FREEMIND – 20/01/2013

Numa manhã de sexta feira, ao término da Celebração Eucarística bem simples, Pe. Haroldo, como sempre faz, deu a palavra aos jovens que estavam na Capela, para expressarem o que sentiam, ou fazerem suas orações e agradecimentos. Havia um jovem, que não havia comungado, nem se envolvido com a Celebração. Foi um dos primeiros a falar: “Pe. Haroldo, eu não concordo com esta celebração, com as coisas que acontecem nesta Capela”. O Padre sorriu, e lhe perguntou se ele tinha alguma religião. Rapidamente ele respondeu que era evangélico. A face do Padre mudou, olhou bem para o jovem, e disse: “Voce não é nada, se fosse evangélico não usaria drogas, pois a sua religião é tão boa quanto a minha”. Me lembro de ter acompanhado o tratamento deste jovem até o fim, e um bom tempo ainda, foi voluntario, algumas vezes até como seu motorista.

Todas as sextas, às 06:20hs, há 17 anos, coloco uma pequena fração do Evangelho, adaptado à realidade dos jovens, e posso ver o brilho em seus olhos, quando compreendem que são amados e desejados por Deus, quando aceitam que ainda falta um milagre para Jesus realizar, que é tocar seus corações e transformar suas vidas. São filhos pródigos voltando para a casa do Pai, que não lhes pergunta onde estavam, o que fizeram longe de seus olhos. O Pai os abraça, lhes devolve a dignidade de filhos, o respeito, não se importa com o passado, apenas se alegra porque estavam perdidos e foram encontrados, estavam mortos e voltaram a viver.

A Espiritualidade preenche completamente o vazio deixado pelas drogas, provoca uma sensível transformação em sua auto estima, porque sentem que voltaram a ser amados, e se perdoam pelo tempo de vida que deixaram de viver.

No carnaval, pascoa e Natal, realizamos Retiros Espirituais na Fazenda e nas demais casas, e os Coordenadores sempre nos dizem que a semana seguinte é riquíssima de aproveitamento, as casas irradiam harmonia. O que lhes oferecemos? O mesmo amor de Deus que um dia nos tocou, e nos colocou a serviço dos que precisam ser amados. Uma pessoa amada experimenta toda a sensação de felicidade, e isto a transforma.

O Aldo, livre das drogas há mais de 10 anos, foi convidado a tocar “Galhos Secos” para 80 jovens que participavam de um TLC. O combinado era só tocar, e sair de fininho. Quando terminou a canção, a Capela estava em silenciosa oração, ele esticou seu longo braço, apontando o Sacrário, e disse: “Experimentei todas as drogas, muitas que vocês nem nunca ouviram falar, mas nada me deu tanto prazer quanto experimentar o amor deste Jesus”...minha palestra não precisou de mais nenhuma palavra. Conheço centenas de Aldos.

A Espiritualidade não é um remendo novo no velho homem, é a tomada de consciência de que sou amado e desejado por Deus, sou uma criatura nova todos os dias...”Eis que faço novas todas as coisas...”.

Jesus Cristo foi um grande psicólogo, compreendeu profundamente a alma humana, um grande psiquiatra, iluminando os porões das mentes perturbadas, um amoroso médico, curando e transformando todos os que se colocaram em seu caminho. É um Santo remédio, sem contra indicações, para todos os que desejam se libertar da escuridão das drogas.

Digo sempre aos jovens, que a dependência química é a única doença em que o remédio está dentro deles: “basta dizer não!”.

A Espiritualidade, aliada à psicologia, à psiquiatria, é uma fantástica ferramenta de transformação da vida do dependente químico. É graça, é de graça, basta aceitar

Geraldo Rossi

Espiritualidade – Instituição Padre Haroldo