França,NathaliePiccolotto

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO – QUALIDADE, MEIO AMBIENTE, SEGURANÇA E SAÚDE: RECOMENDAÇÕES PARA IMPLEMENTAÇÃO EM EMPRESAS CONSTRUTORAS DE EDIFÍCIOS Nathalie Piccolotto França Orientador: Prof. Dr. Flávio Augusto Picchi 2009

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO SISTEMA INTEGRADO DE GESTO QUALIDADE, MEIO AMBIENTE, SEGURANA E SADE: RECOMENDAES PARA IMPLEMENTAO EM EMPRESAS CONSTRUTORAS DE EDIFCIOS Nathalie Piccolotto Frana Orientador: Prof. Dr. Flvio Augusto Picchi 2009 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO SISTEMA INTEGRADO DE GESTO QUALIDADE, MEIO AMBIENTE, SEGURANA E SADE: RECOMENDAES PARA IMPLEMENTAO EM EMPRESAS CONSTRUTORAS DE EDIFCIOS Nathalie Piccolotto Frana Orientador: Prof. Dr. Flvio Augusto Picchi Dissertao apresentada Comisso de Ps-GraduaodaFaculdadedeEngenharia Civil,ArquiteturaeUrbanismoda UniversidadeEstadualdeCampinaspara obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Civil. Orientador: Prof. Dr. Flvio Augusto Picchi Campinas, 2009 2

FICHACATALOGRFICAELABORADAPELABIBLIOTECADAREADEENGENHARIAEARQUITETURA-BAE-UNICAMP F844s Frana, Nathalie Piccolotto Sistema integrado de gesto qualidade, meio ambiente, segurana e sade: recomendaes para implementao em empresas construtoras de edifcios / Nathalie Piccolotto Frana. --Campinas, SP: [s.n.], 2009. Orientador: Flvio Augusto Picchi. Dissertao de Mestrado - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo. 1. ISO 9000.2. ISO 14000.3. Industria de construo civil.I. Picchi, Flvio Augusto.II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo.III. Ttulo. Ttulo em Ingls: Integrated management system - quality, environmental, occupational health and safety: recommendations for implementation in building companies Palavras-chave em Ingls: ISO 9000, ISO 14000, Buildings industry rea de concentrao: Arquitetura e Construo Titulao: Mestre em Engenharia Civil Banca examinadora: Marina Sangoi de Oliveira Ilha, Francisco Ferreira Cardoso Data da defesa: 18/02/2009 Programa de Ps Graduao: Engenharia Civil 4 Dedicatria A meus pais e amigos JosFranaFilhoeTniaPiccolotto,que me incentivaram e apoiaram. A Deus, que me guarda e protege. Aos amigos que me deram foras e valorizaram meus esforos, em especial, a Ana, Mrcia, Patrcia, Iamara, Pedro e Marcus. AUNICAMP,timauniversidade,quemeproporcionou oportunidades de crescimento pessoal e profissional.AoscolegaseprofessoresdaUNICAMPquesempreestiveram dispostos a ajudar. 5 Agradecimentos Agradeo ao professor Dr. Flvio Augusto Picchi pelo acompanhamento, orientao e dedicao.Sua capacidade de simplificar os momentos mais complicados admirvel e me ajudou, diversas vezes, a renovar o nimo e entusiasmo pela pesquisa.A Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo, FAPESP, pelo auxlio financeiro. As empresas que permitiram a realizao dos estudos de caso: Bosch Campinas I, Terminal de So Sebastio da Transpetro, Camargo Corra, Andrade Gutierrez e Construtora Tecnum.Aosprofissionaisentrevistadosquecompartilharamseusconhecimentoseagregaramvalor pesquisa:SrgioGregrio,RikioAnzai,CludioSantosdeOliveira,OlympioAzambujade Castro Neto, Giselle Martinelle Chunques, Eduardo J os Lotto Galvo, Leandro J os de Faria Penteado,CarlosFernandoFeu,RonanGonalvesFerreira,UbiratanJ osDeSenaFerreira, J orge Batlouni Neto, lvaro Cordero, Meire Cristina Itamy, Ana Ingenieri, Claudia Dudzevitch, Engenheiro Erike e Engenheiro Murilo. Aosprofessoreseamigosqueincentivarameajudaramnoenriquecimentodemeumestrado: Marina Ilha, Francisco Cardoso, Ariovaldo Denis Granja, Maria Lucia Galves, Emlia Rutkowski e J os Luiz Antunes de Oliveira e Sousa.6 Resumo FRANA, Nathalie Piccolotto Sistema Integrado de Gesto Qualidade, Meio Ambiente, Segurana e Sade: Recomendaes para implementao em empresas construtoras de edifcios - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, 2009, Dissertao de Mestrado. OsSistemasIntegradosdeGesto(SIG)quecontemplamGestodaQualidade(NBR/ISO 9001), Ambiental (NBR/ISO 14001) e de Segurana e Sade no Trabalho (OHSAS 18001) so relativamente novos na construo civil brasileira; no entanto, em diversos outros setores o uso dosSIGjlargamenteempregadoealgumasconstrutorasbrasileiraspioneirasvm acompanhandoestatendncia.Estetrabalhotemcomoobjetivoproporrecomendaespara implementao, em empresas construtoras de edifcios, dos Sistemas Integrados de Gesto. Esta pesquisa adota como estratgia estudos de caso. Foram realizados estudos de caso exploratrios em uma indstria e uma empresa de logstica e, depois, dois estudos de caso exploratrios na construo civil brasileira, em construtoras que j tem o SIG, alm de entrevistas com auditores e consultoresdasnormasemquesto;posteriormente,iniciou-seumestudodecasomais aprofundado em uma empresa construtora de edifcios, pioneira na implementao de SIG no setor.ForamidentificadosfatoresquefacilitamoudificultamaimplementaodosSIGese realizou uma anlise de alguns requisitos das normas, que podem ser implementados de forma integrada. Para finalizar o trabalho, so expostas recomendaes para implementao de SIG em construtoras,quetragabenefcioscomo:maiorefetividadeematingirosobjetivosdoSIG, reduodecustos,simplificaodadocumentao,maiorenvolvimentodosfuncionriose atendimento estruturado e sistematizado aos requisitos de qualidade, meio ambiente e segurana, servindo como fator de competitividade das empresas do setor. PalavrasChave:SistemaIntegradodeGesto;ISO9001;ISO14001;OHSAS18001e construtoras de edifcios. 7 Abstract FRANA, Nathalie Piccolotto Sistema Integrado de Gesto Qualidade, Meio Ambiente, Segurana e Sade: Recomendaes para implementao em empresas construtoras de edifcios - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo, Universidade Estadual de Campinas, 2009, Dissertao de Mestrado. IntegratedManagementSystems(IMS)consideringQualityManagement(NBR/ISO9001), EnvironmentalManagement(NBR/ISO14001)andOccupationalHealth&SafetyManagement (OHSAS 18001), are relatively new in the Brazilian construction. Several other industries widely use the IMS and some pioneering Brazilian builders are following the trend. The objective of this researchistoproposerecommendationsforimplementationofIntegratedManagementSystemin building construction companies. This work uses case studies as research strategy. Exploratory case studies were done in a manufacturer and a logistics company, then two exploratory case studies in Brazilian construction companies that already have IMS, and interviews with auditors and consultants where carried out. Later, a more detailed case study was conducted in a building construction company, pioneer in the implementation of IMS in the sector. Factors that facilitate or hinder the implementation of IMS were identified, and some requirements of the standards that canbeimplementedinaintegratemannerwerereviewed.Tofinishtheresearch, recommendations are set for implementation of IMS in construction, which brings benefits as: effectiveness in achieving the goal of the IMS, cost reduction, simplification of documentation, involvement of workers, and systematic approach to quality, environment, security, and health requirements, serving as a factor of competitiveness on the sector. KeyWords:IntegratedManagementSystem;ISO9001;ISO14001;OHSAS18001; construction. 8 Lista das Principais Abreviaturas SIGSistema Integrado de Gesto SGQSistema de Gesto da Qualidade SGASistema de Gesto Ambiental SGSSTSistema de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho QQualidade MAMeio Ambiente SSTSegurana e Sade no Trabalho Q/MA/SSQualidade, meio ambiente, segurana e sade no trabalho CCConstruo Civil BCBosch Campinas I TEBARTerminal de So Sebastio da Transpetro AGAndrade Gutierrez CACamargo Corra 9 Sumrio 1. Introduo.............................................................................................................................. 131.1. J ustificativa do trabalho................................................................................................. 131.2. Objetivos do trabalho.................................................................................................... 171.3. Estruturao do trabalho................................................................................................ 172. Sistemas de Gesto................................................................................................................ 192.1. Sistema de Gesto da Qualidade - NBR/ISO 9001:2000.............................................. 192.1.1. Padronizao............................................................................................................ 202.1.2. Peculiaridades da Construo Civil......................................................................... 212.1.3. Programas de SGQ para Construo Civil .............................................................. 232.2. Sistemas de Gesto Ambiental NBR/ISO 14001:2004.............................................. 232.2.1. Aspecto e Impacto Ambiental ................................................................................. 242.2.1.1. Resduos da Construo Civil .......................................................................... 262.2.1.2. Material particulado......................................................................................... 272.2.2. Sustentabilidade....................................................................................................... 272.3. Sistemas de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho OHSAS 18001:1999.......... 282.3.1. Particularidades da Construo Civil ...................................................................... 292.3.2. Perigo e risco, acidente e incidente......................................................................... 292.3.3. Custos...................................................................................................................... 302.4. Abordagem de processo e o ciclo PDCA ...................................................................... 313. Sistemas Integrados de Gesto.............................................................................................. 353.1. Sistemas Integrados de Gesto em outros setores......................................................... 393.1.1. Indstria de cimento................................................................................................ 393.1.2. Indstria metal-mecnica......................................................................................... 393.1.3. Fabricao de mveis de ao................................................................................... 413.2. Sistemas Integrados de Gesto na Construo Civil ..................................................... 423.3. Integrao dos requisitos............................................................................................... 453.3.1. Sistema de gesto.................................................................................................... 463.3.1.1. Requisitos gerais.............................................................................................. 463.3.1.2. Requisitos de documentao............................................................................ 473.3.2. Responsabilidades da direo.................................................................................. 503.3.2.1. Comprometimento da direo.......................................................................... 513.3.2.2. Foco nas partes interessadas............................................................................. 523.3.2.3. Poltica de Gesto............................................................................................. 543.3.2.4. Planejamento.................................................................................................... 563.3.2.5. Responsabilidade, autoridade e comunicao.................................................. 573.3.2.6. Anlise crtica pela direo.............................................................................. 603.3.3. Gesto de recursos................................................................................................... 633.3.3.1. Recursos humanos............................................................................................ 633.3.3.2. Infra-estrutura e ambiente de trabalho............................................................. 653.3.4. Realizao do produto ou servio............................................................................ 663.3.5. Medio, anlise e melhoria.................................................................................... 693.3.5.1. Auditoria interna.............................................................................................. 713.3.5.2. Controle de no-conformidades....................................................................... 723.3.5.3. Ao corretiva e preventiva.............................................................................. 743.3.6. Resumo da integrao dos requisitos...................................................................... 7510 3.4. Definio de SIG para a pesquisa.................................................................................. 774. Mtodo da Pesquisa............................................................................................................... 834.1. Etapa A: Reviso bibliogrfica...................................................................................... 854.2. Etapa B: Estudos de caso em outros setores.................................................................. 854.3. Etapa C: Entrevistas semi-estruturadas com profissionais consultores e auditores das normas. ...................................................................................................................................... 864.4. Etapa D: Levantamento de construtoras brasileiras com certificao nas trs normas. 874.5. Etapa E: Estudo de caso exploratrio em construtoras.................................................. 874.6. Etapa F: Estudo de caso em construtora de edifcios.................................................... 884.7. Etapa G: Recomendaes para implementao de SIG - Q/MA/SS em construtoras de edifcios..................................................................................................................................... 905. Aplicao de Sistema Integrado de Gesto em Outros Setores............................................. 915.1. Estudo de caso exploratrio na Bosch Campinas I........................................................ 915.1.1. Incentivos para a implementao do Sistema de Gesto Integrado......................... 915.1.2. Benefcios................................................................................................................ 925.1.3. Separao dos setores.............................................................................................. 935.1.4. Logotipos diferentes................................................................................................ 935.1.5. Monitoramento do processo de implementao...................................................... 945.1.6. Integrao dos requisitos......................................................................................... 945.1.6.1. Documentao.................................................................................................. 965.1.6.2. Manual de Gesto............................................................................................. 975.1.6.3. Poltica.............................................................................................................. 975.1.6.4. Anlise crtica................................................................................................... 985.1.6.5. Proviso de recursos......................................................................................... 995.1.6.6. Treinamento..................................................................................................... 995.1.6.7. Aquisio........................................................................................................ 1005.1.6.8. Auditoria interna............................................................................................ 1005.1.6.9. Controle de no-conformidades, aes corretiva e preventiva...................... 1005.1.6.10. Ambiente de trabalho..................................................................................... 1005.1.6.11. Comunicao interna e externa...................................................................... 1015.1.7. Riscos Ambientais e de Sade e Segurana no Trabalho...................................... 1015.1.8. Acidentes e incidentes........................................................................................... 1025.1.9. Processos trabalhistas e acidentes.......................................................................... 1025.1.10. Representante da alta administrao.................................................................. 1035.2. Estudo de caso exploratrio no Terminal de So Sebastio da Transpetro................. 1035.2.1. Ordem de implementao...................................................................................... 1045.2.2. Motivao para implementao............................................................................. 1065.2.3. Dificuldades........................................................................................................... 1065.2.4. Separao dos setores............................................................................................ 1075.2.5. Disponibilidade dos procedimentos...................................................................... 1075.2.6. Aspectos ambientais mais relevantes.................................................................... 1075.2.7. Integrao dos requisitos....................................................................................... 1085.2.7.1. Padres........................................................................................................... 1085.2.7.2. Documentao................................................................................................ 1105.2.7.3. Poltica de Gesto........................................................................................... 1105.2.7.4. Objetivos e metas........................................................................................... 1115.2.7.5. Representante da administrao..................................................................... 1115.2.7.6. Anlise crtica................................................................................................. 11111 5.2.7.7. Recursos......................................................................................................... 1115.2.7.8. Treinamentos.................................................................................................. 1125.2.7.9. Aquisio........................................................................................................ 1125.2.7.10. Auditoria interna............................................................................................ 1125.2.7.11. Aes corretivas, preventivas e controle de no-conformidades................... 1125.2.7.12. Medio e monitoramento............................................................................. 1135.2.7.13. Aspectos e impactos, riscos e conseqncias................................................ 1135.2.7.14. Legislao...................................................................................................... 1145.2.7.15. Comunicao interna e externa...................................................................... 1145.3. Anlise dos estudos de caso exploratrios em outros setores..................................... 1145.4. Entrevistas com auditores e consultores...................................................................... 1185.4.1. Novas normas........................................................................................................ 1185.4.2. Sistema Integrado de Gesto................................................................................. 1195.4.3. Requisitos integrveis............................................................................................ 1205.4.3.1. Escopo............................................................................................................ 1205.4.3.2. Documentao................................................................................................ 1215.4.3.3. Poltica, objetivos e metas.............................................................................. 1215.4.3.4. Responsabilidades e autoridades.................................................................... 1225.4.3.5. Representante da direo................................................................................ 1225.4.3.6. Recursos......................................................................................................... 1225.4.3.7. Sistemtica de treinamentos........................................................................... 1225.4.3.8. Aquisio........................................................................................................ 1235.4.3.9. Auditoria interna e externa............................................................................. 1235.4.3.10. Ao corretiva................................................................................................ 1235.4.3.11. Comunicao interna e externa...................................................................... 1235.4.3.12. Medio e monitoramento............................................................................. 1245.4.3.13. Aspectos e impactos....................................................................................... 1245.4.3.14. Legislao...................................................................................................... 1245.4.3.15. Realizao do produto.................................................................................... 1245.4.4. Comprometimento................................................................................................. 1255.4.5. SIG em construtoras.............................................................................................. 1265.4.6. Procedimentos documentados e registros obrigatrios da NBR/ISO 9001:2000.. 1275.5. Anlise das entrevistas com auditores e consultores................................................... 1276. Aplicao de Sistema Integrado de Gesto em Construtoras Brasileiras............................ 1316.1. Construtoras brasileiras com certificao pelas trs normas....................................... 1316.2. Anlise das construtoras brasileiras com Sistema Integrado de Gesto...................... 1346.3. Estudos de caso exploratrios em construtoras........................................................... 1356.3.1. Empresa Camargo Corra...................................................................................... 1366.3.2. Andrade Gutierrez................................................................................................. 1386.3.3. Anlise dos estudos de caso exploratrios em construtoras.................................. 1396.4. Estudo de caso da Construtora Tecnum...................................................................... 1416.4.1. Dados histricos da Construtora Tecnum.............................................................. 1416.4.2. Situao no ano de 2008........................................................................................ 1426.4.3. Processos da empresa............................................................................................ 1426.4.4. Processo de implementao do SIG...................................................................... 1446.4.4.1. Motivaes da empresa para implementar o SIG........................................... 1446.4.4.2. Processo de implementao, dificuldades e facilidades................................. 1446.4.5. Integrao dos subsistemas.................................................................................... 14712 6.4.5.1. Documentao................................................................................................ 1476.4.5.2. Poltica, objetivos e metas.............................................................................. 1506.4.5.3. Responsabilidades e autoridades.................................................................... 1506.4.5.4. Representante da administrao..................................................................... 1516.4.5.5. Anlise crtica................................................................................................. 1526.4.5.6. Recursos......................................................................................................... 1526.4.5.7. Treinamentos.................................................................................................. 1546.4.5.8. Aquisio........................................................................................................ 1566.4.5.9. Auditoria interna............................................................................................ 1606.4.5.10. Controle de no-conformidades..................................................................... 1606.4.5.11. Ao corretiva................................................................................................ 1616.4.5.12. Comunicao interna e externa...................................................................... 1616.4.5.13. Projetos.......................................................................................................... 1626.4.6. Percepo dos colaboradores com relao ao SIG................................................ 1676.4.6.1. Percepes gerais dos colaboradores sobre o SIG......................................... 1676.4.6.2. Dificuldades na manuteno do sistema........................................................ 1716.4.6.3. Benefcios na manuteno do sistema............................................................ 1736.4.7. Evoluo dos indicadores...................................................................................... 1746.5. Anlise do estudo de caso da Construtora Tecnum..................................................... 1777. Recomendaes para Implementao do SIG em Empresas Construtoras......................... 1797.1. Recomendaes sobre o processo de implementao................................................. 1797.2. Recomendaes para integrao dos itens................................................................... 1817.2.1. Documentao....................................................................................................... 1817.2.2. Poltica, objetivos e metas..................................................................................... 1827.2.3. Representante da direo....................................................................................... 1827.2.4. Anlise crtica........................................................................................................ 1827.2.5. Recursos................................................................................................................ 1837.2.6. Sistemtica de treinamentos.................................................................................. 1847.2.7. Aquisio............................................................................................................... 1857.2.8. Auditoria interna.................................................................................................... 1857.2.9. Controle de no-conformidades............................................................................. 1867.2.10. Ao corretiva.................................................................................................... 1877.3. Recomendaes gerais................................................................................................. 1878. Concluso............................................................................................................................ 189Referncias Bibliogrficas........................................................................................................... 193Apndice I: Questes base para elaborao de questionrios e realizao de entrevistas.......... 200Apndice II: Questionrios Tecnum............................................................................................ 202Anexo I: Procedimento de execuo e inspeo de servio de alvenaria da Tecnum................. 208 13 1.Introduo 1.1. Justificativa do trabalho Aps anos de estagnao, a construo civil vive uma fase de expanso. Tanto a produo de materiais como seus servios e produtos prosperam em um bom ritmo e o lder desse crescimento o segmento de edificaes, impulsionado pela queda da taxa bsica de juros e pelo crescimento do PIB, que, respectivamente, reduziu o custo para tomadores de crditos e contribuiu para o aumento do poder de compra (CASTELO; LINS, 2007). Segundo Mauso (2007), no ano de 2007 houve uma melhoria significativa no setor de construo civileasoportunidadesdecrescimentosopromissoras.Noentanto,afaltadeprofissionais qualificados preocupa o setor. Castelo e Lins (2007) afirmam que os anos de retrao do setor ocasionaram em escassez de treinamento e formao de mo-de-obra especializada, o que gerou o problema atual. O Sistema de Gesto da Qualidade, o de Gesto Ambiental e o de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho podem ser entendidos como um conjunto de procedimentos e diretivas reunidos e alinhadosdeformaapossibilitaroplanejamentoedireodeumaorganizaoquevise, respectivamente: aumentar a qualidade de seu produto, abordar suas preocupaes ambientais e controlar os perigos e riscos existentes nos ambientes de trabalho.Em2007,noBrasil,986empresasatuantesnareadeconstruoeramcertificadaspela NBR/ISO9001(INMETRO,2007).Algumasempresasconstrutoraspossuemsistemas abrangendo ou qualidade e meio ambiente ou qualidade e segurana e sade e empresas pioneiras avanam para o sistema integrado contemplando os trs subsistemas.Pode-se citar os exemplos das empresas construtoras Tecnum e Andrade Gutierrez que j possuem os Sistemas Integrados de Gesto que abrange Gesto da Qualidade, Ambiental e de Segurana e Sade no Trabalho (SIG - Q/MA/SS).No existe um Sistema Integrado de Gesto que possa ser formalmente certificado, assim, uma empresa com SIG - Q/MA/SS certificada possui trs certificaes distintas (LABODOV, 2004). Desse modo, nem sempre ter os trs sistemas de gesto certificados (Q/MA/SS) significa que o 14 sistemadegestointegrado.Porvezes,asempresasdizemterumSIGporpossurem certificao nas trs normas, no entanto, elas mantm um sistema desintegrado, com duplicao de esforos e documentao, o que em um sistema realmente integrado seria evitado. "Integrao"geralmenteentendidacomo:combinarpartesseparadasemumtodo. Especificamente, a integrao dos sistemas de gesto pode ser definida como um processo de unio de diferentes funes especficas de sistemas de gesto em um nico e mais eficaz sistema integradodegesto.Aextensoda"integrao"dossistemasdegestopodevariar significativamentedeumaempresaparaaoutra,dependendodascondiesprevalecentes, estratgias e normas mnimas (BECKMERHAGEN et al., 2003).Por isso, importante ressaltar que um Sistema Integrado de Gesto (SIG) pode incluir vrios tiposdesistemasdegestoe,porisso,ossubsistemasenvolvidosnoSIGdevemser identificados. Nesse trabalho, o Sistema Integrado de Gesto em questo contempla Gesto da Qualidade (NBR/ISO 9001), Ambiental (NBR/ISO 14001) e de Segurana e Sade no trabalho (OHSAS18001)(SIG-Q/MA/SS).Algumasempresascaminhamparaoquartoelemento, responsabilidade social com certificao pela SA 8000, no entanto sua aplicao ainda bastante nova entre as construtoras brasileiras e, por isso, ela no faz parte do foco desse trabalho. A pesquisa adota o termo Sistema Integrado de Gesto e no Sistema de Gesto Integrada, como pode ser encontrado em outros trabalhos acadmicos e aplicado em algumas empresas, pois o termo Gesto Integrada pode possuir significados e conotaes mais abrangentes nas empresas e incluir todas as suas atividades como, por exemplo, gesto de finanas e marketing. A inteno fazer referncia a um sistema nico que integre os Sistemas de Gesto da Qualidade, Ambiental e de Segurana e Sade no Trabalho. Outra importante considerao que, apesar de no existir um modelo ISO normalizado para a gesto de segurana e sade no trabalho, o modelo alternativo da OHSAS 18001 (Occupational HealthandSafetyAssessmentSeries) ser referido neste trabalho como uma norma. A OHSAS 18001(RISKTECNOLOGIA,1999)noumanormanacionalouinternacional,masum grande passo rumo padronizao dos Sistemas de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho.Segundo Zeng, Tian e Shi (2005), a integrao Q/MA/SS incentivada pela existncia de itens dasnormasqueapresentamtextospraticamenteidnticosefacilmenteintegrveis,como: 15 formulao de polticas, definio de autoridades e responsabilidades, representante da direo, treinamento, documentao e comunicao. Nos ltimos anos foram realizados vrios estudos relacionados Gesto da Qualidade (NBR/ISO 9001eSistemasevolutivos:QUALIHABeSiAC),emaisrecentementeGestoAmbiental (NBR/ISO 14001) e Gesto de Segurana e Sade no Trabalho (OHSAS 18001) na construo civil (CC). No entanto, Sistemas Integrados de Gesto (SIG) que contemplam as trs normas: NBR/ISO9001,NBR/ISO14001eOHSAS18001,tendnciaforteemvriossetores,algo recente na construo civil brasileira. Algumas empresas da indstria da construo civil brasileira apresentam dificuldades devido falta de uma cultura que privilegie a inovao, dificuldades em compatibilizar modelos de gesto j consagrados e dificuldades financeiras e culturais, o que pode causar uma defasagem gerencial com relao a outros setores da indstria nacional. Essa defasagem propicia ms condies de higiene e segurana nos canteiros de obra, baixa qualidade dos mtodos e processos construtivos, m gesto dos resduos slidos produzidos e nveis elevados de acidentes de trabalho e doenas ocupacionais (ALMEIDA et al., 2006). Quandoasconstrutorasimplementamasnormassemintegr-las,separandoosgrupos responsveis pelos diferentes sistemas de gesto e dissociando seus respectivos focos, facilmente isso resulta em conflitos na estrutura organizacional podendo causar incompatibilidade cultural dentrodaprpriaconstrutora.Almdisso,adefiniodeumanicacoordenaomuito importante na implementao do SIG, pois o lder deve se envolver pessoalmente na motivao dos empregados, comunicao de metas e planos (ZENG; LOU; TAM, 2006). Vantagens podem advir da implementao de um SIG em empresas construtoras; algumas delas so:menorconflitoentreossistemas;reduodeduplicaes;reduodaburocracia;maior compreensodosfuncionrios;eliminaodeconflitoentreprocedimentos;fortalecimentoda empresa construtora na busca de seus objetivos e metas; reduo de custos; melhoria na gesto de processosdevidopadronizaoeelevaodaimagemdaorganizao(BENITE,2004e DEGANI; CARDOSO, 2001). Questes abordadas em outros trabalhos relacionados com tema e que auxiliaram na pesquisa so: Dias (2003) apresenta a correspondncia entre os requisitos da NBR/ISO 9001:2000 e da 16 NBR/ISO 14001:1996. Risk Tecnologia (2003) e Risk Tecnologia (2006) so manuais guias que visam explorar os elementos comuns dos sistemas de gesto e, para este trabalho, auxiliaram na identificaodesseselementos.Picchi(1993)umatesededoutoradosobresistemasda qualidade que exemplifica um manual da qualidade de empresas construtoras de edifcios. Conde (2003) um trabalho final de mestrado profissional que apresenta a interpretao do autor sobre cada subitem da NBR/ISO 9001:2000, da NBR/ISO 14001:1996 e da OHSAS 18001:1999 e uma tabela de correspondncia entre seus requisitos. Degani (2003) uma dissertao de mestrado queapresentaumametodologiaparaimplementaodesistemasdegestoambientalem empresasconstrutorasdeedifciosconsiderandoapossibilidadedeumSIG,supondoquea empresajtenhaumSistemadeGestodaQualidade.Benite(2004)umadissertaode mestrado que conceitua e caracteriza os elementos bsicos de um SGSST destacando os aspectos essenciais e as particularidades das empresas construtoras. Lordlo (2004) uma dissertao de mestrado que expe as providencias que uma empresa deve tomar para obter a certificao pela NBR/ISO9001:2000eapresentaestudosdecasosemempresasconstrutorasdeedifcios. Luciano e Isatto (2007) sugerem algumas aes que podem alinhar o SGQ s peculiaridades da construo civil. A ABNT (2000 c) apresenta diretrizes para melhorias de desempenho da gesto da qualidade e algumas delas podem ser utilizadas em um SIG - Q/MA/SS.Inserido nesse contexto, diversas questes surgem, tais como: quais tm sido as particularidades daaplicaodoSIG-Q/MA/SSnaconstruoequaisasdificuldadesdessaaplicao?Este trabalho parte da seguinte questo de pesquisa: Como aplicar os Sistemas Integrados de Gesto Qualidade, Meio Ambiente e Segurana e Sade, em empresas construtoras de edifcios? E se prope a estudar possveis recomendaes que facilitem a implementao de Sistemas Integrados de Gesto em empresas construtoras de edifcios brasileiras. Dessa forma, a diferenciao desta dissertao de mestrado para os trabalhos acadmicos sobre assuntos relevantes para essa pesquisa e anteriormente comentados o fato dela analisar a prtica e a teoria do SIG e apontar recomendaes para implementao do Sistema Integrado de Gesto - Qualidade, Meio Ambiente e Segurana e Sade no Trabalho em construtoras de edifcios.17 1.2. Objetivos do trabalho Objetivo Geral: Estetrabalhotemcomoobjetivoproporrecomendaesparaimplementao,emempresas construtorasdeedifcios,dosSistemasIntegradosdeGesto,abrangendoQualidade,Meio Ambiente e Segurana e Sade no Trabalho. Sero abordados os conceitos relacionados aos Sistemas Integrados de Gesto que abrangem a gesto pelas normas de Gesto da Qualidade (NBR/ISO 9001), Ambiental (NBR/ISO 14001) e Segurana e Sade no Trabalho (OHSAS 18001) na construo civil. Objetivos Especficos: Os objetivos especficos dessa pesquisa so: Levantar formas prticas de implementao do SIG que vm sendo aplicadas em empresa construtora de edifcios brasileira; Identificar fatores que facilitam ou dificultam sua implementao. Osobjetivosseroalcanadosutilizandocomoestratgiametodolgicaoestudodecaso, conforme detalhado no captulo 4 deste trabalho.1.3. Estruturao do trabalho A dissertao est estruturada em 8 captulos, cujo contedo ser descrito a seguir. Ocaptulo1umaintroduodotrabalho,apresentandosuasjustificativas,objetivose estruturao. Ocaptulo2umarevisobibliogrficasobreosSistemasdeGestodaQualidade,Gesto Ambiental e Gesto de Segurana e Sade no Trabalho, que formam a base do Sistema Integrado deGesto.Nele,seexpem,tambm,consideraesdabibliografiasobreabordagemde processos e ciclo PDCA. O captulo 3 uma reviso bibliogrfica focada em Sistema Integrado de Gesto e relatos de sua aplicao em outros setores e no setor de construo civil. Alm disso, nele so apresentados os 18 resultados de uma anlise da integrao dos requisitos das normas, buscando possibilidades de integrao em empresas construtoras.O captulo 4 detalha o mtodo da pesquisa, apresentando, inclusive, os objetivos e resultados esperados para cada etapa. O captulo 5 apresenta os resultados de dois estudos de caso em empresas de outros setores e de entrevistascomauditoreseconsultoresdasnormas.Asinformaescoletadassoanalisadas, verificando possibilidades de aplicao na construo civil. O captulo 6, primeiramente, apresenta o resultado de uma pesquisa sobre quais e quantas so as construtoras brasileiras com certificao nas trs normas. Na seqncia, so expostos estudos de casoexploratriosemduasconstrutorascomafinalidadedeseobterumconhecimento generalizado da forma de utilizao do SIG no setor. Encerrando o captulo, so apresentados os resultados de um estudo de caso em empresa construtora de edifcios. O stimo captulo prope recomendaes para implementao do SIG em empresas construtoras de edifciosFinalmente, o oitavo captulo traz as concluses da pesquisa realizada. 19 2.Sistemas de Gesto OprincipalassuntoabordadonestetrabalhooSIG,noentanto,paraqueexistaumaboa compreenso do assunto, se fez necessrio um estudo individual sobre Sistemas de Gesto da Qualidade, Gesto Ambiental e Gesto de Segurana e Sade no Trabalho, que formam a base do SIG. 2.1. Sistema de Gesto da Qualidade - NBR/ISO 9001:2000 A NBR/ISO 9000:2000 (ABNT, 2000a) define gesto da qualidade como sendo um composto de atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organizao com relao qualidade, ou seja, umconjuntodeelementosinter-relacionadosdeformaaestabelecerpolticaseobjetivos necessrios para dirigir e controlar uma organizao com relao qualidade. OSistemadeGestodaQualidade(SGQ)podesercompreendidocomoosprocedimentose diretivasreunidosealinhadosdeformaapossibilitaroplanejamentoedireodeuma organizao que vise aumentar a qualidade de seu produto.SeoSGQforbemimplementado,mantido,organizadoecontroladoelepodeproporcionar benefcios,taiscomo:aumentodasatisfaoereduodereclamaesdeclientes; desenvolvimento de parcerias e maior comprometimento de fornecedores, resultando na reduo deinsumoscomdefeito;melhoriadacomunicaointerna;aumentodamotivaoemaior comprometimentodofuncionrio;melhoriadosprocessosedavisosistmica;melhor identificao das necessidades; processos mais limpos; reduo de desperdcios e melhoria do produto final (LUCIANO; ISATTO, 2007). A certificao da qualidade um instrumento que valida um Sistema de Gesto da Qualidade (SGQ). Ela o incio de uma contnua evoluo da qualidade, de aperfeioamento profissional e buscapormetasmaisaudaciosaseinovadorasquepermitamasobrevivnciacompetitivaem longo prazo (OHASHI; MELHADO, 2004). A NBR/ISO 9001(ABNT, 2000b) tem como base oito princpios, sendo eles (MELLO et al., 2002 apud OHASHI; MELHADO, 2004): 20 foco no cliente - atender as necessidades do cliente, seus requisitos e procurar exceder suas expectativas;liderana-estabelecepropsitos,necessriaparamanteraspessoasenvolvidasno propsito de atingir os objetivos da organizao; envolvimento das pessoas - primordial para o sucesso da organizao;abordagem de processo - o resultado alcanado mais eficientemente quando atividades e recursos so gerenciados como um processo;abordagemsistmica-identificar,compreenderegerenciarosprocessosinter-relacionados como sistema;melhoria contnua - a melhoria contnua do desempenho global da organizao deve ser um objetivo permanente;abordagem baseada em fatos - decises eficazes so baseadas em dados e informaes; e benefciosmtuoscomfornecedores-umarelaodebenefciosmtuosaumentaa capacidade de ambos em agregar valor.2.1.1.Padronizao A busca pelo padro uma das premissas do SGQ. Segundo Berr, Lima e Formoso (2007), na construo civil o padro de um determinado produto ou servio deve ser considerado como o conjuntodeinformaesrelativassuaproduo,envolvendoasesferasdecontrolee responsabilidades, relaes com os fornecedores, todos os setores da empresa e realimentao das informaesdopadroparafuturasutilizaesemelhoriacontnua.Esteconjuntode informaes deve ser documentado de forma a permitir o fcil acesso aos dados. Em Luciano e Isatto (2007), os autores fazem sugestes de aes a serem realizadas durante as fases de preparao, implementao e manuteno do SGQ para que se promova o alinhamento do SGQ s especificaes da construo civil. Uma das sugestes relacionadas manuteno do SGQdemonstraapreocupaoemcontrolaras abordagensdosprocessosdetalformaquea padronizao no engesse os procedimentos sob pena de tolher a criatividade. 21 SegundoKondo(2000),apadronizaoenfatizadanasrieISO9000visandoaumentara eficincia do trabalho e a qualidade do produto. Para o autor, a padronizao no deve impedir a inovaodotrabalho,noentanto,afirmaquemuitasvezesostrabalhadoressoobrigadosa seguir metodologias padronizadas sem qualquer explicao sobre seu objetivo e, por isso, no teroumsentimentoderesponsabilidadecomrelaoaessaatividadenemmotivaopara realiz-la. Desse modo, o autor sugere que a padronizao e a inovao sejam complementares, permitindo que os trabalhadores compreendam o real objetivo da atividade e da padronizao, almdedaraostrabalhadoresliberdadeparaopinarcomrelaoaomododerealizaodas atividades e, consequentemente, uma maior motivao.Podemos considerar esta afirmao na construo civil e verificar a importncia do envolvimento dosfuncionriosnaelaboraoemelhoriacontnuadosprocedimentosdasatividadesdeseu cotidiano.2.1.2.Peculiaridades da Construo Civil A construo civil possui caractersticas diferenciadas dos outros setores, como, por exemplo, grande nmero de intervenientes no processo, uso de tcnicas simples e mo de obra de baixa qualificao, reaes negativas mudana, organizao complexa e sua forma que modifica de acordo com as fases do processo. Alm disso, ela se caracteriza pela diversidade de mercado e modelos organizacionais: empresas modernas e competitivas convivem com outras de estgios gerenciais precrios. Por esses motivos, torna-se necessrio um Sistema de Gesto da Qualidade diferenciado de outras empresas de servios, um sistema capaz de considerar suas peculiaridades. Segundo Luciano e Isatto (2007), problemas culturais atingem todos os nveis de trabalhadores de uma empresa de construo civil proporcionando algumas dificuldades. Alguns desses problemas soafaltadeaespr-ativas,visoestratgica,visosistmica,planejamento,formasde motivar os funcionrios e organizao da documentao.Desse modo, os autores afirmam que somente uma mudana cultural possibilitar um aumento significativo da qualidade nas empresas construtoras. Algunsparadigmasdaconstruocivilquepodemseralteradosdevidoreestruturaoda culturadaempresaadvindadaimplementaodoSGQso:desorganizao,improvisaes, desperdcios, falta de planejamento e controle e alto ndice de retrabalho. No entanto, empresas 22 que visam certificao somente como objeto de marketing ou para atender exigncias externas dergosfinanciadoresnopossuemumrealcomprometimentocomaimplementaodos requisitos de uma forma sustentvel, sendo incapazes de atingir os objetivos de melhoria contnua do sistema de gesto (FONSECA E AMORIM, 2006). Segundo Novaes et al. (2007), a melhoria contnua pode ser alcanada ao se aproveitar as no conformidadesapresentadasnasauditoriasparaestabelecerprojetosespecficosquedifundam aesqueeliminemascausasdessasno-conformidades.Dessemodo,empresasconstrutoras podem se basear nas no conformidades mais comuns apresentadas nas auditorias externas de outras construtoras para se precaver. Em Figueiredo e Andery (2007), os autores apresentam uma pesquisa sobre as dificuldades e benefcios da implementao do SGQ a partir da anlise das no conformidades apresentadas por auditorias externas e entrevistas com responsveis pelo SGQ em empresas construtoras.Dentre as no-conformidades mais comuns em construtoras apresentadas pelos referidos autores, esto aquelas relacionadas com: Competncia,conscientizaoetreinamento-faltaderegistrosdetreinamento, determinao de competncias dos cargos e funcionrios, evidncias e especificao da efetividade dos treinamentos; Inspeo e monitoramento de materiais e servios - falta de procedimentos documentados para a inspeo final, anterior a entrega da obra, e falta de evidncias de inspeo dos materiais controlados; Controlededispositivosdemedioemonitoramento-faltadedispositivose procedimentos para calibrao de seus equipamentos; e Controlededocumentos-aspectosburocrticos,como,porexemplo,emissode documentos antes de sua aprovao formal, falta de listas atualizadas de controle e falha no registro da fonte dos documentos de origem externa. 23 2.1.3.Programas de SGQ para Construo CivilImportantes programas, baseados na ISO 9001, incentivaram o avano dos Sistemas de Gesto da Qualidadenaconstruocivilbrasileira,doisdeseusrepresentantessooProgramada Qualidade da Construo Habitacional do Estado de So Paulo (QUALIHAB) e o Sistema de AvaliaodaConformidadedeServioseObrasdoProgramaBrasileirodaQualidadee Produtividade do Habitat (SiAC do PBQP-H).O Programa da Qualidade da Construo Habitacional do Estado de So Paulo - QUALIHAB foi institudo em novembro de 1996. Seu compromisso central garantir a qualidade das habitaes construdas pelo Estado, dentro do princpio de que a populao de baixa renda tem o direito moradia de boa qualidade, durvel e amplivel, para atender a necessidade de crescimento da famlia (ESTADO DE SO PAULO, 2006).Em2005,oSiQ-SistemadeQualificaodeEmpresasdeServioseObraspassouaser denominado SiAC - Sistema de Avaliao da Conformidade de Empresas de Servios e Obras da Construo Civil do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat - PBQP-H (SANTOS; COELHO, 2006). O SiAC tem como objetivo avaliar a conformidade de Sistemas de Gesto da Qualidade em nveis adequados s caractersticas especficas das empresas do setor de servios e obras atuantes na Construo Civil, visando contribuir para a evoluo da qualidade no setor (SECRETARIA NACIONAL DE HABITAO, 2005). 2.2. Sistemas de Gesto Ambiental NBR/ISO 14001:2004 Um Sistema de Gesto Ambiental (SGA) prov ordenamento para que as organizaes abordem suas preocupaes ambientais e desenvolvam, implementem, analisem e mantenham a Poltica Ambiental estabelecida pela empresa. A srie de normas NBR/ISO 14000 contm regras internacionais para administrao voltada diminuio do impacto ambiental. Essas regras so relacionadas alocao de recursos, definio deresponsabilidades,avaliaocontnuadeprticas,avaliaocontnuadeprocedimentose avaliao contnua de processos.O panorama mundial atual, enfocando o meio ambiente, apia e contribui para a justificativa da adoo de Sistemas de Gesto Ambiental em empresas construtoras. Alm disso, alguns possveis 24 benefciosprovenientesdaimplementaodeSistemasdeGestoAmbientalemempresas construtoras so (DEGANI; CARDOSO, 2001): Melhoria na imagem da empresa construtora; Facilidade na obteno de licenas e autorizaes; Conquista da simpatia de seus clientes, usurios e parceiros de negcio; Melhoria na gesto de atuais e futuros riscos ambientais; Estabelecimento de rotina para anlise das reas do negcio que possam afetar o meio ambiente; Estmulo ao desenvolvimento e compartilhamento de solues ambientais; Economia de custos obtida com a reduo do desperdcio; Economia de custos com o consumo de gua e energia e Potencial de reduo nas despesas com seguros. UmaorganizaocomumSGAeficientetemumaestruturacapazdeequilibrareintegrar interesses econmicos e ambientais e pode alcanar vantagens competitivas significativas. Ela pode,porexemplo,tercomoobjetivosemetasambientaisresultadosespecficoseaplicaros recursos onde se tenha maior retorno ambiental e financeiro. recomendado que os benefcios econmicos sejam identificados e demonstrados s partes interessadas, sobretudo aos acionistas (DORNELAS; SOUZA; DIAS, 2007).2.2.1.Aspecto e Impacto Ambiental Aefetivacompreensodasdefiniesdeaspectoedeimpactoambientalessencialpara implementao do SGA, no entanto, muitas vezes, essas definies so confundidas. Segundo a NBR/ISO 14001:2004, aspecto ambiental o elemento das atividades ou produtos ou servios de uma organizao que pode interagir com o meio ambiente (ABNT, 2004). Snches e Dias (2004)exemplificamalgunsaspectosambientais,comoemissodepoluentes,geraode 25 resduos, consumo de recursos naturais, produo de efluentes lquidos, resduos slidos, rudos ou vibraes.J impactoambientaldefinidopelaNBR/ISO14001comoqualquermodificaodomeio ambiente,adversaoubenfica,queresulte,notodoouemparte,dosaspetosambientaisda organizao (ABNT, 2004). Snches e Dias (2004), ao interpretarem essa definio, assumem impactocomoqualquermodificaoambientaloumanifestaodosaspectosambientaisno receptor, seja este um componente do meio fsico, bitico ou antrpico. Dessemodo,algunsaspectosambientaisrelacionadosconstruocivilso(CARDOSO; ARAJ O; DEGANI, 2006 e SNCHES; DIAS, 2004): Gerao de resduos; Consumo de recursos naturais renovveis e no renovveis; Emisso de rudos; Emisso de gases e material particulado; Aumento de trfego (transporte de materiais); Vibraes; Consumo de grandes quantidades de energia eltrica e Modificaes da paisagem; E, alguns de seus possveis impactos ambientais so, respectivamente (CARDOSO; ARAJ O; DEGANI, 2006 e SNCHES; DIAS, 2004): Contaminao do solo e gua; Reduo da disponibilidade de recursos naturais renovveis e no renovveis; Incmodo aos vizinhos; Deteriorao da qualidade do ar; 26 Maior freqncia de congestionamento; Incmodo aos vizinhos; Escassez de energia eltrica e Interferncia no modo de vida da populao. Cardoso, Arajo e Degani (2006) apresentam as interligaes entre as fases da obra, as atividades que acontecem no canteiro de obras e os principais aspectos ambientais relacionados a incmodo epoluio,almdeumamatrizcomosaspectosambientaismencionadoseseusrespectivos impactos. 2.2.1.1. Resduos da Construo Civil Como mencionado anteriormente, um dos principais aspectos ambientais relacionados CC a gerao de resduos. O desperdcio de materiais, alm de trazer efeitos indesejveis no custo final das construes, causa impactos nas reas urbanas, uma vez que os depsitos de resduos esto cadavezmaisescassos.Nessecontexto,areciclagemeoreaproveitamentodosmateriais assumem grande importncia (BARDELLA et al., 2007). Gerenciar resduos da construo civil significa implementar um sistema de gesto que inclui planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos e recursos visando reduzir, reciclar ou reutilizarresduosprovenientesdeconstrues,reformas,preparaoeescavaodeterreno, reparos e demolies de obras de CC (CONAMA, 2002). AResoluoConama307/02disciplinaasaesnecessriasparaminimizarosimpactos ambientaisaoestabelecercritrios,diretrizeseprocedimentosparagestodosresduosda construo civil. Ela classifica os tipos de resduos oriundos da CC e sua destinao adequada, mencionando quais atitudes devem ser tomadas pelo gerador (construtor). Aempresastemalucrarcomumbomprogramadegerenciamentoderesduos,poisele melhora a qualidade dos servios, diminui o consumo de insumos, torna os empregados mais ambientalmente conscientes e aumenta a produtividade.Algumasiniciativasparaminimizara parcela de resduos que saem do canteiro na forma de entulho j so observadas, no entanto, o 27 resduo que fica incorporado ao empreendimento tambm deve ser evitado, pois onera os custos e tem implicaes negativas ao meio ambiente (SANTOS; LIMA, 2007) Segundo Pandolfo et al. (2007), ao se iniciar um processo de gesto dos resduos em canteiro de obras necessrio fazer um diagnstico quantitativo e qualitativo dos resduos gerados, visando apontarosresduosmaissignificativosepriorizaraes.Paradarsubsdiosformulaode aes que busquem minimizar a gerao de resduos importante saber suas causas, origem e momentodeincidncia.Apsessediagnsticonecessrioquesefaaumtreinamentode conscientizao e formao dos operrios.Odescasodosgeradoresnomanejoenadestinaodessesresduospodecausarimpactos ambientais como: degradao das reas de manancial e de proteo permanente; assoreamento de riosecrregos;proliferaodeagentestransmissoresdedoenas;obstruodossistemasde drenagem;acmuloderesduoseocupaodeviaselogradourospblicos(ARAJ Oetal., 2005). 2.2.1.2. Material particulado Aemissodematerialparticuladonaatmosferatambmseconstituiemumimpactoda construo civil e responsvel por problemas respiratrios e cardacos, danos flora e fauna, incmodos vizinhana, danos ao solo, gua e ao ar (RESENDE; CARDOSO, 2007).Emisses controladas dependem de um planejamento adequado e capaz de identificar os riscos envolvidos;possveisferramentasdepreveno,controleemonitoramentoeasatividades emissoras. Em Resende e Cardoso (2007), os autores estruturam diretrizes visando elaborao de um plano de gesto de emisso de material particulado no canteiro de obras de edifcios.2.2.2.SustentabilidadeSegundo Zhang et al. (2000), a construo civil tem impactos significativos no ambiente e as empresas construtoras encontram dificuldades em atender as expectativas do mercado, cada vez mais ecologicamente exigente. Para atender essas expectativas, os referidos autores sugerem que as construtoras sigam os princpios da sustentabilidade e melhorem seu desempenho ambiental. Sustentabilidadeumafilosofiapresentenaeconomiaglobalequedeveserefetivadapara permitir a satisfao das necessidades atuais sem o comprometimento da capacidade das geraes 28 futurassatisfazeremsuasprpriasnecessidades.AsriedenormasNBR/ISO14000foi desenvolvidaparaestimularmelhoresprticasdegestoambiental,contribuircomo desenvolvimentosustentvelelevarquestesambientaisparaoobjetivodedecises corporativas.Emempresasconstrutoras,aimplementaodoSGApodepermitirmelhor desempenhoambientalduranteoprocessodeproduoeumambienteconstrudoqueir contribuir para o desenvolvimento sustentvel (ZHANG et al., 2000). 2.3. Sistemas de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho OHSAS 18001:1999 Segundo Vasconcelos et al. (2006), a abordagem de sistemas tem norteado o desenvolvimento dos modelos de Sistemas de Gesto da Qualidade e Ambiental propostos pelas sries de normas NBR/ISO9000eNBR/ISO14000,respectivamente.Paraagestodeseguranaesadeno trabalho, por outro lado, ainda no existe um modelo ISO normalizado, entretanto, esto sendo empregados modelos alternativos, como por exemplo, a OHSAS 18001 (OccupationalHealth andSafetyAssessmentSeries). A OHSAS 18001 (RISK TECNOLOGIA, 1999), apesar de no ser uma norma, um grande passo rumo padronizao dos Sistemas de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho (SGSST). Segundo Cambraia et al. (2005), o SGSST pode ser entendido como um conjunto amplo de aes e medidas que visam prevenir acidentes, abordando questes sociais, humanitrias, pedaggicas, jurdicas, psicolgicas, tcnicas, mdicas, administrativas e econmicas. O objetivo de um SGSST estabelecer uma estrutura que busque a melhoria contnua e, atravs de aes proativas, identificar, avaliar e controlar perigos e riscos existentes nos ambientes de trabalho, de modo que eles no se tornem causas de acidentes e se mantenham dentro dos limites aceitveis pelas partes interessadas (BENITE, 2004). Segundo De Cicco (1999), alguns benefcios associados a um SGSST eficaz so: Manter boas relaes com os sindicatos de trabalhadores; Fortalecer a imagem da organizao e sua participao no mercado; Aprimorar o controle do custo de acidentes; Reduzir acidentes que impliquem em responsabilidade civil; 29 Demonstrar atuao cuidadosa; Facilitar a obteno de licenas e autorizaes e Estimularodesenvolvimentodesoluesdeprevenodeacidentesedoenas ocupacionais.2.3.1.Particularidades da Construo Civil Aconstruocivilmundialmenteconhecidacomoumaindstriaproblemticanoquediz respeito Segurana e Sade no Trabalho. Caractersticas especficas da indstria da construo proporcionam perigos e atos inseguros que favorecem a ocorrncia de acidentes: vrios agentes da cadeia produtiva com diferentes nveis tcnicos e com participao efetiva e simultnea no canteirodeobra;rotatividadedamo-de-obra;acentuadamovimentaodetrabalhadores, materiaiseequipamentos;execuodeatividadessobintempries;faltadepadronizaodo produto; emprego intenso de mo-de-obra pouco qualificada e prazo reduzido para a concluso da obra. Estas caractersticas destacam a necessidade de um Sistema de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho na construo civil (VASCONCELOS et al., 2006). SegundoCaponi(2004),aOHSAS18001podeseraplicadasempresasdetodosostipose portes,seadequandoadiferentescondiesgeogrficas,culturaisesociais.Dessaforma,ela pode ser aplicada a qualquer empresa de construo civil, respeitando suas peculiaridades. 2.3.2.Perigo e risco, acidente e incidente Segundo Benite (2004), a compreenso dos conceitos de perigo e risco so essenciais para gesto de SST. Perigo a fonte ou situao que pode causar danos s pessoas, propriedade e/ou meio ambientedolocaldetrabalho;jriscoacombinaodaprobabilidadedeocorrnciaedas conseqncias de um evento perigoso (RISK TECNOLOGIA, 1999). SegundoasdefiniesencontradasnaOHSAS18001:1999,acidenteumaocorrnciano programadaqueresultaemmorte,leso,danoououtraperda.J incidenteoeventoque originou ou poderia originar um acidente; o termo incidente inclui o quase-acidente, que um incidente em que no ocorre doena, leso, dano ou outra perda (RISK TECNOLOGIA, 1999). 30 Noentanto,segundoalegislaotrabalhistaeprevidenciriavigentenopas,tambmso considerados acidentes a doena profissional, produzida pelo exerccio repetitivo da atividade, e a doena do trabalho, adquirida em razo das condies ambientais em que realizado o trabalho. E,ainda,existeoacidentedepercurso,quequandooempregadosofreumacidentena locomooentresuaresidnciaeolocaldetrabalhoouvice-versa,desdequenohaja interrupo ou alterao de percurso por motivo alheio ao trabalho (POZZOBON; HEINECK, 2005).Diferentes atores de uma cadeia produtiva tm responsabilidade pela segurana do trabalho. Para identificao de perigos, pode-se enfatizar a importncia da participao do responsvel direto pela execuo do trabalho, que, na maioria das vezes, o afetado pelo acidente.O envolvimento e a consolidao de um papel ativo desse trabalhador no Sistema de Gesto de Segurana e Sade noTrabalhosoessenciaisparaminimizaracidentesemelhorarascondiesdetrabalho (CAMBRAIA;SAURIN;FORMOSO,2006).Paraidentificarecontrolarperigosapartirdas percepes dos trabalhadores, os referidos autores utilizaram rodadas de um ciclo participativo com trs etapas: entrevistas, para que os trabalhadores contribussem na identificao de perigos noscanteirosdeobra;anlisedasentrevistasediscussodosresultadosemumareuniode feedback com os trabalhadores e a gerncia, quando o processo se reinicia.2.3.3.Custos AlgunsitensrelacionadosconsolidaodoSistemadeGestodeSeguranaeSadeno Trabalho so: salrio de profissionais da rea de SST; cestas bsicas; kits higiene; material de limpeza;produtosalimentcios;reposiodemveiseutenslios;manutenodemquinase equipamentos; treinamentos; aquisio de equipamentos de proteo individual (EPI); reposio de medicamentos; acidentes do trabalho; exames mdicos; atestados mdicos; programas internos deprevenodeacidentesdetrabalho;dentista;multas;embargos;interdiesecursosde capacitao (ARAJ O; MORAIS, 2005). Cambraia et al. (2005), a partir de um estudo de caso com sete empreendimentos de CC, compara o investimento estimado com o efetivo para segurana no trabalho. Para esse estudo ele considera gastos com investimentos com mo-de-obra direta em segurana (especialistas, sejam tcnicos ou engenheiros de segurana), investimentos com aquisio de equipamentos de proteo individual e equipamentos de proteo coletiva.Os resultados mostram que o percentual de investimento 31 em segurana realizado variou bastante entre os empreendimentos e que esta variao no segue umpadro,noentanto,comparativamenteaosinvestimentostotaisemsegurana,omaior investimento se deu com especialistas. 2.4. Abordagem de processo e o ciclo PDCA ANBR/ISO14001:2004deixaclaroqueogerenciamentoporabordagemdeprocessos, promovido pela NBR/ISO 9001:2000, e a metodologia PDCA, por ela adotada, so compatveis, o que facilita a integrao das normas (ABNT, 2004). Labodov(2004)afirmaqueasestruturasformaisdosSistemasdeGestodaQualidade, Ambiental e de Segurana e Sade no Trabalho esto em conformidade e os procedimentos para sua implementao so muito semelhantes e baseados nos princpios do ciclo PDCA: planejar, fazer, checar e agir. Processossoatividadesqueusamrecursosesogerenciadasdeformaapossibilitara transformao de entradas em sadas; frequentemente a sada de um processo a entrada para o seguinte. A NBR/ISO 9001:2000 promove a adoo de uma abordagem de processos, ou seja, promove a interao e gesto dos processos (ABNT, 200b).A sistemtica dos processos promove a obteno de evidncias que so avaliadas, principalmente duranteaanlisecrticapeladireo,epermitedeterminaraextensonaqualoconjuntode polticas, objetivos, procedimentos ou requisitos so atendidos. Essa sistemtica proporciona uma efetividade do sistema da qualidade (NOVAES et al., 2007).Adicionalmente, a NBR/ISO 9001:2000 permite a aplicao da metodologia Plan-Do-Check-Act (PDCA) para todos os processos, do seguinte modo (ABNT, 200b): Pplanejar,apartirdoestabelecimentodosobjetivoseprocessosnecessriospara fornecer resultados de acordo com os requisitos do cliente e poltica da organizao; D fazer, por meio da implementao dos processos; C checar, usando de monitoramento e medio de processos em relao s polticas, objetivos e requisitos para o produto e relatar os resultados; 32 Aagir,aoexecutaraesparapromoveramelhoriacontnuadodesempenhodos processos.Ribeiro (2003) afirma que as relaes entre as sees da NBR/ISO 9001:2000 com as etapas do ciclo PDCA so: Seo5(Responsabilidadedadireo)podeserrelacionadacomoplanejamento,por exigir a formalizao dos objetivos, poltica e planejamento do SGQ; Seo6(Gestoderecursos)tambmpodeserrelacionadacomplanejamento,por considerar a definio dos recursos necessrios; Seo 7 (Realizao do produto) pode ser relacionada com planejar e agir. Com relao ao planejamento esto relacionados requisitos como: planejamento da realizao do produto, determinao dos requisitos do produto e desenvolvimento de projetos. Com relao aoestorelacionadosrequisitoscomoaquisioeproduoefornecimentosde servios; Seo8(Medio,anliseemelhoria)poderserrelacionadacomchecareagir.A checagemestrelacionadacommedio,monitoramento,controledeprodutono conforme, anlise dos dados. J a ao pode ser relacionada com as melhorias do SGQ. Campos(1990)diferenciaossignificadosdecadaestgiodocicloPDCAparaprocessos repetitivos e no repetitivos. Alguns exemplos de processos repetitivos na construo civil so a preparao de concreto e o assentamento de tijolos e ladrilhos. Nestes casos, se busca com o PDCAatingiroobjetivodecontrolarametausandodepadronizao,treinamento,coletade dados, verificao e aprimoramento do padro.No entanto, o projeto da construo de um prdio nico, ou seja, no repetitivo, e o ciclo PDCA passaatercomoobjetivocontrolaroplano,atravsde,porexemplo,acompanhamentode cronograma e oramento (CAMPOS, 1990). Karapetrovic (2003) enfatiza que a melhor situao a unio da abordagem por processos e do PDCA. Ele prope usar a gesto por processos para ligar os mltiplos processos na busca de um 33 objetivoeaprimorarcadaprocessocomousodoPDCA,repetindoemelhorandocertas atividades, ou seja, aplica-se a gesto de processos no total e dentro de cada processo o PDCA. ANBR/ISO14001:2004baseadanametodologiaPlan-Do-Check-Act(PDCA)e,nela,o cicloPDCAanalisaosimpactosambientaisevoltascausas(aspectosambientais),visando mudanas de valores e aprimorando o incio do processo. Considerando-se a gerao de resduos, pode-se dizer, entre outras coisas, que o ciclo PDCA estimula a anlise das causas da gerao de resduos, incentivando a reduo da gerao de resduos e no somente a mitigao do impacto causado (ABNT, 2004).Muitas construtoras no adotamuma viso sistmica de abordagem da gesto de segurana e sade no trabalho e tm aes voltadas simplesmente para o atendimento dos requisitos legais mnimos. Um Sistema de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho (SGSST) pode incentivar queaempresatenhavisosistmica,umaatitudemaisproativaeque,conseqentemente, apresente melhores resultados. No entanto, a ocorrncia da melhoria do desempenho depende do modo como cada empresa introduz o SGSST, que somente trar os resultados desejados se for adequadoempresaehouverumaefetivamudanaculturalorganizacionalporpartedos trabalhadores e diretoria. (BENITE, 2004).AOHSAS18001:1999estrutura-senasseguintesfases:polticadeSeguranaeSadeno Trabalho (SST); planejamento; implementao; operao; verificao; ao corretiva e anlise crtica pela administrao. Estes elementos so a base para uma gesto de SST bem sucedida, e formam o ciclo da melhoria contnua, baseado no conceito do ciclo PDCA. As sadas das fases so as entradas da fase seguinte, juntamente com os requisitos desta fase e assim, sucessivamente, at que se reinicie o ciclo. A viso sistmica da Srie OHSAS ocorre devido estrutura do ciclo PDCA unida realimentao da mensurao do desempenho, considerao de fatores externos (consideradosnaanlisecrticapelaadministrao)eauditoria,queseprocessasobrecada elemento-fase (CAPONI, 2004).34 35 3.Sistemas Integrados de Gesto No existe um Sistema Integrado de Gesto que possa ser formalmente certificado, assim, uma empresa que possui SIG - Q/MA/SS possui trs certificaes distintas. importante ressaltar que umSIGpodeincluirvriostiposdesistemasdegestoe,porisso,ossistemasdegesto envolvidos no SIG devem ser identificados (LABODOV, 2004).Integraogeralmenteentendidacomo:combinarpartesseparadasemumtodo. Especificamente, a integrao dos sistemas de gesto pode ser definida como um processo de unio de diferentes funes especficas de sistemas de gesto em um nico e mais eficaz sistema integradodegesto.Aextensodaintegraodossistemasdegestopodevariar significativamentedeumaempresaparaaoutra,dependendodascondiesprevalecentes, estratgias e normas mnimas (BECKMERHAGEN et al, 2003).Segundo Zeng, Tian e Shi (2005), a integrao incentivada pela existncia de itens das normas que apresentam textos praticamente idnticos e so facilmente integrveis, como: formulao de polticas,definiodeautoridadeseresponsabilidades,representantedadireo,treinamento, documentao e comunicao.A ISO 9001 surgiu em 1987, a ISO 14001 em 1996 e a OHSAS em 1999. Essa seqncia seguiu a ordem de aparecimento de novos valores no meio empresarial, o primeiro foi satisfao dos clientes, mas, atualmente, as organizaes precisam satisfazer as necessidades de seus clientes, investidores,vizinhana,sociedade,funcionrioseoutraspartesinteressadas (KARAPETROVIC, 2003). Degani (2003) comenta que SIG no apenas uma fuso de procedimentos, mas uma inteno de formarumnicosistemadegestoqueenglobetodososaspectosquedealgumaforma relacionam-se aos clientes, funcionrios, fornecedores, acionistas e comunidade. Segundo Benite (2004), o crescimento da quantidade de empresas que implantaram o Sistema de GestodeQualidadecombasenanormaNBR/ISO9001foiextremamentesignificativono mundo. Por essa razo, a norma NBR/ISO 14001 e a OHSAS 18001 foram desenvolvidas de modo a permitir a integrao entre si e com a NBR/ISO 9001, trazendo os requisitos especficos 36 paraosseuspropsitossemapresentarrequisitosconflitantes,oquepoderiaresultaremum entrave para a sua disseminao. AprpriaNBR/ISO14001:2004(ABNT,2004)prevaintegraodesistemasdegesto baseados em requisitos das sries de normas ISO: "As normas internacionais de gesto ambiental tm por objetivo prover s organizaes os elementos de um sistema de gesto ambiental eficaz, passvel de integrao com outros requisitos de gesto, de forma a auxili-las a alcanar seus objetivosambientaiseeconmicos".Almdapossvelintegraodossistemasdegesto baseados nas sries de normas ISO, de acordo com De Cicco (1999), a OHSAS 18001 tambm foi desenvolvida para ser compatvel com a NBR/ISO 9001 e com a NBR/ISO 14001, tendo o objetivo de facilitar s empresas a implementao dos Sistemas Integrados de Gesto. De acordo com Oliveira e Amorim (2005), a Gesto Ambiental e a Gesto de Segurana e Sade no Trabalho tambm devem ser contempladas no plano de qualidade do empreendimento. Pois no h qualidade dissociada de impactos ambientais e gesto da segurana de riscos ocupacionais dentrodoempreendimento.Dessemodo,paraaempresaquetemumSistemadeGestoda Qualidade corretamente implantado e que pretende agregar valor a ele estendendo-o s questes ambientaisedeseguranaesadenotrabalho,osSIG-Q/MA/SSsoumaexcelente oportunidade para sanar todos esses problemas. O fato que mltiplos sistemas de gesto se tornam ineficientes, difceis de administrar e de obter o efetivo envolvimento das pessoas, por isso as instituies e empresas tm se interessado pela implementao dos Sistemas Integrados de Gesto. Isso beneficia a empresa com relao ao atendimento s crescentes exigncias de clientes e de outras partes interessadas, bem como, no cumprimentomaiseficazdalegislao.Almdomais,osSIGtmlevadoasorganizaesa atingir melhores nveis de desempenho, a um custo global menor (DEGANI; CARDOSO, 2001). Com a necessidade de se implementar mltiplos sistemas de gesto a empresa tem duas escolhas: implementao desintegrada ou integrada. Considerando que as normas so compatveis e que se j houver um sistema de gesto vigente os novos podem ser ajustados aos moldes do anterior, a integrao dos sistemas a escolha mais lgica (KARAPETROVIC, 2003).Oreferidoautorcaracterizadoistiposdeintegrao:atotaleaparcial.Atotalquandoos sistemas perdem sua identidade e resultam em uma completa fuso de nico propsito, tendo, por 37 exemplo, uma nica poltica e um nico conjunto de processos que compartilham recursos para alcanar os objetivos e metas. J a parcial, que, segundo o autor, a mais comum, pode vir da simples harmonizao dos objetivos, processos e recursos, por exemplo, a empresa pode ter uma nica poltica e manual, mas realizar auditorias internas separadas para cada sistema de gesto. Sugeretambmque,parainiciaroprocessodeimplementaodeumSIG,aempresapode, primeiro, unificar os requisitos comuns s trs normas. Depois, estender a todo o SIG requisitos que no so exigidos em todas as normas, mas que podem ser adequadas ao SIG, como manual e metas.Finalmente,osrequisitosespecficosdecadanormapodemserimplementados separadamente.J orgensen,RemmeneMellado(2006)detalhamtrspossveisintegraesdeumSIG: correspondente,coordenada/coerenteeestratgica/inerente.Aintegraoporcorrespondncia aprimoraacompatibilidadeentreosrequisitosparalelosdosistemaepodeformarumnico manualdegesto,trazendobenefciosvinculadosreduodaburocracia,confusoentreas normaseotimizaodotrabalho.Aintegraocoordenadaecoerentebuscaumprocesso genrico com foco no ciclo PDCA, com uma compreenso comum dos processos genricos de poltica, planejamento, implementao, verificao e aes corretivas, trazendo benefcios como interaoderesponsabilidades,anlisedassinergiasealinhamentodaspolticas,objetivose metas;elapodeserasoluoparaproblemasrelacionadosaoaprimoramentodevantagens competitivas.Naintegraoestratgicaeinerenteexisteumaculturaorganizacionalde aprendizado,melhoriacontnuadodesempenhodaintegraoeparticipaodaspartes interessadasinternaseexternas;elasignificaumprogressodaresponsabilidadecorporativa contribuindo para um desenvolvimento sustentvel. Do mesmo modo, Beckmerhagen et al (2003) tambm defende que podem existir trs graus de integraoeosdenominadeharmonizao,cooperaoefuso.Aharmonizaoa harmonizao e coordenao da documentao, estrutura comum dos sistemas, alinhamento dos propsitos e polticas; ligaes claras entre os sistemas. A cooperao possui caractersticas da harmonizaomaisintegraodoselementosprincipais,comopolticas,objetivos,metas, procedimentos,instrues,auditoriasegestoderecurso;oplanejamento,implementao, operao, avaliao de performance e desenvolvimento e melhoria contnua devem ser alinhados de acordo com um mesmo modelo de gesto, tendo, por exemplo, foco no ciclo PDCA. J a fuso a perda de identidade nica e funo especfica dos subsistemas; total fuso dos subsistemas.38 WilkinsoneDale(2001)enfatizamqueemumSIGostrssubsistemasperdemasua independncia e sugerem um modelo de implementao que busca atingir um ciclo de melhoria contnua comparando as sadas com as metas, de tal forma que os resultados desta comparao voltam para as entradas e as finalidades e objetivos possam ser revistos e os recursos ajustados, alm disso, as sadas de uma etapa so as entradas da prxima.Labodov(2004)identificadoismodosdeimplementao,oprimeiroumaimplementao seqencialeindividualdossistemasdegestoesuaposteriorcombinao;osegundoa implementao direta do SIG, atravs de um sistema que abranja os trs subsistemas.A escolha pelo modo de integrao depende do histrico, necessidade e vontade da empresa. Exemplos de requisitos integrveis so representante da direo, auditorias internas e documentao.A compatibilidade das normas somente um pequeno passo para integrao dos sistemas. Um pr-requisito para integrao a compreenso dos processos genricos e funes de gesto do ciclo PDCA; os potenciais benefcios de uma integrao esto relacionados com a coordenao interna e a reduo de possveis desequilbrio entre os sistemas. Um nvel mais ambicioso de integraoestpreocupadocomacriaodeumaculturadeaprendizagem,participaodas partes interessadas e melhoria contnua do desempenho, a fim de contribuir para sustentabilidade social, ambiental e econmica (J ORGENSEN; REMMEN; MELLADO, 2006). Viegas (2000) afirma que o maior desafio identificar as diferenas entre as normas e assegurar que os requisitos de ambas esto contemplados no sistema integrado, e ainda obter um sistema de gesto que possa ser prontamente implementado e no se torne pesado. As organizaes devem integrarosrequisitosdasnormasemsuaestratgiademaneiraaserembemsucedidasna implementao e adequao dos requisitos. Possveis barreiras para integrao dos sistemas que dificultam a integrao, principalmente em empresas que possuem os trs sistemas funcionando bem separadamente, so diferenas entre os requisitosdasnormas,dificuldadesnacomunicaointerna,possibilidadedemudanas organizacionaisqueafetemoquadrodefuncionrioscausandoresistnciaseomedoda mudana. Pode, tambm, ocorrer um aumento da burocracia devido maior complexidade do sistema integrado, por isso o sistema de gesto deve ser adequado a dimenso e realidade da empresa, formalizando somente o necessrio (MATIAS; COELHO, 2002 e BECKMERHAGEN et al, 2003). 39 3.1. Sistemas Integrados de Gesto em outros setoresA bibliografia relata vrios casos de implementao de SIG em setores diferentes da construo civil. Com esses exemplos pretende-se adquirir conhecimentos relacionados aplicao dos SIG teis tanto para outros setores quanto para a construo civil.3.1.1.Indstria de cimentoCoelho (2000) apresenta o passo a passo e os resultados da implementao do SIG na Companhia de Cimento Portland Ita, criada em 1937 em So Paulo e controlada pelo Grupo Votorantim desde 1977. Entre os principais produtos da empresa esto cimento e cal. Segundo o autor, as vantagens desta implementao podem ser mensuradas utilizando como indicadores: O nmero de procedimentos operacionais implantados: existe uma tendncia de reduo na quantidade de documentos, pois vrios requisitos podem ser integrados em um nico procedimento; Custo de treinamentos: com a possibilidade da elaborao de treinamentos que atendam maisdeumrequisitosereduzaquantidadedetreinamento,ocustoeotempode capacitao; Disponibilidadederecursoshumanos:melhoraproveitamentodaequipe,quepode atender simultaneamente as trs normas durante a implementao e manuteno; Efetividade e custo de melhorias: um nico sistema facilita a visualizao dos resultados e impactos das aes de melhoria, possibilitando melhor definio e controle dessas aes. Alm disso, Coelho (2000) recomenda, para qualquer empresa, buscar a integrao dos sistemas de gesto, pois com um nico sistema mais fcil de administrar e conseguir o envolvimento das pessoas. O processo de implementao deve comear pelo comprometimento da administrao.3.1.2.Indstria metal-mecnicaA indstria de metal-mecnica fabrica diversos produtos, como metais fundidos, peas metlicas, ferramentas, mquinas e equipamentos, destinados a diferentes tipos de segmentos industriais, 40 taiscomo:automobilstico,hidro-mecnico,siderrgico,naval,papelecelulose,mineraoe construo civil (CHAIB, 2005).O referido autor realizou um estudo de caso em uma indstria de metal-mecnica de mdio porte localizadanoEstadodeMinasGeraisespecializadanafabricaodeestruturasmetlicase caldeiraria.Essa indstria j tinha o SGQ implementado conforme a NBR/ISO 9001 e havia o interesse de implementar o SGA conforme a NBR/ISO 14001 e o SGSST conforme a OHSAS 18001. AsespecificaeserequisitoscontidosnaOHSAS18001:1999enaISO14001:1996foram baseadas na ISO 9001 para facilitar a integrao entre as mesmas. No entanto, as recomendaes de implementao de SIG apresentadas pelo autor so baseadas em uma metodologia que separa o SGQ do SGA e SGSST, nomeando a unio dos dois ltimos como Sistema de Gesto Integrada (SGI).A partir disso, detalha uma possvel forma de atendimento para cada requisito das normas e, para iniciar o processo, o autor recomenda uma anlise crtica inicial com o objetivo de obter um diagnsticodasituaoatualdaempresaeconstatarprovveisreasdeinteresseparaa investigao de seus aspectos ambientais e respectivos impactos, bem como os riscos existentes nasatividades.Oautorprope,tambm,umametodologiaparaidentificaodeaspectose impactos ambientais, identificao dos fatores de risco associados s atividades e determinao de suas significncias, com o objetivo de criar um ranking das etapas do processo produtivo que devem receber maior ateno por parte de seus responsveis. Por ser uma empresa de mdio porte, um detalhe importante a estrutura organizacional enxuta com poucos nveis hierrquicos e a inexistncia de um setor ou departamento exclusivo para o SGI. Desse modo, as responsabilidades so distribudas para pessoas capacitadas e treinadas para exercer tais tarefas. Um cuidado necessrio nesta situao o de dar s pessoas as condies de trabalho necessrias para implementao do SGI, tanto com relao aos recursos diversos, quanto disponibilidade de tempo para realizao das tarefas especficas do SGI.Por outro lado, o porte da empresa estudada traz facilidades sob o aspecto de disseminao das informaes relativas ao SGI, alm de uma obteno da adeso e comprometimento mais rpida 41 de todos os empregados, para que estes estejam em sintonia com as propostas da implementao da gesto integrada.Seexistiremdificuldadesquantodisponibilidadederecursosfinanceiros,umaalternativa propostapeloautoraformaodegruposagregandoempresasdemesmatipologiaeporte semelhante.Essesgruposviabilizariamacontrataodeconsultoriasqueatendessem, simultaneamente, diversas empresas, verificando, dentro das caractersticas especficas de cada uma, a adequao da implantao do SGI. Alm disso, os treinamentos e eventos de capacitao dos empregados poderiam ser realizados em conjunto, diluindo os custos decorrentes desta fase.Mafei(2001)apresentaumestudodecasoemumaempresalocalizadanoEstadodeSanta Catarina, tambm atuante na rea metal-mecnica, mas especializada na fabricao de mquinas e equipamentos. Na poca do estudo de caso, essa indstria era certificada pela NBR/ISO 9001 e pela NBR/ISO 14001 e estava implementando e desenvolvendo o SGSST pela OHSAS 18001. Segundo esse autor, a implementao do SIG deve ocorrer quando: A diretoria estiver totalmente comprometida; O sistema integrado for considerado como parte integrante do negcio; Houveraformaodeumaequipemultidisciplinarenvolvidanaimplementaoe manutenodoSIG,comparticipaoincontestveldeprofissionaisdasreasda qualidade, meio ambiente, segurana e sade ocupacional e A empresa procurar a inovao e a sobrevivncia empresarial e buscar a criao de um diferencial de competitividade. 3.1.3.Fabricao de mveis de ao Soler (2002) apresenta os resultados de um estudo de caso da Big Metal Indstria e Comrcio de mveis Ltda, que tem fabricao em srie de mveis de ao para escritrio. Ela uma pequena empresa dirigida pelos proprietrios com, na poca, aproximadamente 30 colaboradores diretos. O autor props um modelo estruturado de verificao de atendimento de requisitos atravs do quallevantouosrequisitosdasnormasISO9001,ISO14001eOHSAS18001queforam 42 atendidos ou no, os parcialmente atendidos, os que so viveis ou inviveis e os que no se aplicam empresa. Considerando-se a estrutura modesta e reduzida da organizao nos aspectos material humano e financeiroconcluiu-sequesefaznecessriaaelaboraodeummodeloalternativode certificao para empresas de pequeno porte. A concluso geral deste estudo que um SIG que cumpra todos os requisitos das normas no factvel e exeqvel para o tipo de indstria pesquisada. Os modelos existentes esto formatados paraoatendimentodamelhorianasmdiasegrandesorganizaes,criandoumazonade excluso que impede o acesso das pequenas empresas aos sistemas certificveis. 3.2. Sistemas Integrados de Gesto na Construo Civil Aindstriadaconstruocivilbrasileiraestemdefasagemgerencialcomrelaoaoutros setores da indstria nacional devido falta de uma cultura que privilegie a inovao, dificuldade em compatibilizar modelos de gesto j consagrados, dificuldades financeiras e culturais. Essa defasagem propicia ms condies de higiene e segurana nos canteiros de obra, baixa qualidade dos mtodos e processos construtivos, m gesto dos resduos slidos produzidos, nveis elevados de acidentes de trabalho e de doenas ocupacionais (ALMEIDA et al, 2006). Algumas construtoras acreditam que quando j se tem a certificao pela NBR/ISO 9001 o custo-benefciodacertificaopelaNBR/ISO14001oupelaOHSAS18001novantajoso.No entanto, devido s legislaes ambientais e de segurana e sade no trabalho e motivao pela melhoria da imagem da empresa, no decorrer do tempo, os aspectos ambientais e de segurana e sade no trabalho sero incorporados ao sistema de gesto da empresa, independentemente da certificao. (OLIVEIRA; BORGES; MELHADO, 2006). Aoimplementarastrsnormas,algumasconstrutorasofazemsemintegrao,separandoos grupos responsveis pelos diferentes sistemas de gesto e dissociando seus respectivos focos. Isso facilmenteresultaemconflitosnaestruturaorganizacionalpodendocausarincompatibilidade cultural dentro da prpria construtora. Alm disso, a definio de uma nica coordenao muito importantenaimplementaodoSIG,poisolderdeveseenvolverpessoalmentena comunicao de metas e planos e em motivar e premiar os empregados (ZENG; LOU; TAM, 2006).43 Segundo Caponi (2004), a existncia de outros Sistemas de Gesto, como o da Qualidade e do Meio Ambiente, facilita muito a implementao de um Sistema de Gesto de Segurana e Sade noTrabalho(SGSST)emconstrutoras.Benite(2004)apresentaumestudodecasoemuma construtora que j tinha o Sistema de Gesto da Qualidade e implementou o SGSST, e evidencia que a integrao trouxe vantagens no processo de implementao operao e manuteno dos sistemas. Segundo Dias (2003), na construo civil, a implementao dos Sistemas Integrados de Gesto (Q/MA/SS) fator chave para se alcanar a produtividade, competitividade, boas condies de trabalho, qualidade, respeito ao meio ambiente, custo e prazo. Outra importante conseqncia que ao se aperfeioar um dos subsistemas de gesto tambm se aperfeioa os outros, por estarem interligados. Alm disso, a implementao e manuteno do SIG facilitam a relao e o trabalho em conjunto de empresas de construo civil.VriasoutrasvantagenspodemserobtidascomaimplementaodosSIGemempresas construtoras, entre elas esto (BENITE, 2004 e DEGANI; CARDOSO, 2001): Sistema nico facilita a compreenso e envolvimento dos funcionrios; Propiciaaprevenoderiscoseprejuzos(acidentesambientais,multaseoutras penalidades, etc.); Beneficia a empresa com relao ao atendimento s crescentes exigncias de clientes e de outras partes interessadas, bem como, no cumprimento mais eficaz da legislao; Simplifica a documentao (manuais, procedimentos, instrues de trabalho e registros); Reduz a burocracia; Evita conflito entre procedimentos; Fortalece a empresa construtora na busca de seus objetivos e metas; Reduz custos (com auditorias internas, treinamentos, seguros, etc); Melhora a gesto de processos devido padronizao; 44 Eleva a imagem da organizao; Auxilia,emespecial,noestabelecimentodaPoltica;naalocaoderecursos;nas aplicaes de treinamento e capacitao de recursos humanos; na organizao e estrutura de responsabilidades; na aplicao de sistemas de avaliao e recompensa; na aplicao de sistemas de medio e monitoramento e de sistemas de comunicao e relato. Inicialmente, pode-se considerar que para se alcanar reais benefcios com a implementao do SIG, necessrio empenho de toda organizao, firmeza de propsitos e adaptao dos modelos das normas realidade da empresa (LORDLO, 2004). Para isso, anteriormente implementao do SIG, interessante que a empresa construtora realize uma anlise atualizada de sua situao, estrutura, desempenho e necessidades ( DEGANI, 2003). Ao implementar um Sistema Integrado de Gesto a empresa construtora passa por mudanas e encontra dificuldades, o que exige um planejamento e uma preparao. Segundo Frana e Picchi (2007)existeanecessidadedasempresasteremumaculturadegestoconsolidadaantesda implementao do SIG - Q/MA/SS. Acontrataodeconsultoriaexternaumaprticacomumebenfica,porm,importante existir um entrosamento bastante forte entre o consultor e as partes interessadas. A consultoria deve auxiliar o processo de implementao de um SIG adequado empresa em questo, de tal forma que, aps a implementao, a empresa seja capaz de fazer a manuteno sem ajuda dos consultores (LORDLO, 2004). Almeida et al. (2006) afirmam que o compromisso da gerncia, a motivao, a participao do empregado e as mudanas nas rotinas e nas tradies so desafios na implementao do SIG em construtoras.Desse modo, um ponto crucial da integrao dos sistemas de gesto em empresas construtoras criarumsistemasimples,quepossaaprimorarotrabalhoemequipeealcanaroequilbrio humano no sistema de gesto. Para efetividade do sistema e comprometimento dos envolvidos, deve-se utilizar conhecimentos sobre a forma de envolver as pessoas para adotar e implementar novos instrumentos. necessrio conscientizar os trabalhadores da importncia dos princpios do SIG - Q/MA/SS e convencer os gerentes de que eles podem ganhar com a melhoria das condies ambientais e de trabalho (SJ OHOLT, 2003).45 Segundo esse autor, ao se considerar aspectos ambientais e de segurana e sade no trabalho na infra-estrutura do ambiente de trabalho e nos mtodos produtivos, a satisfao dos trabalhadores aumenta,oqueosmotivaaseguirosprincpiosdoSIG-Q/MA/SS,proporcionamaior comprometimento com o rendimento do trabalho e reduz custos devido a acidentes e multas. Entre as motivaes de implementao do SIG - Q/MA/SS citadas pelas empresas construtoras esto: exigncia do mercado, aperfeioamento da gesto e preocupao com o meio ambiente, seguranaesadedofuncionrio.Deve-sedestacar,contudo,adificuldadenalogsticade disseminao do conhecimento, envolvimento das equipes, disseminao da cultura em ambiente mutvel e resistncia de empregados (FRANA; PICCHI, 2007). 3.3. Integrao dos requisitos Nem sempre ter os trs subsistemas (Q/MA/SS) significa que o sistema de gesto integrado. Por vezes, as empresas dizem ter um SIG por possurem certificao nas trs normas, no entanto, elas mantm um sistema desintegrado, com duplicao de esforos e documentao, o que em um sistema realmente integrado seria evitado (FRANA; PICCHI, 2008).Devido ao grande nmero de empresas atuantes na rea de construo brasileira j certificadas pela NBR/ISO 9001, nesta etapa, so analisados os requisitos que uma construtora possuidora