Função social do ensino da química

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28 FUNÇÃO SOCIAL A seção “Pesquisa no ensino de química” relata investigações relacionadas a problemas no ensino de química, explicitando os fundamentos teóricos e procedimentos metodológicos adotados na pesquisa e analisando seus resultados. Este artigo apresenta resultados de pesquisa realizada junto a educadores químicos brasileiros sobre as significações do ensino de química para formar o cidadão, sugerindo procedimentos curriculares que viabilizem o desenvolvimento dos alunos para o exercício consciente da cidadania. ensino médio de química, cidadania, educação química A educação para a cidadania é função primordial da edu- cação básica nacional, confor- me dispõe a Constituição Brasileira e a legislação de ensino. Além disso, tal função tem sido defendida pelos educadores para o ensino médio, o qual inclui o ensino de química. Mas o que significa ensinar química para o cidadão? Será que o cidadão precisa de conhecimentos em quími- ca? Será que o ensino de química que temos ministrado em nossas escolas tem preparado nossos jovens para o exercício consciente da cidada- nia? Será que ensinar química para o cida- dão é o mesmo que preparar alunos para o vestibular? Considerando que tais questões têm sido objeto de discussão nos Encontros de En- sino de Química, resolvemos desen- volver a presente pesquisa, visando levantar características do ensino de química para formar o cidadão, enfo- cando reflexões sobre as questões acima. Para isto foram realizadas en- trevistas junto a educadores químicos brasileiros 1 , já que os mesmos consti- tuem hoje uma comunidade científica consolidada, que vem defendendo a formação da cidadania como objetivo básico do ensino médio de química. Metodologia da pesquisa O trabalho foi desenvolvido mediante a análise do conteúdo de entrevistas semi-estruturadas realiza- das com os referidos educadores, vi- sando investigar como entendem e configuram propostas relativas ao en- sino de química para formar o cidadão. A análise de conteúdo é um pro- cesso analítico que se aplica a discur- sos. É constituída por um conjunto de técni- cas múltiplas que vi- sam interpretar o con- teúdo das informações obtidas. Adotando-se crité- rios objetivos, foram selecionados 12 edu- cadores químicos. A análise do currículo dos mesmos evidencia que a clientela delimitada foi constituída por pessoas com formação acadêmi- ca tanto em química, como em edu- cação, com efetiva atuação na área de educação química e com larga ex- periência no magistério, no ensino su- perior, no ensino médio e em cursos de formação de professores. A análise de conteúdo das entrevis- tas envolveu três etapas: a pré-análise, a codificação das informações e o tra- tamento e interpretação dos resultados. A codificação consistiu na transfor- mação sistemática dos dados brutos em unidades que expressaram seu conteúdo, o que implicou o recorte da ‘fala’ dos entrevistados em unidades de registro (UR). A unidade de registro é a unidade de significação da entre- vista, que corresponde à proposição ou proposições ou, ainda, a fragmen- tos de proposições do entrevistado que contêm um núcleo de sentido que tem significação para a análise. Ainda na fase de codificação, pro- cessou-se a classificação temática, que consistiu em agrupar as unidades de registro em temas. Os temas classi- ficados relacionam-se com os ele- mentos curriculares e com aspectos de interesse específico, como as ca- racterísticas do ensino de química atual. Agrupadas todas as URs em seus respectivos temas, passou-se à etapa de categorização. Para isso, as URs foram classificadas em categorias, as quais representam uma idéia comum de várias URs dos 12 entrevistados. Para cada categoria, calculou-se a porcentagem de entrevistados que expressaram proposições a seu res- peito. Ao final, foram montadas tabelas para cada tema, contendo as suas ca- tegorias com as respectivas porcen- tagens (Tabelas 1 a 6). Logo após, foi feita análise e interpretação do con- teúdo dessas tabelas. Análise e interpretação dos dados Pela análise do conteúdo das entrevistas, ficou evidente que, na opinião dos entrevistados, é essencial que sejam adotadas, no Brasil, pro- postas de ensino de química com objetivo de formação da cidadania. Os educadores justificaram a necessidade do ensino de química para formar o cidadão apresentando A função do ensino de química deve ser a de desenvolver a capacidade de tomada de decisão, o que implica a necessidade de vinculação do conteúdo trabalhado com o contexto social em que o aluno está inserido PESQUISA NO ENSINO DE QUÍMICA O que significa ensino de química para formar o cidadão? QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e Cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996 Wildson Luiz P. dos Santos Roseli Pacheco Schnetzler

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O artigo trata de uma pesquisa investigativa para saber de professores de abordar de maneira contextualizada os conceitos químicos.

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FUNÇÃO SOCIALA seção “Pesquisa no ensino de química” relatainvestigações relacionadas a problemas no ensino dequímica, explicitando os fundamentos teóricos eprocedimentos metodológicos adotados na pesquisa eanalisando seus resultados.Este artigo apresenta resultados de pesquisa realizada juntoa educadores químicos brasileiros sobre as significações doensino de química para formar o cidadão, sugerindoprocedimentos curriculares que viabilizem o desenvolvimentodos alunos para o exercício consciente da cidadania.

ensino médio de química, cidadania, educação química

Aeducação para a cidadania éfunção primordial da edu-cação básica nacional, confor-

me dispõe a Constituição Brasileira ea legislação de ensino. Além disso, talfunção tem sido defendida peloseducadores para o ensino médio, oqual inclui o ensino de química.

Mas o que significa ensinar químicapara o cidadão? Será que o cidadãoprecisa de conhecimentos em quími-ca? Será que o ensino de química quetemos ministrado em nossas escolastem preparado nossosjovens para o exercícioconsciente da cidada-nia? Será que ensinarquímica para o cida-dão é o mesmo quepreparar alunos para ovestibular?

Considerando quetais questões têm sidoobjeto de discussãonos Encontros de En-sino de Química, resolvemos desen-volver a presente pesquisa, visandolevantar características do ensino dequímica para formar o cidadão, enfo-cando reflexões sobre as questõesacima. Para isto foram realizadas en-trevistas junto a educadores químicosbrasileiros1, já que os mesmos consti-tuem hoje uma comunidade científicaconsolidada, que vem defendendo a

formação da cidadania como objetivobásico do ensino médio de química.

Metodologia da pesquisaO trabalho foi desenvolvido

mediante a análise do conteúdo deentrevistas semi-estruturadas realiza-das com os referidos educadores, vi-sando investigar como entendem econfiguram propostas relativas ao en-sino de química para formar o cidadão.

A análise de conteúdo é um pro-cesso analítico que se aplica a discur-

sos. É constituída porum conjunto de técni-cas múltiplas que vi-sam interpretar o con-teúdo das informaçõesobtidas.

Adotando-se crité-rios objetivos, foramselecionados 12 edu-cadores químicos. Aanálise do currículo dosmesmos evidencia que

a clientela delimitada foi constituídapor pessoas com formação acadêmi-ca tanto em química, como em edu-cação, com efetiva atuação na áreade educação química e com larga ex-periência no magistério, no ensino su-perior, no ensino médio e em cursosde formação de professores.

A análise de conteúdo das entrevis-tas envolveu três etapas: a pré-análise,

a codificação das informações e o tra-tamento e interpretação dos resultados.

A codificação consistiu na transfor-mação sistemática dos dados brutosem unidades que expressaram seuconteúdo, o que implicou o recorte da‘fala’ dos entrevistados em unidadesde registro (UR). A unidade de registroé a unidade de significação da entre-vista, que corresponde à proposiçãoou proposições ou, ainda, a fragmen-tos de proposições do entrevistadoque contêm um núcleo de sentido quetem significação para a análise.

Ainda na fase de codificação, pro-cessou-se a classificação temática, queconsistiu em agrupar as unidades deregistro em temas. Os temas classi-ficados relacionam-se com os ele-mentos curriculares e com aspectos deinteresse específico, como as ca-racterísticas do ensino de química atual.

Agrupadas todas as URs em seusrespectivos temas, passou-se à etapade categorização. Para isso, as URsforam classificadas em categorias, asquais representam uma idéia comumde várias URs dos 12 entrevistados.

Para cada categoria, calculou-se aporcentagem de entrevistados queexpressaram proposições a seu res-peito. Ao final, foram montadas tabelaspara cada tema, contendo as suas ca-tegorias com as respectivas porcen-tagens (Tabelas 1 a 6). Logo após, foifeita análise e interpretação do con-teúdo dessas tabelas.

Análise e interpretação dosdados

Pela análise do conteúdo dasentrevistas, ficou evidente que, naopinião dos entrevistados, é essencialque sejam adotadas, no Brasil, pro-postas de ensino de química comobjetivo de formação da cidadania.

Os educadores justificaram anecessidade do ensino de químicapara formar o cidadão apresentando

A função do ensino dequímica deve ser a de

desenvolver acapacidade de tomada

de decisão, o que implicaa necessidade de

vinculação do conteúdotrabalhado com o

contexto social em que oaluno está inserido

PESQUISA NO ENSINO DE QUÍMICA

O que significa ensino de química para formar o cidadão?

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e Cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

Wildson Luiz P. dos SantosRoseli Pacheco Schnetzler

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argumentos relativos às influências daquímica na sociedade. Tais influênciaspassam a exigir do cidadão comumum mínimo de conhecimento químicopara poder participar da sociedadetecnológica atual.

A seguir são apresentadas as prin-cipais conclusões extraídas de algunstemas categorizados na análise deconteúdo que apontam característicasdo ensino de química para formar ocidadão e que o diferenciam do atualensino de química.

ObjetivosDos objetivos propostos pelos

educadores químicos (Tabela 1),sobressai o referente ao desenvolvi-mento da capacidade de participar etomar decisões criticamente, o qualcaracteriza o objetivo central do ensinopara formar o cidadão. Entende-se otermo ‘criticamente’, empregado pelosentrevistados, como sendo a capaci-dade de tomar decisões fundamen-tadas em informações e ponderadasas diversas conseqüências decor-rentes de tal posicionamento.

Nesse sentido, os educadoresevidenciaram que há necessidade deo aluno adquirir conhecimento mínimode química para poder participar commaior fundamentação na sociedadeatual. Assim, o objetivo básico do en-sino de química para formar o cidadãocompreende a abordagem de informa-ções químicas fundamentais quepermitam ao aluno participar ativa-mente na sociedade, tomando deci-sões com consciência de suas conse-qüências. Isso implica que o conheci-mento químico aparece não como umfim em si mesmo, mas com objetivo

tico foram elaboradas três tabelas. Naprimeira, (Tabela 2) são apresentadosos elementos curriculares e conside-rações gerais sobre o conteúdo pro-gramático. Nas demais (Tabelas 3 e4), são enumerados os temas quími-cos sociais e os tópicos químicosfundamentais. A seguir, comentamosas principais considerações quepodem ser extraídas dessas tabelas.a) Conteúdo mínimo

A maioria dos educadores entrevis-tados (83%) considera que os conteú-dos programáticos devem conter umnúcleo comum mínimo de tópicos

químicos fundamentais(Tabela 2). Tal constata-ção demonstra a ne-cessidade de os cida-dãos dominarem ummínimo de informações

químicas.Por outro lado, a maioria dos entre-

vistados considera que a adoção deconceitos básicos em todos os progra-mas não pressupõe sua padroniza-ção, como acontece atualmente. Naopinião dos mesmos, os professoresdevem ter liberdade no processo deplanejamento do ensino. Assim, oscursos de química para o cidadão po-dem ser estruturados de diferentesmaneiras, desde que englobem o mí-nimo de conceitos químicos funda-mentais e que atendam aos objetivosgerais propostos para aquele ensino.Tal idéia é expressa nas palavras deum dos entrevistados:

Não se deve impor a ninguém o quese vai trabalhar. (...) Cada grupodeve ter a liberdade de decidir sobreo que deve ser ensinado.

Essas considerações demonstram,também, o importante papel atribuídoao professor, dentro de uma propostade ensino para a cidadania. Nessesentido, ele precisa dominar o conteú-do químico para saber selecionar osconceitos mais relevantes para seusalunos, ao mesmo tempo que deve teruma visão crítica sobre as implicaçõessociais da química, para poder con-textualizar os conceitos selecionados.

Isso é evidenciado pela categoria1 da Tabela 2, onde, na opinião de to-dos os educadores, o conteúdo pro-gramático deverá estar inserido emtemas químicos sociais. Tais temas,

maior de desenvolver as habilidadesbásicas que caracterizam o cidadão:participação e julgamento.

Sendo assim, na concepção doseducadores entrevistados, o conheci-mento químico passa a ter papel im-portante e, ao mesmo tempo, diferentedo que tem sido caracterizado peloensino atual. Conforme se pode verifi-car na Tabela 1, a função do ensinode Química deve ser a de desenvolvera capacidade de tomada de decisão,o que segundo os entrevistados im-plica a necessidade de vinculação en-tre o conteúdo trabalhado e o contextosocial em que o alunoestá inserido.

Em termos gerais,as informações quími-cas para o cidadão,mencionadas pelosentrevistados, sãoaquelas relacionadas com o manuseioe utilização de substâncias; o consu-mo de produtos industrializados; asegurança do trabalhador; os efeitosda química no meio ambiente; a inter-pretação de informações químicasveiculadas pelos meios de comunica-ção; a avaliação de programas deciência e tecnologia, e a compreensãodo papel da química e da ciência nasociedade.

Um outro objetivo importante des-tacado pelos educadores é apresentarao aluno uma concepção de ciênciacomo processo em construção. Talconcepção enfatiza, também, o papelsocial da ciência, o qual é melhor com-preendido quando se leva em contaseu caráter histórico.

Conteúdo programáticoNa categorização das unidades de

registro sobre o conteúdo programá-

A abordagem dos temasquímicos sociais nãopode ser no sentido

apenas da curiosidade

Tabela 1: Objetivos do ensino de química para formar o cidadão.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

Nº Categorias %

1 Desenvolver a capacidade de participar, de tomar decisões 92criticamente

2 Compreender os processos químicos relacionados com a vida 83cotidiana

3 Avaliar as implicações sociais decorrentes das aplicações 75tecnológicas da química

4 Formar o cidadão em geral, não o especialista 755 Compreender a natureza do processo de construção do 75

conhecimento científico6 Compreender a realidade social em que está inserido,

para que possa transformá-la 58

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comentados a seguir, referem-se aassuntos relacionados ao conheci-mento químico que afetam diretamen-te a sociedade, como por exemplo osrecursos energéticos e a poluição am-biental (Tabela 3).b) Temas químicos sociais

Os temas químicos sociais desem-penham papel fundamental no ensinode química para formar o cidadão, poispropiciam a contextualização do con-teúdo químico com o cotidiano do alu-no, condição essa enfatizada peloseducadores como sendo essencialpara o ensino em estudo. Além disso,os temas químicos permitem o desen-volvimento das habilidades básicasrelativas à cidadania, como a partici-pação e a capacidade de tomada dedecisão, pois trazem para a sala de auladiscussões de aspectos sociais relevan-tes, que exigem dos alunos posicio-namento crítico quanto a sua solução.

A inclusão no conteúdo programá-tico desses temas químicos sociaisatende também aos objetivos discuti-dos no item anterior, de os alunos com-preenderem os processos químicosdo cotidiano, de avaliarem as implica-ções sociais das aplicações da quími-ca e de compreenderem a realidadesocial em que estão inseridos. Tais te-mas podem abordar, ainda, outro obje-tivo levantado, referente à concepçãodo papel social da química.

Todavia, para que os temas sejamabordados dentro dos objetivos men-cionados acima, os mesmos devem

receber um tratamento adequado.Nesse sentido, é importante destacara preocupação central apresentadapor vários entrevistados com referên-cia à necessidade de não ser feita umaabordagem aleatória desses temas.Segundo eles, é importante que a dis-cussão dos temas seja feita atravésda fundamentação em torno dos con-ceitos químicos e que haja organi-zação conceitual em seu estudo, deforma a respeitar os pré-requisitos.

Alguns entrevistados destacaramque a abordagem dos temas químicossociais não pode se dar no sentidoapenas da curiosidade, da informaçãojornalística, da discussão ideológica,da mera citação descontextualizadada aplicação tec-nológica de de-terminados prin-cípios ou, ainda,da simples com-preensão dosconceitos quími-cos relativos aotema, sem umadiscussão críticade suas implicações sociais.

Tais preocupações evidenciam que,no ensino para o cidadão, a abordagemdos temas tem que ser fundada na inte-gração entre conceitos químicos e nadiscussão dos aspectos sociais.

A importância da contextualizaçãodos temas químicos sociais é eviden-ciada, ainda, pelo fato de a maioriados entrevistados preferir a seleção de

temas regionais, vinculados direta-mente ao aluno, à adoção de temasgerais. Essa preferência pode ser de-duzida também da análise da Tabela3, a qual evidencia uma pequena con-cordância entre os educadores quantoà listagem de temas sugeridos.

Levando em conta tais considera-ções, pode-se concluir que os temasquímicos sociais não têm um fim emsi mesmo, mas sim uma função decontextualizar o conhecimento quími-co.c) Linguagem química

Um outro elemento curricularindicado refere-se à linguagem quími-ca (Tabela 2). Sobre esta deve-seconsiderar que, apesar dos educado-

res ressaltarem a importânciade seu estudo, enfatizaramque isso não poderá ser feitode forma exagerada nematravés da memorização dediversos nomes de substân-cias que na sua maioria nãotêm relevância social. Nessesentido, foi destacado pelosentrevistados que a lingua-gem química deve ser vista de

maneira simplificada, mas de modo apermitir ao aluno compreender suaimportância para o conhecimentoquímico, bem como seus princípios ge-rais, a fim de que ele possa interpretaro significado correspondente da simbo-logia química tão freqüentemente em-pregada nos meios de comunicação.

Os entrevistados consideraram im-portante também o conteúdo progra-mático do ensino para o cidadão en-volver cálculos químicos, pois essessão fundamentais para a compreen-são da fenomenologia química, bemcomo para a solução de problemaspráticos do cotidiano (Tabela 2). Toda-via, destacou-se também que tais cál-culos, assim como a linguagem quí-mica, não devem ser explorados demaneira exaustiva, nem pela utilizaçãode algoritmos sem significado para oaluno. Foi enfatizada, ainda, a impor-tância desse estudo ser precedido poruma compreensão qualitativa dosfenômenos a eles relacionados.d) Papel social da ciência

Os educadores enfatizaram a im-portância dos alunos adquirirem umaconcepção de ciência como atividadehumana em construção, o que pode serTabela 2: Considerações gerais sobre o conteúdo programático.

O aluno necessitacompreender os

aspectos relativos àfilosofia da ciência, para

adquirir concepçãoampla do conceito de

química e de seu papelsocial

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e Cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

Nº Categorias %

1 Temas químicos sociais 100

2 Linguagem química simplificada 92

3 Cálculos químicos sem tratamento algébrico excessivo 924 Concepção de ciência como atividade humana em construção 92

e aspectos históricos que caracterizem tal concepção

5 Experimentos químicos simples 92

6 O conteúdo programático deve conter um núcleo conceitual 83mínimo de tópicos químicos fundamentais

7 Aspectos microscópicos do conteúdo químico, por meio de 83modelos simples

8 Aspectos macroscópicos do conteúdo químico 75

9 Concepção do que é química e de seu papel social 67

10 Os conteúdos programáticos não devem ser padronizados 58

11 Os temas químicos sociais devem ser preferencialmente 58de caráter regional

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maioria dos livros didáticos de químicausualmente utilizados pelos professo-res, inverte tal processo, pois não háarticulação entre os níveis macroscó-pico e microscópico, feita por meio deproblematizações. Neste sentido, emgeral, o conteúdo começa a partir doestudo do átomo, sem uma abordagemprévia dos aspectos macroscópicosdas substâncias. Essas, por sua vez,mesmo quando tratadas no início doslivros, enfatizam muito mais sua natu-reza elementar, que serve como critériode classificação para as substânciassimples e compostas, do que sua ca-racterização pelas propriedades físicas.Além disso, o modelo atômico orbital épor demais enfatizado na maioria da-queles livros didáticos.g) Extensão do conteúdo

Pode-se concluir, da análise doselementos curriculares que compõemo conteúdo programático, que suaseleção tem como critério básico oatendimento ao objetivo de embasaro indivíduo sobre os assuntos funda-mentais para sua vida enquanto cida-dão. Isso significa que o conteúdo quí-mico deve ser abordado de modo ater significação social para o aluno.

Nesse sentido, um dos entrevista-dos afirmou:

Conceitos e conteúdos não devemter um fim em si mesmos, mas simserem trabalhados a partir de idéiasgerais que lhes dêem um contexto.

Essa caracterização pode ser de-preendida também pela consideraçãode sete entrevistados de que o ensino

para o cidadão não de-ve ser essencialmente‘conteudista’, no sen-tido de que não devehaver a preocupaçãode estudar todos ostópicos de química nemde aprofundá-los ex-cessivamente. Nesse

sentido, os educadores consideraramser mais fundamental o aluno compre-ender adequadamente os conceitosquímicos que são básicos para o ci-dadão do que ter um estudo amplo devários conceitos sem sua devida com-preensão. Isso se constitui em outradiferença com relação ao ensino atual,uma vez que neste a listagem de

Tabela 3: Temas químicos sociais.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

utilização. A importância dainclusão da experimentaçãoestá na caracterização de seupapel investigativo e de suafunção pedagógica em auxi-liar o aluno na compreensãodos fenômenos químicos.

Ficou evidenciado, tam-bém, que o papel da experi-mentação não deve ser a ‘for-mação de cientistas’, tal comofoi concebido pelos projetosinovadores de ensino deciências da década de 60.f) Abordagem do conteúdoe a articulação entre osníveis macroscópico emicroscópico do conheci-mento químico

Os educadores considera-ram que o conteúdo deveenglobar aspectos tanto do ní-vel macroscópico (fenome-nológico) quanto do microscó-pico (teórico-conceitual; atô-mico-molecular)2. Além disso,enfatizaram que o nível micros-cópico deve ser abordado pe-lo estudo de modelos simplifi-

cados, acessíveis aos alunos, e pelacompreensão anterior de aspectos ma-croscópicos sobre propriedades dosmateriais e suas transformações. Alémdisso, foi destacada a necessidade dehaver articulação entre esses dois níveis,de forma que o aluno consiga compre-ender a estreita relação entre eles.

Essa caracterização constitui-seem mais uma diferença do ensinoatual, uma vez que neste a abordagemdos níveis em questãoé feita de maneira inver-sa ao proposto peloseducadores. Para o es-tudo das substâncias,por exemplo, foi enfati-zada a importânciadessas serem inicial-mente abordadas ma-croscopicamente, pela caracterizaçãode suas propriedades físicas, paraposteriormente se chegar ao estudode seus atributos microscópicos. Alémdisso, foi destacado que no estudo desua constituição não deve ser adotadoo modelo atômico orbital, devido a suacomplexidade.

Já a organização do conteúdo, na

feito, segundo os entrevistados, pormeio de estudos de aspectos históricosdo conhecimento químico (Tabela 2).

Dentro dessa concepção constru-tivista de ciência, cinco dos entrevis-tados enfatizaram a importância de seincluir no conteúdo a compreensão dosignificado dos modelos científicos.Além disso, foi enfatizada a importân-cia do aluno compreender o conceitode química e seu papel social, o queimplica sua caracterização como ciên-cia investigativa e a necessidade decompreender os aspectos relativos àfilosofia da ciência, para adquirir con-cepção ampla do conceito de químicae de seu papel social.e) Experimentação

Outro elemento curricular importan-te enumerado pelos entrevistados foia experimentação (vide tabela 2). Essaatividade curricular contribui para a ca-racterização do método investigativoda ciência em questão.

Por outro lado, os entrevistadosapontaram que não é necessária a uti-lização de laboratórios sofisticados,nem uma ênfase exagerada em sua

Conceitos e conteúdosnão devem ter um fim em

si mesmo, mas simserem trabalhados a

partir de idéias geraisque lhes dêem um

contexto

Nº Categorias %

1 Química ambiental 83

2 Metais, metalurgia e galvanoplastia 58

3 Química dos materiais sintéticos 50

4 Recursos energéticos 50

5 Alimentos e aditivos químicos 42

6 Minerais 42

7 Energia nuclear 42

8 Medicamentos 33

9 Química na agricultura 33

10 Bioquímica 25

11 Água 25

12 Processos industriais 25

13 Petróleo, petroquímica 25

14 Drogas 17

15 Sabões e detergentes 17

16 Plásticos 17

17 Tintas 8

18 Geoquímica 8

19 Vestuário 8

20 Materiais importados pelo Brasil 8

21 Química da arte 8

22 Recursos naturais 8

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32

conteúdos envolve um elevado númerode tópicos químicos.

Compreender tais diferenças é fun-damental para que não haja deturpa-ção dos objetivos centrais que nor-teiam o ensino de química para acidadania e para que se compreendao significado dos conteúdos aborda-dos nesse ensino. Com tal concepçãoé que se discute o item a seguir sobreos tópicos químicos fundamentais pro-postos pelos educadores.h) Tópicos químicos fundamentais

As especificações dos entrevista-dos sobre o conteúdo químico essen-cial para o cidadão foram apre-sentadas, na maioria das vezes, na for-ma de tópicos químicos, e pelo deta-lhamento de conceitos específicos.

Nesse sentido, deve-se destacarque a listagem de tópicos sugerida nãoimplica a inclusão, nos tópicos correla-tos dos atuais livros didáticos dirigidosao ensino médio de química, do con-teúdo programático de todos os con-ceitos usualmente adotados. Issoporque, conforme já enfatizado, há dife-renças significativas nos critérios deseleção de tais conceitos entre o ensinopara o cidadão e o ensino atual.

A diferença de concepções quantoao conteúdo programático citada aci-ma pode ser evidenciada pelas cita-ções a seguir, de vários entrevistados.

Ao se definir o ensino de químicapara formar o cidadão como umaproposta de ensino no nosso país,isto implicará fazer-se uma revisãomuito grande de conteúdo.

Os programas atuais estão‘ultracarregados’, porque o cidadãovive muito bem sem necessitar deuma série de conhecimentos.

Existem muitos conceitos no conteú-do programático de química que de-vem ser descartados, pois são obso-letos, são inúteis, como, por exemplo,os conceitos de isótono e isóbaro.

Com base nessas citações eanalisando a Tabela 4, verifica-se queos tópicos químicos mais fundamen-tais para o cidadão giram em torno doestudo das substâncias, de suas pro-priedades, constituição e transfor-mações químicas. Isso demonstra queo essencial para o cidadão é adquiriruma visão básica sobre o que vem a

ser química e compreender os princi-pais aspectos gerais relativos ao seuobjeto básico de estudo — os mate-riais e suas transformações — o quetambém pode ser depreendido dascitações a seguir.

“Os conceitos fundamentais da quí-mica são encontrados nas muitasdefinições de química. A química é aciência que estuda as transforma-ções, procurando interpretá-las,entendê-las e predizê-las. Então,acho que nós temos que ensinar quea química estuda transformações.”

Eu acho que é fundamental a con-cepção de transformação química.Neste sentido, é importante entendera transformação de maneira maisabrangente, de forma a relacioná-lacom outros conceitos e princípios,pois essa transformação envolveenergia, ocorre em um determinadotempo em uma determinada propor-ção. Então, da própria noção detransformação se deve estudar algu-mas coisas vinculadas que sãoimportantes, assim como as noçõesquantitativas, os aspectos qualitati-vos, as propriedades das substân-cias...

Dessa última citação, depreende-se outro aspecto básico diferenciadordo ensino atual, a estrutura organiza-cional do conteúdo programático.Pois, enquanto os conteúdos usuaisdos atuais livros didáticos abordam ostópicos químicos de maneira isolada,

sem vínculo com os assuntos anterio-res e baseada na divisão clássica emquímica geral, físico-química e químicaorgânica, no conteúdo sugerido peloseducadores há a proposição de seestudar conceitos básicos sempre vin-culados ao conceito central ‘transfor-mação química’.

Todas essas considerações evi-denciam que o ensino de química paraformar o cidadão pauta-se numaestrutura curricular bastante diferenteda atual estrutura dos cursos dequímica de nível médio.

Atividades de ensino-aprendizagem

Ao serem questionados a respeitodas atividades de ensino adequadas àformação da cidadania, os entrevis-tados em geral se detiveram mais emexplicitar princípios metodológicos queem especificar sugestões de atividades.

Apesar da baixa freqüência dascategorias relacionadas a este tema,pode-se constatar que as atividadessugeridas são caracterizadas pela par-ticipação ativa dos alunos, que estimu-lam o desenvolvimento da participaçãocrítica e da capacidade de tomada dedecisão (Tabela 5). As atividadessugeridas são: debates, desempenhode papéis, simulações, solução deproblemas, visitas, projetos, pesquisabibliográfica e projeção de filmes.

Para os educadores, as atividadesprecisam ser desenvolvidas de formaa garantir uma participação ativa do

Tabela 4: Tópicos químicos fundamentais.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e Cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

Nº Categorias %

1 Propriedades das substâncias e dos materiais 100

2 Constituição da matéria 92

3 Transformações químicas 92

4 Aspectos cinéticos das transformações químicas 75

5 Aspectos energéticos das transformações químicas 75

6 Química do carbono 75

7 Aspectos quantitativos das transformações químicas 67

8 Aspecto dinâmico das transformações químicas 58

9 Soluções 50

10 Ligações químicas 50

11 Funções químicas inorgânicas 42

12 Energia nuclear e radioatividade 33

13 Classificação periódica dos elementos químicos 25

14 Estudo dos gases 8

Page 6: Função social do ensino da química

33

da formação da cidadania nem a ou-tro objetivo educacional; ou seja,sua desestruturação é tal que amaioria dos entrevistados afirmouque ele não serve para nada.

ConclusõesA análise aqui apresentada eviden-

cia a necessidade urgente de se bus-car um redirecionamento para a fun-ção do ensino de química atual e umlevantamento de subsídios para suatransformação.

Conclui-se, assim, que a implan-tação do ensino de química paraformar o cidadão implica a busca deum novo paradigma educacionalque venha reformular a atual organi-zação desse ensino. E, nesse senti-do, não basta apenas incluir algunstemas sociais ou dinâmicas de simu-lação ou debates em sala de aula.É preciso ter claro que ensinar paraa cidadania significa adotar uma no-va maneira de encarar a educação,pois o novo paradigma vem alterarsignificativamente o ensino atual,propondo novos conteúdos, meto-dologias, organização do processode ensino-aprendizagem e métodosde avaliação.

Para que isto ocorra, torna-se im-prescindível o comprometimento dosprofessores no sentido de recuperara verdadeira função da educação,buscando, por meio de uma novapostura frente ao aluno, contribuir defato para a construção de umasociedade democrática, cujosmembros sejam cidadãos conscien-tes e comprometidos com a própriatransformação dessa sociedade.

aluno. Essa constatação é evidencia-da na categoria de maior porcenta-gem, que expressa a concepção damaioria dos entrevistados quanto à ne-cessidade da participação e ao seupapel no processo de construção deconhecimento pelo aluno. Isso nos le-va a concluir que, na concepção doseducadores, as atividades mais reco-mendadas são aquelas que propiciemuma participação efetiva do aluno eque desencadeiem seu processo deconstrução de conhecimento.

Finalmente, pode-se levantar comopossível hipótese, para explicar os bai-xos índices apresentados no presentetema, o fato de que na concepção doseducadores o aspecto fundamentalpara o ensino está mais em seu pro-cesso de organização e de abordagemdo conteúdo, por meio de princípiosmetodológicos adequados, do que nautilização de técnicas de ensino. Issoporque, como já comentado, os entre-vistados enfatizaram muito mais os prin-cípios do que as atividades. Tal consta-tação caracteriza, então, uma visão deensino não tecnicista, por parte doseducadores entrevistados.

O ensino de química atual ea formação da cidadania

As informações encontradas nes-te tema vêm reafirmar várias conclu- Tabela 6: Considerações a respeito do ensino atual de química e a formação da cidadania.

QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

sões já discutidas nos te-mas anteriores, pois as crí-ticas destacadas referem-se a pontos contrários aosapontados como caracte-rizadores do ensino dequímica para formar o ci-dadão.

A tese geral apresen-tada pelos educadores é ade que o ensino dequímica atual não tematendido às necessidadesde um curso voltado àformação da cidadania(Tabela 6). Isso implica

reformulação e adoção de váriasmedidas que venham a mudar talsituação. Implica, ainda, desenvol-vimento de estudos sobre propostascurriculares que abranjam desde aadoção de conteúdos maisrelevantes até sugestões de estra-tégias de ensino e de avaliação quese adaptem aos objetivos relaciona-dos com a cidadania.

Finalmente, pode-se destacarque as críticas ao ensino atual dequímica abrangem desde a posturapassiva dos alunos na sala de aula,a qual pode ser explicada pelamaneira como eles têm sido consi-derados na escola, até os métodosde avaliação. Os educadores enfa-tizaram que o ensino de químicaatual não atende nem aos objetivos

Tabela 5: Sugestões de atividades de ensino-aprendizagem.

Ensinar para a cidadaniasignifica adotar uma nova

maneira de encarar aeducação

As atividades de ensino-aprendizagem devem ser

caracterizadas pelaparticipação ativa dos

alunos

Nº Categorias %

1 Debates em sala de aula 75

2 Desempenho de papéis, simulações 25

3 Leitura, análise e discussão de textos 25

4 Solução de problemas 25

5 Visitas a indústrias 17

6 Método investigativo 17

7 Utilização de computador 17

8 Método da redescoberta 8

9 Método de projetos 8

10 Pesquisa bibliográfica 8

11 Projeção de filmes e vídeos 8

Nº Categorias %

1 O ensino atual não tem atendido ao objetivo de formação da 92cidadania

2 O tratamento dos conteúdos programáticos não tem sido adequado 92para propiciar aprendizagem significativa

3 O conteúdo programático do ensino atual não está adequado 83para a formação da cidadania

4 Os professores não têm assumido uma postura comprometida 50com a formação da cidadania

5 O processo de avaliação atual não está adequado 256 Os alunos atualmente têm uma postura passiva e dogmática 25

Page 7: Função social do ensino da química

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QUÍMICA NOVA NA ESCOLA Química e Cidadania N° 4, NOVEMBRO 1996

Notas1 Neste artigo, a expressão “educador

químico” refere-se a profissional que pos-sui formação acadêmica em Química e de-senvolve projetos e/ou pesquisas emensino de Química.

2 O nível macroscópico caracteriza-sepela visualização concreta ou pelo manu-seio de materiais ou substâncias e de suastransformações, bem como pela descri-ção, análise ou determinação de suaspropriedades, enquanto o nível microscó-pico caracteriza-se por uma natureza atô-mico-molecular, isto é, envolvendo expli-cações baseadas em conceitos abstratoscomo átomo, molécula, íon etc., para racio-nalizar, entender e prever o comportamentodas substâncias e de suas transforma-ções.

Para saber mais

BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel e NO-SELLA, Paolo. Educação e cidadania:Quem educa o cidadão? São Paulo: Cor-tez & Autores Associados, 1987. 94 p.

CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão?Trad. Estela dos S. Abreu, Cláudio Santo-ro. Campinas, SP: Papirus, 1991. 241 p.

CHASSOT, Attico Inácio. Catalisandotransformações na educação. Ijuí:Editora Unijuí, 1993. 174 p.

COVRE, Maria de Lourdes Manzini. Oque é cidadania. São Paulo: EditoraBrasiliense, 1991. 78 p.

FERREIRA, Nilda Teves. Cidadania:uma questão para a educação. Rio deJaneiro: Nova Fronteira, 1993. 264 p.

NOTAS

Crédito de figuraNa Figura 4 publicada na p. 10 de

Química Nova na Escola n. 3 faltou oseguinte crédito: Reproduzida compermissão de Ellis, A.B., Geselbracht,M.J., Johnson, B.J., Lisensky, G.C.,Robinson, W.R. Teaching General Che-

mistry: A Materials Science Compa-nion. American Chemical Society:Washington, 1993, p. 307. Copyright1993 American Chemical Society.

Nomes dos elementos 101 a 109Continuam em vigor os nomes

provisórios destes elementos (Química

Nova na Escola n. 2, p. 13-14). Até oinício de novembro a IUPAC não haviatomado qualquer decisão sobre seusnomes definitivos. Provavelmente taldecisão só seja tomada na próximaassembléia geral da IUPAC, em agos-to de 1997, em Genebra, na Suíça.

1º Workshop de Pesquisa em Ensino de QuímicaParalelamente ao VIII Encontro Nacional de Ensino de Química, em Campo

Grande-MS, ocorreu o 1º Workshop de Pesquisa em Ensino de Química, du-rante as quatro manhãs dos dias 23 à 26 de julho p.p., reunindo cerca de 60pesquisadoras e pesquisadores em Ensino de Química que debateram trêsvertentes temáticas- epistemológica, sociológica e psicológica - e suasrelações, contribuições e limitações para o desenvolvimento de investigaçõessobre o Ensino de Química.

O evento foi registrado em vídeo e as fitas serão futuramente colocadas àvenda pela Divisão de Ensino da Sociedade Brasileira de Química, ocorrendoo mesmo com a versão em livros textos, debates e relatos do workshop.

A avaliação do workshop pelos participantes foi positiva, implicando anecessidade da continuidade do mesmo no próximo ano, durante a 20ª Reu-nião Anual da SBQ, em Poços de Caldas - MG, onde pretende-se enfocar atemática dos conhecimentos científicos e dos saberes escolares.

do ensino fundamental e/ou médio, 95professores do ensino superior, 180estudantes de cursos de graduação e53 estudantes de pós-graduação,além de outros profissionais, num to-tal de 650 inscritos, provindos de diver-sos estados. As atividades doseventos compreenderam oito mesasredondas, quatro palestras, 27 mini-cursos, além da apresentação de 53comunicações científicas inéditas e de14 reapresentações, em sessões depainéis.

As atividades dos eventos foramgravadas em vídeo e livros de resumose anais. Sem dúvida, a presençadesse grande número de profissionaisinteressados na área de ensino dequímica e a qualidade dos trabalhosapresentados, bem como dos de-bates, proporcionaram uma excelentee salutar troca de experiências e inter-câmbio entre a comunidade científica.

Maria Celina R. Aydos - UFMS

Ensino de Química e Ciências, promo-vidos pelo Departamento de Químicada Universidade Federal do MatoGrosso do Sul e pela Divisão de Ensinode Química da Sociedade Brasileira deQuímica. Os encontros tiveram a par-ticipação de cerca de 200 professores

NOTÍCIAS SOBRE O VIIIENEQ/VIII ECODEQC

Realizou-se, de 22 a 25 de julhop.p., em Campo Grande - MS, o VIIIEncontro Nacional de Ensino de Quí-mica juntamente com o VIII EncontroCentro-Oeste de Debates sobre o

EVENTOS

Este artigo foi extraído de

SANTOS, Wildson L. P. dos. O en-sino de química para formar o cidadão:principais características e condiçõespara a sua implantação na escola se-cundária brasileira. Dissertação demestrado, Campinas: Faculdade deEducação da Unicamp, 1992.

Wildson Luiz P. dos Santos é licenciado emquímica pela Universidade de Brasília (UnB); mestreem educação na área de metodologia de ensino dequímica pela Universidade Estadual de Campinas(Unicamp). Professor do Departamento de Químicada UnB, Brasília - DF. Roseli PachecoSchnetzler é bacharel e licenciada em química,doutora em educação química. Professora daFaculdade de Educação da Unicamp, Campinas -SP