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FICHA TÉCNICA www.manuscrito.pt facebook.com/manuscritoeditora © 2016 Direitos reservados para Letras & Diálogos, uma empresa Editorial Presença, Estrada das Palmeiras, 59 Queluz de Baixo 2730‑132 Barcarena Título original: Um Médico para toda a Família Autor: João Ramos Fotografias de capa e autor: Jorge Nogueira Copyright © João Ramos, 2016 Copyright © Letras & Diálogos, 2016 Capa: Vera Espinha/Editorial Presença Composição, impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda. ISBN: 978‑989‑8818‑31‑7 Depósito legal n.º 405 154/16 1.ª edição, Lisboa, março, 2016 Os nomes usados nas histórias e nos casos deste livro são fictícios. Este livro não dispensa a consulta do seu médico de família. A editora e o autor agradecem a disponibilidade e a cedência de imagens para a fotografia da capa.

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FICHA TÉCNICA

www.manuscrito.ptfacebook.com/manuscritoeditora

© 2016Direitos reservados para Letras & Diálogos,

uma empresa Editorial Presença,Estrada das Palmeiras, 59

Queluz de Baixo2730 ‑132 Barcarena

Título original: Um Médico para toda a FamíliaAutor: João Ramos

Fotografias de capa e autor: Jorge NogueiraCopyright © João Ramos, 2016

Copyright © Letras & Diálogos, 2016Capa: Vera Espinha/Editorial Presença

Composição, impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda.

ISBN: 978‑989‑8818‑31‑7Depósito legal n.º 405 154/16

1.ª edição, Lisboa, março, 2016

Os nomes usados nas histórias e nos casos deste livro são fictícios.

Este livro não dispensa a consulta do seu médico de família.

A editora e o autor agradecem a disponibilidade e a cedência de imagens para a fotografia da capa.

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Índice

Prefácio ................................................................................................. 13

Introdução ............................................................................................ 17

1 — Um médico para toda a família ............................................ 21

1.1 O primeiro médico de si próprio é você ...................................... 21

1.2 Como escolher o seu médico de família ..................................... 22

1.3 Os direitos dos doentes ............................................................... 22

1.4 Receitas e medicamentos: o que devo saber .............................. 24

1.5 Como agir quando os pequenos acidentes acontecem ............... 25

2 — Cuide da sua saúde e mantenha ‑se jovem ......................... 27

2.1 A prevenção é o melhor remédio ................................................ 28

2.2 Regras para uma vida mais saudável ........................................ 29

1. Exercício físico é fundamental! ................................................ 29

2. Uma alimentação com regras! ................................................. 30

3. Mantenha ‑se ativo e pratique ginástica mental! ..................... 31

4. Durma bem! ............................................................................. 33

5. Não fume e não beba em excesso! ............................................ 34

6. E a minha regra preferida: faça coisas que lhe dão prazer! .... 35

2.3 Rastreios recomendados ............................................................ 35

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3 — Ter saúde da cabeça aos pés: mente, cérebro e sistema

nervoso ........................................................................................ 37

3.1 Ansiedade ................................................................................... 38

3.2 Insónia ........................................................................................ 41

3.3 Depressão ................................................................................... 46

3.4 Demência .................................................................................... 52

3.5 Esclerose múltipla ...................................................................... 55

3.6 Fobias .......................................................................................... 57

3.7 Suicídio ....................................................................................... 61

4 — Mantenha o seu coração forte: o sistema cardiovascular 65

4.1 Acidente vascular cerebral (AVC) ............................................... 66

4.2 Arritmias .................................................................................... 71

4.3 Colesterol elevado (dislipidemia) ............................................... 74

4.4 Hipertensão ................................................................................ 78

5 — Um esqueleto para a vida: ossos, músculos e articulações 83

5.1 Artrite e artrose .......................................................................... 83

5.2 Fasceíte plantar .......................................................................... 85

5.3 Osteoporose ................................................................................ 87

5.4 Tendinite ..................................................................................... 91

6 — Interação com o mundo: os cinco sentidos apurados ....... 95

6.1 Boqueiras (queilite) ..................................................................... 98

6.2 Aftas ............................................................................................ 99

6.3 Disgeusia ..................................................................................... 100

6.4 DMLI (Degeneração macular ligada à idade) ............................ 101

6.5 Hiperidrose ................................................................................. 103

6.6 Hiposmia e anosmia ................................................................... 104

6.7 Tampão de cerúmen ................................................................... 106

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7 — O nosso segundo cérebro: o sistema digestivo .................... 107

7.1 Azia .................................................................................................. 107

7.2 Diarreia ........................................................................................... 109

7.3 Hemorroidas ................................................................................... 111

7.4 Gases (aerocolia) ............................................................................. 113

7.5 Obstipação (prisão de ventre) ......................................................... 114

8 — Viver a plenos pulmões: o sistema respiratório ................ 117

8.1 Amigdalite ....................................................................................... 117

8.2 Asma ............................................................................................... 120

8.3 Doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) .............................. 122

8.4 Gripe e constipação ........................................................................ 123

8.5 Otite externa e otite média aguda .................................................. 126

8.6 Pneumonia ...................................................................................... 129

8.7 Rinite ............................................................................................... 130

8.8 Sinusite ........................................................................................... 134

8.9 Tosse ............................................................................................... 135

9 — O maior órgão do corpo humano: a pele ............................... 141

9.1 Acne ................................................................................................. 141

9.2 Cancro de pele ................................................................................ 144

9.3 Eczema ............................................................................................ 148

9.4 Fungos: micose, pé de atleta e candidíase ..................................... 149

9.5 Herpes e zona (infeções virais) ....................................................... 153

9.6 Psoríase ........................................................................................... 154

9.7 Urticária .......................................................................................... 156

10 — Intimidade e reprodução: os órgãos sexuais e o sistema

hormonal ..................................................................................... 159

10.1 Cistite ............................................................................................. 159

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10.2 Problemas da próstata .................................................................... 163

10.3 Nódulos na mama ............................................................................ 169

10.4 Perturbações da menstruação ........................................................ 171

11 — Inflamação e reação: as alergias ........................................ 173

11.1 Alergias .............................................................................................. 173

11.2 Alergias e intolerâncias alimentares .............................................. 178

11.3 Conjuntivite alérgica ........................................................................ 183

11.4 Rinite aguda alérgica ....................................................................... 184

12 — Prevenir e cuidar: a vacinação ............................................ 187

13 — Considere as alternativas: medicinas e terapias

complementares ................................................................................ 195

13.1 Acupunctura ..................................................................................... 196

13.2 Medicina tradicional chinesa ......................................................... 197

13.3 Quiroprática ..................................................................................... 197

13.4 Osteopatia ..................................................................................... 198

13.5 Naturopatia ...................................................................................... 199

13.6 Fitoterapia ........................................................................................ 199

13.7 Homeopatia ...................................................................................... 200

14 — Cuidados paliativos: cuidar e ser cuidado ...................... 201

Conclusão ................................................................................................. 207

Agradecimentos .................................................................................... 209

Lista de contactos .................................................................................... 211

Índice remissivo ...................................................................................... 217

Bibliografia ............................................................................................... 221

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Prefácio

The family doctor, the private in our great army, the essential

factor in the battle, should be carefully nurtured by the schools and

carefully guarded by the public.

Sir William Osler

Aequanimitas, 1904

É um privilégio prefaciar esta obra. O livro escrito pelo João Ramos

cumpre, numa linguagem acessível e com informação muito prática, o

objetivo de levar a todos a essência da Medicina Geral e Familiar. Sendo

médico de família em plenitude, o autor consegue em cada página

criar empatia com o leitor, permitindo, numa ligação de proximidade,

transmitir conhecimentos rigorosos sobre os problemas de saúde mais

comuns. Para além deste elemento, o livro diferencia‑se de forma ino‑

vadora ao apresentar o modus operandi da especialidade de Medicina

Geral e Familiar e o papel que desempenha no sistema de saúde. A obra

é, como o título bem alude, um manual para viver com mais saúde.

É um compêndio integrador, abrangente e holístico, dirigido a toda a

família como auxílio à edificação de comunidades saudáveis.

Em sintonia com o autor reitero a importância do médico de família.

Em pleno século xxi, numa era de supremacia tecnológica na saúde, a

Medicina Geral e Familiar permanece imperturbável, constituindo um

dos últimos redutos de uma medicina humanista centrada na relação do

médico com o paciente. É robusta a evidência de que sistemas de saúde

baseados em Cuidados de Saúde Primários têm melhores resultados de

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eficiência e indicadores de saúde mais favoráveis. Está bem demons‑

trado que a intervenção das equipas de Cuidados de Saúde Primários

favorece a qualidade e a sustentabilidade do sistema de saúde. Nos dias

de hoje, e como bem assinala o autor, o médico de família tem um papel

devidamente reconhecido pela população, e a especialidade atingiu uma

fase de maturidade sustentada na satisfação da sociedade, dos profis‑

sionais de saúde e dos órgãos de soberania dos Estados.

A afirmação da Medicina Geral e Familiar como especialidade basi‑

lar dos sistemas de saúde modernos levou a que os Cuidados de Saúde

Primários integrassem a agenda da política de saúde de qualquer

país do mundo e sejam um elemento estruturante do plano mundial

de saúde definido pela OMS. Nos dias de hoje não há um programa de

governo ou estratégia de Estado que não inclua os Cuidados de Saúde

Primários como prioridade para o desenvolvimento do setor da Saúde.

Prova maior dos feitos alcançados é a plena assunção da nossa especia‑

lidade como alicerce da prestação de cuidados à população nos seto‑

res público e privado. Atualmente todas as unidades de saúde, com

gestão pública, social ou privada, organizam a sua estrutura funcio‑

nal incluindo prioritariamente a Medicina Geral e Familiar como área

nuclear. A presença de médicos de família no sistema de saúde é global

e torna mais relevante a sua intervenção, beneficiando mais pessoas.

Na sua prática assistencial, o médico de família completa‑se em

todos os seus atributos, aproximando‑se verdadeiramente da pessoa

que carece dos seus cuidados inigualáveis. O médico de família é legi‑

timamente o gestor de saúde das famílias, assumindo uma inter venção

global e em continuidade no ciclo de vida ao nível da promoção da saúde,

da prevenção da doença e da medicina curativa. É hoje indubitável a

importância da Medicina Geral e Familiar para gerir o doente crónico,

liderando a equipa de Cuidados de Saúde Primários em estreita liga‑

ção a outros profissionais de saúde e demais especialidades médicas.

A coordenação de cuidados é parte integrante do perfil profissional do

médico de família, que a assume como função a desempenhar no sis‑

tema de saúde e como instrumento de trabalho na sua prática clínica.

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Por estar próximo da população, das suas necessidades de saúde

e das suas expectativas na utilização de serviços, o médico de famí‑

lia é intuitivamente identificado como o «meu médico». A nossa per‑

severança nesta dimensão é um dever ético fundamental para que a

confiança e a empatia que nos ligam aos pacientes e às famílias resul‑

tem num efeito terapêutico em escala amplificadora com ganhos em

saúde para a população. A lógica dos cuidados de proximidade é não

só a garantia de obter melhores indicadores de saúde mas também

um fator de estabilidade e coesão de comunidades saudáveis.

Decorre deste pressuposto uma perspetiva utópica, subscrita por

muitos pensadores da medicina moderna. Com a intervenção de um

médico de família num conjunto de famílias, conseguem‑se resul‑

tados positivos ao nível do seu bem‑estar físico, social e mental. Se

todas as famílias tiverem um médico de família, é de esperar que este

resultado se propague a todo o mundo, tornando a Medicina Geral e

Familiar num elemento de pacificação e salutogénese global, e numa

força motriz do desenvolvimento civilizacional.

É neste limiar ideológico que podemos colocar a Medicina Geral e

Familiar para que seja sempre possível reinventar uma especialidade

intemporal. Esta ideia é também transmitida neste livro. O médico

de família utiliza como principal recurso o capital mais importante

da Medicina – a perícia da relação com o paciente. O encontro entre

o paciente e o seu médico tem um caráter milenar, mas ainda assim

é permeável à inovação. A modernização dos serviços, a automatiza‑

ção de processos e as novas tecnologias de comunicação permitem

que o médico de família tenha aptidões ímpares para a Medicina do

século xxi, na qual deve aliar a atividade clínica à liderança organi‑

zacional. O papel na governação clínica com participação ativa na

melhoria contínua da qualidade dos cuidados de saúde é uma com‑

petência do médico de família, que o transforma num observador

privilegiado da sociedade e promotor da saúde global.

Sir William Osler escreveu em 1904 que o médico de família, como

elemento fulcral nos cuidados de saúde, deveria ser protegido pela

população e bem treinado pelas escolas médicas. Cem anos depois

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este aforismo mantém uma atualidade arrepiante e permanece como

alerta para todos os protagonistas dos sistemas de saúde.

Numa consulta um paciente definiu de forma muito simples a im‑

portância da Medicina Geral e Familiar: «Tenho andado por muitas

especialidades mas posso dizer‑lhe que esta consulta vale por meia dú‑

zia...» O testemunho genuíno dos pacientes nas nossas consultas ilustra

bem a relevância da intervenção do médico de família na população.

Perante estes factos que aparentam deixar a nossa especiali‑

dade em zona de conforto máximo e numa fase de maioridade sem

potencial de crescimento adicional, não se deve perder o ímpeto de

expansão para inovar e desenvolver a Medicina Geral e Familiar.

Este livro é um vetor de força para cumprir este desiderato. Nesta

obra estão plasmadas a motivação, a paixão e a qualidade na pres‑

tação de cuidados às famílias que nos procuram todos os dias.

Permitam‑me nas derradeiras linhas deste prefácio dirigir uma

afetuosa saudação ao João Ramos, colega que conheço desde os

tempos da faculdade. Este livro atesta bem o entusiasmo como tem

vivido e a intensidade com que desempenha a sua profissão. Ao

transpor a fronteira da mera atividade assistencial na formalidade

do consultório, soube aproximar‑se da população utilizando meios

de comunicação de grande impacto. Na televisão, na Internet e agora

em livro, num exercício de plena cidadania, o João Ramos democra‑

tiza o conhecimento médico, configurando o que também deve ser

um profissional de saúde – um líder na comunidade. Felicito o autor

pelo êxito que antecipo para este livro e também cada leitor por ter

escolhido esta obra como fonte de informação de saúde.

Desejo que desfrutem da leitura para, numa aliança virtuosa com

o médico de família, encontrarem o melhor caminho para uma vida

saudável.

João Sequeira Carlos

Médico de Família

Coordenador do Departamento de Medicina Geral e Familiar

Hospital da Luz – Lisboa

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Introdução

Desde que me recordo que sempre quis ser médico. Ou melhor,

o meu sonho era ajudar os outros, e foi com esse objetivo que entrei

no curso de Medicina. Quando chegou a altura de decidir a especia‑

lidade, primeiro pensei em Pedia tria, e ainda equacionei Psiquiatria

ou Oncologia. Mas descobri, nessa altura, que poderia ser tudo isso

na Medicina Geral e Familiar. Optei então por ser Médico de Família.

O médico que vai a casa, o que faz urgências, o que faz de «psicó‑

logo», o que tem de saber ouvir e saber falar, dar a mão na altura

certa, o que sabe muito sobre muitas doenças, o que partilha os

doentes com outros colegas, o que está sempre a falar de prevenção

e promoção de saúde.

Há um conjunto de princípios que, não sendo exclusivos da medi‑

cina familiar, representam uma visão global, um sistema e uma

aborda gem de valores que a tornam diferente das outras especiali‑

dades médicas. O Médico de Família tem de trabalhar por vocação.

Já não somos o «Médico da Caixa», não somos só o «Clínico Geral».

Somos o especialista na consulta, na pessoa e na sua família.

Tive a sorte de ter feito a especialidade com uma médica orien‑

tadora, a Dr.ª Gabriela Fernandes, entretanto já reformada, que me

ensinou a paixão inexplicável por esta especialidade única e tão

recompensadora a nível profissional e pessoal.

O médico de família compromete ‑se com a pessoa, e não com

um conjunto de conhecimentos, técnicas especiais ou grupo de doenças.

Este compromisso tem duas vertentes: o médico está disponível para

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qualquer problema de saúde, em qualquer pessoa, de qualquer idade

ou sexo, sem se limitar a um problema definido. E este compromisso não

tem prazo: não termina com a cura da doença ou o fim do tratamento.

O meu compromisso com os meus pacientes é assumido quando a

pessoa vem pela primeira vez à minha consulta. E aqui quero refor‑

çar uma ideia: os médicos de família não são só para pessoas mais

idosas, não são só para quando estamos doentes. Um médico de famí‑

lia é para todos e durante todo o percurso de vida.

Na primeira consulta gosto de conhecer os meus pacientes. De

saber a sua história, onde trabalham ou trabalharam, como é o seu

dia a dia, as suas alegrias e preocupações. Com os meus pacientes

crio uma ligação duradoura, e acredito cada vez mais que esta relação

médico/doente é particularmente importante na medicina familiar.

Doen ças benignas e muito frequentes tornam ‑se «interessantes» por‑

que ocorrem numa determinada pessoa conhecida, da qual já conheço

o seu histórico, o seu corpo, a forma como reage a cada problema.

Depois de exercer durante alguns anos, comecei a sentir na pele

o que já me tinham dito alguns médicos com bastante mais expe‑

riência: o médico de família interessa ‑se pelos seus doentes de um

modo que transcende a doença de que eles possam sofrer.

Como médico de família, procuro entender o contexto da doença.

Muitas das patologias observadas em medicina geral e familiar não

podem ser entendidas se não forem vistas no seu contexto pessoal,

familiar e social. A importância do contexto pode ser comparada à

peça do puzzle que só tem significado quando encaixada no seu lugar

próprio... Quando o doente é internado num hospital, grande parte

do contexto da doença desaparece. A atenção de quem o cuida está

focada principalmente no que acontece e não tanto nas circunstân‑

cias em que aconteceu. A consequência, muitas vezes, é uma visão

limitada do problema.

Gosto de encarar o contacto com os meus doentes como uma

oportunidade de educar na saúde e para a prevenção. O meu maior

empenho, todos os dias, é manter os meus doentes o mais saudáveis

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possível e conscientes da sua doença, e transmitir ‑lhes de que forma

podem alimentar ‑se, mexer ‑se, tomar conta de si, para que a doença

não lhes venha bater à porta.

O perfil profissional do médico de família coloca ‑o numa posição‑

‑chave na prevenção das doenças cardiovasculares, psiquiátricas,

oncológicas ou outras. Ao não ter um foco exclusivo na doença, o

médico de família cria um espaço de intervenção propício à promo‑

ção da saúde e à prevenção de patologias.

Eu vejo o médico de família como a base de uma rede comunitá‑

ria de centros de apoio e prestação de cuidados de saúde. Todas as

comunidades têm uma estrutura de apoios sociais, estatais e não‑

‑estatais, formais e informais. A palavra estrutura sugere um sistema

coordenado, mas infelizmente não é esse o caso; muito frequente‑

mente os profissionais dos serviços de cuidados de saúde e sociais,

incluindo os médicos, trabalham em compartimentos estanques

sem qualquer noção do sistema na sua totalidade. Quando os médi‑

cos de família conhecem e conseguem gerir todos os recursos da

comunidade em benefício dos seus doentes, podem ser muito efica‑

zes. Podem fazer a diferença.

Para serem eficazes, os médicos de família têm de conhecer a

comunidade em que exercem. Têm de estar presentes. Eu vejo os

meus doentes no consultório, nos seus domicílios, em clínica pri‑

vada, no hospital, nos lares que acompanho.

O médico de família é um gestor de recursos. Como generalista e

médico de primeiro contacto, tem controlo sobre enormes recursos e

pode, dentro de certos limites, controlar o internamento hospitalar,

o uso de exames complementares, de terapêuticas e o encaminha‑

mento para outros especialistas.

Em todo o mundo, os recursos são limitados; em alguns casos,

severamente limitados. É responsabilidade do médico de família gerir

estes recursos para o máximo benefício dos seus doentes.

Este livro é um instrumento para que as pessoas conheçam melhor

o seu corpo e os sinais do mesmo, e para que saibam pequenos truques

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para cuidar da sua saúde. É uma medicina «trocada por miúdos».

Para todos: leigos e colegas. Como eu gosto de chamar. É esse tam‑

bém o meu objetivo quando falo em televisão, quando tento através

do ecrã ajudar quem está em casa. Claro que essas minhas inter‑

venções e este livro não substituem a ida ao seu médico de família.

Aqui abordo as principais causas de doenças dos portugueses

e faço uma espécie de check ‑up do seu corpo, dos pés à cabeça.

Falamos de depressão, alergias, cancro, diabetes e doenças cardíacas.

O livro, como já referi e reforço, não substitui um médico de famí‑

lia, não vai curar nada, mas acredito com toda a minha convicção

que nós somos os nossos primeiros médicos. Somos nós que sabe‑

mos identificar sinais, porque conhecemos melhor que ninguém

o nosso corpo. Somos nós que podemos prevenir doenças através

de pequenos gestos do quotidiano. Somos nós que podemos agir.

Vamos viver com mais saúde! E muita alegria!

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1.

Um médico para toda a família

1.1 O primeiro médico de si próprio é você

Sim, é a mais pura das verdades. Você é que conhece o seu corpo,

sabe como ele reage a determinadas situações, conhece as suas dores,

os seus limites. Logo, é importante que leia este livro para ficar a

saber mais sobre a sua saúde e para saber identificar sinais de doença.

O meu primeiro conselho é: ouça o seu corpo!

Os sinais que não deve ignorar são:

— Sensação de que algo não está bem.

— Falta de energia para as coisas do dia a dia.

— Falta de apetite.

— Cansaço.

— Alteração do humor.

— Febre.

— Dores no corpo.

— Insónias.

Deve procurar o seu médico de família caso identifique algum

destes sinais ou se sinta doente.

A Internet é um ótimo motor de busca e de recolha de informações, mas muitas vezes os utentes já chegam ao consultório com o diagnóstico feito, erradamente, na Internet. Logo, se é fundamental estar informado, confie sempre na opinião do seu médico.

COnselhO dO seU médICO

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1.2 Como escolher o seu médico de família

O seu médico de família ser ‑lhe ‑á atribuído pelo centro de saúde

da sua área de residência. No entanto, caso não sinta empatia com

o especialista que lhe foi indicado, pode pedir alteração diri gindo‑

‑se à direção do centro de saúde. Os hospitais privados também dis‑

põem de médicos de medicina geral e familiar que pode consultar

para que o acompanhem ao longo da vida, a si e à sua família.

O que importa dizer ao médico de família?

Tudo! Não deixe nada por dizer, contar ou perguntar! Nunca saia

do gabinete com perguntas por fazer. É fundamental que crie uma

relação de empatia e confiança com o seu médico. Só assim se sen‑

tirá à vontade para lhe contar tudo.

Os meus filhos também podem ir ao médico de família?

O médico de família, como diz o título do livro, é para TODA a

família. Ou seja, todos os seus membros, dos avós aos netos, podem

e devem ser seguidos pelo mesmo médico, que tem essa capacidade.

De crianças a grávidas, todos podem ser seguidos pelo médico de famí‑

lia. Mais: conhecendo todos os membros, o médico tem ferramentas

específicas para avaliar a família como um todo de forma holística.

1.3 Os direitos dos doentes

A Glória chegou ao meu consultório ansiosa com o resultado das

análises que lhe tinha pedido para fazer. De envelope fechado, con‑

fessava que tinha tido muita vontade de abri ‑lo e ver o que lá estava

dentro. Eu perguntei porque não o tinha feito. Ela respondeu ‑me

que era claro que não ia abrir, que seria falta de educação: as aná‑

lises eram para ser vistas pelo senhor doutor.

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Vale a pena ir procurar uma segunda opinião?

Na medicina, o paciente terá sempre direito a uma segunda ou

terceira opinião. A medicina não é uma ciência exata, é subjetiva.

O importante é que se sinta sempre confortável. O seu médico de famí‑

lia não levará a mal se souber que vai ouvir opiniões de outros cole‑

gas de especialidade. Se tiver dúvidas, ou se se sentir mais confortável

com esta segunda opinião, não hesite, mas lembre ‑se sempre de que

deve informar, numa relação de sinceridade, o seu médico de família.

lista de direitos que não deve esquecer:

1. O doente tem direito a ser tratado pelos profissionais de saúde no respeito pela dignidade humana.

2. O doente tem direito ao respeito pelas suas convicções culturais, filo‑sóficas e religiosas.

3. O doente tem direito a receber os cuidados apropriados ao seu estado de saúde, no âmbito dos cuidados preventivos, curativos, de reabili‑tação e terminais.

4. O doente tem direito à prestação de cuidados continuados.5. O doente tem direito a ser informado acerca dos serviços de saúde

existentes, suas competências e níveis de cuidados.6. O doente tem direito a ser informado sobre a sua situação de saúde.7. O doente tem o direito a obter uma segunda opinião sobre a sua

situação de saúde e assim decidir de forma mais esclarecida o trata‑mento que pretende seguir.

8. O doente tem direito a dar ou recusar o seu consentimento, antes de qualquer ato médico ou participação em investigação ou ensaio clínico.

9. O doente tem direito à confidencialidade de toda a informação clínica e elementos identificativos que lhe respeitam.

10. O doente tem direito de acesso aos dados registados no seu pro‑cesso clínico.

11. O doente tem direito à privacidade na prestação de todo e qualquer ato médico.

12. O doente tem direito, por si ou por quem o represente, a apresentar sugestões e reclamações.

(Adaptado do Guia Prático da Saúde)

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1.4 Receitas e medicamentos: o que devo saber

Muitas vezes entram pacientes no meu consultório não só com o

diagnóstico, mas também com o nome do remédio que sabem que

devem tomar, porque uma amiga, vizinha ou colega de trabalho lhes

sugeriu. Outras vezes, sobra ‑nos um antibiótico que guarda mos em

casa e, quando sentimos que estamos a ficar doentes, tomamo ‑lo

porque aquele medicamento já resultou no passado...

A regra número um em relação aos medicamentos é: NUNCA se

automedique.

O que faz bem à sua colega ou ao seu vizinho pode não lhe fazer

bem a si. O seu médico, que tem o seu historial e o conhece melhor

que ninguém, é que deverá prescrever o remédio adequado a cada

situação.

Não esqueça:

— Habitue ‑se a ler as «letras pequenas» por baixo das mar cas.

Elas são obrigatórias e indicam o princípio ativo, que é universal,

e assim não duplicará medicações. Poderá estar a tomar dois

medicamentos de marcas diferentes mas que são exatamente a

mesma substância ativa.

— Leia a bula e todas as indicações e contraindicações.

— Faça uma vistoria regular à sua farmácia em casa, de forma a

verificar os prazos de validade dos seus remédios.

— Se surgir alguma dúvida à forma como deve tomar o remédio

que lhe foi prescrito, não hesite em perguntar ao seu farmacêutico

ou ao médico de família.

— Conte ao seu médico sobre qualquer remédio ou suplemento

que esteja a tomar. Mesmo que seja de ervanária, ou «natural»,

um xarope, um chá, comprimidos para emagrecer, etc. podem

inter ferir de forma negativa com outros medicamentos que esteja

a usar, ou que o seu médico vá prescrever.

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— Não pressione o médico ou o farmacêutico a dar ‑lhe um antibiótico,

pois estes são medicamentos sempre sujeitos a receita médica e

só devem ser prescritos em determinadas situações clínicas.

1.5 Como agir quando os pequenos acidentes acontecem

sangramento do narizÉ muito comum as crianças sangrarem do nariz. As fossas nasais

são bastante irrigadas. O que pode provocar o sangramento? Dedos

no nariz, ambientes secos, constipações, alergias, assoar com muita

força, uma ferida, introdução de objetos no nariz. Em pessoas mais

velhas, a pressão arterial alta e o uso de alguns medicamentos tam‑

bém podem levar a sangramento.

O importante é:

— Manter a calma.

— Não deitar a cabeça para trás; deve antes incliná ‑la um pouco

para a frente.

CaIxa de PRImeIROs sOCORROs a teR em Casa:• Algodão• Água oxigenada• Álcool• Pensos rápidos• Pinça e tesoura• Compressas de vários tamanhos• Betadine®

• Paracetamol (antipirético e analgésico de 1.a linha) pediátrico e de adulto.

Se tiver crianças em casa, mantenha a caixa de primeiros socorros e os medicamentos fora do alcance delas. Lembre ‑se: todo o cuidado é pouco!

COnselhO dO seU médICO

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— Assoar o nariz para que saiam os coágulos.

— Apertar o nariz na sua base/cana, de forma a fechar as fossas

nasais durante 5 minutos; ao fim desse tempo, verifique se parou

de sangrar.

Truques para o evitar:

— Mantenha as unhas dos seus filhos bem cortadas.

— Mantenha húmido o ambiente de casa e dos quartos.

arranhõesLimpar, desinfetar e colocar um penso são as primeiras medi‑

das a tomar. Se notar sinais inflamatórios, como pus, consulte o seu

médico ou o centro de saúde da sua área de residência.

QuedasIr às urgências para averiguar a eventual fratura de algum osso.

O facto de não sentir dor não significa que esteja tudo bem. Informe

sempre o médico das suas doenças crónicas (osteoporose, por exem‑

plo) e da medicação que está a tomar.

QueimadurasColocar água fria e tapar até ir às urgências. Nunca utilize man‑

teiga ou outra gordura.

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2.

Cuide da sua saúde e mantenha ‑se jovem

Todos nós envelhecemos: é a lei da vida, não há nada a fazer! Mas

podemos envelhecer de forma saudável, feliz, com qualidade, retar‑

dando assim os sinais de envelhecimento.

Como? Começando desde cedo a implementar na nossa vida

pessoal e familiar hábitos saudáveis, diminuindo assim o risco de

virmos a ter uma das doenças mais comuns no nosso país, como

sejam o cancro, as doenças cardiovasculares e os acidentes vas‑

culares cerebrais.

E não, não é difícil, não vai ter de fazer grandes mudanças. Vamos

aos poucos, como eu digo aos meus pacientes.

E não vale a pena pôr a culpa na vida, nos genes que lhe calharam,

porque se é verdade que todos nós nascemos com uma carga gené‑

tica, esta não é uma sentença que se abate sobre a nossa cabeça. Com

a evolução da medicina e a descoberta do genoma humano, sabemos

hoje que podemos silenciar alguns dos genes «maus» com que nas‑

cemos através da alteração de estilos de vida.

Lembro­‑me­do­caso­da­Sofia,­que­chegou­ao­meu­consultório­para­

tomar comprimidos para o colesterol. Não havia nada a fazer: os pais

tinham colesterol elevado, os irmãos também, era receitar o tal remé‑

dio do qual ela até já sabia o nome e estava o assunto resolvido. Ia

ficar­a­tomar­remédios­para­o­resto­da­vida­e­ainda­só­tinha­42­anos.

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Eu ouvi a história e, com calma, comecei a falar de alimentação,

exercício­físico,­gestão­de­stresse,­suplementação­específica...­Para­

grande espanto da minha paciente.

É verdade que ela tem uma tendência genética, mas, como tudo

na vida, pode contrariá ‑la e preveni ‑la.

2.1 a prevenção é o melhor remédio

É verdade. E vai ler esta frase ao longo do livro várias vezes. E não

é por me esquecer, é mesmo de propósito. Muitas das doenças podem

ser prevenidas ou detetadas precocemente.

A melhor estratégia de prevenção é manter ‑se ativo mental e

fisicamente. E estar atento aos sinais do seu corpo. Nunca esqueça

que muitas das doenças podem ser prevenidas ou detetadas pre‑

cocemente. Então, já sabe, deve ouvir o seu corpo e seguir os con‑

selhos do seu médico!

ao longo da vida, efetue os exames que o seu médico lhe prescre‑ver, de acordo com a sua idade e sexo:— No caso das mulheres entre os 25 e os 65 anos com uma vida sexual ativa, não falhar os testes regulares de Papanicolau (citologia cervicovaginal). — As mulheres a partir dos 40 anos com fatores de risco familiares, ou a partir dos 50, segundo a Direção‑Geral da Saúde, devem realizar mamo‑grafias/ecografias mamárias frequentes para detetar precocemente o cancro da mama.— Densitometria óssea: para mulheres, a partir dos 65 anos para avaliar a perda de massa óssea.— Colonoscopia: homens a partir dos 50 anos, para deteção do cancro colorretal.— Exame oftalmológico: ao longo da vida e a partir dos 40 anos para medição da tensão ocular e prevenção de glaucomas. — Consulta dentária: para todos e em todas as idades, uma vez por ano.

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2.2 Regras para uma vida mais saudável

Um estilo de vida saudável é o primeiro passo para fazer face aos

problemas de saúde.

Algumas pequenas mudanças podem não só conferir uma sensa‑

ção de bem ‑estar como também diminuir o risco de doença.

Estas são as minhas regras para que viva melhor e de forma mais

saudável:

1. exercício físico é fundamental!Para o corpo e para a mente! E está provado que quem pratica

exercício físico vive mais anos do que as pessoas sedentárias. E sabe

porquê? Porque quem pratica exercício aumenta a sua resistência

física, controla a ansiedade e a tensão arterial, entre tantas outras

doenças.

De acordo com a sua idade, o seu tempo disponível e, claro, o seu

orçamento, deve procurar o exercício físico mais adequado.

Como digo aos meus pacientes: bastam 30 minutos a andar, em

passo médio, no paredão junto à praia, no jardim ao pé de sua casa,

subir as escadas em vez de ir de elevador, andar até à padaria em

vez de levar o carro, para fazer toda a diferença. O objetivo é só um:

tem de se mexer.

Felizmente o desporto está na moda. Mas tenha cuidado com os

exageros. Mais uma vez, tem de primar o bom senso. E, mais do que

isso, é importante que, antes de começar qualquer atividade física

mais intensa, faça um check ‑up junto do seu médico.

saBIa QUe:A Organização Mundial da Saúde aconselha a atividade cardiovascular mínima de meia hora, três vezes por semana?

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