Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e...

20
Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música

Transcript of Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e...

Page 1: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música

Page 2: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,
Page 3: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

As linguagens artísticas: cênicas

Material Teórico

Responsável pelo Conteúdo:Profa. Ms Solange Santos Utuari

Revisão Textual:Profa. Ms Magnólia Gonçalves Mangolini

Page 4: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,
Page 5: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

5

• As artes cênicas

• A dança

• Fundamentos do ensino de dança na escola

O corpo como material expressivo nas artes cênicas deve ser estudado e potencializado na educação das crianças. Neste sentido, é fundamental que o pedagogo conheça propostas no ensino das linguagens da dança e do teatro. É possível que você já tenha presenciado apresentações de dança e teatro na escola, principalmente em atividades de fins de ano ou datas comemorativas. Porém, vamos estudar nesta unidade propostas que vão muito além destas práticas.

As linguagens de dança e do teatro na escola, hoje, são vistas como conhecimento e expressão, merecendo uma atenção maior por parte dos educadores. É importante que você fique atento às metodologias do ensino de arte nestas linguagens, conhecendo fundamentos teóricos e proposições pedagógicas.

Quanto às atividades propostas na unidade, é importante que você realize todas com afinco e determinação. Teste seus conhecimentos respondendo às questões sugeridas. Observe o que você já sabe e o que ainda precisa saber, e amplie seus conhecimentos lendo o material básico e complementar.

· São muitas as linguagens da arte. Vamos estudar as linguagens do Teatro e da Dança, refletindo principalmente sobre qual o papel destas expressões artísticas na escola. Para ampliar nossos conhecimentos metodológicos, vamos apresentar fundamentos e proposições pedagógicas.

As linguagens artísticas: cênicas

• Teatro

• Fundamentos do ensino de teatro na escola

Page 6: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

6

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Contextualização

Para o momento de contextualização, sugerimos a leitura de quatro textos. Dois textos estão presentes no livro:

MARTINS, M. C.; PICOSQUE, G. Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010.

• Texto 1: Meandros da linguagem teatral (páginas 122 - 124).

• Texto 2: Meandros da linguagem da dança (páginas 127-128).

Outros textos que fundamentam nossos estudos, nesta unidade, estão presentes no material dos PCNs em Arte:

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1997.

• Texto 3: Dança ( páginas 67-72).

• Texto 4: Teatro ( páginas 83-88).

Estas leituras são básicas e fundamentam os temas estudados nesta unidade V.

Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica, indicamos as leituras complementares de textos que estão presentes em publicações da revista Nova Escola:

O corpo é o suporte nas artes cênicas, e é fundamental que a escola saiba como potencializar a criação artística e expressão corporal das crianças. A arte de dançar e de dramatizar acompanha a história da humanidade desde a sua criação cultural. É importante que você fique atento às metodologias do ensino de arte nestas linguagens, conhecendo fundamentos teóricos e proposições pedagógicas.

Leia os materiais indicados e boas reflexões.

Explore

Links para acesso virtual destes textos: https://goo.gl/fkS4hf

Explore• Texto 1: Vivências teatrais. Disponível em: https://goo.gl/EWQQgA

• Texto 2: O corpo, o movimento e a aprendizagem. Disponível em: https://goo.gl/hgbbH8

Page 7: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

7

As artes cênicas

A dança não é separada do corpo, então cabe a nós, Educadores, pensar sobre como entendemos corpo. Lenira Peral Rengel, 2006.

Nesta unidade faremos uma reflexão sobre o ensino de dança e teatro na escola. Durante muito tempo as linguagens cênicas estiveram na escola apenas para realizar apresentações temáticas de fim de ano ou em datas especiais. A partir do final dos anos da década de 1980, o ensino de arte, como um todo, sofreu muitas transformações.

Em artes cênicas (dança e teatro), há várias propostas interessantes para os educadores conhecerem: as pedagógicas, exercendo a função de coordenação ou orientação pedagógica de outros educadores, na prática docente em sala de aula, ou em outra função de ação educativa. Será possível fazer um bom trabalho em relação a estas linguagens artísticas, se apropriando de saberes sobre fundamentos teóricos e metodologias. Fazemos aqui o convite para que estude este texto, e os demais indicados na leitura básica e complementar, para adentrar na investigação da linguagem cênica e seu papel na educação.

O termo “Artes Cênicas” é usado para se remeter a linguagens que tem como princípio o uso do espaço cênico, que pode ser um palco de um teatro, até mesmo a rua ou uma praça pública. É um lugar destinado à expressão do corpo como materialidade e o uso de espaços, na relação entre espaço/corpo. Espaço cênico, nesse sentido, pode ser compreendido como qualquer local onde acontece uma representação, dança ou qualquer manifestação de expressão corporal.

Estudar as artes cênicas é investigar a prática da representação, do movimento, da percepção do espaço e do corpo em toda sua expressividade. Existem muitos gêneros dentro das artes cênicas tanto na linguagem do teatro como na dança. Como exemplo, podemos citar peças teatrais que usam bonecos, máscaras e espetáculos em que vemos os atores realizando diálogos, bailarinos ou atores em movimentos, expressões corporais, entre outras possibilidades. Também podemos pensar em tipos de espetáculos como as comédias, musicais, tragédias, teatro gestual, dramático ou em coreografias de danças, danças típicas e outras modalidades.

Na escola, em cada momento do desenvolvimento dos alunos, podemos explorar metodologias no ensino de dança e teatro para apresentar as diversas maneiras expressivas destas linguagens artísticas. Não temos a preocupação de apresentar as artes cênicas como espetáculos temáticos ou algo para atender às comemorações da escola, e sim apresentar estas linguagens como possibilidades de criar, expressar e pensar sobre arte e seu ensino.

A dança

“A dança ainda é entendida de forma equivocada por muitas escolas, que costumam apresentá-la somente nas datas comemorativas e na forma de reproduções de coreografias prontas”,

(Isabel Marques, apud Amanda Polato, 2008).

Page 8: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

8

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Isabel Marques é autora de vários livros que tratam do ensino de dança, atua também como coreógrafa e diretora de grupos de dança. Esta autora faz críticas à concepção das coreografias mecânicas e temáticas exploradas por muitas escolas. Neste tipo de proposta não há objetivos pedagógicos e a preocupação com o que a criança está aprendendo, mas com o evento em si, direção da escola e o público, que geralmente são os pais das crianças. A escola perde, neste tipo de atividade, o seu papel principal, que é garantir a aprendizagem das crianças e seu desenvolvimento, para se preocupar com eventos sem propósitos educativos.

A dança pode ser compreendida como expressão individual ou coletiva e seu ensino na escola desencadeia uma série de competências e habilidades, como por exemplo:

• atenção;

• percepção do corpo e do movimento;

• senso de cooperação e solidariedade;

• relação coletiva e percepção do movimento do outro;

• respeito a diferenças culturais;

• coordenação e consciência corporal;

• comunicação e autoestima;

• criação de poéticas artísticas.

As pessoas dançam por muitos motivos: profissional, estética, prazer ou tradição cultural. A dança é uma das manifestações mais antigas da humanidade. Na escola podemos explorar o patrimônio cultural imaterial que são conhecimentos, tradições e ações passadas de geração a geração, como no caso das danças típicas que compõem a diversidade cultural brasileira.

Os seres humanos se expressam por meio de muitas linguagens, a dança é a linguagem do movimento expressivo. O corpo humano, ao se movimentar com intenção expressiva, estabelece relações consigo mesmo (suas possibilidades e limites), com os outros (pessoas e objetos), com o tempo (pulsação e ritmo), o peso, a fluência e com o espaço ao redor.

Roger Garaudy (1980), filósofo e estudioso, diz que a dança é a expressão que potencializamos por meio de movimentos do corpo. Estes movimentos são organizados em sequências significativas; dançar é uma experiência que vai além das palavras. Este autor realça a ideia que dançar é uma das formas de existir.

Existem danças étnicas, populares, folclóricas, teatrais etc.

Uma das formas de ampliar saberes culturais dos alunos é apresentar espetáculos de dança para nutrir esteticamente o repertório cultural. O melhor é sempre assistir presencialmente, mas hoje há muitas possibilidades, como fazer pesquisas na internet ou assistir a espetáculos gravados.

A dança desde tempos remotos foi se consolidando de maneira particular nas diferentes culturas e etnias que foram se formando por todo o mundo. Desta forma, cada civilização desenvolveu sua lógica, mística e estética para criar na arte dos movimentos.

É interessante que os educadores apresentem diferentes manifestações de dança para os alunos e discutam com eles as transformações estéticas e filosóficas da dança ao longo dos tempos. Para isso, é importante que se aponte a história da dança e as diversas funções desta manifestação cultural: como rito, diversão, expressão individual ou como manifestação coletiva de uma comunidade étnica.

Thinkstock

Page 9: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

9

Há muitas manifestações de danças antigas. Este tipo de manifestação de expressão corporal pode ainda ser vista em várias culturas. Podemos apresentar para as crianças danças étnicas brasileiras, como exemplo, as manifestações indígenas e afrodescendente, entre outros povos e culturas, trabalhando desta forma com o tema transversal; pluralidade cultural.

No geral tem-se por dança étnica aquela produzida por uma comunidade étnica e cultural. A forma e os motivos em dançar são passados de geração em geração, com mínimos acréscimos e modificações. Neste caso estariam as danças ritualísticas, de vários grupos que vemos ainda hoje, sendo executadas. A dança étnica pressupõe também uma elaborada expressão artística, exigindo conhecimento e dedicação por parte dos executantes e os demais membros da comunidade. Muitas vezes vemos que as danças étnicas podem influenciar o folclore de uma região ou de um país, e muitas ainda são praticadas. Danças que são consideradas patrimônios históricos e culturais da humanidade.

Fundamentos do ensino de dança na escola

Falamos de danças, típicas, étnicas e há também as danças artísticas. Quando pensamos em uma bailarina, será que imaginamos a figura de uma jovem com roupas esvoaçantes e dançando com sapatilhas de ponta? Este tipo de figurino segue a tradição das companhias de ballet que escolhem compor espetáculos ao estilo do ballet clássico. Estética artística da dança que nasceu na Europa, nas cortes, e teve seu apogeu na França, na corte de Luís XIV, conhecido como o “Rei Sol”. Ele foi um grande estimulador das artes, criando uma série de instituições destinadas a promovê-las, dentre as quais a “Académie Royale de la Danse”, em 1661. Em seu reinado, surgiram as figuras do professor e do coreógrafo de dança. Suas características referem-se à linearidade nos movimentos; à verticalidade; à utilização de narrativas associadas aos contos de fadas, histórias de príncipes e princesas; ao padrão estético definido: bailarinos e bailarinas magros, altos, de pernas longas; em busca pelo etéreo, divino, além do humano. Nesse contexto, surgiu a sapatilha de ponta e o coque nos cabelos das mulheres.

Na dança moderna e contemporânea surgem outras concepções desta arte em que se rompem as barreiras do movimento expressivo, conhecido como clássico, dando espaço para outras formas artísticas. A bailarina Alemã, que viveu entre os tempos de 1940 e 2009, Pina Bausch inovou a linguagem da dança, fazendo uma união entre as linguagens do teatro e da dança e criando coreografias expressivas, que exploravam tanto o corpo dos bailarinos como suas emoções, criando movimentos e expressões diferentes dos vistos na arte clássica do ballet. Ela costumava dizer que até nas pontas dos dedos podemos perceber movimentos belos e expressivos. Acreditava que era preciso que cada bailarino conhecesse seu próprio corpo para potencializá-lo na arte da dança. Valorizava a investigação dos movimentos, com base no pensamento em que cada pessoa, seja esta adulta ou criança, traz consigo uma experiência e repertório de movimentos, e que cabe às pessoas dançantes descobrir qual é o seu movimento mais expressivos.

Pina Bausch acredita que para dançar precisamos aflorar nossas emoções e sensibilidades, e fazer os movimentos que o nosso corpo nos pedir. Precisamos mergulhar em nossas emoções como as memórias, sonhos e medos.

Thinkstock

Page 10: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

10

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Pensando nos ensinamentos de Pina Bausch, na escola como uma das propostas metodológicas podemos contar histórias com os movimentos e criar sequências coreográficas a partir de como cada um sente o seu próprio corpo e os movimentos que ele pode fazer. Para isto, é importante conhecer também os elementos de linguagem corporal.

Rudolf Laban, que viveu entre 1879 e 1958, foi um bailarino e coreógrafo austro-húngaro que analisou de forma sistemática os elementos constitutivos do movimento humano (linguagem corporal). Além disso, enfatizou a importância da dança na escola, onde deveriam ser realizadas atividades que reforçassem as faculdades naturais de expressão da criança, preservassem a espontaneidade do movimento, mantendo-o viva, e estimulassem a expressão artística no âmbito da arte do movimento. Para Laban, a compreensão da dança acontece a partir do entendimento dos princípios do movimento:

• O corpo que se move;

• O espaço em que o corpo ocupa e se move;

• As relações entre corpos, coisas no mundo e na dança.

Também pesquisou sobre:

• Fluxo que é a liberação de energia que se coloca no movimento e sua fluência;

• Peso como o grau de energia, tensão, força que se coloca no movimento;

• Tempo na relação de velocidade e variações de unidades de andamento lento ou rápido do movimento;

• Espaço como as possíveis relações de trajetórias, ocupação de planos, dos lugares em que podem acontecer os movimentos.

A melhor forma de ensinar às crianças a arte da dança é proporcionar o autoconhecimento do corpo e a percepção do que este pode fazer. Laban realizou vários estudos a partir de movimentos cotidianos.

Propostas, como convidar as crianças para formar uma roda em um espaço amplo e depois conversar sobre como elas se movem no dia a dia, pode ser um bom começo. Depois, exercícios em que as crian-ças possam expressar de forma livre e dinâmica estes movimentos, assim como fazer combinações de movimentos e criar sequências coreográficas, são oportunidades de desenvolver a dança na escola indo além dos movimentos estereotipados e repetitivos das apresentações sem propósitos pedagógicos de festinhas escolares. Pense nisto! A dança é uma linguagem do corpo e como tal é área de conhecimento e expressão poética.

Leia a reportagem: A linguagem do corpo: passos e gestos se transformam em instrumentos de comunicação e expressão, por Paulo Araújo.

Disponível em: https://goo.gl/RPkCQa

Page 11: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

11

Teatro

O ensino do teatro na escola tem como proposta a aprendizagem de conceitos e noções que explorem o movimento, corpo, gesto, comunicabilidade, recursos cênicos, jogos teatrais, jogos dramáticos e a improvisação, tendo como foco o processo de criação e compreensão dessa linguagem expressiva.

Ensinar teatro é tratar de recuperar a autonomia do sujeito criador e da autoconsciência de expressões. É explorar a imaginação e memória, além da observação e criação. Incluir o teatro na rotina escolar é explorar o gesto, o movimento, a expressão, a voz, com suas combinações estéticas e poéticas.

Os jogos e exercícios teatrais são as estratégias ou instrumentos que utilizamos para desenvolver o processo de ensino e aprendizagem desta linguagem. Quanto à metodologia para o fazer teatral, ela deve coordenar o aprendiz de teatro na passagem por três momentos diferentes, que estão ligados a Abordagem Triangular do ensino de arte, estudado neste curso na unidade I, nos quais o aluno, diante de cada fase de sua idade, precisa:

• assistir a espetáculos teatrais de vários gêneros (tragédia, drama, comédia), estilos (realista, naturalista, expressionista, farsa, grotesco, commedia dell’arte) e formas (teatro de sombras, de corpo, de bonecos, entre outros), tanto de grupos teatrais profissionais quanto de amadores e de produções dos próprios colegas;

• experimentar as diversas propostas cênicas;

• ter a possibilidade de contextualizar tanto o que faz como o que vê.

Apesar da especificidade da linguagem teatral, ela não pode ser vista isoladamente, devendo ser inserida no mundo da ciência, da história, da literatura, entre outras áreas do conhecimento, destacando seu ensino de forma global e constitutivo de uma cidadania cultural.

Fundamentos do ensino de teatro na escola

O trabalho com a linguagem cênica para alunos de ensino fundamental e educação infantil tem como propósito a compreensão de que fazer teatro é um jogo: quando as crianças são bem pequenas, elas naturalmente fazem isto, ao brincar de faz de conta, de exercer papéis como de mamãe ou filhinho e outros papéis experimentados nas brincadeiras.

Faz parte do mundo da criança brincar de interpretar papéis. Com o passar do tempo, a criança cresce e podemos introduzir os jogos com regras, em que há combinados para as brincadeiras. Desta forma, o teatro faz parte do desenvolvimento das crianças.

Thinkstock

Page 12: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

12

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Para a educadora Ingrid Koudela (2011), o jogo teatral no contexto da sala de aula é importante enquanto uma proposta metodológica de aprendizagem cognitiva, afetiva e psicomotora. É por meio de jogos em grupos que a criança desenvolve o senso de coletividade e cooperação. Nos jogos teatrais, as crianças podem criar e aprender como se dá a linguagem do teatro.

Os princípios de criação e expressão artística na linguagem do teatro estão ligados ao desenvolvimento das noções de jogos de faz de conta, jogos teatrais, improvisação e dramatização:

• Nos jogos de faz de conta há espontaneidade e expressão lúdica. As crianças brincam, criam personagens e situações imaginárias e desta forma exploram sua fantasia;

• Os jogos teatrais possibilitam as crianças experimentar e descobrir os signos de seu cotidiano, o que proporciona ao aprendiz vivências culturais significativas.

• A improvisação permite as crianças desencadear o processo de criação, imaginação e expressão pessoal ou em grupo.

• A dramatização é um exercício que explora tanto a memória quanto a imaginação. As crianças aprendem a contar histórias e mostrar ideias e pensamentos.

É importante que o educador valorize os processos do fazer teatral e não somente o produto com

montagem de peças teatrais que visam apenas preencher datas comemorativas e calendários de festas escolares. É importante que os professores e aprendizes de arte percebam o longo caminho a percorrer, antes de se propor a montagem de um texto dramático.

Brincar e jogar são atividades fundamentais no momento do desenvolvimento da criança. Podemos, diante de cada fase do desenvolvimento infantil, explorar ações em três momentos:

• Jogos simbólicos: a criança brinca de faz de conta, imagina personagens e situações, quer mostrar não exatamente o que vê, mas sim o que pensa sobre o que vê e percebe em suas leituras de mundo. É um momento lúdico em que a criança aprender a ser autônoma em suas escolhas e sonhos.

• Jogos de regras: nos jogos com regras as crianças aprendem a fazer combinados e exercer papéis que podem estar ligados a situações cotidianas. Entender as regras do jogo é o desafio para estar no jogo. Jogamos com o corpo (para concretizar e materializar o jogo), e com a mente (criando estratégias para alcançar o objetivo do jogo). Solucionar os problemas propostos pelos jogos é o grande desafio e desenvolve muitas habilidades, competências e atitudes.

• Jogos dramáticos: a proposta do teatro na escola não é montar uma peça e apresentá-la para todos, embora isso possa acontecer. Mas deve-se privilegiar a construção dos saberes nesta linguagem com exercícios que tenham como objetivo criar e jogar no fazer expressivo do teatro. O professor poderá explorar com as crianças os Jogos dramáticos em que os sons, os gestos e a narração formem um momento de vivência com as linguagens do teatro. Como exemplo, podemos contar uma historia para crianças e depois pedir que elas recontem por meio da dramatização. Neste tipo de proposta podemos observar como as crianças se relacionam com a escuta da narração, a dramatização e a produção de sons e movimentos na improvisação ou representação.

Fazer o jogo teatral pressupõe que a criança entenda as regras que o próprio jogo apresenta, como também aceite o desafio que o jogo coloca. Nesse sentido, o papel do professor é fundamental. É ele quem, como propositor do jogo, terá de dar as instruções para que o jogo aconteça, instruções que devem ser claras e objetivas, para que os participantes do jogo as entendam.

Page 13: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

13

A norte americana Viola Spolin (1906-1994) pesquisou vários exercícios de improvisação teatral e o fazer teatral. Para esta autora, os jogos teatrais proporcionam a resolução de problemas, exercícios para desenvolver a inteligência, criatividade e expressão artística. O professor pode, neste sentido, ser aquele que no jogo teatral irá propor os problemas e desafios por meio de instruções, agindo como um mediador e orientador do grupo de crianças enquanto jogam.

Exploreleia o livro: SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo, Perspectiva, 1992. p. 26.

Explore

A instrução tem como objetivo a manutenção do foco da atividade realizada pelo aluno. Ela deve levar o jogador para a dimensão do “aqui e agora”, para a resolução de um problema ou desafio que o jogo teatral sugere.

No jogo teatral, devemos considerar o trabalho a partir de três noções específicas:

• o onde, que é o lugar da realização do jogo: um castelo, uma praia, uma sala qualquer. Esse espaço, definido e proposto pelos jogadores, pode ter ou não objetos de cena (móveis ou objetos que compõem um cenário). O lugar pode ser imaginário. Nesse caso, as ações das personagens devem levar a plateia a imaginar um determinado lugar.

• o quem, noção por meio da qual se vai atender às prerrogativas da personagem da cena. São os papéis do jogo teatral que devemos desenvolver. É a personagem dramática do jogo. É quando mostramos quem somos para uma plateia.

• o quê, que se refere à ação dramática do jogo teatral: é a atividade do ator-aluno, que mostrará o que faz no aqui/agora da cena teatral, dentro de um espaço e de um tempo cênico.

Essas três noções básicas (onde, quem e o quê) compõem o sistema de jogo teatral proposto por Viola Spolin, e podem contribuir para o ensino do teatro nas escolas. Vejamos o que Ricardo Japiassu, pesquisador do ensino de teatro, diz a respeito das noções de onde, quem e o quê:

Essas noções compõem os princípios fundamentais para a instalação da realidade cênica, quer dizer, da realidade do signo teatral ou da existência propriamente dita do fenômeno teatral criado com base no jogo (JAPIASSU, 2005, p. 70).

Essas noções compõem os princípios fundamentais para a instalação da realidade cênica, quer dizer, da realidade do signo teatral ou da existência propriamente dita do fenômeno teatral criado com base no jogo (JAPIASSU, 2005, p. 70).

As noções de onde, quem e o quê podem ser trabalhadas em conjunto ou separadamente, dependendo dos objetivos ou das expectativas de aprendizagem estabelecidas. É bom lembrar que a atividade artística na escola formal não tem o objetivo de formar atores ou artistas em geral, nem se espera que o professor seja um diretor teatral. O importante é que professor e aluno sejam sensíveis aos signos da linguagem cênica do teatro e da dança, que se apropriem das linguagens da Arte e, consequentemente, que se divirtam e construam conhecimentos e saberes sobre as Artes Cênicas.

Page 14: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

14

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Ideias Chave

Durante muito tempo, o ensino da dança e teatro nas escolas, sempre precário, foi baseado na cópia e repetição de movimentos, frequentemente restrito às festas comemorativas ou atividades sem direcionamento expressivo. Entretanto, é fundamental que os professores se preocupem em de fato ensinar, com momentos de apreciação estética, contextualizações e fazer, não no sentido de reproduzir, mas sim de criar na dança e no teatro por meio das pesquisas de movimentos, expressividades e jogos, ajudando os alunos a conhecer melhor seu corpo e o dos colegas, utilizando-o como meio de se expressar artisticamente.

Page 15: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

15

Material Complementar

Há vários materiais e sites que você pode visitar e ampliar seus saberes sobre o ensino de dança e teatro na escola. Indicamos aqui os vídeos de projetos vencedores do prêmio arte na escola, para que você conheça.

Acesse e assista aos documentários disponíveis no site do Instituto Arte na Escola: http://artenaescola.org.br/

• Somos brasileiros, somos diferentes. Publicado em 27/03/2013. Professora: Gilmária Ribeiro da Cunha. Nível de ensino: Ensino Infantil. Escola: Centro Municipal de Educação Infantil Cid Passos - Salvador/BA. Disponível em: http://artenaescola.org.br/pagina/?id=69953

• Nós Afros. Publicado em 14/12/2012. Professora: Marilene Alves da Cruz Gonçalves. Nível de ensino: Ensino Infantil. Escola: CMEI Darcy Castello Mendonça - Vitória/ES. Disponível em: https://goo.gl/fZYwM9

Estes são exemplos de materiais que podem ampliar sua visão sobre o ensino de arte e, em especial, o ensino de dança e teatro na educação infantil. Nestes projetos está também a preocupação em trabalhar com temas transversais, como a cultura afrodescente.

Page 16: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

16

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Referências

ARAÚJO, Paulo. Reportagem A linguagem do corpo: passos e gestos se transformam em instrumentos de comunicação e expressão. Revista Nova Escola. São Paulo: Ed. Abril, 2007. Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/3276/a-linguagem-do-corpo> Acesso em 10 de junho de 2013.

BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos 1980 e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 2009.

BRASIL _______ Referencial curricular nacional para a educação infantil / Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 3.

________ [Lei Darcy Ribeiro (1996)]. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. 5. ed. Brasília: MEC, 1996.

_______Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.

GARAUDY, Roger. Dançar a vida. 6. ed. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1980.

JAPIASSU, Ricardo O. V. Metodologia do ensino de teatro. Campinas: Papirus, 2005.

KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. São Paulo: Editora Perspectiva, 2011.

LABAN, Rudolf. Dança educativa moderna. São Paulo: Ícone, 1990.

________. Domínio do movimento. São Paulo: Summus Editorial, 1978.

MARIS, Rosana e ALONSO, Daniela. Vivências teatrais. Revista NOVA ESCOLA. São Paulo: Ed. Abril, Setembro/2012. Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/vivencias-teatrais-511434.shtml> Acesso em 10 de junho de 2013.

MARQUES, Isabel. Ensino de Dança Hoje. São Paulo: Ed. Cortez, 2003.

MARTINS, M. C. PICOSQUE, G. GUERRA, M. T. Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010.

POLATO, Amanda. Reportagem: Dança Criativa. Revista NOVA ESCOLA. São Paulo: Ed. Abril, Setembro/ 2008. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/educacao-infantil/4-a-6-anos/danca-criativa-422886.shtml. Acesso em 10 de junho de 2013.

RENGEL, Lenira Peral. A dança e o corpo no ensino: In: SÃO PAULO (Estado) Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. O ensino de arte nas séries iniciais: ciclo I / Secretaria da Educação, Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas; organização de Maria Alice Lima Garcia. São Paulo: FDE, 2006.

Page 17: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

17

SPOLIN, V. Jogos teatrais na sala de aula: um manual para o professor. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 2010.

___________Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1992.

VYGOTSKY. La imaginacion y el arte em la infancia. Madrid: Ediciones Akal, 1990.

Page 18: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

18

Unidade: As linguagens artísticas: cênicas

Anotações

Page 19: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,

www.cruzeirodosulvirtual.com.brCampus LiberdadeRua Galvão Bueno, 868CEP 01506-000São Paulo SP Brasil Tel: (55 11) 3385-3000

www.cruzeirodosulvirtual.com.br

Rua Galvão Bueno, 868

Tel: (55 11) 3385-3000

Page 20: Fundamentos Metodológicos do Ensino de Arte e Música · Para ampliar seus saberes culturais e didáticos sobre a proposta de ensino em artes cênicas na escola de educação básica,