Francisco de Assis

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46 F F F rancisco de Assis tornou-se para a humanidade um dos maiores exemplos de fraternidade, bon- dade e humildade. A grandeza de sua missão ultra- passa todos os limites das palavras, referências es- critas ou crenças religiosas. Encarnou junto a outros missionários com o propó- sito de trazer o equilíbrio e a ponderação às igrejas. Em uma época dominada pelas forças trevosas da inquisição e das cruzadas, a Itália como toda a Europa daquele tempo, vivia uma fase bastante conflituosa. Nasceu em 26 de setembro de 1182, na cidade de Assis, província da Úmbria no centro da Itália, como filho de Pedro Bernardone, um rico comerciante de tecidos da região, homem rústico e impiedoso e de Maria Picalline, uma mulher doce e dedicada ao lar. Apesar do luxo da casa, conta-se que sua mãe, ao en- frentar grandes complicações durante o parto e até perigo de vida, teria recebido uma intuição para que tivesse o filho no estábulo da casa, junto aos animais, seguindo o exemplo do Mestre Jesus, e aproveitando a ausência de seu marido em longas viagens de tra- balho, assim procedeu. Chegou ao mundo aquele que se tornaria o missionário da paz. A conversão de Francisco Francisco cresceu em meio à riqueza e ao incen- tivo do pai para que desfrutasse dos bens que o di- nheiro e o poder poderiam lhe proporcionar. Para não criar maiores problemas com o inflexível Sr. Bernardone, Francisco passou a freqüentar a socie- dade e a viver os prazeres terrenos, mas sua alma desejava ardentemente vôos maiores, e cada vez mais a força espiritual começou a desabrochar em seu coração. Sem saber que direção seguir, vivenciou diversas situações até encontrar seu verdadeiro caminho. En- frentou a prisão no período de guerra entre a região de Assis, sua cidade natal e Perugia, onde todos os habitantes foram convocados para a defesa. De vol- ta a liberdade, decidiu ser cavaleiro por acreditar que poderia desta forma defender sua pátria, mas sem- pre orientado pelo plano espiritual, não prosseguiu na idéia. Novos rumos foram surgindo. Como fora acostumado aos princípios da Igreja de Roma, as manifestações mediúnicas não foram com- preendidas prontamente. Resolveu então meditar e orar para tentar desvendar o sentido das “vozes in- teriores”, que ouvia constantemente. Em uma de suas meditações, pediu com toda sua fé que Deus lhe direcionasse os passos. Logo recebeu uma comunica- ção dizendo: “Constrói a minha igreja, com o objeti- vo de restabelecer o sentido dos fundamentos do Evangelho dentro dela, ao invés de guerras e sangue em nome da religião”. A princípio, não entendendo o alcance do chamado e vendo que a igreja de São Damião, que freqüentava, necessitava urgentemen- te de reforma, regressou para Assis, entrou na loja paterna, e vendeu finos tecidos levando o dinheiro obtido para as mãos do sacerdote da capela, ofere- cendo-se para ajudá-lo na reconstrução, com suas próprias mãos. Como resultado de sua atitude impe- tuosa, foi repudiado e deserdado pelo pai, que pas- sou a duvidar de seu estado mental e convencido de Grandes espíritos Por Érika Silveira ENQUANTO A IGREJA ROMANA ESTAVA PRESA EM SEUS DOGMAS E AMBIÇÕES, ELE VEIO AO MUNDO PARA RESGATAR A PUREZA DOS ENSINAMENTOS DE JESUS

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Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo.

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FFFFF rancisco de Assis tornou-se para a humanidadeum dos maiores exemplos de fraternidade, bon-

dade e humildade. A grandeza de sua missão ultra-passa todos os limites das palavras, referências es-critas ou crenças religiosas.

Encarnou junto a outros missionários com o propó-sito de trazer o equilíbrio e a ponderação às igrejas.Em uma época dominada pelas forças trevosas dainquisição e das cruzadas, a Itália como toda a Europadaquele tempo, vivia uma fase bastante conflituosa.

Nasceu em 26 de setembro de 1182, na cidade deAssis, província da Úmbria no centro da Itália, comofilho de Pedro Bernardone, um rico comerciante detecidos da região, homem rústico e impiedoso e deMaria Picalline, uma mulher doce e dedicada ao lar.Apesar do luxo da casa, conta-se que sua mãe, ao en-frentar grandes complicações durante o parto e atéperigo de vida, teria recebido uma intuição para quetivesse o filho no estábulo da casa, junto aos animais,seguindo o exemplo do Mestre Jesus, e aproveitandoa ausência de seu marido em longas viagens de tra-balho, assim procedeu. Chegou ao mundo aquele quese tornaria o missionário da paz.

A conversão de FranciscoFrancisco cresceu em meio à riqueza e ao incen-

tivo do pai para que desfrutasse dos bens que o di-nheiro e o poder poderiam lhe proporcionar. Paranão criar maiores problemas com o inflexível Sr.Bernardone, Francisco passou a freqüentar a socie-dade e a viver os prazeres terrenos, mas sua alma

desejava ardentemente vôos maiores, e cada vezmais a força espiritual começou a desabrochar emseu coração.

Sem saber que direção seguir, vivenciou diversassituações até encontrar seu verdadeiro caminho. En-frentou a prisão no período de guerra entre a regiãode Assis, sua cidade natal e Perugia, onde todos oshabitantes foram convocados para a defesa. De vol-ta a liberdade, decidiu ser cavaleiro por acreditar quepoderia desta forma defender sua pátria, mas sem-pre orientado pelo plano espiritual, não prosseguiuna idéia. Novos rumos foram surgindo.

Como fora acostumado aos princípios da Igreja deRoma, as manifestações mediúnicas não foram com-preendidas prontamente. Resolveu então meditar eorar para tentar desvendar o sentido das “vozes in-teriores”, que ouvia constantemente. Em uma de suasmeditações, pediu com toda sua fé que Deus lhedirecionasse os passos. Logo recebeu uma comunica-ção dizendo: “Constrói a minha igreja, com o objeti-vo de restabelecer o sentido dos fundamentos doEvangelho dentro dela, ao invés de guerras e sangueem nome da religião”. A princípio, não entendendoo alcance do chamado e vendo que a igreja de SãoDamião, que freqüentava, necessitava urgentemen-te de reforma, regressou para Assis, entrou na lojapaterna, e vendeu finos tecidos levando o dinheiroobtido para as mãos do sacerdote da capela, ofere-cendo-se para ajudá-lo na reconstrução, com suaspróprias mãos. Como resultado de sua atitude impe-tuosa, foi repudiado e deserdado pelo pai, que pas-sou a duvidar de seu estado mental e convencido de

Grandes espíritos

Por Érika Silveira

ENQUANTO A IGREJA ROMANA ESTAVA PRESA EM SEUS DOGMAS E AMBIÇÕES, ELE

VEIO AO MUNDO PARA RESGATAR A PUREZA DOS ENSINAMENTOS DE JESUS

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que a decisão do filho não teria volta, decidiu recor-rer ao Bispo, instaurando-se um julgamento, para quelhe devolvesse tudo quanto recebera dele. Francis-co então se desfez de tudo até ficar nu; jogou os tra-jes e o dinheiro aos pés de seu pai, e exclamou: “Atéagora chamei de pai a Pedro Bernardone. Doravantenão terei outro pai, senão o Pai Celeste”.

A verdadeira construção da igrejaTrabalhou durante um longo tempo, achando que

deveria reconstruir a igreja no sentido material e aotérmino da restauração da última igreja do local, acapelinha de Santa Maria, passou a questionar o quefaria depois. Certa ocasião, durante uma missa, es-cutou o padre contando uma das passagens contidas

no Evangelho, dizendo: “Nada leveis para o caminho,nem bordão, nem pão, nem dinheiro, nem deveis terduas túnicas” (Lucas 9,3). Francisco a partir desteexato momento exclamou cheio de alegria: “É issoprecisamente que quero! É isso que desejo de todo ocoração!”. Finalmente descobriu que mais do querestaurar o concreto material, deveria restabelecero verdadeiro sentido da palavra de Jesus.

Abandonou a família, os bens terrestres e em suaescolha, recebeu apoio e admiração de uns e de ou-tros o desprezo. Mas com suas palavras doces e sábi-as, foi conquistando muitos amigos e seguidores,apesar da resistência do clero. Todos que o ouviamse enchiam de novas esperanças e ficavam extasiadosdiante de um homem aparentemente franzino e frá-gil, capaz de com o poder da sua fé e de um simplestoque de suas mãos amorosas curar chagas de lepro-sos e doentes da alma.

Trabalhou incessantemente sem jamais aceitarnenhum reconhecimento, nem mesmo promoçãoeclesiástica. O movimento franciscano começou a de-senvolver-se como uma ordem religiosa, com um nú-mero de membros tão grande que foi necessária a cri-ação de províncias. Grupos de frades foram encami-nhados por toda extensão da Itália e fora dela.

A Ordem das ClarissasAinda durante o período de captação de recursos

para as obras da igreja, Francisco pedia ajuda cantan-do canções tão lindas que chegavam a causar sensaçãode grande emoção nos expectadores. Em uma dessasocasiões, durante uma missa dominical, duas belasmoças pararam para escutar as músicas do pedinte,quando ele se dirigiu à menina Clara e disse: “ Vinde eajudai-me na reconstrução da igreja de São Damião, queserá no futuro, mosteiro de senhoras cuja vida e famahá de dar glória à igreja e ao nosso Pai Celeste”.

Naquele momento, a força do passado unia nova-mente duas almas afins, que em seu grau de eleva-ção maior escolheram a condição de um amor semapegos terrenos para vivê-lo de forma pura e verda-deira na caridade.

PEDIU AOS ESPÍRITOS SUPERIORES QUE LHE CONCEDESSEM PROVAR AINDA MAIS O

PODER DE SUA FÉ, E QUE PARA ISSO, O DEIXASSEM PASSAR PELAS DORES FÍSICAS;

AS MESMAS CHAGAS DE CRAVOS E ESPINHOS ABERTAS NO CORPO DE JESUS

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Clara de Assis que compartilhava dos mesmos ide-ais de amor e doação ao próximo. Tornou-se a primeirareligiosa franciscana, fundou a Ordem das Clarissas e foiresponsável pela continuidade do ideal de Francisco.

Reconhecimento da IgrejaNo ano de 1210, Francisco e seus seguidores via-

jaram confiantes até Roma para buscar a aprovaçãodo Papa Inocêncio III. Nessa ocasião, o Bispo de As-sis, grande admirador de Francisco, ajudou a conven-cer o papa a recebe-lo. Apesar da resistência inicial,marcaram uma segunda audiência. Na mesma sema-na o Papa recebera em sonho uma revelação. Reco-nheceu que era o próprio Deus quem inspirava Fran-cisco a viver os ensinamentos do Cristo tão verdadei-ramente, concedendo-lhe autorização para pregar oEvangelho nas igrejas, marcando o nascimento ofici-al da Ordem Franciscana.

A prova final e seu desencarneTrabalhou durante anos na tarefa de doação e pro-

pagação dos ensinamentos de Cristo. Com o tempo suasforças físicas foram-se exaurindo e pressentindo a pro-ximidade de seu desencarne recolheu-se no MonteAlverne para sentir, mais de perto, a presença de Deus.Em sua humildade e resignação, pediu aos espíritos su-periores que lhe concedessem provar ainda mais o po-

der de sua fé, e que para isso, o deixassem passar pelasdores físicas; as mesmas chagas de cravos e espinhosabertas no corpo de Jesus. Assim procedeu,direcionando cada passo de penitência sem exitar ereclamar. Após cumprir bravamente as provas do cor-po, Francisco de Assis, o doce servo de Jesus, partiupara o plano espiritual em 3 de outubro de 1226, maspermanecerá eternamente vivo no coração daquelesque buscam o aprimoramento espiritual.

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz!Onde houver ódio, que eu leve o amor,Onde houver ódio, que eu leve o amor,Onde houver ódio, que eu leve o amor,Onde houver ódio, que eu leve o amor,Onde houver ódio, que eu leve o amor,onde houver ofensa, que eu leve o perdão,onde houver ofensa, que eu leve o perdão,onde houver ofensa, que eu leve o perdão,onde houver ofensa, que eu leve o perdão,onde houver ofensa, que eu leve o perdão,onde houver discórdia, que eu leve a união,onde houver discórdia, que eu leve a união,onde houver discórdia, que eu leve a união,onde houver discórdia, que eu leve a união,onde houver discórdia, que eu leve a união,onde houver dúvida, que eu leve a fé,onde houver dúvida, que eu leve a fé,onde houver dúvida, que eu leve a fé,onde houver dúvida, que eu leve a fé,onde houver dúvida, que eu leve a fé,onde houver erro, que eu leve a verdade,onde houver erro, que eu leve a verdade,onde houver erro, que eu leve a verdade,onde houver erro, que eu leve a verdade,onde houver erro, que eu leve a verdade,onde houver desespero, que eu leve a esperança,onde houver desespero, que eu leve a esperança,onde houver desespero, que eu leve a esperança,onde houver desespero, que eu leve a esperança,onde houver desespero, que eu leve a esperança,onde houver tristeza, que eu leve a alegria,onde houver tristeza, que eu leve a alegria,onde houver tristeza, que eu leve a alegria,onde houver tristeza, que eu leve a alegria,onde houver tristeza, que eu leve a alegria,onde houver trevas, que eu leve a luz!onde houver trevas, que eu leve a luz!onde houver trevas, que eu leve a luz!onde houver trevas, que eu leve a luz!onde houver trevas, que eu leve a luz!Ó Mestre, fazei que eu procure maisÓ Mestre, fazei que eu procure maisÓ Mestre, fazei que eu procure maisÓ Mestre, fazei que eu procure maisÓ Mestre, fazei que eu procure maisconsolar que ser consolado,consolar que ser consolado,consolar que ser consolado,consolar que ser consolado,consolar que ser consolado,compreender que ser compreendido,compreender que ser compreendido,compreender que ser compreendido,compreender que ser compreendido,compreender que ser compreendido,amar que ser amado.amar que ser amado.amar que ser amado.amar que ser amado.amar que ser amado.Pois é dando que se recebe,Pois é dando que se recebe,Pois é dando que se recebe,Pois é dando que se recebe,Pois é dando que se recebe,perdoando que se é perdoado,perdoando que se é perdoado,perdoando que se é perdoado,perdoando que se é perdoado,perdoando que se é perdoado,e é morrendo que se vivee é morrendo que se vivee é morrendo que se vivee é morrendo que se vivee é morrendo que se vivepara a vida eterna!para a vida eterna!para a vida eterna!para a vida eterna!para a vida eterna!

Oração de São Francisco de Assis

NA MESMA SEMANA O PAPA RECEBERA EM SONHO UMA REVELAÇÃO. RECONHECEUQUE ERA O PRÓPRIO DEUS QUEM INSPIRAVA FRANCISCO