FRAGMENTOS DE UMA VIDA

45

description

Vida e obra do artista plastico portugues miguel westerberg

Transcript of FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Page 1: FRAGMENTOS DE UMA VIDA
Page 2: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Vida e obra do Artista Plástico Português

MIGUEL WESTERBERG

Escrito por Hadassa Alencar

Diadema - São Paulo – Brasil 16 de julho de 2006

Page 3: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Este livro revela fatos importantes e curiosos da vida e obra do artista plástico Miguel Westerberg. Seu nascimento e infância conturbada; o primeiro contato com a arte e os conflitos de um adolescente em busca de um espaço só seu, mesmo que em qualquer parte do mundo; retrata as lutas travadas por um homem interiormente solitário e as muitas desilusões vividas em busca de um alguém que o ajudasse a minimizar o imenso peso da solidão que há muito o perseguia. Contudo, foi somente em forma de versos e prosas que conseguiu exteriorizar todas as diversidades de conflitos internos que o afugentavam e o aprisionavam destro de si mesmo.

Miguel Westerberg com seu avô – 1972

Na pintura encontrou uma forma de retratar as desigualdades do mundo a sua volta, bem como de expor o oculto, o abstrato e o misticismo existente na particularidade de cada ser, quer seja ele um simples objeto, paisagem ou pessoa retratada, pois o seu principal intuito foi sempre definir o indefinido e encontrar explicações para o que sempre fora julgado inexplicável pela maioria das pessoas, por isso, é relativamente visível nas suas obras um misto de paradoxos e metamorfoses.

Escrito por Hadassa Alencar

Page 4: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Miguel Ângelo Pimenta Migueis Einar Westerberg nasceu em 31 dezembro de 1972, às 23h33min, véspera de ano novo. Sua mãe deu-lhe o nome Miguel Ângelo com o propósito de homenagear o famoso pintor italiano Michelangelo Buonarrot, se opondo a vontade do pai de Miguel Westerberg, Fred Eiver Westerberg [Sverige], que queria dá lhe o nome de Valentin Einar Westerberg, seu avô. Contudo, prevalece à vontade da sua mãe, Maria Antonieta Pimenta Migueis, filha de nobres, que vêm a perder em parte o seu patrimônio em 5 de outubro de 1910 com a queda da monarquia Portuguesa. Parte dos bens passa a pertencer ao estado republicano e a outra parte é dividida pelo resto da família. A concentração da maior parte fica nas mãos do avô – Mario Rodrigues Migueis – que acaba por desperdiçar em viagens pela Europa, com o intuito de visitar as ruínas da segunda grande guerra mundial. Regressa a Portugal dois anos mais tarde, após ter se filiado ao partido comunista francês e, por aderir a suas idéias, extremamente proibidas pela ditadura de Oliveira Salazar, é obrigado a exilar-se na França por um certo tempo. Por não chegar ao conhecimento da PIDE, que ele já se encontrava fora do país, perseguem um indivíduo que é confundido com ele e o mesmo é barbaramente assassinado, pondo um fim à sua perseguição. Anos mais tarde volta a residir definitivamente em Portugal, casa-se e tem duas filhas, passando ai a dedicar os últimos anos de sua vida a pintura Naif apenas como um hobby. Sua filha mais velha, Maria AntonietaPimenta Migueis, por motivos de conflitos com o pai, decide sair de casa aos 16 anos e, devido às dificuldades que vem a enfrentar, é obrigada a se prostituir para sobreviver. Passa a freqüentar bares alternos junto ao cais de Matosinhos – Porto, onde conhece alguns marinheiros. Entre eles o sueco Fred Eiver Westerberg, cujo pai também tem uma grande aptidão para pintura, escultura e poesia.

Page 5: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Mãe e pai de Miguel Westerberg

METAMORFOSE

Vindo ao mundo em uma época bastante conturbada, quando o país ainda se encontrava sob o domínio de uma ditadura fascista, que forçou uma grande parte da população a viver em condições existenciais sob humanas, acaba por enfrentar, juntamente com seus irmãos, as fortes dessa conseqüências desse período. Em 25 de abril 1974, o regime de Marcelo Caetano é derrubado pelas forças armadas e ele é deportado para o Brasil, onde veio a falecer em exílio.

Em Portugal surgem novas idéias políticas, que geram reformas constitucionais e põe fim à guerra de Ultramar, que dá inicio a descolonização e independência a Angola, Moçambique, Guiné-bissau, Timor, São Tomé e Príncipe, dentre outras, causando receios de rebelião devido ao colonialismo que durou aproximadamente 500 anos. O país passa a enfrentar a sua maior crise, fazendo com que os colonos luso-africanos, sejam obrigados a imigrar para um país que até então pouco ou nada lhes dizia respeito. Devido às más condições financeiras, sua mãe é obrigada a viver na zona da Ribeira no Porto, ocupando apenas um cômodo de um prédio demasiado úmido e velho, onde viviam cerca de aproximadamente 20 famílias, que dividiam um banheiro coletivo e

Page 6: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

sem chuveiro, fato que levava os quatro irmãos a utilizarem-se da janela existente no quarto para despejar suas necessidades fisiológicas, já que a mesma era de frente para o rio Douro. A essa altura, pela primeira vez, recebe a visita do seu avô paterno, Valentin Einar Westerberg, que veio da Suécia - Gotenborg, para conhecer seus netos. Dois meses depois Miguel Westerberg, acaba por vir a sofrer, em parte, todas essas pressões, contraindo uma forte pneumonia, que o a deixou hospitalizado por um período aproximado de dois anos no hospital do Monte da Virgem, localizado na Vila Nova de Gaia.

Após sua recuperação, sua mãe decide regressar a Lisboa com seus filhos.A continuação desse relato será descrito pelo próprio Miguel Westerberg, em uma das cartas enviada a um amigo.

“Caro amigo em continuação da carta que te enviei, gostara de te escrever um pouco mais sobre mim”.

Lembras de quando te falei sobre a minha passagem pela Mitra em Lisboa? Então, vou te contar por escrito da melhor forma possível, pois na verdade não me lembro muito bem como fui parar lá, apenas sei o que o meu querido irmão Henrique me contou, sim, que a minha mãe nos tinha deixada numa pensão em Lisboa, enquanto ia “ganhar a vida” e como éramos muito pequenos, cada um se virava como podia. Normalmente era o Carlos Henrique que tomava conta de nós, mas já deves estar a imaginar como é uma criança de 10 anos a tomar conta de outras três: eu, a Mariana e a Tânia. Certa

Page 7: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

altura as pessoas da pensão decidiram que não estavam para agüentar tal coisa e chamaram a policia enquanto a minha mãe estava fora. Depois disso fomos levados para a Mitra, creio que por volta do ano de 1976.

A minha mãe ainda nos tentou tirar de lá, mas foi tudo em vão, pois a vida que ela levava, de acordo com as autoridades, era uma vida que não dava estabilidade a uma família, devido à prostituição a qual se submetia para nos sustentar. Foi por esse motivo que ali fomos parar e hoje pela manhã me veio à mente alguns dos momentos vividos naquela instituição. Uma das primeiras coisas que me recordo é de que dormíamos todos em um grande dormitório, meninos de um lado e meninas do outro. Para ir ao quarto de banho tinha que passar por um corredor no qual havia no chão um pavimento em vidro e numa certa noite, enquanto me encaminhava para o dito quarto de banho, ao passar por esse mesmo pavimento, reparei que um dos vidros estava quebrado; senti uma certa curiosidade e acredita, antes não tivesse espreitado, pois durante anos afim essa mesma visão me perseguiu. O que vi foi nada mais nada menus do que um morto dentro de um caixão e ao seu lado uma viúva que o velava com prantos e lagrimas. A partir desse dia nunca mais fui o mesmo e a noite eu preferia urinar na cama a ir ao quarto de banho. Isso passou a me ocorrer até aos 15 anos e por mais que alguém tentasse me acordasse durante a noite, eu não conseguia evitar.

Mariana, Miguel e Tânia Migueis

Há coisas que nos acontecem e que nem mesmo sabemos o porquê..., enfim! Outra ocasião, quando fui separado das

Page 8: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

minhas irmãs, o que me fez sofrer ainda mais, para ficar em um setor só de rapazes, a minha mãe foi me visitar e está foi à única vez em que me lembro de tê-la visto. Por mais estranho que te possa parecer, senti muito medo quando a vi, acho que devido ater ficado ali naquele lugar sempre fechado e sem contacto algum com o mundo exterior, pois eu era moço e vivia apenas com moços que como eu não tinha quem pudesse cuidar deles..., éramos crianças abandonadas.

Lembro-me de que alguns dos meus amigos me agarraram pelas pernas e braços na tentativa de me levarem para junto dela, mas mesmo assim, eu queria fugir e eles riam de mim sem parar. Na verdade, esta é a única imagem que tenho da minha mãe: ela vestida com trajes hippie, saltos muito altos, calça a boca de sino, cabelos compridos e uns grandes óculos que envolviam todo o seu rosto, para não falar nos seus lábios com um vermelho bem garrido.

Hoje isso pode parecer natural, mas naquela altura, como o país era muito atrasado, quem se vestia assim era considerada louca. Outra prova que tive que enfrentar foi a de ir à escola, pois no caminho tinha que passar por a tal casa mortuária. Para um adulto parece ser a coisa mais comum do mundo, mas para mim que era apenas uma criança, cada vez que eu tinha que passar por lá morria de medo e tinha sempre que esperar os meus amigos para irmos a escola. A minha sorte foi que passado dois meses eu sai do jardim infantil e fui para um setor só de rapazes, evitando assim aquele trajeto aterrorizante.

Como éramos todos pobres, as roupas que tínhamos no corpo era dada por varias instituições e só as trocávamos uma vez por semana. Havia uma mesa grande com cerca de dois metros por um e meio aproximadamente, onde um agente da policia com um lençol branco amarrado pelas pontas despejava as roupas. Ele abria-o sobre a mesa e cada um tinha que se virar..., era uma confusão tão grande que se não nos apressássemos levávamos apenas o que sobejava. Muitas vezes cheguei a andar com calças bem largas e sem meias, mas durante a semana íamos trocando uns com os outros, pois era impossível estar vestido naquelas condições.

Tinha também alunos muito agressivos e o pior deles era o Zarolho, que adorava lançar pedras nas nossas cabeças. Certa altura, já adulto, fui a Mitra e dei de cara com ele. Estava tão mudado que só o reconheci por causa da expressão do seu olhar. Não lhe disse nada, pois senti certo receio em fazê-lo. Acho que ele estava a trabalhar por lá, não estou bem certo disso. À noite, antes de irmos nos deitar, havia uma sala onde todos ficavam forçadamente sentados, de frente para televisão,

Page 9: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

sem poder falar ou rir. De todas as coisas absurdas que passei na minha vida, está foi sem duvida a pior, pois quem abrisse a boca para falar ou rir ficava de castigo. O castigo era bem duro: ficar de joelhos virado contra a parede e o pior de tudo era que, quem tomava conta de nós eram os rapazes mais velhos, que faziam questão de abusar dos mais novos.

Passei por muitas outras experiências dolorosas e alucinantes, que nem é conveniente relembrar, mas tive experiências positivas também. Foi nesse mesmo orfanato, que tive meu primeiro contato com a arte, acho que por volta dos oito anos de idade. Esse contato se deu em uma verificação de nível de conhecimentos adquiridos pelas crianças, onde o intuito da assistente social era medir a capacidade artística de um determinado grupo de alunos, no qual eu estava inserido. Com uma quantidade de argila, pude retratar uma imagem tridimensional de um elefante, que dias antes tinha visto em uma visita que fiz com meu avô paterno ao jardim zoológico, causando desde então a primeira expressão de espanto diante dos meus colegas ao constatarem a perfeição do meu trabalho. Também me recordo, com um misto de pesar e alívio, do dia que meu irmão foge do orfanato, por volta de 1979 e passa a residir no Colégio da Oficina de S. José no Porto – Portugal.

Termino assim esta carta e espero que, através desse relato venhas a conhecer e entender um pouco mais sobre a minha maneira de ser e ver o mundo por vários ângulos e perspectivas diferentes.

Miguel Westerberg

Uma vez por ano o seu avô paterno o visitava e, em uma dessas visitas o levou ao zoológico, fato esse que o inspirou a moldar um elefante em argila e fazer o seu primeiro trabalho artístico. Quando o seu avô decide tira-lo do orfanato e leva-lo para morar com ele na Suécia, sofre um ataque cardíaco dentro de um táxi, já em Lisboa, por estar demasiadamente emocionado com a perspectiva de poder vir a ter o seu neto consigo. Anos mais tarde Miguel Westerberg toma conhecimento desse fato através do seu pai, que devido a sua profissão e ao alcoolismo, torna-se um pai extremamente ausente. O pouco contato que mantinham era através de cartões postais enviados ao filho de onde quer que se encontrasse ou então sempre que lhe era possível vir a Portugal. Em 1981 com idade de 15 anos, seu irmão Carlos Henrique, apesar de ser menor, toma a iniciativa de retornar à Mitra levando consigo o pai de Miguel Westerberg, a fim de transferi-lo para a Oficina de São José na cidade do Porto, onde ele já vivia. Ao chegarem ao colégio enfrenta a resistência do padre

Page 10: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Alberto Assunção Tavares, diretor da instituição em ficar com ele por não ter sido devidamente informado da sua transferência com antecedência. O caso é levado ao tribunal de menores do Porto e por fim o padre se responsabiliza pela sua tutela até que viesse a completar seus 18 anos. Na Oficina de São José passa a viver uma nova experiência de vida, que não foi menos traumática, principalmente nos dois primeiros anos, quando vem a sofrer algumas agressões por parte das gangues do bairro da escola nº. 65 e do próprio irmão, que devido à falta de paciência em ter que lhe ensinar como se vestir e comportar-se, o agredia constantemente. Isso o leva a refugiar-se nos desenhos como uma forma de não ter que encarar a dura realidade em que fora submetido e desencadeia a falta de interesse pelos estudos. Passa, a partir dai, a dedicar-se quase que totalmente aos seus desenhos e, mais tarde, descobre o prazer de se pintar uma tela.

De acordo com os próprios relatos de Miguel Westerberg, os dias na oficina de São José eram desta forma:

Acordamos por volta das sete horas da manha, o monitor que estava de serviço batia palmas e passava por cada quarto mandando-nos levantar. Fazíamos a nossa toalete e nos vestíamos para irmos tomar o café da manha, mas antes tínhamos que ir de dois em dois a carpintaria pegar um cesto de lenha para o fogão da casinha. Entravamos no refeitório e comíamos um pedaço de pão e café com leite. Depois alguns iam a escola, localizada fora do colégio, outros tinham que fazer limpeza, varrer os corredores e banheiros e os demais tinham que ir para a encadernação, tipografia ou carpintaria. Eu normalmente ia para a encadernação durante toda a manhã para dobrar folhas ou alcear cadernos para fazer blocos de recibos. As vezes chegavam livros para encadernar e dentre eles, toneladas de diários da republica, que só de ver dava desespero e vontade de chorar, pois tínhamos que coser os livros a portuguesa ou a francesa por horas a fio. Por volta do meio dia o seu Joaquim tocava o sino e todos nós, em fila indiana, entravamos no refeitório para almoçarmos. Após o almoço, alguns iam para a escola e os outros para os postos de trabalho.

Como a escola era fora do colégio saiamos sempre em grupo, pois os outros alunos dessa mesma escola eram muito rebeldes e adoravam implicar conosco. Isso me causava medo e raiva por ter que sempre procurar uma forma de fugir deles para evitar confrontos. Eram os rapazes das Fontainhas e da rua escura. Com o passar dos anos eles me deixaram em paz debaixo de muitas lutas e sacrifícios, mas voltando a rotina do colégio, como o jantar era às oito horas, tínhamos que ir para a sala de estudo das 18 ate as 20 horas e só de pois quando sino

Page 11: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

tocava, sairmos para jantar. Os monitores não suportavam conversas nos horários de refeição, porque fazíamos muito barulho. Quando isso acontecia nos colocavam de castigo por aproximadamente duas horas sem podermos falar. Se nos comportássemos devidamente íamos para o recreio até as 22 h, retornávamos a sala de estudo onde ficávamos até as 23 h e só depois é que íamos descansar.

Eu ficava só em um dos quartos com janela que dava para ver o rio douro e a cidade Vila Nova de Gaia. Na verdade, da janela do meu quarto, eu podia ter uma paisagem deslumbrante que me fascinava. Os outros compartilham quartos que tinham entre três a seis camas. No fim de semana era diferente, principalmente no dia de domingo. Levantamos as oito para irmos a missa e só depois é que tomávamos o pequeno almoço. O restante do dia podíamos brincar, mas na hora do almoço, antes de sairmos do refeitório, cada um recebia uma pequena mesada entre cinqüenta a cem escudos, dependia da idade de cada um. Depois podíamos sair na parte da tarde para darmos um passeio pela cidade. Essa é uma das boas lembranças que guardo. Sem duvida tive uma boa experiência na oficina São José do Porto, que contribuiu para a formação da minha personalidade e me marcou profundamente, devido às amizades que fiz durante esse período. Até hoje mantenho contato com alguns deles:

Crodonilson, Dr. Costa, Avantino, Sarafim, Paulo Sergio, Germano, José Leal, Dr. Agostinho, Dona Fatima, o Senhor Joaquim - o porteiro, a Dona Rosa - da lavandaria , Relvas, Espirito Santo, Adérito e Padre. Alberto Tavares, dentre outros.

Miguel Einar Westerberg

Importa referir: que a “Oficina de S. José” foi criada em 1882 pelo Padre. Sebastião Leite de Vasconcelos, sacerdote nascido na freguesia da Sé e ordenado sacerdote na Sé do Porto. Com o nome original de Oficinas de S. José, destinava-se esta instituição de caridade a recolher menores pobres ou abandonados, normalmente

Page 12: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

do ambiente local. O trabalho e a cultura religiosa constituíam valências importantes do programa de formação, que justificava a existência das oficinas e da Capela contígua. Tendo sido nomeado Bispo de Beja, o Padre Sebastião Leite de Vasconcelos entregou a Instituição à Diocese do Porto, a qual tem dados suficientes para testemunhar a qualidade e dedicação de quantos se têm dedicado à formação de sucessivas gerações de utentes, que por sua vez reconhecem geralmente que a Oficina de S. José do Porto os preparou para a vida familiar, social e profissional. E reconhece-se que uma instituição que nasceu com caractere assistencial, no séc. XIX, está a cumprir hoje uma função também correcional, aceitando receber crianças, adolescentes ou jovens ate aos 18 anos.

Em torno dos 14 anos, juntamente com os seus colegas de ciclo, participaram de um Concurso Ambiental feito pela Comunidade Econômica Européia e Miguel Westerberg ganhou o seu primeiro premio. No ano seguinte conclui o sexto ano e ao iniciar o sétimo abandona a escolar para trabalhar como expediente na Firma Cotinho LTDA por apenas um mês, pois precisou ir urgentemente à Alemanha com o propósito de encontrar-se com seu pai, que acabara de fazer um tratamento de desintoxicação na Turquia e casara-se com a bailarina e pintora alemã, Anna Drink Westerberg. Um mês depois regressa a Portugal, ao colégio e começa a trabalhar em Vila Nova Gaia, no Centro Paroquial Santa Marinha na ATL e jardim da infância, por um período de um ano e meio. Trabalho esse que lhe trouxe demasiado bem estar e realização pessoal, bem como auto-progresso, devido ao contato com crianças extremamente carentes que ali estudavam. Paralelamente se propõe a fazer um curso de artes plásticas na Cooperativa Árvore no Porto, mas nem se quer vem a concluí-lo, pois sente dificuldades de socializar-se em ambientes formais e fechados.

PASSAGEIRO DE 2ª CLASSE

Com idade de 17 anos sai do colégio e passa a trabalhar e viver com sua irmã Cristina Migueis em Ermesinde, nos arredores do Porto. Dois meses depois deixa o trabalho para ir com o seu cunhado - Carlos Cunha - para a França em busca de melhores oportunidades de vida, o que, infelizmente, não acontece por não estarem em situação legal no país e não dominar o idioma francês. Seu cunhado retorna a Ermesinde – Valongo. Miguel Westerberg decide viajar pela Europa: Bélgica, Holanda, Itália e Alemanha, onde residiu por quatro meses na casa do amigo Werner Brockstieger para cuidar do seu afilhado John Baptist.

Werner Brockstieger, professor catedrático, lhe ensina o idioma

Page 13: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

inglês e desperta nele o gosto pela leitura. A partir daí ele consegue desenvolver as suas capacidades intelectuais e culturais com muito mais empenho e maior desenvoltura, principalmente no campo das artes. Torna-se autodidata, aprende o espanhol e um pouco de francês. Se aprofunda na literatura e arte francesa, em especial a do século XIX e XX.

Prolonga seus estudos por mais sete anos e descobre o mundo fascinante do saber ao compartilhar idéias com vários artistas e ao visitar museus da Europa.Grande parte da construção do seu conhecimento se deu informalmente, através do gosto pelas biografias dos grandes mestres conceituados, tais como Claude Monet, Vincent Van Gogh, Munch, Modigliani, Picasso, Pollock, dentre outros e da leitura de tudo que se referisse a obra de escritores e filósofos como Jean-Paul Sartre, Albert Camus, Marx, Freud, Fernando Pessoa, Jorge Amado, Eça de Queiroz e Emile Zola por estar relacionado com a corrente impressionista. Freqüentemente também mantinha diálogos com intelectuais em vários cafés.

Durante esse mesmo período viajou diversas vezes com o intuito de aperfeiçoar sua arte. No seu regresso a Portugal passa mais uma vez por Paris e dias depois se dirige a capital espanhola, com o propósito de contemplar grandes obras dos pintores espanhóis: Picasso, Dali, Miro dentre outros, tais como Velásquez e Grego. Já em Portugal retorna a casa da sua irmã Cristina, tomando conhecimento que seu cunhado Carlos encontrava-se trabalhando na Argélia, onde permaneceu por um período de sete meses e devido a conflitos religiosos naquela nação foi forçado a regressar. Após o regresso definitivo do seu cunhado, por razões de incompatibilidade que se tornaram ainda mais freqüentes, decide deixar a casa da irmã e se sujeita a viver com os companheiros de trabalho em uma obra, que não lhes oferecia as mínimas condições de vida. Nesse mesmo ano é convocado pelas forças armadas Portuguesa para apresentar-se a uma inspeção, da qual vem a saber mais tarde por carta, que ficou apto, mas passou a reserva territorial devido a excesso de contingente. Por um período compreendido entre os 18 e 20 anos, Miguel Westerberg passou uma das piores fases da sua vida, pois não conseguia se entender com as irmãs e por essa razão teve que se sujeitar a um trabalho onde se sentia explorado. Isso lhe desencadeou uma grande depressão, que o levou a tentar suicídio. Depois de tantos dissabores retornou, mais uma vez, a casa da sua irmã, onde conheceu através deles, uma denominação evangélica da qual se tornou membro. No final do ano de 1993 concorreu a uma vaga no ministério da educação, visando uma estabilidade financeira, o que lhe era muito difícil devido à falta de um currículo que lhe desse melhores oportunidades, principalmente no campo das artes, o que lhe foi possível somente no dia 24 de setembro de 1994, ao fazer sua primeira exposição com 20 aquarelas no Centro Sócio-Cultural de Ermesinde – Valongo, na qual vendeu 12 das obras expostas.

Page 14: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Apesar de ter havido pouca divulgação, a exposição surpreendeu. Ouve uma grande adesão e foi considerada uma das melhores até então feitas naquele espaço. Vindo até mesmo a ser publicada no Jornal de Ermesinde - Regional. Devido à convocação para se apresentar ao ministério da educação em Alvalade – Lisboa, aonde assumiu o posto de guarda noturno, Miguel Westerberg não pode estar presente à sua primeira grande exposição.

UM SONHO ADIADO

Em Lisboa, passa a viver no Vale da Amoreira - Barreiro, juntamente com uma comunidade de africanos de Guiné-bissau e Angola, tendo que se deslocar de ônibus, barco e metrô para chegar ao seu trabalho. Certo dia, por ter que atravessar a cidade, acaba encontrando um grupo de artistas plásticos ao cruzar a Rua Augusta. Dentre eles o Telmo e a Vera Alexandra Carriche Monteiro, com quem vem a noivar mais tarde. Meses depois, adoece e é submetido a uma cirurgia de pneumotórax espontâneo, no hospital São José de Lisboa e fica impossibilitado de trabalhar por dois meses. Contrai matrimonio com Vera Monteiro no dia 21 de outubro de 1995 e passa a residir em Queluz – Sintra, na Avenida Miguel Bombarda em residência própria, que adquire com a ajuda da sua esposa. No ano seguinte recebe a notícia da morte do seu irmão, aos 28 anos após contrair AIDS. Dia 16 de julho de 1997, nasce seu filho, o qual recebe o nome de João Baptista Monteiro Westerberg. Um ano depois o menino é internado por motivos de saúde – insuficiência renal – e é submetido a uma cirurgia bem sucedida que o leva a recuperar-se. Nesse meio tempo faz sua segunda exposição de pintura com trabalhos de pastel a óleo e carvão no Restaurante de Comida Macrobiótica, situado na zona do Saldanha – Lisboa.

No verão de 1999 vai com a família para o norte do país, passar férias na casa da sua irmã Cristina Migueis, quando, com muito pesar, recebe um telefonema no qual sua madrasta o notifica da morte do seu querido pai, que faleceu na cidade de Paris em uma sessão de Quimioterapia.

No mês de dezembro, em meio às festividades de final de ano, participa de uma exposição coletiva de natal na Escola Voz do Operário no bairro da Graça. Dias depois chega o tão esperado “ano 2000”, trazendo consigo novas perspectivas para um outro século. No dia 10 de maio de 2000 participa do Concurso de Idéias “Vencer a Sida – prevenção nas diferentes culturas”, promovido pela Associação de Jovens Promotores da Amadora Saudável, no âmbito

Page 15: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

do plano de atividade de luta contra a AIDS, onde se destaca por ficar em primeiro lugar e receber o primeiro premio.

Com o intuito de aperfeiçoar suas técnicas, Miguel Westerberg faz um curso de pintura na escola UITI – no Chiado – Lisboa, pelo mão mestre e Comendador - Silva Vieira, onde conheceu a pintora Luisinha e a pintora - poetiza Ana Paula Veiga a qual se tornou uma das suas melhores amiga e admiradora do seu trabalho até hoje. No ano de 2001 viaja para o Brasil com sua família onde ficam três dias em São Paulo e depois partem para visitar seu amigo Salvy em Goiânia – Goiás durante um período de um mês. Ao regressar a Portugal concorre a XI Bienal Internacional de Arte Vila Nova de Cerveira 18.08 com uma pintura, mas não é selecionado. Meses depois faz uma exposição de pinturas em Aquarelas no estilo abstrato, no Largo do Saldanha em Lisboa, precisamente entre o período de10. 09 a 30.10. Certo dia, no metro de Lisboa, conhece a advogada Lena Coelho ao fazer um esboço de uma pintura que lhe chama a atenção. Ela, por sua vez, apresenta-lhe a bailarina Lisa C. Passam a ter contato freqüente com Miguel Westerberg e o inspiram a fazer uma de suas mais belas pinturas: “Café A Brasileiro”. É no restaurante Italiano no bairro do Chiado, entre o mês de outubro e novembro, que faz uma exposição e perde sete das suas obras, devido à falência do proprietário. Dentre elas, um dos mais belos retratos expressivos do seu filho João.

No final do ano de 2002, conhece o seu João Eduardo Campos, que o convida a fazer uma exposição em sua Galeria e Livraria Campos. Por ser um homem bastante culto, dentro do campo da literatura e das artes, ele cativa Miguel Westerberg de tal forma, que o mesmo passa a freqüentar sua galeria no intuito de absorver um pouco mais de conhecimento. Tornam-se assim bons amigos, apesar da diferença de idade entre ambos e, segundo M. West, porque o Sr. João Eduardo Campos é, sem duvida, uma das personagens mais carismáticas, que já conheceu.

Ele até o compara a Vollard, por ter tido a oportunidade de conhecer e apoiar, ao longo da sua vida, bons artistas plásticos, escultores, poetas e escritores. Também é um homem rico em

Page 16: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

conhecimento devido às muitas viagens que fez pelo mundo a fora, fato que o leva a solidificar cada vez mais a amizade.

No dia 09 de janeiro de 2003, inaugura, com uma vernissage, sua primeira exposição na Galeria Campos, localizada na Baixa – Chiado em Lisboa e aproveita a oportunidade para lançar seu primeiro livro de poesias ”Uma sombra no deserto”. Devido à amizade entre ambos e a boa aceitação das suas obras, seus quadros passam a ser expostos permanentemente na Galeria Campos. É interessante mencionar que quando Miguel Westerberg se interessava por algum dos seus livros, eles faziam trocas por pinturas, pois um dos muitos objetivos dele era enriquecer a sua biblioteca. Em meados de maio concorre a 2ª Bienal de Escultura Ambientar-te na cidade de Leiria, com a obra:

"Nós os Consumidores" e recebe o Diploma de Participação. Precisamente no 11 de maio conhece João Carlos e ele o convida a expor na sua Galeria e Agência Fotográfica, onde também faz um curso de operador de vídeo, que o habilita a filmar casamentos, batizados e outros eventos culturais. João Paulo é uma pessoa mística e esse seu misticismo despertou Miguel Westerberg para compreensão da pintura surrealista, adquirindo assim, uma nova tendência para suas pinturas. As conversas, geralmente voltadas para o lado transcendental, lhe levaram a inclinar-se um pouco mais para o ocultismo. Reencarnação, pontos de chácara e tudo quanto se interligava ao misticismo, passaram a ser peças fundamentas para complementação das suas obras. A sua amizade se fez tão fundamental para Miguel Westerberg, que até hoje compartilham suas idéias através de cartas.

O FIM DO SONHO

Algum tempo depois, a convite de um amigo, expõe no átrio de entrada da Faculdade de Letras de Lisboa, juntamente com Vera monteiro. Nesse mesmo ano desentende-se com um amigo e com a Vera Monteiro, fato que o leva a sair de casa e divorciar-se. Passa assim a viver em Martim Muniz, no Largo do Terreirinho nº. 12 –1 esquerdo, no centro de Lisboa. Nessa mesma época, reencontra a Lisa, apaixona-se por ela e vivem um romance.

Page 17: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Largo do terreirinho - Lisboa

Todavia, passando-se alguns meses, ao ter a ilusão de que tudo estava começando a se reestruturar novamente, decidem terminar o relacionamento devido à incompatibilidade de genes. Com o fim de mais um relacionamento, vive momentos desoladores de depressão, que o levam a buscar um novo significado para a sua vida. É na arte, por mais uma vez, que encontra alento e as forças que tanto necessita para prosseguir o seu caminho. Sendo assim, certo dia ao passar pelo bairro de Alfama, entra em uma galeria de arte movido pela curiosidade e conhece

João Valério, um estudante de psicologia e proprietário da galeria Artifama, que se torna seu amigo no momento em que constata o quanto se identificam. Fato que os leva a compartilharem idéias afins sobre diferentes assuntos ligados a psicanálise e artes plásticas, dentre muitos outros temas. Vive uma experiência única e enriquecedora, que contribui com o seu desenvolvimento pessoal e o ajuda, gradativamente, a se restabelecer. João Valério se torna o seu mentor no campo da psicanálise e Miguel Westerberg o retribui com os seus conhecimentos artísticos. Mutuamente ambos trocam diversas experiências, que os tornam cada vez mais amigos.

Através dele, faz duas exposições coletivas na Galeria Artifama, juntamente com vários pintores, dentre eles: Eduardo Henrique, José Neto, Ana Paula Veiga, seus grandes amigos, Michael Barret, Góis Pina, Manuela Pinheiro, José Pádua, [Israel West], pseudônimo que Miguel Westerberg usava pela aquela época... Entre outros. Após um ano de altos e baixos, no dia 03 de dezembro de 2004 o seu divórcio finalmente sai, mas também traz consigo algumas conseqüências nada agradáveis, pois é através dele que perde todos os seus bens e, por determinação judicial, a tutela do seu filho fica a guarda e cuidados da mãe. É impressionante como a mesma coisa

Page 18: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

que lhe devolve a “liberdade”, lhe aprisiona dentro de suas conseqüências catastróficas! O mesmo amor que outrora contribuiu para construção de uma possível vida estável acabou por destruiu todas as suas esperanças e expectativas de um futuro que julgava ser seguro.

Mais uma vez pode contar com a sensibilidade de João Valério, que ao pressentir a desolação do amigo, o convida para passar o fim de ano, juntamente com outros colegas, em sua casa de campo, localizada em Gondramaz, arredores de Coimbra, onde também comemoram o 32º aniversário de Miguel Westerberg.

Descrito pelo próprio João Valério da seguinte forma:

"Sete pessoas e um bebe juntas durante três noites e quatro dias neste sitio isolado no cimo do monte. Um virado para a psicologia, outro para a física, outra para os números, outra para o design, outro para as contas, outra para a informática, outro pintor e outro que ainda tem de decidir o que vai ser quando crescer. Mas que grande mistura. No entanto foram dias excelentes quanto a mim. Se procuramos paz este sitio é o ideal. Apesar de regresso à civilização algo de lá permanece comigo. Ainda existem sítios em que podemos só pensar no que nos rodeia, essencialmente porque o que existe permanece estático e se algo muda é a nossa vontade. Ao som de Interpol, National Bank, Kent e outros, assim viajamos em memórias e sensações. Bem, Kent então é que marcou a madrugada de um de Janeiro/2005. Esse CD deu tudo que tinha a dar. Acho que agora só deve conseguir tocar três faixas. “Burn, Money Burn”. Os bons momentos voltam a nós. "

Bom ano para todos! João Valério

Page 19: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

O DESPERTAR

No final do mês de janeiro de 2005, em uma noite fria de inverno, tendo por companhia apenas o ruído do vento e uma melodia de Sebastian Bach tocando ao fundo, Miguel Westerberg liga o computador em busca de um elo de ligação entre ele e o mundo exterior. Ao verificar seus e-mails uma página lhe chama a atenção e em uma tentativa de se fazer ouvir, entra em um site destinado ao compartilhamento de idéias. Deixa uma mensagem que, mais tarde, vem a ser respondida por alguém que se encontra no outro lado do atlântico. Esse foi o primeiro contato dentre tantos outros que passaram a ter, levando-os a se manterem interligados. Foi o nome enigmático da pessoa que com ele se contatou, que mais o atraiu devido ao tom místico e sonoro produzido ao ser mencionado. Hadassa, pedagoga e professora de idiomas, passa a ser desde então, o princípio de sua nova fase chamada “O Despertar”.

Foi através dela que Miguel Westerberg consegue forças para idealizar uma nova perspectiva, que aos poucos lhe devolve a auto-estima e o faz acreditar na possibilidade de viver um novo amor. O contato entre ambos se intensifica de tal forma, que ele decide fazer um projeto de vida a dois e é levado a mudar radicalmente ao partir para outro país em busca de um recomeço. Enquanto espera pelo momento mais oportuno para mudar-se para o Brasil, prossegue com a realização de mais uma exposição “Estigmas”, no dia 04.02.05 no bairro da Graça – Lisboa. No principio do mês de agosto, como uma forma de se despedir da Europa, faz uma viagem a Paris, onde fica por uma semana na casa de seu amigo Olivier Martin, na Rua Lepic 78. Lá procura reviver momentos que marcaram a sua juventude e principio do aprendizado dos seus conhecimentos que muito contribuiu para o seu amadurecimento artístico e pessoal. Regressa

Page 20: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

a Portugal e através da Galeria Século XVII, cuja proprietária é a dona Adelaide Valério, mãe de João Valério, é convidado a expor duas das suas pinturas em uma exposição coletiva no hotel Roma em Lisboa. Antes de terminar o ano, no dia 5 de dezembro de 2005, tira férias do trabalho para visitar a sua irmã Cristina Migueis e seus sobrinhos em Ermesinde – Porto. Reencontra a irmã Mariana Migueis, os quatro filhos e toda a família se reúnem para festejarem o ano novo. Antes da meia noite pega uma garrafa de champanhe e vai com a sua sobrinha Tânia Cunha ao centro da cidade do Porto para assistirem à queima de fogos de artifício na Avenida dos Aliados. Celebram assim, juntamente com a passagem de ano, o seu 33º aniversário.

O RENASCERO ano de 2006 surge e com ele a esperança de uma nova vida

começa a se concretizar. Retorna então a Lisboa, pede afastamento do trabalho durante o período de um ano, despede-se dos seus amigos e, finalmente, no dia 27 de janeiro, viaja com destino a São Paulo – Brasil.

PERIODO VERDE E AMARELO

Sua estadia no Brasil o leva a focar-se cada vez mais nas artes plásticas, passando assim a estudar os movimentos artísticos e culturais, bem como as tendências dos pintores brasileiros. Visita o MASP, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Centro Cultural Banco do Brasil, onde pela primeira vez tem a oportunidade de analisar a pintura Sul Americana, principalmente a do principio do século XX com os seus movimentos modernos.Visita o Edifício Altino Arantes, ícone da cidade de São Paulo, que oferece um grande atrativo a população paulistana e a seus turistas. A Torre Banespa, devido à vista panorâmica de 360º, de onde se pode avistar até 40 km de distancia, fato que modifica a visão de Miguel Westerberg com relação ao Brasil, pois pela primeira vez conseguiu compreender a dimensão e riqueza do país.O que o leva a mudar sua paleta, dando uma tonalidade de verde e amarelo as suas próximas obras. Através da interne te cria um blog com a finalidade de se iniciar um novo movimento artístico, que recebe o nome de “Movimento Artístico Os Globalistas”, no qual os primeiros artigos apresentados são os seguintes:

Aos poucos Miguel Westerberg, se inseriu em vários eventos artísticos promovidos por associações relacionadas a cultura. É convidado pela Suzana Jardim para assistir a publicação do 29º exemplar do jornal PNOB, que saiu no dia 10/03/06 na casa das rosas, na Avenida Paulista, 37.

Page 21: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

São 14 horas da tarde em S. Paulo, o tempo é a ameno, pois uma leve brisa rasga por entre as fachadas dos velhos prédios. Lá embaixo há uma azáfama constante dos que vem e vão para partes incertas. É como se o mundo todo procurasse algo e esse algo, muitas vezes, lhes encapassem por entre os dedos. Às vezes sinto que, inconscientemente, eu mesmo me vejo em situação similar, quando algo me escapa e me leva a questionar o sentido desse paradoxo inconstante. Poderia descrever mil e uma coisas que em boa parte acabo por ignorar, sim, deixar escapar entre as minhas mãos, mas quando desperto a tempo, consigo tirar proveito delas para edificar a mim e aos demais que anseiam por despertar. Talvez o meu despertar instantâneo ocorra pelo simples fato de ser artista plástico e estar atento a tudo que me cerca. Foi este conjunto de pensamentos e ideais, que me levou a escrever, pela primeira vez, para este jornal PNOB a convite da Suzana Jardim. Para nós artista a vida é um todo que se interliga e quando, por alguma razão, esse todo não faz sentido é ai que nós intervimos através da escrita, num poema, numa pintura sobre tela, numa escultura, na expressão de qualquer ator ou até mesmo nas letras de uma musica. Ontem, tal como hoje, posso dizer que tudo que sei é devido aos mesmos, eles são os meus mestres e eu o discípulo, embora algumas vezes os papeis se invertam. Escrevo isto porque tenho em mente que a verdade não esta apenas com um só individuo, mas ela é aparte integrante de um todo, que todos fazemos parte e é por essa razão que a minha verdade só se completa quando uma outra verdade se interliga e cria em si uma sintonia perfeita. O jornal (PNOB) que quer dizer: “Pensar Não Basta” sente-se assim na obrigação de dar a conhecer aos leitores e interessados um pouco de um todo que constantemente nos passa ao lado.

Um forte e cordial abraço > Miguel Westerberg S. Paulo, 14 de março de 2006.

Nesse mesmo evento, com sua esposa, faz contacto com vários artistas, dentre eles, TELES ANDRÉ, Patricia Hessel, Marcos Nakasone, Douglas Leitão, Renato Amisy, entre outros. Expõe duas de suas obras “Serenata e Ap 205” no café Adriane no centro de Diadema, em frente a sua residência. Participa pela segunda vez da publicação da 30º edição do JORNAL PNOB, desta vez com um desenho seu no dia 10.03.06 no qual também é divulgado o seu blog.

EXPOSIÇÃO PERTINENTE

A convite do artista plástico e amigo André Teles, participa da primeira Exposição Pertinente, realizada no dia 28 de abril de 2006,

Page 22: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

ao meio dia, na av. Paulista. Artistas do cenário contemporâneo, moderno e underground, reúnem - se para a maior exposição coletiva dos últimos tempos. Artistas plásticos, escultores, fotógrafos, poetas, músicos e pensadores reunem-se no Parque Trianon na Avenida Paulista em São Paulo. Cada artista, com sua obra de arte, “passeia” formando uma Exposição Viva, vestindo Folha de Jornal como Parangolés! As obras foram expostas ao público passante com intervenções nas faixas de pedestres e nos corredores centrais das Avenidas. Com o objetivo de ter o reconhecimento do talento artístico de cada “expositor”, recriando a arte de valor, arte como moeda de mercado e como meio de ofício e renda.Essa foi à oportunidade de conhecerem as obras e os artistas presentes, e assim, darem voz à Arte Multifacetada Brasileira. Para melhor reconhecimento do público presente, Sebastião Maria, artista plástico, sugeriu que cada um fosse identificado por um “PARANGOLÉ”, distribuído para cada artista no Trianon. O Parangolé tem como propósito “incorporação do corpo na obra e da obra no corpo” afirmou Hélio Oiticica. Uma folha de jornal foi utilizada pelo evento, “o participante virou a obra ao vesti-la, ultrapassando a distância entre eles, superando o próprio conceito da arte” H.O. A participação de cada artista foi voluntária e esta ação foi sugerida por André Teles artista plástico e motivada por Suzana Jardim editora do Fanzine PNOB, que criou o movimento cultural do zazaísmo. Releitura secular do dadaísmo, ao invés de negar o pensamento,

“reconhece o pensamento e suas formas de expressão!”. “É um momento de semear uma nova conduta para esta geração de virada de milênio; coletivizando as ações, realizando o somamos“.

Afirma: Suzana Jardim.

O evento repercutiu em todo o Brasil através das redes de televisão Globo e Cultura, assim também como no jornal O Estadão do dia 27 e 28 de abril de 2006.

S.O.S EM SAMPATrês dias depois, quando tudo parecia tranqüilo, Miguel

Westerberg é acometido por uma forte crise de apendicite, que o leva a ficar internado no Hospital Municipal de Diadema (HMD) durante sete dias. Retorna para casa, mas devido a uma infecção é forçado a fazer uma drenagem e permanece com a cirurgia aberta por vários dias. Finalmente se recupera e tem alta definitiva. Em uma noite bastante conturbada, devido as dores que sentia, levanta-se da cama, vai até a janela da sua sala e qual não é a sua surpresa quando se depara com cenas chocantes: ônibus em chamas, policiais a revistar cidadãos na calçada das lojas e um clamor latente se

Page 23: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

expressa no rostos dos que passavam. Amanhece o dia e as noticias começam a revelar o caos vivido por todo o estado de São Paulo, devido à rebelião de penitenciários pertencentes ao Primeiro Comando da Capital (PCC).

O ESTADO DE SÃO PAULO

Ataques e rebeliões continuam. Guerra do PCC já faz 72 mortos. Dois dias após ter sido deflagrada a maior onda de ataques do crime organizado já registrada no Brasil, o governo de São Paulo não havia conseguido controlar a violência. Até o início da noite de ontem foram registrados 113 ataques - atribuídos ao Primeiro Comando da Capital (PCC) - a policiais, delegacias, quartéis, prisões. O número de mortos chegou a 72, sendo 35 policiais, 3 civis, 19 bandidos e 15 presos. Nos presídios, a situação também se agravou. No sábado foram registradas 24 rebeliões, sem registro de mortos. Ontem, presos se amotinaram em 69 dos 105 presídios do Estado. Também houve tumulto em unidades da Febem nas zonas norte e leste de São Paulo, durante visita do Dias das Mães. No segundo dia de violência, a polícia partiu para o contra-ataque e, segundo números oficiais, 19 bandidos foram mortos em 24 horas. Sessenta suspeitos de participar dos crimes foram presos. O chefe do PCC, Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, havia feito duas exigências para acabar com as ações no Estado: a liberação de visita aos presos no Dia das Mães e a entrada de 60 televisores em presídios para que os detentos pudessem assistir aos jogos da Copa. O maior estado do Brasil para completamente e os cidadãos de bem passam a viver presos dentro das suas casas até que a situação é parcialmente controlada.

Jornal O Estado de São Paulo - Maio / Junho de 2006

COLETIVAS VERDE E AMARELO

O mês de maio de 2006 chega ao fim e exatamente no dia 28, Miguel Westerberg volta à ativa e participa de mais uma exposição coletiva em Embu das Artes com os artistas André teles, Sandra Parma, Mendell, Marcos Nakazone e os demais que fazem parte do movimento zazaista. As obras expostas foram: rosto feminino cubista, cinco da manha em São Paulo e formas trigonométricas. As duas ultimas também participaram do concurso VI Universo Feminino. Alem das pinturas expostas o evento prestigiou poetas, músicos e escultores, que encantaram o publico com suas obras. Para finalizar os zazaistas deram uma palestra sobre arte, ressaltando a

Page 24: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

importância de se preservar a arte indígena. Abaixo seguem em ordem cronológica os demais eventos que o pintor Miguel Westerberg participou em São Paulo até o mês de outubro de 2006.

O Esporte através da ArteDe 04 a 29 de Julho, a convite de Norma Amaral, Miguel

Westerberg expõe no Alphaville Tênis Clube em uma coletiva que teve o desporto como tema principal devido à copa do mundo. Juntamente com ele participaram os seguintes pintores: Giuseppe Ranzini, Yesa Nancy, Cliuton Jr. Chris Burdelis e muitos outros. O evento foi publicado na revista VERO de Alphaville e no jornal da TV cultura. Brasil.

Mostra de Arte de Diadema

Nesta sua 6 edição, a Mostra de Arte de Diadema recebeu 375 inscrições, num total de 750 obras inscritas. Cada área artística - Artes Plásticas, dança, desenho de humor e quadrinhos, fotografia, musica, poesia e conto, teatro, vídeo - contou com uma comissão organizadora formada por assessores e agentes da secretaria de cultura e representantes dos artistas da cidade, indicados pelo fórum municipal de Cultura, e desde o primeiro momento colaboraram na concepção e organização do evento.

A título de estímulo aos participantes, desde 2003 a Mostra incorpora o Prêmio Cultural Plínio Marcos, que agracia os três melhores artistas e obras em cada uma das oito categorias. As premiações são resultados da análise estética feita por oito comissões julgadoras, formados por artistas e críticos de renome, especializados em cada categoria. Cada corpo de jurados realizará também, em encontros com os artistas locais, uma apreciação crítica do conjunto dos trabalhos participantes, aberta a todos os interessados. Assim, artistas e público poderão ter acesso não apenas à produção artística da cidade como também à reflexão crítica e estética sobre essa produção. A mostra de ARTE DE DIADEMA tem sido, nestes seis anos, a principal ação de difusão cultural da cidade de voltada aos artistas locais. Seu objetivo maior é oferecer um painel amplo, diversificado e atual da produção artística em Diadema. nesse sentido, sempre buscou ser o mais inclusiva possível, estando aberta não só aos artistas residentes, mas também àqueles que mantêm vínculo artístico e cultural com o município. Em 2006 ampliamos os dias de apresentações da Mostra em diversas categorias, para que a

Page 25: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

seleção dos trabalhos participantes pudesse ser ainda mais abrangente.

A cerimônia de premiação e encerramento ocorre entre 07 de julho a 11 de agosto.

Boa sorte a todos os participantes.A Direção: Prêmio Cultural Plínio Marcos

O Prestíssimo - PNOB

Miguel Westerberg participa na exposição coletiva no bairro dos Jardins durante o lançamento da 32ª edição do Jornal PNOB, no qual escreve um artigo referente ao Movimento Artístico Os Globalistas e expõe uma tela retratando o centro de São Paulo em forma trigonométrica. Nesse mesmo evento ocorreram outras manifestações artísticas em forma de musica e poesia.

Exposição Fisk

Ao fazer esta exposição de pintura, me predispus e pensei cada tela como penso naquele que um dia a vai observar. Sei que eu poderia ter feito uma exposição só de trabalhos abstratos, mas cheguei a uma conclusão: existe uma vontade no ser humano de poder ver algo ainda visível, isto é, formas clássicas..., algo que tenha um rosto, uma casa ou ruas e ate mesmo animais, porque este é o nosso mundo e ele deve conter cada um destes temas. Assim nasceu esta exposição, feita com carinho para um povo que anseia tantas coisas boas e que ama a vida em todas as vertentes. Quem esteve presente pode sentir algo muito típico do Brasil, tais como as cores, o verde e amarelo, que se interligam com o ocre, a cor da terra, porque o Brasil é isto mesmo: o “pulmão” do mundo! Logo o meu primeiro dever e respeito foi para estas três cores..., quem sabe um dia as gerações futuras poderão olhar para cada uma destas telas e dizer: houve um dia uma geração de artistas, que descreveu o Brasil tal como ele sempre foi..., verde e amarelo com cheiro de terra. Uma obra de arte não nasce de um dia para outro..., leva o seu tempo, às vezes meses, anos e outras vezes só é compreendida séculos depois por outras gerações, as que viveram depois de nós. Por isso, quando se esta perante uma tela ou qualquer obra de arte é preciso sentir o tempo que estamos a viver. Eu chamo isto de viver a historia e senti-la com nostalgia, porque a historia é feita de pequenas historias..., as das nossas vidas.

Page 26: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Esta é a minha historia, dos quais todos vós quando participantes poderão um dia dizer: eu estive ali, falei sorri e senti o tempo, que será um dia eterno, tanto para vós como para aos vossos filhos, netos e ate mesmo bisnetos, porque a arte pela arte tem este poder, de fazer despertar certas emoções, que são o elo que liga o passado ao presente e o presente ao futuro para ele se transforme em algo enriquecedor. Arte pela arte, ou retorno dos ismos, poderia ser este o titulo da exposição, mas deixo para cada um de vós uma sugestão independente, já que cada indivíduo carrega dentro de si um elo que o interliga com arte. A Arte de sorrir, de amar, ou de estar presente em situações difíceis, enfim um sem numero de artes que tem a ver com arte de sentir. Mas esta é arte que vos deixo, arte de pintar uma tela e através da mesma tentar despertar certas emoções. Pois elas falam quando são observadas por vós e dizem apenas o que cada um sente e anseia dizer. Sendo assim, nesta exposição de pintura acrílica retrato o mudo tal como ele hoje se apresenta, o meu mundo, que é também vosso, onde as linhas simbolizam estradas ou caminhos, os traços, as sombras e a cor é vida que nos cerca. Nesta exposição é possível ver dois estilos completamente diferentes, mas que se interligam: o estilo clássico e o abstrato, que fiz com o propósito de interligar uma geração a outra geração, a contemporânea e a global.

A contemporânea que muitas vezes esta ainda fechada no circulo do que é visível as formas clássicas, mas a nova geração a global, apenas necessita de uma arte que os transporte ao mundo abstrato. Foi por isso que separei os dois tempos e ao mesmo tempo os interliguei. Estou convencido que a minha idéia é apenas o resumo deste todo que a partir de agora temos que nos adaptar a uma nova era, a era global.

Sejam bem-vindos e aprecie por que esta exposição foi feita para si.

Miguel Westerberg - 2006-08-24

FESTA DA HISPANIDAD

No dia 12 de outubro, os países hispânicos celebram o Dia de la Hispanidad. Foi no ano de 1492, depois de setenta dias viajando nas caravelas Santa Maria, Pinta e Nina, enfrentando o nervosismo e desespero da tripulação, que um marinheiro gritou da torre de vigia: "Terra! Terra!" Pouco depois, Cristóvão Colombo, seguido pelos tripulantes dos três barcos, desembarcou numa ilha das Antilhas, a qual deu o nome de São Salvador: tinha sido descoberta a América e

Page 27: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

a partir desse dia passaram a celebrar a festa de la Hispanidad em todos os paises Ibéricos.

Como o Fisk é uma escola de idiomas, costuma celebrar as datas comemorativas referente aos paises de língua inglesa e espanhola. Sendo assim, a convite dos coordenadores Paulo e Marisol, Miguel Westerberg participa da celebração com a doação de duas de suas obras na unidade de Taboão da Serra. Uma ao Instituto Brasileiro do Câncer (Casal Nordestino) e a outra a secretaria de Educação de São Paulo (Peixes), já que o intuito da festa é angariar fundos para instituições filantrópicas.

PALESTRA NA FACULDADE DE DIADEMA

Devido à semana da cultura do curso de Letras e Pedagogia da FAD entre os dias 09 e 13 de outubro, Miguel Westerberg é convidado a dar uma palestra abordando a repercussão da arte e seus movimentos através dos tempos.Com a ajuda da sua esposa e utilizando uma apresentação de slides do PowerPoint, expõe no data show uma linha do tempo explicando o que é arte e o surgimento dos movimentos desde 1872 quando surge o Impressionismo, ate a era atual no qual finaliza com os primeiros passos do Movimento Globalista.

Miguel Westerberg - SP / Brasil - 2006-08-09

http://miguelwest.multiply.comhttp://miguel-westerberg.mysite.com

CONTINUIDADE

Este é o princípio de uma nova era, que certamente representará o surgimento de um novo movimento artístico, que gradativamente vai se solidificando em várias partes do globo terrestre. Atualmente MIGUEL WESTERBERG reside no Brasil continua com a realização de seus projetos, que envolvem algumas exposições já realizadas, palestras sobre arte contemporânea em escolas e universidades, o aperfeiçoamento e busca de inovação para aprofundar ainda mais os seus conhecimentos, pois, de acordo com ele “O nosso presente só pode ser o repensar do passado para melhoria do futuro”.

Page 28: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

FIMVIDA E OBRA DO ARTISTA PLASTICO

MIGUEL WESTERBERG

Escrito por Hadassa AlencarBrasil - São Paulo 16 de julho de 2006 -

Era global ou o fim da raça humana?

Para muitos ela é um paradigma por se desvendar, mas arte continua a sua trajetória rumo ao futuro. Arte nos envolve, fala de uma geração e convida outra a refletir sobre essa mesma geração que se apresenta. Perante as circunstâncias arte esta para o ser humano como uma grande teia de aranha que envolve cada um de nós, e danos respostas capazes sempre de ir mais alem quando cada um de nós se predispõe a compreender. Por vezes arte tem seus mistérios insondáveis, arte e os artistas estarão sempre de mãos dadas, pois só assim ela será capaz de despertar as mentes mais adormecidas ou entorpecidas, dos tabus impostos por aqueles que se julgam estar à cima de qualquer lei.

No mundo atual, que hoje damos por era global os artistas trazem para cada expectador mensagens que tem a ver com o todo, que a todos nos envolve. O mundo globalizado com todas as suas mentiras se apresenta da forma mais estranha possível, quando a maioria das pessoas ignora que não é o nosso planeta que esta em vias de se extinguir, mas sim somos todos nós. As nossas atitudes sem reflexões, nos empurram dia a pos dia para o precipício. A falta de identidade, a falta de respeito e a falta de bom censo levam-nos a esfriar os bons sentimentos. Dizer que temos falta de conhecimento creio que é errado. Afinal hoje em dia todos nós vivemos rodeados de luxo e de uma vida repleta de conforto, que numa palavra só pode ser vista como: materialistas.

Que missão tem então o artista neste principio de século? Que movimentos tem surgido a fim de desperta e trazer algo de positivo para a humanidade? Interrogações, nada mais do que interrogações e mais uma vez a humanidade se encontra na corda bamba. O pior de tudo é que nada estamos a fazer para mudar nossos destinos. Perante estas circunstanciais a humanidade entra pela primeira vez em contradição consigo mesma. Arte e todas as suas vertentes, os lideres e seus idéias, estão corrompidos de tal forma que: a ignorância se tornou algo de útil nesta dita sociedade sem fronteiras. Hoje em dia escrever uma tese sobre arte: é o mesmo que escrever algo semelhante à corrupção que o mundo abraça dia a pos dia e de bom grado.

O ocidente deste modo desaba, as potencias caem e a arte é posta na sarjeta. Tudo esta em causa e todos nós somos responsáveis, mas infelizmente ninguém quer

Page 29: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

tomar a dianteira para derrubar tais coisas, o ser humano tornou se de tal forma mesquinho que mais nada importa. Dizer para parar é o mesmo que bater num burro sobrecarregado. Estou cada dia mais convencido que arte se encontra em ruptura, os idéias e conceitos nada mais são do que meras palavras, traços ou sons que nos desbastam por dentro. Porque nós humanos chegamos pela primeira vez ao limite: que damos por nome, decadência, não só cultural como a nível global.

Das duas, uma... O despertamos ou nos consumimos a nós mesmo: ficando deste modo na linha da frente por nome: extinção.

Miguel Westerberg - 2008-11-01 – SP – Brasil

Ontem como Hoje

Neste principio de século vinte e um, as idéias passaram para o segundo ou ate mesmo terceiro plano, já que cada ser humano apenas tem um só objetivo; de se tornar cada vez mais materialista, então eu escrevo apenas isto: Será que ainda paramos para cheirar uma rosa ou para ler algo que nos edifica? Enfim, é aqui que a fé dos homens é posta em causa, ela hoje é apenas uma palavra recriada pelos nossos antepassados e nada mais do que isso. Fé em que Deus, fé em que religião? Es um todo que cada endivido apenas tenta demonstrar para nada definir, pois na verdade caminhamos as escuras, já que temos que acreditar e dizer alguma coisa, para não ficarmos mal vista entre os de mais que também caminham no escuro e muitas das vezes em solo abstrato.

Tento definir uma palavra, globalização e retalhar a mesma a um todo para que a mesma palavra seja escrita de forma certa e crie harmonia, mas a mesma palavra nos educa apenas a desigualdade é como se o mundo fosse apenas um espelho estilhaçado e que cada pedaço se aproveita apenas pelo seu tamanho, o resto varresse e lançasse ao lixo, como uma coisa que para mais nada serve. Se ao menos este todo fosse reutilizado para de novo fazer surgir um espelho, por certo todos nós, identificaríamos mais uns com os outros. Estou assim, convencido que o maior distúrbio vem das religiões, elas promovem a desigualdade, cada endivido é educado desde cedo a entender um todo que nunca se define é como dar um alimento sem gosto algum.

Acredito num só Deus e o de mais é apenas o todo que o envolve, cada um de nós. Se um dia a humanidade tiver coragem para repensar isto, sem que aniquile Deus, tenho por certo que esta será sem sombra de duvida a maior vitória já mais alcançado pelos humanos, para que no fim de cada geração a paz e o amor tenham um só sentido, que é a verdade. Para mim é urgente uma revolução neste campo, é urgente repensar cada idéia e reagrupar num todo para olharmos no espelho e dizermos um dia, que somos todos tão diferentes, mas tão iguais.

Enquanto isso não acontece permanece em mim a esperança que deixo por escrito, para ti meu amigo e irmão nesse lugar tão distante e que sabe absoluto.

Page 30: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Miguel WesterbergSão Paulo – Brasil 2006-10-05

“O retorno dos ismos”

O artista, sempre, é tomado pelo desejo de realização e de mudanças. Suas impulsões estão voltadas a abrir novos espaços, numa aventura de abrir caminhos e horizontes. Esse desejo, às vezes, até pode ser tomado como loucura. Mas não é. Trata-se de uma irrefreável necessidade íntima de criar algo novo. Ele, o artista, é assim: um idealista sem freios e fronteiras que não pode parar, sob pena de sofrer por não poder realizar seus sonhos, praticar suas idéias, exercitar suas habilidades. É esse trabalho contínuo, seja sobre a prancheta, seja sobre as telas, seja sobre folhas em branco criando poesia ou literatura, enfim, seja de que forma for, é assim que o artista se consagra para si mesmo diante da obra perfeita e acabada, colocada ao dispor da apreciação pública para o lazer e o encanto das pessoas. Quando os artistas se unem para o compartilhamento dos objetivos comuns. Essa junção artística gera uma visão mais ampla sobre o significado da Arte, como realização de um ideal. Todos os dias, há coisas novas a ser experimentadas nos variadíssimos ramos artísticos. Só mesmo a união dos artistas sobre essas novidades gerará frutos melhores e mais utilitários em favor da Arte.

(Guiomar Baldissera)

O retorno dos ismos - A minha amiga Guiomar me convidou para escrever um artigo expondo as mudanças que a arte vem sofrendo. Assim sendo, me prontifiquei a explicar, em poucas palavras, essas mudanças que vem transformando a arte atual do séc. XXI e a visão dos artistas de um modo geral. Para compreendê-la, de um modo mais abrangente, é necessário retroceder ao passado para termos uma noção maior de espaço e tempo para poder analisar o presente, pois é impraticável falar de algo novo sem que se tenha a consciência do por que de certas mudanças dentro de uma determinada área, principalmente quando essa área se trata da arte. Voltando então ao tempo do paleolítico, há mais de seis milhões de anos atrás, quando o principio de tudo

Page 31: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

começou a germinar, os sentimentos e a necessidade de comunicação deram origem aos primeiros traços artísticos, expostos nas cavernas, em forma de sinais, símbolos naturais e sobrenaturais, que descreviam o modo de vida de um ser que viveu em um certo espaço e um determinado tempo. Mais tarde o homem descobre as letras ainda em forma de sinais, bem visíveis no velho Egito e em outros povos da época. ]

Com o passar dos milênios o ser humano cria a escrita e passa a tentar compreender as formas, linhas e perspectiva de fundo, a fim de transmitir através do desenho e da pintura os seus mais íntimos sentimentos, anseios, idéias e medos de forma muito mais precisa. Aparecem assim os primeiros grandes pintores: Botticelli, dando inicio aos primeiros frescos em igrejas na Itália, Miguelangelo, Leonardo da Vince, Rafael e Caravaggio dentre outros. Com o passar dos séculos surge Rembrandt, Vermer e Rubens, mas mesmo assim, a pintura ainda é algo estritamente abstrato para a maioria das pessoas, de difícil acesso, limitado aos grandes senhores, ao clero e a nobreza. É na entrada do século XIX que a arte sofre suas primeiras e grandes transformações. Em parte, devido à fotografia e ao cinema, que viabilizou a perda de um dos seus maiores monopólios: o retrato.

Com a urgência de novas idéias aparece então um pintor que rompe com os padrões da pintura acadêmica, que obrigava os pintores a seguirem um padrão clássico e ao mesmo tempo teatral. Foi o pintor Millet que fez a sua primeira exposição independente em Paris no século XIX, numa pequena barraca de madeira, de frente para a maior exposição existente: a exposição mundial, que teve a torre Eiffel como a sua principal atração. Para quem não sabe, a pintura de Millet era simples, pois retratava, pela primeira vez, a classe operaria e o cotidiano de uma sociedade. Foi duramente criticado, embora tenha sido o pai da arte contemporânea, que abriu caminho para a liberdade de expressão, fundando assim o primeiro movimento artístico: o Naturalismo. Nesse mesmo século um grupo de pintores, depois de presenciar a exposição de Millet, decidiu cortar com o academismo e criar escolas independentes. A mais conhecida é a dos pintores de Barbizon, que saíram dos padrões pré-definidos e passam a pintar ao ar livre, retratando as formas da natureza. Fato que os classificaram como naturalistas. Dentre eles estão Manet, Claude Monet, Pizarro, Degas, Renoir e outros que, ao decidirem fazer uma exposição independente, foram classificados como impressionistas pela critica, devido à forma pela qual suas pinturas eram retratadas. Uma das telas mais polemica foi a de Claude Monet, com a tela impressão de sol nascente. A critica atacou de tal forma este movimento, que chegou a sair nos jornais da época em toda França. Depois dos impressionistas vieram os expressionistas e os cubistas, através das idéias polemicas e conturbadas de Pablo Picasso, que rompe assim, de uma vez por todas, com as formas artísticas convencionais e abre caminho para a pintura abstrata no principio do século XX, gerando vários outros movimentos, entre eles, como já foi destacado anteriormente, o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, o dadaísmo, o realismo, o futurismo, a pop arte, o minimalismo e outros. O que estes movimentos têm de mais grandioso são as suas idéias e a conjunção do todo que se interliga para que a arte fale mais alto e enriqueça a mente e o espírito da humanidade, fazendo com que cada um destes movimentos rompa com certos tabus impostos por aqueles que ate então, tinha sobre eles, as rédeas do poder. A arte passa deste modo, a ser uma forma de exprimir os sentimentos, conforme a área de atuação de cada artista, quer seja na pintura, na musica, na literatura ou em qualquer outra forma existente de arte.

Page 32: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

Com a entrada de um novo século, o XXI, os movimentos artísticos passaram para segundo plano, pois grande parte dos artistas tornou-se demasiadamente individualista. Para inverter esse quadro temos que levar a arte a retomar o seu percurso natural: de educar e ultrapassar fronteiras! Espero que o Globalismo seja a palavra mais precisa que se utilize para caracterizar a retomada desse objetivo principal, que faz de nós, artistas, instrumentos de viabilização para esse propósito, a fim de trazer mais conhecimento através de uma conscientização global. Quanto a mim, tenho feito um amplo esforço e estou a par de tudo que se passa aqui no Brasil, muito em especial no estado de S.Paulo, onde existe, pelo menos, dois movimentos artísticos que estão em sintonia com o mundo da globalização: os Globalistas, de Miguel Westerberg e o Zazaistas, de Susana Jardim, que tem como fonte de divulgação um jornal cultural chamado PNOB.

Espero que esse artigo leve a reflexão e compreensão da arte e dos artistas e conscientize-nos de que estamos sempre em um processo de mutação. Para acompanharmos as mudanças temos que nos desprender das formas antigas e buscar o conhecimento necessário para melhor exprimirmos, através da arte, todas essas transformações em um mundo global.

Miguel Westerberg - SP / Brasil - 2006-08-09

Era da Globalização

De um tempo para cá tenho me interrogado do por que, que as artes plásticas entraram em ruptura, por isso mesmo, tentei entender que essa ruptura se deve as constantes mudança brusca que tem ocorrido nestes últimos anos e que muitos de nós nem se quer tem se apercebido, que entramos numa nova era, a era da globalização. Talvez exista alguém que diga isto: O que é que a globalização tem haver com arte?Para mim tem muito, afinal de contas, sou artista plástico e junto com outros artistas tenho me debatido muito, dentro e fora de mim, sobre o porquê desta ruptura, que já se faz sentir, há algum tempo. Foi assim que depois de tanto me debater sobre este mesmo tema, que decide dar, antes de tudo, um nome a este movimento artístico. Encontrei assim, um nome entre tantos outros: GLOBALISMO e creio que este nome se encaixe com perfeição, afinal de contas, há algo em mim, que me diz que a era contemporânea chegou ao fim, e que esse fim foi na verdade o fim do século XX.

Com o fim de uma era, chega outra era, a era da globalização. Talvez muitos dos possíveis contemporâneos possam achar esta minha afirmação como sendo ridícula aos seus ouvidos, pois ninguém quer ficar para trás, eu mesmo faço parte dessa era, mas aceito que o tempo de mudança chegou e que é preciso acreditar nesta nova era.Tenho consciência que o mundo atravessa uma das piores crises de sempre, que é a de ter que aceitar que a partir de agora a globalização passa a estar na linha da frente de todos os acontecimentos. O individuo que contrariar esta vontade é o mesmo que dizer que prefere ficar pra trás, mas há alturas que podemos tomar decisões e outras vezes não, pois não somos senhores do destino. Ele, o destino, tem os seus princípios e segue os mesmos, assim como cada indivíduo segue uma determinada linha de idéias, não

Page 33: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

sabendo que essas mesmas idéias são as continuidades de novas idéias, que lentamente estão a ser geradas. Acredito no destino e sei que ele por si só, já é um todo.

O destino das nações, o destino da arte pela arte, sim, o destino de cada um de nós, quando se interliga. Neste preciso momento o destino da humanidade está a ser traçado, pois se olharemos ao nosso redor, obrigatoriamente somos forçados aceitar que a tecnologia e a informática chegaram e com ela também chegou uma nova era: a era da globalização, que, a partir de agora, fica por assim dizer, ao alcance de todos. Refiro-me aqui a interne-te, pois ela está a proporcionar uma totalidade para todos.Os artistas plásticos, a meu ver, têm que acompanhar este mesmo progresso para que possam obter mais facilidade de divulgação de suas idéias, trazendo com isso mais conhecimento a nível cultural para todas as casas, já que a humanidade, muitas vezes, não tem tempo para sair e ir ao encontro da arte.

Convido assim, todos os artísticos a se unirem em uma só causa: a divulgação da arte pela arte via interne-te, mas dentro de uma linha que proporcione e devolva aos demais o gosto pelas artes. Agora gostaria de deixar bem claro que todas as formas de artes são bem vindas, já que o que realmente importa é a mensagem que cada um dos artistas tem para transmitir.

Seja bem vindo ao século XXI, à Era da Globalização! Bem vindo ao movimento dos GLOBALISTAS.

Miguel Westerberg Diadema – S. Paulo - 2006-04-03

O Movimento Artístico os Globalistas

O Movimento Artístico os Globalistas, apareceu a Seis de abril de 2006 na cidade de Diadema - São Paulo, Brasil, quando o artista plástico Miguel Westerberg , Português se deparou pela primeira vez com as grandes dificuldades que os pintores da América do sul se confrontavam diariamente, para Exporem suas idéias dentro do campo das artes, fase ao resto do mundo. A idéia do nome partiu como tentativa de fazer frente ao mundo corrompido da globalização, o movimento expressão mesmo que de diferentes maneiras e estilos uma só idéia dentro da uma arte a nível global. A única diferença que existe neste movimento artístico face aos de mais movimentos antes existentes é que ele reúne diferentes estilos já existentes num só, tendo como objetivo: protestar contra o que a globalização provoca nos paises pouco desenvolvidos.

Deste modo o Movimento Artístico os Globalistas podem ser considerados como pro – globalização, tendo como instrumento ou arma principal a pintura e a escultura. O movimento em si esta em dois países: Brasil e Portugal, tendo uma maior numeram de adesão no estado de São Paulo e em Lisboa. Vai para cerca de dois anos que o movimento compartilha e troca suas idéias face ao mundo da era da globalização, muito em especial por internet, criando blog ‘s e sites tanto em português como em inglês, com o propósito de mostrem pelo mundo algumas das suas obras e idéias. A

Page 34: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

idéia permanece e promete, já que este foi um dos primeiro movimento artístico que apareceu no principio do século XXI. = GLOBAL ART. =

Alguns de seus artistas: André Teles, Marcos Nakasone, Miguel Westerberg, Catarina Garcia, Vixl, João Paulo Araújo, Anna Paula Veiga, Mendel, Douglas entre outros que fazem parte deste grande circulo artístico.

O artista movesse no circulo do seu próprio tempo e lentamente absorve respostas vindas de um acaso que esta para alem de suas idéias ou ideais. A loucura das palavras aprece deste modo, quando na tentativa de descrever uma nova era, ela é nada mais que a força de um acaso predefinido. Deliberadamente cada pensamento que renasce é uma resposta plausível para outras interrogações. Chamasse talvez a isto destino. Mas se existe um acaso o destino em si o que é se não o principio de algo que estava para se cumprir mediante o tempo e ação provocada por tantos acasos. Não escolhemos as nossas idéias nem o nosso espaço ou o tempo, ele o tempo nos escolhe e danos uma vocação que acredito não ser incerta. Um gênio deste modo não se faz gênio, ele nasce gênio.

Ele vive no seu tempo sem saber que as suas ações serão determinantes e transformarão o pensamento coletivo do seu tempo. O destino aparece deste modo com a finalidade de moldar e dar continuidade a linha sucessiva de novas idéias. Os globalistas sentem que tem a missão: denunciar ao mundo às desigualdades que a globalização provoca, nos mais desfavorecidos, já que estão inseridos no seu tempo e velam por ele, como guardiões e juizes.

Para que um dia as gerações futuras tenham isto em mente, que na entrada do século XXI no meio do nada, a voz dos Globalistas surgiu para de novo fazer despertar Arte.

By Miguel Westerberg SP – Brazil 2006

Arte pela arte

Quanto ao fato de que vivemos numa era de grande consumismo todos nós já sabemos. Por esse mesmo motivo é que muitas das vezes alguns de nós, incluindo os artistas, tantas vezes nos confrontá-mos com essa questão... Sim, será que a pintura esta a morrer? E que papel terá ela no séc. 21? Eis duas interrogações, que acredito que não só a nossa geração como as anteriores se debateram com elas, pois cada vez que tem surgido uma corrente artística, os mesmos se têm confrontado com estas mesmas questões. Onde melhor se pode observar e obter informações sobre estes temas é na virada do séc. 19 para o séc. 20, pois foi nesses dois grandes séculos que surgiram todas as formas de ismos. Começando, é claro, como todos sabem, pelos impressionistas: Manet, Monet, degas e outros tantos, tais como van gogh e gauguin. Destes últimos nasce a idéia do expressionismo... e por ai a fora. Ate o final do séc. 20 muitas outras correntes surgiram, tais como o cubismo e o dadaísmo... Etc. na era atual, penso que

Page 35: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

esta a acontecer o mesmo. Chamo a isto perca de identidade, pois hoje já não acontece como alguns anos atrás, que meia dúzia de artistas dava tudo por uma corrente, lutando contra todas as convenções.

Hoje, porem, já não se forma grupos e, contudo, gostaria de conhecer alguém que aceitasse esse desafio e criasse uma comunidade de artistas, onde se possa debater idéias com um só principio e fim: evoluir e dar uma oportunidade a geração seguinte. Estive a cerca de meio ano em paris apenas com um só propósito: encontrar algo novo, e o que vi foi apenas uma tão grande pobreza, pois cada vez que me aproximava para compartilhar as minhas idéias, sentia um leve ciúme e vontade se afastamento, não encontrando nada de novo, apenas arte comercial... (puro egoísmo) na Espanha pude observar o mesmo, assim como no restante da Europa por onde passei. Estou atualmente no Brasil, dedicando-me as artes plásticas e tenho visto algo aqui: vontade de uma possível mudança, contudo, creio que só será possível se houver uma grande união e que, acima de tudo, tenha um só propósito: continuar e dar continuidade a arte para que aqueles que um dia vierem depois de nós, possam, mesmo que enfrentando as mesmas dificuldades, ter este nosso bom testemunho... Sim, nós estivemos aqui e não nós deixamos cair em tentação, isto é, no esquecimento.

Venho assim por este meio convidar todos os artistas interessados a criarem um novo ismo... Uma comunidade capaz de dizer basta ao ciúme, basta de interesses e viva esta nova era que poderá assim ser lembrada de geração em geração. Acredito que tanto brasileiros quanto estrangeiros jamais deixarão a arte morrer.

Miguel westerberg2006/12/ 21 SP – BRASIL

Page 36: FRAGMENTOS DE UMA VIDA

GLOBAL ART XXI