de transmissora da ideologia dominante; o elemento responsvel por inculcar em todos os indivduos os valores e as idias da classe empresarial como nica viso correta de mundo. Assim as regras de funcionamento da escola, os seus contedos de aprendizado do meios para reproduzir a desigualdade da sociedade capitalista. Ainda segundo o autor Paulo Meksenas, na pgina 68, Marx possui uma viso de sociedade onde a escola, transmitindo ideologia, seria elemento de reproduo dos interesses da classe empresarial para ajud-la a manter seu poder e domnio sobre a classe trabalhadora. Numa sociedade dividida por classes sociais em contradio e conflito, temos uma educao e uma escola que reproduzem a diviso e o conflito. Para Marx, toda educao de classe, pois a educao que a classe empresarial recebe diferente daquela da classe trabalhadora. Enquanto os membros da primeira so educados para dirigir a sociedade de acordo com seus interesses, os membros da segunda so disciplinados e adestrados para o trabalho, para aceitarem a sociedade capitalista como ela se apresenta, sendo submissos. Para Marx, a educao de classe e, nesse sentido, a escolaridade para a classe trabalhadora tem dois objetivos: preparar a conscincia do indivduo para perceber apenas a viso de mundo da classe empresarial como correta, isto , transmisso de

ideologia; preparar o indivduo para o trabalho, fazendo com que aprenda o necessrio e suficiente para lidar com seus instrumentos de trabalho, disciplinando e treinando o corpo/mente do jovem da classe trabalhadora para que possa desempenhar adequadamente suas tarefas no trabalho. Por outro lado, a classe empresarial recebe outro tipo de escolarizao, muito mais aperfeioado e completo, com acesso s melhores escolas, aos melhores professores e materiais didticos para assim, com bom nvel de conhecimento, poder se aperfeioar e se perpetuar na funo de classe dirigente. O conhecimento fonte de poder; a partir do conhecimento, possvel dominar mais facilmente outra pessoa; faz sentido que em nossa sociedade a classe empresarial tenha acesso s melhores escolas enquanto aos trabalhadores reste apenas o acesso quele conhecimento parcial que lhe garanta a condio de dominado eficiente. Marx admite a escola em nossa sociedade como instituio sob o controle da classe empresarial para transmitir a ideologia e treinar os trabalhadores para uma atividade produtiva em que sero explorados. Entretanto, diante desse fato, Marx parece mostrar a classe trabalhadora que ela no deve negar a escola ou abandon-la. Ao contrrio, deve exigir com tanto mais fora seu direito educao e, ao mesmo tempo, atuar dentro e fora da escola para que ela se transforme numa instituio que possa representar tambm os interesses da classe trabalhadora.

... isso a! O Paulo Meksenas escreve muito bem sobre o Marx. Agora vamos exercitar nossa compreenso do texto e da realidade.

Compreenso do texto: 01- Comente e d exemplos sobre a seguinte frase retirada do texto acima: Nos dias de hoje, para impor a sua viso de mundo, a classe dominante utiliza os meios de comunicao de massa, os jornais, as leis e, finalmente, a educao. ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________

______________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 02- Comente e d exemplos sobre a seguinte frase retirada do texto acima: O conhecimento fonte de poder; a partir do conhecimento, possvel dominar mais facilmente outra pessoa ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 03-Comente e d exemplos sobre a seguinte frase retirada do texto acima: A classe trabalhadora que ela no deve negar a escola ou abandon-la. Ao contrrio, deve exigir com tanto mais fora seu direito educao e, ao mesmo tempo, atuar dentro e fora da escola para que ela se transforme numa instituio que possa representar tambm os interesses da classe trabalhadora. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 04- Leia os provrbios abaixo: A quem nada deseja nada falta. Vence na vida quem diz sim. De gro em gro a galinha enche o papo. Cada um por si, Deus por todos.

a) Agora escolha um deles e escreva uma pequena concluso sobre o que significa o provrbio que escolheu:

___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ b) Relacione a mensagem do provrbio como conceito de ideologia de Karl Marx. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

Compreenso da realidade: Tendo em mente esse captulo estudado, faa agora uma entrevista com um aluno do ensino mdio, tentando descobrir o que ele aprende na escola e a utilidade que o entrevistado atribui a esse conhecimento para sua vida. Em seguida, compare as informaes obtidas nessa entrevista procurando descobrir at que ponto so diferentes ou semelhantes s idias de Marx.

Para desenvolver a entrevista, leia a caixa abaixo:Em sociologia, a finalidade de uma entrevista consiste em captar como outras pessoas constroem mentalmente a realidade social. Em outras palavras, a pessoa a ser entrevistada tem em sua conscincia idias referentes sociedade ou sua vida que formam os vrios temas de seu interesse. Captar o ponto de vista do outro nosso objetivo. Entretanto, apenas a palavra do outro ainda no suficiente. Se o resultado da entrevista no for associado a teorias sociolgicas, perde o sentido. A entrevista ser a nossa matria-prima; mas as teorias que j aprendemos sero nossas ferramentas para podermos trabalhar a entrevista, descobrindo coisas novas e aprofundando nossa reflexo em torno do tema. Uma boa entrevista, para ser feita, precisa seguir algumas regras bsicas: 1- Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos importantes a abordar. Ao partir para a entrevista, fundamental saber o que vamos perguntar. 2- Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se realmente deseja colaborar conosco. No se obriga ningum a ser entrevistado. 3- Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se d sem interrupes. Num ambiente ou momento onde entrevistado ou entrevistador estejam com pressa torna-se impossvel a realizao da entrevista. 4- Em lugar de anotar apenas o que o entrevistado diz, melhor, se possvel, levar um gravador para ficar tudo registrado, de tal forma que no se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse. 5- A entrevista no deve ser um interrogatrio e sim dilogo. 6- O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale tudo o que desejar, no tempo que quiser. 7- O entrevistador deve respeitar as opinies do entrevistado, mesmo quando no concordar com elas. 8- Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda no tiver terminado de expor seu pensamento em relao pergunta anterior. No interromper desnecessariamente a fala do outro.Meksenas, 2002, pag. 138,139.

Depois de entender as 8 dicas para entrevista, primeiro formule as questes. Na sequncia faa a entrevista e depois, com os dados em mos, transcreva as principais partes da entrevista e relacione com o contedo do captulo. Bastante trabalho, no ? No se preocupe, faa sua parte que estamos com voc para desenvolver esse trabalho.

UNIDADE VIEducao no BrasilObjetivos: Compreender os desafios da educao no Brasil Relacionar a histria/aspectos da educao no Brasil com a educao recebida.

Nesta ltima unidade utilizaremos como texto base o artigo de Simon Schwartzman3. No se preocupe, o texto foi cuidadosamente selecionado para ser atrativo e voc finalizar essa ltima etapa de nossa disciplina com tranqilidade.

Os desafios da educao no Brasil Simon Schwartzman Os temas centrais: At recentemente, acreditava-se que os problemas centrais da educao brasileira eram a falta de escolas, as crianas que no iam escola e a carncia de verbas. Considerava-se necessrio construir mais prdios escolares, pagar melhores salrios aos professores e convencer as famlias a mandar seus filhos para ser educados. Foram precisos muitos anos para convencer polticos e a opinio pblica de que, na verdade, as crianas vo escola em sua grande maioria, mas aprendem pouco, e comeam a abandonar os estudos quando chegam na adolescncia. Os problemas principais so a m qualidade das e