FRUTICULTURA-maracuja

2
 50  JUNHO/2006  A Lavoura FRUTICULTURA  A nov a tec nolog ia pode permitir que os pomares de maracujá voltem a ter uma vida útil de três a cinco anos IDA LONGA e próspera para os pomares de mara- cujá. É o que garante a mini-enxertia, uma tecnologia desen-  vo lv id a pe lo pe sq ui sa do r Ge ra ld o Nogueira, da Embrapa Roraima. O processo consiste na enxertia hipocotiledonar – que é uma pequena abertura na superfície logo abaixo das primeiras folhas – , utilizando plantas  jov ens de sei s a oit o cen tím etr os das  variedades que s e deseja enxertar.  A te cn ol og ia , se gu nd o o pesquisador, é eficiente na produção de mudas de maracujazeiro, pois permite cerca 100% de pegamento e uma precocidade excelente. Quarenta e cinco dias após a enxertia, a muda está pronta para plantio. O modelo convencional leva em média seis meses TECNOLOGIA   garante vida  longa ao maracujazeiro  para obtenção de uma muda em condições de cultivo. Esse processo pode permitir que os pomares de maracujá voltem a ter uma  vida útil de t rês a cinco anos. Hoje, o produtor renova o pomar anualmente devido aos problemas fitossanitários que atacam a cultura no sistema convencional de plantio, que é a propagação por sementes.  As doen ças que ati ngem em cheio os maracujazeiros, como a podridão do colo da planta, a murcha e os nematóides formadores de galhas, são as responsáveis pela baixa produtividade dos pomares em todo o País. Em média, seg undo o pesquisador, a produtividade brasileira de maracujá é de apenas 10 toneladas por hectare. Mas, ao lançar um olhar no futuro, ele acredita que com a enxertia hipocotiledonar os pomares poderão chegar ao nível das melhores performances, produzindo de 40 a 50 toneladas por hectare. A enxertia como processo de propagação, de acordo com Geraldo Nogueira, apresenta também a  va nta gem de per pet uar os mel hor es materiais com as características desejáveis, alta produção e teores elevados de suco e açúcar.  V          B                         D       O    C                U          C    U          U       Lavoura sadia de maracujá  A tecnolog ia permit e 100% de pegame nto das mudas    G    E    R    A    L    D    O     N    O    G    U    E    I    R    A    /    E    M    B    R    A    P    A    R    O    R    A    I    M    A

Transcript of FRUTICULTURA-maracuja

5/10/2018 FRUTICULTURA-maracuja - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fruticultura-maracuja 1/3

50  JUNHO/2006  A Lavoura

FRUT I C UL TURA

 A nova tecnologia

pode permitir que

os pomares de

maracujá voltem a

ter uma vida útil de

três a cinco anos

IDA LONGA epróspera para ospomares de mara-cujá. É o que garantea mini-enxertia, umatecnologia desen-

  volvida pelo pesquisador GeraldoNogueira, da Embrapa Roraima. Oprocesso consiste na enxertiahipocotiledonar – que é uma pequenaabertura na superfície logo abaixo dasprimeiras folhas – , utilizando plantas

 jovens de seis a oito centímetros das variedades que se deseja enxertar.

  A tecnologia, segundo opesquisador, é eficiente na produção demudas de maracujazeiro, pois permitecerca 100% de pegamento e umaprecocidade excelente. Quarenta ecinco dias após a enxertia, a muda estápronta para plantio. O modeloconvencional leva em média seis meses

TECNOLOGIA  garante vida 

longa ao maracujazeiro 

para obtenção de uma muda emcondições de cultivo.

Esse processo pode permitir que ospomares de maracujá voltem a ter uma

 vida útil de três a cinco anos. Hoje, oprodutor renova o pomar anualmentedevido aos problemas fitossanitários queatacam a cultura no sistemaconvencional de plantio, que é apropagação por sementes.

 As doenças que atingem em cheioos maracujazeiros, como a podridão docolo da planta, a murcha e osnematóides formadores de galhas, sãoas responsáveis pela baixaprodutividade dos pomares em todo oPaís. Em média, segundo o pesquisador,a produtividade brasileira de maracujáé de apenas 10 toneladas por hectare.

Mas, ao lançar um olhar no futuro,ele acredita que com a enxertia

hipocotiledonar os pomares poderãochegar ao nível das melhoresperformances, produzindo de 40 a 50toneladas por hectare. A enxertia comoprocesso de propagação, de acordo comGeraldo Nogueira, apresenta também a

 vantagem de perpetuar os melhoresmateriais com as característicasdesejáveis, alta produção e teoreselevados de suco e açúcar.

 V 

   E   M   B   R   A   P   A   M   A   N   D   I   O   C   A   E   F   R   U   T   I   C   U   L   T   U   R   A

Lavoura sadia de maracujá 

 A tecnologia permite 100% de pegamento das mudas 

   G   E   R   A   L   D   O    N

   O   G   U   E   I   R   A   /   E   M   B   R   A   P   A   R   O   R   A   I   M   A

5/10/2018 FRUTICULTURA-maracuja - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fruticultura-maracuja 2/3

 A Lavoura  JUNHO/2006 51

FRUT I C UL TURA

Maior produtorHoje, segundo o IBGE, o Brasil é o

maior produtor mundial de maracujá.Em 2003, por exemplo, o País teve uma

produção de 479 mil toneladas, numaárea de 33 mil hectares. A Bahiacomanda a produção com 77 miltoneladas, em 7,8 mil hectares. São

Paulo é o segundo maior produtor: 58mil toneladas, em 3,7 mil hectares. Oestado de Roraima produziu, em 2002,de acordo com o IBGE, apenas 800toneladas, numa área de 100 hectares.

Planta da família das passaifloráceos,o maracujá tem origem indígena esignifica “mara-cuia” ou “comida de

cuia”. Típico do nordeste brasileiro,o maracujá é produzido durante todoo ano em temperaturas médias de20 a 32 graus. A fruta é fonte

de carboidratos, além de conter vitaminas A, C e o complexo B. Ela érica em sais minerais como cálcio,fósforo e ferro.

O VÍRUS DO MOSAICO dopepino (Cucumber mosaic virus,CMV) foi detectado na Austrália em1963, causando endurecimento nosfrutos de plantas de maracujáafetadas. No Brasil, foi detectado pela

primeira vez em maracujazeiroscultivados em Botucatu – SP. Esta éuma doença que normalmente nãoapresenta alta incidência em plantiospodendo ocorrer, em situaçõesespeciais, altos níveis de infecção.

Os sintomas na folha apresentam-se como mosaico, anéis e semi-anéisde coloração amarelo intensa, às vezescoalescidos, ocupando boa parte dolimbo, pontuações cloróticas nasregiões das nervuras, induzindo levedeformação nas folhas, e os frutostornam-se pequenos, endurecidos e

deformados. No Brasil, em plantas demaracujá amarelo, tem-se observadoque o CMV está restrito às regiõessintomáticas das plantas, podendohaver remissão de sintomas.Geralmente a infecção se restringe àsramas afetadas. Além de São Paulo, o vírus também já foi observado naBahia, Ceará e no Paraná.

 Vírus doMosaico doPepino

em Maracujá C R I S T I A N E   D E J E S U S

B  A R B O S A  

H E R M E S P E I X O T O

S  A N T O F I L H O

PESQUISADORES DA EMBRAPA MANDIOCA E

FRUTICULTURA TROPICAL

O CMV pertence à famíliaBromoviridae, gênero Cucumovirus. Éum vírus isométrico de ca.30 nm emdiâmetro, que tem genoma composto portrês segmentos de RNA de fita simplespositivo. Apresenta um grande númerode espécies hospedeiras, podendo ser

superior a 1000 e está presente emdistintos países e em diferentes condiçõesclimáticas. As estirpes de CMV apresentam grande variabilidadepatogênica e podem ser classificadas emdois subgrupos (CMV-I e CMV-II), deacordo com características moleculares ehospedeiros diferenciais que infectam.Não se conhece o comportamento destasestirpes no maracujazeiro no Brasil.Estudos realizados como outras espécies  vegetais revelaram a prevalência deisolados do subgrupo I na região Sudestedo Brasil, onde predomina o clima tropi-

cal. Regiões com temperaturas maisamenas podem favorecer a prevalência deisolados do subgrupo II.

O CMV é transmitido por pulgõesmas, no Brasil, não se sabe as espécies queo disseminam em maracujá. De igualmodo, pouco se sabe sobre os danos àcultura do maracujá quando em infecçõesmistas com outros vírus. Em hortaliças, na

maioria das vezes, a transmissão doCMV isoladamente é mais eficientedo que em mistura com outros vírus,tanto através de aquisição simultâneacomo seqüencial. Em maracujá, atransmissão do CMV porinstrumentos de corte utilizados no

manejo da cultura ou por sementesde plantas afetadas não é conhecida.Entretanto, em outras espéciescomerciais estes tipos de transmissãosão importantes para a disseminaçãodo CMV nas lavouras.

 A trapoeraba (Commelina sp .) éhospedeira do CMV e podeconstituir fonte de inóculo dopatógeno em pomares comerciais.

ControleCom as informações atualmente

disponíveis sobre a doença,recomendam-se práticas preventivaspara o seu controle:

1. Na formação de mudas:

- Evitar o plantio em áreas comhistórico de ocorrência da doença.

- Utilizar mudas formadas em áreasdistantes de plantios afetados ouprotegidas com telas anti-afídicas.

- Utilizar sementes de plantas sadiaspara a formação de mudas.

2. No manejo da cultura:

- Erradicar pomares velhos afetados.

- Manter o pomar limpo de plantasinvasoras, possíveis hospedeiras do vírus e de vetores.

- Estabelecer o pomar longe deoutros cultivos hospedeiros do CMV,como as cucurbitáceas e solanáceas.

- Erradicar plantas afetadasdo pomar.

   E   M   B   R   A   P   A   M   A   N   D   I   O   C   A   E   F   R   U   T   I   C   U   L   T   U   R   A

Folha apresentando sintomas do vírus 

5/10/2018 FRUTICULTURA-maracuja - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/fruticultura-maracuja 3/3