Frei Luís de Sousa

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Frei Luís de Sousa – Almeida Garrett Ato I Passa-se numa “câmara antiga com todo o luxo e caprichosa elegância do século XVII”, no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada. Este espaço elegante pretende corresponder à felicidade e harmonia familiar que aí se vive. Cena I e II Madalena lê o episódio de Inês de Castro dos Lusíadas. Este permite fazer a analogia entre amores de D. Pedro e D. Inês e de Madalena e de Manuel Sousa Coutinho. Nas duas histórias existe a pureza e a intensidade amorosa e a morte ou separação dos amantes. Madalena com 13 anos casou-se com D. João de Portuga, que integrou o exército liderado por D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir a 4 de Agosto de 1578. D. João de Portugal desapareceu na batalha, mas como o seu corpo nunca foi encontrado, Madalena ordenou buscas com o objetivo de o encontrarem. Essas buscas duraram sete anos, após os quais se casou com Manuel Sousa Coutinho com quem tem uma filha, Maria. D. Madalena pede a Telmo que não faça nenhuma referência junto de Maria a possibilidade do regresso de D. Sebastião que desapareceu na batalha de Alcácer Quibir. D. Madalena pretende proteger a sua filha da dúvida que ensombra a sua família, uma vez que o regresso de D. João de Portugal implicaria o fim do seu casamento com Manuel de Sousa Coutinho e a desonra da sua filha. Cena III a VI É feito o retrato físico e psicológico de Maria.

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Resumo das cenas

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Frei Luís de Sousa – Almeida Garrett

Ato I

Passa-se numa “câmara antiga com todo o luxo e caprichosa elegância do século XVII”, no palácio de Manuel de Sousa Coutinho, em Almada.

Este espaço elegante pretende corresponder à felicidade e harmonia familiar que aí se vive.

Cena I e II

Madalena lê o episódio de Inês de Castro dos Lusíadas. Este permite fazer a analogia entre amores de D. Pedro e D. Inês e de Madalena e de Manuel Sousa Coutinho. Nas duas histórias existe a pureza e a intensidade amorosa e a morte ou separação dos amantes.

Madalena com 13 anos casou-se com D. João de Portuga, que integrou o exército liderado por D. Sebastião, na batalha de Alcácer Quibir a 4 de Agosto de 1578. D. João de Portugal desapareceu na batalha, mas como o seu corpo nunca foi encontrado, Madalena ordenou buscas com o objetivo de o encontrarem. Essas buscas duraram sete anos, após os quais se casou com Manuel Sousa Coutinho com quem tem uma filha, Maria.

D. Madalena pede a Telmo que não faça nenhuma referência junto de Maria a possibilidade do regresso de D. Sebastião que desapareceu na batalha de Alcácer Quibir. D. Madalena pretende proteger a sua filha da dúvida que ensombra a sua família, uma vez que o regresso de D. João de Portugal implicaria o fim do seu casamento com Manuel de Sousa Coutinho e a desonra da sua filha.

Cena III a VI

É feito o retrato físico e psicológico de Maria.

Retrato físico: aspeto frágil; é doente havendo várias referências a sua saúde frágil. Teria provavelmente tuberculose, doença comum na época (séc. XIX) da produção/escrita da obra. Lema das características atribuídas aos doentes era extraordinária capacidade auditiva. Maria era capaz de ouvir sons que mais ninguém conseguia ouvir.

Retrato psicológico: é perspicaz, possuí uma intuição premonitória (prevê o futuro), que é alimentada pelos sonhos e pelas deduções a partir do que vê, do que ouve e do que lê. É corajosa e destemida, idealista, utópica.

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Cena VII

A entrada de Manuel de Sousa Coutinho desencadeia os seguintes acontecimentos: É dada como certa a vinda dos governadores de Lisboa para Almada, concretamente, para casa de Manuel de Sousa Coutinho; É transmitida a decisão que este tomou em relação à saída da família daquela casa; É dada a informação de que sairão naquela noite para a casa que tinha pertencido a D. João de Portugal.

Reações a decisão de Manuel de Sousa Coutinho:

Maria – elogiou a decisão do pai apoiando incondicionalmente a oposição da liderança por seu pai;

Madalena – é mais contida, aconselha prudência ao marido; Quando percebe que a decisão implica a mudança de palácio para o palácio de D. João de Portugal fica assustada, manifestando o seu desagrado.

Cena VIII a XIII

D. Madalena pede ao marido para não irem para o palácio de D. João de Portugal, utilizando vários argumentos relacionados com o medo que sente relativamente a uma possível interferência do primeiro marido no seu casamento com Manuel de Sousa Coutinho. Manuel de Sousa Coutinho considera que esses argumentos emocionais sem qualquer validade e os medos de D. Madalena desadequados a sua condição social e à racionalidade que o momento exige. Ao incendiar a sua casa, Manuel de Sousa Coutinho revela-se extremamente patriota, corajoso e despegado dos bens materias. D. Madalena não consegue salvar o retrato do marido. A destruição desse retrato funciona como prenuncio a destruição da família e da separação física do casal que se vai realizar no terceiro ato.

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II Ato

Acontece “no palácio que fora de D. João de Portugal, em Almada; salão antigo, de gosto melancólico e pesado, com grandes retratos de família…”.

As memórias do passado e soturnidade deste espaço indicam fatalidade.

Cena I a III

Maria cita o início da novela “Menina e moça”, de Bernardim Ribeiro autor do século XVI. A Frase citada por Maria pode ser um indício de que situação semelhante pode acontecer com ela “Menina e moça me levaram de casa dos meus pais”.

Maria entusiasma-se na descrição do incendio do palácio de seu pai, considerando-o um espetáculo bonito e, para além disso, sente-se orgulhosa da atitude de seu pai. Ao contrário, D. Madalena ficou aterrorizada pois no incendio perdeu o retrato do marido e pensa que essa perda é apenas um prenúncio de desgraça maior.

Durante a conversa com Telmo, Maria identificou o retrato de D. Sebastião e de Luís Camões. Telmo não quer que Maria conheça a identidade do terceiro retrato porque se trata de D. João de Portugal.

É Manuel de Sousa Coutinho que revela a identidade do retrato, caracterizando-o como alguém nobre e corajoso.

Cena IV a VIII

Maria quer ir com o pai a Lisboa, pois deseja visitar a Sóror Joana de Castro, uma freira, de comum acordo com o marido decidiu separar-se indo cada um para o seu convento.

Embora num primeiro momento tenha mostrado relutância em leva-la devido a peste existente em Lisboa, Manuel de Sousa Coutinho decidiu fazer a vontade a filha por considerar que ela precisava de respirar outros ares, alegrar-se um pouco e fugir ao clima pesado do palácio.

Madalena fica assustada e ansiosa com a ida do marido e da filha a Lisboa porque está com receio de os perder. Mostra também que não está de acordo com a atitude da Sóror Joana (deixar tudo e professar numa ordem religiosa).

Telmo procura acalmar D. Madalena, dizendo-lhe que a peste já tinha acabado e que Manuel já não seria preso por ter negado acolhimento aos governadores incendiando o seu palácio.

A calma de D. Madalena dura pouco quando sabe pelo marido que é sexta feira, dia azarado para ela e que ficará sozinha no palácio com Frei Jorge.

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Cena IX a X

Frei Jorge está preocupado porque, ao ver a angústia dos seus familiares, sente que está a ser contagiado por ela.

D. Madalena teme que aquele dia lhe traga alguma desgraça porque foi numa sexta feira que D. Sebastião desapareceu em Africa, foi nesse dia da semana que casou com D. João de Portugal e foi ainda numa sexta feira Manuel de Sousa Coutinho. Ela considera que cometeu um bravo pecado quando viu Manuel de Sousa Coutinho e se apaixonou por ele porque ainda estava casada com D. João de Portugal e foi como se o tivesse traído.

Cena XI a XV

A partida de Manuel de Sousa Coutinho para Lisboa deixa D. Madalena ansiosa e, por isso, esta pede a Miranda (criado) que esteja atento ao regresso de seu marido.

Miranda informa D. Madalena e Frei Jorge que um Romeiro vindo da Palestina lhe trazia um recado e, somente a ela o podia entregar.

Depois de alguma hesitação, D. Madalena recebe o Romeiro, ficando a saber que este esteve cativo na Palestina durante vinte anos, onde sofreu maus tratos e passou fome, que não tem filhos, a família julga-o morto e conta apenas com um único amigo. O Romeiro diz a D. Madalena que deve a sua liberdade a outro cativo, de quem não sabe o nome e que lhe pediu que entregasse um recado a D. Madalena.

Perante as afirmações do Romeiro Frei Jorge pede-lhe que identifique o emissor do recado, nos quadros que estavam na sala. O Romeiro aponta para o retrato de D. João de Portugal, o que faz com que D. Madalena saia da sala aterrorizada.

À pergunta de Frei Jorge, o Romeiro identifica-se como sendo ninguém.

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Ato III

Passa-se na capela, que se situa na “na parte baixa do palácio de D. João de Portugal”. “É um casarão vasto sem ornato algum”.

O espaço simboliza e carateriza o mundo da espiritualidade em que os bens materiais não fazem sentido.

Cena I e II

Manuel de Sousa Coutinho sente-se desesperado, infeliz e revoltado devido ao regresso de D. João de Portugal. Sente que cometeu um grave erro que tem que ser reparado e que o vai separar da mulher e da filha.

Perante a situação trágica em que a família se encontra, Manuel de Sousa Coutinho está indeciso sobre o destino que quer para sua filha. Por outro lado, deseja que ela viva, pois Maria não tem culpa dos erros dos pais, é apenas uma vítima dos seus pecados; Por outro lado, sabe que, caso ela viva vai ser muito infeliz porque a sociedade irá desprezar.

Cena III e IV

Telmo debate-se com grande dilema. Após a partida para a guerra de D. João de Portugal, Telmo sentiu sempre o desejo forte do seu regresso. Depois do nascimento de Maria, afeiçoou-se de tal modo preferia não ver mais D. João de Portugal. Com o seu regresso, Telmo sabe que Maria não resistirá.

Cena V e VI

Telmo pede a Deus que conserve a vida de quem ajudou a criar e o Romeiro pensa que esta prece é a seu favor, pois também a ele Telmo o criou. Além disso, ainda não sabe da existência de Maria.

Na conversa com Telmo, D. João de Portugal consta que o seu regresso não é bem vindo e que causará infelicidade então, ordena a Telmo que vá dizer a D. Madalena que o Romeiro era um impostor, um enviado dos inimigos de Manuel de Sousa Coutinho e que já tinha ido embora D. João de Portugal toma esta atitude para não manchar o nome de D. Madalena e também a sua honra. Confessa que o seu regresso foi imprudente, injusto e cruel.

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Cena VII a X

Ao constatar que as noticias a cerca de D. João de Portugal irão dissolver o seu casamento e desonra-la a ela e a filha, D. Madalena tenta convencer-se de que se precipitou ao acreditar nas palavras de um vagabundo que ninguém valoriza as suas desconfianças, ainda que contrariada, aceita o seu destino.

D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho tomam a mesma atitude de Sóror: entrar para um convento. No entanto, ao contrário desta, D. Madalena foi forçada a faze-lo.

Cena XI e XII

Durante a cerimónia religiosa em que D. Madalena e Manuel de Sousa Coutinho tomam o hábito, Maria surge desesperada e muito debilitada, culpabilizando D. João de Portugal, a quem apelida de “O outro”, pela desgraça que se abateu sobre a sua família.

Maria quando ouve a voz do Romeiro (D. João de Portugal) morre, a cerimónia religiosa prossegue.