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FRANCISCO BEJA| PRODUO EQUINA DA COUDELARIA NACIONAL EM ALTER DO CHO

A caminho dos trs sculos na criao e preservao da raa do cavalo lusitanoA fundao da Coudelaria de Alter em Portugal no foi um ato ocasional e isolado. Surgiu como corolrio lgico de um tempo histrico e de uma poltica coudlica, personificados em D. Joo V, o Rei Magnnimo. A ordem da Junta do Estado e Casa de Bragana, de 9 de Dezembro de 1748, marca a fundao da Coudelaria de Alter, e tem o significado simblico de Registo da Tapada do Arneiro como Solar do cavalo de Alter-Real, e o documento fundacional da Coudelaria de Alter foi emitido por D.Joo V. ao Rei D. Jos I que, quase inteiramente, cabe o mrito da es-truturao da Coudelaria de Alter.

Viajmos at ao concelho de Alter do Cho, no corao do Alentejo e passada a rotunda onde um monumento com um impo-nente cavalo d as boas vindas e contornan-do o castelo a cerca de 4 Km da Vila, che-gamos Tapada do Arneiro, e a 267 anos de histria; a designao da herdade onde est localizada a Coudelaria de Alter, sen-do uma propriedade integralmente mura-da, com uma rea aproximada de 800 ha, com um notvel patrimnio natural de gran-de valor paisagstico, florstico e faunstico, disponibilizando ainda a fruio de circuitos arqueolgicos e diversos motivos de interes-se histrico-cultural e ambiental, que con-tribuem para que a Coudelaria de Alter seja um ponto de passagem obrigatrio no Alto Alentejo. Ao longo dos 267 anos a nvel or-ganizacional este patrimnio do Estado e de todos ns, conheceu diferentes formas orga-nizacionais, mas sempre, entre outros com o mesmo objectivo criao do cavalo lusita-

ANTNIO FREITAS (TEXTO E FOTOS)

no; preservar e valorizar o patrimnio gen-tico e cultural que a Coudelaria de Alter en-cerra e simboliza.

Assim e j depois do virar do milnio foi extinto, pelo Decreto-Lei n. 48/2007, o Ser-vio Nacional Coudlico e foi instituda a Fun-dao Alter Real, mas passados seis anos, pelo Decreto-Lei n. 109/2013 de 1 de Agos-to foi extinta a Fundao Alter Real e trans-ferido o patrimnio mobilirio e imobilirio da Coudelaria de Alter, assim como a sua manuteno, preservao e explorao para a Companhia das Lezrias, SA, que passa a reunir, esta entidade pblica, as Coudelarias de Alter, Nacional e da Companhia das Le-zrias, facilitando a implementao e o de-senvolvimento de uma poltica nica equina. A histria das duas Coudelarias Alter Real (AR) e Nacional (CN) no podem ser desli-gadas da Histria de Portugal e representam um patrimnio cultural que importa preser-var e divulgar.

Visitar e conhecer, deveras enriquecedor.

A RAA LUSITANASomos recebidos pelo engenheiro zootc-

nico e apaixonado pelos cavalos, Francis-co Beja, responsvel pela produo animal, nascido no corao do Ribatejo Santarm, que se dedica com profissionalismo e pai-xo, na Tapada do Arneiro, coudelaria e s guas de ventre da Coudelaria de Alter, que so exploradas num regime semi-extensivo, ou seja, pastam em liberdade sendo recolhi-das de manh a fim de ser administrado o complemento alimentar e ser feito o contro-lo reprodutivo. Na Tapada o efectivo animal ronda os 300 animais, sendo as guas cer-ca de sessenta e de cujos ventres nascero, aps inseminao artificial com smen reco-lhido dos melhores cavalos, os sucessores da espcie, que so os embaixadores do cavalo no mundo e dignificam o nome de Portugal.

A vinda das guas, do campo para o mon-te, um acontecimento marcante, esperan-do-se a novidade de ter havido partos du-rante a noite e poder observar-se os recm nascidos em simultneo com as mes. Os nascimentos ocorrem a partir de Janeiro e prolongam-se at princpios de Maio fican-do os poldros, este perodo, sempre acom-panhados das respectivas progenitoras. Fran-cisco Beja conhece os animais todos pelo seu nome, e basta aproximar-se dos mesmos no campo que notamos logo uma familiarida-de entre a gua, e quem todos os dias as ro-deiam. O som dos chocalhos em cadncia ecoa por entre sobreiros e azinheiros e o cho rebuscado de cada bolota que cai das rvo-res. Francisco Beja vai-nos desvendando os segredos tudo no cavalo tem que ser tratado e olhado como um atleta de alta competio, o respeito que temos que ter pelo cavalo e pelo atleta tem que ser rigorosamente o mes-mo. A nutrio, o acompanhamento veterin-rio, o ferrador, existe aqui quase um tringulo amoroso, onde o binmio que est no meio ( cavalo/cavaleiro) em que num vrtice tem o

veterinrio, no outro o ferrador e no outro vr-tice o criador ou proprietrio. Regressado de uma presena no Salo do Cavalo de Marro-cos de El Jadida (antiga Mazago). Francis-co Beja, de 36 anos de idade vai-nos falando enquanto no pra um segundo, falando com o tratador, olhando gua a gua, os pastos, a fonte de alimentao proteica natural que so os chaparros e continua isto so elos de uma corrente e se quebrar o elo, no existem resultados desportivos e as coisas vo aca-bar por se desmoronar. Tem que haver, aqui, uma cumplicidade s entre todos estes inter-venientes, que do o sucesso final e o suces-so final conseguirmos fazer com que cava-los nossos cheguem ao topo da competio na modalidade mais representativa do PSL, atravs das provas mais importantes no mun-do equestre como os Jogos Olmpicos ou aos

OS CAVALOS QUE SE EXPORTAM E CRIAM RIQUEZA AO PAS

Os produtores de equinos em Espanha so um dos principais compradores de cavalos de raa puro-sangue Lusitano da Coudelaria de Alter do Cho. Todos os anos se realiza a 24 de Abril o leilo em Alter. H muita exportao de equinos de raa Lusitana para Espanha, mas tambm existem criadores de outros pontos da Europa interessados nestes animais. Os criadores franceses e belgas so outros dos principais compradores do nosso cavalo.

O cavalo de raa puro-sangue Lusitano, nas linhas genticas Alter Real e Coudelaria Nacional, est tambm na base da criao de coudelarias de renome em Portugal, j que um vasto nmero de coudelarias nacionais foram criadas a partir de animais adquiridos em Alter do Cho. A Escola Portuguesa de Arte Equestre monta exclusivamente cavalos de pelagem castanha de ferro Alter Real, nascidos e criados na Coudelaria.

Todos os anos, muitos criadores no apenas nacionais, mas vindos tambm das re-gies espanholas da Extremadura e da Andaluzia, de Frana e da Blgica, marcam pre-sena no evento. A Coudelaria de Alter do Cho, fundada em 1748 por D. Joo V, desen-volve atualmente trabalhos de seleco e melhoramento de cavalos Lusitanos e na rea de investigao, possuindo ainda uma unidade clnica dotada de todos os meios para o acompanhamento e tratamento mdico. As instalaes da Coudelaria de Alter do Cho albergam ainda, entre outras estruturas, um plo da Universidade de vora, outro de for-mao profissional e infra-estruturas hpicas e desportivas.

O turismo temtico e ambiental e a falcoaria so outras das reas que fazem parte do dia-a-dia da estrutura alentejana.

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Jogos Equestres Mundiais. E registe-se com sucesso a Coudelaria de Alter j teve um ca-valo, o Rubi, nos Jogos Olmpicos de Londres 2012, bem como nos Jogos Equestres Mun-diais e campeonato da Europa e espera ter outro cavalo Alter Real nos Jogos Olmpicos no Rio de Janeiro de 2016 de nome Viheste.

Vivemos num sonho permanente e em termos zootcnicos sabemos que um cavalo X com a gua Y d um cavalo lusitano que pode ter um valor. O chegarmos ao campo e ver um poldro nascido, ou cavalaria, es-tamos constantemente a alimentar o sonho ser que desta? O nosso objetivo me-lhorar o nvel mdio dos animais. O cavalo uma espcie pecuria mas muitssimo di-ferente de todas as outras e medida pela performance desportiva ao contrrio das ou-

tras espcies como por exemplo nas galinhas pelo nmero de ovos que pem, vacas pelos litros de leite ou quilos de carne ou porcos pelo nmero de leites e quilos de carne. O cavalo avaliado pela performance desporti-va. tambm um cavalo de lazer, e ns nisso temos um vasto mercado porque o cavalo lu-sitano um cavalo muito afvel, muito prxi-mo, de grande docilidade, de grande sujeio

e versatilidade e encaixa com estes atributos, mas mas somos mais ambiciosos e depois destacam-se alguns animais que chegam a altos patamares de performance desportiva. A nossa vocao est na dressage no ensi-no de competio, que a modalidade base

A Coudelaria de Alter presente nas mais importantes feiras internacionais da temti-ca do cavalo, cumpre segundo Francisco Beja o protocolo de Estado, representa Portugal e depois d a conhecer o produto cavalo lu-sitano e regista temos que chegar a mer-cados internacionais, com mais expanso do que o fizemos at agora. Infelizmente exis-tem muitas barreiras sanitrias para chegar a mercados como a China, Mdio Oriente, Amrica do Norte, frica do Sul. Estas barrei-ras tm de ser ultrapassadas para que a raa tenha efetivamente expanso mundial. H muita gente no mundo que conhece o nosso cavalo e temos aqui um objetivo de base e de fundo preservar o nosso patrimnio, esse o nosso papel principal e para o qual traba-lhamos todos os dias. Somos s um gro de areia dentro da ampulheta de tempo do que Coudelaria de Alter.

Atividade de paixo pela sua ligao ao mundo rural desde pequeno, Francisco Beja, fala-nos com emoo e brilho nos olhos de fazer aquilo que gosta e na Faculdade des-perta-lhe o gosto pela parte animal e na par-te animal entendeu, segundo nos diz- cava-los que . O seu trabalho de fim de curso tem a ver com a reproduo e ligao Fa-culdade de Medicina Veterinria, atravs de trabalhos cientficos no incio laboral e o bi-chinho ficou.

O cavalo representa um valor patrimonial ativo, como tem o valor ativo da produo do seu smen e a sua venda. O valor do smen de um cavalo de competio varia entre os mil e os dois mil euros. Este o valor que ter de pagar qualquer criador pela insemi-nao de uma gua com smen de um gara-nho que dar direito a um poldro.

Sou um apologis