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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação Centro de Ciências da Saúde Curso de Mestrado em Educação em Saúde DANIELLA MARA LOPES COELHO PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA LOMBALGIA GESTACIONAL FORTALEZA 2006

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FUNDAÇÃO EDSON QUEIROZ UNIVERSIDADE DE FORTALEZA – UNIFOR Diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação Centro de Ciências da Saúde Curso de Mestrado em Educação em Saúde

DANIELLA MARA LOPES COELHO

PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA LOMBALGIA GESTACIONAL

FORTALEZA2006

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DANIELLA MARA LOPES COELHO

PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA LOMBALGIA GESTACIONAL

Dissertação apresentada à Coordenação do Programa de

Mestrado em Educação em Saúde da Universidade de Fortaleza,

como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de

Mestre.

Linha de Pesquisa: Políticas e Práticas na Promoção da Saúde e

Ambientes Saudáveis.

Projeto de Pesquisa: Promoção da Saúde da Mulher na Atenção

Básica.

Orientadora: Prof.a Dr.a Raimunda Magalhães da Silva

Co-Orientador: Prof. Dr. Marcelo Luiz Carvalho Gonçalves

FORTALEZA2006

PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA LOMBALGIA GESTACIONAL

DANIELLA MARA LOPES COELHO

DATA DE APROVAÇÃO: _______/ _______/ _______

BANCA EXAMINADORA

Prof.a Dr.a Raimunda Magalhães da Silva – UNIFOR / UFCORIENTADORA

Prof.a Dr.a Ana Fátima Carvalho Fernandes - UFC1a EXAMINADORA

Prof.a Dr.a Daniela Gardano Bucharles Mont’Alverne – UNIFOR2a EXAMINADORA

Prof.a Dr.a Escolástica Rejane Ferreira Moura - UFCSUPLENTE

Dedicatória

Aos meus pais, César e Cecília

Aos meus irmãos, Carla, Júlio César e João Paulo

As minhas sobrinhas, Ana Carolina e Ana Isadora

Aos meus avós, Antônio Lopes, Maria Lopes e Lucinda Coelho

Que sempre me incentivaram e me deram apoio e força para realizar meus sonhos.

AGRADECIMENTOS

A Deus, por sempre me guiar, proteger e ensinar.

Aos meus pais, meu porto seguro, pelo amor, carinho e confiança que sempre me foram oferecidos.

Aos meus irmãos, pela força nas horas difíceis e pela alegria de meus dias.

Ao meu irmão Júlio César, pela ajuda na parte técnica e nas horas mais atribuladas e definitivas deste trabalho.

À minha orientadora, pelo carinho com que me recebeu, pela paciência, por entender minhas dificuldades e por suas lições de vida, que me fizeram crescer como pessoa e como profissional.

A todos os meus professores e mestres, que contribuíram com suas experiências e saberes para construção do meu conhecimento.

Aos funcionários do mestrado, pelo atendimento gentil e carinhoso durante esses dois anos.

Às minhas amigas do coração, Ediara, Tatiana e Suzete, pelo apoio e incentivo para que eu conseguisse desempenhar minhas atividades.

Às minhas queridas amigas do mestrado, Itana, Regina Cláudia, Luciana, Gladys, Érika e Cristiane, pelos momentos de alegria e troca de conhecimentos.

À minha amiga Erine, pelo carinho e ajuda tão valiosa na fase de coleta de dados.

Aos professores do curso de Fisioterapia, pelo incentivo, em especial à Eluciene, que nas horas mais atribuladas sempre me tranqüilizou com palavras sábias.

Aos profissionais de saúde das unidades básicas da Secretaria Executiva Regional VI, pela receptividade e carinho.

Em especial, às gestantes que participaram, pois sem a colaboração e disposição delas não teríamos conseguido concretizar este estudo.

RESUMO

A lombalgia gestacional é uma queixa comum das gestantes que pode interferir em

suas atividades diária, bem-estar e qualidade de vida. Este estudo foi do tipo descritivo,

realizado com 140 gestantes atendidas pelos profissionais do Programa de Saúde da Família

(PSF) na Secretaria Regional VI (SER VI) em Fortaleza-CE. Teve como objetivo identificar o

perfil sociodemográfico das gestantes; caracterizar a lombalgia quanto à freqüência, tipo e

intensidade, associando-a às atividades da vida diária; verificar as práticas de prevenção e

controle da lombalgia realizadas pelos profissionais do PSF e averiguar as práticas de

autocuidado realizadas pelas gestantes para o controle e alívio da dor. A coleta de dados foi

realizada utilizando-se uma entrevista estruturada e a intensidade da dor foi mensurada por

meio da Escala Analógica Visual (EAV) que mostra variação de intensidade de 0 a 10. Os

dados foram organizados no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão

11.5 e analisados de acordo com a literatura sobre lombalgia gestacional e autocuidado. A

faixa etária de 18 a 22 anos (42,1%) foi predominante e essas gestantes apresentaram

escolaridade e renda mensal baixas. A freqüência da lombalgia foi de 74,3% e esta foi

caracterizada como “cansada”, com intensidade média na EAV de 6,4, que predominou à

noite e prejudicou o sono. As atividades diárias que agravaram a lombalgia foram lavar roupa,

varrer, apanhar objeto no chão, ficar muito tempo sentada, ficar muito tempo em pé, cozinhar

e subir ou descer escada. As gestantes realizaram práticas de autocuidado para alívio da dor,

dentre elas, massagem, repouso, compressa de gelo e alongamento. As práticas de prevenção

e controle da lombalgia realizadas pelos profissionais do PSF, segundo as gestantes,

envolveram as orientações posturais, como realizar as atividades diárias e de trabalho e

indicações para realização de exercícios de alongamento e relaxamento muscular, mas

somente 15% das gestantes, no entanto, receberam essas orientações. Apenas 2,9% das

gestantes tiveram acesso a campanhas informativas e/ou palestras sobre lombalgia gestacional

e seus cuidados. Esses resultados mostram a necessidade de mais estudos sobre o assunto,

assim como capacitação dos profissionais de saúde, para que se tenha uma assistência à saúde

mais integral, pois a lombalgia gestacional é muito freqüente, interfere nas atividades diárias e

não é considerada importante por alguns profissionais de saúde.

Palavras-chaves: Lombalgia – Gestação – Assistência Pré-natal – Autocuidado

ABSTRACT

The present study was carried out in Fortaleza city with 140 pregnant women

received by Family Health Program (PSF) of Regional Executive Department (SER) VI. It

aimed at the identification of pregnant woman’s profile; the characterization of low back pain

frequency, type and intensity, by connecting it to daily activities; the verification of

prevention and controlling practices of low back pain conduced by PSF professionals, as well

as the certification of pregnant women’s self-care practices to control and relief pain. The

study was descriptive and data were organized with Statistical Package for Social Sciences

(SPSS) program, version 11.5. The predominant age group was from 18 to 22 years-old

(42.1%) and such pregnant women presented low educational and socioeconomic levels. Low

back pain frequency was high (74.3%) and the pain was determined as “tired”, with average

intensity in DAS mean of 6.4, predominating at night and disturbing sleep. Daily activities

that deepened low back pain were: cloth washing, sweeping, take objects from the ground,

stay sit for long, stay stand for long, cook, and use stairs. Pregnant women’s self-care

practices to pain relief were: massage, rest, ice compress and stretching. PSF professionals

practices to prevent and control low back pains were: posture instructions, instructions on

how to do housework and work activities, and some indications on how to do stretching and

relaxation exercises. Nevertheless, only 15% of women received such instructions. Only 2.9%

of them had access to informative campaigns and/or conferences on gestation low back pain

and its care, which comes to show that more research shall be carried out on the subject, as

well as health professionals’ enabling in order to reach a more integral health assistance.

Key Words: Low Back Pain – Gestation – Prenatal Care–Self-care.

SUMÁRIO

Apresentação............................................................................................................... 10

Introdução................................................................................................................... 11

Objetivos...................................................................................................................... 13

ARTIGO I – Lombalgia em Gestantes atendidas no Programa Saúde da Família de Fortaleza-CE......................................................................................................... 15

Resumo.................................................................................................................. 16Abstract.................................................................................................................. 17Introdução.............................................................................................................. 18Métodos................................................................................................................. 21Resultados.............................................................................................................. 24Discussão............................................................................................................... 28Conclusão...............................................................................................................33Referências.............................................................................................................34

ARTIGO II – Práticas de Prevenção e Controle da Lombalgia Gestacional.........38Resumo.................................................................................................................. 39Abstract.................................................................................................................. 40Introdução.............................................................................................................. 41Métodos................................................................................................................. 47Resultados.............................................................................................................. 51Discussão............................................................................................................... 55Conclusão...............................................................................................................64Referências.............................................................................................................65

Conclusão do estudo…................................................................................................ 70

Referências................................................................................................................... 73

Apendices..................................................................................................................... 79Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................ 80Apêndice 2 – Entrevista......................................................................................... 81

Anexos........................................................................................................................... 86Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFOR.......................................... 87

APRESENTAÇÃO

A temática lombalgia na gestação tem relevância no contexto da assistência pré-

natal, pois esta é referida pela maioria das gestantes como fator desagradável e que dificulta a

execução das atividades da vida diária. Trata-se de uma queixa, comumente, relatada pelas

mulheres grávidas aos profissionais de saúde e observa-se que estes consideram, em sua

maioria, a lombalgia gestacional como um fato normal e comum da gestação.

Neste estudo procurou-se ouvir as gestantes quanto à assistência recebida no pré-

natal nos serviços de atenção básica à saúde do município de Fortaleza-CE, dando ênfase as

repercussões da lombalgia, as experiências de vida e as práticas de prevenção e controle dessa

dor.

Para tanto, o estudo foi organizado em dois artigos e analisados com abordagem

quantitativa na tentativa de expor com objetividade os resultados obtidos.

No primeiro artigo sob o título “Lombalgia em Gestantes atendidas no Programa de

Saúde da Família de Fortaleza-CE”, buscou-se definir o perfil sociodemográfico das gestantes

e caracterizar a lombalgia gestacional quanto à freqüência, o tipo e a intensidade e associá-la

às atividades de vida diária da gestante.

No segundo artigo intitulado “Práticas de Prevenção e Controle da Lombalgia

Gestacional”, procurou-se identificar as práticas de prevenção e controle da lombalgia

orientadas pelos profissionais do PSF e as práticas de autocuidado realizadas pelas gestantes.

INTRODUÇÃO

A lombalgia durante a gestação é um sintoma de etiologia multifatorial, ainda não

totalmente elucidado. Apresenta prevalência que varia de 42% a 82% (FAST et al., 1987;

COLLINTON, 1996; ÖSTGAARD, 1996). Esse agravo à saúde da gestante é importante,

tanto pela alta freqüência quanto pela intensidade e desconforto provocado, além de interferir

de maneira negativa na qualidade do sono, disposição física, desempenho no trabalho, vida

social, atividades domésticas e lazer (MARTINS e SILVA, 2005b).

A carência da definição da etiologia da dor lombar contribui para uma visão

distorcida dos profissionais de saúde sobre o problema, principalmente o obstetra, fazendo

com que estes considerem essa dor como algo inerente à gestação e que não necessita de

nenhuma intervenção (FERREIRA e NAKANO, 2000).

Os profissionais de saúde devem mudar seus conceitos em relação à lombalgia

gestacional de que é apenas um incômodo normal na gravidez e que não necessita de atenção.

Essa visão fragmentada da gestante não está de acordo com o princípio da integralidade

preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem está consoante com à política nacional

de atenção integral à saúde da mulher.

A integralidade está fundamentada em ações de prevenção, promoção e assistência à

saúde com garantia de atenção nos três níveis de complexidade de atendimento e com um

olhar totalizante do indivíduo, com a apreensão do sujeito biopsicosocial (HARTZ e

CONTANDRIOPOULOS, 2004; ALVES, 2005).

A atenção integral à saúde da mulher envolve diversos serviços voltados à promoção,

prevenção, assistência e recuperação da saúde. Essas ações são realizadas com a participação

de vários agentes (profissionais de saúde, dirigentes e usuário) e em todos os níveis de

atenção (BRASIL, 2004).

A assistência pré-natal tem como objetivo prevenir, identificar e/ou corrigir as

intercorrências maternas e fetais. É um momento privilegiado para discutir e esclarecer

questões que são particulares para cada gestante. O diálogo franco, a sensibilidade e a

capacidade de escuta e percepção de quem acompanha o pré-natal são condições básicas para

que o saber em saúde seja posto à disposição da gestante (SESA-CE, 2002).

O intercâmbio de experiências e conhecimentos entre profissionais e gestantes é

considerado a melhor forma de promover a compreensão do processo da gestação e suas

intercorrências, como a lombalgia gestacional (SESA-CE, 2002).

Embora a literatura ainda seja escassa em relação à lombalgia gestacional, métodos

preventivos e terapêuticos adequados são fundamentais para a redução ou eliminação da dor

lombar. Östagaard et al. (1994) relatam uma terapêutica utilizada no tratamento da lombalgia,

que consistiu em reeducação postural, cinesioterapia, exercícios de relaxamento, orientação

ergonômica e das atividades da vida diária. Essas intervenções terapêuticas podem ser

realizadas pelo fisioterapeuta, que é o profissional habilitado a cuidar da saúde da população

com o emprego de meios manuais e físicos, prevenindo, tratando e recuperando disfunções e

doenças (BARROS, 2003). O fisioterapeuta, porém, ainda não está inserido, em âmbito

nacional, na equipe de Saúde da Família, composta de médico, enfermeiro e dentista, como

profissionais de nível superior. A inserção do fisioterapeuta no Programa Saúde da Família é

necessária para uma assistência à saúde mais integral.

Este estudo reforça a importância da prevenção e tratamento da lombalgia

gestacional, pois esta, quando desprezada, repercute de maneira negativa na qualidade de vida

das gestantes.

OBJETIVOS

1 Identificar o perfil sociodemográfico das gestantes atendidas no Programa de Saúde da

Família (PSF) da Secretaria Executiva Regional VI (SER VI) de Fortaleza-CE.

2 Verificar junto às gestantes a freqüência, o tipo e a intensidade da lombalgia

associando-a às atividades de vida diária.

3 Identificar as práticas de prevenção e controle da lombalgia orientadas pelos

profissionais do PSF.

4 Averiguar as práticas de autocuidado realizadas pelas gestantes para controle e alívio

da dor.

ARTIGOS

LOMBALGIA EM GESTANTES ATENDIDAS NO PROGRAMA SAÚDE DA

FAMÍLIA DE FORTALEZA – CE

LOW BACK PAIN IN PREGNANT WOMEN SEEN BY THE FAMILY HEALTH

PROGRAM OF FORTALEZA-CE

Daniella Mara Lopes Coelho

Mestranda em Educação em Saúde pela Universidade de Fortaleza – UNIFOR

Rua: Joaquim Nabuco, 1440, apt 101, Meireles, CEP: 60.125-120, Fortaleza-CE

Tel: (85) 3261-4702

e-mail: [email protected]

Raimunda Magalhães da Silva

Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Pesquisadora do CNPq.

Este artigo será submetido à Revista Femina – ISSN 0100-7254 (Qualis CI)

RESUMO

O objetivo deste estudo foi identificar o perfil sociodemográfico das gestantes atendidas no

Programa de Saúde da Família (PSF) da Secretaria Executiva Regional (SER) VI, de

Fortaleza-CE e verificar a freqüência, o tipo e a intensidade da lombalgia, associando-a às

atividades de vida diária. Foram entrevistadas 140 gestantes nas unidades básicas de saúde da

SER VI, no período de julho a setembro de 2006. O estudo foi do tipo descritivo e os dados

foram organizados no programa Statistical Pacakage for Social Sciences (SPSS), versão 11.5.

A idade das gestantes variou de 18 e 42 anos com nível de escolaridade o ensino médio

incompleto e renda mensal familiar de até dois salários mínimos. A freqüência da lombalgia

nessas gestantes foi alta (74,3%) e a dor foi caracterizada como do tipo “cansada” e com

intensidade entre dor média e muita dor (83%). Em 13,5% das gestantes, a dor lombar esteve

associada à dor na região dorsal e/ou cervical. Os períodos do dia em que a dor mais se

manifestou foi à tarde (24%) e à noite (48,1%). As atividades da vida diária e trabalho

agravaram a lombalgia em 99% das gestantes, o que mostra a importância de mais estudos

sobre o assunto, no que diz respeito à caracterização da dor e às medidas para sua prevenção e

tratamento.

Palavras chave: Lombalgia - Gestante – Assistência Pré-Natal – Programa de Saúde da

Família

ABSTRACT

The aim of the present study was to identify the sociodemographic profile of pregnant women

received by Family Health Program (PSF) of Regional Executive Department (SER) VI, in

Fortaleza-CE, as well as to verify, with pregnant women, low back pain frequency, type and

intensity, connecting daily activities to it. 140 pregnant women were interviewed within basic

health units from SER VI, from July to September of 2006. The study was described and data

were organized with Statistical Package for Social Sciences program (SPSS), version 11.5.

Pregnant women’s ages varied from 18 to 42 years-old, with low educational and

socioeconomic levels. The frequency of low back pain among such women was high (74.3%),

and the pain was described as “tired” with intensity between “average pain” and “hard pain”

(83%). In 13.5% of women, back pain was associated with pain in dorsal and/or cervical

regions. The day periods when the pain was mostly present was afternoon (24%) and night

(48.1%). Daily life activities and work jeopardized back pain in 99% of women, which shows

the importance of science-based studies on the subject related to the characterization of pain

as well as the measures to its prevention and treatment.

Key Words: Low back pain – Pregnant woman – Prenatal Care – Family Health Program.

INTRODUÇÃO

Durante a gestação, várias transformações ocorrem no organismo materno, como

adaptações ao seu estado gravídico. Estas alterações decorrem, na maior parte das vezes, de

ajustes mecânicos ou de fatores hormonais (CABRAL, 2002).

As algias posturais, também chamadas de dores nas costas, são comuns na gestação,

marcadamente as lombalgias (MARTINS e SILVA, 2005b). De acordo com Ferreira e

Nakano (2001), a lombalgia é conceituada como toda condição de dor, dolorimento ou rigidez

localizada na região inferior do dorso, em uma área situada entre o último arco costal e a

prega glútea. A lombalgia pode ser apresentada de três maneiras: dor na coluna lombar, dor

no quadril e uma dor combinada (NÓREN et al., 2002).

A lombalgia durante o período gestacional é um sintoma de origem multifatorial,

não totalmente elucidada. As hipóteses mais discutidas na literatura são o aumento da lordose

lombar, a frouxidão ligamentar, a insuficiência pélvica e compressão de raízes nervosas pelo

útero gravídico (PITANGUI e FERREIRA, 2005).

Segundo Martins e Silva (2005a), estudos de prevalência disponíveis mostraram que

em média oito em cada dez mulheres poderão apresentar algias na área da coluna vertebral e

pelve em algum momento da gravidez. Assinalam ainda que atualmente a prevalência de

algias na coluna vertebral e pelve nas gestantes em países como Suécia, EUA, China e Israel

fica em torno de 50% a 80%.

No Brasil o risco relativo de gestantes em apresentar lombalgia é quase 14 vezes

maior do que o de não grávidas (MARTINS e SILVA, 2005a). Portanto, é importante

oferecer mais atenção à mulher com esse tipo de queixa, para promover-lhe maior conforto e

bem-estar ao longo do ciclo gravídico.

A lombalgia, além de levar à limitação funcional das atividades da vida diária,

também conduz ao afastamento do trabalho e aumenta a sobrecarga de gastos do sistema de

saúde. Os EUA chegam a gastar por ano cerca de US$13 bilhões com o afastamento de

gestantes com lombalgia, de suas atividades laborais (CARR, 2003). Martins (2002) estima

que em alguns países são os afastamentos laborais por lombalgia durante a gestação, em

média, de sete semanas para cada ciclo gravídico-puerperal.

Ferreira et al. (2006) comentam que não existem muitos estudos que se aprofundem

na correlação entre a lombalgia na gestação com outros determinantes que não as

modificações fisiológicas ocorrentes neste período e, que talvez esse fato tenha contribuído

para que essa queixa seja considerada inerente ao período gestacional e dessa forma, não

necessite de medidas de alívio. A lombalgia muitas vezes não é considerada pelos obstetras,

pois não representa risco de vida nem para mãe nem para o feto e também por não ser um

sintoma obrigatório durante a gravidez (MELHADO e SOLER, 2004). Esta interpretação

contribui para a falta de adoção de medidas preventivas e de controle da dor durante o pré-

natal.

Apesar do período gestacional limitar o uso de algumas condutas diagnósticas e

terapêuticas, como os exames radiológicos e o uso de alguns fármacos, ainda assim, existem

medidas de alívio viáveis nesse período, como a aquisição de adequação dos ambientes de

trabalho, a orientação ergonômica, além dos exercícios específicos e técnicas de

relaxamento (FERREIRA e NAKANO, 2001).

Com base nas políticas de atenção à saúde da mulher, os profissionais envolvidos na

assistência pré-natal devem mudar o paradigma de que a lombalgia durante a gestação é

normal. Devem adotar uma nova visão, em que a prevenção da dor e a promoção da saúde da

gestante sejam pontos cruciais para melhorar sua qualidade de vida e o seu bem-estar.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) designou a década de 2001 a 2010 como a

“Década do Osso e da Articulação”, que tem como objetivo melhorar a qualidade da vida de

pessoas com desordens musculoesqueléticas em todo o mundo. A iniciativa inclui um

espectro de organizações nas quais profissionais, grupos de apoio a pacientes, instituições

governamentais, indústria e grupos de pesquisa voltados para as desordens

musculoesqueléticas estão envolvidos em parceria. Os objetivos são elevar o interesse das

pessoas sobre o assunto, identificar as necessidades para seu tratamento, dar mais poder aos

pacientes e promover a prevenção e o avanço no entendimento mediante pesquisas e educação

na área (SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA - RJ, 2006).

O Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde

da Mulher, tem como objetivo promover a melhoria das condições de vida e saúde das

mulheres brasileiras, mediante garantia dos direitos legalmente constituídos e ampliação do

acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em

todo o Território brasileiro (BRASIL, 2004a e b).

Em Fortaleza-CE, grande parte da população de gestantes faz o seu

acompanhamento pré-natal nas unidades básicas de saúde (UBS), junto às equipes do

Programa Saúde da Família (PSF). No ano de 2005, segundo dados da Secretaria Municipal

de Saúde (SMS), obtidos pelo monitoramento realizado por meio do cadastro de gestantes no

Sistema de Informação em Saúde no Pré-natal (SISPRENATAL), 49.875 gestantes fizeram

acompanhamento pré-natal nas secretarias executivas regionais (SER).

Nas últimas décadas, com o surgimento de programas multidisciplinares de

preparação para o parto, caracterizados pelo desenvolvimento de métodos educativos, atenção

psicológica e preparo físico, foi dado um enfoque diferenciado ao pré-natal, ao parto e à

maternidade (DE CONTI et al., 2003). Muitas gestantes, contudo, ainda não têm um

acompanhamento pré-natal multiprofissional e interdisciplinar que ofereça um atendimento

mais completo e que realize o acompanhamento de todas as suas necessidades.

De acordo com Novaes et al. (2006), são poucos os tratamentos para lombalgia em

gestantes e os mais utilizados são analgésicos, antiinflamatórios e fisioterapia (exercícios de

alongamento muscular).

Mediante o exposto, o estudo teve como objetivo identificar o perfil

sociodemográfico das gestantes atendidas no Programa Saúde da Família (PSF) da SER VI de

Fortaleza-CE e verificar junto às gestantes a freqüência, o tipo e a intensidade da lombalgia

associando-a às atividades de vida diária.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo de abordagem quantitativa, em uma amostra aleatória

de gestantes atendidas no PSF no ano de 2006 em Fortaleza-CE, que permitiu detalhar o perfil

sociodemográfico das gestantes, identificar a freqüência e caracterizar a lombalgia,

associando-a com atividades da vida diária.

O Município de Fortaleza, até agosto de 2006, estava com uma cobertura em torno

de 15% de equipes do PSF distribuídos em seis SER. Essas secretarias possuem áreas

territoriais delimitadas geográfica e administrativamente. Guardam uma certa autonomia e

gerenciam equipes em diversos atendimentos à população. Na área da saúde, estão

subordinadas diretamente à Secretaria de Saúde do Município (PMF, 2006).

De acordo com a SMS, existem na SER VI quatro unidades básicas de Saúde da

Família (UBASF): Prof. João Hipólito, Terezinha Parente, Janival de Almeida e Vicentina

Campos. Juntas possuem 20 equipes do PSF, no entanto apenas 12 estavam completas e

atuantes, e estas participaram do estudo.

O estudo foi realizado nestas quatro unidades básicas de saúde da SER VI, no período

de julho a setembro de 2006. A escolha desta secretaria ocorreu pelo fato de abranger o maior

número de bairros e de serviços de saúde, incluindo a Universidade Fortaleza – UNIFOR que,

em comum acordo com a Prefeitura de Fortaleza, assumiu conjuntamente a responsabilidade

pela assistência à saúde desta população.

O tamanho amostral de 139 gestantes foi determinado por intermédio do programa

Epidat 3.1, utilizando-se como parâmetros uma proporção esperada de 0,9 e margem de erro

de 5% do valor real com um intervalo de confiança de 95%. O tamanho amostral foi

aproximado para 140 gestantes. Estas eram maiores de 18 anos, com idade gestacional igual

ou acima de 6 meses, cadastradas nas UBASF para realização do pré-natal e que concordaram

em participar da pesquisa. A escolha dessa idade gestacional foi baseada em estudo de

Martins (2002), que relatou o início da dor lombar entre o terceiro e o sexto mês de gestação.

Os dados foram coletados usando-se uma entrevista estruturada com perguntas que

identificassem o perfil sociodemográfico das gestantes atendidas nas UBASF e as variáveis

relacionadas à freqüência e características da lombalgia e sua associação às atividades da vida

diária.

Para aleatoriedade da amostra, foram realizados sorteios semanais, num total de 12

semanas. A cada sorteio, foram escolhidos uma unidade básica e dois dias da semana para

coleta dos dados. Sendo assim, cada unidade básica foi sorteada uma vez por mês e visitada

dois dias na semana. No final de três meses de coleta, cada unidade básica foi sorteada três

vezes e visitada seis dias e em cada dia de visita foram entrevistadas em média seis gestantes.

As gestantes da amostra foram identificadas no momento de sua chegada à unidade

básica e os dados sobre idade gestacional foram confirmados no cartão da gestante. Naquele

momento, foram convidadas a participar da pesquisa e os dados foram coletados após a

realização da consulta pré-natal e assinatura do termo de consentimento.

O tipo de dor foi classificado de acordo com Starkey (2001) e O’Sullivan (2004)

como: em pontada, cansada, em queimação, latejante e irradiada.

A região da dor foi identificada utilizando um

desenho de mulher de costas e a gestante apontava

neste desenho a localização da dor e confirmava o

local, apontando no seu corpo. O desenho, para

efeito didático, foi divido em três regiões: cervical,

dorsal e lombar. A cervical foi definida como a

região que se localiza entre a primeira vértebra

cervical e os ombros, a dorsal entre os ombros e o

último arco costal e a região lombar de acordo com a

definição de lombalgia, de Ferreira e Nakano (2001),

a dor localizada entre o último arco costal e a prega

glútea.

Figura 1: Adaptação de Martins (2002)

Para mensuração da intensidade da dor lombar, utilizou-se a Escala Analógica Visual

(EAV) (FERRAZ et al., 1990). A escala analógica visual consiste numa linha horizontal, com

10 centímetros de comprimento, que possui em suas extremidades os números zero e dez. O

número zero corresponde à classificação “sem dor” e o número dez corresponde a

classificação “dor máxima”. A gestante fez uma cruz ou um traço perpendicular na escala no

ponto que representava a intensidade de sua dor. Para mensuração da intensidade foi medido

em centímetros do início da escala até o local assinalado pela gestante, obtendo-se dessa

forma a intensidade da dor.

Sem Dor Dor Máxima

0_________________________________________10

Os dados foram organizados no programa Statistical Package for Social Sciences

(SPSS), versão 11.5, agrupados em tabelas e gráficos e analisados de acordo com a literatura

pertinente.

Os aspectos éticos desta pesquisa obedeceram à Resolução 196/96, da Comissão

Nacional de Ética em Pesquisas (CONEP), e os dados foram coletados após o parecer

favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza e mediante a

assinatura pelas participantes, do termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

A faixa etária das 140 gestantes variou entre 18 e 42 anos, havendo um predomínio

de 42,1% (59) da faixa entre 18 a 22 anos (Gráfico 1).

Gráfico 1: Distribuição das gestantes por faixa etária (n = 140), Fortaleza-CE, 2006.

38 a 42 anos33 a 37 anos

28 a 32 anos23 a 27 anos

18 a 22 anos

70

60

50

40

30

20

10

0 5

12

19

45

59

Dentre outras características, mais de 80% (116) das mulheres eram casadas ou

mantinham união consensual e 17,1% (24) eram solteiras. Moravam em situações

diversificadas, sendo que 37,1% (52) com marido e filhos, 28,6% (40) somente com marido,

10,7% (15) com os pais e 18,6% (26) revelaram outras situações.

Quanto à profissão, a maioria das gestantes 79,3% (111) tinha como ocupação o

trabalho doméstico, em suas casas. A minoria relatou ser auxiliar de escritório 3,6% (5) ,

bordadeira 3,6% (5) , vendedora 3,6% (5), professora 2,1% (3), babá 1,4% (2), estudante

1,4% (2), cabeleireira 0,7% (1), barraqueira de praia 0,7% (1), bomboniere 0,7% (1),

costureira 0,7% (1), recicladora 0,7% (1) e nenhuma 1,4% (2).

Das 140 gestantes, 104 (74,3%) apresentaram dor na região lombar. Mais da metade

das gestantes, 59,6% (62), definiu o tipo da dor como “cansada”. Dentre as 104 gestantes

com lombalgia, 13,5% (14) referiram dor também na região dorsal e/ou cervical. A média da

intensidade de dor na EAV foi de 6,4. Para identificação do período do dia em que as

gestantes sentiam mais dor, o dia foi divido em: manhã, tarde, noite, o dia todo e outro. O

período do dia relatado em 48,1% (50) foi o da noite e a lombalgia foi capaz de interromper

o sono de 51,9% (54) das gestantes.

A tabela 1 mostra que a renda familiar mensal variou entre um e dois salários mínimos

em 56,4% (79) das gestantes e que 35% (49) sobreviviam de menos de um salário mínimo. A

escolaridade encontrada em 32,9%(46) das gestantes foi Ensino Médio incompleto.

Tabela 1: Distribuição das gestantes segundo renda mensal e escolaridade (n = 140),

Fortaleza-CE, 2006.

A tabela 2 mostra dados sobre o tempo gestacional, 47,1% (66) estavam no sexto

mês de gestação, 62 eram nulíparas (44,3%), 40 primíparas (28,6%) e 38 multíparas (27,1%).

Vinte e nove gestantes já haviam abortado (20,7%).

Tabela 2: Distribuição das gestantes quanto à dor, número de partos e idade gestacional (n =

140), Fortaleza-CE, 2006.

ESCOLARIDADE

RENDA FAMILIAR MENSAL Total< 1 salário

mínimo 1 a 2 salários

mínimos 3 a 4 salários

mínimos freq %Analfabeto 1 - - 1 0,7Fundamental incompleto 21 15 - 36 25,7Fundamental completo 3 9 2 14 10,0Médio incompleto 18 26 2 46 32,9Médio completo 5 24 6 35 25,0Superior incompleto 1 5 - 6 4,3Superior completo - - 2 2 1,4Total 49 79 12 140 100,0

A dor lombar surgiu durante a gravidez em 74% (77) das gestantes, sendo que em

64,9% (50) teve início no segundo trimestre de gestação, em 13,5% (14) surgiu no primeiro

trimestre e em 12,5% (13) no último trimestre. Das 27 gestantes (26%) que sentiam dor nas

costa antes da gestação, 29,6% (8) sentiam a dor há mais de cinco anos e 77,7% (21) tiveram

uma piora da dor com a gestação.

Cento e três gestantes (99%) relataram que algumas atividades domésticas ou

laborais agravavam a dor e citaram com maior freqüência: lavar roupa, 46,6% (48), varrer

casa, 27,1% (28), ficar muito tempo sentada, 23,3% (24), apanhar um objeto no chão

(flexionar o tronco), 24,2% (25), ficar muito tempo em pé, 17,3% (18), subir ou descer

escada, 9,7% (10), e cozinhar 3,8% (4) (Gráfico 3). As outras atividades relatadas foram andar

muito, bordar, costurar, lavar a casa, levantar o filho no colo e pegar peso.

Em 42,3% (44) das gestantes, a dor lombar foi tão intensa que elas foram impedidas

de realizar algumas atividades físicas, como andar, abaixar-se, cuidar das crianças, e,

ocasionalmente, costurar e dormir.

Gráfico 3: Distribuição das gestantes quanto às atividades que agravam a lombalgia (n =

103), Fortaleza-CE, 2006.

IDADE GESTACIONAL

No. DE PARTOS Total

nulíparas primíparas multíparas

DOR DOR DOR

sim não sim não sim não

freq

% 6 meses 18 7 17 7 12 5 66 47,1%7 meses 14 2 3 3 5 1 28 20,0%8 meses 13 3 7 2 9 3 37 26,4%9 meses 3 2 - 1 3 - 9 6,4%

Total 48 14 27 13 29 9 140 100,0%

outrovarrer

subir/descer escada

lavar roupa

ficar sentada

ficar em pé

cozinhar

apanhar objeto

60

50

40

30

20

10

0

18

28

10

48

24

18

4

25

DISCUSSÃO

Este estudo evidenciou alta freqüência de lombalgia em gestantes 74,3% (104),

concordando com o que mencionam os estudos de Carvalho e Caromano (2001), Ferreira e

Nakano (2001), De Conti et al. (2003), Sousa et al. (2003), Feitosa e Santos (2004), Melhado

e Soler (2004), Sperandio et al. (2004), Lamezon e Patriota (2005), Lima e Oliveira (2005),

Martins e Silva (2005a), Pitangui e Ferreira (2005), Ferreira et al. (2006), Novaes et al.

(2006).

A faixa etária deste estudo variou de 18 a 42 anos com predomino (42,1%) de

gestantes jovens entre 18 e 22 anos. Alguns autores relatam não haver relação da lombalgia

com a idade materna (CARVALHO e CAROMANO, 2001; PITANGUI e FERREIRA,

2005). Por outro lado, Östgaard et al. (1991) sugerem que quanto mais jovens as grávidas,

maior o risco de dor.

Neste estudo, foi identificado o fato de que 82,9% das entrevistadas eram casadas ou

mantinham união consensual, 56,4% (79) das gestantes apresentavam uma renda mensal entre

um e dois salários mínimos e 35% (49) delas sobreviviam de menos de um salário mínimo. A

escolaridade referida por 32,9% (46) das gestantes foi Ensino Médio incompleto. Orvieto et

al. (1994) demonstraram em seus estudos que 78,8% das gestantes estudadas com lombalgia

gestacional severa eram de classe econômica e cultural baixas, e Östgaard e Andersson (1991)

evidenciaram uma predisposição da lombalgia em mulheres de baixo nível socioeconômico.

O perfil sociodemográfico mostra gestantes jovens, casadas ou em união consensual,

apresentando baixo nível de escolaridade e renda familiar mínima . Esse perfil, segundo De

Conti et al. (2003), pode sugerir que a gravidez em mulheres jovens podem ter favorecido a

união conjugal antecipada e o afastamento dos estudos.

De acordo com Ferreira e Nakano (2001), os distúrbios e doenças ocupacionais

acometem, com maior freqüência, as categorias profissionais menos qualificadas, exatamente

aquelas que concentram maior número de mulheres. Além disso, o trabalho doméstico e o

cuidado com as crianças, ainda são a elas atribuídos, contribuindo, assim, para maior desgaste

físico e psíquico, em virtude do acúmulo de funções. No presente estudo, observou-se que a

maioria das gestantes com lombalgia trabalhava em casa (dona de casa) e cuidava dos filhos.

Martins e Silva (2005a) mostram que a intensidade das atividades domésticas realizadas pelas

gestantes, assim como o número de filhos e as condições socioeconômicas, podem ser fatores

relacionados a lombalgia.

Já estudos de Nicholls e Grieve (1992) mostram que as atividades de vida diária

relacionadas aos cuidados com a casa foram mais difíceis de execução em 50% das gestantes.

Os fatores limitantes mais comuns foram dor lombar, fadiga, instabilidade, adaptação do

corpo aos espaços, dificuldade visual (visualização dos pés) e mobilidade.

A relação entre número de partos e lombalgia também foi observada, tendo-se

constatado que 46,1% (48) das entrevistadas que sentiam dor lombar eram nulíparas. Sobre

esse fato a literatura mostra controvérsia, como relatam Albert et al. (2002) sobre um estudo

realizado na Dinamarca, onde não se verificou a associação entre lombalgia gestacional e

número de partos. Já Östgaard (1996) refere que o número de partos é um fator de risco para o

desenvolvimento da lombalgia no período gestacional. Melhado e Soler (2004) evidenciam

que a ocorrência da dor lombar é mais freqüente no quinto mês de gestação, sendo mais

propensas as multíparas, que apresentam maior hipotonia muscular em decorrência das

gestações anteriores, relacionando-se a problemas osteomúsculo-articulares na gravidez com

fatores posturais, distensão de músculos e ligamentos, aumento acentuado de peso e lordose

lombar.

A lombalgia esteve presente na maioria das gestantes. Os tipos de dor lombar foram

classificadas, segundo Starkey (2001) e O’Sullivan (2004), da seguinte forma: em pontada,

cansada, em queimação, latejante, irradiada e outro. A dor mais referida foi a do tipo

“cansada” 59,6% (62). Melhado e Soler (2004) mostram que o tipo de dor referido em seu

estudo foi pontadas/repuxos e irritante/peso. Por se tratar de um parâmetro subjetivo de

classificação difícil, estas diferenças podem ser explicadas.

Observou-se que 83,7% (87) das gestantes referiram intensidades de dor lombar entre

uma dor média (5) e muita dor (10), chegando a uma média de intensidade da dor lombar de

6,4. Estudos de Martins e Silva (2005) referem intensidade da dor lombar em gestantes, antes

da intervenção fisioterápica, variando na EAV entre cinco e dez (86,9%). Orvieto et al. (1994)

evidenciam que 35,8% das gestantes pesquisadas apresentaram dor com intensidade alta o

suficiente para acordá-las pelo menos uma vez à noite. Já Sperandio et al. (2004) mostram que

na lombalgia gestacional a intensidade de dor mais frequente é a forte e na dor sacroilíaca a

intensidade é leve. As gestantes que sofrem de algia na região lombar, com intensidade mais

alta, tendem a apresentar com freqüência prejuízo nas atividades laborais, o que, além do

problema econômico, produz um considerável problema social e emocional (LAMEZON e

PATRIOTA, 2005).

Com relação ao local da dor, verificou-se que a maioria apresentou dor somente na

região lombar, 86,5% (90). Em 10,6% (11) a dor na lombar foi associada à dor dorsal e 2,9%

(3) esteve associada à cervical. Pesquisas de Martins e Silva (2005a) referem que a dor na

região lombar foi referida por 80,8% das gestantes e 57,3% referiram dor em mais de uma

região, simultaneamente, sendo as regiões lombossacra e dorsolombar, as mais acometidas.

Galão et al. (1995), Orvieto et al. (1994) e Ceccin et al. (1992) relatam que a dor na região

lombar foi a mais referida, seguida da dor sacroilíaca e torácica. O fato de esses sintomas

estarem associados poderia ser explicado pela tentativa de compensação das curvaturas da

coluna vertebral para manutenção do equilíbrio corporal (MARTINS e SILVA, 2005).

As gestantes com lombalgia relataram sentir maior dor à noite (48,1%) e mais de 50%

delas tiveram o sono prejudicado pela dor. Collinton (1996) relata que a dor noturna está

presente em um terço das gestantes com lombalgia e cita uma teoria segundo a qual a fadiga

muscular acumulada durante o dia culmina à noite. Ferreira e Nakano (1999) comentam que a

compressão dos grandes vasos pelo útero gravídico ocasiona uma diminuição no fluxo

sangüíneo medular, sendo responsável pela dor no último trimestre e pela dor noturna. A

lombalgia noturna, manifestada cerca de duas a três horas após o deitar, poderia ter relação

com a estase sangüínea no plexo venoso vertebral ou com a compressão da veia cava inferior

pelo feto, comentam Melhado e Soler (2004).

Neste estudo, verificou-se que 74% (77) das gestantes desenvolveram a lombalgia

durante a gestação. Mais da metade das gestantes 64,9% (50) apresentou a dor lombar com

início no segundo trimestre da gestação, 13,5% (14) no segundo trimestre e 12,5% (13) no

terceiro trimestre . Sperandio et al. (2004) mostram que das 71 gestantes estudadas que

apresentaram dor lombar e sacroilíaca, em cerca de 96% delas a dor esteve presente no início

do segundo trimestre gestacional. Em contradição aos dados deste estudo, estão os achados de

Sousa et al (2003), ao referirem em seu estudo que a lombalgia teve início no primeiro

trimestre da gestação para 10% das gestantes, no segundo trimestre para 16,6% e no terceiro

trimestre para 53,2% das gestantes analisadas, enquanto Martins e Silva (2005) relataram que

as queixas de dor foram mais prevalentes no primeiro trimestre, e não aumentaram com o

avanço da gestação.

De acordo com Pitangui e Ferreira (2005), nem toda lombalgia que se manifesta na

gravidez é causada por modificações do organismo materno em resposta à gestação; há casos

que já existiam antes de a mulher engravidar, que podem ser somados a lombalgia

gestacional, e causar agravamento da dor. Este estudo mostra dados que entram em

concordância com o estudo acima referido, pois 26% (27) das gestantes que relataram dor na

gestação já tinham dor lombar antes de engravidar. Grande parte dessas gestantes 77,7% (21)

teve uma piora da dor lombar com a gravidez.

Cento e três gestantes (99%) relataram que a lombalgia se agravam com alguma

atividades. As atividades mais relatadas foram lavar roupa, 46,6% (48), varrer a casa, 27,1%

(28), ficar muito tempo sentada, 23,3% (24), apanhar um objeto no chão (flexionar o tronco),

24,2% (25), ficar muito tempo em pé, 17,4% (18), subir ou descer escada, 9,7% (10) e

cozinhar 3,8% (4). Esses achados estão de acordo com o estudo de Sousa et al. (2003), ao

mostrarem que em 53,3% das gestantes com lombalgia a dor piorou em virtude das atividades

domésticas, como lavar e passar roupa, limpar a casa e lavar louça. Martins e Silva (2005a)

comentam ser sabido que movimentos de rotação, flexão e extensão do tronco, além da

manutenção das posições ortostática e sentada por longos períodos, podem provocar aumento

da intensidade da dor na coluna vertebral da gestante. Cecin et al. (1992) referem que há

aumento da lombalgia em 2,4 vezes nos esforços físicos e aproximadamente duas vezes em

movimentos de flexão e extensão dos membros inferiores. Sperandio et al. (2004)

identificaram o fato de que 50% (36) das gestantes com dor lombar tiveram maior intensidade

de dor quando realizavam o movimento de pegar um objeto no chão. Fast et al. (1987)

referem que os movimentos de levantar, sentar, erguer peso e caminhar aumentam as chances

de aparecimento da lombalgia gestacional. Este estudo apenas confirma os relatos da

literatura, de que atividades diárias e de trabalho são fatores que podem agravar a lombalgia

gestacional.

Este estudo demonstrou que 57,7% (60) das gestantes com lombalgia conseguiam

realizar suas atividades diárias, apesar da dor. Esse dado concorda com os achados de

Sperandio et al. (2004), referem que 56% (40) das gestantes responderam que a dor lombar

não influenciava na realização das atividades da vida diária (AVDs). Ferreira e Nakano

(2001) acentuam que mais de um terço das grávidas se referem a lombalgia como um

problema severo, que interfere em suas atividades de vida diária e capacidade de trabalho.

Melhado e Soler (2004) relatam que 10% (10) das gestantes desenvolvem dor lombar intensa,

interferindo em suas atividades da vida diária, e Pitangui e Ferreira (2005) comentam que as

dores pélvica posterior e lombar são sintomas comumente encontrados durante o período

gestacional e normalmente associados a limitações funcionais, e são suficientes para alterar a

rotina e o estilo de vida da gestante.

A literatura mundial que aborda o problema ainda é bastante escassa, principalmente

no que concerne à prevenção e tratamento deste agravo à saúde, que traz importantes

prejuízos econômicos em virtude das altas taxas de absenteísmo e evidente diminuição da

qualidade de vida das gestantes por ele acometido (FERREIRA e NAKANO, 2000).

O presente ensaio mostra que a lombalgia gestacional é uma queixa freqüente das

gestantes, caracterizada como uma dor de intensidade que varia de média a alta, que pode ser

agravada pelas atividades da vida diária e que compromete a qualidade de vida da gestante.

Reforça a necessidade de mais pesquisas sobre esse assunto, principalmente abordando

condutas preventivas e terapêuticas.

CONCLUSÃO

O perfil sociodemográfico das gestantes acompanhadas pelo PSF da SER VI de

Fortaleza-CE mostrou gestantes jovens, casadas ou em união consensual, donas de casa, com

uma renda familiar mensal de 1 a 2 salários mínimos e com Ensino Médio incompleto.

A lombalgia gestacional apresentou alta freqüência e a maioria das gestantes definiu

essa dor como sendo do tipo “cansada”, com média de intensidade na EAV de 6,4. Poucas

gestantes referiram sentir dor na região lombar associada a dor dorsal e/ou cervical. O período

do dia em que a dor mais se manifestou foi o da noite, chegando a interferir na qualidade do

sono dessas gestantes.

A identificação do perfil sociodemográfico das gestantes e a caracterização da dor

lombar permite melhor compreensão dessa desordem musculoesquelética e mudança no

paradigma de que a lombalgia gestacional é uma ocorrência normal e que não merece atenção.

É interessante para os profissionais da saúde, principalmente os que trabalham com a

saúde da mulher, conhecer com detalhes a freqüência e as características da lombalgia

gestacional, para que possam desenvolver novos estudos e verificar a efetividade dos

tratamentos disponíveis, com o objetivo de minimizar as repercussões dessa dor no bem-estar

das gestantes, facilitando a realização de suas atividades pessoais, domésticas e profissionais.

Algumas atividades domésticas e laborais foram associadas ao agravamento da dor

lombar, visto que a maioria das gestantes com lombalgia relatou esse fato. Esse agravamento

da dor altera a rotina diária da gestante, desencadeando estresse, preocupação e, às vezes,

incapacidade. Dessa forma, ocorre prejuízo na harmonia do ambiente familiar e de trabalho o

que não é condizente com uma vida saudável.

A conscientização do profissional de saúde, de que esse agravo à saúde da gestante é

muito importante e não deve ser ignorado, é fundamental para o desenvolvimento de práticas

de saúde voltadas para a prevenção e controle da lombalgia melhorando dessa forma o

atendimento à gestantes e elevando a qualidade dos serviços de saúde.

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PRÁTICAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA LOMBALGIA EM GESTANTES

DE FORTALEZA-CE

PRACTICES OF PREVENTION AND CONTROL OF LOW BACK PAIN IN

PREGNANT WOMEN FROM FORTALEZA-CE

Daniella Mara Lopes Coelho

Mestranda em Educação em Saúde pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR

Rua: Joaquim Nabuco, 1440, apt.101, Meireles, CEP: 60.125-120, Fortaleza-CE

Tel: (85) 3261-4702

e-mail: [email protected]

Raimunda Magalhães da Silva

Docente da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Pesquisadora do CNPq.

Este artigo será submetido à Revista Ciência & Saúde Coletiva – ISSN 1678-4561 (Qualis CI)

RESUMO

O objetivo deste estudo foi identificar as características e a freqüência da lombalgia em

gestantes acompanhadas pelas equipes do Programa de Saúde da Família (PSF) e verificar as

práticas de prevenção e controle da lombalgia realizadas pelos profissionais do PSF e as

práticas de autocuidado efetuadas pelas gestantes para alívio da dor. Foram entrevistadas 140

gestantes nas unidades básicas de saúde da Secretaria Executiva Regional VI (SER VI), em

Forataleza-CE, no período de julho a setembro de 2006. O estudo foi do tipo descritivo e os

dados foram organizados no programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS), versão

11.5. A freqüência da lombalgia foi alta (74,3%) e a dor foi caracterizada como do tipo

“cansada”, com média de intensidade da dor na Escala Analógica Visual (EAV) de 6,4, que

predominou à noite e interferiu no sono das gestantes. As práticas de prevenção e controle da

lombalgia realizadas pelos profissionais do PSF foram orientação postural (14,3%),

orientações sobre como realizar as atividades diárias e de trabalho(7,9%) e orientação para

realização de exercícios de alongamento e relaxamento muscular (5,7%). As práticas de

autocuidado realizadas pelas gestantes foram: massagem (52,9%), repouso (44,2%),

alongamento (4,3%), compressa de gelo (4,3%). Apenas 2,9% das gestantes participaram de

campanhas informativas e/ou palestras sobre lombalgia gestacional e seus cuidados, o que

mostra a necessidade de mais estudos sobre assunto e preparação dos profissionais de saúde,

tanto para prevenir essa dor como para realizar intervenções terapêuticas.

Palavras-chave: Gestação - Lombalgia - Assistência Pré-Natal - Autocuidado

ABSTRACT

The aim of the present study was to identify low back pain features and frequency among

pregnant women who received care from Family Health Program (PSF) teams, as well as to

verify such pain’s prevention and controlling practices developed by PSF professionals and

self-care practices conduced by pregnant women to pain relieving. 140 pregnant women were

interviewed within basic health units from SER VI, in Fortaleza – CE, from July to September

of 2006. The study was described and data were organized with Statistical Package for Social

Sciences program (SPSS), version 11.5. The frequency of low back pain was high (74.3%),

and the pain was described as “tired”, based on global disease activity assessment (DAS-

Disease Activity Score), represented by 6.4% of women and predominant at night. The

practices of prevention and control of low back pain carried out by PSF professionals were

instruction on posture (14.3%), instruction on how to do housework and daily work activities

(7.9%) and instructions on muscle stretching and relaxation. Pregnant women’s self-care

practices were massage (52.9%), rest (44.2%), stretching (4.3%), and ice compress (4.3%).

Only 2.9% of pregnant women participated in informative campaigns and/or conferences on

gestational back pain and its care, which comes to show the need for more studies on the

subject, and health professionals’ preparation both to prevent and to accomplish therapeutic

interventions.

Key Words: Gestation – Low Back Pain – Self-Care.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com as desordens

musculoesqueléticas, por serem severas e por levarem à dor e à inaptidão de atividades

físicas, designou a década de 2001 a 2010 como a “Década do Osso e da Articulação”. O

interesse da OMS por essas desordens nasceu do impacto mundial causado por elas e da falta

de atenção dos profissionais de saúde, dos políticos e da mídia, por não as considerarem sérias

e por serem, em grande parte, crônicas e não fatais. O propósito dessa década é melhorar a

qualidade da vida de pessoas com desordens musculoesqueléticas em todo o mundo. Essa

iniciativa inclui diversas organizações em que profissionais, grupos de apoio a pacientes,

instituições governamentais, mídia, indústria e grupos de pesquisa estão envolvidos em

parceria, com o objetivo de elevar o interesse das pessoas sobre o assunto, identificar as

necessidades para seu tratamento, dar mais poder aos pacientes e promover a prevenção e o

avanço no entendimento dessas desordens de forma eficiente por meio de pesquisas e de

educação na área (OMS, 2006; SOCIEDADE DE REUMATOLOGIA, 2006).

Dentre as desordens musculoesqueléticas, destaca-se a lombalgia gestacional, por

ser considerada muito freqüente, ocorrendo em pelo menos 50% das gestantes da população

mundial (NOVAES et al., 2006).

Apesar de estudos realizados nesta área para conhecer a etiologia destes sintomas,

ainda não estão definidos com clareza os mecanismos responsáveis pelo surgimento da dor

lombar na gravidez (PITANGUI e FERREIRA, 2005). As causas mais citadas são hormonais,

mecânicas e vasculares (FERREIRA e NAKANO, 2000).

Muitas das gestantes com lombalgia apresentam prejuízo ou limitação em suas

atividades domésticas e profissionais. Mesmo com alto acometimento, a dor lombar

gestacional é, freqüentemente, desvalorizada nas anamneses obstétricas e, na maioria das

vezes, por desconhecimento dos mecanismos fisiopatológicos (SPERANDIO et al., 2004).

Ferreira e Nakano (2001) mostram que, desde 1899, a lombalgia era um dos

problemas mais negligenciados na gestação e que essa situação ainda predomina até hoje sob

a fundamentação de que a lombalgia é um desconforto inerente ao período gestacional e,

portanto, de ocorrência normal, não necessitando de medidas de prevenção e alívio. Esses

autores relatam que o maior empecilho para a indicação dessas medidas é o fato de os

próprios profissionais de saúde não considerarem esta queixa importante.

Em virtude dessas concepções que invisibilizam o problema da lombalgia

gestacional, destaca-se a importância de profissionais de saúde com visão diferenciada para

as necessidades das gestantes durante o pré-natal. Dessa forma, a introdução de programas

pré-natais de atenção à saúde da gestante promoveria um conforto gradual e melhora da

qualidade de vida até o final da gestação (SPERANDIO et al., 2004).

O Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde

da Mulher, tem como objetivo promover a melhoria das condições de vida e saúde das

mulheres brasileiras mediante garantia dos direitos legalmente constituídos e a ampliação do

acesso aos meios e serviços de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde em

todo o Território brasileiro (BRASIL, 2004a e b).

Com base nas políticas de atenção à saúde da mulher, os profissionais envolvidos na

assistência pré-natal devem mudar o paradigma de que a lombalgia gestacional é normal. Faz-

se necessária outra visão em que a prevenção da dor e a promoção da saúde da gestante seja

um ponto crucial para melhorar sua qualidade de vida e o seu bem-estar.

Nas últimas décadas, com o surgimento de programas multidisciplinares de

preparação para o parto, caracterizados pelo desenvolvimento de métodos educativos, atenção

psicológica e preparo físico, foi dado um enfoque diferenciado ao pré-natal, ao parto e à

maternidade (DE CONTI et al., 2003). Muitas gestantes, no entanto, ainda não têm um

acompanhamento pré-natal multiprofissional e interdisciplinar, que ofereça um atendimento

mais completo e que as acompanhe em todas as suas necessidades físicas, sociais e

emocionais.

O Sistema Único de Saúde (SUS) preconiza um atendimento integral baseado em

práticas multiprofissionais e interdisciplinares. A integralidade do atendimento é uma das

diretrizes do SUS e está na Lei Orgânica de Saúde no inciso II do artigo 7º, sendo definida

como um conjunto articulado e contínuo de ações e serviços preventivos e curativos,

individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do

sistema (ALBUQUERQUE, 2004).

Integrar ações preventivas , promocionais e assistenciais; integrar profissionais em equipes interdisciplinar e multiprofissional para uma compreensão mais abrangente dos problemas de saúde e intervenções mais efetivas; integrar partes de um organismo vivo, dilacerado e objetivizado pelo olhar reducionista da biomedicina, e reconhecer nele um sujeito, um semelhante a mim mesmo; nisto implica a assimilação do princípio da integralidade em prol da reorientação do modelo assistencial. (ALVES, 2005, p. 43).

Alves (2005) complementa que a integralidade se contrapõe à abordagem

fragmentária e reducionista dos indivíduos e que a perspectiva profissional, neste sentido,

deve ser totalizante, com apreensão do sujeito biopsicossocial. Essa visão seria caracterizada

pela assistência que procura ir além da doença e do sofrimento manifesto, buscando apreender

necessidades mais abrangentes dos sujeitos.

A constituição de um serviço de saúde democrático – universal, igualitário e

integral – é um processo social e político que se realiza por meio de políticas públicas

voltadas para a saúde mediante ação de agentes sociais (profissionais de saúde, dirigentes e

usuários) e suas práticas no cotidiano dos serviços de saúde. Essas ações e práticas são

relevantes para a reflexão crítica sobre os processos de trabalho em saúde, visando à produção

de novos conhecimentos e ao desenvolvimento de novas práticas de saúde consoante os

princípios e diretrizes do SUS (PINHEIRO e MATTOS, 2003).

Os princípios e diretrizes do SUS estão embutidos nas políticas públicas de saúde,

desenvolvidas de acordo com as necessidades e problemas da população. Essas políticas

públicas, quando formuladas, visam ao atendimento da população em geral e também ao

atendimento de grupos específicos, por exemplo, a Política Nacional de Atenção Integral à

Saúde da Mulher preconizada pelo Ministério da Saúde (PINHEIRO e MATTOS, 2003).

A atenção integral à saúde da mulher refere-se ao conjunto de ações de promoção,

proteção, assistência e recuperação da saúde executadas nos diferentes níveis de atenção à

saúde (BRASIL, 2004b).

No plano de atenção primária à saúde, no que diz respeito à organização dos

serviços e das práticas de saúde, a integralidade caracteriza-se pela assimilação das práticas

preventivas e assistenciais por um mesmo serviço. Assim, a usuária do SUS não precisa

dirigir-se a unidades distintas para receber assistência curativa e preventiva (ALVES, 2005).

Para que haja atenção à saúde integralizada, é necessária a atuação de equipes

multiprofissionais e interdisciplinares, compostas de médicos, enfermeiros, dentistas,

fisioterapeutas, dentre outros.

De acordo com a Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher, as práticas em

saúde devem basear-se nas diretrizes citadas a seguir:

As práticas em saúde deverão nortear-se pelo princípio da humanização, compreendido como atitudes e comportamentos do profissional de saúde que contribuam para reforçar o caráter da atenção à saúde como direito, que melhorem o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e suas condições de saúde, ampliando sua capacidade de fazer escolhas adequadas ao seu contexto e momento de vida; que promovam o acolhimento das demandas conhecidas ou não pelas equipes de saúde; que busquem o uso de tecnologia apropriada a cada caso e que demonstrem o interesse em resolver problemas e diminuir o sofrimento associado ao processo de adoecimento e morte da clientela e seus familiares. (BRASIL, 2004b, p. 64).

Dentre as práticas realizadas no nível de atenção primária à saúde, a assistência pré-

natal é de fundamental importância à saúde da gestante, pois envolve procedimentos simples,

podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante e transmitir,

nesse momento, o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir

com maior autonomia a gestação e o parto. A maioria das queixas trazidas, embora pareça

elementar para quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta,

como, no caso do nosso estudo, o incômodo da lombalgia gestacional. Assim, respostas

compreensíveis e seguras são significativas para o bem-estar da mulher e de sua família

(SESA-CE, 2002).

A Secretaria de Saúde do Ceará preconiza que as práticas de saúde dirigidas ao pré-

natal devem estar voltadas para a cobertura de toda a população-alvo, assegurando

acompanhamento, continuidade no atendimento e avaliação. Essas práticas têm como objetivo

prevenir, identificar e corrigir as intercorrências maternas e fetais, bem como instruir a

gestante no que diz respeito à gravidez, parto, puerpério e aos cuidados com o recém-nascido.

(SESA-CE, 2002)

O principal objetivo da assistência pré-natal é acolher a mulher desde o início de

sua gravidez, período de mudanças físicas e emocionais que cada gestante vivencia de forma

singular. Essas transformações podem produzir medos, dúvidas, angústias ou simplesmente

curiosidades acerca das mudanças que estão acontecendo com seu corpo. Portanto, cabe à

equipe de saúde, ao entrar em contato com uma gestante, buscar compreender os múltiplos

significados da gestação para a mulher e sua família (SESA-CE 2002)

Para tanto, foi implantado o Programa de Saúde da Família (PSF), na década de

1990, para contribuir na consolidação do SUS que tem em sua essência os princípios de

universalidade, igualdade e integralidade. O PSF busca atingir esses princípios,

principalmente a integralidade, por meio de atividades de Educação e Promoção da Saúde,

incluídas entre as responsabilidades dos profissionais que fazem parte desse programa

(ALVES, 2005). O papel do profissional de saúde, principalmente do educador em saúde, é

incentivar o indivíduo na mudança de comportamento, educando e promovendo saúde

individual e coletiva (ARCANJO, 2005).

De acordo com Moura e Sousa (2002), a Educação em Saúde realizada junto às

práticas de saúde deve dar condições para que as pessoas desenvolvam o senso de

responsabilidade pela sua saúde, assim como pela saúde da comunidade, levando em

consideração um importante elo entre as perspectivas dos indivíduos, os projetos

governamentais e as práticas de saúde.

Mandu e Silva (2000) relatam a importância dos saberes e práticas populares

realizadas por mulheres relativos aos cuidados em saúde, revelando o modo peculiar de a

mulher colocar-se diante da à saúde-doença e do processo de cura. Relata ainda que as

mulheres possuem um conjunto de conhecimentos e práticas que aplicam as suas

necessidades, no autocuidado, no cuidado de sua família, de amigos e de conhecidos de sua

comunidade. O autocuidado é definido por Orem (1995) como um conjunto de atividades que

o indivíduo executa, de forma consciente e deliberadamente, em benefício próprio para a

manutenção da vida, da saúde e do bem-estar.

O intercâmbio de experiências e conhecimentos, dos profissionais de saúde com as

gestantes, é considerado uma forma de promover o entendimento da gestação, para a

formulação de práticas de prevenção e controle das intercorrências durante a gestação, como,

por exemplo, a lombalgia.

Ferreira e Nakano (2001), ao relatarem que a lombalgia é tratada pelos profissionais

de saúde como uma ocorrência normal na gestação e por isso não requer adoção de medidas

de prevenção e controle, mostra que na prática os princípios e diretrizes do SUS ainda não

estão consolidados nos serviços de saúde de forma ampla. Isso reforça a idéia de que muito se

tem a fazer para se alcançar um serviço de saúde adequado a todas as necessidades da

população. Pesquisas devem ser realizadas no intuito de aumentar o conhecimento sobre

práticas em saúde adequadas para o cuidado da gestante com lombalgia. Vasconcelos (2001)

relata que os profissionais de saúde devem reconhecer a importância de compartilhar

experiências e devem elaborar um modelo de cuidado à saúde no qual todos os agentes sejam

envolvidos num processo de discussão, planejamento, educação e resolução de problemas.

A proposta deste estudo surgiu com a observação de gestantes com queixa de

lombalgia e que não receberam orientações corretas para tratamento dessa dor. Dessa forma

alguns questionamentos foram levantados: quais as características da lombalgia gestacional?

Quais os cuidados que as gestantes estão tendo para o controle e alívio de sua dor? Quais as

orientações sobre prevenção e controle da lombalgia estão sendo passadas pelos profissionais

de saúde para essas gestantes?

Este estudo pretende verificar a freqüência e características da lombalgia em

gestantes atendidas pelas equipes de Saúde da Família na Secretaria Executiva Regional VI,

em Fortaleza-CE, identificar as práticas de prevenção e controle da lombalgia realizadas

pelos profissionais das equipes de saúde da família e averiguar as práticas de autocuidado

adotadas pelas gestantes para prevenção e controle dessa dor.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo de abordagem quantitativa, em uma amostra aleatória

de gestantes atendidas no PSF no ano de 2006 em Fortaleza-CE.

O Município de Fortaleza, até agosto de 2006, estava com uma cobertura em torno

de 15% de equipes de PSF, distribuídos em seis SER. Essas secretarias possuem áreas

territoriais delimitadas geográfica e administrativamente. Possuem certa autonomia e

gerenciam equipes em diversos atendimentos à população. Na área da saúde, estão

subordinadas diretamente à Secretaria de Saúde do Município (PMF, 2006).

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, existem na Secretaria

Executiva Regional VI quatro unidades básicas de Saúde da Família (UBASF): Prof. João

Hipólito, Terezinha Parente, Janival de Almeida, Vicentina Campos). Juntas possuem 20

equipes do PSF, no entanto, apenas 12 estavam completas e atuantes.

O estudo foi realizado nestas quatro unidades básicas de saúde da SER VI, no período

de julho a setembro de 2006. A escolha desta regional foi ocorreu pelo fato de abranger o

maior número de bairros e de serviços de saúde, incluindo a Universidade Fortaleza –

UNIFOR, que, em comum acordo com a Prefeitura de Fortaleza, assumiu a responsabilidade

pela assistência à saúde desta população.

O tamanho amostral de 139 gestantes foi determinado pelo programa Epidat 3.1,

utilizando-se como parâmetros uma proporção esperada de 0,9 e margens de erro de 5% do

valor real com intervalo de confiança de 95%. O tamanho amostral foi aproximado para 140

gestantes. Estas eram maiores de 18 anos, com idade gestacional igual ou acima de 6 meses,

que realizavam o pré-natal e que concordaram em participar da pesquisa. A escolha dessa

idade gestacional foi baseada em um estudo de Martins (2002) que relatou o início da dor

lombar entre o terceiro e o sexto mês de gestação.

Os dados foram coletados usando-se uma entrevista estruturada com perguntas que

identificassem a freqüência de lombalgia nas gestantes atendidas pelas equipes de saúde da

família na SER VI em Fortaleza-CE; verificassem as práticas de prevenção e controle da

lombalgia realizadas pelo profissionais do PSF e as práticas de autocuidado realizadas pelas

gestantes.

Para aleatoriedade da amostra, foram realizados sorteios semanais, num total de 12

semanas. A cada sorteio foram escolhidos uma unidade básica e dois dias da semana para

coleta dos dados. Dessa forma, cada unidade básica foi sorteada uma vez por mês e visitada

dois dias na semana. No final de três meses de coleta, cada unidade básica foi sorteada três

vezes e visitada seis dias e em cada dia de visita foram entrevistadas em média seis gestantes.

As gestantes da amostra foram identificadas no momento de sua chegada à unidade

básica e os dados sobre idade gestacional foram confirmados no cartão da gestante. Nessa

ocasião, foram convidadas a participar da pesquisa e as entrevistas foram realizadas após a

consulta pré-natal e assinatura do termo de consentimento.

O tipo da dor foi classificado de acordo com Starkey (2001) e O’Sullivan (2004)

como: em pontada, cansada, em queimação, latejante e irradiada.

A região da dor foi identificada utilizando um

desenho de mulher de costas e a gestante apontava

neste desenho a localização da dor e confirmava o

local apontando no seu corpo. O desenho, para efeito

didático, foi divido em três regiões: cervical, dorsal e

lombar. A cervical foi definida como a região

localizada entre a primeira vértebra cervical e os

ombros, a dorsal entre os ombros e o último arco

costal e a região lombar de acordo com a definição

de lombalgia, de Ferreira e Nakano (2001), a dor

localizada entre o último arco costal e a prega glútea.

Figura 1: Adaptação de Martins (2002)

Para mensuração da intensidade da dor lombar, utilizou-se a Escala Analógica Visual

(EAV). A escala analógica visual consiste numa linha horizontal, com 10 centímetros de

comprimento, que possui em suas extremidades os números zero e dez. O número zero

corresponde à classificação “sem dor” e o número dez corresponde à classificação “dor

máxima”. A gestante fez uma cruz ou um traço perpendicular na escala no ponto que

representava a intensidade de sua dor. Para mensuração da intensidade foi medido em

centímetros do início da escala até o local assinalado pela gestante, obtendo-se dessa forma a

intensidade da dor (FERRAZ et al., 1990).

Sem Dor Dor Máxima

0_________________________________________10

Os dados foram organizados no programa Statistical Package for Social Sciences

(SPSS), versão 11.5 e apresentados na forma de tabelas e gráficos e analisados de acordo com

a literatura pertinente.

Os aspectos éticos desta pesquisa obedeceram à Resolução 196/96, da Comissão

Nacional de Ética em Pesquisas (CONEP), e os dados foram coletados após o parecer

favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Fortaleza e mediante a

assinatura pelas participantes do termo de consentimento livre e esclarecido.

RESULTADOS

As gestantes apresentaram uma faixa etária que variou dos 18 aos 42, mostrando um

predomínio de 42,1% (59) da faixa entre 18 e 22 anos (Gráfico 1). A maioria delas, 82,9%

(116), era de casadas ou mantinha união consensual e 17,1% (24) eram solteiras. Cinqüenta e

duas mulheres (37,1%) moravam com marido e filhos, quarenta (28,6%) moravam com

marido, 15 (10,7%) moravam com os pais e vinte e seis (18%) relataram outras situações.

Gráfico 1: Distribuição das gestantes por faixa etária (n = 140), Fortaleza-CE, 2006.

38 a 42 anos33 a 37 anos

28 a 32 anos23 a 27 anos

18 a 22 anos

70

60

50

40

30

20

10

0 5

12

19

45

59

A renda mensal dessas gestantes variou entre um e dois salários mínimos em 56,4%

(79) e 35% (49) sobreviviam de menos de um salário mínimo. A escolaridade de 32,9% (46)

das mulheres foi Ensino Médio incompleto (Tabela 1).

Tabela 1: Distribuição das gestantes segundo escolaridade e renda mensal (n = 140),

Fortaleza-CE, 2006.

O pré-natal foi iniciado no primeiro trimestre da gestação em 64,3% (90) das

gestantes, 31,4% (44) delas iniciaram no segundo trimestre e 4,3% (6) no terceiro trimestre. A

idade gestacional variou de seis a nove meses, havendo predomínio de gestantes com seis

meses 47,1% (66). O número de consultas pré-natais realizadas variou de um a dez, sendo que

54,9% (77) haviam realizado quatro consultas.

Dentre as 140 gestantes entrevistadas, 104 (74,3%) relataram sentir dor na região

lombar. Essa dor lombar foi relatada como do tipo “cansada” por 59,6% (62) das gestantes. A

média da intensidade de dor referida na EAV foi 6,4. Vale destacar que 83,7% (87) das

gestantes relataram a intensidade da dor variando na EAV entre uma dor de intensidade média

(5) e uma dor de intensidade alta (10). A lombalgia esteve associada à dor dorsal e/ou cervical

em 13,5% (14) das mulheres. O período do dia que a gestante referiu sentir maior dor foi o da

noite 48,1% (50) e, para essa identificação, o dia foi dividido em manhã, tarde, noite, o dia

inteiro e outro. Mais da metade das gestantes 51,9% (54) teve o sono comprometido por causa

da lombalgia. Das gestantes que relataram dor lombar, 74% (77) desenvolveram essa dor

durante a gestação e em 48,1% (50) a dor teve início no segundo trimestre da gestação.

A maioria das gestantes 89,4% (93) realizava alguma medida de autocuidado para

prevenção e controle da lombalgia. Dentre as medidas de autocuidado realizadas pelas

ESCOLARIDADE

RENDA MENSAL Total< 1 salário

mínimo 1 a 2 salários

mínimos 3 a 4 salários

mínimos freq %Analfabeto 1 - - 1 0,7Fundamental incompleto 21 15 - 36 25,7Fundamental completo 3 9 2 14 10,0Médio incompleto 18 26 2 46 32,9Médio completo 5 24 6 35 25,0Superior incompleto 1 5 - 6 4,3Superior completo - - 2 2 1,4Total 49 79 12 140 100,0

gestantes, estavam a massagem, 52,9% (55), repouso, 49,4% (46), alongamento, 4,3% (4),

compressas de gelo, 4,3% (4), e 19,3% (18) citaram outras medidas - como álcool gel,

doutorzinho (gel com cânfora), “gelol”, “salompas” e “vick” (Gráfico 2). O uso das medidas

de autocuidado teve uma freqüência diária em 37,6% (35) das gestantes e em 36,5% (34) a

freqüência foi de 2 a 3 vezes por semana.

Gráfico 2: Distribuição das gestantes quanto às práticas de autocuidado (n = 93), Fortaleza-

CE, 2006.

OutroRepouso

AlongamentoMassagem

Gelo

60

50

40

30

20

10

0

18

46

4

55

4

Mais da metade das gestantes 55,9% (52) informou que ninguém havia ensinado

práticas de prevenção e controle da lombalgia e 29% (27) haviam aprendido com familiares.

Apenas 15,4% (16) das gestantes com lombalgia usaram algum tipo de medicamento

para aliviar a dor e, dentre estes, os citados foram paracetamol, buscopam, voltarem, dorflex e

cefalexina. A maioria desses medicamentos 68,7% (11) teve indicação médica.

Além da lombalgia, 80,8% (84) das gestantes referiram outros incômodos advindos da

gravidez, como dor no “pé-da-barriga” (baixo ventre), 22,6% (19), dor nas pernas, 17,8%

(15), e dor de cabeça, 14,2% (12).

Das gestantes com lombalgia, 46,2% (48) se queixaram dessa dor durante a consulta

com médico ou enfermeiro e em 83,3% (40) dos casos de queixa, os profissionais disseram

que a dor era normal durante a gestação. Houve indicação de tratamento para lombalgia em

31,2% (15) das gestantes que se queixaram de dor aos profissionais. Dentre os tratamentos

indicados, estavam o medicamentoso, a caminhada, massagem, não fazer esforço e não pegar

peso.

Um total de 120 gestantes (85,7%) não recebeu, durante as consultas pré-natais,

nenhuma orientação sobre cuidados com a postura, e das 20 gestantes (14,3%) que receberam

algum tipo de orientação postural, mais da metade 55% (11) foram orientadas a ficar com

uma postura ereta.

Quanto às orientações sobre a maneira mais adequada de realizar as atividades diárias

e laborais, 92,1% (129) não receberam nenhuma informação. Da mesma forma, 94,3% (132)

das gestantes não tiveram nenhuma instrução para a prática de exercícios de alongamento e

relaxamento muscular.

Campanhas informativas e palestras sobre a lombalgia e seus cuidados não foram

divulgadas para 97,1% (136) das mulheres. Os eventos dessa natureza, em que 2,9% (4) das

gestantes participaram, ocorreram em hospitais e não nas unidades básicas de saúde.

Além das dúvidas sobre a lombalgia durante a gestação, outros questionamentos

apareceram durante o pré-natal e 51,4% (72) das gestantes revelaram que as consultas pré-

natais não foram suficientes para esclarecer todas as dúvidas sobre a gravidez. A maioria

76.3% (55) respondeu que a consulta é muito rápida, não permitindo tirar todas as dúvidas,

além do profissional dar mais atenção ao feto, muitas vezes sem perguntar como está a

gestante.

DISCUSSÃO

Neste estudo, a faixa etária das gestantes variou de 18 a 42 anos, e 42,1% (59) delas

tinham idade entre 18 e 22 anos. A idade materna é situada como fator de risco para

lombalgia gestacional por Östgaard e Anderson (1991) e Padua et al. (2002). Albert et al.

(2002) relatam que a prevalência da lombalgia gestacional aumenta com a idade materna.

Orvieto et al. (1994) não encontraram relação entre idade materna e lombalgia gestacional. Os

estudos citados anteriormente mostram resultados divergentes, o que sugere a necessidade de

mais pesquisas sobre esse assunto.

A renda familiar mensal e a escolaridade são fatores que devem ser considerados na

lombalgia gestacional, pois Östgaard e Anderson (1991) e Orvieto et al. (1994) evidenciaram

que mulheres de baixo nível econômico e cultural têm mais predisposição a desenvolver

lombalgia gestacional. Mais da metade das gestantes do presente estudo relatou uma renda

familiar mensal que variou entre um e dois salários mínimos e o nível de escolaridade mais

referido pelas gestantes foi Ensino Médio incompleto.

A idade gestacional variou de seis a nove meses, com predomínio de gestantes com

seis meses. Das gestantes com lombalgia, mais da metade 74% (77) desenvolveu a dor

durante a gestação e 48,1% (50) delas relataram que a dor teve início no segundo trimestre

gestacional. Existem controvérsias na literatura quanto à relação da idade gestacional e

lombalgia. Olsson et al. (2004) relatam que as queixas de lombalgia foram mais prevalentes

no primeiro trimestre da gestação e não aumentaram com idade gestacional. Para Orvieto et

al. (1994) e Östgaard et al. (1993), a freqüência da lombalgia aumentou gradativamente com a

idade gestacional. Já Martins e Silva (2005) comentam que a prevalência da lombalgia foi

maior em gestantes com até doze semanas e que diminuiu com o avanço da gestação.

Sperandio et al. (2004) relatam que a dor lombar e a sacroilíaca estiveram presentes em 96%

dos casos estudados por eles, no início do segundo trimestre gestacional.

Mais da metade das gestantes 64,3% (90) iniciou o pré-natal no primeiro trimestre da

gestação e 29 (20,7%) gestantes, até o dia da entrevista, haviam realizado quatro consultas

pré-natais. A assistência pré-natal é um direito de toda mulher e esta tem prioridade no nível

de atenção básica. O Ministério da Saúde, por meio do Programa de Humanização do Pré-

Natal (PHPN), recomenda que a primeira consulta pré-natal seja realizada até o quarto mês de

gravidez e que até o nono mês a mulher tenha realizado pelo menos seis consultas, além de

exames de rotina e imunização (BRASIL, 2000). Neste estudo não, tivemos a oportunidade de

identificar se o número mínimo de 6 consultas pré-natais preconizado pelo Ministério da

Saúde foi atingido pelas gestantes estudadas, visto que não foi possível correlacionar idade

gestacional e número de consultas.

A maioria das gestantes desta pesquisa sentiu dor lombar 74,3% (104), que foi

caracterizada como sendo do tipo “cansada” 59,6% (62). A definição do tipo da dor é um

dado muito subjetivo e encontrado na literatura de forma variada. Melhado e Soler (2004)

definiram o tipo da dor lombar em pontada/repuxo, irritante/peso, queimação e indefinido, e

observaram que mais de 50% das gestantes do seu estudo definiram a dor como

pontada/repuxo. A dor do tipo pontada foi relatada por Martins (2002). Quanto ao tipo, a

lombalgia gestacional pode ser divida em dor lombar e sacroilíaca (COLLINTON, 1996;

ÖSTGAARD et al, 1996; ALBERT et al., 2000).

Apenas quatorze mulheres relataram a lombalgia associada à dor na região dorsal e/ou

cervical. Martins e Silva (2005) referem que a maioria das gestantes de seu estudo sentia dor

na região lombar e cerca da metade delas apresentava essa dor associada às regiões sacra e

dorsal. Galão et al. (1995), Orvieto et al. (1994) e Ceccin et al. (1992) referem que a dor na

região lombar foi a mais relatada seguida da dor sacroilíaca e torácica.

Neste estudo, a média de intensidade da dor referida na Escala Analógica Visual

(EAV) foi 6,4. Essa dor variou na EAV principalmente entre as intensidades 5 e 10, o que a

caracteriza como uma dor de intensidade média a alta. A intensidade de dor relatada por

Martins (2002) foi moderada. Sperandio et al. (2004) identificaram a intensidade de dor

lombar como forte. De Conti et al. (2003) definiram a intensidade da dor como: sem sintomas,

leve, moderada, grave e associada e relataram que houve predomínio das intensidades grave e

associada. A intensidade é mais uma característica da dor lombar que se apresenta na

literatura como de subjetiva e difícil definição.

O período do dia em que as gestantes referiram sentir mais dor foi o da noite.

Collinton (1996) relata que a dor noturna é apresentada por um terço das mulheres com

lombalgia gestacional. Ferreira e Nakano (1999) relacionam o fato de a lombalgia ser mais

intensa à noite a uma compressão dos grandes vasos pelo útero gravídico, que provoca

diminuição do fluxo sangüíneo, medular ocasionando o aumento da dor. O fato de a dor se

mostrar mais intensa à noite pode comprometer a qualidade do sono. Identificamos neste

estudo que mais de 50% das gestantes tiveram o sono atrapalhado pela lombalgia.

Para o alívio da lombalgia, a maioria das gestantes realizou alguma medida de

autocuidado para prevenção e controle da dor. O autocuidado foi realizado por meio de

atividades ou medidas, pelas próprias gestantes, para manutenção da saúde e bem-estar

(OREM, 2005).

As medidas de autocuidado realizadas pelas gestantes neste estudo foram: massagem,

repouso, alongamento muscular, compressas de gelo e substâncias como álcool gel,

doutorzinho (gel com cânfora), “gelol”, “salompas” e “vick”.

O uso da massagem foi relatado por mais da metade das gestantes 52,9% (55). A

massagem terapêutica pode ser definida como o uso de várias técnicas manuais que objetivam

promover o alívio do estresse, ocasionando relaxamento, mobilizar estruturas variadas, aliviar

a dor, diminuir edema, prevenir deformidades e promover a independência funcional em um

indivíduo que tenha um problema de saúde específico (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Collinton (1996) relata que a massoterapia pode aliviar a dor lombar das gestantes por curto

prazo, uma vez que as sobrecargas sobre a coluna vertebral vão continuar.

O repouso foi referido por praticamente a metade das gestantes 49,4% (46) como

medida de autocuidado. Não foi encontrada nenhuma referência ao repouso como forma de

prevenção ou alívio da dor lombar nos estudos aqui pesquisados. Fast et al. (1987) relatam

que a lombalgia gestacional noturna pode ocorrer pela diminuição dos movimentos da

gestante durante o sono em razão do aumento do volume abdominal.

O alongamento muscular foi citado por apenas quatro gestantes (4,3%). Orvieto et al.

(1994) verificaram que as mulheres que receberam orientações, para realização de exercícios

de alongamento, fortalecimento e relaxamento muscular, no início da gestação, foram menos

acometidas pela lombalgia. A maioria das gestantes submetidas ao alongamento Stretching

Global Ativo (SGA) relatou que os exercícios foram efetivos para a diminuição da dor lombar

e se mostraram relaxantes, além de promoverem melhora da consciência corporal, permitindo

que as gestantes recorressem menos à ingestão de medicamentos analgésicos, proporcionando

mais confiança para a realização das atividades de rotina diária (MARTINS e SILVA, 2005).

O uso de compressas de gelo também foi relatado por quatro gestantes (4,3%).

Crioterapia é o termo que se refere à aplicação do frio sobre o organismo com fins

terapêuticos, geralmente empregado para tratamento da dor em afecções musculoesqueléticas,

seja em lesões traumáticas recentes, na inflamação e contraturas musculares.Os efeitos

fisiológicos do gelo são diminuição da dor, diminuição do espasmo muscular, diminuição do

metabolismo e inflamação dentre outros. Esse termo pode ser usado para referir a aplicação

direta de gelo, compressas de gelo, banhos gelados e gases ou spray que produzem

resfriamento (AGNE, 2004). Não foram encontradas referências ao uso da crioterapia como

tratamento da lombalgia gestacional na literatura estudada.

Outras medidas de autocuidado relatadas neste estudo foram o álcool gel, doutorzinho

(gel com cânfora), gelol, salompas e vick. Essas substâncias foram utilizadas porque

desencadeavam uma sensação agradável de alívio da dor, mesmo que temporária. O uso

dessas medidas, muitas vezes, estava associado à massagem. Também não foram encontradas

referências sobre essas medidas na literatura estudada.

As medidas de autocuidado foram utilizadas de forma diária por cerca de um terço das

gestantes 37,6% (35) e, na mesma proporção, gestantes revelaram usar essas medidas para

alívio da dor, de duas a três vezes semanais. Esses dados são relevantes porque mostram a

necessidade de alívio da dor das gestantes. Mais da metade das gestantes 55,9% (52)

informou que ninguém havia orientado o uso das medidas de autocuidado realizadas por elas

e cerca de um terço das gestantes haviam aprendido com os familiares as medidas de

prevenção e controle da dor. O saber socialmente elaborado pela gestante em seu ambiente

deve ser valorizado pelos profissionais de saúde e somado ao conhecimento científico para

que se desenvolvam práticas de saúde adequadas às necessidades das gestantes. O exercício

das atividades de autocuidado mostra a necessidade de saberes básicos, como o conhecimento

dos problemas de saúde, formas de tratamento, medidas de promoção de saúde e prevenção de

doenças (SANTOS e SILVA, 2002).

Neste estudo, 16 (15,4%) gestantes informaram o uso de medicamentos para alívio da

dor lombar durante a gestação, a maioria delas com indicações médicas. Segundo Rungee,

Alexander e Mccormick (1993), o tratamento da dor lombar pode ser realizado com

administração de medicamentos, porém, este se torna limitado pela própria gestação, já que

as drogas ordinariamente prescritas para a dor lombar não mostram dados sobre os riscos

fetais. Dessa forma, existe uma busca maior de recursos fisioterapêuticos não farmacológicos

que podem aliviar a lombalgia sem pôr em risco a vida do feto (FERREIRA et al., 2006). De

Conti et al. (2003) comentam que, apesar de não influenciarem na ocorrência da lombalgia

gestacional, as técnicas fisioterápicas usadas nas gestantes do programa multidisciplinar de

preparo para o parto e a maternidade favoreceram a diminuição da intensidade, freqüência e

duração da dor lombar, sendo benéficas para assegurar a qualidade de vida materna na

gestação. Polden e Mantle (1993) comentam que as medidas de alívio da dor viáveis no

período gestacional requerem primeiramente a valorização de ações normalmente relegadas a

um segundo plano pelo modelo de atendimento à saúde vigente, como a aquisição de novos

hábitos posturais, a adequação dos ambientes de trabalho, a orientação ergonômica , além de

exercícios terapêuticos específicos e técnicas de relaxamento.

Outros incômodos advindos da gestação comentados neste estudo foram dor no “pé-

da-barriga” (baixo ventre), dor nas pernas e dor de cabeça. Ferreira e Nakano (2001) citam

alguns incômodos característicos da gestação e que, assim como a lombalgia gestacional, são

considerados normais e parte do processo fisiológico da gestação. Os incômodos citados

foram: náuseas, vômitos, pirose, merecismo, sialorréia, constipação, vertigem, palpitações,

dor precordial, sonolência, insônia, cãibras, astenia, depressão, pruridos, leucorréia, polaciúria

e varizes. Os resultados encontrados, neste estudo, não foram identificados no estudo referido

há pouco.

Menos da metade das gestantes 46,2% (48) com lombalgia relataram a dor para o

médico ou enfermeiro durante as consultas pré-natais. A maioria das gestantes que se

queixaram de dor 83,3% (40) ouviram dos profissionais que a dor era normal durante a

gestação. Dentro desse quadro, as queixas rotuladas de “normais” durante a gestação e,

portanto, consideradas parte de um processo fisiológico, são portadoras de pouco significado,

por não serem tangíveis e não representarem ameaça relevante ao desenvolvimento da

gestação (DEJOSEPH e CRAGIN, 1998). Ferreira e Nakano (2001) comentam que, se a

gestante sofre de lombalgia, e isso é considerado normal, logo passa a ocorrer uma

“naturalização” desse tipo de dor, estabelecendo-se, com efeito, um determinismo em relação

ao problema e esse determinismo ancora suas explicações apenas nos aspectos biológicos,

encobrindo outros determinantes, como os sociais, políticos, culturais e psicológicos.

A mulher que vivencia esse problema deve ter sua queixa valorizada pelo médico ou

enfermeiro, por ocasião das consultas pré-natais. A escuta atenta e uma relação profissional-

gestante que estabeleça confiança são os primeiros passos para o tratamento do problema

(NOVAES et al., 2006).

Apenas um terço das gestantes 31,2 (15) que relataram a dor para os profissionais

receberam indicação de tratamento. Dentre os tratamentos indicados, estavam o

medicamentoso, a caminhada, massagem, não fazer esforço e não pegar peso. Östgaard,

(1996), Nilsson-Wilkmar et al. (2003) e Östgaard et al.(1997) verificaram que um terço dos

obstetras não recomendam nenhuma orientação para o alívio das algias lombares, conduta que

precisa ser repensada entre os profissionais da área, já que a prevalência deste sintoma durante

o período gestacional é alta e pode durar até seis anos após o parto. Já Orvieto et al (1994),

Östgaard et al. (1994) e Nóren et al. (1997) observaram a diminuição da lombalgia

gestacional em freqüência e intensidade, após a realização de orientações individuais ou em

grupo, fora do período da consulta pré-natal. Essas orientações foram baseadas em

aconselhamentos anatômicos e ergonômicos, podendo haver vários profissionais envolvidos,

como enfermeiros, fisioterapeutas e médicos. Segundo Novaes et al. (2006), o tratamento da

lombalgia é factível e depende de uma equipe multiprofissional, atuando conjuntamente, para

trazer resultados ainda mais eficientes no seu tratamento. O SUS preconiza um atendimento

integral baseado em práticas multiprofissional e interdisciplinar de assistência

(ALBUQUERQUE, 2004). Atualmente, as equipes de profissionais do PSF são formadas por

médicos, enfermeiros e dentistas, mas foram encontradas na literatura estudada muitas

referências ao tratamento fisioterápico (SOUSA et al., 2003; MARTINS e SILVA, 2005b; DE

CONTI et al., 2003; CARVALHO e CAROMANO, 2001; PITANGUI e FERREIRA, 2005;

FERREIRA e NAKANO, 2000; NOVAES et al., 2006; FERREIRA et al., 2006). Nenhuma

das gestantes relataou a indicação de tratamento fisioterápico para alívio de dor. O

fisioterapeuta é um profissional que tem todos os pré-requisitos para avaliar e tratar a

lombalgia gestacional (FERREIRA et al., 2006), além de atuar na prevenção como educador

em saúde.

As orientações posturais, ergonômicas, de como realizar as atividades de vida diária e

sobre exercícios de alongamento e relaxamento muscular são medidas importantes para o

tratamento da lombalgia gestacional (NOVAES et al., 2006; LAMEZON e PATRIOTA,

2005; FERREIRA e NAKANO, 2001; CARVALHO e CAROMANO, 2001, MACIEL et al.,

2003; LIMA e OLIVEIRA, 2005; MARTINS e SILVA, 2005b, DE CONTI et al., 2003;

PITANGUI e FERREIRA, 2005; FERREIRA e NAKANO, 2000). O presente estudo mostra

que a maioria das gestantes 85,7% (120) não recebeu orientações posturais, orientações sobre

como realizarem as suas atividades diárias de forma correta sem sobrecarregar a coluna

vertebral 92,1% (129), assim como 94,3% (132) não receberam orientações para a prática de

exercícios de alongamento e relaxamento muscular. Todas essas orientações podem ser feitas

pelo fisioterapeuta que ainda não faz parte da equipe de Saúde da Família em âmbito

nacional. O fisioterapeuta é o profissional que cuida da saúde da população com ênfase no

movimento e na função, prevenindo, tratando e recuperando disfunções e doenças para

melhoria da qualidade de vida do indivíduo (BARROS, 2003).

Em Sobral-CE, os fisioterapeutas estão inseridos em algumas equipes de saúde da

família, criando vínculos com a comunidade, utilizando recursos próprios, adicionados às

técnicas específicas, como a cinesioterapia, sendo muitas vezes possível dispor apenas das

terapias manuais, o que torna o trabalho um desafio a cada intervenção. O profissional no PSF

passa a ser um forte instrumento pedagógico, promovendo espaços educativos nas suas

práticas de saúde no território, trocando experiências e ensinamentos ( PEREIRA et al.,

2004).

Alves (2005), quando faz referência à integralidade nos serviços e práticas de saúde,

comenta que as práticas assistenciais e preventivas devem ser realizadas por um mesmo

serviço e inclui as atividades de Educação em Saúde como responsabilidade dos profissionais

do PSF. Apenas quatro gestantes (2,9%) tiveram acesso a campanhas informativas e/ou

palestras sobre a lombalgia gestacional, e receberam essas informações em hospitais e não em

unidades básicas de saúde. É muito importante que os profissionais do PSF trabalhem de

forma preventiva como a Educação em Saúde.

A metade das gestantes 51,4% (72) revelou que as consultas pré-natais não são

suficientes para o esclarecimento de todas as suas dúvidas sobre a gravidez. Uma das

gestantes relatou “...a consulta é muito rápida não dá tempo nem de conversar, só dá tempo o

doutor examinar a barriga... também é tanta gente esperando...”. O outro relato importante

foi “o doutor é legal , mas ele só fala alguma coisa se eu perguntar... fico com vergonha de

perguntar muito...”. O Ministério da Saúde preconiza que na consulta pré-natal, os

procedimentos realizados sejam simples, para que o profissional de saúde possa escutar as

gestantes, dando-lhe apoio, estabelecendo uma relação de confiança, importante para gestante

conduzir a gestação com maior autonomia, tranqüilidade e bem-estar (BRASIL, 2000).

CONCLUSÃO

A lombalgia gestacional foi considerada uma queixa freqüente das gestantes atendidas

nas unidades básicas de saúde da SER VI de Fortaleza-CE, e foi caracterizada como uma dor

do tipo “cansada”, de intensidade média na EAV 6,4, que predominou à noite e atrapalhou o

sono das gestantes. O estudo dessas características é importante para o profissional de saúde,

porque essa dor é muito freqüente, tem uma intensidade moderada e afeta a qualidade de vida

e o bem-estar da gestante.

As gestantes realizaram medidas de autocuidado para prevenção e controle da dor. As

medidas mais citadas foram massagem, compressa de gelo, repouso e alongamento. A

freqüência de uso dessas medidas variou de 2 a 3 vezes por semanas ao uso diário. Essas

medidas de autocuidado, em sua maioria, não tiveram orientação profissional, apesar de as

gestantes realizarem o pré-natal junto às equipes do PSF.

As práticas de prevenção e controle da lombalgia orientadas pelos profissionais do

PSF foram relatadas por menos de 15% gestantes. Da mesma forma, somente 2,9% das

gestantes receberam informações sobre a lombalgia gestacional por meio de campanhas

informativas e/ou palestras. A metade das gestantes relatou não ter tempo em suas consultas

pré-natais para esclarecimento de todas suas dúvidas sobre a gravidez.

Os profissionais que acompanham gestantes no pré-natal precisam ter uma visão mais

integral dessa mulher e valorizar suas queixas decorrentes do período gestacional, inclusive a

lombalgia, considerada uma ocorrência normal e muitas vezes desprezada.

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CONCLUSÃO

CONCLUSÃO DO ESTUDO

O perfil sociodemográfico das gestantes atendidas no PSF da SER VI de Fortaleza-

CE mostrou predomínio de gestantes com uma faixa etária entre 18 a 22 anos, casadas ou em

união consensual, donas de casa, com renda familiar e nível de escolaridade baixo.

A lombalgia gestacional é um agravo à saúde da gestante muito freqüente 74,3%

(104) e interfere nas atividades diárias e de trabalho, além de prejudicar o sono, interferindo

de maneira negativa na qualidade de vida e bem-estar da gestante.

A dor lombar foi caracterizada como “cansada”, com média de intensidade relatada

na EAV de 6,4 e em 13,5% das gestantes a lombalgia esteve associada a dores nas regiões

dorsal e cervical.

Dentre as atividades diárias e de trabalho que agravaram a lombalgia destacaram-se

as do tipo lavar roupa, varrer a casa, apanhar objeto no chão, ficar muito tempo sentada, ficar

muito tempo em pé, cozinhar e subir ou descer escadas.

Massagem, alongamento muscular, compressas de gelo e repouso foram as práticas

de autocuidado realizadas e mencionadas pelas gestantes para o controle e alívio da dor

lombar. A maioria dessas práticas não foi orientada por profissionais de saúde, o que pode

sugerir falta do diálogo entre profissionais e as gestantes. Essas práticas foram adquiridas pela

própria experiência de vida no seu contexto social, ou seja, na interação familiar, com amigos,

dentre outros.

As gestantes relataram que as práticas de prevenção e controle da lombalgia

realizadas pelos profissionais durante a consulta do Pré-Natal foram direcionadas para

orientações posturais, sobre como realizar as atividades diárias e de trabalho, e também

orientações sobre a realização de exercícios de alongamento e relaxamento muscular. Apenas

15% (16) das gestantes porém, tiveram acesso a essas orientações. Esse dado é muito

relevante, porque mostra que os profissionais ou não acham essa queixa importante - e por

isso não realizam orientações de prevenção e controle da dor - ou os profissionais não estão

buscando um atendimento integral dessa gestante.

Apenas 2,9% (4) das gestantes tiveram acesso a campanhas informativas e/ou

palestras sobre a lombalgia gestacional e seus cuidados e as gestantes que tiveram acesso a

essas informações as obtiveram em hospitais e não na unidade básica. É outro fato relevante

do estudo, pois, de acordo com o Ministério da Saúde é na unidade básica de saúde, por meio

dos profissionais do PSF, que ações educativas de saúde devem ser mais difundidas.

Este estudo mostra que a lombalgia é um agravo à saúde da gestante que necessita

ainda de muitas pesquisas, tanto na caracterização da dor quanto nas medidas de prevenção e

controle desta. Deixa também como alerta aos profissionais de saúde que esse agravo não

pode ser desconsiderado e deve ser visto e trabalhado sempre por uma equipe

multidisciplinar.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Daniella Mara Lopes Coelho, fisioterapeuta, acadêmica do Mestrado em Educação em

Saúde da Universidade de Fortaleza – UNIFOR, estou desenvolvendo uma pesquisa intitulada

Práticas de Prevenção e Controle da Lombalgia Gestacional, que tem como objetivo

caracterizar a lombalgia das gestantes atendidas nas unidades básicas de saúde da Secretaria

Executiva Regional VI de Fortaleza-CE; identificar as medidas de prevenção e controle da

lombalgia realizadas pelos profissionais do Programa de Saúde da Família e as mediadas de

autocuidado realizadas pelas gestantes. Portanto, venho solicitar sua colaboração para

participar da pesquisa e a autorização para utilizar os dados coletados. Esclareço que:

- as informações coletadas nas entrevistas somente serão utilizadas para os objetivos da

pesquisa, e que seu anonimato será preservado; e

- que a senhora tem a liberdade de desistir a qualquer momento de participar da pesquisa, e

que não terá prejuízo no seu tratamento e/ou financeiro.

Em caso de esclarecimento sobre a pesquisa, entrar em contato com a pesquisadora

responsável no endereço:

Nome: Daniella Mara Lopes Coelho

Endereço: Av. Washington Soares, 1321 – Edson Queiroz, Fortaleza/Ceará

Telefone: (85) 3477-3280 / 3477-3000

Expesso, ainda, que sua participação será de extrema importância para o desenvolvimento da

pesquisa e para a aplicação de seus resultados, que subsidiarão o planejamento de estratégias

de prevenção e controle da lombalgia em gestantes acompanhadas pelas equipes do PSF.

Dados do entrevistado:

Nome: _____________________________________________________________________

Endereço:___________________________________________________________________

Telefone para contato: ________________________________

Idade: _________

Fortaleza-CE,____ de ________________ de 2006.

_______________________________________ ou Polegar Assinatura

APÊNDICE 2 - ENTREVISTA

1. Identificação

Naturalidade:________________ Estado Civil: ( ) solteira ( ) casada ( ) outro

Idade:_____________ Nº gestações: ________________ No partos: _______________

Nº abortos:_________ Com quem mora:_______________________________________

Renda familiar: ( ) menos de 1 salário mínimo ( ) de 1 a 2 salários mínimos

( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) mais de 4 salários mínimos ( ) sem

rendimento

Ocupação:___________________________________________________________________

Escolaridade: ( ) analfabeta ( ) ensino fundamental incompleto ( ) ensino

fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo

( ) superior incompleto ( ) superior completo

2. Gestação e Lombalgia

Com quantas semanas de gestação você está?_______________________________________

Você sente dor nas costas? ( ) sim ( ) não

Caso sim, como você define a sua dor?

( )pontada ( )cansada ( )queimação ( )latejante ( )irradiada ( ) Outro

Marque na escala abaixo um traço ou uma cruz no local que representa a intensidade da sua

dor.

Sem Dor Dor Máxima 0_________________________________________10

( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( ) 8 ( ) 9 ( ) 10

Em que região das costas ocorre a sua dor?

Essa dor surgiu com a gravidez? ( ) sim ( ) não

Se a resposta for “sim”, em que mês ou com quantas semanas de gestação?_______________

Se a resposta for “não”, há quanto tempo você sente essa dor? _________________________

A sua dor piorou depois da gravidez? ( ) sim ( ) não

Qual o período do dia que você sente essa dor?

( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( )o dia todo ( ) outro

Qual a atividade que você realiza que agrava essa dor?

( ) varrer casa ( ) lavar roupa ( ) cozinhar ( ) ficar muito tempo sentada

( ) ficar muito tempo em pé ( ) subir e descer escada ( ) apanhar um objeto no chão

( ) outro

Se a resposta for “outro” o que seria? ___________________________________________

Essa dor lhe impede de realizar alguma atividade? ( ) sim ( ) não

Qual?______________________________________________________________________

Essa dor atrapalha o seu sono? ( ) sim ( ) não

O que você faz para prevenir e controlar essa dor?

( ) gelo ( )calor ( )massagem ( ) alongamento ( ) repouso ( ) outro

Se a resposta for “outro”, o que seria ? __________________________________________

Quem lhe ensinou essa técnica para prevenção e controle da dor?

( ) familiar ( ) vizinho ( ) colega de trabalho ( ) profissional de saúde ( ) outro

Se a resposta for “outro”, quem?________________________________________________

Com que freqüência você usa essa(s) técnica(s) para controle da dor?

( ) 1 vez por semana ( ) 2 a 3 vezes por semana ( ) todo dia ( ) raramente ( ) outro

Você usa algum medicamento para controlar sua dor? ( ) sim ( ) não

Qual?______________________________________________________________________

Caso a resposta da questão anterior seja “sim”, quem indicou o uso desse medicamento?

( ) médico ( ) outro profissional da saúde ( ) você mesma ( ) alguém que tomou

esse medicamento e disse que era bom para sua dor ( ) outro

Se a resposta for “outro”, quem?_________________________________________________

Além dessa dor, você sente outras dores ou incômodos advindos da gravidez?

( ) sim ( ) não

Quais?______________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3. Práticas de prevenção e controle da lombalgia

Quando você procurou a unidade de saúde para iniciar o pré-natal?

( ) 1º trimestre de gestação ( ) 2º trimestre de gestação ( ) 3º trimestre de gestação

Nas suas consultas de pré-natal você relatou essa sua dor ao médico ou enfermeira?

( ) sim ( ) não

Caso sim, o que ele(a) orientou?_________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

O médico ou enfermeira indicou algum tratamento para melhora da dor?

( ) sim ( ) não

Caso sim, qual?______________________________________________________________

Você recebeu alguma orientação sobre cuidados com a postura?

( ) sim ( ) não

Caso sim, qual?______________________________________________________________

Você recebeu alguma orientação sobre como realizar suas atividades de trabalho de maneira

mais adequada? ( ) sim ( ) não

Caso sim, qual?______________________________________________________________

Você recebeu alguma orientação para realizar exercícios de relaxamento e alongamento?

( ) sim ( ) não

Caso sim, qual?______________________________________________________________

Você participou de alguma campanha informativa ou palestra sobre como melhorar a dor nas

costas? ( ) sim ( ) não

Caso sim, onde e quem orientou?________________________________________________

3.8 Você acha que as consultas pré-natais são suficientes para o esclarecimento de dúvidas

sobre gestação ? ( ) sim ( ) não

Porquê?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

ANEXOS

Parecer No 215/2006

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

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