Fulgor juvenil sessentista

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49 Domingo, 28 de junho de 2009 CULTURA Jornal de Brasília SAIBA + DISCOS Sandra Dualibe convida Cely Curado - A Bossa no Tempo Balangandãs MÚSICA Fulgor juvenil sessentista FOTOS: DIVULGAÇÃO A banda: Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocais), John Entwistl (baixo) e Keith Moon (bateria) Perto de completar 40 anos, álbum ao vivo do The Who chega em terras brasileiras Cristiano Bastos [email protected] R eino Unido. Madrugada do dia 29 de agosto de 1970 – duas e meia da manhã. O The Who sobe ao palco do majestoso festival da Ilha de Wight (espécie de Woodstock britânico). Missão: saciar a audiência de 600 mil fãs que, noite adentro, esperou para ver em ação a uma das mais gigantescas banda de rock desde sempre. Sem aviso pré- vio, o Who solta a arrasa-quarteirão Heaven and Hell – mortífero petardo do vasto repertório do quarteto for- mado por Pete Townshend (gui- tarra), Roger Daltrey (vocais), John Entwistl (contrabaixo) e Keith Moon (bateria). Heaven and Hell , todavia, é só o número de abertura do portentoso concerto The Who: Live at Isle of Wight Festival 1970, que ganhou, no Brasil, sua primeira edição (dupla) em CD. Com potência e fulgor juvenil, o Who executa 30 de suas musculosas can- ções. O lançamento, licenciado di- retamente da marca The Who Group Ltd., é da gravadora brasileira ST2 Records – que vem se destacando, no mercado nacional, pela reedição de uma série de tesouros musicais nun- ca editados por estas bandas. The Who: Live at Isle of Wight tem cadeira cativa (e perene) em qual- quer listagem de "melhores do rock" que se preze. Sua importância é na mesma estante de robustos álbuns de registrados ao vivo – como o ver- melho Slade Alive! (1972), do Slade e Band of Gypsys (1970), de Jimi Hen- drix. No "lado A", o Who ataca com canções, a maioria, até então, des- conhecidas de seu público. A única excessão, no lado A, aos velhos tem- pos (embora a platéria clame por hits como My GenerationCan’t Explain. O restante são canções novíssimas, à época, como a semi-obscura Water –e seus dez minutos de compressão, peso e melodia – e I Don’t Ever Know Myself . A melhor definição para a exu- berância sonora do The Who foi cunhada por Townshend:“Maxi- mum R&B”. Conceito que pode ser traduzido como “Rhythm’n’blues no volume máximo”. Nesse álbum, a performance do Who não encaixa-se direito nos manjados rótulos “heavy metal” ou “hard rock”. Após pre- senciar O Who ao vivo, Rick Wak- man, tecladista do Yes, disse que os quatro integrantes soavam como se fossem oito – tamanha a convição e habilidade com a qual tocavam. No segundo volume de Live at Isle of Wight, o repertório faz, no final, concessão aos power hits. Estão lá Substitute, My Generation e Magic Bus, por exemplo. Novamente, o Who atesta porque era embatível ao vivo, com o medley Shakin’All Over/Spo- onful/Twist and Shout. O crème de la crème, porém, está no set inicial, no qual interpretam a ópera rock Tommy na íntegra. Como diria-se nas rodas de rock por aí: "Matam a pau!" No começo de sua carreira, o Who ficou famoso por destruir completamente seus instrumentos no final dos shows Townshend endiviodou-se por arrebentar guitarras; o alucinado Keith Moon mandava seu kit de bateria pelos ares Live At The Isle of Wight - The Who. 30 faixas. ST2 Records. Preço médio: R$ 25. Ná Ozzetti. NA Records. 15 faixas. R$ 25. Após uma temporada de shows, a cantora paulista Ná Ozzetti lança seu mais novo álbum. Balagandãs traz novos arranjos e interpretações para antigos clássicos da canção popular brasileira. Seu interesse pelo cancioneiro do Brasil remonta os tempos em que integrou o grupo Rumo, nos anos 80. Sandra Duailibe. Sistema Fibra. R$ 20. Trata-se de uma homenagem aos 50 anos da bossa nova. Os registros vão desde A Banca do Distinto, de Billy Blanco, a Samba em Prelúdio, de Baden Powell e Vinícius de Moraes. Entre os autores escolhidos pela cantora estão Simone Guimarães, Carlos Lyra e Tom Jobim.

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Perto de completar 40 anos, álbum ao vivo do The Who chega em terras brasileiras. Jornal de Brasília

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49Domingo, 28 de junho de 2009 C U LT U R AJornal de Brasília

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D IS C O SSandra Dualibe convida CelyCurado - A Bossa no Tempo

Balangandãs

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Fulgor juvenil sessentistaFOTOS: DIVULGAÇÃO

A banda: Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocais), John Entwistl (baixo) e Keith Moon (bateria)

Perto de completar40 anos, álbum aovivo do The Whochega em terrasbrasileiras� Cristiano Bastoscristiano.bastos @jornaldebrasilia.com.br

R eino Unido. Madrugada dodia 29 de agosto de 1970 –duas e meia da manhã. O The

Who sobe ao palco do majestosofestival da Ilha de Wight (espécie deWo o d s t o c k britânico). Missão: saciar aaudiência de 600 mil fãs que, noiteadentro, esperou para ver em ação auma das mais gigantescas banda derock desde sempre. Sem aviso pré-vio, o Who solta a arrasa-quarteirãoHeaven and Hell – mortífero petardodo vasto repertório do quarteto for-mado por Pete Townshend (gui-tarra), Roger Daltrey (vocais), JohnEntwistl (contrabaixo) e Keith Moon(bateria).

Heaven and Hell, todavia, é só onúmero de abertura do portentosoconcerto The Who: Live at Isle of WightFestival 1970, que ganhou, no Brasil,sua primeira edição (dupla) em CD.Com potência e fulgor juvenil, o Whoexecuta 30 de suas musculosas can-ções. O lançamento, licenciado di-retamente da marca The Who GroupLtd., é da gravadora brasileira ST2Records – que vem se destacando, nomercado nacional, pela reedição deuma série de tesouros musicais nun-ca editados por estas bandas.

The Who: Live at Isle of Wight tem

cadeira cativa (e perene) em qual-quer listagem de "melhores do rock"que se preze. Sua importância é namesma estante de robustos álbuns deregistrados ao vivo – como o ver-melho Slade Alive! (1972), do Slade eBand of Gypsys (1970), de Jimi Hen-drix.

No "lado A", o Who ataca comcanções, a maioria, até então, des-conhecidas de seu público. A únicaexcessão, no lado A, aos velhos tem-pos (embora a platéria clame por hitscomo My Generation) é Can’t Explain.O restante são canções novíssimas, àépoca, como a semi-obscura Wa t e r – eseus dez minutos de compressão,peso e melodia – e I Don’t Ever KnowMyself.

A melhor definição para a exu-berância sonora do The Who foicunhada por Townshend:“Maxi-mum R&B”. Conceito que pode sertraduzido como “Rhythm’n’blues novolume máximo”. Nesse álbum, aperformance do Who não encaixa-sedireito nos manjados rótulos “heavymetal” ou “hard rock”. Após pre-senciar O Who ao vivo, Rick Wak-man, tecladista do Yes, disse que osquatro integrantes soavam como sefossem oito – tamanha a convição ehabilidade com a qual tocavam.

No segundo volume de Live atIsle of Wight, o repertório faz, no final,concessão aos power hits. Estão láSubstitute, My Generation e Magic Bus,por exemplo. Novamente, o Whoatesta porque era embatível ao vivo,com o medley Shakin’All Over/Spo -onful/Twist and Shout. O crème de lacrème, porém, está no set inicial, noqual interpretam a ópera rock To m m yna íntegra. Como diria-se nas rodasde rock por aí: "Matam a pau!"

No começo de sua carreira, oWho ficou famoso por destruircompletamente seusinstrumentos no final dos shows

Townshend endiviodou-se porarrebentar guitarras; o alucinadoKeith Moon mandava seu kit debateria pelos ares

Live At TheIsle ofWight - Th eWho. 30faixas. ST2Re c o rd s .Preço médio:R$ 25.

Ná Ozzetti.NA Records.15 faixas.R$ 25. Apósumate m p o ra d ade shows, ac a n to rapaulista Ná Ozzetti lança seumais novo álbum. Balagandãstraz novos arranjos einterpretações para antigosclássicos da canção popularbrasileira. Seu interesse pelocancioneiro do Brasil remonta ostempos em que integrou o grupoRumo, nos anos 80.

S a n d raDuailibe.S i ste m aFibra. R$20. Trata-sede umahomenagemaos 50 anosda bossa nova. Os registros vãodesde A Banca do Distinto, deBilly Blanco, a Samba emPrelúdio, de Baden Powell eVinícius de Moraes. Entre osautores escolhidos pela cantoraestão Simone Guimarães, CarlosLyra e Tom Jobim.