Francis Ponge- Poemas 2

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A LARANJA Como na esponja há na laranja uma aspiração a recobrar a compostura após ter sido submetida à prova da expressão. Mas, onde a esponja é sempre bem-sucedida, a laranja nunca: pois suas células rebentaram, seus tecidos se rasgaram. Enquanto só a casca se restabelece molemente em sua forma graças a sua elasticidade, um líquido de âmbar se derramou, acompanhado de refresco, de perfume suaves, sem dúvida mas frequentemente também da consciência amarga de uma expulsão prematura de sementes. Será preciso tomar partido entre essas duas maneiras de suportar mal a opressão? A esponja não é senão músculo e se enche de vento, de água limpa ou de água suja, conforme: essa ginástica é ignóbil. A laranja sabe melhor, mas é por demais passiva e esse sacrifício odorante… é entregar -se realmente muito barato ao opressor. Mas não é o bastante o que se disse da laranja ao lembrar seu modo particular de perfumar o ar e de regalar o seu algoz. É mister acentuar a coloração gloriosa do líquido que disso resulta, e que, mais que o suco do limão, obriga a laringe a abrir-se largamente tanto para a pronúncia da palavra quanto para a ingestão do líquido, sem fazer nenhum beicinho apreensivo com a anteboca, da qual não faz eriçarem-se as papilas. E fica-se, de resto, sem palavras para confessar a admiração que merece o envoltório do tenro, frágil e róseo balão oval nesse espesso mata-borrão úmido cuja epiderme extremamente delgada mas muito pigmentada, acerbamente sápida, é justo assaz rugosa para capturar condignamente a luz sobre a perfeita forma da fruta.

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Poemas de Francis Ponge

Transcript of Francis Ponge- Poemas 2

  • A LARANJA

    Como na esponja h na laranja uma aspirao a recobrar a

    compostura aps ter sido submetida prova da expresso.

    Mas, onde a esponja sempre bem-sucedida, a laranja

    nunca: pois suas clulas rebentaram, seus tecidos se

    rasgaram. Enquanto s a casca se restabelece molemente em

    sua forma graas a sua elasticidade, um lquido de mbar se

    derramou, acompanhado de refresco, de perfume suaves, sem

    dvida mas frequentemente tambm da conscincia amarga

    de uma expulso prematura de sementes.

    Ser preciso tomar partido entre essas duas maneiras de

    suportar mal a opresso? A esponja no seno msculo e

    se enche de vento, de gua limpa ou de gua suja, conforme:

    essa ginstica ignbil. A laranja sabe melhor, mas por

    demais passiva e esse sacrifcio odorante entregar-se

    realmente muito barato ao opressor.

    Mas no o bastante o que se disse da laranja ao lembrar

    seu modo particular de perfumar o ar e de regalar o seu

    algoz. mister acentuar a colorao gloriosa do lquido que

    disso resulta, e que, mais que o suco do limo, obriga a

    laringe a abrir-se largamente tanto para a pronncia da

    palavra quanto para a ingesto do lquido, sem fazer nenhum

    beicinho apreensivo com a anteboca, da qual no faz

    eriarem-se as papilas.

    E fica-se, de resto, sem palavras para confessar a admirao

    que merece o envoltrio do tenro, frgil e rseo balo oval

    nesse espesso mata-borro mido cuja epiderme

    extremamente delgada mas muito pigmentada, acerbamente

    spida, justo assaz rugosa para capturar condignamente a

    luz sobre a perfeita forma da fruta.

  • Mas ao fim de um estudo por demais breve, realizado to

    redondamente quanto possvel preciso chegar semente.

    Esse gro, da forma de um minsculo limo, oferece por fora

    a cor da madeira branca do limoeiro, por dentro um verde de

    ervilha ou de germe tenro. nele que se encontram, aps a

    exploso sensacional da lanterna veneziana de sabores, cores

    e perfumes que constitui o prprio balo frutado a dureza

    relativa e o verdor (alis, no inteiramente inspido) da

    madeira, do galho, da folha: em suma, pequena, embora com

    certeza a razo de ser da fruta.

    GUA

    Abaixo de mim, sempre abaixo de mim se encontra a gua.

    com os olhos baixos que sempre a vejo. Como o solo, como

    uma parte do solo, como uma modificao do solo.

    Ela branca e brilhante, informe e fresca, passiva e

    obstinada em seu nico vcio: o peso; dispondo de meios

    excepcionais para satisfazer esse vcio: contornando,

    traspassando, erodindo, filtrando.

    Dentro dela esse vcio tambm brinca: ela desaba sem cessar,

    renuncia a toda forma a cada instante, tende somente a se

    humilhar, deita-se de bruos no cho, quase cadver, como

    os monges de certas ordens. Sempre abaixo: tal parece ser

    seu lema: o contrrio de Excelsior.

    *

    Poderamos quase dizer que louca a gua, por esta histrica

    necessidade, que a possui como ideia fixa, de obedecer

    somente ao seu prprio peso.

  • Certamente tudo no mundo conhece essa necessidade, que

    sempre e em todos os lugares deve ser satisfeita. Esse

    armrio, por exemplo, mostra-se bastante teimoso em seu

    desejo de aderir ao solo, e se um dia encontrar-se em

    equilbrio instvel, preferir atirar-se a resistir. Mas enfim,

    em certa medida, ele brinca com o peso, desafia-o: no

    desaba com todas as suas partes, seus moldes e molduras

    no se conformam. H nele uma resistncia em prol de sua

    personalidade e de sua forma.

    Lquido por definio o que prefere obedecer ao peso a

    manter a forma, o que rechaa toda postura para obedecer ao

    seu peso. E, por causa dessa ideia fixa, de seu mrbido

    escrpulo, perde toda compostura. Desse vcio, que o torna

    rpido, precipitado ou estagnado; amorfo ou feroz, amorfo e

    feroz, feroz perfurante, por exemplo; astuto, filtrante,

    circundante; tanto que podemos fazer dele o que quisermos, e

    conduzir a gua por tubos para faz-la depois jorrar

    verticalmente, a fim de fruir enfim seu modo de se precipitar

    como chuva: uma verdadeira escrava.

    ... Entretanto, o sol e a lua tm cime dessa influncia

    exclusiva, e tentam exercer seu poder sobre ela quando se

    oferece em grandes extenses, sobretudo se ela estiver em

    estado de mnima resistncia, dispersa em finas poas. O sol,

    ento, lhe cobra alto tributo. Ele a fora a um ciclismo

    perptuo, e a trata como um esquilo em sua roda.

    *

    A gua me escapa... me escorre entre os dedos. E, ainda

    mais! No sequer to definida (como um lagarto ou um

    sapo): ainda me restam traos dela nas mos, manchas

    relativamente lentas para secar ou que preciso enxugar. Ela

    me escapa e, contudo, me marca, independentemente de

    minha vontade.

  • Ideologicamente d no mesmo: ela me escapa, escapa a toda

    definio, mas deixa rastros, manchas informes em meu

    esprito e sobre o papel.

    *

    Inquietude da gua: sensvel mnima alterao da

    declividade. Pulando as escadas com dois ps ao mesmo

    tempo. Brincalhona, de obedincia pueril, voltando

    imediatamente quando, atravs da mudana da inclinao

    para este lado, ela chamada

    CHUVA

    A chuva, no ptio em que a olho cair, desce em andamentos muito diversos. No centro, uma fina cortina (ou rede)

    descontnua, uma queda implacvel mas relativamente lenta de gotas provavelmente bastante leves, uma precipitao

    sempiterna sem vigor, uma frao intensa do meteoro puro. A pouca distncia das paredes da direita e da esquerda caem

    com mais rudo gotas mais pesadas, individuadas. Aqui parecem do tamanho de um gro de trigo, l de uma ervilha,

    adiante quase de uma bola de gude. Sobre o rebordo, sobre o parapeito da janela a chuva corre horizontalmente ao passo

    que na face inferior dos mesmos obstculos ela se suspende em balas convexas. Seguindo toda a superfcie de um

    pequeno teto de zinco abarcado pelo olhar, ela corre em camada muito fina, ondeada por causa de correntes muito

    variadas devido a imperceptveis ondulaes e bossas da cobertura. Da calha contgua onde escoa com a conteno de

    um riacho fundo sem grande declive, cai de repente em um filete perfeitamente vertical, grosseiramente entranado, at o solo, onde se rompe e espirra em agulhetas brilhantes.

    Cada uma de suas formas tem um andamento particular; a cada uma corresponde um rudo particular. O todo vive com

    intensidade, como um mecanismo complicado, to preciso quanto casual, como uma relojoaria cuja mola o peso de

    uma dada massa de vapor em precipitao. O repique no solo dos filetes verticais, o gluglu das calhas, as

  • minsculas batidas de gongo se multiplicam e ressoam ao

    mesmo tempo em um concerto sem monotonia, no sem delicadeza.

    Quando a mola se distende, certas engrenagens por algum tempo continuam a funcionar, cada vez mais lentamente,

    depois toda a maquinaria pra. Ento, se o sol reaparece, tudo logo se desfaz, o brilhante aparelho evapora: choveu.

    (Trad: Jlio Castaon Guimares)

    O ENGRADADO

    A meio caminho de engraado e degradado a lngua

    portuguesa possui engradado, simples caixote de ripas espaadas fadado ao transporte desses frutos que, com a

    mnima sufocao, adquirem fatalmente uma molstia. Armado de maneira que no termo de seu uso possa ser

    quebrado sem esforo, no serve duas vezes. Desse modo, dura menos ainda que os gneros fundentes ou nebulosos

    que encerra. Assim, em todas as esquinas das ruas que levam aos

    mercados, reluz com o brilho sem vaidade do pinho branco. Novinho em folha ainda, e um tanto aturdido por se encontrar numa pose desajeitada na via pblica, jogado fora

    sem retorno, esse objeto , em suma, dos mais simpticos - sobre a sorte do qual, todavia, convm no repisar muito.

    (Trad: Adalberto Mller Jr. e Carlos Loria)

    A OSTRA

    A ostra, do tamanho de um seixo mediano, tem uma aparncia mais rugosa, uma cor menos uniforme,

    brilhantemente esbranquiada. um mundo recalcitrantemente fechado. Entretanto, pode-se abri-lo:

    preciso ento agarr-la com um pano de prato, usar de uma faca pouco cortante, denteada, fazer vrias tentativas. Os dedos curiosos ficam trinchados, as unhas se quebram: um

    trabalho grosseiro. Os golpes que lhe so desferidos marcam

  • de crculos brancos seu invlucro, como halos.

    No interior encontra-se todo um mundo, de comer e de beber: sob um "firmamento" (propriamente falando) de madreprola,

    os cus de cima se encurvam sobre os cus de baixo, para formar nada mais que um charco, um sach viscoso e

    verdejante, que flui e reflui para a vista e o olfato, com franjas de renda negra nas bordas.

    Por vezes mui raro, uma frmula peroliza em sua goela ncar, e algum encontra logo com que se adornar.

    (Trad: Igncio Antonio Neis e Michel Peterson)

    OS PRAZERES DA PORTA

    Os reis no tocam nas portas.

    No conhecem essa ventura: fazer avanar docemente ou com

    rudeza um desses grandes painis familiares, voltar-se em sua direo para recoloc-lo no lugar - ter nos braos uma porta.

    ... A ventura de empunhar no ventre pelo n de porcelana um desses altos obstculos de um cmodo; o corpo-a-corpo

    rpido pelo qual por um instante o passo se detm, o olho se abre e o corpo inteiro se acomoda ao seu novo aposento.

    Com a mo amiga retm ainda, antes de empurr-la decididamente e encerrar-se - o que o estalido da mola

    potente mas bem azeitada agradavelmente lhe assegura.

    (Trad: Adalberto Mller Jr. e Carlos Loria)

    O FOGO

    O fogo estabelece uma classificao: primeiro, todas as chamas se encaminham em uma direo...

    (S se pode comparar a andadura do fogo dos animais: preciso que desocupe este lugar para ocupar aquele outro;

    caminha a um s tempo como ameba e como girafa, o pescoo frente, os ps rampantes)...

    Depois, ao passo que as massas metodicamente

  • contaminadas se aniquilam, os gases liberados vo-se

    transformando numa s rampa de borboletas.

    (Trad: de Jlio Castaon Guimares)

    O PEDAO DE CARNE

    Cada pedao de carne uma espcie de fbrica, moinhos e lagares de sangue.

    Tubulaes, altos fornos, cubas vizinhos de martelos piles, coxins de graxa.

    O vapor jorra, fervente. Fogos sombrios ou claros encarnam-se.

    Sarjetas a cu aberto carreiam escrias e fel. E lentamente, noite, morte, todas essas coisas se

    resfriam. Breve, se no a ferrugem, pelo menos outras reaes

    qumicas se produzem, liberando odores pestilncias.

    (Trad: Jlio Castaon Guimare)

    O MOLUSCO

    O molusco um "ser-quase-uma qualidade". Ele no

    necessita de vigamento, mas de um anteparo apenas, algo como a cor no tubo.

    Aqui a natureza renuncia apresentao do plasma em toda sua forma. Mostra apenas que lhe est apegada, abrigando-o

    cuidadosamente num escrnio cuja face interior a mais bela.

    No , pois, um simples escarro, mas uma realidade das mais preciosas.

    O molusco dotado de uma energia possante para se fechar. A bem dizer, no mais que um msculo, um gonzo, uma

    mola e sua porta. Duas portas ligeiramente cncavas constituem toda a sua morada.

    Primeira e ltima morada. Reside ali at depois de sua morte.

  • Nada se pode fazer para tir-lo dali vivo.

    A menor clula do corpo do homem se apega assim, e com essa fora, palavra - e reciprocamente.

    Mas, s vezes, um outro ser vem violar essa tumba, quando est bem-feita, e nela se fixar no lugar do construtor

    defunto. o caso do paguro.

    (Trad: Adalberto Mller Jr. e Carlos Loria)

    O INSIGNIFICANTE

    "O que h de mais atrativo que o azul, a no ser uma nuvem,

    na dcil claridade? Por isso prefiro ao silncio uma teoria qualquer e, mais ainda,

    a uma pgina branca um escrito quando passa por insignificante.

    todo meu exerccio e meu suspiro higinico."

    (Trad: Jlio Castaon Guimares

    A PAISAGEM

    O horizonte, sobrelinhado com acentos vaporosos, parece escrito em pequenos caracteres, com tinta mais ou menos

    plida segundo os jogos de luz. Do que est mais prximo, no usufruo mais do que como de

    um quadro, Do que est ainda mais prximo, do que como de esculturas,

    ou arquiteturas, A seguir, da prpria realidade das coisas a meus ps, como

    de alimentos, com uma sensao de verdadeira indigesto, At que finalmente em meu corpo tudo se engolfa e levanta

    vo pela cabea, como que por chamin que desembocasse em pleno cu.

    (Trad: Jlio Castaon Guimares)

  • MY CREATIVE METHOD

    Sidi-Madani, quinta-feira, 18 de dezembro de 1947

    Sem dvida no sou muito inteligente: em todo caso as idias

    no so o meu forte. Sempre fui iludido por elas. As opinies mais bem fundamentadas, os sistemas filosficos mais

    harmoniosos (os mais bem constitudos) sempre me pareceram absolutamente frgeis, me provocaram uma certa repugnncia, vazio na alma, uma penosa sensao de

    inconsistncia. No me sinto de modo algum seguro das proposies que lano durante uma discusso. As que me so

    opostas parecem-me quase sempre igualmente vlidas; digamos, para sermos exatos: nem mais nem menos vlidas.

    Posso ser convencido, desarmado com facilidade. E quando digo que posso ser convencido: trata-se, seno de alguma

    verdade, pelo menos da fragilidade de minha prpria opinio. Alm do mais, o valor das ideias parece-me na maioria dos

    casos em razo inversa ao ardor empregado para exp-las. O tom da convico (e mesma da sinceridade) adotado, assim

    me parece, tanto para convencer-se a si mesmo quanto para convencer o interlocutor, e mais ainda talvez para "substituir"

    a convico. De qualquer modo, para substituir a verdade ausente das proposies emitidas. Eis o que sinto de modo

    bem forte. Assim, as ideias como tal parecem-me aquilo de que sou

    menos capaz, e no me interessam mesmo. Vocs me diro sem dvida que aqui h uma ideia (uma opinio)... mas: as ideias, as opinies me parecem dirigidas em cada um de ns

    por algo que no o livre-arbtrio ou o juzo. Nada me parece mais subjetivo, mais epifenomenal.

    No compreendo muito que as pessoas se jactem delas. Eu acharia insuportvel que se pretendesse imp-las. Querer

    apresentar sua opinio como vlida objetivamente, ou em termos absolutos, parece-me to absurdo quanto afirmar por

    exemplo que os cabelos louros cacheados so mais "verdadeiros" que os cabelos pretos lisos, o canto do rouxinol

    mais perto da verdade que o relincho do cavalo. (Em compensao sou bastante propenso formulao e talvez

    tenha algum dom para ela. "Eis o que voc quer dizer..." e em

  • geral obtenho daquele que falava a concordncia com a

    frmula que lhe proponho. Este um dom de escritor? Talvez.)

    Caso um pouco diferente o do que chamarei de constataes; digamos, se preferirem, as ideias

    experimentais. Sempre me pareceu desejvel que houvesse um entendimento, seno quanto s opinies, pelo menos

    quanto a fatos bem determinados, e se isso ainda parece muito pretensioso, pelo menos quanto a algumas definies slidas.

    Talvez fosse natural que com tais disposies (desgosto pelas ideias, gosto pelas definies) eu me dedicasse ao

    recenseamento e definio em primeiro lugar dos objetos do mundo exterior e entre eles daqueles que constituem o

    universo familiar dos homens de nossa sociedade, em nossa poca. E por qu, me objetaro, recomear o que foi feito em

    vrias oportunidades e bem estabelecido nos dicionrios e enciclopdias? Mas, responderei, por que e como que

    existem vrios dicionrios e enciclopdias na mesma lngua na mesma poca e que suas definies dos mesmos objetos

    no so Idnticas? Sobretudo, como que no caso parece estar mais em questo a definio das palavras que a

    definio de coisas? Por que posso ter essa impresso, para dizer a verdade bastante extravagante? Por que essa

    diferena, essa margem inconcebvel entre a definio de uma palavra e a descrio da coisa que essa palavra designa?

    Por que as definies dos dicionrios nos parecem to lamentavelmente desprovidas de concreto e as descries (dos romances ou poemas, por exemplo) to incompletas (ou muito

    particulares e detalhadas, ao contrrio), to arbitrrias, to temerrias? No poderamos imaginar uma espcie de

    escritos (novos) que, situando-se mais ou menos entre os dois gneros (definio e descrio), tomariam emprestados do

    primeiro sua infalibilidade, sua indubitabilidade, sua brevidade tambm, do segundo seu respeito pelo aspecto

    sensorial das coisas...

    ( Trad: Jlio Castaon Guimares)

    APOCALIPSES

  • 1

    Com a aurora a ressumar, este sinal: em minha janela, uma rvore nua.

    2 Um grito esquartejou a aurora.

    Ao homem que retomara o espelho, pareceu-lhe que uma nova noite o invadia.

    Suplicava que lhe fosse poupada essa insustentvel evidncia.

    (Trad: Jlio Castaon Guimares